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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
MORFOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO
PROFESSORA DRª EDJA BEZERRA FARIA TRIGUEIRO
ESTAGIÁRIO DOCENTE: ÍTALO MAIA
NATAL/RN
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
MORFOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO
PROFESSORA DRª EDJA BEZERRA FARIA TRIGUEIRO
ESTAGIÁRIO DOCENTE: ÍTALO MAIA
NATAL/RN
2018
Visibilidade e acessibilidade na apropriação:
O caso do estacionamento do Carrefour Candelária em Natal/RN
Resumo
Apesar disso, essas não são regras gerais. Existem outros fatores que estão
associados aos níveis de visibilidade, como a configuração espacial, os costumes e cultura de
determinados usuários e, não menos importante, a facilidade de acesso ao local.
As barreiras e permeabilidades de uma área aberta também têm sua relevância. Elas
criam possibilidades e restrições, unindo ou apartando pessoas e ações. As relações espaciais
apresentam de que forma um sistema de espaços se estrutura, definindo padrões de articulação
entre elas. A interação entre ambas resulta na acessibilidade, que pode ser “ao olho” ou “ao
pé”.
Todas essas relações que podem ser estabelecidas apontam para o termo denominado
“urbanidade”. Este, de acordo com Bill Hillier (1996), implica em copresença de visitantes e
habitantes no espaço público, com usos do solo diversos, densidade e movimento. Já de
acordo com Frederico de Holanda (2013), a urbanidade envolve intensa participação na vida
urbana, onde os limites que conectam o espaço público e o privado são suaves.
Urbanidade, nós sugerimos, não é tão misteriosa. Bom espaço é espaço usado. A
maior parte do uso do espaço é feita através do movimento. A maior parte do
movimento ocorre através do movimento, e consequentemente, é assim que a malha
urbana oferece rotas de um lugar para todos os outros lugares. A maior parte dos
usos informais do espaço também são relacionados ao movimento, assim também
como a sensação de segurança urbana [...]. (HILLIER, 2007, p. 127)
1
Os demais usuários foram identificados como “nerds”, “rockeiros”, “alternativos”, simplesmente casais, ou estudantes do
Ensino Médio ou Superior.
Os questionários e as entrevistas abertas contavam com uma pergunta primordial:
“Em que bairro você mora?”. Os resultados adquiridos entre segunda-feira e sexta-feira
indicaram Nova Parnamirim e Tirol como os bairros mais respondidos, seguidos de Capim
Macio, Candelária, Satélite, Mãe Luíza e Pajuçara. Aos sábados, foi possível identificar que a
segunda tribo citada acima, dos “pintas natalenses”, era em maior parte proveniente da Região
Oeste da cidade: Quintas (“Favela do Mosquito”, e Novo Horizonte ou “Favela do Japão”),
Nossa Senhora da Apresentação (Vale Dourado), Mãe Luíza, Rocas, Bom Pastor e Cidade da
Esperança (Figura 01).
Figura 01. Mapa de Natal com destaque para os bairros de onde vêm os jovens do Carrefour RSN (ponto
laranja).
Fonte: questionários e entrevistas respondidas via internet e em visitas de campo, 2017 e 2018.
Nota: base cartográfica da SEMURB, 2008. Adaptada pela autora, 2018.
Por estar localizado em um dos núcleos mais integrados de Natal, com limite que
coincide com uma das vias arteriais mais acessíveis do sistema viário, o terreno do
hipermercado tem muitos pontos de ônibus vizinhos a ele que são abastecidos por diversas
linhas, as quais levam à maioria dos bairros da cidade (Figura 02). Isso ajuda a entender a
facilidade de acesso do público que vem até das localizações mais distantes.
Figura 02. Mapa do entorno do Carrefour RSN com destaque para os pontos de ônibus mais próximos a
ele/Quadro com as respectivas linhas.
Além desse público, os outros usuários frequentes na área, inclusive há mais tempo
(mais de 10 anos), são os adultos e idosos que lá costumam caminhar, tanto pela manhã,
quanto ao final da tarde. Estes, ao serem questionados sobre o bairro onde moram, em
entrevista aberta, responderam, em maior parte, Candelária. Isso justifica que, pela atividade
física, todos esses preferem ir a pé ao local2.
O resultado dessas diferentes atividades e usuários é o que se vê em implantação
abaixo, com o zoneamento de toda a área do estacionamento, com foco na faixa apropriada
demarcada em amarelo escuro com ícone de grupo (Figura 03). Complementando-o, está o
mapa dos principais fluxos de todos os que circulam no espaço (Figura 04).
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Acrescenta-se a isso que o bairro de Candelária teve o início de seu desenvolvimento estimulado pela alta demanda
habitacional com os iniciais conjuntos, como Bairro Latino, por exemplo (CAPISTRANO, Luciano, 2015). Por isso, tem hoje
grande parte de sua área ocupada por uso residencial.
Figura 03. Implantação do platô com seu zoneamento.
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Apesar de serem em estrutura metálica e terem certa área livre sob sua superfície, compreendeu-se que os resultados não
seriam tão distintos destes que consideraram sua geometria completa. Seus elementos (incluindo os carros estacionados)
também impedem a circulação de usuários, bem como a visualização que estes podem ter do espaço (as alturas dos carros são
quase equivalentes à altura do olho, e dependendo do veículo até passa dela).
Figuras 12 e 13. Resultados para os equipamentos de serviços específicos que ocupam o estacionamento.
REFERÊNCIAS
HILLIER, B.; Hanson, J. The social logic of space. Cambridge: Cambridge University Press,
1984.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes. 2000.