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Sumário
1. Introdução................................................................................................................................................................5
2. Objetivo....................................................................................................................................................................7
3. Âmbito de Aplicação.................................................................................................................................................7
4. Glossário..................................................................................................................................................................7
5. Responsabilidade pela Implantação das Boas Práticas........................................................................................ 11
6. Elementos das Boas Práticas de Fabricação......................................................................................................... 11
6.1. Controle Sanitário do Rebanho....................................................................................................................... 11
6.2. Projeto de Construção e Instalações..............................................................................................................15
6.3. Obtenção Higiênica do Leite...........................................................................................................................29
6.4. Higiene Pessoal..............................................................................................................................................33
6.5. Processo de Produção....................................................................................................................................37
6.6. Equipamentos e Utensílios..............................................................................................................................42
6.7. Qualidade da Água..........................................................................................................................................45
6.8. Limpeza e Sanitização....................................................................................................................................46
6.9. Armazenamento, Transporte e Comercialização............................................................................................52
6.10. Controle Integrado de Pragas.......................................................................................................................56
6.11. Tratamento de Resíduos/Efluentes...............................................................................................................57
6.12. Garantia de Qualidade..................................................................................................................................58
7. Penalidades e Infrações.........................................................................................................................................63
8. Endereços e Contatos das Instituições de Apoio ao Queijo Minas Artesanal........................................................64
9. Referências Bibliográficas......................................................................................................................................67


1. INTRODUÇÃO
Vivemos numa sociedade que busca constantemen- cretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEA-
te a melhoria da qualidade de vida de forma sustentável e PA), importantes trabalhos nessa área, visando a melhoria
consciente, valorizando a conservação do meio ambiente da sua qualidade.
e o uso racional dos recursos naturais.
Além disso, a publicação de leis e decretos pelo
Inseridos nesse contexto, os produtos alimentícios Governo de Minas e pelo Governo Federal (BRA-
estão sendo elaborados de forma a satisfazer cada vez SIL, 2000; MINAS GERAIS, 2002a; MINAS GERAIS,
mais as exigências dos consumidores que buscam pro- 2002b; MINAS GERAIS, 2002c; MINAS GERAIS,
dutos padronizados, ricos nutricionalmente e seguros. E 2002d; MINAS GERAIS, 2002e; MINAS GERAIS,
o conceito de alimento seguro não se limita mais ao pro- 2006; MINAS GERAIS, 2008), favoreceu muito o ca-
duto final, inspecionado somente após a sua elaboração. dastramento de produtores nos serviços de inspeção
O controle de todas as etapas do processo de fabricação e fiscalização sanitária, tirando-os da incômoda situ-
é regra geral nos estabelecimentos que almejam perma- ação da clandestinidade.
nência e ampliação de mercado.
Recentemente a Prefeitura de Belo Horizonte, mu-
No Brasil, ainda são encontrados sistemas de pro- nicípio onde os queijos artesanais são mais vendidos,
dução de alimentos bastante deficitários, aliados à tra- baixou a Portaria n° 022, de 02 de dezembro de 2008, es-
dicional prática da clandestinidade, havendo a necessi- tabelecendo condições para a comercialização do Queijo
dade de se introduzir na cadeia produtiva ferramentas Minas Artesanal nos estabelecimentos supermercadistas,
de controle de qualidade que possam mudar essa re- distribuidoras de queijos e congêneres.
alidade e convertê-la em benefícios aos produtores e
Iniciativas como essa fazem parte dos primeiros
consumidores.
passos dados a favor da melhoria da qualidade do Queijo
O Governo de Minas Gerais, preocupado em regu- Minas Artesanal, que há mais de dois séculos tem a sua
larizar um dos produtos mais tradicionais do Estado, o produção caracterizada pela agricultura familiar, com ex-
Queijo Minas Artesanal, vem realizando, através da Se- pressiva relevância cultural, social e econômica.

Muitos outros passos ainda terão que ser dados para de Fabricação em seus estabelecimentos, atendendo não
o cadastramento de um número significativo de produto- só à legislação, mas também às exigências do mercado.
res de Queijos Minas Artesanal e um deles é a adoção Agradecimento especial à Professora Célia Lúcia de
das Boas Práticas de Fabricação (BPF) pelas unidades Luces Fortes Ferreira da Universidade Federal de Viçosa
de produção. (UFV) pela orientação na elaboração deste material, ao
É de fundamental importância esclarecer aos produ- Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA/UFV), e
tores que as mudanças não trarão apenas encargos, mas principalmente aos produtores de Queijos Minas Artesanal,
poderão proporcionar uma maior valorização do produto que abriram literalmente as suas “porteiras”, de forma in-
frente ao mercado consumidor, que contará com uma me- condicional, possibilitando a geração de informações e re-
lhor imagem e segurança. produção de imagens que poderão representar de forma
A elaboração desse material foi, assim, incentivada mais significativa os itens contemplados neste guia.
pela escassez de materiais didáticos nessa área, que pu-
dessem, de forma clara e objetiva, auxiliar os produtores Belo Horizonte, fevereiro de 2009.
de Queijos Minas Artesanal na adoção de Boas Práticas


2. OBJETIVO te, as microrregiões com os respectivos municípios são:
Oferecer orientações técnicas para o estabelecimen-
I) Araxá: Araxá, Campos Altos, Conquista, Ibiá, Pedrinó-
to de boas práticas de fabricação em unidades produtoras
polis, Perdizes, Pratinha, Sacramento, Santa Juliana e
de Queijos Minas Artesanal com a finalidade de assegurar
Tapira;
que os envolvidos na cadeia produtiva as conheçam, en- II) Cerrado: Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Par-
tendam e busquem cumpri-las. Desta forma, pretende-se naíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia,
ainda contribuir para que se alcancem a segurança ali- Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas,
mentar dos produtos, na expectativa de que os mesmos Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa
cheguem aos clientes e consumidores com qualidade, Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo,
dentro dos padrões exigidos pela legislação. Serra do Salitre, Tiros e Varjão de Minas;
III) Serra da Canastra: Bambuí, Delfinópolis, Medeiros,
Piumhi, São Roque de Minas, Tapiraí e Vargem Bonita;
3. ÂMBITO DE APLICAÇÃO IV) Serro: Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro,
Este manual aplica-se a todo estabelecimento pro- Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho,
dutor de Queijo Minas Artesanal, individual ou coletivo, se- Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de
Minas e Serro.
gundo procedimentos próprios de tecnologia e produção,
localizado em quatro regiões do Estado de Minas Gerais: Armazenamento de alimentos: é o conjunto de tarefas e
Araxá, Cerrado, Serra da Canastra e Serro. requisitos para a correta conservação de matérias-primas
e produtos finais.
Boas práticas Agropecuárias (BPA): são normas de pro-
4. GLOSSÁRIO cedimentos, processos, controles e precauções utilizados
Área demarcada: é o limite geográfico representado para atingir um determinado padrão de identidade e qua-
pelas microrregiões e municípios tradicionais na produção lidade da matéria-prima, avaliados por meio da inspeção
de queijos artesanais do Estado de Minas Gerais. Atualmen- e/ou investigação. Correspondem a medidas de asseio de

intervenção que visam a exclusão, remoção e inibição de Coagulação: é o fenômeno que ocorre ao se adicionar
microorganismos e materiais estranhos no alimento. coalho ao leite, resultando na formação da massa, por
Boas Práticas de Fabricação (BPF): são os procedimen- meio de ligações químicas, que dará origem ao queijo.
tos necessários para a obtenção de alimentos saudáveis Contaminação: é caracterizada pela presença de subs-
e livres de contaminações. tâncias ou agentes estranhos nos produtos. Essas subs-
tâncias podem ser de origem biológica, química ou física,
Cadeia alimentar: é composta de todas as etapas envol-
nocivas ou não à saúde humana.
vidas na elaboração (produção) de um alimento, desde os
insumos, embalagens, produção, armazenagem, distribui- Contaminação cruzada: é um tipo de contaminação
ção e comercialização. gerada pelo contato direto ou indireto de alimentos não
contaminados com materiais contaminados nas fases de
Caderno de especificações: é um caderno usado para produção, processamento e armazenamento.
anotações de todas as atividades desempenhadas na
Desinfecção: é a redução, através de agentes químicos
cadeia produtiva do Queijo Minas Artesanal, desde infor-
ou métodos físicos adequados, do número de microorga-
mações sobre a sanidade do rebanho, até o transporte e
nismos presentes num determinado local (prédio, insta-
a comercialização dos queijos. Este caderno poderá ser
lações, equipamentos, materiais e utensílios), a um nível
elaborado pelo próprio produtor que deverá seguir a legis- que não origine a contaminação do alimento que será ela-
lação específica para os queijos artesanais. borado.
Check list: é um instrumento utilizado para a verifica- Dessoragem: é o processo de separação do soro após
ção de conformidades do estabelecimento, por meio o corte da massa coagulada. É realizada com auxílio de
de questões objetivas, considerando as exigências um balde, tela de nylon, bacia de alumínio perfurada, com
da legislação. a própria forma do queijo e, em algumas regiões, como a
Coalho: é o agente coagulante tradicionalmente utilizado Serra da Canastra, com o auxílio de tecido.
na fabricação da maioria dos queijos, composto por enzi- Elaboração de alimentos: é o conjunto de todas as ope-
mas, sendo a maior parte de quimosina. rações e processos praticados para a transformação da


matéria-prima em alimento (produto). devem ser acoplados filtros para a filtração do leite, con-
Elementos das Boas Práticas de Fabricação: são itens forme indicação da legislação estadual.
que servem para orientar o processo de fabricação de um Higiene pessoal: é um conjunto de medidas e procedi-
produto e/ou execução de um serviço, com o objetivo de mentos higiênicos que visam proteger matérias-primas,
melhorar sua qualidade. pessoas, produtos, ambientes e processos contra conta-
Enformagem: é o processo de moldagem do queijo em minantes transmitidos pelo homem.
formas. As dimensões das formas (altura e diâmetro) va- Insumos: são as matérias-primas, ingredientes, emba-
riam de uma região para outra. lagens e materiais auxiliares utilizados na fabricação de
EPI (Equipamentos de Proteção Individual): são equi- um produto.
pamentos utilizados com o objetivo de proteger o manipu- Leite cru: é o leite utilizado na fabricação do Queijo Mi-
lador e o alimento de possíveis acidentes e contaminações nas Artesanal, obtido de um rebanho sadio e que no mo-
que possam ocorrer durante toda fase de produção. Os mento de sua utilização atenda aos padrões exigidos pela
principais EPI’s utilizados são: uniformes (calça e camisa),
legislação. Trata-se de um leite que não foi submetido a
botas, máscaras, gorros, bonés, aventais e luvas.
nenhum tratamento térmico.
Estabelecimento de alimentos elaborados/manipula-
Limpeza: é a remoção de resíduos de alimentos, sujida-
dos: é o local onde se efetua um conjunto de operações e
des ou outro material portador de agentes contaminantes
processos que têm como objetivo a obtenção de um pro-
sem promover a destruição de microorganismos.
duto final. Além disso, esse local permite o armazenamen-
to e a expedição desses alimentos. Manipuladores de alimentos: são pessoas que traba-
lham diretamente com os alimentos em todas as fases
Funil de passagem: é o utensílio utilizado para fazer a
passagem do leite produzido na sala de ordenha para de produção, embalagem, conservação e distribuição
dentro da queijaria, através de uma parede que separa dos mesmos.
as duas repartições. O funil de passagem deverá ser de Maturação (cura): é o processo de transformações físi-
material atóxico, como o aço inoxidável. Além disso, a ele co-químicas, microbiológicas e sensoriais que ocorre com


o queijo ao longo de um certo tempo, em determinadas soro. Em algumas regiões, a prensagem manual dos quei-
condições de temperatura e umidade. A cura é causada jos é auxiliada pelo uso de tecido.
principalmente pela ação das enzimas microbianas. Queijaria artesanal: é o estabelecimento, individual ou
Mexedura: é o processo de agitação da massa após a coletivo, destinado exclusivamente à produção do Quei-
sua coagulação no tanque de fabricação. Auxilia na des- jo Minas Artesanal, onde o queijo deverá ser fabricado e
soragem da massa. maturado, caso não seja direcionado para um entreposto
Microorganismos patogênicos: são organismos micros- de maturação.
cópicos, capazes de provocar doenças ao homem ou aos Queijeiro: é a pessoa responsável pelo processo de
animais. fabricação do Queijo Minas Artesanal. Há ainda um ou-
tro conceito para queijeiro que é a pessoa responsável
Pingo: é o soro salgado e fermentado, obtido no final da
pela compra dos queijos nas fazendas e a sua venda
dessoragem dos queijos artesanais.
para o comércio.
Planilha de registro de controles: é um conjunto de
Queijo Minas Artesanal: é o queijo elaborado em esta-
dados específicos, anotados em caderno, gerados para
belecimento individual ou coletivo, a partir do leite cru, hí-
cada setor da cadeia produtiva do Queijo Minas Artesanal.
gido, integral e recém ordenhado, utilizando-se para a sua
Contém informações relevantes para o acompanhamento
fermentação o pingo (fermento natural endógeno), para
e controle da produção.
a sua coagulação o coalho industrial e no ato da prensa-
Pragas nos alimentos: são insetos, roedores e animais gem somente o processo manual. O produto final deverá
capazes de contaminar os alimentos. apresentar consistência firme, cor e sabor próprios, mas-
Praguicida: é uma substância química, venenosa, utiliza- sa uniforme, isenta de corantes e conservantes, com ou
da para controle de pragas, animais ou vegetais. sem olhaduras mecânicas, conforme a tradição histórica e
Prensagem dos queijos: é o processo de compressão cultural da região do Estado onde for produzido.
das mãos contra a massa do queijo, com o objetivo de Rastreabilidade: são dados contidos nos rótulos das em-
contribuir com a compactação da massa e expulsão do balagens de alimentos capazes de fornecer informações

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precisas de toda a sua cadeia produtiva. Essas informa- Deverá haver um responsável na propriedade pela
ções podem ser checadas em registros emitidos diaria- definição e documentação de procedimentos e instruções
mente pelos produtores. de serviços referentes às boas práticas. Poderá ser for-
Sanitização: é o processo de eliminação de microorga- mada uma equipe de auditoria, entre os próprios produto-
res, cooperados ou associados, para verificação do cum-
nismos que causam mal à saúde humana ou animal. As
primento das normas legais.
formas de sanitização mais comumente utilizadas são à
base de substâncias químicas como o cloro e iodo, ou
por meio de agentes físicos como o calor (vapor seco 6. ELEMENTOS DAS BOAS PRÁTICAS DE
ou úmido). FABRICAÇÃO
Toxinfecções alimentares: são intoxicações e/ou infec- As boas práticas de fabricação são divididas em
ções provocadas pela ingestão de alimentos contamina- alguns elementos que norteiam as atividades desenvol-
dos com microorganismos que causam doenças ao ho- vidas na unidade de produção, visando a segurança do
mem, ou com produtos tóxicos por eles produzidos. produto a ser elaborado, de acordo com a legislação vi-
Varejo: é uma atividade comercial de venda de produtos gente (BRASIL, 1997a; BRASIL, 1997b). Além daqueles
ou serviços feita diretamente ao consumidor final. estabelecidos pela legislação, outros elementos de inte-
resse poderão ser contemplados na produção do Queijo
Minas Artesanal.
5. RESPONSABILIDADE PELA
IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS
É de responsabilidade dos produtores de Queijo 6.1. CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO
Minas Artesanal assegurar que todos os envolvidos na ● Para assegurar a qualidade do Queijo Minas Artesanal
cadeia produtiva sigam as Boas Práticas de Fabricação e sua adequação para o consumo humano, o produtor
(BPF), incluindo os membros de sua família e os eventu- deverá especificar quais são as medidas adotadas para
ais funcionários que forem contratados. o controle sanitário do rebanho. Exemplo:

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I – vacinação contra febre aftosa, com vacina trivalente lógicas, que comprometam a saúde do rebanho ou a
a partir de um dia de vida; qualidade do leite;
II – vacinação contra brucelose em fêmeas de 3 a 8 VII – controle de insetos, roedores e qualquer outra
meses de idade; praga.
III – teste de diagnóstico para brucelose; ● É obrigatória a vacinação contra a raiva dos herbívoros
IV – teste de diagnóstico para tuberculose; de todos os bovinos, bubalinos e eqüídeos a partir dos
V – controle da mamite nos animais; três meses de idade, com vacina inativada, uma vez
VI – controle de parasitas e outras manifestações pato- ao ano.

Exemplos de cartões de controle


de vacinação do rebanho

Cartões disponíveis nos


escritórios do IMA

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● Animais reagentes positivos aos testes de diagnóstico estabelecimento sob inspeção oficial, os animais serão
para brucelose e tuberculose serão marcados a ferro sacrificados no estabelecimento de criação, sob fiscali-
candente no lado direito da face com um “P”, conti- zação direta da unidade local do IMA.
do num círculo de oito centímetros de diâmetro e sa- ● É obrigatório o exame clínico dos animais por Médico
crificados no prazo máximo de 30 (trinta) dias após o Veterinário habilitado, não se permitindo o aproveita-
diagnóstico, em estabelecimento sob inspeção oficial mento do leite de fêmeas que:
indicado pelo IMA. Na impossibilidade de sacrifício em - não se apresentem clinicamente sãs e em bom estado

Atestado do teste de diagnóstico de


brucelose e tuberculose

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de nutrição; ● Todos os animais em lactação deverão ser submetidos,
- estejam no período final de gestação ou que ainda apre- diariamente, ao teste de caneca telada ou de fundo
sente o colostro na sua composição (início da lactação); escuro, visando ao diagnóstico da mastite. Os animais
- sejam reagentes positivas às provas de brucelose e que apresentarem reação positiva deverão ser afasta-
tuberculose; dos da linha de ordenha para tratamento. Recomenda-
- apresentem quaisquer sintomas de doenças no apa- se o teste CMT (California Mastitis Test) uma vez por
relho genital ou lesões no úbere e tetos, com mamite mês ou quando houver dúvidas no diagnóstico com a
clínica, febre, infecções generalizadas, enterites com caneca.
diarréia, e que sejam suspeitas ou acometidas de ou- ● Qualquer alteração no estado de saúde dos animais,
tras doenças infecto-contagiosas; capaz de modificar a qualidade sanitária do leite, cons-
- tenham sido tratadas com substâncias nocivas à saú- tatada durante ou após a ordenha, implicará na conde-
de do homem pela transmissão através do leite, salvo nação imediata desse leite e do conjunto a ele mistura-
quando houver o respeito ao período de carência des- do. As fêmeas em tais condições deverão ser afastadas
ses produtos. do rebanho, em caráter provisório ou definitivo, de acor-

Detecção de
mastite usando Detecção de
caneca de fundo mastite pelo teste
preto CMT

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do com a gravidade da doença. 6.2. PROJETO DE CONSTRUÇÃO
● Os animais afastados da produção somente poderão E INSTALAÇÕES
voltar a ter seu leite aproveitado após exames e libera- ● A queijaria, individual ou coletiva, terá os seguintes
ção procedidos por Médico Veterinário habilitado. ambientes:
I - área para recepção e armazenagem do leite, obede-
cendo ao seguinte:
- em queijaria próxima ao local de ordenha a passa-
gem do leite deste local para a queijaria deverá ser
realizada através de tubulação de material não tóxico,
de fácil higienização e não oxidável, permanecendo
vedada quando em desuso;
- em queijaria afastada do local de ordenha, a área de
recebimento deverá ter um tanque de recepção do
leite, de fácil higienização, permitindo sua passagem
para a área de fabricação dos queijos; nesta área
também serão efetuadas as operações de controle
de qualidade da matéria-prima e higienização dos
latões;
II - área de fabricação;
III - área de maturação;
IV - área de embalagem e expedição.
Teste CMT

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PLANTA BAIXA – QUEIJARIA ARTESANAL

Fonte: FERREIRA e MARTINS (2006).

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● Antes de iniciar as obras de construção ou reformas da
queijaria é muito importante que o produtor de Queijo
Minas Artesanal entre em contato com a EMATER e o
IMA para esclarecimentos legais e um melhor planeja-
mento e execução das obras.
● A emissão de um laudo técnico sanitário da queija-
ria, de acordo com avaliação de um Médico Vete-
rinário, é obrigatória de acordo com a Lei nº 14.185
de janeiro 2002.

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● A propriedade produtora do Queijo Minas Artesanal de- gueiras para higienização, recomendando-se seu uso
verá dispor de currais de espera, com bom acabamen- sob pressão.
to, dotado de piso concretado ou revestido com blocos
de cimento ou pedras rejuntadas, com declive adequa-
do e canaletas sem cantos vivos, largura, profundidade
e inclinação suficientes para o completo escoamento
da água utilizada na higienização dos mesmos.

Curral concretado, cercado com régua de madeira

● A sala de ordenha deverá dispor de piso impermeável,


Curral de espera concretado, com bom acabamento revestido de cimento áspero ou outro material apro-
priado, com declive adequado e canaletas sem cantos
● Os currais devem ser cercados com tubos de ferro gal- vivos, largura, profundidade e inclinação suficientes,
vanizado, correntes, réguas de madeira ou outro ma- de modo a permitirem fácil escoamento das águas e
terial adequado e possuir pontos de água com man- resíduos orgânicos, além de pé-direito adequado à exe-

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cução dos trabalhos. A cobertura deverá ser de telha ● As instalações devem ser providas de tubulações de-
cerâmica, alumínio ou similares. vidamente sifonadas para conduzir as águas residuais
até o local de desaguamento.
● A queijaria deverá dispor de iluminação natural e arti-
ficial que possibilite a realização dos trabalhos e não
comprometa a higiene dos alimentos. Além disso, a ilu-
minação não poderá alterar as cores normais do am-
biente de fabricação do queijo.

Sala de ordenha com piso impermeável e ponto de água

● O local da sala de ordenha deverá dispor de ponto de


água em quantidade suficiente para a manutenção das
condições de higiene antes, durante e após a ordenha
e possuir rede de esgoto para o escoamento das águas
servidas, canalizadas de modo a não se constituírem
em fonte produtora de mau cheiro. As áreas adjacentes
devem ser drenadas e possuírem escoamento para as
águas pluviais. Janela lateral com tela externa para iluminação natural

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● As fontes de luz artificial, que estejam suspensas ou co- sendo permitida fiação elétrica solta sobre a zona de
locadas diretamente no teto e que se localizem sobre a manipulação de alimentos.
área de manipulação de alimentos, deverão ser do tipo
adequado e protegidas em caso de quebras acidentais
das lâmpadas.

Instalação elétrica
embutida

● As instalações devem dispor de ventilação adequada


de forma a evitar o calor excessivo e o acúmulo de po-
eira e ar contaminado.

Lâmpadas com proteção (transparente): segurança no trabalho

● As instalações elétricas deverão ser embutidas ou exte- Abertura lateral


riores e, neste caso, estarem perfeitamente revestidas na queijaria para
uma ventilação
por tubulações isolantes, presas a paredes e tetos, não adequada

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● O sentido da corrente de ar, para ventilação adequada e escoamento das águas residuais através de ralos
da queijaria, deverá partir do local mais limpo para o sifonados.
menos limpo, distante de granjas suínas e de aves.
● O pé-direito da queijaria deverá ser adequado aos tra-
balhos, com cobertura de estrutura metálica, calhetão
ou laje. Poderá ser tolerada outra cobertura, desde que
seja utilizado forro de plástico rígido ou outro material
aprovado pelo IMA, sendo proibido o uso de forro de Piso da queijaria:
resistente,
madeira e pintura que possa descascar. impermeável e
antiderrapante

● As paredes da queijaria deverão ser azulejadas ou


de alvenaria, impermeabilizadas com tintas lavá-
veis e cores claras, pintadas até altura não inferior
a dois metros.

Pé-direito da queijaria elevado: cobertura de laje

Paredes da queijaria
● O piso da queijaria deverá ser impermeável, antider- com 2 metros de
impermeabilização
rapante, resistente ao trânsito e impactos, de fácil hi-
gienização, sem frestas, com declividade adequada

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● As portas e janelas, dotadas de telas à prova de insetos 2 – revestimento do piso do estábulo com cimento
e roedores, deverão ser pintadas com tintas laváveis e ou calçamento, com declive não inferior a 2% (dois
serem de fácil limpeza e boa conservação. por cento);
3 – existência de valetas, no estábulo, sem cantos vi-
vos e de largura, profundidade e inclinação suficientes
para permitir fácil escoamento das águas e de resídu-
os orgânicos;
4 – existência de torneira independente para higienização
do estábulo e dos animais, com abastecimento de água
de boa qualidade em volume suficiente para atender aos
trabalhos diários de higienização dos animais, equipa-
mentos e instalações;
5 – o descarte do soro poderá ser destinado à alimenta-
ção animal, sendo proibida sua eliminação no ambiente
sem tratamento adequado.

Janelas da queijaria cercadas de tela


● Na instalação da queijaria artesanal deverão ser obser-
vadas as seguintes exigências:
● A queijaria artesanal ou quarto de queijo poderá ser ins- I – localização distante de pocilga, galinheiro e qualquer
talado junto ao estábulo e local de ordenha, respeitadas outra fonte produtora de mau cheiro que possa compro-
as seguintes condições: meter a qualidade do leite ou queijo;
1 – inexistência de comunicação direta entre o estábu- II – impedimento, por meio de cerca, do acesso de ani-
lo e a queijaria, com local adequado para higienização mais e pessoas estranhas à produção;
pessoal e troca de roupa de qualquer pessoa que entrar III – construção em alvenaria, segundo normas técnicas
na queijaria; estabelecidas pelo IMA;

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● A queijaria deverá possuir uma área restrita para higie-
nização de pessoas que tenham acesso a ela, constitu-
ída de lavatório para as mãos e lava botas.

Lixeira com dispositivo de abertura com os pés


Lavador de
botas
● A queijaria deverá ser cercada para não permitir o aces-
so de pessoas estranhas à produção e de animais.

Queijaria
Lavador de cercada com
mãos tela

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● As instalações sanitárias, de uso do pessoal envolvido ● As instalações deverão permitir a limpeza adequada e
na fabricação do Queijo Minas Artesanal, deverão estar a devida inspeção e ter telas e/ou dispositivos que im-
separadas dos locais de manipulação de alimentos e peçam a entrada e o alojamento de insetos, roedores
da sala de ordenha, não sendo permitido o acesso di- e/ou pragas, e também a entrada de contaminantes do
reto e comunicação das instalações com estes locais. meio, tais como fumaça, pó e outros.
Deverão conter lavatório e chuveiro, destinando seus
resíduos à fossa séptica.

Janela de vidro com base de alumínio e com tela protetora externa

● O teto deverá ser constituído e/ou acabado de modo


que se impeça o acúmulo de sujeira e facilite a sua lim-
peza, assim como as paredes, reduzindo ao mínimo a
Instalação sanitária da queijaria
condensação e a formação de mofo.

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Teto de PVC e paredes de azulejo: facilidade na limpeza Instalações com água potável e com pressão adequada

● Os insumos, matérias-primas e produtos terminados de- ● O armazenamento da água deverá dispor de instala-
verão estar localizados sobre estrados e afastados das ções apropriadas (caixas de fibra de vidro) e nas con-
paredes para permitir a correta higienização do local. dições indicadas anteriormente. É imprescindível um
● As instalações deverão dispor de abastecimento de controle freqüente da potabilidade da água, numa pe-
água potável, com pressão e sistema adequado de pro- riodicidade definida pelo IMA.
teção contra contaminação.

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Coletor de soro: canalização direta para alimentação de animais
Reservatório de água potável para utilização na queijaria

● O soro obtido da elaboração do queijo poderá ser uti-


● A queijaria deverá dispor de instalações adequadas
lizado na alimentação animal e, quando isso não for
para a limpeza, desinfecção e guarda dos utensílios e
possível, tratado convenientemente antes de ser des-
equipamentos de trabalho, construídas com materiais
pejado na rede de esgoto, em sumidouro sanitário ou
resistentes à corrosão, que possam ser lavadas facil-
da forma a atender a fiscalização ambiental. Mais infor-
mente e providas de meios convenientes para abasteci-
mações poderão ser obtidas nos escritórios do IMA e
mento de água potável, em quantidade suficiente.
da EMATER/MG locais ou regionais.

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● A queijaria deverá possuir instalações complemen-
tares para armazenamento de insumos, materiais de
limpeza, entre outros, distante do local de ordenha e
fabricação. A figura abaixo é um exemplo de adaptação
da queijaria para adequação às normas estabelecidas
pela legislação.

Sala de fabricação

Pia para limpeza de utensílios e materiais

Sala de armazenamento
de insumos, materiais de
limpeza, entre outros
Prateleira telada para guardar materiais

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● O estabelecimento deverá dispor de meios para coleta
de lixo e materiais não comestíveis, antes da sua elimi-
nação, de modo a impedir o ingresso de pragas e evi-
tar a contaminação das matérias-primas, do alimento,
da água potável, do equipamento e da queijaria ou das
vias de acesso aos locais de armazenamento do lixo.
A disposição final dos resíduos sólidos deverá se-
guir a Instrução Normativa DN 74/04, que dis-
põe sobre responsabilidade da Prefeitura Muni-
cipal pela coleta e destinação final de resíduos
sólidos como: papéis, plásticos, metais, dentre outros.
As embalagens vazias de agrotóxicos têm destinação es-
pecial cujas exigências são estabelecidas pela Lei Federal
n°9974 de 06/06/2000 e Decreto n° 7074 de 08/08/2002.
Caso a Prefeitura não faça coleta na zona rural, o pro-
dutor deverá levar o lixo ensacado, pelo menos uma
vez por semana, até a cidade, para que o mesmo rece-
ba o devido tratamento.

28
6.3. OBTENÇÃO HIGIÊNICA DO LEITE ● É obrigatório a lavagem das mãos do ordenhador com
água corrente e sabão, seguida de imersão em solução
● Os trabalhadores do estábulo e da queijaria deverão
de iodo 20 – 30 mg/L, ou outro desinfetante, antes do
manter o atestado de saúde (clínico e tuberculose) em
início da ordenha e sempre que necessário.
dia, renovado anualmente.
● Os utensílios e equipamentos da sala de ordenha deve-
rão ser submetidos a limpeza e desinfecção com solu-
ção clorada (100 – 200 ppm), antes e após a ordenha.
Ver em anexo preparo de soluções detergentes e sani-
tizantes.

Carteirinha de saúde
dos trabalhadores

● As pessoas que trabalham no estábulo devem usar


equipamentos de proteção individual (EPI’s) como rou-
pas limpas e adequadas, botas de borracha e gorro.

Utensílios higienizados durante a ordenha


A bota é um equipamento
de proteção individual
indispensável na ordenha

29
● A sala de ordenha e as demais instalações deverão ser ● As vacas com mamite deverão ser ordenhadas por
lavadas com água tratada (2–3 ppm de cloro livre), sob último e seu leite não poderá ser destinado a elabo-
pressão, com o auxílio de bomba. ração do queijo, podendo ser destinado à alimenta-
ção animal.
● Antes de ser iniciada a ordenha os animais deverão ter
os tetos lavados com água corrente e tratada (2 – 3
ppm de cloro livre).

Higienização da
sala de ordenha

● O descarte dos primeiros jatos de cada teto deverá ser


efetuado sobre uma caneca telada ou de fundo preto,
de forma a eliminar o leite residual e auxiliar no controle
de mastite.

Limpeza do teto com água corrente

● Logo em seguida, deverá ser realizado o pré-dipping.


Os tetos dos animais são cobertos com solução clora-
da (50–100 mg/L) ou outro desinfetante recomendado
por Veterinário, que não apresente risco de danos aos
Detecção de
mastite com caneca tetos, seguindo-se de secagem completa com papel to-
de fundo preto alha descartável.

30
● Para a ordenha manual, deve-se dar preferência para
balde com a parte superior parcialmente fechada, sem
costuras ou soldas que dificultem sua limpeza e higie-
nização, com o objetivo de evitar a contaminação do
leite.
● Durante a ordenha mecânica ou manual adotar medi-
das preventivas para evitar danos ao úbere e tetos do
animal. Exemplo: manutenção das unhas cortadas para
diminuir as infecções que possam levar à contamina-
ção do leite.
Pré-dipping

Ordenha
mecânica. Ajuste
correto das
teteiras
Secagem com
papel toalha
descartável

31
Ordenha manual.
Unhas cortadas e
cuidado com tetos

Pós-dipping com solução de iodo após a ordenha

● Logo após a ordenha, os animais deverão ser subme-


tidos a desinfecção dos tetos, com solução de iodo a
20–30 mg/L ou outro desinfetante recomendado por
Médico Veterinário e que não apresente risco de da-
nos aos tetos. Caso os bezerros continuem com as
vacas após a ordenha, não é necessário o uso de iodo
nesta etapa.

Bezerro mamando após a ordenha

32
● O leite selecionado para a produção do Queijo Minas dução, com o objetivo de evitar a contaminação dos
Artesanal deverá ser filtrado logo após a ordenha, em alimentos.
funil de passagem com coador apropriado que tenha ● As pessoas que mantêm contato com o leite e o queijo
malha de 10 – 16 meshes e ao entrar no tanque de deverão submeter-se a exames médicos (clínico e tu-
fabricação, em coador de 60 – 90 meshes. A utilização berculose) e laboratoriais antes do início de sua ativida-
de um tecido de malha fina como o nylon, devidamente de, e periodicamente sempre que houver indicação por
higienizado, pode auxiliar no processo de filtração do razões clínicas ou epidemiológicas.
leite;

Filtração do
leite em funil
de passagem
e coadores
apropriados

Consulta médica para exame clínico e de tuberculose


6.4. HIGIENE PESSOAL
● O proprietário da queijaria artesanal deverá tomar ● O manipulador que apresentar problemas de saúde
providências para que todas as pessoas envolvidas que possam resultar na contaminação dos alimentos,
no processo recebam instrução adequada sobre hi- não poderá manusear e nem estar presente na área de
giene pessoal em todas as etapas da cadeia de pro- fabricação do queijo.

33
Manipulador com
a mão ferida.
Este não deverá
realizar a ordenha e
nem fabricar o queijo

● É recomendado ao queijeiro, principalmente se este


Manipulador com também for o ordenhador, tomar banho antes de iniciar
resfriado. Deverá a fabricação dos queijos.
ficar longe da
sala de ordenha e
queijaria

● É proibida a manipulação do leite e dos queijos por


qualquer pessoa que apresente feridas nas mãos e nos
braços, mesmo com uso de luvas protetoras, até que a
determinação médica ateste a inexistência de risco. A
pessoa que apresentar este quadro deverá ser encami-
Banho antes de
nhada a outro tipo de trabalho. iniciar a produção

34
● Toda pessoa que trabalha na manipulação dos queijos
deverá usar equipamentos de proteção individual ade-
quados às suas atividades. Na fabricação de queijos,
o queijeiro deverá usar roupa protetora branca, botas
brancas, máscara para boca e nariz e touca protetora,
laváveis ou descartáveis. Lavagem das mãos
antes do início da
fabricação dos
queijos

● Deverão ser colocados avisos que indiquem a obriga-


toriedade e a forma correta de lavar as botas, as mãos,
utensílios e materiais.

Queijeiro usando os
equipamentos de
proteção individual

● É obrigatório a lavagem das mãos em água corrente,


seguida de imersão em solução desinfetante (solução
clorada a 100 – 200 ppm ou iodófora a 20 – 30 ppm)
logo após o uso das instalações sanitárias, após a ma-
nipulação de material contaminado e todas as vezes
Exemplos de avisos para higienização e uso de EPI`s
que se julgar necessário. em locais de acesso à queijaria

35
● Durante a ordenha e fabricação dos queijos, não deve-
rão ser usados brincos, anéis, relógios, pulseiras, cor-
dões e demais objetos de adorno.

Proibido fumar

● Os visitantes, antes de entrarem na queijaria, deverão


usar botas, uniformes, gorro e máscara e higienizar as
Queijeiro retirando o relógio
antes de iniciar a fabricação mãos com detergente e solução clorada (100 – 200
dos queijos ppm). Entretanto, devem ser evitadas visitas durante a
fabricação dos queijos.
● Barbas e bigodes devem ser diariamente aparados,
as unhas devem ser mantidas limpas e aparadas, não
usar esmaltes e o depósito de roupas e objetos pesso-
ais não poderá ser localizado dentro da queijaria.
● Dentro da área de fabricação é proibido todo ato que
possa originar contaminação de alimentos, como co-
mer, fumar, cuspir, espirrar, tossir, coçar a cabeça, in-
troduzir os dedos nas orelhas, nariz e boca ou outras
práticas anti-higiênicas. Equipamentos de
proteção individual
para visitantes

36
6.5. PROCESSO DE PRODUÇÃO

● Na fabricação do Queijo Minas Artesanal, deverão ser


adotados os seguintes procedimentos:
- o processamento será iniciado até noventa minutos
após o começo da ordenha;
- a fabricação será com leite que não tenha sofrido tra-
tamento térmico; Funil de passagem do leite da sala de ordenha para a queijaria.
Uso de coadores apropriados.
- ingredientes: culturas lácticas naturais (pingo ou
sorofermento), coalho e sal; II - adição de pingo (soro fermentado e salgado): auxi-
- o processo de fabricação será desenvolvido com as lia no processo de coagulação da massa, no sabor carac-
seguintes fases: terístico do queijo e na inibição de microorganismos inde-
sejáveis. A quantidade de pingo depende da quantidade
I - filtração: é a coagem do leite, logo após a ordenha, ob- de leite utilizada na fabricação dos queijos, da época do
jetivando a retirada das partículas macroscópicas. O filtro ano e do modo de fabricação dos queijos.
ou coador deve ficar na “boca” do latão e deve ser cons-
tituído de tela de metal, aço inox ou alumínio, nylon ou
plástico atóxico. É importante que a malha seja de 10 – 16
meshes e que esteja higienizada e seca antes do uso. O
leite deverá ser coado novamente no tanque de recepção,
com filtro de 60 – 90 meshes. A utilização de mais de um
filtro pode ser necessária, pois este deverá ser trocado
sempre que estiver saturado de sujidades.
Preparo do pingo e do coalho para
adição ao leite

37
III - adição de coalho: visa a coagulação do leite e a for- V - corte da coalhada: tem como função a separação do
mação da massa do queijo. Deve-se utilizar coalho indus- soro. A coalhada é cortada obtendo-se grãos do tamanho
trial em pó ou líquido. característico de cada microrregião.

A adição do coalho
ao leite é feita
junto com o pingo

IV - coagulação: é a passagem do leite da forma líquida


para a sólida (formação da massa).
Corte da massa com liras horizontais e logo em seguida
com as liras verticais

VI - mexedura: auxilia na separação do soro. A decan-


tação lenta ou a flutuação dos grãos indica falha no
processamento e, portanto, deve-se eliminar a massa
com o problema, pois o queijo se tornaria impróprio
Ponto de corte
da massa após
para consumo.
a coagulação
do leite

38
VIII - enformagem: nessa fase a massa é colocada nas for-
mas arredondadas para ganhar sua forma característica.

Enformagem
da massa
característica da
região da Serra
da Canastra:
realizada sobre
A mexedura da massa é feita de forma lenta e por poucos um tecido
minutos colocado na
VII - dessoragem: o processo e a quantidade de soro a forma.

ser retirada é característica de cada microrregião.

Enformagem
da massa
característica da
região do Serro:
realizada sem
A dessoragem da massa é realizada com o auxílio de balde a presença do
e bacia de material plástico, de aço inox ou de alumínio tecido na forma.

39
IX - prensagem manual: fase que objetiva retirar o X - salga a seco: fase importante que dá sabor ao quei-
excesso de soro dos grãos para que o queijo fique jo. Salgar de ambos os lados usando sal marinho desti-
mais compacto. nado ao consumo humano. No final desta fase o pingo
é recolhido.

Prensagem dos
queijos sem o
auxílio de tecido.
Característico da
região do Serro.
Salga a seco dos
queijos: uso de sal
grosso

Prensagem dos
queijos com o
auxílio de tecido.
Característico da
região da Serra Coleta do pingo
da Canastra. realizada durante o
final da dessoragem

40
XI - maturação: fase com duração específica para cada ção detergente, acompanhando a orientação de uso do
microrregião. Objetiva o desenvolvimento do sabor, a de- fabricante, seguindo-se higienização com solução de-
sidratação e a estabilização do queijo para atingir a con- sinfetante. Recomenda-se colocar os utensílios e expor
sistência desejada. Nesta etapa os queijos deverão ter os equipamentos a solução de hipoclorito de sódio com
umidade inferior a 46%. 100 – 200 mg/L de cloro livre por trinta minutos.

Maturação dos queijos em prateleira de ardósia

Limpeza de materiais e utensílios após a fabricação


● Todas as operações do processo de elaboração de- dos queijos

verão ser realizadas sem demora e em condições que ● As embalagens para os queijos artesanais deverão ser
excluam toda a possibilidade de contaminação, deterio- utilizadas uma única vez e deverão ser armazenadas
ração e proliferação de microorganismos patogênicos e em área específica, livre de contaminações.
deteriorantes. ● Todos os registros de controle relacionados à produção
● Após o término da fabricação, todos os utensílios utili- deverão ser mantidos por um período mínimo estipula-
zados deverão ser cuidadosamente lavados com solu- do pelo IMA.

41
6.6. EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
● A queijaria deverá dispor dos seguintes materiais e
equipamentos:
I – tanque de recepção do leite de material aprovado
pelo IMA;
II – tanque de coagulação do leite em material aprovado
pelo IMA (geralmente utiliza-se o mesmo tanque para re-
cepção e coagulação do leite);

Tanque de recepção
e coagulação do leite

● Os queijos fabricados devem ser provisoriamente esto-


cados na queijaria, enquanto aguardam o seu destino III – tanque com torneira de água corrente, conjugado à
ao varejo. bancada fixa, mesa de aço inox ou outro material imper-
● Os insumos deverão ser mantidos longe de substân- meável de fácil higienização para a limpeza de utensílios.
cias contaminantes, protegidos em locais apropriados A superfície da bancada deve ser plana e lisa, sem cantos
como armários ou prateleiras. vivos e soldas salientes;
42
V – coadores ou filtros de aço inox ou plástico de alta re-
sistência, com espaçamento de 10 a 16 “meshes” para a
primeira coagem ainda na sala de ordenha, e de 60 a 90
“meshes” para a segunda coagem no tanque de recepção,
sendo proibido o uso de panos nas duas coagens;

Pia de aço inox com


torneira de água corrente
para higienização de
utensílios

IV – tanque, cubas ou recipientes de plástico ou fibra de


vidro, contendo soluções desinfetantes aprovadas pelas
entidades competentes, para guarda, repouso e desinfec-
ção de material;

Funil com coadores para filtração do leite

Tanque plástico
para higienização de
materiais e utensílios

43
VI – pás ou liras (verticais e horizontais), em aço inox
ou polietileno;

Lira de aço inox para o corte da massa Formas plásticas e cilíndricas com diâmetro aproximado de
16 cm: características da região da Serra da Canastra
VII – as formas do queijo deverão ter formato cilíndrico e
tamanho de acordo com a tradição regional para a produ- VIII – as prateleiras para maturação dos queijos poderão
ção do Queijo Minas Artesanal, e serem de plástico, aço ser constituídas de madeira, fibra de vidro ou outro mate-
inoxidável ou outro material aprovado pelo IMA; rial aprovado pelo IMA;

Formas plásticas
e cilíndricas
com diâmetro Prateleira de
aproximado de 13 madeira para
cm: características maturação
da região do Serro dos queijos

44
IX – mesas em aço inoxidável ou outro material aprovado 6.7. QUALIDADE DA ÁGUA
pelo IMA (ardósia, granito, fibra de vidro, etc.), resistentes
à higienização. ● A queijaria deverá dispor de abundante sistema de
abastecimento de água potável (cinco litros de água
para cada litro de leite processado), com adequada
pressão e distribuição para limpeza e a higienização de
suas instalações;
● O reservatório de água deverá ser tampado e constru-
ído em fibra, cimento ou outro material sanitariamente
aprovado, protegido do acesso de animais e livres de
contaminação.
● A cada 6 (seis) meses, todas as cisternas, nascentes,
filtros e reservatórios do sistema de água potável deve-
rão ser adequadamente limpos, sanitizados e protegi-
dos da água de enxurrada e outros agentes.
Mesa de ardósia usada durante a fabricação dos queijos ● A água utilizada na produção do Queijo Minas Artesanal
e na dessoragem deverá ser submetida a análise físico-química e bacte-
riológica periodicamente, de acordo as especificações
do IMA. Deverá ser potável e poderá provir de nascen-
● Todos os utensílios utilizados nos locais de manipula- te, cisterna revestida, protegida do meio exterior, ou de
ção, que possam entrar em contato com os alimentos, poço artesiano, observadas as seguintes condições:
deverão ser confeccionados de material que não trans- I – ser canalizada desde a fonte até o depósito ou caixa
mita substâncias tóxicas, odores e sabores, não seja d’água da queijaria ou do quarto de queijo;
absorvente e anticorrosivo e capaz de resistir a repeti- II – ser filtrada antes de sua chegada ao reservatório;
das operações de limpeza e desinfecção. III – ser clorada com cloradores de passagem ou outros
45
sanitariamente recomendáveis, a uma concentração de 2
a 3 ppm (partes por milhão).

Clorador Caixa d`água


coberta

Filtro para
limpeza de
sujidades da
água
Limpeza da queijaria

6.8. LIMPEZA E SANITIZAÇÃO ● As queijarias, os equipamentos e utensílios, e todas as


demais instalações, incluindo os desaguamentos, de-
● A queijaria deverá ser rigorosamente higienizada an- verão ser mantidos em bom estado de conservação.
tes, durante e após a fabricação dos queijos. Os deter-
● Todos os produtos de limpeza e desinfecção, devidamente
gentes devem ser utilizados para limpeza de paredes,
autorizados, deverão ser guardados em local adequado,
pisos, equipamentos e utensílios. Soluções cloradas
fora das áreas de manipulação dos alimentos. Os mate-
(100 a 200 ppm) devem ser utilizadas para desinfec-
riais usados no dia poderão ser armazenados em armá-
ção dos mesmos.

46
Armário para guardar materiais de limpeza e desinfecção Limpeza da bancada antes e após a fabricação dos queijos

rios devidamente protegidos dentro da área de produção. ● Após o término da fabricação, todos os utensílios usa-
● Deverão ser tomadas precauções adequadas para im- dos deverão ser cuidadosamente limpos com solução
pedir a contaminação dos queijos quando as áreas, os detergente, seguido de higienização com solução de-
equipamentos e os utensílios forem limpos ou desinfe- sinfetante (100 – 200 ppm de cloro livre) por 30 minu-
tados com águas, detergentes, desinfetantes ou solu- tos. Modo de preparo na página 52.
ções destes.
● A superfície que entrou em contato com o alimento de-
verá ser lavada com água clorada, antes que volte a ser
utilizada para manipulação.

47
● Nas áreas de manipulação de alimentos não deverão
ser utilizadas substâncias odorizantes ou desodoran-
tes, evitando-se a mistura de odores.
● É proibida a entrada de quaisquer animais em todos os
lugares onde se encontrem matérias-primas, material
de embalagem, queijos prontos ou em qualquer lugar
onde se processem etapas da fabricação do Queijo Mi-
Higienização dos utensílios nas Artesanal.
após a fabricação dos
queijos

● Após o término do trabalho de manutenção, o chão, as


estruturas auxiliares e as paredes da área de manipula-
ção dos queijos deverão ser imediatamente limpos.

Queijaria cercada
com telas

● O lixo deverá ser manipulado de maneira a evitar a con-


Limpeza da queijaria após
o término dos trabalhos taminação dos alimentos ou da água potável. Deverá
ser retirado das áreas de trabalho no mínimo uma vez
48
por dia. Imediatamente após a sua remoção, a área de 6.8.1. Preparo de solução detergente e modo
armazenamento, os recipientes utilizados para o arma- de uso
zenamento e todos os equipamentos que tenham en-
As soluções detergentes são utilizadas para a limpeza
trado em contato com o lixo deverão ser desinfetados.
de diversas superfícies (pisos, paredes, equipamentos,
O local de armazenamento do lixo deverá estar distante
materiais e utensílios) e normalmente são preparadas se-
da queijaria e a coleta deverá ser feita de forma a evitar
guindo a recomendação do fabricante de acordo com a
proliferação de insetos e roedores. Dois exemplos de
sua finalidade. As recomendações de acordo com o tipo
como armazenar o lixo estão dispostos abaixo.
de detergente utilizado estão dispostas a seguir:

6.8.1.1. Detergente neutro:


Concentração: entre 0,5 – 1% (exemplo: 0,5 – 1 kg de
detergente neutro diluído em 100 litros de água).
Indicação: a solução é indicada para limpeza de mate-
Armazenamento
do lixo: distante da
riais, utensílios e equipamentos como: formas, filtros de
queijaria aço inoxidável, funil de passagem, coadores, facas, pás,
bancadas, baldes, etc.
Dias de uso: seu uso é recomendado diariamente com o
auxílio de buchas industriais.
Coleta seletiva do lixo:

Vermelho = para plástico 6.8.1.2. Detergente alcalino:


Amarelo = para metal
Azul = para papel Concentração: varia entre 0,5 a 1% (exemplo: 0,5 – 1 kg
Verde = para vidro
de detergente alcalino diluído em 100 litros de água);

49
Indicação: pode ser usado em combinação com compos- da eliminação de bactérias e mofo presentes na superfície
tos clorados para a limpeza e desinfecção simultânea de dos equipamentos.
superfícies de formas, facas, bancadas, vasilhames, funil Dias de uso: seu uso é recomendado diariamente para
de passagem, coadores ou filtros, latões, baldes, tanques pisos e paredes. Os equipamentos, utensílios e materiais
de fabricação, pisos e paredes. É eficaz na remoção de também poderão ser higienizados diariamente com este
sujidades orgânicas, tais como gorduras e proteínas, além tipo de detergente.
da eliminação de bactérias e mofo presentes na superfície
dos equipamentos.
Dias de uso: recomendado o uso diário para pisos e pa- 6.8.1.3. Detergente ácido:
redes. Os equipamentos, utensílios e materiais também Concentração: varia entre 0,5 a 1% (exemplo: 0,5 – 1 kg
poderão ser higienizados diariamente com este tipo de de detergente ácido diluído em 100 litros de água);
detergente.
Indicação: esta solução é indicada para limpeza de in-
crustações (materiais inorgânicos, aderidos às superfí-
cies, gerados pela água ou pelo leite), em locais onde se
6.8.1.2. Detergente alcalino:
formam pedras de leite, como em latões, baldes, tanques
Concentração: varia entre 0,5 a 1% (exemplo: 0,5 – 1 kg de fabricação, bancadas, formas, vasilhames de alumínio,
de detergente alcalino diluído em 100 litros de água); funil de passagem, coadores e filtros de aço inoxidável. Os
Indicação: pode ser usado em combinação com compos- detergentes mais utilizados são ácido fosfórico e o ácido
tos clorados para a limpeza e desinfecção simultânea de nítrico, devendo ser cuidadosamente manipulados, pois
superfícies de formas, facas, bancadas, vasilhames, funil apresentam riscos à saúde das pessoas.
de passagem, coadores ou filtros, latões, baldes, tanques Dias de uso: seu uso é recomendado uma vez por sema-
de fabricação, pisos e paredes. É eficaz na remoção de na ou sempre que necessário.
sujidades orgânicas, tais como gorduras e proteínas, além

50
6.8.2. Preparo de solução desinfetante e Tabela 01 – Preparo de soluções cloradas (ppm de cloro
modo de uso livre) a partir de solução comercial de hipoclorito de sódio
(NaOCl) com diferentes concentrações de cloro livre. Me-
Os principais agentes desinfetantes são à base de iodo,
dir o volume indicado (mL) e diluir em 50 litros de água.
quaternário de amônio, ácidos e cloro. A concentração de
uso depende da indicação do fabricante e varia de acordo
com a sua função e o tipo de composto utilizado.
● Os compostos clorados são os mais utilizados, por
atuarem num maior número de microorganismos. Re-
comenda-se seu uso e sua concentração em parte por
milhão (ppm de cloro ativo) nas seguintes situações:
* Valores usados para 50 litros de água.
- sanitização da água a ser usada nas instalações da Fonte: Adaptado de BRAGANÇA (1999).
agroindústria: mínimo de 0,5 ppm e máximo de 5 ppm,
após a desinfecção;
Preparo de 50 litros de solução clorada a partir de
- sanitização de equipamentos, materiais e utensílios:
água sanitária (2,5% de cloro ativo):
100 – 200 ppm;
- higienização das mãos de manipuladores: 100 ppm; a) 50 ppm: medir 100 mL (mililitros) de água sanitária a
- sanitização de instalações como pisos e paredes: 200 2,5% e transferir para 50 L (litros) de água potável.
ppm. b) 100 ppm: medir 200 mL (mililitros) de água sanitária a
● A Tabela 01 indica a quantidade de cloro usada no pre- 2,5% e transferir para 50 L (litros) de água potável.
paro de 10 litros de solução clorada para o uso nas di-
c) 150 ppm: medir 300 mL (mililitros) de água sanitária a
versas situações de sanitização:
2,5% e transferir para 50 L (litros) de água potável.
d) 200 ppm: medir 400 mL (mililitros) de água sanitária a
2,5% e transferir para 50 L (litros) de água potável.

51
OBS.: Para preparar 100 litros de solução clorada, basta de forma a impedir a contaminação ou proliferação de
apenas colocar o dobro da quantidade de água sanitária a microorganismos e que protejam contra a alteração ou
2,5% indicada em cada uma das letras acima. danos ao recipiente ou embalagem.
● Durante o armazenamento deverá ser exercida ins-
peção periódica dos produtos acabados, a fim de que
● Preparo de 50 litros de solução clorada a partir de
somente sejam expedidos queijos dentro do conteú-
cloro 10% (cloro ativo):
do de umidade estabelecido pela legislação (menor
a) 50 ppm: medir 25 mL (mililitros) de solução de cloro que 46%), aptos para o consumo humano e cumpri-
livre a 10% e transferir para 50 L (litros) de água potável. das as especificações de rótulo quanto às condições
b) 100 ppm: medir 50 mL (mililitros) de solução de cloro e transporte.
livre a 10% e transferir para 50 L (litros) de água potável.
c) 150 ppm: medir 75 mL (mililitros) de solução de cloro
livre a 10% e transferir para 50 L (litros) de água potável.
d) 200 ppm: medir 100 mL (mililitros) de solução de cloro
livre a 10% e transferir para 50 L (litros) de água potável.
OBS.: Para preparar 100 litros de solução clorada, basta
apenas colocar o dobro da quantidade de cloro a 10%,
indicada em cada uma das letras acima.

6.9. ARMAZENAMENTO, TRANSPORTE E


COMERCIALIZAÇÃO
● As matérias-primas, os ingredientes e os produtos A inspeção dos queijos é muito importante
para a saúde do consumidor
acabados deverão ser armazenados e transportados

52
● Os ingredientes necessários para a fabricação do queijo rada da queijaria.
deverão ser acondicionados em depósito próprio para ● Todo material utilizado para embalagem deverá ser ar-
essa finalidade e anexo à queijaria. mazenado em boas condições higiênico-sanitárias, em
áreas destinadas para este fim. O material deverá ser
apropriado para o produto e seguir as condições previs-
tas de armazenamento.
● As prateleiras para maturação poderão ser de madeira,
fibra de vidro ou de qualquer outro material aprovado
pelo IMA desde que facilmente higienizáveis.

Armário para armazenamento de ingredientes

● Na queijaria poderá ser estocada somente a quantida-


de de ingrediente de uso diário, que deverá atender as
especificações técnicas pertinentes ao seu uso.
● Dentro da queijaria é proibida a guarda de medicamen-
tos, produtos tóxicos (carrapaticidas, herbicidas, entre
Prateleira para maturação dos queijos
outros) assim como saco de ração para qualquer fim,
sendo necessária a construção de dependência sepa-

53
● O transporte do queijo deverá ser realizado, da fazen- ● Os recipientes para transporte deverão ser inspecio-
da até o entreposto, preferencialmente, até às 10h da nados imediatamente antes do uso para verificar sua
manhã, em veículo aprovado pelo IMA, com carroceria segurança e, em casos específicos, limpos e/ou desin-
fechada, sem a presença de nenhum outro produto, de fetados. Quando lavados deverão estar secos antes
forma a evitar sua contaminação ou deformação, assim do uso.
como comprometimento de sua qualidade pelos raios ● O queijo deverá ser transportado para o varejo, devida-
solares, chuvas ou poeira. mente embalado, acondicionado em caixas que ofere-
çam proteção quanto a deformações e contaminações.
Não poderão ser utilizados utensílios de madeira para
essa finalidade.

Caminhonete utilizada
no transporte do queijo Caixas plásticas para
para o entreposto da armazenamento dos
Cooperativa/ queijos refrigerados
Associação

● O queijo só poderá ser embalado após maturação (umi-


dade menor que 46%), em embalagem plástica de uso
único, descartável, permeável ao vapor de água, oxigê-
nio e gás carbônico, aprovada pelo Ministério da Saú-
54
de. Essa embalagem deverá ser armazenada em local CNPJ, ambos em caixa alta);
adequado que lhe garanta a qualidade higiênica. 3 – lista de ingredientes;
4 – informação nutricional;
5 – conteúdo líquido, ou a menção “PESAR NA PRESEN-
ÇA DO CONSUMIDOR”;
6 – data de fabricação em caixa alta (DD/MM/AA);
7 – prazo de validade em caixa alta (DD/MM/AA);
8 – estar impresso no rótulo a expressão “PRODUTO ELA-
Embalagem a BORADO COM LEITE CRU” e a microrregião de origem,
vácuo: material em letras destacadas e em tamanho uniforme;
permeável ao
vapor d’água, 9 – usar a expressão INDÚSTRIA BRASILEIRA em cai-
oxigênio e gás xa alta.
carbônico
● O Queijo Minas Artesanal não embalado, ou seja, cura-
do com casca, será acondicionado para transporte em
● É proibida a realização de toalete dos queijos em esta-
caixa de fibra de vidro ou similar, aprovada pelo IMA,
belecimentos comerciais de qualquer natureza.
higienizada, provida de tampa ou vedação e mantida à
● É proibida a colocação de rotulagem e/ou embalagem temperatura adequada.
primária no Queijo Minas Artesanal nos estabelecimen-
● Para a comercialização do queijo curado, com casca,
tos comerciais de qualquer natureza.
não embalado, será exigida a impressão na peça, em
● O rótulo presente na embalagem dos queijos deverá baixo relevo, do número da inscrição estadual do pro-
conter as seguintes informações: dutor, acrescido do número de cadastro do produtor ar-
1 – denominação de venda “Queijo Minas Artesanal” tesanal no IMA. É facultado o uso de rótulo contendo
de forma visível, em letras destacadas e de tamanho as informações obrigatórias, que deverá ser afixado
uniforme; diretamente no queijo com adesivo apropriado para ali-
2 – identificação do produtor (n° da inscrição estadual e mentos, redes, cordões ou qualquer outra forma que

55
possibilite que os mesmos cheguem até o consumidor, perfeitamente identificados e serem utilizados de acor-
desde que aprovadas pelo IMA, garantindo a sua ras- do com as instruções de rótulo;
treabilidade (origem). ● Só deverão ser empregados praguicidas caso outra
medida eficaz de controle não seja possível de ser
aplicada, interrompendo-se imediatamente a fabrica-
6.10. CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS ção de queijo, protegendo-se os utensílios da conta-
● Os produtores deverão adotar medidas para a erradi- minação. A aplicação de praguicidas deverá ser reali-
cação de pragas (roedores, insetos, etc) mediante tra- zada por profissional capacitado, seguindo as devidas
tamento com agentes químicos, físicos ou biológicos normas de segurança.
autorizados.
● Deverão ser evitados fatores que propiciem a prolifera-
ção de pragas, tais como: resíduos de alimentos, água
estagnada, materiais amontoados em cantos e pisos,
armários e equipamentos contra a parede, acúmulo
de sujeira e buracos nos pisos, no teto e nas paredes,
mato, grama não aparada, sucata amontoada, desor-
dem de material fora de uso, bueiros, ralos abertos e
má sanitização das áreas de lixo;
● Os praguicidas (raticidas, inseticidas, desinfetantes) e
quaisquer outras substâncias tóxicas, que representam
risco para a saúde, deverão ser rotulados, com informa-
Símbolo de um produto tóxico (praguicida).
ções sobre sua toxidade e emprego, armazenados em
Cuidado na manipulação
áreas externas à queijaria, separados em armários fe-
chados com chave, destinados exclusivamente a esse
fim. Eles deverão ser regulamentados por lei, serem

56
● O emprego de luvas na manipulação de produtos tóxi- da sua demanda química de oxigênio (DQO) e deman-
cos deverá obedecer às perfeitas condições de uso. da bioquímica de oxigênio (DBO);
● As tubulações deverão ser construídas de maneira
que se evite a contaminação do abastecimento de
água potável;
● Existem vários sistemas de tratamento de efluentes
para leite e derivados, dependendo do tipo e volume
de leite processado, da área disponível para tratamen-
to e da disponibilização de recursos para investimento.
Luvas para a Para a agroindústria familiar, com volume de produção
manipulação de
produtos tóxicos inferior a 10.000 litros de leite por dia, é sugerido o tra-
tamento sistema fossa-filtro:
1) caixa de passagem (para retenção de areia e sujida-
6.11. TRATAMENTO DE RESÍDUOS/
des maiores);
EFLUENTES
2) caixa de gordura (para retenção de gordura);
3) tanque séptico ou fossa séptica (sistema de alvenaria,
6.11.1. Tratamento de efluentes
fechado, com suspiro, com o objetivo de fermentar com-
● A queijaria deverá dispor de um sistema eficaz de trata- postos orgânicos);
mento de efluentes, com realização de análises da sua 4) filtro anaeróbio (sistema fechado de fluxo ascendente
eficiência para a certificação da conformidade com os com meio filtrante à base de brita ou cascalho, com o ob-
padrões estabelecidos pela legislação; jetivo de fermentar os compostos orgânicos resultantes da
● Os resíduos advindos do processamento do leite, para etapa anterior);
que possam ser destinados a cursos d’água perenes, 5) sumidouro ou curso d’água perene:
deverão ser devidamente direcionados para um siste- 5.1) sumidouro (buraco aberto no solo com parede lateral
ma eficiente de tratamento de resíduos para a redução de tijolo vazado ou mesmo sem tijolos, com brita ou cas-

57
calho no fundo, usado em solo que tenha mínimas condi- ● Imediatamente após a remoção dos resíduos sólidos,
ções de filtração e quando o lençol freático for profundo); a área de armazenamento, os recipientes utilizados
5.2) o direcionamento dos efluentes em curso d’água pe- para o armazenamento e todos os equipamentos que
rene poderá ser realizado em substituição ao sumidouro, tenham entrado em contato com os mesmos deverão
quando os níveis de DBO e DQO tenham sido atingidos ser lavados e desinfetados;
logo após a passagem pelo filtro anaeróbio. ● O local de armazenamento dos resíduos sólidos deverá
Esquema de tratamento de efluentes para a estar distante da unidade de produção e a sua coleta
agroindústria familiar. deverá ser feita conforme orientação, de modo a evitar
a proliferação de insetos e roedores;
● A coleta seletiva de resíduos sólidos é uma boa alterna-
tiva para a agroindústria produtora de leite e derivados,
sendo um grande diferencial para os órgãos de fiscali-
zação e uma conquista de consumidores preocupados
com o meio ambiente.

6.12. GARANTIA DE QUALIDADE


A qualidade do Queijo Minas Artesanal e sua adequação
para o consumo serão asseguradas por meio da adoção
6.11.2. Tratamento de resíduos sólidos de todas as práticas anteriores estabelecidas pelos ele-
● Os resíduos sólidos deverão ser manipulados de ma- mentos das boas práticas de fabricação e dos procedi-
neira a evitar a contaminação dos alimentos ou da água mentos a seguir, acompanhados de registro em cadernos
potável. Deverão ser retirados das áreas de trabalho no de especificações e planilhas de controle construídas de
mínimo uma vez por dia e acondicionados em depósito acordo com a peculiaridade de cada unidade produtora de
devidamente apropriado; Queijo Minas Artesanal.
58
6.12.1. Para o cadastramento do produtor físico-químicas do queijo deverão atender aos seguin-
de Queijo Minas Artesanal no IMA (Instituto tes padrões:
Mineiro de Agropecuária) serão necessários os
seguintes documentos: FÍSICO-QUÍMICOS:
a) umidade expressa em base úmida: até 45,9%;
a) Exame médico dos trabalhadores das queijarias (clínico b) amido: negativo;
e tuberculose). Os documentos deverão ser renovados c) fosfatase: positiva;
anualmente e poderão ser feitos nos postos de saúde
de cada município;
b) Cópia do cartão sanitário do produtor. O cartão deve MICROBIOLÓGICOS:
estar atualizado quanto a Febre Aftosa e Brucelose; a) Coliforme a 30ºC (UFC / g): n = 5, c = 2, m = 1x103, M
c) Cópia da nota fiscal comprovando a vacinação contra = 5x103;
raiva dos herbívoros; b) Coliforme a 45ºC (UFC / g): n = 5, c = 2, m = 1x102, M
d) Atestado negativo de Brucelose e Tuberculose. O Mé- = 5x102;
dico Veterinário deve ser credenciado e ter realizado c) Estafilococos coagulase positiva: n = 5, c = 2, m =
curso reconhecido pelo MAPA; 1x102, M = 1x103;
e) Resultado de análise microbiológica e físico-química d) “Salmonella” sp / 25 g: n = 5, c = 0, m = 0;
da água. Deve ser realizado em laboratório credencia- e) “Listeria” sp/25 g: n = 5, c = 0, m = 0;
do ou autorizado pelo IMA. Os resultados das análises f) Planta baixa da propriedade contendo:
microbiológicas da água deverão atender aos seguin- - Localização do curral na propriedade (croqui);
tes padrões: Coliformes totais: ausência em 100 ml; - Sala da ordenha;
Escherichia coli ou Coliformes termotolerantes: au- - Queijaria com máquinas e equipamentos, pontos de
sência em 100 ml; água e esgoto na escala de 1:100;
f) Resultado de análise microbiológica e físico-química do g) Carta compromisso do produtor, com firma reconheci-
queijo. Deve ser realizado em laboratório credenciado da, em que o produtor assuma a responsabilidade pelo
pelo IMA. Os resultados das análises microbiológicas e produto. Modelo fornecido pelo IMA;

59
h) Laudo técnico sanitário das queijarias. Modelo forne- da sanidade do rebanho. Registros atualizados de vacina-
cido pelo IMA. Deve ser preenchido e assinado por ção do rebanho e produção de queijos contribuem com a
Médico Veterinário, não necessariamente credenciado geração de dados que demonstram a realidade dos quei-
pelo IMA; jos artesanais em Minas.
i) Fotos da queijaria: parte interna e parte externa (em tor- O produtor deverá apresentar ao escritório do IMA
no de) e fotos da sala de ordenha e curral de espera mais próximo, mensalmente, uma planilha com a produ-
(inclusive piso); ção do mês, contendo o nome e endereço do comprador,
j) Certificado de participação em curso de boas práticas de segundo modelo fornecido pelo IMA.
fabricação de queijo, ministrado pela EMATER – MG.
No certificado deverá constar o número de horas aula;
k) Modelo do rótulo a ser utilizado no produto; 6.12.2. Para o controle da sanidade do rebanho:
l) Planilha para rastreamento de Queijos Minas Artesanal. vacinação, diagnóstico e controle de doenças, o
Modelo a ser fornecido pelo escritório do IMA, onde for produtor deverá:
feito o credenciamento;
● Realizar testes clínicos de doenças infecto-contagiosas
m) Após o pedido de cadastramento contendo todos os
e de zoonoses, tais como brucelose e tuberculose, de
documentos supracitados, o IMA procederá à auditoria
acordo com as normas do Ministério da Agricultura, Pe-
pericial de cadastramento no prazo máximo de até 10
cuária e Abastecimento (MAPA);
(dez) dias úteis.
● Submeter diariamente todos os animais em lactação ao
O cadastramento no IMA será feito em escritório lo-
teste de caneca telada ou de fundo escuro, visando ao
cal do órgão, individualmente ou por meio de entidade
diagnóstico da mamite. Os animais que apresentarem
representativa, com firma reconhecida, em que o produ-
reação positiva deverão ser afastados da linha de orde-
tor assuma a responsabilidade pela qualidade dos quei-
nha para tratamento. Nos casos que julgar necessário,
jos produzidos.
o IMA poderá recomendar a adoção do teste CMT para
O cadastro do produtor de Queijo Minas Artesanal é dirimir dúvidas. Para garantir a segurança desses tes-
de fundamental importância para o controle e fiscalização tes, os produtores deverão passar por um treinamento.
60
6.12.3. Para a obtenção higiênica do leite, o ● Obter leite que atenda aos padrões microbiológicos e
ordenhador deverá: físico-químicos estabelecidos pelo Regulamento da Lei
Estadual 14.185/2002:
● Utilizar equipamentos de proteção individual como bo-
tas e gorro; MICROBIOLÓGICOS:
● Manter hábitos higiênicos adequados como: não fu-
a) flora microbiana total < 100.000 ufc/ml;
mar durante a ordenha, higienizar as mãos com deter-
b) células somáticas < 400.000 unidades/ml;
gente e cloro antes das atividades e aparar as unhas
c) Staphylococcus aureus < 100 ufc/ml;
e bigodes;
d) Escherichia coli < 100 ufc/ml;
● Higienizar equipamentos, utensílios e materiais com e) Salmonella, ausência / 25 ml;
solução detergente e de cloro antes e após a ordenha; f) Streptococcus β-hemolíticos (Lancefield A, B, C, G e
● Higienizar os tetos das vacas com água corrente e solu- L) ausência / 0,1 ml;
ção clorada (50 – 100 ppm), secá-los com papel toalha
descartável e fazer aplicação de solução de iodo após FÍSICO-QUÍMICOS:
a ordenha;
a) caracteres organolépticos normais;
● Realizar diariamente o teste de caneca telada ou de b) teor de gordura: mínimo de 3%;
fundo preto e o teste CMT quando necessário, de acor- c) acidez em graus Dornic: de 15 a 20°D;
do com recomendação do Médico Veterinário; d) densidade a 15°C: de 1.028 a 1.033;
● Redirecionar o leite fora dos padrões para outros fins, e) lactose: mínimo de 4,3%;
inclusive o leite da vaca que apresentar apenas um teto f) extrato seco desengordurado: mínimo 8,5%;
com mamite. Neste caso, todo leite, de todos os tetos g) extrato seco total: mínimo 11,5%;
da vaca, deverá ser ordenhado por último e direcionado h) índice crioscópico: de - 0,550°H a - 0,530°H (- 0,530°C
a outro fim que não a fabricação de queijo, podendo ser a - 0,512°C);
utilizado na alimentação animal, seguindo a indicação i) livre de resíduos de antibióticos, agrotóxicos e quimio-
do Médico Veterinário; terápicos.

61
6.12.4. Para a garantia da qualidade da água, o ● Sempre tomar banho antes de iniciar a produção
produtor deverá: de queijos;
● Utilizar equipamentos de proteção individual limpos,
● Utilizar água de cisterna, mina ou poço artesiano, ca-
como botas (exclusiva para a fabricação dos queijos),
nalizada diretamente da nascente até o reservatório de
avental, gorro e máscara;
água que fará a distribuição para os currais, sala de
● Adotar práticas de higiene pessoal adequadas como:
ordenha e queijaria;
não fumar e não tossir dentro da queijaria, aparar unhas
● Filtrar e clorar a água de acordo com a sua utilização
e bigodes freqüentemente, entre outras;
nas devidas atividades de produção e higienização;
● Higienizar a queijaria, equipamentos, utensílios e mate-
● Realizar análise da água utilizada na produção do
riais antes e após a fabricação dos queijos, com solu-
Queijo Minas Artesanal visando avaliar os aspectos fí-
ção detergente e sanificante;
sico-químicos (cor, odor, dureza, cloretos, turbidez, pH,
● Realizar as práticas de produção sem demora e
cloro residual, matéria orgânica, nitrogênio amoniacal,
com atenção;
nitrito e nitrato) e microbiológicos (Coliformes totais e
● Preencher diariamente planilha de controle de registros
Coliformes fecais), numa freqüência definida pelo IMA,
de produção, anotando inclusive quaisquer alterações
conforme avaliação da propriedade e do produto aca-
ocorridas no processo de fabricação.
bado. A análise deverá ser feita em laboratório creden-
ciado pelo IMA.
6.12.6. Para a embalagem e comercialização
6.12.5. Para a fabricação higiênica dos queijos, o do Queijo Minas Artesanal, o produtor deverá
queijeiro deverá: seguir as seguintes recomendações:

● Utilizar leite proveniente de rebanho sadio, que não ● Somente poderá exibir no produto ou em sua embala-
apresente sinais clínicos de doenças infecto-con- gem a classificação “Queijo Minas Artesanal” o queijo
tagiosas e cujos testes oficiais de zoonoses, tais fabricado em conformidade com a legislação;
como brucelose e tuberculose, apresentem resulta- ● São obrigatórios, para a comercialização do Queijo Mi-
dos negativos; nas Artesanal, o certificado do IMA, a identificação do

62
fabricante, a data de fabricação e o prazo de validade cesso de produção, armazenagem e transporte;
do queijo; ● Manter os registros de controles para apresentação
● O Queijo Minas Artesanal produzido em área demar- ao IMA durante a fiscalização, além de conservá-los
cada conterá, gravada no produto ou na embalagem, a por período superior ao tempo de vida de prateleira
indicação de sua região de origem; do alimento;
● Para a comercialização do queijo curado não embala- ● A critério do IMA, poderão ser solicitadas análises com-
do, será exigida a impressão na peça, em baixo relevo, plementares visando confirmar a ausência de substân-
do número da inscrição estadual do produtor; cias químicas que representem riscos à saúde (pestici-
● É proibida a prática da requeija, ou seja, o reproces- das, metais pesados e agrotóxicos).
samento de queijos com defeitos visando ao consumo
humano, na propriedade de origem;
7. PENALIDADES E INFRAÇÕES
● Os produtos mantidos sob refrigeração recebe-
rão embalagem plástica segundo as normas téc- ● A pena de advertência será dada ao infrator primário
nicas vigentes; que:

● Para a comercialização do queijo embalado, será exigi- I – desobedecer a quaisquer das exigências higiênico-sa-
do o cadastramento da embalagem e do rótulo no IMA, nitárias;
utilizando-se para isso os mesmos formulários adota- II – permitir a permanência em trabalho, de pessoas que
dos para produto com inspeção estadual. não possuam carteira de saúde ou documento equivalente
expedido pela autoridade competente de Saúde Pública;
III – acondicionar ou embalar produtos em recipientes
6.12.7. Para o controle de registros e análises, o
produtor deverá: não permitidos;
IV – não colocar em destaque o número do cadastro for-
● Criar uma planilha de controle de registros própria, en- necido pelo IMA, nos rótulos ou em produtos;
volvendo a cadeia produtiva do queijo artesanal, como V – não exibir data de fabricação e prazo de valida-
sanidade do rebanho, obtenção higiênica do leite, pro- de legíveis;
63
VI – embaraçar ou burlar a ação dos servidores do IMA no I – advertência por escrito quando o dano possa ser re-
exercício das suas funções; parado;
VII – deixar de apresentar a planilha de rastreabilidade da II – apreensão e destruição dos produtos inadequados;
comercialização do Queijo Minas Artesanal. III – cancelamento do cadastro do produtor quando o dano
for considerado irreparável.
● Para efeito de apreensão e destruição previstos, consi-
deram-se impróprios para consumo os produtos: ● O produtor poderá apresentar defesa ao Diretor-Geral
I – que se apresentem danificados por umidade ou fermen- do IMA, no prazo de 20 (vinte) dias, contado da data
tação, rançosos, mofados ou bolorentos, contendo sujida- da notificação;
des ou que demonstrem pouco cuidado na manipulação, ● Da decisão final será dada ciência ao produtor por es-
elaboração, preparo, conservação, acondicionamento ou crito, através do escritório do IMA mais próximo de
transporte; sua propriedade;
II – que forem adulterados, fraudados ou falsificados;
● Quando o dano for reparável, o produtor terá um pra-
III – que contiverem substâncias tóxicas ou nocivas à saúde;
zo para adoção das medidas corretivas a ser fixado
IV – que não estiverem de acordo com o previsto no pre-
pelo IMA.
sente Regulamento.

● Serão considerados motivos para cancelamento do 8. ENDEREÇOS E CONTATOS DAS


cadastro a reincidência de advertência, bem como as INSTITUIÇÕES DE APOIO AO QUEIJO
não conformidades, inclusive dos padrões físico-quími- MINAS ARTESANAL
cos e/ou microbiológicos, detectadas por ocasião das I) UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV)
auditorias de manutenção ou monitoramento, além das Avenida P. H. Rolfs, S/N, Campus Universitário, Depar-
adulterações, fraudes ou falsificações; tamento de Tecnologia de Alimentos (DTA). CEP: 36570
● O não cumprimento da legislação estadual sobre Quei- – 000. Telefone: (31) 3899 – 2230. Fax: (31) 3899 – 2208.
jos Minas Artesanal implicará: Site: www.dta.ufv.br.

64
II) EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTEN- d) Patos de Minas
SÃO RURAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS (EMA- Rua Amor e Justiça, 85. Bairro: Centro. CEP: 38700 – 184.
TER/MG) Fone: (34)3823 – 1551. Fax: (34)3823 – 1547.
UNIDADE CENTRAL: Avenida Raja Gabaglia, 1626, Bair- E-mail : uregi.patos.minas@emater.mg.gov.br.
ro Luxemburgo, Belo Horizonte, MG. CEP: 30350 – 540. e) Guanhães
Telefone geral: (31)3349 – 8320.
Rua José Belizário, 96. Bairro: Recanto da Serra. CEP:
Site: www.emater.mg.gov.br.
39740-000. Fone: (33)3421 – 2580. Fax: (33)3421 – 1538.
E-mail : uregi.guanhaes@emater.mg.gov.br.
UNIDADES REGIONAIS DA EMATER/MG: f) CEMA – BAMBUÍ
a) Diamantina Rodovia Bambuí – Medeiros, S/N, Km 05. CEP: 38900-
Rua Teófilo Otoni, 66. Bairro: Centro. CEP: 39100 – 000. 000. E-mail: ceame@emater.mg.gov.br. Tel: (37)3431
Fone : (38)3531 – 1345. Fax : (38)3531 – 2277. – 1137.
E-mail: uregi.diamantina@emater.mg.gov.br.
b) Uberlândia III) INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA (IMA)
Avenida Fernando Vilela, 1645. Bairro: Martins. CEP: Unidade Central: Avenida dos Andradas, 1220. Bairro:
38400 – 458. Fone: (34)3214 – 1752. Fax: (34)3214 – Centro, Belo Horizonte, MG. CEP: 30120 – 010 PABX: 31
2641. E-mail: uregi.uberlandia@emater.mg.gov.br. 3213 6300. Site: www.ima.mg.gov.br.
c) Uberaba
Avenida das Acácias, 35. Bairro: Vila Olímpica. CEP:
38066–020. Fone: (34)3338 – 5533. Fax: (34)3338 – 6634.
E-mail : uregi.uberaba@emater.mg.gov.br.

65
IV) COOPERATIVAS: c) ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE QUEIJO DO
SERRO (APAQS)
a) COOPERATIVA DOS PRODUTORES RURAIS DO
SERRO (COOPERSERRO) Rua Santa Rita 69, Centro, Serro, MG. CEP: 39.150 – 000.
Fone: (38)3541 – 2303 / (38)3541 – 1045.
Praça Ângelo Miranda, nº 26, Bairro: Centro, Serro, MG.
CEP: 39150 – 000. Telefone/Fax: (38) 3541 – 1001.
d) ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE QUEIJO MI-
E-mail: copserro@uai.com.br.
NAS ARTESANAL DE RIO PARANAÍBA (APROMAR)
b) COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DOS PRODUTO-
Rua Vereador Antônio Augusto de Carvalho, 345. Rio
RES DE DERIVADOS DO LEITE DO ALTO PARANAÍBA
Paranaíba. CEP: 38.810 – 000 Fone: (34)9961 – 3578.
(COOALPA)
(34)9961 – 6330. (34)3855 – 1498.
Comunidade do Catulés. Serra do Salitre, MG. E-mail: mterra@dsnet.com.br.
Fone: (34)9961 – 2284.
e) ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE QUEIJO MI-
NAS ARTESANAL ARAXÁ
V) ASSOCIAÇÕES:
Rua Carvalho Lopes, 171. Centro, Araxá, MG.
a) ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE QUEIJO CA- CEP: 38180–000.
NASTRA (APROCAME)
Medeiros, MG. Fone: (37)9948 – 4860 / (37)9669 – 9455
V) SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS
b) ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE QUEIJO CA- COOPERATIVAS DO ESTADO DE MINAS
NASTRA (APROCAN) GERAIS (OCEMG).
Avenida Padre Murilo de Almeida Conceição, 215 – Cen- Rua Ceará, 771, Bairro: Funcionários. Belo Horizonte, Mi-
tro, São Roque de Minas, MG. nas Gerais. CEP: 30150-311. Fone: (31)3025 – 7108. Fax:
CEP: 37.928 – 000. Fone: (37)3433 – 1214 (31)3025 – 7113. Site: www.ocemg.org.br.

66
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MINAS GERAIS. Lei estadual nº 14.185. Dispõe sobre
o processo de produção do Queijo Minas Artesanal e dá
BRASIL. Portaria n° 326. Aprova o regulamento técnico
outras providências. Secretaria de Agricultura, Pecuária e
sobre “condições higiênico-sanitárias e de boas práti-
Abastecimento de Minas Gerais. Belo Horizonte, 31 de ja-
cas de fabricação para estabelecimentos produtores/
neiro de 2002. 2002a.
industrializadores de alimentos”. Ministério da Saúde.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 30 de julho de MINAS GERAIS. Decreto nº 42.645. Aprova o regulamen-
1997. 1997a. to da lei n° 14.185 de 31 de janeiro de 2002. Secretaria de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
BRASIL. Portaria n° 326. Aprova o regulamento técnico
Belo Horizonte, 05 de junho de 2002. 2002b.
sobre condições higiênico-sanitárias e de boas práticas
de fabricação para estabelecimentos elaboradores/indus- MINAS GERAIS. Portaria nº 517. Estabelece normas de
trializadores de alimentos. Ministério da Agricultura Pecu- defesa sanitária para rebanhos fornecedores de leite para
ária e Abastecimento. 04 de setembro de 1997. 1997b. a produção do Queijo Minas Artesanal. Secretaria de Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. Belo
BRASIL. Resolução nº 7. Estabelece critérios de funcio-
Horizonte, 14 de junho de 2002. 2002c.
namento e de controle da produção de queijarias, para
seu relacionamento junto ao serviço de inspeção federal. MINAS GERAIS. Portaria nº 518. Dispõe sobre requisitos
Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria básicos das instalações, materiais e equipamentos para a
de Defesa Agropecuária. Departamento de Inspeção de fabricação do Queijo Minas Artesanal. Secretaria de Agri-
Produtos de Origem Animal. 28 de novembro de 2000. cultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 14 de junho de 2002. 2002d.
ITAMBÉ. Cooperativa Central dos Produtores Rurais de
Minas Gerais (CCPR). Qualidade do leite. Manual da MINAS GERAIS. Portaria nº 523. Dispõe sobre as con-
Cooperativa. Belo Horizonte – Minas Gerais. Novembro dições higiênico-sanitárias e boas práticas na manipula-
de 1998. ção e fabricação do Queijo Minas Artesanal. Secretaria de

67
Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
Belo Horizonte, 03 de julho de 2002. 2002e.

MINAS GERAIS. Portaria nº 818. Baixa o regulamento


técnico de produção do Queijo Minas Artesanal e dá ou-
tras providências. Secretaria de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento de Minas Gerais. Belo Horizonte, 12 de
dezembro de 2006.

MINAS GERAIS. Decreto nº 44.864. Altera o regulamento


da lei n° 14.185 de 31 de janeiro de 2002, que dispõe so-
bre o processo do Queijo Minas Artesanal. Secretaria de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
Belo Horizonte, 01 de agosto de 2008.

SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Traba-


lhador no beneficiamento primário do leite. Brasília. 2000.

68
72

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