CURSO: SAÚDE PÚBLICA COM ÊNFASE EM SAÚDE DA FAMÍLIA
DISCIPLINA: Saúde Pública: O Indivíduo, a Família e a Sociedade TEMA: Saúde Pública e Sociedade
Saúde Pública – os princípios do SUS e suas influências na Sociedade
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de
completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Mas também, é um setor econômico de produção de bens e serviços. O anseio da sociedade em relação à saúde é o cuidado das pessoas e comunidades, a partir de ações individuais e coletivas, em prol de uma qualidade de vida. Porém, a área da saúde sofre influências econômicas, políticas e culturais, que muitas vezes podem afastar a comunidade de seu objetivo. Cada sociedade organiza um sistema de saúde de acordo com a sua própria realidade, ou seja, seus determinantes socio-econômicos. A Saúde Pública entra como um conhecimento para organizar esses sistemas e serviços, atuando nos determinantes. Como exemplo podemos citar o controle de doenças e intervenções governamentais. Sua metodologia de ação é verticalizada, ou seja, o Estado atua sobre o profissional que atua na população. Existem três tipos de sistemas de saúde que se destacam no mundo: o do seguro social (meritocrático), seguridade e assistência. O seguro social são serviços vinculados à previdencia social, a seguridade é vinculado aos impostos, por contribuições e o de assistência é para aqueles que comprovem pobreza. Na Constituição de 1988, foi implantado no Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), pelo artigo 196 “A saúde é direito de todos e dever do Estado”, um sistema de seguraridade social. Dentre os princípios dessa política destaca-se a integralidade, universalidade, equidade e participação social. Entretando, mais de 30 anos depois, ainda existem desafios de alcançar em sua totalidade tais princípios, gerando prejuízos à sociedade que politicamente é bem estruturada mas na prática ainda possui carências de atenção. O princípio da integralidade é uma das maiores conquistas, rompeu a tradição previdenciária e meritrocrática citados anteriormente que conferiam saúde apenas a trabalhadores formais. Segundo ele a saúde passou a ser direito de qualquer cidadão. É o princípio organizador que dá sentido aos demais princípios e diretrizes. Todavia, advindo de influências históricas e institucionais da trajetória do Sistema – passando por privatizações, globalização – ele não é o único no país. É um dos princípios mais negligenciados. Só começou a fazer realmente sentido com a implementação do Programa (hoje Estratégia) Saúde da Família em 1994. Onde ocorreu uma descentralização da atenção, propostas como territorialização, vigilância, acolhimento e vínculo. Mas ainda não é o ideal, quando há pouca valorização da atenção básica, incentivos à capacitação de profissinais e gestões corruptas. A universalidade retoma o que foi abordado anteriormente, que rompe com a linha divisória na qual existiam diretos restritos à assistência médica individual exercidos pelos trabalhadores que contribuíam com a previdência. No âmbito legal, existe a garantia, mas no real, há a negação do direito, seja por falta de vagas em atendimentos por crescente demanda, falta de estrutura, recursos, profissionais - fatores que se fundem com o atendimento integral. A equidade consiste na igualdade de oportunidades de acesso à serviços. Tratar os desiguais de forma desigual,priorizando os grupos específicos, segundo critério de risco. Para que isso seja possível temos a epidemiologia como conhecimento para compreensão dos determinantes e condições do processo saúde- doença, a valorização da experiência dos profissinais e usuários na definição de prioridade e redimensionamento das ações para o nível local. Como desafio vemos a maioria dos recursos sendo destinados aos grandes aglomerados urbanos e a falta de mensuração da eficiência. Portanto, aos gestores torna-se necessário questionar a distribuição dos bens, os critérios para essa distribuição e sobretudo utilizar planejamento e ciência. Por fim, a participação social que dá garantia de que a população participará do processo de formulação e controle das políticas públicas de saúde, que possa participar do processo decisório sobre políticas públicas e ao controle sobre a ação do Estado. Tem destaque nesse princípio, os conselhos, conferências de saúde e audiências públicas. Como obstáculos, além da falta de informação, temos a existência de interesses múltiplos para que a população não saiba que possui direitos e que pode exigi-los. A participação social foge do simples poder da população e parte para um debate em que é necessário fortalecer o planejamento estratégico entre todos os setores e os Conselhos de Saúde, é necessária a busca pela democracia participativa a que a sociedade se torne protagonista na busca por seus direitos. Em suma, após a reflexão dos princípios do Sistema de Saúde Pública vigente no Brasil, cabe a súplica que a sociedade compreenda seu papel e que os gestores tenham um olhar humano, para se conseguir um Brasil, como referência mundial, em boas práticas de fiscalização, atenção integral e controle social. Que o Estado faça uso da ciência, do planejamento e da correta utilização de recursos.