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Protocolo de Orientação Clínica em

Protocolo nº3
Obstetrícia do Centro Hospitalar do Algarve
Nº págs: 3
Hidrâmnios

1. Introdução
Hidrâmnios define-se como um aumento do volume de Líquido Amniótico (≥P95
para a IG), pode ser suspeitado se há aumento da altura uterina, sintomas maternos e o
diagnóstico é ecográfico.
O hidrâmnios comporta riscos tais como compromisso respiratório materno, APPT,
RPM, prematuridade, descolamento de placenta, prolapso do cordão umbilical,
atonia uterina pós-parto, podendo associar-se a macrossomia e anomalias fetais.

Classificação quanto à gravidade:


Grau Bolsa vertical ILA
Leve ≥8 ≥ 25
Moderado ≥ 10 ≥ 30,1
Grave > 12 ≥ 35,1

Classificação quanto ao tempo de evolução: agudo (<1 semana), subagudo (2


semanas), crónico.

Classificação quanto à causa:


Causa Exemplos
Maternas DM, infeções, drogas de abuso
Fetais Malformações cerebrais, pulmonares, gastrointestinais,
genito-urinárias, cardiopatias, anomalias congénitas do ritmo
cardíaco, patologia musculo-esqueléticas, tumores,
aneuploidias, hidrópsia imune/não-imune, gemelaridade
Placentares Corioangioma

2. Orientação Diagnóstica

História clínica, pesquisar doenças heredo-familiares


Excluir diabetes, isoimunização e infeção materna: rubéola, CMV,
toxoplasmose, sífilis
Ecografia:
o Malformações fetais (> probabilidade quanto > hidrâmnios), RCF
o Hidrópsia fetal
 Etiologia imune vs não imune
 Pico de velocidade sistólica na ACM (>1,5 MoM)
Data de
Aprovado por Elaborado por 1
aprovação
Diretores de Serviço de Obstetrícia da
//2014 Unidade Faro e Portimão, respetivamente Ana Edral, Ângela Ferreira Pág
Dra. Olga Viseu e Dr. Fernando Guerreiro
Revisão do presente protocolo em 2 anos
Protocolo de Orientação Clínica em
Protocolo nº3
Obstetrícia do Centro Hospitalar do Algarve
Nº págs: 3
Hidrâmnios

 Pesquisar hemorragia materno-fetal


 Infeção por parvovírus
 Hemoglobinopatias
RMN fetal
Amniocentese (se defeitos fetais, hidrâmnios grave, RCF ou dificuldade em
caraterizar anatomia fetal, alteração da postura, ou < 24s)
Cariótipo, PCR Parvovírus, CMV, toxoplasmose e sífilis, estudo de distrofia
miotónica e, se suspeita, patologias metabólicas (história familiar, restante
estudo negativo e grave)

3. Vigilância & Tratamento

Tratamento baseado na causa

< 24 semanas
o Ponderar amniocentese
24 – 40 semanas
o ILA < 30: reavaliar em 2-3 semanas, NST+PBF cada 1-2 semanas
até 37s e depois semanalmente
o ILA ≥ 30: reavaliação semanal, pesquisar hidrópsia, NST/BPP
semanal, ponderar amniocentese
o ILA ≥ 35 ou maior bolsa ≥ 12 e/ou sintomas maternos
 Amniocentese evacuadora (ciclo de MPF prévio)
 AINEs (máx 48h e < 32 semanas)
25-50mg q6-8h po (75 – 200mg/dia)  2-3 mg/kg/dia po ou retal
monitorizar LA semanalmente, ecocardiografia fetal nas primeiras 24h e
semanalmente
Suspender se: ↓ 2/3 do volume inicial e regurgitação tricúspide, reduzir
se constrição ductal leve

≥ 39 semanas: indução/parto se desconforto materno ou hidrâmnios


grave

Data de
Aprovado por Elaborado por 2
aprovação
Diretores de Serviço de Obstetrícia da
//2014 Unidade Faro e Portimão, respetivamente Ana Edral, Ângela Ferreira Pág
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Hidrâmnios

4. Parto
Leve a moderado sem alterações nos NST/PBF: 39 – 40 semanas
Grave: 37-39 semanas
Grave sintomático:
o Amniocentese às 34 semanas para determinar maturidade e parto
subsequente

 O parto deve ser num Centro terciário (se malformações, doença neuromuscular,
STFF, hidrópsia fetal)
 Confirmar apresentação previamente
 Amniotomia controlada

Indução
Não há contraindicação absoluta ao uso de ocitocina e prostaglandinas
Risco de atonia uterina e embolia de LA

Cesariana
Se indicação obstétrica

5. Bibliografia
• Berghella, V. Maternal-Fetal Evidence Based Guidelines. 2nd ed. London: Informa Healthcare. 2012.
• Bianchi, DW, et al. Fetology: diagnosis and management of the fetal patient. 2nd ed. ; McGraw-Hill.
2010.
• Christopher R. H. Amniotic Fluid Abnormalities. Semin Perinatol 2008. 32:288-294.
• Hamza, A, et al. Polyhydramnios: causes, diagnosis and therapy. Geburtshilfe Frauwnheilkd. Dec
2013; 73(12): 1241-1246.
• Lapaire, O. et al. Polyhydramnios: an update. Donald School Journal of Ultrasound in Obstetrics and
Gynecology, Jan-Mar 2007;1(1):73-79
• Queenan JT, et al. Management of high-risk pregnancy: an evidence-based approach. 5th ed.
Malden, Mass.; Oxford: Blackwell Pub.; 2007.
• Underwood, MA, et al. Amniotic Fluid: Not Just Fetal Urine Anymore. Journal of Perinatology 2005;
25:341-348.
• Volante, E, et al. Alteration of the amniotic fluid and neonatal outcome. Acta Bio Medica Ateneo
Parmense 2004. 75: Suppl. 1: 71 – 75.
• Williams JW, Cunningham FG. Williams obstetrics. 23rd ed. New York: London : McGraw-Hill
Medical ; McGraw-Hill [distributor]; 2010.
• UpToDate
Data de
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