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Escola de Música
Curso de Licenciatura em Música
BELO HORIZONTE
2014
LETÍCIA CAROLINE SOUZA
BELO HORIZONTE
2014
LETÍCIA CAROLINE SOUZA
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A minha família: Ao meu pai Altair e minha mãe Maria Matozinhos, que está com
Deus, pelo amor, carinho, cuidado, por terem me incentivado a estudar música, e por
terem sido exemplos de persistência, determinação e bondade. Aos meus irmãos Camila
e Gustavo, e ao meu cunhado Werley pelo apoio e parceria. Aos demais familiares pela
força.
A minha orientadora Patrícia pela paciência, por ser uma ótima orientadora, por estar
sempre à disposição em todos os momentos, pelas aulas de piano, por ser uma pessoa
tão acolhedora e amiga.
A todos os professores que tive na minha graduação pelos ensinamentos tão preciosos e
pelo apoio durante minha trajetória. Em especial, os professores Marco, Evandro,
Giovanna, Walênia, Betânia, Heloísa, Helena, e Patrícia, por serem pessoas tão
humanas e que de alguma forma me motivaram a chegar até o fim dessa graduação.
Aos meus amigos que fiz durante o curso, por terem compartilhado as alegrias e estarem
comigo nos momentos mais difíceis.
A todos os meus amigos pela consideração e por serem pessoas que fazem a diferença
na minha vida.
RESUMO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................8
REFERÊNCIAS.............................................................................................................62
8
INTRODUÇÃO
maneira que eu me coloco diante da turma é a ideal?”- “Como criar situações para
enriquecer o fazer musical?” – “Por que eu penso que as crianças devem estar aqui
todas as quintas-feiras de manhã para ter aula de musicalização infantil comigo”?
Desta experiência, nasceu a motivação para o presente estudo, que dará ênfase às
estratégias pedagógicas para aulas de musicalização infantil, para crianças de três a seis
anos, tendo como foco os parâmetros do som, baseado no meu relato de experiência das
aulas que ministrei para essa turma de musicalização infantil.
musicais que se tornaram referência durante a minha prática: Émile Jaques Dalcroze,
Carl Orff e Raymond Murray Schafer. Selecionei também nove categorias que
apresentam os conteúdos tratados nas aulas, sobre as quais as atividades foram
elaboradas. São elas: Atividades para trabalhar o parâmetro altura; atividades para
trabalhar o parâmetro intensidade; atividades para trabalhar o parâmetro timbre;
atividades para trabalhar o silêncio; atividades para trabalhar percepção e movimento;
atividades para trabalhar a vivência musical através de canções infantis; atividades s
para trabalhar pequenas composições, e atividades para trabalhar elementos musicais
aplicados à criação e à sonorização de estórias.
Este capítulo apresenta sínteses sobre os educadores Émile Jaques Dalcroze, Carl Orff e
Raymond Murray Schafer. Em seguida, oferece um quadro comparativo sobre as
características das propostas pedagógicas desses educadores.
1
A síntese aqui apresentada, sobre a vida de Dalcroze, foi realizada a partir do capítulo “Émile Jaques
Dalcroze: A música e o movimento.” (MARIANI, 2011) In: Pedagogias em Educação Musical
(MATEIRO; ILARI (Org) 2011), p. 25-52; do livro De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação
(FONTERRADA, 2008), da tese de doutorado Émile Jaques-Dalcroze sobre a experiência poética da
rítmica – uma exposição em 9 quadros inacabados – (MADUREIRA, 2008), da dissertação de mestrado
VOZES, MÚSICA, AÇÃO: DALCROZE EM CENA. Conexões entre Rítmica e Encenação (SILVA, 2008),
e do artigo Jaques-Dalcroze, avaliador da instituição escolar: em que se pode reconhecer Dalcroze um
século depois? (SANTOS, 2001).
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Nesse período, suas canções foram divulgadas pela Europa, com a contribuição
da cantora lírica Nina Faliero, com quem se casou. Além disso, tornou-se redator de
jornais suíços que abordavam temas vinculados à música, e iniciou a construção de seu
próprio método, centrado na rítmica, o sedimentando através de sua prática como
educador musical, publicação em revista, apresentações pela Europa sobre sua proposta
pedagógico-musical, e implantação do método no Conservatório de Genebra.
2
Dutoit-Carlier, 1965, p. 317. DUTOIT-CARLIER, Claire Lise. Jaques-Dalcroze: createur de la
Rythmique. In: MARTIN, Frank et al. Émile Jaques-Dalcroze: l’homme, le compositeur, le créateur de
la Rythmique. Neuchâtel: La Baconniére, 1965.
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3
A síntese aqui apresentada, sobre a vida de Orff, foi realizada a partir do capítulo “Carl Orff: Um
compositor em cena.” (BONA, 2011) In: Pedagogias em Educação Musical (MATEIRO; ILARI (Org),
2011), p. 125-156, e do livro De tramas e Fios: um ensaio sobre música e educação (FONTERRADA,
2008).
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Apesar de Orff ter sido um renomado compositor, ele também exerceu outras
funções no cenário musical, como a de regente na Sociedade Bach de Munique, e de
pedagogo musical. Em 1924, Orff fundou a escola Guntherschol com sua amiga e
companheira de trabalho Dorothee Gunther, lecionando aulas vinculadas à música e
dança para educadores físicos. Nessa escola pode aplicar sua concepção sobre música,
com o auxílio de artistas profissionais, e desenvolver uma pedagogia que contribuísse
para o desenvolvimento humano e musical dos estudantes. No entanto, interrompeu as
atividades devido à destruição da escola durante a Segunda Guerra Mundial.
Três anos após o término da guerra, a rádio alemã Rádio Baviera, que se
interessou pelo trabalho realizado por Gunther e Orff, pediu ao compositor que criasse
músicas, inspiradas na abordagem utilizada na Guntherschol, para o público infantil e
que fossem executadas por crianças. Essa proposta proporcionou o desafio de adaptar
atividades destinadas a adultos para crianças, e estimulou em Orff o desejo de aplicar
sua ideologia diretamente ao universo infantil, desencadeando o surgimento de uma
nova proposta pedagógico-musical.
Com a sua experiência como educador musical, Orff publicou muitos materiais
sobre a música elementar, abordagens para a musicalização infantil, peças musicais e
exercícios para piano, violino, percussão, e flauta doce. Os cinco volumes do livro Orff
Schlwerk: Musik fur kinder (Obra escolar: música para crianças), escrito por Orff e
Guinild Keetman, teve grande prestígio. Segundo Bona (2011, p. 137), a obra foi
traduzida para 17 idiomas. Pode-se observar a relevância da proposta pedagógica de
Carl Orff para a educação musical, sendo reconhecido internacionalmente também
como pedagogo musical. Depois de muitas contribuições para a música, em 29 de
março de 1982, faleceu na sua cidade natal.
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4
A síntese aqui apresentada, sobre a vida de Schafer foi realizada a partir do capítulo “Raymond Murray
Schafer: O educador musical em um mundo em mudança.” In: Pedagogias em Educação Musical
(MATEIRO; ILARI (Org.), 2011), p. 275-303, dos livros De tramas e fios: um ensaio sobre música e
educação (FONTERRADA, 2008), O ouvido Pensante (SCHAFER, 1991) [1986], e A afinação do
mundo (SCHAFER, 1997) [1977].
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5
“Os sons fundamentais de uma paisagem são os sons criados por sua geografia e clima: água, vento,
planícies, pássaros, insetos e animais” (SCHAFER, 1997 [1977], p. 26).
6
“se refere a um som da comunidade que seja único ou que possua determinadas qualidades que o tornem
especialmente significativo ou notado pelo povo daquele lugar”. (SCHAFER, 1997 [1977], p. 27).
7
“Os sinais são sons destacados, ouvidos conscientemente. Nos termos da psicologia, são mais figuras
que fundo. Qualquer som pode ser ouvido conscientemente e, desse modo, qualquer som pode tornar-se
uma figura ou sinal”. (SCHAFER, 1997 [1977], p. 26).
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Baseado nas pesquisas que realizou, na sua prática como docente e em seu
contato com diferentes paisagens sonoras, Schafer criou e desenvolveu sua própria
prática pedagógica. No entanto, optou em não fazer uma metodologia a ser seguida,
pelo fato de acreditar que cada professor deve evidenciar sua própria personalidade na
sala de aula, e ser crítico, não simplesmente reproduzir modelos e planejamentos de
aula. A proposta pedagógica de Schafer não apresenta linearidade e não é direcionada
para uma faixa etária específica. Tem o intuito de expor suas ideias e a maneira que
realizou seu trabalho para servir de reflexão, referência, e ou sugestão. Schafer fez a
seguinte consideração: “Eu não digo: Façam assim! Digo: Eu fiz assim!” (SCHAFER,
1991 [1986], apud FONTERRADA, 2011, p. 291).
Procurar descobrir todo o potencial criativo das crianças, para que possam
fazer músicas por si mesmas
Para Schafer, “Música é algo que soa. Se não há som, não é música. Sempre
resisti à leitura musical, nos primeiros estágios de educação, porque ela incita muito
facilmente a um desvio da atenção para o papel e para o quadro negro, que não são os
sons”. (SCHAFER, 1991, p. 307). Essa afirmação apresenta uma crítica ao ensino
tradicional de música que prioriza a escrita musical, e a aprendizagem através da
aquisição de conceitos. Em oposição a esse modelo de ensino, Schafer dá ênfase à
capacidade criativa, em que o próprio indivíduo pode compor peças musicais, realizar
descobertas, e adquirir conhecimento através de sua própria experiência. “Numa classe
programada para a criação não há professores, há somente uma comunidade de
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Para criança de cinco anos, arte é vida e vida é arte. (...) Observem
crianças brincando e tentem delimitar suas atividades pelas categorias
das formas de artes conhecidas. Impossível. Porém, assim que essas
crianças entram na escola, arte torna-se arte e vida torna-se vida. Aí
elas vão descobrir que “música” é algo que acontece durante uma
pequena porção de tempo às quintas-feiras pela manhã enquanto às
sextas-feiras à tarde há outra pequena porção chamada “pintura”.
Considero que essa fragmentação do sensorium total seja a mais
traumática experiência na vida da criança pequena. (SCHAFER, 1991
[1986], p. 290).
fortemente presente nessa prática, e pode exercer uma função transformadora no interior
do ser humano.
Para aplicar suas ideias, concluiu que é necessário promover práticas que
fomentem a qualidade da escuta, a relação do ser humano com o ambiente, o estímulo à
criatividade, e a vivência musical. Além disso, Schafer considera essencial o estudo da
música de diversas culturas, e que o aluno amplie seu repertório musical.
aprendizado de instrumentos
melodia, atividades musicais e/ou voz
rítmicas e práticas de - Exploração de
movimento objetos como
fontes sonoras
Este quadro foi muito útil para a elaboração e a análise das atividades que serão
apresentadas no próximo capítulo deste trabalho.
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Este capítulo apresenta a descrição de dezoito atividades que foram realizadas pela
minha primeira turma de musicalização infantil. Estas atividades estão organizadas por
temáticas que foram abordadas ao longo das aulas e envolvem diversas possibilidades
para vivenciar os elementos musicais. No final de cada atividade, há um breve
comentário sobre a reação das crianças e suas contribuições para o aprendizado e
desenvolvimento da turma.
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
Dois bonecos de corda, um que caminhe mais rápido e outro devagar, que no caso
os personagens Chaves e Pica-Pau, respectivamente;
Cavalinhos.
Peça musical:
Objetivos:
Explorar o espaço;
Aquecer os corpos;
Promover a socialização;
Procedimento:
Professor diz para os alunos que dois novos amigos vieram conhecer a turma, e
pergunta para as crianças quais são esses amigos. À medida que as crianças forem
falando, o professor dará dicas.
Professor mostra os amigos para a turma. Que no caso, são dois personagens de
desenho animado, o Chaves e o Pica-Pau. O professor dá corda nos dois
personagens e instiga as crianças a falarem como cada um caminha pela sala. Nesse
instante o professor faz uma corrida entre os personagens e pergunta às crianças
para quem eles irão torcer. Vale lembrar, que o Chaves anda devagar e o Pica-Pau
rápido.
Professor diz que tem uma música que conta o momento que o Chaves ou o Pica-
Pau está andando. O professor coloca a música o 1º movimento de Eine Kleine
Natchmusik de Mozart para tocar, e distribui um cavalinho para cada aluno se
movimentar de acordo com a música.
Observação:
O professor pode interferir, em alguns instantes, perguntado para os alunos quem está
caminhando em determinado momento da música, o Chaves ou o Pica-Pau.
Comentário:
A maneira que apresentei os personagens foi importante para estimular o interesse dos
alunos. As crianças ficaram empolgadas quando viram o Chaves e o Pica Pau, por
serem personagens que elas já conhecem. Foi interessante observar, que o momento da
corrida entre “os novos amigos” um dos alunos torceu para o Chaves ganhar, apesar
dele ser mais lento, pois gostava mais dele. Esse elemento extra-musical aguçou a
curiosidade dos alunos e proporcionou maior interação entre eles, favorecendo uma
escuta mais ativa e consciente da música de Mozart, e a expressão corporal. Os alunos
se envolveram bastante com a música. Essa brincadeira foi realizada três vezes
consecutivas, e depois encerramos a atividade porque o horário da aula havia acabado.
Duração: 15 minutos.
Materiais necessários:
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Fita adesiva;
Instrumentos de percussão.
Objetivos:
Estimular a expressividade;
Desenvolver a atenção;
Promover a interação.
Procedimento:
Professor cola duas fitas adesivas de dois metros de comprimento no chão, de modo
que fiquem paralelas a 40 cm de distância uma da outra.
Professor diz aos alunos que o corredor formado pelas duas fitas é uma passarela em
que cada um pode andar da maneira que quiser.
Professor anda pela passarela e pede aos alunos que sonorizem sua maneira de andar
utilizando os instrumentos de percussão.
Logo após, a cada momento, um dos alunos anda pela passarela enquanto os demais
participantes realizam a sonorização.
Comentário:
Essa atividade proporcionou uma profunda vivência musical, pelo fato de que o próprio
corpo foi o ponto de partida para se fazer música, se tornando o regente. Ao mesmo
tempo, originaram-se novos gestos musicais no instante em que os alunos tocavam os
instrumentos de percussão.
Vale ressaltar que foi este um momento prazeroso e divertido. As crianças sorriam, e
interagiam entre si. Todos quiseram passar pela passarela várias vezes, e achavam
engraçado quando os colegas sonorizavam os movimentos.
Duração: 15 minutos.
Materiais necessários:
Objetivos:
Explorar o espaço;
Aquecer os corpos;
Promover a socialização;
Procedimento:
Professor pede ao aluno que escolha uma almofada e deixá-la em um local da sala,
de modo que fique distante da almofada do colega.
Professor toca o instrumento de percussão pandeirola e pede aos alunos que andem
pela sala conforme o som produzido por este instrumento. Nesse instante, o
professor pode tocar o instrumento realizando a pulsação, sua subdivisão, e
modificar o andamento.
Depois que os alunos realizarem corretamente o que foi proposto, o professor deve
executar no piano um cluster com sons graves e outro com sons agudos, e perguntar
aos alunos a diferença entre os sons.
Professor fala que terá um novo desafio: quando a turma ouvir o cluster agudo
devem virar estátua, quando ouvirem o cluster grave devem sentar em alguma
almofada, e se ouvirem o cluster grave novamente devem trocar de almofada com o
colega o mais rápido possível.
Os alunos andam novamente pela sala conforme o som da pandeirola, e em seguida
o professor executa o cluster grave ou agudo no piano para as crianças realizarem as
ações propostas.
Observação:
Comentário:
Os alunos não apresentaram dificuldades para discernir os sons tocados. A cada instante
que escutavam os clusters demoravam menos tempo para trocar de almofada com o
colega ou “virar estátua”. No momento que se movimentavam enquanto eu tocava a
pandeirola, a turma fazia diversos gestos com as mãos e criavam uma nova maneira
para caminhar, às vezes marchavam imitando um soldado, corriam, ou giravam. Vale
lembrar, que no momento que eu toquei pela primeira vez os clusters no piano os alunos
falaram sobre os sons, como por exemplo: “Esse é fininho” - “Nossa! Esse é pesadão”-
“Esse é mais bonitinho” - “Esse parece o lobo mau”.
Fonte: Atividade baseada nas melodias do Songs Without Words, de Edwin Gordon, e
na atividade elaborada pela Betânia Parizzi, “O jacaré e os peixinhos”, apresentada na
Escola de Música/UFMG, em 2013.
Duração: 15 minutos.
Materiais necessários:
Voz.
Objetivos:
Trabalhar a voz;
Trabalhar a afinação;
Socializar.
Procedimento:
Observação:
O professor pode escolher uma vogal ou uma sílaba para cantarolar a melodia.
Comentário:
Percebi que foi fundamental para a interação da turma perguntar aos alunos o que
gostavam de comer, pois nesse momento falaram sobre as pessoas da família que fazem
uma boa comida, compartilharam os gostos que tinham em comum, e demonstraram
satisfação em ouvir o colega e ser ouvido.
Duração: 5 minutos.
Materiais necessários:
Aparelho de som.
Peça musical:
Objetivos:
Promover a socialização;
Procedimento:
Professor leva um lençol atraente para as crianças. Primeiramente, ele diz que na
aula acontecerá algo diferente. Em seguida, mostra o lençol e requisita que as
crianças opinem sobre ele.
Professor explica que esse lençol é muito especial porque ele faz tudo que a música
faz. Mas para isso é importante que todos fiquem atentos à música e que
movimentem o lençol de acordo com ela.
Professor toca a peça Dança Eslava nº 7, do compositor Antonin Dvorák. Enquanto
escutam a peça, as crianças movimentam o lençol seguindo a música.
Comentário:
Assim que a música começou a tocar, os alunos começaram a movimentar o lençol, com
exceção de uma aluna. Mas, à medida que os demais alunos demonstravam interesse e
se envolviam com a música, essa aluna começou a participar da brincadeira e a interagir
com a turma e com a música. O contraste de dinâmica sonora presente na Dança Eslava
nº 7, de Dvorák, é muito evidente. As crianças se agachavam e movimentavam o lençol
levemente enquanto ouviam o trecho da música que possuía sons menos intensos. Eles
levantavam, pulavam e se movimentavam com mais energia quando escutavam o trecho
mais intenso da música. Os alunos ficaram muito atentos ao que acontecia na música
rindo durante a brincadeira, pois acharam engraçada a movimentação do lençol.
Fonte: Criei essa atividade tendo como referência o trabalho de partitura gráfica
presente no livro Piano Brincando- Atividades de Apoio ao Professor (1994, p. 53).
Duração: 20 minutos.
Materiais necessários:
Voz;
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Objetivos:
Introduzir a áudio-partitura;
Desenvolver a atenção.
Procedimento:
Professor organiza a turma pedindo aos alunos que se sentem um ao lado do outro
formando uma meia-lua.
Professor usa o bichinho de pelúcia do Simba, filhote do Rei Leão, e conta a
seguinte história:
Observação:
Enquanto o professor fala que os pingos de tinta caíam no chão, ele deve jogar os
círculos vermelhos de diversos tamanhos no chão para que os alunos sonorizarem
vocalmente. O professor deve ser bem expressivo ao contar a história. Quando contar
que o Simba corria, por exemplo, ele poderá conduzir uma corrida do boneco que
provoca os alunos, encostando em suas cabeças.
O professor não deve determinar como deve ser produzido vocalmente o som dos
“pingos de tinta”. Os alunos, intuitivamente, realizarão sons menos intenso e delicados
para os pingos de tinta pequenos. Quanto maior o pingo de tinta, mais intenso deverá ser
o som produzido pelos alunos.
Comentário:
Essa brincadeira poderia ser realizada usando outro personagem. O Simba foi utilizado,
porque uma das alunas o levou para a aula. É interessante utilizar algo que pertence aos
alunos, pois eles se sentem mais valorizados e ficam animados para participar da
atividade.
Fonte: Essa atividade foi inspirada nos Trechos da série “Castelo Rá-tim-bum” da Rede
Minas.
Duração: 20 minutos.
Materiais necessários:
Aparelho de som;
Piano;
Flauta doce;
Objetivos:
Incentivar a Performance;
Desenvolver a atenção.
Procedimento:
Mostrar alguns vídeos do Passarinho, que som é esse? A letra da canção dos vídeos
é sempre a mesma, mudando apenas o nome instrumento musical. Canção:
“Passarinho, que som é esse?/ Quem sabe o nome dele?/ Esse é o som do (nome do
instrumento musical)”. Para que os alunos definam o instrumento que foi utilizado,
o professor deve pausar o vídeo antes que o passarinho termine a canção e diga o
nome do instrumento. Logo após, o professor poderá apresentar o restante do vídeo.
Comentário:
As crianças ficaram curiosas para saber qual seria o instrumento musical que o
passarinho iria tocar. Os instrumentos musicais presentes nos vídeos foram: harpa,
flauta doce, bateria, piano, zamponha, violoncelo, vibrafone, saxofone, bandolim e
trompete. Vale ressaltar que os vídeos têm duração média de um minuto. Ao assistir
todos os vídeos, as crianças mantiveram alto nível de atenção.
Fonte: Adaptação de uma atividade exposta em reunião pedagógica com a Prof. Helena
Leite Mauro, no CMI/UFMG, no 1º semestre de 2012.
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
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Voz;
Fantoches;
Tambor;
Pandeirola;
Reco-reco;
Caxixi;
Coquinhos.
Objetivos:
Procedimento:
Professor pede que cada criança escolha um fantoche de animal. Logo após, fala
pede ás crianças que façam o som do seu animal e para as outras imitarem o som.
Professor deixa à disposição dos alunos alguns instrumentos de percussão, como por
exemplo: tambor, pandeirola, reco-reco, caxixi e coquinhos. Ele divide a turma em
dois grupos, um grupo que manipula os instrumentos e o outro que manipula os
fantoches de animais.
Comentário:
comunicam. Todos produziram diferentes sons: anasalados, grave e forte, agudo e fraco,
e sussurros. Foi perceptível que os diálogos possuíam início e fim, pelo fato de que as
crianças expressaram os sons emitindo diferentes entonações. Tipicamente, eles
esperavam o colega terminar a sua frase para começarem a sua, e incorporaram os
personagens. As crianças pareciam se transformar em fantoches e instrumentos
musicais.
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
Pandeirola.
Objetivos:
Vivenciar o silêncio;
Mostrar para os alunos que a música não é feita apenas com sons;
Desenvolver a atenção.
Procedimento:
Professor propõe um desafio aos alunos, e pede que eles passem a pandeirola para o
colega em silêncio, sem deixá-la emitir som.
Comentário:
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Realizamos esta atividade várias vezes consecutivas. Na primeira vez, todos produziram
algum ruído no instrumento. À medida que fomos realizando a atividade novamente, as
crianças ficaram mais concentradas e conseguiram realizar o desafio, permanecendo em
silêncio.
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
Objetivos:
Possibilitar a performance;
Favorecer a expressividade;
Desenvolver a atenção;
Socializar.
Procedimento:
Professor deve fazer algo que chame a atenção de cada “estátua” para ver se ela irá
mexer ou conseguirá permanecer estática.
Professor passa o pandeiro para um dos alunos. Ele deverá tocar o pandeiro e parar
de tocá-lo em certos momentos, para os demais colegas se transformem em estátuas.
Observação:
Comentário:
Todos foram ágeis para executar as ações, interagiram bastante e demonstraram alegria
ao comandarem o grupo. Cada aluno tocou o pandeiro de uma maneira diferente. Eles o
balançaram, tocaram no centro do pandeiro com a palma da mão, bateram na beirada do
instrumento com a ponta dos dedos. Alguns preferiram tocar assentados colocando o
instrumento no chão e tocando com as duas mãos. Consequentemente, eles exploraram
e produziram diferentes sonoridades no pandeiro, enriquecendo a atividade proposta.
Atividade: Garatujas
Fonte: Adaptação de uma atividade exposta em reunião pedagógica com a Prof. Helena
Leite Mauro, no CMI/UFMG, no segundo semestre de 2012.
Duração: 10 minutos.
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Materiais necessários:
Giz de cera;
Peças Musicais:
Objetivos:
Procedimento:
Professor diz que trouxe uma surpresa e pergunta para os alunos se eles conseguem
descobrir o que é.
Depois que os alunos expressarem suas ideias, o professor deve mostrar os gizes de
cera e dizer que eles são especiais, pois desenham tudo o que acontece em uma
música.
Professor entrega para cada aluno um papel kraft e deixa os gizes de cera
disponíveis para que os alunos os usem livremente.
Logo após, o professor toca no piano ou no aparelho de som o 1º movimento da
Sonata em Ré Maior, de Haydn, enquanto os alunos fazem o seu desenho.
Depois o professor disponibiliza outro papel kraft para os alunos e toca o Prelude de
Frederic Chopin para os alunos possam desenhar enquanto escutam a peça.
Em seguida, cada aluno mostra o seu desenho para turma e diz algo referente às
peças musicais e a maneira como as desenhou.
Observação:
O professor pode fazer algumas intervenções durante a atividade. Como por exemplo,
perguntar para as crianças como o giz está desenhando a música, e em seguida o porquê.
44
Comentário:
Essa atividade permitiu que as crianças escutassem as peças musicais de maneira mais
consciente. Todos ficaram atentos às músicas e se esforçaram para fazer suas garatujas o
mais parecido com os elementos musicais presentes nas obras. Na peça de Haydn, os
alunos desenharam gestos rápidos e incisivos. Já no processo de escuta da obra de
Chopin os alunos desenharam no papel gestos mais lentos e traços longos.
No final de cada obra falei para as crianças o nome dos compositores. Elas achavam
engraçados os nomes e se divertiam tentando pronunciá-los. Houve vários comentários
relacionados às peças. Na de Haydn, por exemplo, disseram: “Tô desenhando ela bem
rápida, porque parece que essa é a música do Flash (super-herói)” – “Agora eu vou fazer
igual o Flash” – “Essa música é feliz” – “O nome dele é de gente magro, ele deve ser
mais magro que você, professora”. Já na de Chopin disseram: Essa é mais calminha que
a outra!” – “Que bonita!”- “Tá muito devagar!”- “O nome dele parece champanhe!”-
“Ele deve ter bebido muito champanhe e ficou barrigudo!” –“Champanhe (Chopin) é
nome de gordo!”.
No término da atividade, todos pediram para levar os desenhos para casa e mostrar aos
pais. Eu escrevi o nome das músicas nos papeis dos alunos para que os pais soubessem
quais músicas eles escutaram na aula, e para estimulá-los a pesquisarem as músicas em
casa, dando oportunidade às crianças de escutarem as obras no dia a dia.
Todos gostaram desta atividade. Percebi que as crianças adoram desenhar. Fazer o
movimento do giz de cera no papel, representando a sonoridade da música, foi algo
fascinante para as crianças. Já realizei esta atividade pelo menos quatro vezes com os
alunos, porém com outras obras musicais. Eles sempre ficaram muito envolvidos e
interessados com a proposta.
Fonte: Adaptação de uma atividade exposta em reunião pedagógica com a Prof. Betânia
Parizzi, no CMI/UFMG, no primeiro semestre de 2013.
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
Aparelho de som;
Lenços coloridos.
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Peça musical:
Objetivos:
Procedimento:
Professor coloca no chão vários lenços coloridos e pede para cada criança escolher
um deles.
Observação:
O professor pode realizar algumas intervenções, como por exemplo: pausar a música
que os alunos se transformem em estátuas, perguntar o que está acontecendo na música.
Comentário:
Para estimular as crianças em alguns instantes, eu imitava alguns gestos que elas
faziam; elas imitavam alguns meus e dos colegas. As crianças giravam o corpo,
balançavam os panos coloridos em direções diferentes. Alguns trocavam de pano com o
colega e criavam uma maneira diferente para andar.
Foi gratificante observar a maneira que os membros da turma interagiam entre si e com
a música.
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
Peça musical:
Objetivos:
Socializar;
Estimular o canto;
Promover o contato com canções infantis;
Promover a vivência de pergunta e resposta;
Promover a vivência dos contrastes de dinâmica e de duração.
Procedimento:
Professor pede aos alunos que segurem o lençol e diz que todos foram para o mar.
Professor pede para que todos movimentem o lençol imitando o movimento do mar.
Ora imitando o mar agitado, ora o mar calmo.
Professor diz que o mar tinha muitos peixinhos. Nesse momento, o professor divide
a turma em dois grupos. Um grupo representará os marinheiros que navegavam pelo
mar, e continua movimentando o lençol, imitando o mar. O outro grupo representará
os peixinhos. Estes ficarão debaixo do lençol, mostrando que os peixinhos estão
dentro do mar.
Em seguida, o professor ensina a canção Peixinhos do Mar. Ele canta a canção completa
primeiramente, e depois apenas um verso de cada vez, pedindo aos alunos que o imitem.
Peixinhos do Mar
Todos cantam a canção imitando o mar agitado e depois imitando o mar calmo.
Depois os marinheiros cantam os dois primeiros versos e os peixinhos cantam os
dois últimos versos.
Alunos trocam de função. Quem era marinheiro vira peixinho, e quem era peixinho
e vira marinheiro. Eles cantam a canção novamente.
Comentário:
A divisão da turma em dois grupos permitiu dar maior ênfase ao jogo de pergunta e
resposta presente na canção. Nem todas as crianças cantaram a canção completa. Então,
eu cantei a canção interrompendo em alguns trechos para que as crianças completassem
o restante do verso.
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
Peça musical:
Objetivos:
Socializar;
Estimular o canto.
Procedimento:
Observação:
O professor pode levar o áudio da canção Cai cai balão, e colocar para tocar diferentes
arranjos da mesma.
Comentário:
Essa atividade proporcionou uma intensa interação entre os alunos. Aqueles que já
conheciam a canção ensinavam para os demais. Todos se divertiram ao jogar o balão
“na rua do sabão”. As crianças riram bastante. Quando a música terminava elas diziam
“de novo!” Por consequência, a atividade durou o dobro do tempo.
Em alguns momentos, os balões batiam uns no outros, alguns alunos deitavam debaixo
do buraco para pegar o balão que os outros arremessavam. Uma aluna jogou seu
cachorro de pelúcia no buraco para ele encontrar com o coelhinho. Os alunos tentaram
entrar no buraco e diziam que queriam ir para a rua do sabão.
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Foi interessante observar, que objetos tão simples, como o balão e um papel com um
buraco no meio, podem representar bons recursos pedagógicos, favorecendo a unidade
do grupo.
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
Objetivos:
Criar fraseados;
Procedimento:
Professor pede que os alunos formem uma roda assentados nas almofadas.
Professor diz que trouxe uma surpresa e pede que os alunos tentem descobrir o que
é.
Professor mostra a folha de papel A4 para os alunos e a coloca no centro da roda.
Professor pede que cada integrante do grupo explore o papel, produzindo diversas
sonoridades.
Professor faz uma curta sequência de sons utilizando a folha de papel e pede que os
alunos o imitem.
Logo após, cada aluno cria sua sequência de sons e os demais imitam.
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Comentário:
As crianças ficaram admiradas com a folha de papel. Para produzir variados sons com
este objeto, as crianças balançaram, esfregaram as mãos, deslizaram os dedos, sopraram,
rasparam a unha, e amassaram e desamassaram a folha.
Foi muito gratificante observar e fazer parte do processo dessa atividade. Foi
perceptível que cada sequência criada originou um fraseado que possuía início e fim. As
crianças imprimiram direcionamento e sentido à sonoridade que produziam. Elas
enriqueceram suas criações misturando os diferentes sons explorados, como por
exemplo, deslizando o dedo na folha e, em seguida, batendo palma, e finalizando a
sequência com sons anasalados.
Duração: 10 minutos.
Materiais utilizados:
Objetivos:
Estimular o canto;
Estimular a criação;
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Desenvolver a expressividade;
Socializar.
Procedimento:
Professor cria uma melodia com o seu nome, e em seguida os alunos fazem o
mesmo
Depois, cada integrante do grupo canta novamente o seu nome da maneira que
quiser. Os demais alunos devem repetir cada nome cantado, imitando aquele que o
apresentou.
Professor diz:
Comentário:
Todos quiseram entrar no castelo. Logo, todos cantaram. No início, alguns ficaram
tímidos, mas quando observavam os outros cantando, quiseram participar cantando
também. As crianças cantavam os seus nomes de diversas maneiras, como por exemplo,
repetindo o nome várias vezes consecutivas, alternando os planos de altura, ora mais
grave ora mais agudo, prolongando o som ao pronunciar a última sílaba, realizando
crescendos e decrescendos, realizando alguns ostinatos rítmicos (repetindo sequências
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Atividade: A Chuva
Duração: 10 minutos.
Materiais necessários:
Objetivos:
Estimular a criação;
Possibilitar a Performance;
Promover a atenção.
Procedimento:
Professor pede que cada aluno toque as claves da maneira que quiser.
Professor pergunta para os alunos com o que o som das claves parece.
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Professor escolhe uma das respostas dada pelos alunos e cria uma história com a
resposta do aluno, para a turma sonorizar.
Exemplo:
Comentário:
As crianças gostaram de tocar as claves, e foram muito criativas. Elas bateram uma
clave na outra, bateram as claves no chão, rasparam uma clave na outra, rolaram as
claves pelo chão, e em alguns momentos tocavam as claves utilizando apenas suas
extremidades.
Fonte: A ideia de criar motivos musicais para cada personagem da história pertence à
atividade “Chapeuzinho Vermelho” (2011, p.47). A história “A Princesa Mirela” foi
criada durante a aula pela turma. A ideia de encenar a história partiu dos próprios
alunos. A ideia de levar músicas para a turma selecionar a parte que combinaria com a
história foi da Prof. Helena Leite Mauro, quando compartilhei o que havia procedido na
primeira aula desta atividade, na reunião pedagógica do CMI/UFMG, em 2013.
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Duração: Essa atividade será dividida em duas aulas. O tempo de duração para cada
aula dependerá do grupo participante. Na minha turma durou cerca de 45 minutos cada
aula, pois os alunos estavam bastante envolvidos com a proposta.
Materiais necessários:
Piano;
Aparelho de som;
Câmera;
Objetivos:
Estimular a criação;
Favorecer a expressividade;
Possibilitar a Performance;
Possibilitar Sonoplastia;
Procedimento – Aula 1:
Todos criam juntos uma história com os personagens. Cada aluno deve tocar o
instrumento que corresponder ao personagem que aparecerá na história.
Após o término da história, o professor deverá recontar a história feita pela turma, e
os alunos devem sonorizar novamente os personagens.
Procedimento – Aula 2:
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Professor conta novamente a história criada pela turma, colocando para tocar as
músicas selecionadas, enquanto os alunos encenam a história.
Observação:
No último dia de aula do semestre, o professor pode fazer uma “seção cinema”,
convidando os pais e/ou responsáveis pelos alunos para assistirem juntamente com os
alunos a gravação da encenação da história.
Em um reino muito, muito distante, morava uma linda princesa, seu nome
era Mirela. Ela adorava conversar com os animais, cantar para as flores e
dançar a música dos pássaros.
Príncipe lutando com o fantasma mascarado: sons do tambor e claves, mais intenso,
começou devagar e foi acelerando aos poucos até a o Fantasma Mascarado ser
derrotado.
Antonio Lucio Vivaldi - Verão de As quatro estações: Princesa Mirela presa no castelo
Comentário:
As crianças ficaram muito empolgadas com essa atividade. Todas contribuíram para a
construção da história. Foram críticas, diziam que parte da história poderia ser
modificada, e cada uma participou dando sugestões sobre como a história deveria
acontecer. As meninas queriam fazer uma história sobre princesas e os meninos sobre
heróis e monstros. Eu tive que interferir dizendo que o personagem que cada aluno
associou a um instrumento não poderia ficar de fora da história. Então, as crianças se
animaram porque o seu personagem iria estar na história.
Quando recontei a história, as crianças ficaram atentas ao momento que iria aparecer
cada personagem para tocar o seu motivo musical. O som produzido em cada
instrumento se transformou na voz dos personagens. As crianças ficaram tão envolvidas
com a história que eles mesmo fizeram, que eu tive que recontá-la duas vezes.
Os alunos ficaram chateados quando a história acabou, e disseram que queriam fazer a
mesma história de novo. Nesse instante um dos alunos disse: “Eu vou ser o Fantasma
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Na aula seguinte, eu fiquei surpresa, duas alunas foram vestidas de princesa para a aula
por causa da história. Eu recontei a história e os alunos a encenaram. As crianças
incorporaram os personagens. Aproveitando o momento, levei sugestões de músicas que
poderiam combinar com as partes da história para que os alunos pudessem desenvolver
a escuta, o senso crítico e a sensibilidade. Mas, eu não disse qual música seria para cada
parte da história. No momento que a Princesa Mirela ficou presa na torre, por exemplo,
eu coloquei músicas que possuíam caráter musical diferenciado, e em seguida, eu
perguntava para os alunos o que eles achavam das músicas, eles dissera: “Essa é muito
triste”- “Essa tá muito feliz”- “Essa pode ser a da princesa presa”- “Essa é mais
engraçada, não pode ser a da princesa presa”- “Essa é igual o fantasma, parece que é de
malvado”- “Essa eu ainda não sei”.
Então, entendi que devo aplicar com mais intensidade na sala de aula essa
consciência que fui ganhando durante minha trajetória. Nas atividades apresentadas
incorporei ideias das crianças, objetos que elas levavam para a aula, algo que elas
gostavam, e assuntos que surgiam durante a aula. Como, por exemplo, na atividade “Os
pingos de tinta da caverna de Simba”, que versou sobre a história Simba, o filhote do
Rei Leão, porque uma das crianças havia levado para a aula o boneco de pelúcia deste
personagem. Outro exemplo é a atividade “Princesa Mirela”, que foi criada a partir da
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ideia das crianças. Elas criaram a história, sonorizaram cada personagem, opinaram
sobre as músicas que combinariam com cada trecho da história, organizaram o cenário,
e deram a sugestão de encenar a história. Eu fui apenas uma colaboradora nesse
processo.
Outras atividades possuem relações mais fortes com o trabalho realizado por
Schafer, como por exemplo, as atividades “A chuva”, “Passando a pandeirola” e
“Princesa Mirela”. Na atividade “A chuva”, a história contada e o conhecimento prévio
das crianças sobre a chuva, possibilitaram a criação de uma paisagem sonora, imitação
da chuva que é um som da natureza e uma produção sonora através da exploração das
claves. Quando foi realizada a atividade “Passando a pandeirola”, as crianças e eu
tentamos ouvir o silêncio, apreciamos uma paisagem sonora calma, modificamos a
sonoridade do ambiente, e, consequentemente, nossa relação com o som e com a sala de
aula. Em “Princesa Mirela”, houve a integração da música com outras artes, um dos
princípios da proposta de Schafer, pois além da exploração dos instrumentos musicais,
sonorização dos personagens, a escolha de músicas para a trilha sonora, e a criação de
climas sonoros, as crianças interpretaram a história como uma peça de teatro,
expressando a música corporalmente e realizando uma dança. Quanto aos aspectos
visuais, esta atividade teve a montagem do cenário.
sonoridade de uma folha de papel; “A Princesa Mirela” relaciona-se também com Orff
devido ao uso da criação do texto, uso de instrumentos de percussão na sonorização dos
personagens, e expressão corporal, e com Dalcroze em ocorrência da expressividade,
criação, e a prática que favoreceu a habilidade de escuta; “Garatujas” relaciona-se
também com Schafer, pois os alunos ouviram duas peças musicais e perceberam suas
diferenças.
REFERÊNCIAS