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NOME: JÚLIA FREIRE DANIGNO

CURSO: SAÚDE PÚBLICA COM ÊNFASE EM SAÚDE DA FAMÍLIA


DISCIPLINA: Saúde Pública: O Indivíduo, a Família e a Sociedade
TEMA: Saúde Pública e Sociedade

Saúde Pública – os princípios do SUS e suas influências na Sociedade

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de


completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e
enfermidades”. Mas também, é um setor econômico de produção de bens e serviços.
O anseio da sociedade em relação à saúde é o cuidado das pessoas e comunidades,
a partir de ações individuais e coletivas, em prol de uma qualidade de vida. Porém, a
área da saúde sofre influências econômicas, políticas e culturais, que muitas vezes
podem afastar a comunidade de seu objetivo.
Cada sociedade organiza um sistema de saúde de acordo com a sua própria
realidade, ou seja, seus determinantes socio-econômicos. A Saúde Pública entra
como um conhecimento para organizar esses sistemas e serviços, atuando nos
determinantes. Como exemplo podemos citar o controle de doenças e intervenções
governamentais. Sua metodologia de ação é verticalizada, ou seja, o Estado atua
sobre o profissional que atua na população.
Existem três tipos de sistemas de saúde que se destacam no mundo: o do
seguro social (meritocrático), seguridade e assistência. O seguro social são
serviços vinculados à previdencia social, a seguridade é vinculado aos impostos, por
contribuições e o de assistência é para aqueles que comprovem pobreza.
Na Constituição de 1988, foi implantado no Brasil o Sistema Único de Saúde
(SUS), pelo artigo 196 “A saúde é direito de todos e dever do Estado”, um sistema de
seguraridade social. Dentre os princípios dessa política destaca-se a integralidade,
universalidade, equidade e participação social. Entretando, mais de 30 anos
depois, ainda existem desafios de alcançar em sua totalidade tais princípios, gerando
prejuízos à sociedade que politicamente é bem estruturada mas na prática ainda
possui carências de atenção.
O princípio da integralidade é uma das maiores conquistas, rompeu a tradição
previdenciária e meritrocrática citados anteriormente que conferiam saúde apenas a
trabalhadores formais. Segundo ele a saúde passou a ser direito de qualquer cidadão.
É o princípio organizador que dá sentido aos demais princípios e diretrizes. Todavia,
advindo de influências históricas e institucionais da trajetória do Sistema – passando
por privatizações, globalização – ele não é o único no país. É um dos princípios mais
negligenciados. Só começou a fazer realmente sentido com a implementação do
Programa (hoje Estratégia) Saúde da Família em 1994. Onde ocorreu uma
descentralização da atenção, propostas como territorialização, vigilância, acolhimento
e vínculo. Mas ainda não é o ideal, quando há pouca valorização da atenção básica,
incentivos à capacitação de profissinais e gestões corruptas.
A universalidade retoma o que foi abordado anteriormente, que rompe com a
linha divisória na qual existiam diretos restritos à assistência médica individual
exercidos pelos trabalhadores que contribuíam com a previdência. No âmbito legal,
existe a garantia, mas no real, há a negação do direito, seja por falta de vagas em
atendimentos por crescente demanda, falta de estrutura, recursos, profissionais -
fatores que se fundem com o atendimento integral.
A equidade consiste na igualdade de oportunidades de acesso à serviços.
Tratar os desiguais de forma desigual,priorizando os grupos específicos, segundo
critério de risco. Para que isso seja possível temos a epidemiologia como
conhecimento para compreensão dos determinantes e condições do processo saúde-
doença, a valorização da experiência dos profissinais e usuários na definição de
prioridade e redimensionamento das ações para o nível local. Como desafio vemos a
maioria dos recursos sendo destinados aos grandes aglomerados urbanos e a falta
de mensuração da eficiência. Portanto, aos gestores torna-se necessário questionar
a distribuição dos bens, os critérios para essa distribuição e sobretudo utilizar
planejamento e ciência.
Por fim, a participação social que dá garantia de que a população participará
do processo de formulação e controle das políticas públicas de saúde, que possa
participar do processo decisório sobre políticas públicas e ao controle sobre a ação
do Estado. Tem destaque nesse princípio, os conselhos, conferências de saúde e
audiências públicas. Como obstáculos, além da falta de informação, temos a
existência de interesses múltiplos para que a população não saiba que possui direitos
e que pode exigi-los. A participação social foge do simples poder da população e parte
para um debate em que é necessário fortalecer o planejamento estratégico entre todos
os setores e os Conselhos de Saúde, é necessária a busca pela democracia
participativa a que a sociedade se torne protagonista na busca por seus direitos.
Em suma, após a reflexão dos princípios do Sistema de Saúde Pública vigente
no Brasil, cabe a súplica que a sociedade compreenda seu papel e que os gestores
tenham um olhar humano, para se conseguir um Brasil, como referência mundial, em
boas práticas de fiscalização, atenção integral e controle social. Que o Estado faça
uso da ciência, do planejamento e da correta utilização de recursos.

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