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Anatomia Humana

Profª Ingrid Jardim de Azeredo Souza

2011
INTRODUÇÃO

O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes


de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que forneceu os mais
antigos registros de observações anatômicas reais (animais). De Anatomia (da
coleção hipocrática, meados do século IV a.C.) é talvez o mais antigo tratado
de anatomia. Vários estudiosos e artistas como Aristóteles (384-322 a.C.),
Herófilo da Calcedônia (315-255 a.C.) e Erasístrato de Quios (290 a.C.) Galeno
de Pérgamo (130-200 d.C.), Leonardo da Vinci (1452-1519), Michelangelo
Buonarotti (1475-1564), Andreas Versalius (1514-1564), William Harvey (1578-
1657) contribuíram para a construção da anatomia dos dias atuais.

A American Association of Anatomists em 1981 propôs um amplo conceito de


Anatomia onde “a anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação
com a função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores
temporais, genéticos e ambientais. A amplitude da anatomia compreende, em
termos temporais, desde o estudo das mudanças em longo prazo da estrutura,
no curso de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária
em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto
prazo, associadas com fases diferentes de atividade funcional normal”.

Segundo o Dicionário Houaiss, a etimologia de “anatomia” tem origem no termo


grego anatome, que significa “incisão, dissecação de alto a baixo”, já que “ana“
tem o sentido de “de alto a baixo” e “tome” significa “corte, incisão”. Dissecação
deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente
etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente anatomia é a ciência,
enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência.

Anatomia de superfície ou palpatória é um ramo da anatomia que trata da


descrição visual da estrutura anatômica sem dissecar o organismo. Na
anatomia humana observa-se marcos anatômicos que correspondem as
estruturas profundas escondidas da vista.

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NOÇOES SOBRE O ÃPÃRELHO
LOCOMOTOR
Os sistemas esquelético, articular e muscular formam o aparelho locomotor e
realizam, em conjunto, a locomoção. Os sistemas esquelético e articular
constituem a parte passiva e o sistema muscular é a parte ativa do aparelho
locomotor.

SISTEMA ESQUELÉTICO

O estudo das formações intimamente ligadas ou relacionadas com os ossos,


com eles formando um todo – O ESQUELETO. É o conjunto de ossos e
cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo do animal e
desempenhar várias funções.

São 206 ossos nos indivíduos em que se considera completado o


desenvolvimento orgânico.

O tecido ósseo e o sistema esquelético desempenham várias funções básicas:

1. Sustentação. O esqueleto fornece uma estrutura para o corpo,


sustentando os tecidos moles e proporcionando pontos de fixação para
a maioria dos músculos esqueléticos.
2. Proteção. O esqueleto protege muitos órgãos internos de lesão.
3. Auxílio ao movimento. Os músculos esqueléticos estão fixados nos
ossos, por isso, quando os músculos se contraem, tracionam os ossos.
Em conjunto, ossos e músculos produzem movimento.
4. Homeostase mineral. O tecido ósseo armazena vários minerais,
especialmente cálcio e fósforo. Conforme a demanda, os ossos liberam
minerais no sangue, a fim de manter a homeostase e distribuir esses
minerais para outras partes do corpo.
5. Produção de células do sangue. No interior de certos ossos, um tecido
conjuntivo denominado medula óssea vermelha produz eritrócitos,
leucócitos e plaquetas, em um processo denominado hematopoiese.
6. Armazenamento de triglicerídeos. Os triglicerídeos armazenados nas
células adiposas da medula óssea amarela também contém células
adiposas e poucas células sanguíneas.

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TIPOS DE OSSOS

Quase todos os ossos do corpo podem ser classificados em quatro tipos


principais, com base em sua forma:

Ossos Longos

Apresentam comprimento maior que a largura e consistem em uma haste e um


número variável de extremidades.

Ossos Curtos

São levemente cubóides e quase iguais em comprimento e largura.

Ossos Planos

Geralmente são finos, proporcionam uma proteção considerável e fornecem


superfícies extensas para a fixação muscular.

Ossos Irregulares

Apresentam formas complexas e não podem ser agrupados em nenhuma das


três categorias anteriores.

Ossos Pneumáticos

Apresentam uma ou mais cavidades, de volume variável, revestidas de mucosa


e contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de sinus ou seio. Os ossos
pneumáticos estão situados no crânio: frontal, maxilar, temporal, etmóide e
esfenóide.

Ossos Sesamóides

Se desenvolvem na substância de certos tendões ou da cápsula fibrosa que


envolve certas articulações. Os primeiros são chamados intratendíneos e os
segundos periarticulares.

A patela é um exemplo típico de osso sesamóide intratendíneo.

Assim, estas duas categorias adjetivam as quatro principais: o osso frontal, por
exemplo, é um osso laminar, mas também pneumático; o maxilar é irregular,
mas também pneumático, a patela é um osso curto, mas é também um
sesamóide (por sinal, o maior sesamóide do corpo).

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DIVISÃO DO ESQUELETO

Pode ser dividido em duas grandes porções:

Esqueleto Axial – Compõe o eixo do corpo, ou estrutura central de


sustentação. Contém 80 ossos, incluindo os ossos do crânio, a coluna vertebral
e a parte óssea do tórax.

Esqueleto Apendicular – Abrange os ossos dos membros, contém 126 ossos.


Essa seção contém todos os ossos periféricos ao esqueleto axial: o cíngulo do
membro inferior e os membros inferiores.

A união destas duas porções se faz por meio de cinturas ou cíngulos:

Cíngulo do Membro Superior ou Cintura Escapular – Consiste na clavícula


e na escápula.

Cíngulo do Membro Inferior ou Cintura Pélvica – É formado pela fusão de


três ossos: ílio, ísquio e púbis.

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ESTRUTURA DOS OSSOS

Como outros tecidos conjuntivos, o osso ou tecido ósseo contém uma matriz
abundante de materiais intercelulares, circundando as células amplamente
separadas. Essa matriz consiste em cerca de 25% de água, 25% de fibras
colágenas e 50% de sais minerais cristalizados. Quando esses minerais são
depositados na estrutura formada pelas fibras colágenas da matriz, cristalizam
e o tecido endurece. Esse processo de calcificação é iniciado pelos
osteoblastos, células formadoras de osso. Estão presentes três tipos de
principais de células no tecido ósseo: os osteoblastos (células formadoras de
osso), os osteócitos (células ósseas maduras) e os osteclastos (células
destruidoras da matriz óssea).

O osso não é completamente sólido, possuindo muitos espaços pequenos


entre as suas células e os componentes da matriz. Alguns desses espaços são
canais para os vasos que suprem as células ósseas com nutrientes. outros
espaços são áreas de armazenamento para a medula óssea vermelha e, de
acordo com o tamanho e da distribuição dos espaços, um osso pode ser

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classificado como compacto ou esponjoso. No conjunto, cerca de 80% do
esqueleto correspondem a ossos compactos e 20% a ossos esponjosos.

Embora os elementos constituintes sejam os mesmos nos dois tipos de


substância óssea, eles dispõem-se diferentemente conforme o tipo considerado
e, seu aspecto macroscópico também se difere.

Na substância óssea compacta, as lamínulas de tecido ósseo encontram-se


fortemente unidas umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre
interposto. Por esta razão, este tipo é mais denso e rijo.

Na substância óssea esponjosa as lamínulas ósseas, mais irregulares em


forma e tamanho, se arranjam de forma a deixar entre si espaços ou lacunas
que se comunicam umas com as outras e que, a semelhança do canal
medular, contém medula Nos ossos longos a diáfise é composta por osso
compacto externamente ao canal medular, enquanto as epífises são
compostas por osso esponjoso envolto por uma fina camada de osso
compacto.

Nos ossos planos, a substância esponjosa


situa-se entre duas camadas de substância
compacta. Nos ossos da abóbada craniana,
a substância esponjosa é chamada de
díploe. Os ossos curtos são formados por
osso esponjoso revestido por osso
compacto, como nas epífises dos ossos
longos.

PERIÓSTEO

No vivente e no cadáver o osso se encontra sempre revestido por delicada


membrana conjuntiva, com exceção das superfícies articulares. Esta
membrana é denominada periósteo e apresenta dois folhetos: um superficial e
outro profundo, este em contato direto com a superfície óssea. A camada
profunda é chamada osteogênica pelo fato de suas células se transformarem
em células ósseas, que são incorporadas à superfície do osso, promovendo
assim o seu espessamento.

Os ossos são altamente


vascularizados. As artérias do
periósteo penetram no osso,
irrigando-o e distribuindo-se
na medula óssea. Por esta
razão, desprovido do seu
periósteo o osso deixa de ser
nutrido e morre.

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ELEMENTOS DESCRITIVOS DA SUPERFÍCIE DOS OSSOS

Os ossos apresentam na sua superfície, depressões, saliências e aberturas


que constituem elementos descritivos para seu estudo. As saliências servem
para articular os ossos entre si ou para a fixação de músculos, ligamentos,
cartilagens.

As superfícies articulares são lisas e revestidas de cartilagem comumente


hialina. Entre as saliências reconhecem-se: cabeças, côndilos, cristas,
eminências, processos.

As depressões como as saliências, podem ser articuladas ou não, por exemplo,


as fossas, fossetas, impressões, sulcos.

Entre as aberturas, em geral destinadas à passagem de nervos ou vasos,


encontram-se os forames, meatos, poros.

ACIDENTES ÓSSEOS

A textura da parte externa dos ossos varia, podendo ser lisa ou áspera. Os
acidentes são locais de fixação muscular e passagem segura para nervos e
vasos sanguíneos.

As protuberâncias se projetam dos ossos para fornecer locais de fixação para


os músculos, tendões, aponeuroses e ligamentos. Depressões, aberturas e
concavidades fornecem faces articulares lisas e orifícios ou aberturas que dão
passagens para tendões, nervos ou vasos sanguíneos. Algumas vezes essas
formações também representam locais de fixação muscular.

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MEMBRO SUPERIOR

Vista Anterior

Os ossos do membro superior correspondem ao ombro, braço, antebraço e


mão. o ombro é chamado de cintura escapular e é formado pela clavícula e
escápula, articuladas entre si. Em comparação com a cintura pélvica, a sua
mobilidade é muito maior. Com o membro superior se controla a mão, que no
ser humano é capaz de atividades complexas.

A clavícula se articula com o esterno e o processo acrômio da escápula.

A escápula tem forma triangular e se encontra sobre a face dorsal do tórax. Em


sua parte posterior apresenta uma crista (espinha) que se dilata no acrômio.
Este, dobrando-se para frente, articula-se com a extremidade acromial da
clavícula.

Na cabeça da clavícula está situada a cavidade glenóide, onde se articula com


a cabeça do úmero. O corpo da escápula é laminar e coberto de músculos. A
sua borda interna, o ângulo inferior, o acrômio, a espinha e a ponta do
processo coracóide podem ser notados por debaixo da pele.

O braço, formado pelo úmero, e o antebraço, formado pela ulna e pelo rádio,
articulam-se no cotovelo. Estes dois últimos ossos, articulados entre si por um
disco articular em sua porção distal, formam a articulação do punho com os
ossos carpais.

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SISTEMA MUSCULAR

O sistema muscular representa cerca de 40% a 50% do peso corporal total e é


formado por células altamente especializadas. De forma simplificada, dentro do
corpo existem três variedades de músculo: o músculo liso (denominado
involuntário ou não estriado), músculo cardíaco e músculo esquelético
(denominado voluntário ou estriado).

Músculo Liso

Forma a camada muscular das paredes dos vasos sanguíneos e de órgãos


ocos como o estômago. Não está sob controle voluntário, contraindo-se mais
lenta e menos poderosamente do que o músculo estriado esquelético.
Entretanto, é capaz de manter sua contração por mais tempo.

Músculo Cardíaco

Histologicamente, o músculo cardíaco apresenta estriações, assim como o


músculo esquelético, porém, não está sob controle voluntário.

Músculo Estriado Esquelético

Constitui mais de um terço da massa corporal humana total. Os músculos


apresentam várias formas: alguns são achatados e semelhantes a uma lâmina,
outros são curtos e grossos, enquanto outros são longos e delgados.
Independente da disposição das fibras musculares deve ser lembrado que todo
movimento é produzido por encurtamento muscular, com a conseqüente ação
de tracionar por meio de articulações mudando as posições relativas dos ossos
envolvidos.

Funções do Tecido Muscular

1. Produzir os movimentos do corpo. Os movimentos corporais


dependem do funcionamento integrado de ossos, articulações e
músculos esqueléticos.
2. Estabilizar as posições do corpo. As contrações do músculo
esquelético estabilizam as articulações e ajudam a manter as posições
do corpo, como ficar de pé ou sentado. Os músculos posturais
contraem-se continuamente quando a pessoa está desperta.
3. Regular o volume dos órgãos. As contrações sustentadas de faixas de
músculos lisos, denominadas esfíncteres, impedem o refluxo do
conteúdo de um órgão oco. O armazenamento temporário de alimento
no estômago ou de urina na bexiga urinária é possível porque os de
músculo liso fecham as de saída desses órgãos.

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4. Mover as substâncias no interior do corpo. As contrações do
músculo cardíaco bombeiam o sangue ao longo dos vasos sanguíneos
do corpo. As contrações dos músculos lisos também movem o alimento
e outras substâncias ao longo do trato gastrintestinal, empurram
gametas ao longo dos sistemas genitais e impulsiona a urina ao longo di
sistema urinário. As contrações do músculo esquelético auxiliam o
retorno do sangue ao coração.
5. Produzir calor. Quando o tecido muscular se contrai, produz calor. Boa
parte desse calor é usada para manter a temperatura corporal normal.

Cada músculo esquelético é um órgão separado, composto de centenas a


milhares de células musculoesqueléticas, denominadas fibras musculares
devido à sua forma alongada. Os tecidos conjuntivos circundam as fibras
musculares e os músculos inteiros, nos quais penetram os vasos sanguíneos e
os nervos.

Estruturas dos Músculos

O termo fáscia é aplicado a uma lâmina ou faixa larga de tecido fibroso sob a
pele ou em torno dos músculos e outros órgãos do corpo. Existem dois tipos de
fáscia: (1) Tela subcutânea ou tecido subcutâneo, que é composta de tecido
conjuntivo areolar e tecido adiposo e está imediatamente abaixo da pele. (2)
Fáscia dos músculos, mais importante para o estudo dos músculos, composta
de tecido conjuntivo denso não-modelado. Essa fáscia mantém os músculos
unidos, separando-os em grupos funcionais.

Vários revestimentos de tecido conjuntivo estendem-se a partir da fáscia dos


músculos. O músculo inteiro é recoberto pelo epimísio, a qual pode ser mais
espessa e forte ou fina e relativamente fraca. O perimísio circunda os feixes de
10 a 100 ou mais fibras musculares denominadas fascículos. Finalmente, o
endomísio, que envolve cada fibra muscular individual. O epimísio, o perimísio
e o endomísio estendem-se além do músculo como um tendão – um cordão de
tecido conjuntivo denso modelado composto de feixes paralelos de fibras
colágenas. Sua função é fixar um músculo a um osso.

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Contração Muscular

O movimento intencional é uma característica fundamental do comportamento


humano. O movimento é realizado pela contração dos músculos, colocando em
ação um intrincado sistema de alavancas e polias formado por ossos,
ligamentos e tendões.

Todos os tipos distintos de tecidos musculares apresentam as seguintes


características em comum (Braun & Simonson, 2007):

1- Contratilidade: as fibras musculares alongadas se contraem melhor que


uma célula quadrada ou redonda, criando assim tensão;
2- Excitabilidade: as fibras são capazes de reagir a um impulso nervoso;
3- Extensibilidade: os músculos podem se estender além de seu comprimento
normal de repouso.
Além de movimentar o esqueleto e as estruturas de tecido conjuntivo, os
músculos também ajudam a movimentar o sangue e a linfa.

Tipos de Fibras

Fibras tipo I
- fibras de contração lenta ou oxidativo lento;
- associada ao metabolismo aeróbico fadigam mais lentamente;
- velocidade de contração lenta;
- rica em mioglobina e mitocôndrias;
- tem como principal fonte de ATP a fosforilação oxidativa.

Fibras tipo IIa


- intermediária vermelha;
- alto conteúdo de mioglobina e mitocôndrias;
- velocidade de contração intermediária;
- velocidade de fadiga intermediária;
- principal fonte de ATP fosforilação Oxidativa.

Fibras tipo IIb


- branca;
- baixa concentração de mioglobinas e mitocôndrias;
- velocidade de fadiga rápida;
- principal fonte de ATP glicólise.
Fusos Musculares
São encontrados dentro dos músculos e são considerados órgãos pequenos,
porém complexos e com múltiplas funções.
São compostos de fibras denominadas intrafusais e fibras extrafusais.
Os fusos musculares são especialmente abundantes nos pequenos músculos
da mão e do pé, embora também em grande número nos músculos dos braços
e pernas.

De maneira geral, os fusos possuem inervação aferente e eferente,


funcionando como um receptor ao estiramento, enviando impulsos sensitivos
por axônios aferentes, e contêm também fibras contráteis que são controladas

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por impulsos nervosos que os atingem via axônios motores de pequeno
diâmetro a partir da medula espinhal. O grau de encurtamento das porções
contráteis do fuso muscular regula a sensibilidade da porção receptora a
estiramento do fuso muscular. Em essência, conforme os neurônios motores α
causam contração das fibras extrafusais, a descarga dos neurônios motores ү
causa contração das fibras intrafusais.

A contração das fibras intrafusais proporciona uma faixa de variação ajustável


da sensibilidade para comprimentos mutáveis do músculo.

Órgãos Tendinosos de Golgi (OTG)

Os órgãos tendinosos de Golgi residem dentro dos tendões dos músculos,


perto do ponto de inserção da fibra muscular no tendão. O OTG é estimulado
pela tensão produzida pelo pequeno feixe de fibras musculares. Os impulsos
nervosos descarregados pelo OTG são transmitidos por grandes axônios
aferentes de condução rápida à medula espinhal e cerebelo.
A chegada dos impulsos do OTG na medula espinhal excita os interneurônios
inibidores que inibem os neurônios Aα do músculo em contração, limitando a
força desenvolvida àquela que pode ser tolerada pelos tecidos que estão sendo
tencionados.

Neurotransmissores

Os neurônios enviam sinais de controle a outros neurônios ou aos músculos


liberando substâncias químicas, chamadas neurotransmissores. Cada vez que
um impulso chega à sinapse, neurotransmissores são liberados.
Fisiologicamente a sinapse química entre dois neurônios pode ser excitadora
ou inibidora. As excitadoras causam despolarização da membrana pós-
sináptica, fazendo com que o neurônio dispare um ou mais impulsos nervosos.
A sinapse inibidora causa hiper polarização da membrana pós-sináptica que
tende a manter inativo o neurônio pós-sináptico.
A transmissão do impulso nervoso à placa motora é ampliada pela ação da
acetilcolina. Tal mecanismo representa um sistema de amplificação que faz
com que um fraco impulso nervoso estimule uma grande fibra muscular. A
acetilcolina secretada faz com que a fibra muscular gere seu próprio impulso.
Dessa forma, cada impulso nervoso, na verdade pára na placa motora e, em
seu lugar, começa um impulso inteiramente novo no músculo.

Potencial em Ação

Quando um sinal é transmitido ao longo de uma fibra nervosa, o potencial de


membrana passa por uma série de variações que, no seu conjunto, são
chamados de potencial de ação.

O potencial de ação pode ser produzido por qualquer fator que aumente
bruscamente a permeabilidade da membrana aos íons sódio, que carregados
positivamente, penetram no interior da fibra modificando o estado antes
negativo de seu interior e desencadeando o potencial de ação. Esse primeiro

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estágio do potencial de ação é chamado de despolarização. A volta a valores
negativos de repouso é chamada de repolarização.

Fadiga Muscular

A interrupção do fluxo de sangue para o músculo em contração causa a fadiga


muscular quase completa em um minuto, mesmo quando o músculo não está
ativo, devido à perda óbvia do fornecimento de nutrientes.

O mecanismo da fadiga muscular ocorre em razão de ação prolongada da


atividade muscular resultante, principalmente, da incapacidade de processos
contráteis e metabólicos da fibra muscular, que não consegue produzir a
mesma quantidade de trabalho. É importante ressaltar que as funções
nervosas funcionam normalmente, os impulsos quase sempre passam pela
placa motora para fibra nervosa e até potenciais de ação são gerados e
passam pelo trajeto da fibra muscular, mas a depleção de ATP nas próprias
fibras torna a contração gradativamente mais fraca.

Cãibras e Espasmos

A cãibra é uma contração forçada, dolorosa e involuntária das fibras


musculares, podendo ser causadas por trauma, sobrecarga, perda de líquido,
desequilíbrio hidroeletrolítico ou temperaturas extremas (Braun & Simonson,
2007). Segundo os autores, as cãibras podem ser aliviadas por meio da
massagem com gelo, que reduz os impulsos nervosos e a atividade celular dos
fusos musculares, ou por meio de inibição recíproca, manipulação direta ou
compressão.

Tanto as câimbras quanto os espasmos ocorrem quando um músculo


esquelético sofre contração involuntária e não relaxa imediatamente. Os
espasmos são contrações musculares que provocam uma redução dos
movimentos na articulação relaxada, podendo durar semanas. A Cãibra é um
espasmo acompanhado de dor intensa. Espasmos e cãibras são causados por
isquemia, rigidez muscular após lesão e baixos níveis sangüíneos de cálcio e
magnésio.

Hipertrofia e Hipertonia

A hipertrofia muscular ocorre quando um músculo aumenta de tamanho em


decorrência de uma atividade intensa ou repetitiva, onde o comprimento e o
diâmetro das células musculares existentes aumentam porque o número de
miofibrilas das células permanece inalterado.
Na hipertonia, os músculos estão demasiadamente retesados, sendo músculos
que não relaxaram de todo após uma contração. Por exemplo, em uma
seqüência de exercícios que impõe contrações repetitivas de grupos
musculares específicos, podem assumir um novo comprimento em repouso,
mais curto e, são considerados hipertônicos, em que a circulação interna dos
músculos hipertônicos fica reduzida, recebendo menos oxigenação que o
necessário, gerando um quadro de isquemia. Os sintomas de hipertonia

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muscular são dor, desconforto, restrições da mobilidade funcional e padrões de
compensação.

Este é um padrão interconectado, denominado ciclo de dor-espasmo-dor, em


que:
1- a dor deixa a pessoa tensa, causando hipertonia;
2- a hipertonia provoca isquemia;
3- a isquemia provoca dor;
4- a dor provoca hipertonia e, assim por diante.

PRINCIPAIS MÚSCULOS PERTINENTES À CINTURA ESCAPULAR

MÚSCULOS DO OMBRO OU ESCAPULARES

Deltóide

Inserção Proximal: Um terço lateral da borda anterior da clavícula, acrômio e


espinha da escápula.
Inserção Distal: Tuberosidade deltóidea – úmero.
Inervação: Nervo Axilar (C5 e C6).
Ação: Abdução do braço auxilia nos movimentos de flexão, extensão, rotação
lateral e medial, flexão e extensão horizontal do braço. Estabilização da
articulação do ombro.

Músculo deltóide

Supraespinhal

Inserção Medial: Fossa supra-espinhal – escápula.


Inserção Lateral: Faceta superior do tubérculo maior do úmero.
Inervação: Nervo Supra-escapular (C5 e C6)
Ação: Abdução do braço.

Músculo Supraespinhal

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Infraespinhal

Inserção Medial: Fossa infra-espinhal da escápula.


Inserção Lateral: Faceta média do tubérculo maior do úmero.
Inervação: Nervo Supra-escapular (C5 e C6).
Ação: Rotação lateral do braço.

Músculo Infraespinhal

Redondo Menor

Inserção Medial: Dois terços superiores da borda lateral da escápula.


Inserção Lateral: Faceta inferior do tubérculo maior do úmero.
Inervação: Nervo Axilar (C5 e C6).
Ação: Rotação lateral e adução do braço.

Músculo Redondo Menor

Redondo Maior

Inserção Medial: 1/3 inferior da borda lateral da escápula e ângulo inferior da


escápula.
Inserção Lateral: Crista do tubérculo menor do úmero.
Inervação: Nervo do Redondo Maior - Fascículo posterior do plexo braquial
(C5 e C6).
Ação: Rotação medial, adução e extensão da articulação do ombro.

Músculo Redondo Maior

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Subescapular

Inserção Medial: Fossa subescapular.


Inserção Lateral: Tubérculo menor.
Inervação: Nervo Subescapular - Fascículo posterior (C5 e C6).
Ação: Rotação medial e adução do braço.

Músculo Subescapular

MÚSCULOS DO BRAÇO

Coracobraquial

Inserção Proximal: Processo coracóide – escápula.


Inserção Distal: Um terço médio da face medial do corpo do úmero.
Inervação: Nervo Musculocutâneo (C5 e C6).
Ação: Flexão e adução do braço.

Músculo Coracobraquial

Bíceps Braquial

Inserção Proximal:
Porção Longa: Tubérculo supra-glenoidal.
Porção Curta: Processo coracóide.
Inserção Distal: Tuberosidade radial.
Inervação: Nervo Musculocutâneo (C5 e C6).
Ação: Flexão de cotovelo / ombro e supinação do antebraço.

Músculo Bíceps Braquial

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Braquial

Inserção Proximal: Face anterior da metade distal do úmero.


Inserção Distal: Processo coronóide e tuberosidade da ulna.
Inervação: Nervo Musculocutâneo (C5 e C6).
Ação: Flexão de cotovelo.

Músculo Braquial

Tríceps Braquial

Inserção Proximal:
Porção Longa: Tubérculo infra-glenoidal.
Porção Medial: Meio distal da face posterior do úmero (abaixo do sulco radial).
Porção Lateral: Meio proximal da face posterior do úmero (acima do sulco
radial).
Inserção Distal: Olecrano.
Inervação: Nervo Radial (C7 - C8).
Ação: Extensão do cotovelo.

Músculo Tríceps Braquial

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MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO

Pronadores

Pronador redondo

Inserção Proximal: Epicôndilo medial do úmero e processo coronóide da ulna.


Inserção Distal: Face lateral do um terço médio da diáfise do rádio.
Inervação: Nervo Mediano (C6 - C7).
Ação: Pronação do antebraço e auxiliar na flexão do cotovelo.

Músculo Pronador
Redondo

Pronador quadrado

Inserção Proximal: Um quarto da face anterior da ulna.


Inserção Distal: Um quarto da face anterior do rádio.
Inervação: Nervo Mediano (C8).
Ação: Pronação.

Músculo Pronador
Quadrado

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Supinadores

Supinador
Inserção Proximal: Epicôndilo lateral do úmero e ligamento colateral radial.
Inserção Distal: Face lateral e um terço proximal da diáfise do rádio.
Inervação: Nervo Radial (C6 e C7).
Ação: Supinação do antebraço.

Músculo Supinador

Flexores superficiais e profundos

Braquiorradial

Inserção Proximal: Dois terços proximais da crista supracondiliana lateral do


úmero.
Inserção Distal: Processo estilóide do rádio.
Inervação: Nervo Radial (C5 e C6).
Ação: Flexão do cotovelo, pronação de antebraço e supinação até o ponto
neutro.

Músculo Braquiorradial

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Flexor radial do carpo

Inserção Proximal: Epicôndilo medial (epitróclea).


Inserção Distal: Face anterior do segundo metacarpal.
Inervação: Nervo Mediano (C6 e C7).
Ação: Flexão do punho e abdução da mão (desvio radial)

Músculo Flexor Radial do


carpo

Palmar longo

Inserção Proximal: Epicôndilo medial.


Inserção Distal: Aponeurose palmar e retináculo dos flexores.
Inervação: Nervo Mediano (C6 - C8).
Ação: Flexão do punho, tensão da aponeurose palmar e retináculo dos
flexores.

Músculo Palmar Longo

Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 29


Flexor ulnar do carpo

Inserção Proximal: Epicôndilo medial e olecrano.


Inserção Distal: Osso pisiforme, hamato e 5º metacarpal.
Inervação: Nervo Ulnar (C7 - T1).
Ação: Flexão de punho e adução da mão (desvio ulnar).

Músculo Flexor Ulnar do


Carpo

Flexor superficial dos dedos

Inserção Proximal: Epicôndilo medial, processo coronóide da ulna e ligamento


colateral
ulnar.
Inserção Distal: Face anterior da falange intermédia do 2º ao 5º dedos.
Inervação: Nervo Mediano (C7 e T1).
Ação: Flexão de punho e da IFP - 2º ao 5º dedos.

Músculo Flexor Superficial


dos dedos

Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 30


Flexor profundo dos dedos

Inserção Proximal: Face anterior dos três quartos proximais da ulna e do rádio
e membrana interóssea.
Inserção Distal: Face anterior da falange distal do 2º ao 5º dedos.
Inervação: Nervo Mediano (C8 - T1): 2º e 3º dedos. Nervo Ulnar (C8 - T1): 4º e
5º dedos.
Ação: Flexão de punho, IFP e IFD do 2º, 3°, 4° e 5º dedos.

Músculo Flexor Profundo


dos dedos

Extensores superficiais e profundos

Extensor radial longo do carpo


Inserção Proximal: Face lateral do um terço distal da crista supracondiliana do
úmero.
Inserção Distal: Face posterior do 2º metacarpal.
Inervação: Nervo Radial (C6 e C7).
Ação: Extensão do punho e abdução da mão (desvio radial).

Músculo Extensor Radial


Longo do Carpo

Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 31


Extensor radial curto do carpo

Inserção Proximal: Epicôndilo lateral do úmero.


Inserção Distal: Face posterior do 3º metacarpal.
Inervação: Nervo Radial (C7 - C8).
Ação: Extensão do punho.

Músculo Extensor Radial


Curto do Carpo

Músculo Extensor Ulnar


do Carpo
Extensor ulnar do carpo

Inserção Proximal: Epicôndilo lateral do úmero.


Inserção Distal: Base do 5º metacarpal.
Inervação: Nervo Radial (C6 - C8).
Ação: Extensão do punho e adução da mão (desvio ulnar).

Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 32


Extensor dos dedos

Inserção Proximal: Epicôndilo lateral do úmero.


Inserção Distal: Falange média e distal do 2º ao 5º dedos.
Inervação: Nervo Radial (C7 - C8).
Ação: Extensão de punho, MF, IFP e IFD do 2º ao 5º dedos.

Músculo Extensor dos


Dedos

Músculos extrínsecos do polegar

Flexor longo do polegar

Inserção Proximal: Face anterior do rádio, membrana interóssea, processo


coronóide da ulna e epicôndilo medial do úmero.
Inserção Distal: Falange distal do polegar.
Inervação: Nervo Mediano (C8 e T1).
Ação: Flexão da IF do polegar.

Músculo Flexor Longo do


Polegar

Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 33


Abdutor longo do polegar

Inserção Proximal: Face posterior do rádio e da ulna e membrana interóssea.


Inserção Distal: 1ª metacarpal.
Inervação: Nervo Radial (C7 - C8).
Ação: Abdução da mão e do polegar

Músculo Abdutor Longo


do Polegar

Extensor curto do polegar

Inserção Proximal: Face posterior do rádio e membrana interóssea.


Inserção Distal: Face dorsal da falange proximal do polegar.
Inervação: Nervo Radial (C7 - C8).
Ação: Extensão do polegar

Músculo Extensor Curto


do Polegar

Extensor longo do polegar

Inserção Proximal: Face posterior do um terço médio da ulna e membrana


interóssea.
Inserção Distal: Falange distal do polegar.
Inervação: Nervo Radial (C7 - C8)
Ação: Extensão do polegar.

Músculo Extensor Longo


do Polegar

Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 34


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Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 37
Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 38
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Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 41
Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 42
Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 43
Referencias
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Janeiro: Atheneu, 2000.

2. Guyton AR & Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 9ªed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1997.

3. Hall CM & Brody LT. Exercício Terapêutico Na Busca da Função. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

4. Houaiss A. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro:


Objetiva, 2001.

5. http://laboratoriodeanatomia.blogspot.com. Obtido em 28/05/2009.

6. Junqueira LC & Carneiro J. Histologia Básica. 9ªed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 1999.

7. Moore KL & Agur AMR. Fundamentos da Anatomia Clínica. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 1998.

8. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANATOMIA.


http://www.sbanatomia.com.br/mensagem/pub/mensagem.php?tipo=0&id_m
ensagem=custom_historia#mundo. Obtido em 28/05/2009.

9. Tortora GJ & Grabowski SR. Tortora Grabowski princípios de anatomia e


fisiologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

10. Wolf-Heidegger G. Wolf-Heidegger, atlas de anatomia humana / [editora]


Petra Köpf-Maier; traduzido sob supervisão de Hélcio Werneck. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 2v.: il.

Anatomia Humana – Profª Ingrid Jardim 44

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