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Guarnieri
Maria Amélia Benincá de Farias
Resumo: O presente trabalho foi realizado com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa – UFRGS –
Brasil. Neste texto, levantarei características do idiomático de Camargo Guarnieri presentes no
terceiro movimento da Sonatina nº 8, última obra deste gênero composta pelo compositor. Para
realizar esta análise, cinco categorias de elementos foram elencadas: forma, polifonia, processos
harmônicos, aspecto nacional e caráter expressivo. Em cada categoria, encontraram-se
características adquiridas e desenvolvidas pelo compositor no decorrer da sua vida, além de
outras presentes desde suas primeiras obras. Após a análise do terceiro movimento da Sonatina
nº 8 e reflexões acerca desta, constatou-se que esta obra traduz o idiomático de Camargo
Guarnieri, constituindo-se numa boa fonte de estudo para compreender o estilo desenvolvido
pelo compositor. A produção de Guarnieri traz características do neoclassicismo e nacionalismo
e mescla elementos da música popular e processos da música erudita. Compreender como esta
junção de universos distintos se dá no terceiro movimento da Sonatina nº 8 é crucial para o
intérprete alcançar o caráter dengoso, indicado por Guarnieri para este movimento.
Apresentação
Análise
1
Na partitura editada (1988), o 55º compasso apresenta quatro tempos de mínima, ao invés de dois tempos, referente
ao compasso binário, apontando para a ausência de uma barra de compasso. Assim, o 55º compasso deve ser
entendido como dois compassos (55º e 56º compasso), totalizando a obra 58 compassos.
2
Stravinsky representa outro exemplo de auto-limitação, quando descreve na sua “Poética musical em 6 lições” que
“...a música ganha força na medida que não sucumbe às tentações da variedade”, impondo a si mesmo a produção de
uma música que prime pela unidade antes da variedade. (1996, pg. 38).
3
A Fuga (terceiro movimento) da Sonatina nº 3 de Camargo Guarnieri também é uma demonstração da sua
consistente e criativa economia de materiais. O gesto que inicia o tema e abre o movimento é desenvolvido desde o
primeiro movimento da Sonatina, iniciando como elemento integrante do trabalho motívico, até tornar-se o elemento
mais marcante da coda, para, no terceiro movimento, tornar-se o gesto inicial do tema da fuga (GERLING, 2004, p.
106).
Mantendo a consistência formal e motívica que lhe era tão cara, Guarnieri faz
das subidas e descidas tão características do chorinho a razão de ser da seção
Figura 7: Melodia da seção B cantada e m uma região mais grave, compassos 26-27.
* Gesto final da peça (dó-mib-mib), com fortíssimo súbito na região grave do
piano, compassos 57-58.
Conclusão
Referências
ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a Música Brasileira. 3ª edição. São Paulo:
Martins; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1972.
GROSSI, Alex Sandra de Souza. O Idiomático de Camargo Guarnieri nas obras para
HOLANDA, Joana Cunha de. GERLING, Cristina Capparelli. A Sonata para piano de
Guarnieri: monotematicismo e o processo de variação contínua. In: ANPPOM –
Décimo quarto congresso, 2003, Porto Alegre. Anais... p. 525-533. Disponível em:
<http://www.anppom.co m.br/anais.php > Acessado em 08/06/2011.