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ESTABILIDADE DE

TALUDES

Prof.ª Dra. Andréa Batista


Universidade de Pernambuco
Estabilidade de Taludes

Considerações Iniciais, Casos Históricos,


Modificação na Encosta, Movimento de Massa,
Aspectos Tecnológicos da Estabilidade de Escavações,
Fator de Segurança, Estudo de Caso
Estabilidade de Taludes
Define-se talude como sendo
qualquer superfície inclinada com
relação à horizontal que delimita
uma massa de solo, rocha ou outro
material qualquer.
A análise de estabilidade significa
verificar se o talude é estável
através da determinação do fator de
segurança associado a uma
superfície potencial de
deslizamento crítica.
Estabilidade de Taludes Considerações Iniciais
O solo, em geral, rompe por cisalhamento. Escorregamentos de
taludes e ruptura de fundações são exemplos de ruptura por
cisalhamento.

Ruptura de
fundação
superficial

Escorregamento
de talude
1.
Estabilidade de Taludes Considerações Iniciais

Existem alguns ensaios de para determinar a resistência ao


cisalhamento do solo. Em laboratório, os mais comuns são os
ensaios de cisalhamento direto e o triaxial.

Ensaio: Cisalhamento Direto


Ensaio: Triaxial

Tensão cisalhante: Tensão normal:


1.
Estabilidade de Taludes Considerações Iniciais
A resistência ao cisalhamento dos solos é composta por duas
parcelas: atrito e coesão.

Parcela de atrito semelhante Parcela de coesão onde os grãos rolam uns


ao atrito de um bloco sobre os outros

Nos solos o critério de ruptura mais usado é o de Mohr-Columb, dado por:

’ = c’ + (σ – u) x tgφ’
Onde: σ – tensão normal total
 - tensão cisalhante
1.

u – poro-pressão
c' – coesão efetiva φ’ – ângulo de atrito efetivo.
Estabilidade de Taludes Considerações Iniciais

CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB
1.
Estabilidade de Taludes Considerações Iniciais

CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB
1.
Estabilidade de Taludes Considerações Iniciais

CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB
1.
Estabilidade de Taludes Considerações Iniciais

TIPOS DE ANÁLISES
1.
Estabilidade de Taludes Considerações Iniciais

A água é um dos fatores mais importantes em estudos de


estabilidade. Na natureza a água pode e apresentar pressão
positiva ou negativa e estar em movimento ou não (hidrostática)
sob condição de fluxo. A influencia da água na estabilidade pode
ser atribuída a:

• Mudança nas poro-pressões, alterando a tensão efetiva e,


consequentemente, a resistência do solo;
• Variando o peso da massa, em função de mudanças no peso
específico;
• Desenvolvimento de fluxo, gerando erosões internas e/ou
externas;
• Atuando como agente no processo de intemperismo,
promovendo alterações nos minerais constituintes.
1.
Estabilidade de Taludes Histórico

Os primeiros estudos sobre movimentos de massa remetem a


mais de dois mil anos, em países como China e Japão.

Na China, os trabalhos de reconhecimento datam de 186 antes


de Cristo.

Estima-se que milhares de mortes e dezenas de bilhões de


dólares por ano de prejuízo, por causa de movimentos de
massa ocorridos no mundo inteiro.

Movimento de Massa é um termo geológico-geotécnico


utilizado para explicar o processo de desprendimento de
fragmentos de rocha e/ou solo das encostas.
1.
Estabilidade de Taludes Histórico

Caputo (1987), historicamente, cita dois casos de


escorregamento de grandes proporções:

• Sant Goldau, na Suíça, em que uma enorme massa


rochosa, de 30m de altura e 1.500m de comprimento
deslizou pela encosta, arrasando uma aldeia.

• Gross Ventre Valley, às margens de Sanke River, USA,


onde, em poucos minutos, uma massa estimada em 50
milhões de metros cúbicos escorregou e originou uma
barragem natural de 60 m de altura.
1.
Estabilidade de Taludes Histórico

Escorregamento em
Campos do Jordão
(SP) em 1972

Escorregamento
Escorregamento em El Salvador
em uma estrada
na Cidade de Comasagua –
resultou na morte de 3 mil
1.

pessoas em 2001
Estabilidade de Taludes Modificações nas Encostas

TALUDE DE
CORTE

TALUDE ENCOSTA
ARTIFICIAL OU TALUDE NATURAL

ATERRO

OLIVEIRA E BRITO (1998)

1 - Talude natural: formado por agentes naturais;


2 - Talude de corte: escavação promovido pelo homem em taludes naturais;
1.

3 - Talude artificial: declividades de aterros construídos.


Estabilidade de Taludes
1. Modificações nas Encostas
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

SOLO

Quedas: ação de
QUEDA DE queda livre decorrente
BLOCOS
ROCHA SÃ da gravidade.

Desplacamento: ação
DESCONTINUIDADES SURGÊNCIAS
DO MACIÇO D’ÁGUA
de queda livre ou
deslizamento de placas
ou lascas de rochas.
1.

OLIVEIRA E BRITO (1998)


Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

QUEDAS
1.
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

DESCONTINUIDADES TOMBAMENTO

Tombamento: Movimento
MACIÇO
de rotação dos blocos ROCHOSO
rochosos, condicionado pela
presença de estruturas
geológicas no maciço
rochoso.
1.

OLIVEIRA E BRITO (1998)


Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

TOMBAMENTO
1.
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

Rolamento: Movimentos de
ROLAMENTO
blocos rochosos ao longo de
superfícies inclinadas.

MATACÕES INSTÁVEIS
1.

OLIVEIRA E BRITO (1998)


Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

ROLAMENTO
1.
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

ROLAMENTO
1.
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

Rastejo: Movimento
TRINCAS descendente, lento e
contínuo da massa de
MOVIMENTAÇÃO
DE MASSA DE SOLO
solo de um talude;
deformação de caráter
plástico; não apresenta
o desenvolvimento de
uma superfície definida
de ruptura.
SURGÊNCIA
D’ÁGUA
LIMITE DO
RASTEJO

LENÇOL
FREÁTICO
1.

OLIVEIRA E BRITO (1998)


Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

Corridas: rápido escoamento; escoamento essencialmente


hidrodinâmico, provocado pela perda de atrito em virtude da
destruição da estrutura do solo em presença do excesso de água;
superfície de ruptura indefinida; curta duração; alta velocidade
de deformação.

ATERRO
EXISTENTE AMPLIAÇÃO NO MOMENTO
DA RUPTURA

CORRIDA

OLIVEIRA E BRITO (1998)


1.
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa
CORRIDAS
1.
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

Escorregamento: movimentos rápidos de massas de solo ou


rocha; centro de gravidade se desloca para baixo e para fora do
talude; velocidade de avanço de um escorregamento cresce
rapidamente e depois decresce até um valor mais baixo.

Os escorregamentos são identificados como translacionais,


rotacionais e em cunha, em função da sua geometria e da
natureza do material que instabilizam.
1.
Estabilidade de Taludes
1. Classificação dos Movimentos de Massa
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

Escorregamentos rotacionais: deslizamento do solo residual que


recobre a rocha, ao longo de uma superfície rochosa; superfícies
curvas de deslizamentos; série de rupturas combinadas e sucessivas.

CRISTA

PÉ OU BASE

ESCORREGAMENTO
RAOTACIONAL OU CIRCULAR
1.

OLIVEIRA E BRITO (1998)


Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

ESCORREGAMENTOS ROTACIONAIS
1.
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

ÁREA
DESMATADA

Escorregamentos
translacionais:
ESCORREGAMENTO
TRANSLACIONAL OU
comum nas encostas
PLANAR serranas do Brasil; ocorrem
em taludes menos
íngrimes; podem alcançar
centenas ou milhares de
metros.
1.

OLIVEIRA E BRITO (1998)


Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

ESCORREGAMENTO
EM CUNHA

OLIVEIRA E BRITO (1998)

Escorregamento em cunha: material mobilizado são os saprolitos e


maciços rochosos; deslocamento em forma de prisma ao longo do eixo
1.

de intersecção dos planos; comuns em taludes de corte ou em


encostas.
Estabilidade de Taludes Classificação dos Movimentos de Massa

ESCORREGAMENTO EM CUNHA
1.
Estabilidade de Taludes Agentes e Causas de Movimentos de Massa
A causa é o modo de atuação de determinado agente, ou
seja, um mesmo agente (por exemplo, a água) pode se
expressar por meio de uma ou mais causas.

Os agentes se classificam em pré-disponentes e efetivos.

1) Agentes Pré-disponentes:
• Condições geológicas, geométricas e ambientais do
movimento de massa.
• Dependem apenas de condições naturais, sem ação
antrópica.
• Exemplos: geologia, topografia, morfologia, vegetação e
clima.
1.
Estabilidade de Taludes Agentes e Causas de Movimentos de Massa

2) Agentes Efetivos:

• Diretamente responsáveis pelo desencadeamento do


movimento de massa.
• A ação antrópica é uma importante contribuição.
• Agentes Efetivos Precipitativos (pluviosidade, erosão pela
água e vento, ação de fontes e mananciais, etc) e Agentes
Efetivos Imediatos (terremotos, por exemplo).
1.
Estabilidade de Taludes Agentes e Causas de Movimentos de Massa
Ocupação antrópica desordenada

Encosta localizada na BR 101 próximo ao Sítio Histórico de Jaboatão


dos Guararapes, no início da ocupação antrópica e após cinco a seis
meses, com várias casas construídas e com iluminação.
1.
Estabilidade de Taludes Agentes e Causas de Movimentos de Massa
As causas se classificam em:
1) Causas Internas
• Provocam uma diminuição da resistência ao cisalhamento do solo.
• Exemplos: oscilações térmicas (maciços rochosos), intemperismo
(solos residuais).
2) Causas Externas
• Provocam um aumento das tensões cisalhantes.
• Exemplos: vibrações (terremotos, explosões, tráfego, etc.),
tectonismo (influência a longo prazo), mudanças na geometria
(cortes e aterros).
3) Causas Mistas
• Exemplos: elevação do nível piezométrico, elevação do nível
d´água em descontinuidades, rebaixamento rápido do NA em
barragens, erosão subterrânea (“piping”).
1.
Estabilidade de Taludes Deflagradores dos Movimentos de Massa

• Características climáticas;
• Características e distribuição dos materiais que compõe o
substrato das encosta e taludes;
• As características geomorfológicas;
• Regime das águas de superfície e subsuperfície;
• Características do uso e ocupação.

No Brasil, os casos de movimentos são ocorridos,


principalmente, por causa das precipitações e da ação
antrópica.
1.
Estabilidade de Taludes Deflagradores dos Movimentos de Massa
Precipitação: alteamento do nível de água e geração de forças de
percolação; preenchimentos temporários de fendas, trincas e/ou
estruturas em solos e rochas; geração de pressões hidrostáticas;
formação de frentes de saturação, sem a elevação ou formação de nível
de água (solos não saturados).
1.
Estabilidade de Taludes Deflagradores dos Movimentos de Massa
VEGETAÇÃO
Ação antrópica CORTES ARBÓREA-ARBUSTIVA

MATA ATLÂNTICA

ATERROS

ENCOSTA OU TALUDE NATURAL


INÍCIO DA OCUPAÇÃO ANTRÓPICA
ÁGUA SERVIDA RESÍDUO
SÓLIDO

TRÁFEGO
1.

ENCOSTA COM OCUPAÇÃO ANTRÓPICA


DESORDENADA
Aspectos Tecnológicos da Estabilidade de Escavações
Estabilidade de Taludes
Talude trata-se de qualquer superfície inclinada que limita um
maciço de solo. Podem ser naturais, caso das encostas, ou
artificiais, como os taludes de corte ou aterro.

O ângulo de talude natural é o maior ângulo de inclinação para


um determinado tipo de solo exposto ao tempo, obtido sem
ruptura do equilíbrio do maciço.
1.
Aspectos Tecnológicos da Estabilidade de Escavações
Estabilidade de Taludes
Nos solos não coesivos, areias, esse ângulo praticamente
coincide com o ângulo de atrito interno. Nos solos coesivos,
argilas, quando são bastante impermeáveis, teoricamente
equivale a 90°.
No entanto, a presença de fissuras devidas à retração por
molhagem e secagem acabam permitindo a entrada de água
no corpo do talude, que leva à sua instabilização.
1.
Aspectos Tecnológicos da Estabilidade de Escavações
Estabilidade de Taludes
Ângulo de talude natural para diferentes tipos de solos

Os valores apresentados são apenas indicativos. O valor real de cada solo depende das
condições locais especificas, como grau de compactação, homogeneidade do solo,
1.

permeabilidade da camada superficial, presença de vibrações, existência de escavações


circunvizinhas, presença de sobrecargas adicionais, dentre outros.
Aspectos Tecnológicos da Estabilidade de Escavações
Estabilidade de Taludes
Subestimar o ângulo de atrito, pode ocasionar acidentes como os
provenientes dos escorregamentos, muito crítico na execução de
valas, e o despreendimento ou colapso da crista do talude.

Escorregamento de taludes em escavação aberta e em valas ou trincheiras


1.

Despreendimento da crista do talude


Estabilidade de Taludes Fator de Segurança

< 1 => INSTÁVEL

FS = 1 => RUPTURA

> 1 => ESTÁVEL


S

O Fator de Segurança consiste na relação entre S


FS =
a resultante das forças solicitantes e resistentes. 

• forças solicitantes: comumente são forças gravitacionais e/ou de percolação,


que induzem o movimento de massa ao longo da superfície de ruptura;
• forças resistentes: que se opõem a ação do movimento de massa, em
1.

função da mobilização da resistência ao cisalhamento do material.


Estabilidade de Taludes Fator de Segurança

Fatores Influentes
• Eventuais perdas humanas e econômicas.
• Confiabilidade nas solicitações e parâmetros do solo.
• Custos envolvidos na remediação.
1.
Estabilidade de Taludes
1. Fator de Segurança x Tempo
Estabilidade de Taludes Estudo de Caso
Lima (2002), analisou a estabilidade de uma encosta do Alto
do Reservatório com auxílio do programa SLOPE/W.

• Ocupação antrópica
desordenada;
• Precipitações;
• Característica geral das
encostas: tipo de solo e
superfícies de ruptura.

3m

ARGILA
IP (%) = 30 A 40 %
1.

h (%) = 23 %
MINERAL ARGÍLICO = CAULINITA – ATIVIDADE NORMAL A INATIVA
Estabilidade de Taludes Estudo de Caso
• RELEVO: Ondulado, elevações com vertentes convexas e declividade
variando de 37 a 67%
• VEGETAÇÃO: Arbórea-arbustiva
• CLIMA: Tropical chuvoso

1999 2000 2001


700

600

PRECIPITAÇÃO (mm)
500

400

300

200

100
1.

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
TEMPO (mês)
Estabilidade de Taludes Estudo de Caso
Visita Técnica
1.
Estabilidade de Taludes Estudo de Caso

Perfil Geotécnico
1.
Estabilidade de Taludes Estudo de Caso
Parâmetros utilizados
PARÂMETROS PARA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DA ENCOSTA
PESO PARÂMETROS DE
TIPO DE RESISTÊNCIA NÍVEL DE
ANÁLISE ESPECÍFICO
SOLO ÁGUA
(kN/m3) c' (kPa) ’ (°)
ARGILA
18 59 28
ARENOSA

AREIA
VERÃO 19,6 44,5 33 MÍNIMO
ARGILOSA

AREIA 19,6 0 34

ARGILA
16 60 27
ARENOSA
AREIA
INVERNO 20 25 28 MÉDIO
ARGILOSA

AREIA 19,6 0 34

ARGILA
19 12,5 29
ARENOSA
INVERNO AREIA
21 7 25 MÁXIMO
INTENSO ARGILOSA

AREIA 19,6 0 34
1.
Estabilidade de Taludes Estudo de Caso

1,02
CASO: INVERNO INTENSO

1,03

1,04
1,05
FISSURAS NO SOLO

1,06
1,07

80
Caracterização: ARGILA ARENOSA
Peso Específico (kN/m3): 19
70 Coesão (kPa): 12.5
Ângulo de Atrito (°): 29

60

ALTU RA (m)
50
Caracterização: AREIA ARGILOSA
Peso Específico (kN/m3): 21
Coesão (kPa): 7
40 Ângulo de Atrito (°): 25

30
Caracterização: AREIA
Peso Específico (kN/m3): 19.6
20
Coesão (kPa): 0
Ângulo de Atrito (°): 34
10

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

DISTÂNCIA (m)
1.
Estabilidade de Taludes Estudo de Caso

Fator de segurança para diferentes métodos de cálculo de


estabilidade de encostas com variação da umidade do solo.
1.
ESTABILIDADE DE
TALUDES
Obrigada pela atenção!

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