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Texto de informação
Texto 1
Tem quadra e raquete, mas não é tênis. Tem rede e set de 15 pontos, mas não é vôlei.
Tem peteca, mas não é tamboréu. É badminton, um divertido jogo que, apesar de ainda pouco
difundido no Brasil, é praticado por milhares de pessoas em mais de 100 países,
principalmente na Inglaterra, Dinamarca e nos países asiáticos. E mais: aprovado pelo COI
(Comitê Olímpico Internacional), o badminton será disputado oficialmente nos próximos Jogos
Olímpicos de Barcelona, em 1992, com premiação em quatro categorias.
A história conta que, por volta de 1870, oficiais da Marinha britânica descobriram, na
Índia, um jogo chamado poona. Levado para a Inglaterra — mais especificamente para a
cidade de Badminton, o jogo ganhou adeptos, regras e o nome que o acompanha até hoje. No
Brasil, o badminton vem ganhando destaque desde 1984, com a criação da Associação
Paulista de Badminton, filiada à IBP (International Badminton Federation), entidade
internacional que existe desde 1934.
O badminton é disputado em uma quadra de 13,4m de comprimento por 6,1m de largura,
dividida por uma rede de 76 cm fixada a uma altura de 1,55m. Usa como uma levíssima
peteca, agilmente golpeada no jogo por raquetes, mais leves e mais longas que as usadas no
tênis — devem medir entre 64 e 67 cm e pesar de 90 a 140g. A peteca tem 8,8 cm de
comprimento e pesa entre 4,73 e 5,5 g. A melhor é feita com penas de ganso, mas é cara —
custa cerca de 1 dólar — e dura muito pouco — em média, um set. A peteca de nylon é a
opção mais barata e durável. O uniforme dos jogadores de badminton é predominantemente
branco (70%), no melhor estilo tenista. No Brasil, a regra ainda não é obrigatória, mas deve se
tornar oficial no próximo ano.
Também como no tênis, o badminton pode ter partidas individuais ou de duplas. O
objetivo do jogo é devolver a peteca para o lado adversário, tentando fazer com que ela caia no
chão, dentro dos limites da quadra.
Sônia de Castilho, Badminton
Obs.: Brasil - medalha de ouro no Pan-americano de 2007
Texto de Opinião
Texto 2
Sempre me intrigou o fato de que os melhores alunos terminam não repetindo o sucesso
escolar vida afora e, ao mesmo tempo, que as pessoas de grande êxito em suas atividades
foram, frequentemente, maus alunos, ou pelo menos nada brilhantes. Não são inquietações
que me surgiram agora, mas já na época de estudante.
8 - texto Informativo - Opinião - Resenha 1
Nessa mesma época, de estudante secundário, comecei a sentir um profundo incômodo
com a vida estudantil. Quando criança, tinha muito prazer em ir ao colégio, em aprender
aquelas coisas novas todo dia, em resolver mistérios. A educação é o mecanismo de inserção
mais poderoso que há: com ela, penetramos no mundo e nos sentimos participantes da nossa
realidade. A grande parede de ignorância que nos barra da compreensão do universo vai aos
poucos sendo derrubada.
Mas, em um certo momento, lá pelo fim do primeiro grau, o encantamento se quebrou.
Não sei se eu é que perdi a ingenuidade, ou se foi a escola que mudou, mas ficou tudo
esquemático, mecânico e completamente broxante. A relação com o professor, que antes era
de companheirismo e admiração nessa viagem de descobrimento, virou burocrática e
antagonística. Pairava no ar o reconhecimento mútuo de que entrávamos em um teatro, onde
mestres e pupilos eram atores secundários e o papel principal ficava a cargo da mediocridade,
a se infiltrar e dominar tudo. Ela ditava que o nosso papel ali era de fingidores: o professor
fingia estar ensinando e se interessando pela inteligência de seus alunos, e o aluno fingia estar
aprendendo e absorvendo conhecimentos que lhe seriam úteis.
No fundo, todos sabiam que grande parte do que se ensinava ali era inútil e
desinteressante, mas, enfim, caía no vestibular, então o que é que se havia de fazer, né?
(...)
Por isso é que os bons alunos não raro têm vida escolar apagada, e os maus alunos se
saem bem: fora das paredes da escola, o espírito crítico, a imaginação e a vontade de fazer
diferente são fatores indispensáveis ao sucesso.
O que só comprova a impressão de que colégios viraram exatamente aquilo que eram
criados para combater: templos da gratificação da mediocridade e da mesquianharia; fortalezas
que massacram aquilo que há de espontâneo nos jovens, e os “preparam para a vida”, dando-
lhes a garantia de sobrevivência que é, ao mesmo tempo, garantia de uma vida sem saltos,
voltas, dúvidas, explosões, entusiasmos, descobertas, angústias e fascínios. Tudo, enfim, que
faz com que a vida valha a pena.
P.S. Antes que o tradicional espírito de porco pergunte se me imagino um gênio
incompreendido, confesso que passei minha temporada escolar perseguindo notas altas e me
empenhando em ser o melhor da classe, mesmo sabendo a falência moral que isso significava.
O que só me entristece e envergonha.
Gustavo Ioschpe, Por que a escola não serve pra (quase) nada.
Vamos agora ler outro texto de informação, um pouco mais complexo que o anterior.
Enquanto o primeiro era apenas um “manual de instruções” de um esporte, o que se segue
trabalha com informações que mexem diretamente com um sistema de valores, provocando no
leitor uma reação opinativa. Exemplo típico do jornalismo informativo contemporâneo.
Texto 3
lracemápolis é uma pacata cidade de 15.000 habitantes, a 160 quilômetros de São Paulo,
que se gaba de contar nos dedos de uma mão o número de presos que cumprem pena: são
apenas três. A violência é Coisa tão rara lá que nem chega a dar trabalho para os dezesseis
homens do efetivo da Polícia Militar. Em todo este ano, foram registrados apenas sete roubos.
Ainda assim, lracemápolis deixou-se contaminar pelo mesmo pavor que aflige as metrópoles e
tomou uma providência inusitada para manter a bandidagem longe de suas ruas. Nos próximos
meses, será a primeira cidade inteiramente cercada de que se tem notícia no país. O prefeito
Cláudio Consenza está tocando uma obra para isolar todo o perímetro urbano das rodovias
que margeiam o município. E um alambrado de 2,5 metros de altura construído ao redor de
toda a área habitacional, num percurso de quase 9 quilômetros.
8 - texto Informativo - Opinião - Resenha 2
“Quero transformar a cidade num grande condomínio fechado”, diz Consenza “Só assim
será possível manter a qualidade de vida que temos aqui e - futuros problemas de segurança.”
Quando a obra, orçada em 300.000 estiver concluída, no início do próximo ano, ninguém
entrará ou sairá de Iracemápolis As entradas do município receberão portais com guaritas de
segurança monitoradas por câmaras de vídeo 24 horas por dia, ligadas a uma central da
Policia Militar. Por enquanto, a cerca ocupa um trecho de 500 metros e divide um bairro de
classe média de uma movimentada rodovia, a SP 151. Foi exatamente ali que aconteceu o
último e mais violento roubo registrado no município, há dois meses. O aposentado José da
Silva saía de casa para uma caminhada quando foi surpreendido por dois assaltantes armados
que levaram sua caminhonete zero-quilômetro e o fizeram refém por uma hora sob a mira de
um revólver. Hoje, a cerca passa bem em frente a sua casa. “Estamos bem mais protegidos
agora”, diz ele.
A ideia de viver em condomínio fechado está sendo levada a sério pelos moradores. Eles
não dão a mínima importância ao fato de lracemápolís mais parecer uma cidade medieval
murada, uma ilha separada do mundo real por um alambrado. Alguns hábitos já começaram a
mudar no cotidiano das pessoas que vivem do lado de dentro da cerca. Até bem pouco tempo
atrás, raramente se viam crianças nas ruas nas áreas próximas às rodovias. Hoje, os pais
deixam que elas brinquem tranquilamente por ali.
(Rachel Verano, Iracemápolis)
Vejamos o assunto do texto, empregando 39 palavras:
A prefeitura de Iracemápolis, interior de São Paulo, está erguendo um alambrado em
torno da área urbana. Quando ficar pronto, ninguém entrará na cidade despercebido. Em toda
parte haverá câmaras conectadas à Polícia Militar. Os moradores aprovam o projeto.
O assunto pode ser resumido de forma mais direta ainda, em apenas 27 palavras.
A prefeitura de Iracemápolis, São Paulo, cercará a cidade por um alambrado e colocará
câmeras de vídeo ligadas à Polícia Militar, para proteger a cidade da violência.
ARTIGO DE OPINIÃO
Artigos de opinião publicados em jornais, revistas, sites discutem questões polêmicas que
afetam um grande número de pessoas. Além de exigir o uso da argumentação, supõem a
discussão de problemas que envolvem a coletividade. Compreender artigos de opinião,
portanto, é uma forma de estar no mundo de um modo mais inteiro, menos passivo, menos
alienado.
Entender o ponto de vista do outro e dialogar com ele, concordando ou discordando,
defender as próprias opiniões de forma sólida e convincente nos torna sujeitos da nossa
própria história.
Inicialmente, é necessário saber qual deve ser o conteúdo de um artigo de opinião.
Observe as afirmações abaixo:
Veja que as duas afirmativas iniciais são verdades científicas, portanto não cabe contestá-
las ou argumentar a favor ou contra. Já as outras duas dão conta de fatos ocorridos, diante dos
quais também não cabe nenhum tipo de contestação. Assim, nos quatro exemplos temos fatos
que não podem ser refutados. Entretanto, em relação aos últimos dois fatos, podemos
considerar: foi justo ou injusto o Brasil ter perdido o Oscar? O projeto encaminhado pelo
governo é equivocado (ou necessário)? Diante dessas perguntas cabem contestações,
refutações, opiniões diferentes. São afirmações que não dizem respeito a fatos
inquestionáveis, mas sim opiniões. Em matérias de opinião, como cada um tem a sua, só é
possível argumentar, sustentando sua posição com argumentos que são razões, evidências,
Se a questão apresenta abertura para posicionamentos diferentes é porque ela é uma
questão controversa ou polêmica, certo? Há questões controversas que afetam um grande
número de pessoas e há algumas que são particulares, pois interessam apenas a um número
reduzido de pessoas. Estas dificilmente se tornariam tema de um artigo de opinião de um
jornal; já, aquelas são o tema principal dos artigos de opinião que circulam em jornais e
revistas, pois seus assuntos podem incidir sobre temas políticos, sociais, científicos e culturais,
de interesse geral e atual. Normalmente essas questões surgem a partir de algum fato
acontecido e noticiado.
Mas, em geral, os artigos de opinião contêm os seguintes elementos:
1) Contextualização e/ou apresentação da questão em discussão.
2) Explicitação da posição assumida.
3) Utilização de argumentos que sustentam a posição assumida.
4) Consideração de posição contrária e antecipação de possíveis argumentos contrários à
posição assumida.
5) Utilização de argumentos que refutam a posição contrária.
6) Retomada da posição assumida e/ou retomada do argumento mais enfático.
7) Proposta ou possibilidades de negociação.
8) Conclusão (que pode ser a retomada da tese ou posição defendida).
Observe que esses elementos podem vir em qualquer ordem e nem todos precisam
aparecer num artigo de opinião.
Veja algumas questões controversas discutidas atualmente:
- A descriminalização do aborto.
- A restrição da propaganda de bebidas alcoólicas no Brasil.
- A maioridade penal deve ser reduzida?
Veja como essa estruturação é feita analisando a opinião sobre a descriminalização do aborto:
(1) "Ninguém é a favor do aborto. A pergunta é: a mulher deve ser presa? Deve morrer?" A
declaração é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Defensiva, retrata como é difícil debater a
descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação (há um projeto em tramitação no
Congresso). Pertinente, traz indagações que merecem discussão.
(2) Lula tem razão quando diz que ninguém é a favor do aborto. Colocar a discussão nesses
termos é transformar num Flá-Flu um grave problema de saúde pública que atinge sobretudo
os mais pobres. É simplificar nuances legais, morais, éticas, religiosas.
(4) De 1941, a lei brasileira só permite a interrupção da gravidez em dois casos: se resultado
de estupro e na hipótese de risco à vida da mãe. Fora disso, é crime. A pena pode chegar a
três anos de prisão.
(5) Os ministros José Gomes Temporão (Saúde) e Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres)
defendem a discussão e a eventual aprovação no Congresso da legalização do aborto até 12
semanas de gestação --período até o qual, segundo cientistas, não há relação entre os
neurônios.
(7) Para o Vaticano e outro grupo de cientistas, a vida começa na concepção (fecundação do
óvulo pelo espermatozoide). E essa vida dura até seu declínio natural. O papa, portanto, não
admite aborto, inclusive nos casos previstos na lei brasileira. E também é contra a eutanásia.
(8) A Igreja Católica, o papa Bento 16 e qualquer cidadão contrário ao aborto têm o direito de
defender seus pontos de vista e de lutar para que a legislação os contemple. As pessoas que
desejam a legalização do aborto até 12 semanas de gestação também.
(9) Nenhuma das partes possui o direito de impor à outra o seu desejo. Numa democracia
laica, essa decisão cabe ao conjunto da sociedade e aos legisladores _respeitando-se,
sempre, o direito das minorias.
(10) Mais: não será a legalização (ou descriminalização) do aborto até 12 semanas que
obrigará as seguidoras de Bento 16 a interromper a gravidez. Não parece razoável supor que o
número de abortos vá aumentar ou diminuir em função dessa eventual alteração da lei.
(11) Pesquisa Datafolha realizada em março mostrou que 65% dos entrevistados não desejam
mudar a atual legislação do aborto. Ou seja, é mínima a chance de modificação via plebiscito.
Ao longo do debate, talvez possa haver alteração desse quadro, mas não é o provável.
(12) Seria possível, entretanto, mostrar que a ciência avançou a ponto de poder, por exemplo,
detectar uma má-formação do feto que inviabilize a sua vida fora do útero. Nessa hipótese, é
justo impor a gestação à mulher? Enfim, um plebiscito daria pelo menos a chance de a
população ficar mais esclarecida.
(13) Mas Bento 16 e a Igreja Católica não aceitam plebiscito. Acusam os defensores da
descriminalização do aborto de serem defensores da morte. Dizem que são a favor da vida e
ponto, despejando dogmas com cartesianismo fundamentalista.
(14) Ora, interdição de debate não dá. Tampouco pressão política sobre o governo e o
Congresso na base de ameaça de excomunhão.
RESENHA
Agora que já estudamos o artigo de opinião – um gênero textual que circula, como vimos,
em jornais, revistas e sites objetivando discutir questões polêmicas que atingem um grande
número de pessoas - passemos ao estudo da resenha: outro gênero textual também
argumentativo e crítico que, além de circular em cadernos culturais de jornais e revistas, circula
também nas Universidades com diferentes funções, das quais uma nos interessa: a função
didática.
Sendo assim, significa que resenhas são utilizadas pelos professores, como trabalhos
solicitados aos alunos, uma vez que, como exercício de escritura, ela aciona várias
competências, em especial as de compreensão leitura, de síntese e de avaliação crítica.
A resenha nunca pode ser completa e exaustiva, já que são infinitas as propriedades e
circunstâncias que envolvem o objeto descrito. Deve-se proceder seletivamente, filtrando
apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de
uma intenção previamente definida. A importância do que se vai relatar numa resenha depende
da finalidade a que ela se presta.
É uma redação composta de um resumo crítico que permite comentários, opiniões,
comparação ou analogias com outras obras da mesma área e até de uma avaliação da
relevância da obra lida, com outras do mesmo gênero. (MACHADO, 2004).
Imaginemos duas resenhas distintas sobre um mesmo objeto, o treinamento dos atletas
para uma copa mundial de futebol: uma resenha destina-se aos leitores de uma coluna
esportiva de um jornal; outra, ao departamento médico que integra a comissão de treinamento.
O jornalista, na sua resenha, vai relatar que um certo atleta marcou, durante o treino, um gol
olímpico, fez duas coloridas jogadas de calcanhar, encantou a plateia presente e deu vários
autógrafos. Esses dados, na resenha destinada ao departamento médico, são simplesmente
desprezíveis.
Numa resenha de livros para o grande público leitor de jornal, não tem o menor sentido
descrever com pormenores os custos de cada etapa de produção do livro, o percentual de
direito autoral que caberá ao escritor e coisas desse tipo.
8 - texto Informativo - Opinião - Resenha 6
A resenha crítica consiste na leitura, resumo e comentário crítico de um livro ou texto.
Para a elaboração do comentário crítico, utilizam-se opiniões de diversos autores da
comunidade científica em relação às defendidas pelo autor e se estabelece todo tipo de
comparação com os enfoques, métodos de investigação e formas de exposição de outros
autores. Desse modo, a resenha crítica é pontuada de apreciações, notas e correlações
estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou, ou seja, é a apresentação do conteúdo de
uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica, da disposição das partes, do método, de
sua forma ou estilo e, se for o caso, da apresentação tipográfica, formulando um conceito do
livro.
1. Conhecimento completo da obra, não se deve limitar à leitura do índice, prefácio e de um ou
outro capítulo;
2. Competência na matéria exposta no livro, bem como a respeito do método empregado;
3. Capacidade de juízo crítico para distinguir claramente o essencial do supérfluo;
4. Independência de juízo; o que importa não é saber se as conclusões do autor coincidem
com as nossas opiniões, mas se foram deduzidas corretamente;
5. Correção, respeitando sempre a pessoa do autor e suas intenções;
6. Fidelidade ao pensamento do autor, não falsificando suas opiniões, mas assimilando com
exatidão suas ideias, para examinar cuidadosamente e com acerto sua posição;
Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista, mas deve-se tomar muito cuidado,
pois dependendo do lugar, pode-se fazer um livro mofar nas prateleiras ou transformar um filme
em um verdadeiro fracasso. As resenhas são ainda, além de um ótimo guia para os
apreciadores da arte em geral, uma ferramenta essencial para acadêmicos que precisam
selecionar quantidades enormes de conteúdo em um tempo relativamente pequeno.
3) Faça um resumo do texto. Selecione as ideias principais do autor do texto e monte outro
texto, o seu. Mas cuidado: resumo não é cópia de alguns trechos do texto, com as palavras do
autor. Resumo é um outro texto, um texto seu, em que você diz o que entendeu do texto, e
quais são as ideias principais do autor.
4) Eleja uma entre as principais ideias do texto. Todo texto contém várias ideias, que estão
postas em uma hierarquia. Há ideias principais e há ideias secundárias, periféricas. Eleja uma
ideia principal.
5) Analise a ideia escolhida. Procure traçar quais são os seus pressupostos, o que o autor
pressupõe para formular essa ideia. Procure traçar também as suas implicações, as
consequências que se pode retirar dessa ideia. Verifique quais as relações que a ideia central
estabelece no texto.
8 - texto Informativo - Opinião - Resenha 7
6) Emita um julgamento de verdade a respeito dessa ideia. Ela é verdadeira ou não? Se é
verdadeira, por quê? Se é falsa, por quê? Procure responder a essas perguntas com outros
argumentos que não os usados pelo autor do texto. É crucial que o julgamento seja "seu", e
não uma mera reprodução do que o autor pensa.
7) Faça tudo isso antes de começar a redigir o texto. Use um rascunho, se necessário. Apenas
depois de resolvidos os passos de 1 a 5 é que você estará pronto para escrever o texto, e
decidir sobre a sua organização. Não há ordem predeterminada: você pode começar o texto
pela sua conclusão, e depois explicá-la para o leitor (em forma de análise) e terminar por uma
apreciação mais genérica do texto (o resumo); ou você pode começar pelo resumo, passar à
análise e, em seguida, ao julgamento; ou você pode misturar as três coisas. É você que decide.
8) Reescreva, reescreva e reescreva. É conveniente que alguém faça uma resenha da sua
resenha e aponte o que tem de bom e o que necessitaria de revisão. Não se descuide de
aspectos de ordem formal: ortografia, gramática e pontuação merecem ser muito bem tratadas.
Tipos de Resenha
Na resenha acadêmica crítica, os oito passos a seguir formam um guia ideal para uma
produção completa:
1) Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai
resenhar;
2) Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a
ser resenhado;
3) Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo
ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;
4) Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto
resenhado;
5) Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião.
Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo comparações ou até mesmo
utilizando-se de explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que
utilizam mais de 3 parágrafos para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu
senso crítico.
6) Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar
para quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize elementos sociais ou
pedagógicos, baseie-se na idade, na escolaridade, na renda etc.
7) Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não
do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida e de algumas outras obras do
escritor ou pesquisador.
8) Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo
como “Acadêmico do Curso de XXXX da Universidade Paulista (UNIP)”
ESTRUTURA DA RESENHA CRÍTICA
Capa
Sumário
1- Introdução
2- Descrição do Assunto
3- Apreciação Crítica
4- Considerações Finais
8 - texto Informativo - Opinião - Resenha 8
5- Referências Bibliográficas
6- Anexos
Finalmente, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um assunto
(tema) em comum. Os passos são um pouco mais simples:
1) Apresente o tema: Diga ao leitor qual é o assunto principal dos textos que serão tratados e
o motivo por você ter escolhido esse assunto;
2) Resuma os textos: Utilize um parágrafo para cada texto, diga logo no início quem é o autor
e explique o que ele diz sobre aquele assunto;
3) Conclua: Você acabou de explicar cada um dos textos, agora é sua vez de opinar e tentar
chegar a uma conclusão sobre o tema tratado;
4) Mostre as fontes: Coloque as referências bibliográficas de cada um dos textos que você
usou;
5) Assine e identifique-se: Coloque seu nome e uma breve descrição do tipo “Acadêmico do
Curso de XXXX da Universidade Paulista (UNIP)”
Bibliografia
FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários.
Petrópolis: Vozes, 2003. 11ª ed. (Capítulos 8,9,11 e 13)
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática,
2004. (Lição 19)
RESENHA BIBLIOGRÁFICA
Tipo de resumo crítico, contudo mais abrangente: permite comentários e opiniões, inclui
julgamento de valor, comparação com outras obras da mesma área e avaliação da relevância
da obra em relação às outras do mesmo gênero, por isso normalmente a resenha é uma tarefa
para especialistas no assunto.
8 - texto Informativo - Opinião - Resenha 10
Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar
cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem. O
objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade (um jogo de futebol, uma
comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma peça
de teatro, um filme).
A resenha é informativa, ou puramente descritiva quando apenas expõe o conteúdo do
texto, sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador; é crítica quando manifesta sobre
o valor e o alcance do texto analisado, pontuada de apreciações, notas e correlações
estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou; é crítico-informativa quando expõe o
conteúdo e tece comentários sobre o texto analisado.
A linguagem segue os padrões da linguagem científica das redações acadêmicas,
respeitando as opiniões expressas no texto estudado com fidelidade, sem deformação das
ideias nem procura de polêmica apaixonada. O autor da resenha deve conhecer bem o assunto
e ter espírito crítico capaz de perceber; no conjunto e nas partes, os valores críticos.
A resenha distribui-se, geralmente, em partes que podem não estar indicadas com
títulos.
Introdução com as referências bibliográficas e dados sobre o autor.
Resumo do conteúdo.
Análise com julgamentos de valores dos pontos mais importantes ou controversos. Em
obras literárias, estuda-se a construção das personagens, psicológica e socialmente.
Apreciação da obra quanto ao seu valor científico ou estético em visão crítica objetiva,
imparcial, sem digressões, que mais ressaltam as ideias do resenhador que do resenhado.
Avalia-se a importância da obra dentro da área de atuação.
Conclusão que abranja o valor do conjunto todo da obra.
Resenha informativa ou descritiva consta de uma parte descritiva com nome(s) do(s)
autor(es); título completo e exato da obra (ou artigo): nome da editora e, se for o caso, da
coleção de que faz parte a obra; lugar e data da publicação; número de volumes e páginas. E
uma parte com o resumo do conteúdo da obra com indicação sucinta do assunto global da obra
(assunto tratado) e do ponto de vista adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método,
tom etc.); resumo que apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.
O Diário de uma garota (Record, Maria Julieta Drummond de Andrade) é um texto que
comove de tão bonito. Nele o leitor encontra o registro amoroso e miúdo dos pequenos nadas
que preencheram os dias de uma adolescente em férias, no verão antigo de 41 para 42.
Acabados os exames, Maria Julieta começa seu diário, anotando em um caderno de
capa dura que ela ganha já usado até a página 49. É a partir daí que o espaço é todo da
menina, que se propõe a registrar nele os principais acontecimentos destas férias para mais
tarde recordar coisas já esquecidas.
O resultado final dá conta plena do recado e ultrapassa em muito a proclamada
modéstia do texto que, ao ser concebido, tinha como destinatária única a mãe da autora, a
quem o caderno deveria ser entregue quando acabado.
E quais foram os afazeres de Maria Julieta naquele longínquo verão? Foram muitos,
pontilhados de muita comilança e de muita leitura: cinema, doce-de-leite, novena, o Tico-Tico,
doce-de-banana, teatrinho, visita, picolés, missa, rosca, cinema de novo, sapatos novos de
camurça branca, o Cruzeiro, bem-casados, romances franceses, comunhão, recorde de
gravuras, Fon-Fon, espiar casamentos, bolinho de legumes, festas de aniversário, Missa do
Galo, carta para a família, dor-de-barriga, desenho de aquarela, mingau, indigestão... Tudo
parecia pouco para encher os dias de uma garota carioca em férias mineiras, das quais
regressa sozinha, de avião.
Tantas e tão preciosas evocações resgatam do esquecimento um modo de vida que é
hoje apenas um dolorido retrato na parede. Retrato, entretanto, que, graças à arte de Julieta,
escapa da moldura, ganha movimentos, cheiros, risos e vida.
O livro, no entanto, guarda ainda outras riquezas: por exemplo, o tom autêntico de sua
linguagem, que se, como prometeu sua autora, evita as pompas, guarda, não obstante, o
sotaque antigo do tempo em que os adolescentes que faziam diários dominavam os pronomes
cujo/a/os/as, conheciam a impessoalidade do verbo haver no sentido de existir, e empregavam,
sem pestanejar, o mais-que-perfeito do indicativo quando de direito...
Outra e não menor riqueza do livro é o acerto de seu projeto gráfico, aos cuidados de
Raquel Braga. Aproveitando para ilustração recortes que Maria Julieta pregava em seu diário e
reproduzindo na capa do livro a capa marmorizada do caderno, com suas lombadas e
cantoneiras imitando couro. O resultado é um trabalho em que forma e conteúdo se casam tão
bem que este Diário de uma garota acaba constituindo uma grande festa para seus leitores.
(Marisa Lajolo, Jornal da tarde)
A DIVERSIDADE CULTURAL