O Iluminismo, ou também Ilustração, pode ser definido como um
movimento de pensadores e idéias que se originou ainda no século XVII e teve
seu desenvolvimento pleno ao longo do século XVIII. É importante destacar que as raízes do pensamento Iluminista remontam ao florescimento da Revolução Científica iniciada século XVI, que veio a transformar a visão de mundo e de homem da Europa do período moderno, trazendo o racional como o alicerce maior na produção de conhecimento.
O termo Iluminismo faz uso de uma contraposição de sua época com o
período histórico anterior em curso na Europa, a Idade Média. Na visão dos pensadores iluministas, o tempo da Ilustração foi o Século das Luzes, que cintilava sobre as trevas da ignorância que observavam no mundo medieval, que pautado na fé e nos dogmas cristãos para explicar sua realidade, era visto como sinônimo de ignorância.
De modo geral, os Iluministas se caracterizavam pela oposição aos
dogmas religiosos, proclamando o pensamento autônomo e crítico como o instrumento para a constituição de uma nova sociedade, apoiada na liberdade e contrária aos governos autoritários e absolutistas.
Muitos dos maiores representantes da corrente Iluminista são
amplamente conhecidos no campo da filosofia, influenciando diversos ramos do pensamento como a moral, a política e a ciência. Dentre esses nomes podemos citar: Voltaire e sua defesa da liberdade de expressão, da liberdade religiosa e ao Absolutismo; Montesquieu, teórico crítico ao Absolutismo que propõe a separação total entre religião e a política conjuntamente da separação do poder do Estado em três: Poder Legislativo, Judiciário e Executivo. Outro exemplo é Denis Diderot, precursor da organização da Enciclopédia, obra que aborda temas relacionados à produção científica de conhecimento e das Artes em geral.
Contudo, é muito comum tratar o Iluminismo, até pela fama de seus
representantes, como um movimento quase que exclusivamente francês, associando-o diretamente ao processo de eclosão da Revolução Francesa. A França foi, certamente, local de intenso desenvolvimento do pensamento Iluminista, mas que representa apenas parte da amplitude do que chamamos de Iluminismo.
Podemos observar claras repercussões das idéias Iluministas, por
exemplo, do outro lado do Oceano Atlântico, inspirando a Revolução Americana que originou os Estados Unidos com o processo de Independência da Inglaterra ainda na década de 1770. Mesmo no continente Europeu, as Ilhas Britânicas também tiveram lugar de grande importância na constituição e desenvolvimento da Ilustração.
Na Escócia, duas figuras são de destacada relevância: David Hume e
Adam Smith. Hume foi um filósofo que se dedicou em grande medida a refletir sobre como o conhecimento é produzido, postulando que a experiência sensível e empírica do ser humano em conexão com as disposições mentais e racionais são os mecanismos pelos quais se constrói conhecimento, impactando diretamente no modo pelo qual se estrutura o pensamento científico. Já Smith em sua clássica obra A Riqueza das Nações se debruçou em analisar o sistema econômico mercantil posto no século XVIII, lançando as bases para o liberalismo econômico, examinando a ação individual e do interesse próprio na geração de riqueza, e também a divisão especializada do trabalho como pontos fundamentais de sua argumentação.
Na Inglaterra, um dos grandes precursores do pensamento Iluminista foi
Isaac Newton, cientista que teve grande impacto na formulação de leis científicas gerais da natureza, fundamento da ciência clássica, como a lei da gravitação universal.
Grande nome do Iluminismo Inglês, John Locke, apoiado na relativa
maior liberdade de pensamento observada na Inglaterra após a Revolução Gloriosa de 1688, em comparação com nações europeias nas quais a Igreja Católica tinha maior autoridade como Espanha e Portugal, concebeu uma filosofia que se assenta essencialmente na oposição ao Absolutismo.
Para Locke, o mundo político se forma por meio de um contrato social,
firmado entre os homens, que abdicam de seu Estado de natureza e investem uma autoridade de poder para que resguarde os direitos naturais do ser humano, o direito à vida, à propriedade e à liberdade, opondo-se a idéia de que a autoridade do governante procede de Deus. Para assegurar o respeito a esses direitos, Locke sugere a divisão dos poderes do Estado, como Montesquieu e que caso não sejam respeitados, ao povo é reservado ao povo o direito à rebelião.
Assim, as idéias de Locke foram indispensáveis para a formação do
pensamento liberal e a criação da Monarquia Parlamentarista Inglesa ainda no século XVIII, na qual o Monarca representa apenas a chefia do Estado, tendo seus poderes limitados pelas leis fundamentais previstas na Constituição, cabendo ao representante eleito pelo povo, no caso Inglês o primeiro-ministro, as decisões políticas que afetam a nação interna e externamente, junto ao Parlamento e às instâncias jurídicas. Citar os precursores