Você está na página 1de 2

A CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS COM O USO DE

MATERIAIS RECICLÁVEIS E/OU ALTERNATIVOS (1)


Guilherme Moreira de Melo(2), Carla Eugenia Lopardo(3)
(1) Trabalho executado no componente curricular Educação Musical: Prática e Ensino I, do Curso de Licenciatura em
Música da Universidade Federal do Pampa;
(2) Estudante; Universidade Federal do Pampa, Bagé, Rio Grande do Sul; sai.guilherme@gmail.com;
(3) Orientador; Universidade Federal do Pampa;

RESUMO: Através de uma pesquisa sobre os sons emitidos por materiais recicláveis, sua relação entre as notas
musicais, frequências, fórmulas matemáticas e equipamento para afinação, realizou-se a construção de um metalofone
reciclável, onde o objetivo foi adquirir conhecimento e experiência para auxiliar - futuramente - escolas que não
possuam instrumentos musicais para as aulas de música, assim como uma proposta de atividade curricular.
Adicionalmente, estabeleceu-se a integração com outras áreas do conhecimento, possibilitando ao discente um contato
com a comunidade externa, gerando um trabalho interdisciplinar mais detalhado e com resultados mais precisos. Com
base nas propostas metodológicas de Schafer (2013), Paynter (1991) e Akoschky (1988) esse trabalho fundamenta-se
nos conceitos de desenvolvimento da criatividade, paisagem sonora e ecologia ambiental.

Palavras-Chave: instrumentos musicais, materiais recicláveis, meio ambiente.

INTRODUÇÃO

Dentro dos componentes curriculares de Educação Musical: Prática e Ensino I e II incentiva-se a


prática didático-musical através de atividades de planejamento e construção de instrumentos musicais
recicláveis como ferramentas de apoio para as práticas docentes. A partir dessa proposta surgiu a vontade
de aplicar esses conhecimentos na construção de instrumentos - mais complexos – tal como, um
metalofone diatônico, utilizando elementos de uso cotidiano e de fácil manipulação.
Teve-se como objetivo estabelecer um diálogo entre as diferentes áreas que contribuíram na
ampliação do conhecimento referente à construção de instrumentos, com aplicação direta para as práticas
docentes, assim como, oferecer recursos para a sala de aula. Entre os conteúdos transversais observados
podemos mencionar questões relacionadas a física, a matemática, ao meio ambiente e especificas da
música, entre elas, parâmetros do som e ecologia sonora.

METODOLOGIA

Inicialmente realizou-se uma pesquisa on-line que abrangesse a construção de um metalofone com a
utilização de canos de alumínio. Através dessa ferramenta virtual foi possível adquirir as medidas em (cm)
referente ao comprimento que cada cano deveria apresentar para a obtenção das notas musicais. No
entanto, após realizar o corte do primeiro cano constatou-se - com um afinador eletrônico - que ao invés de
Dó maior, como sugerido no vídeo, o mesmo emitia a nota Mi maior. Á vista disso, foi necessário pesquisar
dicas em apostilas, sites de física que auxiliasse no entendimento sobre os diversos tipos de canos:
alumínio, PVC, etc. Uma dúvida apresentou-se: Como suas medidas, diâmetros internos e externos
influenciavam na emissão de uma nota musical? Ao acessar uma apostila, on-line, titulada: “Sons e
Instrumentos Musicais”, entendeu-se que estando o primeiro cano afinado, bastaria a aplicação de uma
determinada fórmula matemática - apresentada na (tabela 1) - para a obtenção do comprimento do cano em
(cm) referente a próxima nota da escala. Porém, esse método básico, não explicava como aplicá-lo para
tons ou semitons. Com o auxílio de um professor de matemática e de uma professora da Ciência da
Computação, do campus de Alegrete, obteve-se as medidas dos próximos canos, onde os resultados estão
apresentados na (tabela 1). O processo de produção dos cortes foi efetuado milimetricamente, pois caso o
corte fosse excessivo, a nota não afinaria. Fotos dos metalofones existentes no laboratório de música da
Universidade Federal do Pampa auxiliaram no entendimento da construção dos mesmos.

Tabela 1 - Medidas dos Canos de Alumínio


Nota Musical Fórmula Tamanho (cm)
E --------- 33,3
F# 12 0,5 31,431
G# 6
0,5 29,667
A 24 (0,5) 5 28,822

Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
B 24 (0,5) 7 27,205
C# 8 (0,5) 3 25,678
D# 24 (0,5) 11 24,237
E (0,5) 23,547
Fonte: Elaborado pelo autor.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos pelas fórmulas matemáticas serviram de parâmetro inicial para os cortes dos
canos. Após cada corte, esses eram lixados e a afinação emitida com o novo tamanho era testada. Apesar
de mais trabalhoso, com esses pequenos cortes garantiu-se uma menor probabilidade de cortar o cano
além do limite que era buscado, garantindo assim, um trabalho mais preciso. Como cada cano tem suas
medidas internas e externas distintas, onde, nenhum sairá exatamente igual da fábrica, percebeu-se uma
pequena variação nos resultados referente ao comprimento em (cm) de cada cano quando comparado aos
apresentados na tabela 01. Os comprimentos de cada cano após os cortes feitos com o auxilio do afinador
eletrônico estão representados na (Tabela 2).

Tabela 2 – Medidas dos Canos de


Alumínio obtidos com auxílio do afinador
Nota Musical Tamanho (cm)
E 33,3
F# 31,1
G# 29,4
A 28,4
B 26,8
C# 25,2
D# 23,6
E 22,8
Fonte: Elaborado pelo autor.

A afinação mais aproximada depende da verificação com o afinador após cada corte e lixamento. Esse
projeto ajuda na conscientização ambiental, no estudo dos parâmetros do som como: intensidade (forte ou
fraco), duração (longo ou curto), altura (agudo, médio ou grave) e timbre (permite distinguir os sons entre
um metalofone e um vibrafone).

CONCLUSÕES

Os valores adquiridos através das equações são fundamentais para acelerar a confecção do
instrumento. Entretanto, não há como afirmar que é possível construir o instrumento, garantindo a afinação,
apenas com os valores obtidos pelos cálculos matemáticos.
Um dos elementos mais relevantes dessa pesquisa é a possibilidade de trocas com outras áreas do
conhecimento e a implementação dos mesmos junto à comunidade, onde, a importância do componente
curricular Educação Musical: Prática e Ensino, dentro do Curso de Licenciatura em Música, é notável.
Como desdobramento do projeto foi construída uma flauta pan - cromática - através de canos de
PVC, no mesmo tom do metalofone, com a intenção de utilizá-los em atividades de práticas instrumentais,
percepção, desenvolvimento da criatividade através da composição, improvisação e consciência ambiental.

REFERÊNCIAS

AKOSCHKY, J. Cotidiáfonos. 1.ed. Buenos Aires: Ricordi Americana S.A.E.C, 1988.


ITAPETININGA, F. Instrumentos Musicais. Disponível em:
http://fsicaitapetininga.yolasite.com/resources/Instrumentos%20Musicais.pdf . Acesso em: 10 jun. 2015.
PAYNTER, J. Oir, aqui y ahora. 1.ed. Buenos Aires: Ricordi Americana S.A.E.C, 1991.
SCHAFER, A. M. El rinocerante en el aula. 1.ed. Buenos Aires: Ricordi Americana S.A.E.C, 1991.
SCHAFER, A. M. O ouvido pensante. 3.ed. São Paulo: UNESP, 2013.

Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa

Você também pode gostar