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RESUMO
No Brasil, muitos documentos de cunho político elaborados no âmbito educacional
ficam apenas na teoria, deixando a desejar na hora de por em prática. O presente
artigo objetiva apresentar as propostas do documento da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) com vistas a analisar as diretrizes apresentadas pelo referido
documento e a prática realizada em sala de aula no tocante à prática da leitura nos
anos finais do ensino fundamental. Em seguimento nos foi permitido perceber, com
base nas leituras realizadas, que existe uma ínfima insatisfação de modo geral das
escolas para com as demandas do já citado documento, levando-se a crer que ele
precisa ser repensado em alguns aspectos. Para fomentar essa pesquisa usou-se
da metodologia bibliográfica observando o ponto de vista de alguns teóricos, dentre
eles o próprio documento da Base Nacional Comum Curricular (2017), Foucalt
(1971), Kleiman (1993) entre outros.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
2. A BNCC E SUAS PROPOSTAS DE LEITURA ..................................................... 4
3. PRÁTICA X TEORIA .............................................................................................. 5
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 8
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 9
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INTRODUÇÃO
Tal qual Focault fala acontece nas escolas, pois a escola tenta reger o que
pode ou não ser dito em sala de aula tanto pelo professor como pelo aluno, a BNCC
teoricamente, de certo modo, administra o que o professor deve fazer em sala, pois,
por mais que a BNCC generalize o que deve ser ensinado em sala de aula, essas
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normas ainda precisam ser repensadas, redefinidas e selecionadas para que, assim,
sejam aplicadas.
Diante desse documento partimos para a análise bibliográfica feitas por
teóricos a respeito das práticas exercidas em sala, visando os conteúdos
selecionados pelas instituições de educação, como MEC e PCN, a serem aplicados
pelos professores. Pensando nisso existe uma lacuna a ser preenchida nessa etapa
da aprendizagem, segundo (BRASIL,2017) “No componente Língua Portuguesa,
amplia-se o contato dos estudantes com gêneros textuais relacionados a vários
campos de atuação e a várias disciplinas, partindo-se de práticas de linguagem já
vivenciadas pelos jovens para a ampliação dessas práticas, em direção a novas
experiências.” É perceptível que na realidade das salas de aula os professores
seguem regras das instituições onde trabalham e não no contexto social dos
estudantes.
Dessa forma, esse trabalho irá apresentar algumas discussões em torno do
documento BNCC em relação as práticas de leitura trabalhadas em sala de aula dos
anos finais do ensino fundamental.
3. PRÁTICA X TEORIA
Ler é uma atividade que faz parte da vida escolar de um indivíduo. Seja nos
primeiros anos do ensino infantil ou nos anos finais do ensino superior o aluno
precisa ler. Porém essa prática não é feita para fins de entretenimento, mas sim de
obrigação.
Desde os anos em que a leitura é vista como obrigatória na escola ela passou
a ter um papel secundário, nunca se lê por ser importante para a vida social, como
propõe a BNCC, mas para se obter as respostas de uma atividade, ou para se
preparar para uma prova ou mesmo para a apresentação de um seminário. É nesse
ponto que chegamos à uma contradição entre as propostas de leitura apresentadas
pela BNCC e a verdadeira prática escolar. Enquanto no documento político se fala
de uma leitura empoderada, na escola se pratica uma leitura obrigatória, tirando todo
o interesse, por parte dos alunos, em ler mais e por prazer.
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As escolas brasileiras não dão o devido valor à leitura. Enquanto alguns países a
concentram como a principal fornecedora de conhecimento, o Brasil a utiliza mais
como uma ferramenta de pesquisa, isso faz com que, no Brasil, ainda exista um
percentual de 44% da população que não lê. A escola, de certa forma, tem uma
pequena parcela de culpa, já que ela mesma não inspira essa prática de leitura.
Na escola a leitura nunca é vista e tratada como um ensino em si, ou seja,
nunca consideram que ler, para prazer, pode ser um ensino proveitoso, levando os
alunos a tratar a leitura como algo desagradável já que ela é usada mais apenas
para fins de ensino de gramática, no caso da língua portuguesa, como afirma
Kleiman (1993) “A leitura é vista pelo corpo discente como algo ‘massacrante’,
imposta pelos mestres.” e Rampelotoo (2017) “As escolas usaram excessivamente
os livros didáticos, em que o texto era apenas um grupo de componentes
gramaticais[...]”.
Esse modo de ensino além de desestimular os alunos, bem como os
professores, também foge totalmente às propostas apresentadas pela BNCC, que
tem por intuito apresentar uma escola formadora de leitores críticos-reflexivos,
trabalhando as habilidades de compreensão e interpretação.
O trabalho de leitura não deve se centrar somente na decodificação e
seleção de informações, mas também nas inferências e deduções
por parte do aluno, na reflexão sobre o léxico do texto, nas
habilidades de compreensão e de interpretação. (BRASIL, 2018, p.
51)
Tendo em vista tudo o que foi apresentado, pode-se ver que as propostas da
BNCC e a real prática existente em sala de aula estão longe de chegarem a um
acordo. Enquanto a BNCC apresenta um plano voltado para a leitura, idealizada e
sem defeitos, a escola apresenta uma realidade diferente que, por sua vez, se
mostra de forma escassa e precária. É verdade que ainda é visível a falta de
incentivos por parte do corpo docente, da escola como um todo, mas essa culpa é
partilhada também entre uma sociedade que aprendeu que ler é perda de tempo e
de um governo que não investe o que é preciso na educação.
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4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisamos a BNCC, que aparece como uma inovação, apresentando
problemas que eram identificados desde os parâmetros Curriculares Nacionais.
Sabendo que a BNCC é como um norteador aos professores, percebemos durante a
pesquisa que o documento é uma grande influência às resoluções que poderão
afetar o desenvolvimento dos discentes.
Nota-se a contradição entre o documento e as práticas em sala de aula, é um
jogo de entrelaçamento entre o que a BNCC expõe, o que é feito em sala de aula
pelos professores e o resultado obtido dessas aulas.
Portanto, é fundamental promover empenhos que possam auxiliar com a
compreensão desse documento e que venham a apoiar os docentes em suas
atividades didático-pedagógicas, fazendo que os alunos construam um pensamento
crítico reflexivo. Para tal é necessário um aprimoramento desse documento, um
entrelaçamento entre as muitas teorias existentes sobre educação e sobre o real
ensino em sala de aula, as reais dificuldades encontradas pelos professores e
alunos. Do contrário a BNCC se tornará apenas mais um livro teórico, um
documento em que são tratadas realidades inexistentes e distantes, fazendo tornar-
se impossível sua aplicação.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (versão final). 2017. Disponível em: Acesso
em: 08 mar. 19.