Página - 2 Jornal de Umbanda Sagrada - Janeiro/2015

Incorporação não é possessão

A PALAVRA DO EDITOR
Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: alexandre@colegiopenabranca.com.br

NA GRANDE MAIORIA das religiões, o
fenômeno que chamamos de “incorpo-
ração” não é algo desejado e, assim,
quando alguém entra em transe, geral-
mente, é algo contra a sua vontade. Por
este fato, se usa o termo possessão e se
afirma que tal pessoa está possuída. A
própria palavra implica em algo que está
sendo tomado à força, uma agressão.
Assim é, por exemplo, no catolicismo,
em que quando alguém é possuído ou
tomado, logo isso é reconhecido como
uma possessão demoníaca e o caminho
mais indicado é fazer um exorcismo.
Nas religiões Pentecostais, é costume
incorporar o espírito santo e falar em
línguas, o que também é um fenômeno
de transe. Ainda neste seguimento,
também se faz exorcismos dos capetas
ou demônios que podem estar atrapa-
lhando a vida de alguém. Nas novas
religiões evangélicas brasileiras, houve
uma demonização das entidades de
Umbanda, especialmente Exu e Pomba
Gira, e assim, é comum que os adeptos
incorporem estas entidades como se elas
fossem demônios que necessitam ser
expulsos. O que, do ponto de vista da
Umbanda, é um absurdo claro.
Este quadro em torno do transe,
aqui chamado de possessão, faz com
que se crie um grande quadro imaginário
em torno do que chamamos de incor-
poração na Umbanda, o que confunde
um pouco, tanto quem é de fora, quanto
quem está chegando na religião.
Muitas pessoas chegam aos templos
de Umbanda acreditando que serão
possuídas pelos guias de Umbanda,
acreditam que serão tomadas de si
mesmas e que as entidades espirituais
entram em seus corpos independente de
sua vontade, o que não é verdade - com
raras exceções que devem ser analisadas
e estudadas, caso a caso, para entender
o que de fato está acontecendo.
Na Umbanda, o transe de incorpo-
ração é algo desejado, o médium quer
estar incorporado, o médium quer viver
esta experiência, o médium admira e
ama os guias espirituais e deseja esta
proximidade. Então, quando entramos
nesta realidade de Umbanda, em que
todos querem incorporar, nos deparamos
com o fato de que incorporar não é algo
tão simples e que, embora seja para
uma grande maioria, não é para todos.
Ainda assim, há muitas dificuldades e
bloqueios que impedem a incorporação,
mas que podem ser trabalhados e neu-
tralizados com um bom desenvolvimento
mediúnico.
Assim, podemos definir que a palavra
“incorporação” é a mais utilizada para
definir este transe em que um médium
está manifestado com um guia de Um-
banda, o que também cria outras difi-
culdades com relação à expectativa e ao
entendimento que o médium tem sobre
o que irá acontecer com ele no momento
em que seu guia espiritual se apresen-
tar. A palavra incorporar traz a ideia de
que alguém vai entrar em você e, desta
forma, a grande maioria acredita que, se
alguém vai entrar alguém, tem que sair
para dar espaço, e daí mais confusão
e conflitos. Afinal, na grande maioria
das vezes, quando incorporamos, nosso
espírito não sai do corpo para um outro
entrar, eles coabitam o mesmo corpo,
por isso que o médium deve aprender
a ficar quieto e não interferir para que
seu guia possa se manifestar. Há inú-
meras polêmicas em torno da palavra
“incorporação”, no entanto, não há
outra palavra que traduza melhor o que
acontece, independente do fato de um
espírito ter que “entrar” ou não em seu
corpo para se manifestar, a sensação
de quem está em transe é que alguém
está se manifestando de dentro para
fora em você.
Embora o espiritismo traga muita
luz e estudo sobre as diversas formas
de mediunidade, é muito raro encontrar
o transe de incorporação no meio espí-
rita, o que mais vemos é a psicofonia,
ou seja, a fala mediúnica, que difere do
que chamamos de “incorporação”, na
qual o médium fica totalmente caracte-
rizado pela forma de manifestação de
seus guias espirituais. A racionalização
do fenômeno mediúnico é algo bom
para seu entendimento, mas a raciona-
lização excessiva pode atrapalhar mais
que ajudar, simplesmente porque, no
processo de transe e incorporação, há
momentos em que o melhor é esquecer
de tudo que é racional ou questionável
e apenas se entregar, como um amante
se entrega a seu amor, sem medidas ou
questionamentos infindáveis.
A incorporação é um ato de amor,
no qual o médium tem a oportunidade
de unir-se misticamente a seus guias e
Orixás. Nas religiões de transe acontece
isso, algo muito especial, seus mestres e
suas divindades vem à terra e lhe tomam
como morada para sua manifestação. O
médium em si é um templo vivo rece-
bendo a visita das entidades, as quais
ele tem em alta conta dentro do que é
sagrado e divino. O mesmo vemos no
Candomblé, Catimbó, Pajelança, Tambor
de Mina e outras religiões dos seguimen-
tos afro-indígenas-brasileiro.
O transe de incorporação é uma das
manifestações mais antigas e arcaicas
de religiosidade e espiritualidade. Muito
antes de haver uma história escrita, os
xamãs de todas as culturas já entravam
em transe e recebiam espíritos e divinda-
des por meios dos rituais mais variados.
A incorporação não é uma invenção de
Kardec e muito menos da Umbanda,
ou de outras tradições atuais. A incor-
poração é algo ancestral e visceral no
ser humano. Mesmo que encontre uma
sociedade em que nenhuma religião de
transe esteja presente, sempre haverá
pessoas que entram em transe e têm
algo de positivo como resultado de uma
incorporação.
Por isso tudo e muito mais, pode-
mos dizer que: “incorporação não é
possessão” e que é, de fato, algo muito
desejado na religião, antes de mais
nada, é o pilar de sustentação da Um-
banda. Afinal, a própria religião nasceu
da incorporação de um espírito chamado
Caboclo das Sete Encruzilhadas em seu
médium, Zélio de Moraes, no dia 15 de
Novembro de 1908. A Umbanda nasceu
da prática e não da teoria, no entanto,
precisamos e muito da teoria para en-
tender melhor esta prática.

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ló­gico e unificando a comunidade
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Problemas ou Oportunidades?
Por ANNE RAYSA VIEIRA NUNES - Mensagem da POMBA GIRA D. MARIA ROSA
Contatos: raysa.anne@gmail.com
SOZINHA EM SEU QUARTO, uma
moça analisava sua vida e a angús-
tia reinava em seu coração. Fechou
os olhos e pediu ao Divino Criador
que a orientasse, para que conse-
guisse resolver seus problemas e
seguisse com sua caminhada na
evolução. Eis que então a moça
sente a vibração daquela entidade
tão amada e conhecida por ela:
“Como está a vossa vida? – a
Pomba Gira questionava.
A mulher pensou um pouco e
respondeu que estava mais ou me-
nos, pois estava cansada de tantos
problemas”.
Foi quando a D. Pomba Gira
assumiu o mental e o coração da
médium, passando a ela as seguin-
tes palavras:
“Problemas? E o que são esses
problemas? Filha, o problema do ser
humano é que ele complica demais
a própria vida. Tudo é problema!
Mas o que vós não sabe é que, se
vós não quiser ter problemas, nunca
O grande lago da vida
Por NIKOLAS PERIPOLLI - Inspirado por PAI JOÃO - Contatos: nikolas.peripolli@gmail.com
IMAGINE UM LAGO, com sua exten-
são infinita, onde suas águas são
cristalinas na sua superfície e, com
um olhar atento e sincero, veja a
água ficando escura e densa devido
à profundidade do lago. O sol irradia
sua luminosidade sobre a superfície
do lago, deixando esplêndido e
infinitamente atraente aos olhos de
quem o vê. As águas deste lago não
se movem, são imóveis, impenetrá-
veis diante do vento e do sopro que
a natureza à sua volta proporciona.
O lago é eterno, é impenetrável,
belo, sincero em sua beleza, e mis-
terioso em sua profundidade.
Este lago é gerador de vida, tan-
to em sua profundidade, como em
sua superfície. Em sua profundeza,
vivem milhares de espécies, sem
sequer saberem da vida fora dele,
pois outras espécies vivem na sua
forma externa, na sua superfície, no
seu redor, e as mesmas águas que,
antes misteriosas em suas profun-
dezas, agora claras e visíveis na su-
terá, basta que enxergue a vida por
outro lado.
Ora, o que é um problema se
não uma oportunidade? Perder um
emprego não é uma oportunidade de
encontrar outro melhor, de aprender
coisas diferentes, de ter mais criati-
vidade, de crescer em outro lugar,
de ensinar outras pessoas o que
vós já sabe fazer? Uma doença não
é uma oportunidade de fortalecer a
fé no Divino Criador, em si mesmo,
na vossa força, na vossa crença, no
amor dos vossos irmãos? Doença
não é uma oportunidade para o
homem evoluir, de fazer a ciência
evoluir? E a ciência, essa própria não
é uma resposta à existência de Deus
que tantos duvidam? Pois não foi Ele
que deu a todos a vida?
Então por que vós vê problemas
na vossa vida? Por que não vê opor-
tunidades?
Comece a olhar para a vossa
vida, para as vossas “dificuldades”,
como uma chance de evoluir, de
perfície, alimentam toda a natureza à
sua volta e espécies de animais que
têm nele sua fonte de vida.
Agora tente imaginar este lago
sendo o centro do universo e toda
a criação sendo a natureza à sua
volta. O lago é a fonte de vida dessa
natureza. Sem o lago, a Vida que o
cerca morre, desaparece, seca, e a
tristeza impera no vazio onde o so-
pro do ar passa sem ser percebido,
pois árvores, folhas, animais e toda
a vegetação ali não existem mais.
Imagine, se o lago ali não estivesse,
crescer, de aprender, de ensinar, de
compartilhar, de dividir, de somar, de
multiplicar. São essas oportunidades
que te farão mais forte, mais criativo,
mais sábio, mais consciente do valor
da vossa vida!
E por falar em valor da vida,
me responda, que valor tem a vida?
Feche os vossos olhos e imagine que
daqui pouco, na vossa casa, vós irá
desencarnar. O que vós sente? Vós
sente que fez de tudo para ser feliz,
para crescer e evoluir? Vós realizou,
pelo menos, metade dos vossos
sonhos? Vós ajudou a realizar o so-
nho de alguém? Vós fez tudo o que
queria fazer? Ou vós se arrepende de
ter perdido tanto tempo com coisas
mesquinhas? Se arrepende de não
ter se esforçado mais para realizar
os próprios sonhos? Se arrepende de
não ter estendido a mão a seu irmão
quando viu que ele, calado, sofria?
Esse é o valor da vossa vida,
filha! O ser, no momento do desen-
carne, sabe o real valor da vida! E
os mistérios do lago não existiriam,
não estariam ali para serem aprecia-
dos e a doce sensação de surpresa
ao descobrir um novo mistério vindo
do fundo do lago não seria possível.
Imagine que o lago seja o Divino
Criador e, nós, a natureza que o
cerca. Vida existe à volta do lago,
Vida existe à volta do Criador. Mas
uma vida existe também dentro do
criador, não compreendida por nós,
mas existe. Sem o Criador, nós que
vivemos à sua volta e somos criados
e desenvolvidos por suas águas não
Jornal de Umbanda Sagrada - Janeiro/2015
digo uma coisa: poucos são os que
desencarnam com um sorriso no
rosto por ter vivido de verdade.
Vós sabe o porquê de tantos
irmãos ficarem presos à matéria
após a passagem? Filha, o espírito é
infinito! Para o espírito, desencarnar
é a melhor coisa, pois é quando
ele se liberta dessa casca que vós
chamam de corpo. Então por que
tantos sofrem o desencarne? Por que
tantos ficam presos? Por que tantos
precisam ser encaminhados nos ter-
reiros de Umbanda ou nos centros
espíritas? Porque não compreendem
que precisam deixar esse meio vosso?
É porque ele não aceita o valor
da vida dele. Ele acha que podia ter
vivido mais, ter feito mais coisas que
tinha vontade de fazer, ter dito coisas
que não disse, ter se permitido ser
feliz de verdade. É por isso filha! Não
é porque eles deixaram um tesouro
de joias e ouro, é porque eles deixa-
ram para trás o verdadeiro tesouro
divino que é viver.
mais existiríamos.Assim é a Criação
e o Criador. Um lugar deserto, por
exemplo, pode virar um lago e passar
a gerar vida à sua volta, mesmo ali
não existindo nada anteriormente.
Assim era a Criação sem a vontade do
Criador em gerar, em ver à sua volta a
vida de uma forma diferente da Vida
que existe dentro dele.
Trago esse pequeno conto a vo-
cês, pois, de certa forma e em certos
momentos, nos falta a compreensão
e a Fé para crer e entender o Divino
Criador. Mas saibam que o Criador
Então pare de sofrer! Pare de
olhar para si própria e só enxergar
obstáculos e dificuldades! Veja em
vós os desafios que trarão recom-
pensas inimagináveis, veja em vós
oportunidades de evolução, veja
em vós a força do Divino Criador
que habita em vós, veja em vós as
Divindades, os Sagrados Orixás,
pois, sim, vós Os carregam dentro
de si. Vejam em vós a força dos
Guias, vejam a vossa força, o vosso
amor, a vossa infinidade!
Só quando vós compreender
isso, filha, passará a viver plena-
mente! Mas não deixe que esse
momento venha sozinho, porque
ele não virá, comece a trabalhar
isso dentro de vós e então vós, aos
poucos, achará a compreensão da
vida e das coisas divinas.
Que Oxalá ilumine os vossos
passos e que vós encontre as forças
dos Orixás para concluir essa etapa
da vossa evolução! Que Olorum
abençoe a todos! Sarabumba!”.
é como um Lago, Ele existe, é
visível aos bons olhos sobre a luz
do Sol, que são seus princípios
da Vida, porém não totalmente
compreendido, pois sua imensidão,
sua profundidade é eterna, sua
profundidade é a própria vida. Não
o compreendemos, mas fazemos
parte Dele, somos alimentados por
Ele e, sendo bons observadores,
sentimos Sua água Divina nos en-
volver, nos alimentar, fazendo com
que cresçamos ao ponto de darmos
frutos, para que outros possam se
alimentar também.
Essa é a criação, esse é o Criador,
a Vida, a própria existência, o próprio
alimento Divino que nossa alma ne-
cessita, é, em si, o nosso “ar” Divino,
que mantém nossa essência Divina
Viva e pulsante para o crescimento
eterno. Sejam gratos por possuírem
o Grande Lago da Vida alimentando
e dando Vida a todos nós.
http://nikolasperipolli.
wordpress.com
Jornal de Umbanda Sagrada - Janeiro/2015
Pai Oxóssi e os dois
lados do conhecimento
Por BRUNA ANAUATE - Contatos: brunauate@uol.com.br
QUANDO RECEBEMOS a informa-
ção de que pai Oxóssi é o Orixá
que rege o Conhecimento, logo
associamos isto ao ato de adquirir
conhecimento, informações, novos
aprendizados de forma exterior
(livros, cursos, etc.). Sim, estamos
certos ao pensar desta maneira,
porém, é uma maneira incompleta
de enxergar as possibilidades do
Conhecimento.
Numa reunião regida por Pai
Oxóssi, fomos lembrados que exis-
te também o ato de ReConhecer
a si mesmo, ou seja, aprender a
conhecer seu repertório interior
de comportamentos viciados, ca-
rências, forças, sonhos, qualidades
adquiridas, enfim, aprender sobre
si mesmo.
Encontrar em si uma fonte de
conhecimento, primeiro sobre si,
para servir de partida à busca dos
demais conhecimentos, dos quais
estamos carentes para podermos
crescer e evoluir. A partir de nossa
Se são falanges,
por que escolher?
Por FÁBIO SILVA - Contatos: fabiosilvati@gmai.com
SABEMOS QUE, quando há um
trabalho no templo de Umbanda,
existe algo chamado falange, ou
seja, um agrupamento de espí-
ritos que se afinizam com aquela
egrégora e com a missão especí-
fica exercida por aquele grupo.
Por exemplo, numa gira onde se
manifestam os guias espirituais
conhecidos por Caboclos, entre
esses caboclos, nem todos são ou
foram um índio ou um indígena,
assim como nem todo preto-velho
foi realmente velho ou negro, e
assim sucessivamente.
Entendemos, então, que a espi-
ritualidade utiliza de um fenômeno
chamado arquétipo, ou seja, uma
forma na qual os guias tendem a
se moldar conforme o trabalho que
base interna, poderemos usufruir
ainda melhor dos conhecimentos
externos percebidos por meio da
observação, leituras e vivências. Ou
seja, tão ou mais importante do que
assimilar conhecimentos externos, é
reconhecer o seu “espaço interior”,
para, com isso, poder identificar
que tipo de conhecimento lhe falta
em cada “cômodo da sua casa”.
Podemos, assim, buscar uma melhor
harmonização com os elementos
interiores que nos regem.
O autoconhecimento exige mais
esforço e coragem, pois é muito mais
fácil olharmos para fora, do que para
dentro. Ao olharmos para dentro,
nem sempre encontramos somente
flores e beleza. Na maioria das vezes,
vamos nos deparar com aspectos
menos virtuosos de nós mesmos,
provavelmente encontrando, inclu-
sive, características que temos o
costume de apontar ou julgar em
um semelhante.
Mas, é só encarando esse desafio
têm a realizar junto ao seu médium
e também de acordo com o momento
evolutivo da entidade. O médium,
tendo o conhecimento de que, nos
dias de trabalho caritativo, se mani-
festa uma falange de espíritos que
se afinizaram com tal energia, deve
concordar que não há diferença entre
as entidades – não é?
Eu pelo menos acredito que
não... eu não consigo enxergar que
o Caboclo Tupinambá é melhor ou
superior que o Caboclo Arranca-to-
co, ou que o Boiadeiro Sete Laços
é superior ao Boiadeiro do chapéu,
que um guia tem mais conhecimen-
to que outro, ou é mais poderoso.
Eu acredito que os guias espirituais
já trazem uma grande bagagem
em termos de conhecimento e
e tendo a coragem de nos vermos
na nossa completude, com luzes e
sombras, que poderemos buscar as
ferramentas necessárias para nos
conscientizarmos sobre o que fazer
para aprimorar nosso lado menos
luminoso.
De nada adianta eu ler milhares
de livros e assistir milhares de pales-
tras, filmes, cursos, se eu não souber
onde posso aplicar cada aprendiza-
do. É preciso identificar o que em
mim reverbera com mais facilidade
e onde preciso me esforçar para me
vigiar mais, e com isso me aprimorar.
A aquisição de informação não gera
conhecimento por si só. É preciso ter
uma percepção sensível de si mesmo
para, ao adquirir uma informação,
transformá-la e incorporá-la em si,
como conhecimento.
Portanto, podemos nos lembrar
de pedir a este Orixá, Pai Oxóssi, que
nos auxilie a nos reconhecermos um
pouco mais, a cada dia de nossas
vidas na carne.
vivências passadas, a exemplo do
caboclo das 7 encruzilhadas que
foi o Padre Gabriel Malagrida, não
é mesmo? E as histórias do nosso
Pai Zé Pelintra?
Não há diferença entre os guias
espirituais, pois cada um tem algo a
ensinar em igual importância. Já um
médium pode ter mais conhecimento
que outro e, quanto mais conheci-
mento o médium tem acerca de sua
religião, mais fácil e mais claro ficam
os trabalhos juntos aos seus guias –
claro, se este médium não interferir
no trabalho do guia!
Então, por que escolher um guia
para conversar? Ou por que o médium
dar preferência para este ou aquele?
Se são falanges que vêm nos ajudar,
por que a escolha? 
As virtudes
e a Umbanda
Por RODRIGO DE MORAES UBARANA
Contatos: rodrigo.ubarana@gmail.com
NEM SEMPRE as virtudes de uma
pessoa correspondem aos seus
atos. Muito se fala sobre trazer
para a sua vida aquilo que você
realmente é, mas o que isso quer
dizer no chão da Terra onde acon-
tece a vida material?
Dentro da Umbanda, ainda se
vê muitas pessoas dizerem uma
coisa e fazerem outras. Mas o que
a Umbanda pode ensinar sobre a
essência de uma pessoa e como
realizá-la na prática?
As duas perguntas convergem
no mais puro sentimento de amor
por si mesmo: se uma pessoa
procura a sua essência, ela pode
encontrá-la na Umbanda e em
seus princípios.
Ao observar as entidades de
Umbanda, uma pessoa aprende,
se realmente quiser aprender (e só
assim), a ver que um preto velho
é diferente de um caboclo, que é
diferente de uma criança, que é
diferente de um exu, e assim por
diante. Porém, todos têm algo em
comum: eles agem de maneira
despreocupada de agradar aos
outros, não sendo do jeito que
os outros querem que eles sejam
e não dizendo as coisas que as
pessoas querem ouvir, mas, sim,
transparecendo suas virtudes e
dizendo o que precisa ser dito
de acordo com a necessidade de
cada pessoa.
Essas entidades são a ma-
nifestação da verdade individual
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de cada espírito, porém, dentro
de um contexto universal de amor
e conexão.
Resumindo, um preto velho
é ele mesmo e transparece a sua
essência e seus pensamentos em
suas palavras e atitudes, porém,
consciente de que todas as pes-
soas estão ligadas umas às outras
e formam um só Universo, um só
Deus, único e benevolente.
Assim, uma pessoa, para en-
contrar sua essência e virtudes e
colocar suas atitudes alinhadas,
deve, antes de tudo, perceber que
sua vida depende apenas dela,
e que não importa o que outros
irão julgar sobre seus atos. Tendo
isso brilhando em seu interior, a
expansão de sua essência torna-
-se algo natural, pois saberá que,
para realizar-se, basta buscar a
sua verdade.
A Umbanda aproxima as pes-
soas de sua verdade. Assim como
os Orixás, que têm suas respectivas
essências e campos de atuação, as
entidades também os têm, assim
como as pessoas encarnadas. Cada
um tem uma missão, uma essência,
e ninguém é igual a ninguém, po-
rém todos fazem parte de um único
Deus, e assim estão conectados.
A consciência de sua individu-
alidade trará a sua verdade sobre
o todo e a unidade Divina.
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BusquemSempreALuz
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Jornal de Umbanda Sagrada - Janeiro/2015
Orixás na Umbanda
Fonte: Livros “Código de Umbanda” e “Orixás - Teogonia de Umbanda”, Ed. Madras
Oxalá
É O TRONO NATURAL DA FÉ e seu campo de atuação
preferencial é a religiosidade dos seres, aos quais ele
envia o tempo todo suas vibrações estimuladoras da fé
individual e suas irradiações geradoras de sentimentos
de religiosidade.
Fé! Eis o que melhor define o Orixá Oxalá. Sim,
amamos irmãos na fé em Oxalá. O nosso amado Pai da
Umbanda é o Orixá irradiador da fé em nível planetário
e multidimensional. Oxalá é sinônimo de fé. Ele é o
Trono da Fé que, assentado na Coroa Divina, irradia a
fé em todos os sentidos e a todos os seres. Comentar
Oxalá é desnecessário porque ele é a própria Umbanda.
Logo, vamos nos afixar nas suas qualidades, atributos
e atribuições.
QUALIDADES: As qualidades de Oxalá são, todas elas, mistérios da Fé, pois ele é o Trono
Divino irradiador da Fé. Nada ou ninguém deixa de ser alcançado por suas irradiações estimula-
doras da fé e da religiosidade. Seu alcance ultrapassa o culto aos Orixás, pois a religiosidade é
comum a todos os seres pensantes. Jesus Cristo é um Trono da Fé de nível intermediário dentro
da hierarquia de Oxalá. E o mesmo acontece com Buda e outras divindades manifestadoras da
fé, pois muitos Tronos Intermediários já se humanizaram para falar aos homens como homens
e, assim, melhor estimularem a fé em Deus. Todas as divindades irradiam a fé. Mas os Tronos da
hierarquia de Oxalá são mistérios da Fé e irradiam-na o tempo todo.
ATRIBUTOS: Os atributos de Oxalá são cristalinos, pois é através da essência cristalina
que suas irradiações nos chegam, imantando-nos e despertando em nosso íntimo os virtuosos
sentimentos de fé. Saibam que a essência cristalina irradiada pelo Divino Trono Essencial da Fé é
neutra quando irradiada. Mas como tudo se polariza em dois tipos de magnetismos, então o polo
positivo e irradiante é Oxalá e o polo negativo e absorvente é Logunan, também chamada de Oiá
Tempo. Oxalá irradia fé o tempo todo e Logunan absorve as irradiações religiosas desordenadas
vibradas pelos religiosos desiquilibrados. Ela se contrapõe a ele porque a atuação dela é no sentido
de absorver os excessos religiosos vibrados pelos seres que se excedem nos domínios da fé. Já
Oxalá irradia fé e estimula a religiosidade o tempo todo, a todos.
ATRIBUIÇÕES: As atribuições de Oxalá são as de não deixar um só ser sem o amparo re-
ligioso dos mistérios da Fé. Mas nem sempre o ser absorve suas irradiações quando está com a
mente voltada para o materialismo desenfreado dos espíritos encarnados. É uma pena que seja
assim, porque os próprios seres se afastam da luminosa e cristalina irradiação do divino Oxalá...
e entram nos gélidos domínios da divina Logunan, a Senhora do Tempo e dos eguns negativados
nos aspectos da fé.
OFERENDAS: Oxalá é oferendado com velas brancas, frutas, coco verde, mel e flores. Os
locais para oferendá-lo são aqueles que mais puros se mostram, tais como: bosques, campinas,
praias limpas, jardins floridos, etc. Já os regentes dos polos negativos da linha da Fé não se abrem
ao plano material e não são invocados ou oferendados.
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Por RUBENS SARACENI - Contatos: contatos@colegiodemagia.com
Logunan Tempo
Ilustrações: Google Images
É A ORIXÁ DO TEMPO e seu campo preferencial de
atuação é o religioso, onde ela atua como ordenadora
do caos religioso.
O “Tempo” é a chave do mistério da Fé regido
pela nossa amada mãe Oiá, porque é na eternidade do
tempo e na infinitude de Deus que todas as evoluções
acontecem. A orixá Oiá forma um polo magnético
vibratório e energético oposto ao do orixá Oxalá, e
ambos regem a linha da Fé, que é a primeira das
Sete Linhas de Umbanda, que são as sete irradiações
divinas do nosso Criador. Logo, o campo de atuação
de nossa amada mãe Oiá é o campo da fé, onde flui a
religiosidade dos seres, todos em continua evolução.
Oiá é a regente cósmica da linha da Fé, e tempo é
o vazio cósmico onde são retidos todos os espíritos que
atentam contra os princípios divinos que sustentam a
religiosidade na vida dos seres.
“Tempo”, eis as qualidades, atributos e atribuições
negativas de Oiá, de que tanto falamos e alertamos
aos supostos pais de Santo ou magos negros que
recorrem ao “Tempo” para prejudicar seus semelhantes com seus ebós sujos e suas magias
negras. Oiá é a orixá regente do polo negativo da linha da Fé, que é a primeira das Sete Linhas
de Umbanda e, com Oxalá assentado em seu polo positivo, dão sustentação a todas as manifes-
tações da fé e dão amparo a todos os “sacerdotes” virtuosos e guiados pelos princípios divinos
estimuladores da evolução religiosa dos seres.
Quando Oiá “vira no tempo”, seja contra um seu filho direto quanto um seu filho indireto (que
têm a coroa regida por outros orixás), então sua vida entra em parafuso e só deixará de rodar
quando esgotar tudo de desregrado e desvirtuado que nela existia. Isto é Oiá, amados filhos dos
orixás! Mãe religiosa por sua excelência divina, mas mãe rigorosa por sua natureza cósmica, cujo
principal atributo junto dos espíritos humanos é o de esgotar o lobo sanguinário que oculta-se
por baixo da pele de cordeiro.
Enquanto Oxalá é irradiante, Oiá é absorvente, e enquanto os filhos de Oxalá são extrover-
tidos, os de Oiá são introspectivos e até um tanto tímidos, pois a natureza forte de sua mãe
divina exige deles uma certa “beatitude”, já que, das mães divinas, ela é a mais ciumenta por
seus filhos amados e a mais rigorosa com os seus filhos relapsos. Isto é Oiá, amados filhos das
nossas amadas mães divinas!
Se ela é assim, é porque ela é a orixá que, junto com Oxalá, rege a primeira linha de Umbanda,
que é a linha da Religiosidade. Logo, os filhos de Umbanda, que têm em Oxalá o divino Pai da
Fé, também devem cultuar a divina mãe Oiá. Com ele no pólo positivo e ela no pólo negativo,
forma-se o par dos orixás excelsos que regem a linha da Fé e estimulam a religiosidade nos seres.
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Democracia, Hierarquia,
Livre Arbítrio e outras
questões espirituais
Por FABIANA CARVALHO- Contatos: fabiana.carvalho.1@gmail.com
HÁ ALGUMAS SEMANAS tive a opor-
tunidade de ouvir uma conversa de
Dona 7 Saias, ensinando sobre as
estruturas de comando das Falanges
de Luz dos Astral e suas hierarquias.
Como sempre, suas conversas são
verdadeiras aulas repletas de ensi-
namentos e doutrina.
O contexto da conversa girava
em torno da tarefa de ser sacerdo-
te. Em determinado momento, ela
disse algo que me marcou - tentarei
reproduzir da maneira mais fiel
possível:
“Essa história de democracia,
onde todos dão sua opinião do que
é melhor para o grupo e quem tiver
mais votos vence, é invenção dos
encarnados para um mundo ideal -
que ainda não existe! Desde quando
MAIORIA é sinal de SABEDORIA?
Aqui na espiritualidade, nos
organizamos não em estruturas
democráticas, mas em estruturas
militares, onde há uma hierarquia
a ser seguida e respeitada. Há um
líder que responde a outro líder
que responde a outro líder e assim
sucessivamente. Sempre tem alguém
acima hierarquicamente e assim vai
até chegar às divindades menores,
que também se reportam às divin-
dades maiores até o alto de todas
as hierarquias: o Chefe dos Chefes,
Pai Olorum.
E cada líder não foi eleito pelos
seus seguidores, mas, sim, ele foi
avaliado e avalizado por seus supe-
riores segundo critérios que levam
em conta sua capacitação e méritos
de estar no grau que alcançou. Seus
seguidores não se atrevem a questio-
nar seu cargo, ao contrário, confiam
plenamente em seu líder com o
respeito e o amor que ele merece. E
dariam a própria vida (se estivessem
encarnados) para atender qualquer
pedido ou ordem de seu chefe.
Essa é a estrutura de comando
das Falanges de Luz, das Legiões
Umbandistas, das diversas Egrégoras
de Guias da Direita e da Esquerda.
Não se iludam com as vontades
das massas, pois elas não neces-
sariamente refletem as Vontades
de Deus”.
Essa preleção me fez refletir por
vários dias sobre muitas coisas...
e me fez entender melhor uma
outra conversa do Sr.Tiriri, que
nos disse que “esse tal de LIVRE-
-ARBÍTRIO, como vocês o enten-
dem e praticam, é muito diferente
de como o vivemos aqui no Plano
Espiritual: quanto mais evoluímos,
menos livre-arbítrio temos... e isso
é maravilhoso, pois servir a alguém
mais sábio, mais equilibrado e mais
poderoso só nos ajuda a evoluir e
nos aproximar mais de Deus!”.
E, devagar, os ensinamentos
vão se encaixando dentro de mim
e o entendimento das coisas de
Deus vão ganhando sentido. Ser
liderada pelo Caboclo, Preto-Velho,
Marinheiro, Baiano, Boiadeiro, Exu
e Pombagira passa a ser uma honra
e uma oportunidade única de evolu-
ção; ser uma oferenda viva dos Pais
e Mães Orixás transforma-se num
ideal de vida a ser buscado com
todas as forças; e ser líder de um
corpo mediúnico e de um Templo
Umbandista é missão designada
por meus superiores que requer
Fé, Amor, Conhecimento, Equilíbrio,
Ética, Responsabilidade e Sabedoria
para continuar sendo digna do grau
a mim confiado.
Que Olorum nos ensine neste
ano de 2015 a sermos servos dóceis
e líderes eficientes em sua Estru-
tura Hierárquica Divina para que
possamos evoluir e ajudar outros a
evoluírem com Paz, Felicidade, Ple-
nitude e Proteção - Feliz Ano Novo!
Jornal de Umbanda Sagrada - Janeiro/2015
O ressurgimento
do sagrado
feminino
Por MARCEL OLIVEIRA - Contatos: contato@templomaedivina.com.br
O SAGRADO FEMININO está ressur-
gindo de um adormecimento após
milhares de anos sendo sufocado
pela dominação masculina. Os sinais
estão claros. Vemos muitos homens
não honrando com seus papéis de
patriarcas da família e abandonando
à própria sorte as mulheres com seus
próprios filhos. Homens que maltra-
tam, humilham, destroem as vidas
das mulheres que um dia chamaram
de amor de suas vidas.
Vemos claramente uma situação
que está se invertendo e, cada vez
mais, as mulheres são as sustenta-
doras de famílias inteiras, as chefes
em empresas, as líderes em muitos
templos de Umbanda e em outras
religiões.
Cabe a nós, homens, entender-
e seus filhos, que abandonam mu-
mos que a mulher deve, sim, retomar
lheres à própria sorte, sustentando
seu lugar, que é um lugar de matriar-
os filhos que são seus herdeiros nes-
ca tanto da família, como desta nova
ta vida. Que o Sagrado masculino
era. Não dá mais para tapar o Sol com
abençoe e corrija seus representan-
a peneira. O sagrado feminino está
tes, os homens, pois nós estamos
clamando pelo seu reinado que sem-
cada dia mais afundando esta era,
pre existiu, mas que nós, os homens,
que está obscurecida pela ignorân-
tentamos a todo custo destruí-lo para
cia e pela inversão de valores...
dominá-lo por completo.
Você pode estar pensando que
Está claro que não conseguimos
existem milhares de mulheres que
esta sórdida e terrível missão. Então,
também estão invertidas de suas
cabe a nós sermos homens de verda-
naturezas, mas acredito que este
de e cedermos ao sagrado feminino
seja um grito desesperado contra a
e suas filhas, as mulheres, espaço
opressão que sofrem pelo machis-
para que elas possam agir livremente
mo terrorista e insano de muitos
e reconstruir este mundo com sua
“homens”, que as tratam como
beleza, força e amor.
simples objetos e não dão valor às
Chega de homens desprezíveis, suas naturezas sagradas femininas.
que não honram nem seu sobrenome Hora de despertar, mudar e amar.
Jornal de Umbanda Sagrada - Janeiro/2015
SÉRIE MESTRE E DISCÍPULO IV
Confia em teu mestre
NENHUM GRANDE MESTRE gostaria
de lhe converter em uma marionete,
porque, então, ele o estaria matando.
Então seria um assassino.
Ao contrário, ele lhe ajudará a ser
você mesmo. E se não puder ser você
mesmo na intimidade e na comunica-
ção com seu Mestre, então onde você
será você mesmo?
O Mestre significa uma oportu-
nidade de você ser você mesmo. Só
as mentes pequenas, as mentes es-
treitas, que fingem ser Mestres e que
não são Mestres, tentarão impor-se
sobre você.
Os grandes Mestres lhe ajudarão
Mensagem de um Zé
Por PAULO RENATO BREDARIOL - Contatos: paulo@administradorabreda.com.br
AGORA ENTENDO... Sei bem porque
aqui estou, sei porque eu tenho. Con-
sigo hoje entender o que me envolve,
que me motiva; consigo simplesmente
acreditar sem querer provar.
Tenho ciência que meus obstácu-
los são meus problemas; meus defei-
tos, tenho que enfrentá-los.
Fonte: Osho, Livro dos Segredos, cap. 36
a crescer em seu próprio caminho.
E os grandes Mestres criarão todo
tipo de barreiras para que não caia
na tentação de seguir (copiar, imitar,
ser vítima autômata do seguir, sem
pensar ou raciocinar por si mesmo).
Criarão todo tipo de barreiras! Não
lhe permitirão isso, porque você terá
a tendência de seguir.
É fácil, a imitação é fácil; ser au-
têntico é árduo. E quando imita, você
não se sente responsável por isso; o
mestre é responsável.
Nenhum grande mestre jamais
permitiu que alguém o imitasse. Ele
criará todo tipo de obstáculos para
Não tenho que querer provar a
outros o que sou, o que faço, por que
faço; tenho que ter o coração limpo,
tenho que ter disposição para o bem,
amar de graça, ter respeito sempre,
oferecer minha palavra a quem dela
possa se alimentar.
Sei que muito caminho ainda terei
a seguir, muitas objeções encontrarei,
mas entendo, mesmo sendo difícil
aceitar, entendo onde e por que isso
devo passar.
Poder não me fascina, poder não
me chama a atenção; prefiro passar
sem ser notado, prefiro notar aquele
que não é notado.
Tenho que me reforçar com o
desejo que me move, quero olhar nos
olhos e ter a atenção a todos que a
mim vierem. Não posso permitir que
a soberba me atinja: quero a simplici-
dade, quero a verdade.
Meu nome não ventilarei, mesmo
que seja jogado ao vento. Não quero
propaganda, pois tenho noção, mas
quero ter convicção que sou um
qualquer, sou povo, sou povão, sou
imperfeição. Sou aquele que acredita
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que não possa lhe imitar. Levará você
a você mesmo por todos os meios.
Isto parece contraditório, mas
assim é como funciona o mecanismo
mais profundo da consciência. Os
Mestres são misteriosos.
Você não pode julgá-los; não pode
estar seguro do que estão fazendo a
menos que a coisa toda aconteça. Só
então, retrospectivamente, será capaz
de saber o que estavam fazendo.
Agora é impossível. Na metade do
caminho, não pode julgar o que está
acontecendo, o que se está fazendo.
Mas uma coisa é segura: a imitação
não pode ser permitida.
Templo de Doutrina Umbandista
e ama, que anda ao encontro de uma
Pai Oxalá Pai Ogum
resposta, que acredita no além do ho-
rizonte, que vê o brilho do sol no dia e
de chuva, que acredita na passagem
da tempestade.
Que um dia, marcado com as es-
padas e machados dos guerreiros do
tempo, queimado e marcado com o
MAGIA DIVINA
fogo sagrado, tenho os pés marcados
pela sujeira dos tempos, dos mundos,
DAS SETE
dos submundos.
Sou aquele que sentiu o frio da
conchas
madrugada gelada dos perdidos, que
viu um sorriso daquele arrependido;
SAGRADAS
sou aquele que um dia acreditou valer SÁBADO: das 10h00 às 12h00
a pena. Encontrei minhas mães em
minha cabeceira, me cuidando para
que um dia acordasse, acreditando
que um dia me restabeleceria.
Rua Tietê, 600 - Vila Vivaldi
Descobri ser filho de vinte e um,
Rudge Ramos - S.B. do Campo
e não de um pai, ser filho de vinte e
uma, e não de uma mãe, ter vinte e
Tel. (11) 4365-1108 - à partir das 13h00
um ao meu redor e não um. www.paioxalapaiogum.com.br
Não quero ser rei, dono, patrão,
proprietário, mandatário, senhorzinho,
capanga, príncipe, faraó... O JORNAL DE UMBANDA SAGRADA
não vende anúncios ou assinaturas
Este sou eu, mas o que quero?
Quero apenas ser um Zé qualquer.
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Jornal de Umbanda Sagrada - Janeiro/2015
A escada luminosa
Mensagem do Caboclo 7 Pembas - Por MARIA DE FÁTIMA GONÇALVES - Contatos: fatimahgoncalves@uol.com.br
DIFICULDADE É COISA QUE SE TEME,
quando se devia agradecer: é nos momen-
tos de crise que se descobre o quanto se é
capaz de crescer. É que a dificuldade desafia
a nossa coragem de seguir acreditando que
a Luz Maior habita em nós e sempre nos
guia, por confiar que tudo haveremos de
vencer. Qual o agricultor experiente que
lança a semente e dela cuida porque sabe
quais folhas, flores ou frutos poderá colher,
o Pai-Mãe da Criação nos coloca em viagens
pelos mundos, a fim de nos experimentar
e ensinar, e assim nos conduzir rumo ao
aperfeiçoamento, à Evolução.
Ocorre que a semente não duvida que
possa vir a ser uma grande árvore (com
folhas, flores e ou frutos); por isso, ela
enfrenta todo o seu processo natural de
desenvolvimento, desde o plantio até à
colheita.
Já o Ser humano duvida de si mesmo,
embora sonhe em crescer... Então precisa
ser ensinado a conquistar autoconfiança,
autoestima e equilíbrio, a fim de realizar
seus sonhos. Sabe o Criador que tal Evolu-
ção não poderia ser apenas entregue a cada
Ser: é preciso que seja conquistada, para
que se lhe dê o justo valor. E essa conquista
se faz a cada instante, no enfrentamento
das dificuldades, sejam elas graves ou
corriqueiras.
Cada um de nós é dotado de capacida-
des e habilidades únicas, que precisamos
aprender a reconhecer e desenvolver. Sabe-
mos que é possível fortalecer os músculos
do corpo mediante a prática regular de
exercícios. De modo semelhante, também a
nossa vontade pode ser fortalecida, em be-
nefício de uma saúde integral (corpo/mente/
espírito). Como fortalecê-la? Enfrentando as
dificuldades diárias com lucidez e inteligên-
cia, sem cair em dramas ou em desânimo:
priorizando objetivos e nos empenhando em
alcançá-los, dia após dia.
Somos sementinhas de Deus. Precisa-
mos nos conscientizar disso; agradecendo
por sermos parte do grandioso Projeto da
Criação. E aprender a aceitar o natural
processo de desenvolvimento que nos fará
alcançar, por fim, uma existência verdadei-
ramente consciente, sadia, saudável e feliz.
Na Escola da Vida, que tipo de aluno
temos sido? Aquele que se dedica a buscar
aprimoramento e compreende a necessidade
de ser testado e avaliado para alcançar um
patamar efetivo e mais elevado de conhe-
cimentos? Ou ficamos no rol daqueles que
reclamam de precisar estudar e de fazer
testes, culpando o professor e invejando os
colegas mais bem sucedidos? E qual deles
estará mais apto ao sucesso?
A sabedoria popular ensina: “O Sol brilha
para todos”. Cabe, então, a pergunta: esta-
mos de pé, como cabe a um filho ou filha
de Deus ou, ao inverso, andamos curvados
ao peso de queixas e reclamações, fechando
os olhos do coração para a Luz que habita
em nós tanto quanto nos outros? Uma res-
posta sincera é fundamental para sabermos
se andamos no rumo certo!... Mas sempre
é tempo de se rever posições e mudar o
rumo das coisas!
Antes de exigir da Vida e dos outros,
convém que se avalie a própria cota de
contribuição: exploramos e trabalhamos os
dons naturais do nosso espírito, utilizando-os
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para enfrentar as dificuldades de cada dia?
Ou, ao contrário, enterramos esse tesouro
que a Vida nos deu, para sairmos à cata da
bolsa dos outros que estão a trabalhar? E por
que não descobrir o próprio valor, ao invés
de ficar à sombra dos outros? Haverá maior
contentamento do que se descobrir capaz de
superar um momento de crise, “inventando”
soluções onde parecia não haver nenhuma?
Acaso as grandes descobertas da Ciência,
assim como os mais belos clássicos da Lite-
ratura e da Música, por exemplos, não sur-
giram pelos esforços de pessoas dedicadas
a ultrapassar mesmices? Se a humanidade
insistisse em seguir o mesmo caminho, será
que ainda não viveríamos em cavernas?
A questão que sempre se coloca é: como
sair da dificuldade? Primeiro, acreditando
que se é capaz! Se outros o conseguem,
por que não eu? Em segundo lugar, é pre-
ciso querer de verdade e, neste particular,
rever comportamentos é importante: mudar
de direção talvez seja necessário (não se
pode fazer “o mesmo do mesmo” e esperar
resultados diferentes...). Depois, convém
buscar a ajuda necessária para se retomar
a caminhada com ânimo renovado (a ajuda
médica, psicológica, terapêutica, espiritual,
enfim, a mais adequada ao caso). E quando
um ciclo mais próspero se abrir para nós,
chega o momento de ajudarmos ainda mais
aos que precisem. Então, a nossa alma pega
as rédeas com mãos firmes e nos põe em
um caminho mais fértil e sadio!... Até que
surja outro obstáculo e, de novo, mais um
degrau de ascensão se abra à nossa frente,
sob o Amparo do Criador que, Paciente e
Amoroso, nos convida para mais um passo
nessa Escalada de Luz!...
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