Você está na página 1de 6

Lei de Tortura - Lei 9455/97

Previsão constitucional: Art. 5,III e XLIII, CR/88

Tortura e prescrição

1/6
O fundamento do STF para declarar que os crimes de tortura são prescritíveis são o fundamento
legal, pois não constam no rol taxativo do art. 5º, XLIV.

 O crime de tortura é equiparado a hediondo.

Vedações

Art. 1, §6ª

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

A constituição diz que aos crimes hediondos e equiparados veda a aplicação de graça e fiança, já
a lei de crimes hediondos estabelece vedações à fiança, anistia, graça e indulto.

O STF entendeu na lei de crimes hediondos ser constitucional a vedação ao indulto, pois o indulto
é graça coletiva, há quem diga que no Brasil, na tortura é cabível o indulto, pois a lei de tortura não
veda e a Constituição também não veda, no entanto a posição do Supremo é de que não é possível
indulto.

Cabível a liberdade provisória sem fiança.

Regime inicial fechado

Regime inicial fechado

2/6
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.

O Supremo não analisou de forma direta a inconstitucionalidade do artigo.

A doutrina tem entendido que a decisão foi isolada do Ministro Marco Aurélio e não representa
sequer decisão da primeira turma.

Tipos penais

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

 Trata-se de tortura prova.

Constrangimento de alguém mediante violência ou grave ameaça causando sofrimento físico ou


mental com objetivo de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.

 não vinculada a expediente investigativo.

 Praticado por qualquer pessoa.

 para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

A doutrina chama de tortura crime – tortura-se alguém para que esta pratique crime.

3/6
Se há coação moral irresistível é excludente de culpabilidade.
Se há vicio na conduta, exclui-se o primeiro elemento do crime.
Se a tortura for para praticar ação ou omissão de natureza contravencional, para a Doutrina seria
analogia “in malan” partem.

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Tortura discriminação.

Nesta modalidade a discriminação deve ser racial ou religiosa, se for por orientação sexual não se
configura (analogia “in malan partem”)

Não se exige condição especial do agente, ou seja a tortura pode ser praticada por qualquer agente.

Tortura castigo

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Requisitos

Submissão quem esteja sob guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, com finalidade de castigo ou medida de caráter
de castigo.

A tortura castigo deve ser praticada por pessoa que se encontra em relação de guarda ou
autoridade.

 Considerado crime próprio.

Tortura própria

4/6
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal.

A discussão doutrinária é de que se esta modalidade de tortura só poderia ser praticada por
funcionário público, o professor Gabriel Habib defende que só é praticada por funcionário público,
outros autores defendem que não (ex: uma pessoa é detida pela polícia, no entanto a vítima
submete esta pessoa à tortura.)

Tortura omissão

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

 Se a pessoa tinha o dever de evitar a tortura, como por exemplo, o garantidor (pai ou mãe),
este vai ser responsabilizado. (doutrina diz que é incompatível com a dogmática
constitucional)
 Dever de apurar: necessariamente funcionário público. (ex. Delegado)
 Dever de evitar: pessoa na posição de garante.
 Tem pena menor do que a pena de tortura normal.

Uma parte da doutrina entende que a tortura omissão não é equiparada a crime hediondo.
Aumento de pena

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:


I - se o crime é cometido por agente público;

 Neste caso, aquele que responde por tortura omissão (investigar, punir) não está sujeito a
esta causa de aumento, pois ao contrário estria sendo punido duas vezes.

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior


de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

 Neste caso, o agente que tortura deve saber da condição de gestante, adolescente ou maior
de 60 anos.

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

5/6
 Esta privação de liberdade deve ser utilizada como meio para a prática da tortura.

Efeito automático da condenação

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
O funcionário público que pratica e é condenado pela tortura é automaticamente perde o cargo,
função ou emprego não se exigindo sequer fundamentação pelo Juiz (STJ)

Tortura praticada no estrangeiro

Livramento condicional
(art. 83, V, CP)

Se a pessoa for condenado por crime hediondo, tortura, tráfico ou terrorismo, o requisito é
cumprimento de mais de dois terços da pena, se não for reincidente específico, se for reincidente
específico não se admite livramento condicional.

Prazo de livramento mais gravoso do que o do código penal.

6/6

Você também pode gostar