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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA À DISTÂNCIA

ANA MARIA QUARESMA DOS SANTOS


FÁBIO HENRIQUE DA COSTA SANTOS
REINALDO MELO DE OLIVEIRA

TEOREMA DE PITÁGORAS:
DEMONSTRAÇÕES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

Macapá/AP
2015
1

ANA MARIA QUARESMA DOS SANTOS


FÁBIO HENRIQUE DA COSTA SANTOS
REINALDO MELO DE OLIVEIRA

TEOREMA DE PITÁGORAS:
DEMONSTRAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à


Universidade Federal do Amapá como requisito
parcial, para a obtenção do título de Licenciatura
Plena em Matemática, sob a orientação do Professor
Esp. Steve Araújo.

Macapá/AP
2015
2

ANA MARIA QUARESMA DOS SANTOS


FÁBIO HENRIQUE DA COSTA SANTOS
REINALDO MELO DE OLIVEIRA

TEOREMA DE PITÁGORAS
DEMONSTRAÇÕES

A banca examinadora abaixo-assinada aprova o


Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à
Universidade Federal do Amapá como requisito
parcial, para a obtenção do título de Licenciatura
Plena em Matemática, sob a orientação do Professor
Esp. Steve Araújo.

BANCA EXAMINADORA

Aprovada em:____/____/____

___________________________________________________
Orientador: Prof. Esp. Steve Wanderson Calheiros de Araújo

___________________________________________________
Primeiro Avaliador

___________________________________________________
Segundo Avaliador
3

Agradecemos a Deus, às nossas famílias, aos nossos pais e


amigos pelo apoio na realização deste trabalho. A todos,
dedicamos.
4

AGRADECIMENTOS

ANA MARIA QUARESMA DOS SANTOS


FÁBIO HENRIQUE DA COSTA SANTOS
REINALDO MELO DE OLIVEIRA

Agradecemos primeiramente a Deus por nos ter mantido com saúde e força de
vontade durante toda a jornada que nos conduziu até a consolidação dos nossos objetivos.
Ao Departamento do Curso de Matemática à Distanciada Universidade Federal do
Amapá pela oportunidade oferecida.
Ao Professor Esp. Steve Araújo, orientador, pela dedicação, conhecimentos
transmitidos e confiança depositada na realização deste trabalho.
À coordenação do curso de Matemática à Distância pela política de incentivo à
produção acadêmica.
Aos Tutores à distância e presenciais,

A todos, nossa eterna gratidão.


5

A Evolução é a Lei da Vida, o Número é a Lei do Universo, a Unidade é a Lei de Deus.

(PITÁGORAS, HTTP://KDFRASES.COM)
6

Lista de Figuras

Figura 3.1.1: Fragmento de tablete do Museu da Universidade de Yale............................ 16


Figura 3.1.2: Superposição de quatro triângulos 3, 4, 5 – Chou-pei .................................. 17
Figura 3.1.3: Demarcação da Fig.3.1.2............................................................................... 18
Figura 3.2.1: Representação geométrica do Teorema de Pitágoras.................................... 20
Figura 5.1: Prova do Teorema de Pitágoras por várias civilizações................................... 24
Figura 6.1.1: Prova do Teorema de Pitágoras através de triângulos isósceles.................... 27
Figura 6.2.1: Prova do Teorema de Pitágoras através de quadriculados ........................... 28
Figura 6.2.2: Chou-pei antigo trabalho matemático chinês................................................ 28
Figura 6.3.1: Triangulo retângulo com altura h e projeções m e n dos catetos c e b
respectivamente..................................................................................................................... 29
Figura 6.4.1: Ilustração da atividade usando áreas ............................................................. 30
Figura 6.5.1: Ilustração da atividade experimental ............................................................. 31
Figura 6.6.1.......................................................................................................................... 32
Figura 6.6.2......................................................................................................................... 32
Figura 6.7.1. ........................................................................................................................ 33
Figura 6.8.1. ........................................................................................................................ 34
Figura 6.9.1......................................................................................................................... 35
Figura 6.10.1 ...................................................................................................................... 36
Figura 6.11.1........................................................................................................................ 37
Figura 6.11.2 ....................................................................................................................... 38
Figura 6.11.3 ....................................................................................................................... 39
Figura 6.11.4....................................................................................................................... 41
Figura 6.12.1........................................................................................................................ 41
Figura 6.13.1........................................................................................................................ 42
Figura 6.14.1 ....................................................................................................................... 44
Figura 6.16.1........................................................................................................................ 46
Figura 6.17.2 ....................................................................................................................... 48
Figura 6.18.1........................................................................................................................ 49
7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 14
2.1 PITÁGORAS – BREVE HISTÓRICO ......................................................................... 14
3 TEOREMA DE PITÁGORAS ...................................................................................... 16
3.1 O TRIANGULO 3, 4 E 5 .............................................................................................. 16
3.2 ENUNCIADO DO TEOREMA DE PITÁGORAS ...................................................... 19
4 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E AS DEMONSTRAÇÕES...................................... 21
4.1 SISTEMAS AXIOMÁTICOS ...................................................................................... 21
5 DEMONSTRAÇÕES DO TEOREMA DE PITÁGORAS ........................................ 21
6 PROVAS DO TEOREMA DE PITÁGORAS ............................................................. 24
6.1 DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS ATRAVÉS DE
TRIANGULOS ISÓSCELES ............................................................................................. 27
6.2 DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS A TRAVÉS DE
QUADRICULADOS .......................................................................................................... 27
6.3 DEMONSTRAÇÃO PELA PROVA CLÁSSICA ....................................................... 29
6.4 DEMONSTRTAÇÃO USANDO ÁREAS ................................................................... 30
6.5 DEMONSTRAÇÃO GEOMÉTRICA .......................................................................... 31
6.6 PROVA ......................................................................................................................... 32
6.7 DEMONSTRAÇÃO DE BHÁSKARA ........................................................................ 33
6.8 DEMONSTRAÇÃO: PRESIDENTE JAMES ABRAM GARFIELD ........................ 4
6.9 DEMONSTRAÇÃO COM A FÓRMULA DE HERON ............................................ 35
6.10 DEMONSTRAÇÃO DE LEONARDO DA VINCI ................................................... 36
6.11 DEMONSTRAÇÃO DE EUCLIDES ........................................................................ 37
6.12 PROVA: A GENERALIZAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS
(MATEMÁTICO HÚNGARO GEORGE POLYA, 1897-1985) ...................................... 40
6.13 DEMONSTRAÇÃO USANDO UMA CIRCUNFERENCIA (ATRIBUÍDA A
RICHARDSON IN RUNKLE’S MATHEMATICAL, JOURNAL, 1859)........................ 41
6.14 DEMONSTRAÇÃO USANDO A BISSETRIZ DE UM ÂNGULO (OUTRO
CASO DE SEMELHANÇA DE TRIANGULO ATRIBUÍDO A RICHARDSON-
MATH.MO.; 1859) ............................................................................................................. 42
8

6.15 DEMONSTRAÇÃO ATRAVÉS DE UM CASO PARTICULAR DO TEOREMA


DE PTOLOMEU, SÉCULO II D.C. ................................................................................... 43
6.16 DEMONSTRAÇÃO POR DISSECÇÃO DE ÁREAS (ATRIBUIDA A HENRY
ERIGAL LIVREIRO DE LONDRES, 1873) ..................................................................... 43
6.17 DEMONSTRAÇÃO POR TRANSPOSIÇÃO DE ÁREAS (ATRIBUÍDA A LIU
HUI, 70 D.C.) .................................................................................................................... 47
6.18 DEMONSTRAÇÃO POR TRANSPOSIÇÃO DE ÁREAS (ATRIBUIDA AO
ÁRABE NASIR-ED-DIN 1201-1274) .............................................................................. 45
6.19 DEMONSTRAÇÃO USANDO EQUIVALENCIA DE ÁREA, AM. MATH. MO.
1897 ..................................................................................................................................... 49
6.20 DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS A TRAVÉS DE
RECORTE ........................................................................................................................... 50
7 TEOREMA RECIPROCO E CONTRÁRIO DO TEOREMA DE PITÁGORAS.. 55
7.1 DEMONSTRAÇÃO DA RECÍPROCA DO TEOREMA DE PITÁGORAS............... 55
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 59
9

RESUMO

A presente monografia que constitui esse Trabalho de Conclusão de Curso – TCC é resultado
de pesquisas sobre Pitágoras, o seu Teorema, como também suas várias maneiras de
demonstrações. Veremos, inicialmente, um breve histórico de como a matemática foi
incorporada na vida do homem e como ele passou a utilizá-la na resolução de situações
problemas ocorridas no seu dia-a-dia, em seguida fazemos referência a uma abordagem
histórica sobre a vida de Pitágoras. Para isto utilizou-se referenciais de vários autores que
pesquisam sobre a história da matemática como também se aproveitou a oportunidade para
abordar os elementos que compõe o triângulo retângulo, a proposição que relacionam os seus
lados e os primeiros métodos de demonstrações. Por fim serão desenvolvido e demonstrado o
Teorema de Pitágoras, tanto no campo geométrico, que são demonstrações que envolvem
comparações de áreas, como também no campo algébrico onde são demonstrações baseadas
nas relações métricas do triângulo retângulo.

Palavras – chave: Pitágoras. Teorema. Demonstrações.


10

ABSTRACT

This monograph is that of course work Conclusion - TCC is the result of research on
Pythagoras, his theorem, as well as their various ways of statements. We will see, initially, a
brief history of how the math was incorporated in man's life and how he came to use it in
problem solving situations that have occurred in their day-to-day, then we refer to a historical
approach to life Pythagoras. For this we used benchmarks of many authors who research on
the history of mathematics but also took advantage of the opportunity to address the elements
that make up the right triangle, the proposition that relate their sides and the first methods
demonstrations. Finally it will be developed and demonstrated the Pythagorean Theorem in
both the geometric field, which are statements that involve areas of comparisons, as well as in
algebraic field where statements are based on the metric relations of the right triangle.

Key – words: Pythagoras. Theorem. Statements.


11

1 INTRODUÇÃO

A noção de número e suas generalizações estão fortemente vinculadas à história da


humanidade. A própria vida está impregnada de matemática e boa parte das comparações que
o homem fórmula acena conscientemente ou não a juízos aritméticos e propriedades
geométricas. Sem esquecer que a ciência, a indústria e o comércio nos colocam em
permanente contato com o amplo mundo da matemática.
As primeiras concepções matemáticas de forma e número surgiram no tempo das
cavernas (período Paleolítico). Neste período, a necessidade do homem primitivo de estimar
quantidades de alimentos, pessoas e animais contribuiu para o surgimento do conceito de
número, este iniciou com a simples percepção de diferenças e semelhanças e evoluiu através
de contagens primitivas com uso de pedras, ossos e dedos das mãos. Em um enfoque inicial, é
imprescindível destacar esse surgimento das primeiras ideias de número, grandeza e forma
que foram registrados através de entalhes em ossos e pinturas nas cavernas. (BARASUOL,
2006).
O desenvolvimento de argumentos matemáticos aconteceu de forma gradual e
perceptiva através da criação e recriação da Matemática de acordo com as necessidades dos
sujeitos históricos. Alguns povos antigos encontraram maneiras de representar e registrar o
tempo por meio dos movimentos do Sol, da Lua e das Estrelas (BARASUOL, 2006).
Os conhecimentos matemáticos foram se aperfeiçoando com o passar do tempo pelas
pequenas civilizações, havendo progresso através da formação das cidades e da necessidade
dos povos que aumentava consideravelmente.
A intensificação e rapidez da aquisição e desenvolvimento matemático aconteceram
no Egito com a criação de técnicas de medição e demarcação de terras em relação às águas do
rio Nilo e com os registros em papiros (espécie de papel da época) os quais foram propagados
e conhecidos ao longo do tempo. Os escribas utilizavam conceitos matemáticos devido aos
tesouros reais da Babilônia. A matemática na época não era utilizada como uma ciência
organizada e sim para solucionarem situações práticas da vida diária. Assim, de acordo do
Viana & Silva (2007, p. 3):

[...] O conhecimento da História da Matemática possibilita perceber que as


teorias que hoje aparecem acabadas e elegantes resultaram de desafios que os
matemáticos enfrentaram e que foram desenvolvidas com grande esforço,
quase sempre, numa ordem bem diferente daquela em que são apresentadas
após o processo de formalização. [...]
12

A História da Matemática é um campo de investigação das origens, descobertas,


métodos e notações matemáticas desenvolvidas das antigas civilizações. E através dela os
povos conseguiram desenvolver os alicerces de várias áreas que futuramente comporiam o
que chamamos de Matemática.
Há mais de quatro milênios, o homem, aprende e usa a matemática, embora o seu
ensino seja relativamente recente, em muitos países, para uma grande parte de sua população.
Em sua trajetória vários acontecimentos, bem como grandes personagens
contribuíram para a sua evolução sendo citados e tidos como referência até os dias de hoje.
Dentre eles podemos citar Pitágoras que segundo Boyer (2010), está envolto em lendas e
apoteoses. Pitágoras era um profeta e um místico, nascido em Samos entre 570 a.C. e 571 a.C.
várias foram suas biografias escritas na antiguidade, mas se perderam com o tempo.
Pitágoras foi fundador de uma escola de pensamento grego denominada em sua
homenagem de pitagórica e a ele também está associado o Teorema que relaciona os lados de
um triângulo retângulo que é universalmente conhecido pelo seu nome: Teorema de Pitágoras.
Mesmo sendo um Teorema já conhecidos pelos babilônicos dos tempos de Hamurabi1 há mais
de um milênio antes, é creditado a Pitágoras a primeira demonstração desse teorema.
O Teorema de Pitágoras e considerado pelos vários estudiosos da matemática como
um dos mais importantes da história. Vários resultados importantes em geometria teórica,
bem como da solução de problemas práticos relacionados às medidas, foram descobertos
através desse teorema. O fato é que o Teorema de Pitágoras é considerado um dos mais
famosos e úteis da geometria elementar o que foi demonstrado por várias civilizações no
decorrer da história. (GASPAR, 2003).
Barbosa (1993) cita que o professor de matemática Elisha Sott Loomis do estado de
Ohio, nos Estados Unidos reuniu 230 demonstrações do teorema num livro publicado em
1927; e na segunda edição do livro, de 1940, ampliou esse número de demonstrações para
370. Assim, é imprescindível que cada professor de matemática cabe o conhecimento de pelo
menos uma demonstração, para que utilize em suas aulas aquela ou aquelas que melhor se
adaptem ao seu curso e preferencialmente permitam a participação dos alunos. Ainda, de
acordo com Barbosa (1993), é necessário no ensino o entendimento de prova no sentido de
prova adequada, com uso de demonstrações que esteja de acordo com o nível de informações
e conhecimento do educando, pois só assim haverá um juízo do rigor inerente a essa
adaptação.
13

Portanto, o objetivo deste trabalho é buscar entender e divulgar outras tantas


demonstrações existentes do Teorema de Pitágoras, além das demonstrações tradicionais, para
que sirvam de alicerce a professores de matemática e áreas afins. Tais demonstrações devem
ser trabalhadas de forma a proporcionar um aprofundamento do conhecimento dos alunos em
relação ao tema. Utilizando aquelas que melhor se adaptem ao momento e que possam atrair
os alunos para a sua construção.
14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Pitágoras – Breve Histórico

Pitágoras foi um importante matemático e filósofo grego. Nasceu no ano de 570 a .C


na ilha de Samos, na região da Ásia Menor (Magna Grécia). Provavelmente, morreu em 497
ou 496 a.C em Metaponto (região sul da Itália). Embora sua biografia seja marcada por
diversas lendas e fatos não comprovados pela História, temos dados e informações
importantes sobre sua vida.
O Grande Mestre, como era chamado por seus discípulos, nasceu em Samos, uma
pequena ilha próxima à região da Jônia (parte asiática das colônias gregas), mas fundou sua
escola (Escola Itálica) na região da Magna Grécia, atual sul da Itália. É a ele que atribuímos a
invenção da palavra Filosofia. É também o criador do famoso Teorema de Pitágoras (que
revelam que em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa – maior lado – é igual à
soma dos quadrados dos catetos – os outros lados que formam 90º).
Pitágoras, que viveu no séc. V a.C., é classificado na história da filosofia como um
pré-socrático por também atribuir um princípio que origina toda a realidade. Sua escola
desenvolveu uma linha de pensamento que se estendeu de Filolau, Árquitas e Platão até
Galileu, Giordano Bruno, Leibniz, Kepler e Newton: a de que a realidade é composta por
números.
Para Pitágoras e seus seguidores, a Natureza é constituída de um sistema de relações
e proporções matemáticas derivadas da Unidade (que ele concebia como sendo o número 1 e a
figura geométrica ponto). Desta, surgia à oposição entre números pares e ímpares que se
desdobravam em figuras geométricas como superfície e volume para produzir a realidade
visível. As várias combinações entre estes elementos apareciam aos nossos sentidos como
qualidades contrárias, como quente-frio, seco-úmido, claro-escuro, duro-mole, etc.
Segundo Pitágoras, o pensamento alcança a realidade em sua estrutura matemática
enquanto os sentidos alcançam o modo como esta estrutura aparece para nós. Os pitagóricos
foram os primeiros a cultivarem as matemáticas de modo sistemático, notando que todos os
fenômenos naturais são traduzíveis por relações numéricas e representáveis de modo
matemático. Perceberam também que a música (foi Pitágoras quem descobriu as 7 notas
musicais) obedecia leis de harmonia matemática e que também o universo, natural e humano,
se submetia a essas leis (cada número representava uma característica ou uma qualidade,
como justiça, amor, Deus, etc.).
15

Hoje, o número é considerado como uma abstração da mente, um ente da razão. Mas
para os antigos eles eram a própria coisa, o ser real em sua unidade básica constitutiva, sendo,
pois, um princípio originário.
Os ciclos da natureza, das estações do ano e etc. eram também subordinados à lei
numérica. A partir disso, Pitágoras foi levado a pensar que a alma também obedece a esses
ciclos, criando assim a teoria da reencarnação cíclica, da qual hoje a religião cristã espírita é
seguidora, bem como a budista é semelhante. Nelas, a reencarnação é um processo natural que
obedece a uma ordem cósmica cíclica para expiação (penitência ou castigo) de uma culpa
original. Há também a Metempsicose que o Grande Mestre possuía como um dom de
transmigração da alma, isto é, poderia concentrar de tal modo o pensamento que a alma sairia
do corpo e viajaria a qualquer lugar do universo.
É curioso notar que, apesar do pensamento pitagórico assemelhar-se a uma síntese
entre filosofia e religião, a catarse ou purificação das expiações da alma em seus ciclos
reencarna tórios era realizada a partir da busca do conhecimento da verdade. Seu misticismo
vigora ainda hoje nas seitas espíritas, mas também naquelas que mais problemas criaram à
Igreja Católica durante a história: a maçonaria, da qual faziam parte grandes pensadores
(como Leonardo Da Vinci) que usavam o conhecimento matemático para descrever e
construir a realidade do mundo, mas que permaneciam crentes na Unidade que originava todo
o universo, Unidade a qual atribuíram à divindade, sendo, portanto, a clássica categorização
de DEUS-UNO (fundamento do monoteísmo, ou seja, que Deus é um só).
16

3 TEOREMA DE PITÁGORAS
3.1 O triângulo 3, 4 e 5

Existem provas concretas que os babilônios antigos conheciam o Teorema de


Pitágoras. Muitos tabletes de barros do período 1800 a 1600 a.C. foram encontrados,
decifrados e hoje se encontram em vários museus. Um deles, chamado Pipliton 322 está na
Universidade de Columbia e o fragmento que foi preservado mostra uma tabela de 15 linhas e
3 colunas de números. Os pesquisadores descobriram que esta tabela continha ternos
pitagóricos, ou seja, lados de um triângulo retângulo. Como o que restou é apenas um pedaço
de um tablete, que deveria fazer parte de um conjunto de tablete, não se sabe como esses
números foram encontrados. Mas uma pista que os babilônios conheciam alguma forma de
encontrar esses números está em um tablete guardado, hoje, no Museu Britânico. Nesse
tablete está escrito o seguinte:
“4 é o comprimento, 5 é a diagonal. Qual é a altura? 4 vezes 4 é igual a 16, 5 vezes
5 dá 25. Tirando 16 de 25 o resto é 9. Quantas vezes quanto devo tomar para ter 9? 3 vezes 3
dá 9. 3 é a altura.”
Isto mostra que os babilônios tinham conhecimento da relação entre os lados de um
triangulo retângulo. Não há nenhuma demonstração, pois isto ainda estava longe de ser uma
preocupação dos matemáticos da época. Eles conheciam receitas que davam certos e, com
elas, inúmeros problemas (LIMA et al 2006).
Segundo (LIMA et al 2006), outro tablete que merece atenção está no Museu da
Universidade de Yale. É o único que contém figuras: um quadrado e suas diagonais. Neste
fragmento de tablete que se pode ver na figura 1, o lado do quadrado é tomado como igual
a30 e o comprimento da diagonal aparecem como 42, 25 e 30.

Figura 3.1.1: Fragmento de tablete do Museu da Universidade de Yale


17

Há registros de que os agrimensores do Egito Antigo construíam triângulos com


lados medindo 3, 4 e 5; utilizando uma corda dividida em 12 partes iguais por 11 nós para
demarcar ângulos retos. Como não há evidências documentais de que esses egípcios tivessem
conhecimento do teorema de Pitágoras e de sua recíproca, podemos afirmar que os egípcios já
conheciam o triangulo retângulo e faziam usos de suas medidas. Os egípcios dessa época não
só sabiam que o triangulo 3, 4 e 5 é retângulo, mas que também aconteciam o mesmo para os
triângulos 5, 12 e13 e 20, 21 e 29.
Será que há alguma outra forma de mostrar que um “triângulo 3, 4, 5″ é retângulo?
Resolva este problema por meio da figura a seguir, que aparece no Chou-pei, o mais antigo
trabalho chinês conhecido, que remonta ao segundo milênio a.C.

Figura 3.1.2: Superposição de quatro triângulos 3, 4, 5 – Chou-pei

Se a é a medida da hipotenusa e se b e c são as medidas dos catetos, o enunciado do


Teorema equivale a afirmar que: a² = b² + c².
18

Considere um quadrado ABCD de lado 1 e prolongue os lados desse quadrado em 3


unidades, como mostrado na figura.

Figura 3.1.3: Demarcação da Fig.3.1.2

Perceba que temos quatro triângulos retângulos de catetos 4 e 3: ΔCGE, ΔBEF, ΔAHF
e ΔGDH. Estes triângulos são congruentes pelo caso L.A.L. e, assim, GEFH é um losango.
Além disso, os ângulos vermelhos e verdes são complementares, logo GEFH é um quadrado.
Sejam S e l a área e a medida do lado do quadrado GEFH, respectivamente. Como a área de
uma figura é a soma das áreas de suas partes, temos l2=1+4⋅4⋅32
donde l=5 Assim um triângulo de lados 3, 4 e 5 é congruente aos triângulos do problema e
portanto retângulo.
A proposição das áreas é atribuída a Pitágoras, recebendo o seu nome: Teorema de
Pitágoras. Mas esta proposição era conhecida pelos chineses e babilônios bem antes de
Pitágoras.
19

3.2 Enunciado do Teorema de Pitágoras

O Teorema de Pitágoras é uma relação matemática entre os três lados de qualquer


triângulo retângulo. Os livros de matemática citam enunciados do Teorema de Pitágoras
escrito de diversas formas.
Analisando alguns livros observar-se diferenças em seu enunciado. No livro
Descobrindo Padrões Pitagóricos, Barbosa (1993) diz crer que o leitor já tem um pensamento
sobre o enunciado da proposição de Pitágoras. Para Barbosa (1993) Teorema de Pitágoras
deve ser enunciado da seguinte forma: A área do quadrado construído com a hipotenusa é
igual à soma das áreas dos quadrados construídos com os catetos, e que provavelmente, o
leitor tenha modificado o enunciado da proposição de Pitágoras para: O quadrado da
hipotenusa é equivalente à soma dos quadrados construídos com os catetos.
O livro Temas e Problemas Elementares de Lima et al. (2006) traz o enunciado do
Teorema de Pitágoras da seguinte forma: Em qualquer triângulo retângulo, a área do
quadrado cujo lado é a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados que tem como
lados cada um dos catetos. Já no livro Meu Professor de Matemática e Outras Histórias Lima
(1991) define o Teorema de Pitágoras da seguinte maneira: A área do quadrado cujo lado é a
hipotenusa de um triângulo retângulo é igual à soma das áreas dos quadrados que têm como
lado cada um dos catetos. Temos ainda no livro O Teorema de Pitágoras de Cintra e Cintra
(2003) a seguinte definição: A área do quadrado cujo lado é a hipotenusa de um triângulo
retângulo é igual à soma das áreas dos quadrados cujos lados são cada um dos catetos desse
mesmo triângulo.
Euclides demonstrou em seu livro “Os Elementos” duas proposições que podemos
relacionar com o Teorema de Pitágoras. A primeira é a preposição 47, que está escrita da
seguinte forma: Em todo o triângulo retângulo o quadrado feito sobre o lado oposto ao
ângulo reto, é igual aos quadrados formados sobre os outros lados, que fazem o mesmo
ângulo reto. Já a segunda é a preposição 48 e nela esta escrita que: Se o quadrado feito sobre
um lado de um triângulo for igual aos quadrados dos outros dois lados, o ângulo
compreendido por estes dois lados será reto.
Nas definições citadas acima podemos observar que elas diferem um pouco na
maneira de como são escritas, mas essa diferença não altera o seu entendimento. Barbosa
(1993) diz que devemos ter cuidado para não repetir o enunciado que ele chama de simplista:
20

“O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos”. Este enunciado
simplista servindo apenas para facilitar a compreensão.
A Figura 2 apresenta de maneira geométrica o enunciado do Teorema de Pitágoras.

Figura 3.2.1: Representação geométrica do Teorema de Pitágoras

Se a é a medida da hipotenusa e se b e c são as medidas dos catetos, o enunciado do


Teorema equivale a afirmar que: a² = b² + c².
O Teorema de Pitágoras parece claro e evidente. Mas para que possamos nos
convencer de sua veracidade precisamos de uma demonstração.
21

4 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E AS DEMONSTRAÇÕES


4.1 Sistemas axiomáticos

A matemática, ciência que foi criada a fim de contar e resolver problemas,


inicialmente se limitava a resolver problemas práticos onde o homem fazia uso dos
conhecimentos matemáticos para contar, medir e calcular. Neste período o homem não lidava
com a matemática abstrata, ele não necessitava de definições, fórmulas ou teoremas com suas
demonstrações. Conforme a matemática foi evoluindo, raciocínios mais abstratos que
envolvem argumentação lógica surgiram com os matemáticos gregos aproximadamente em
300 a. C. Na concepção de Fossa (2001):

Os matemáticos gregos foram os primeiros a exigir demonstração para os teoremas


de matemática. Antes, os babilônicos e os egípcios aceitavam seus teoremas na base
da evidência empírica ou de um simples pragmatismo. Os gregos, porém,
procuravam um conhecimento mais profundo e, desde os primeiros contatos com a
matemática, na época de Tales, eles buscavam demonstrações abstratas para os seus
teoremas.

No início do período grego, esta procura de demonstrações não foi nada sistemática.
Cada matemático baseava suas demonstrações em teoremas anteriores e em um certo
fundo amorfo de conhecimentos matemáticos comuns. Foi só no auge do período
clássico da Grécia que Aristóteles fez um balanço desta maneira de proceder e ficou
insatisfeito.

Para Fossa (2001) Aristóteles raciocinou que em qualquer demonstração,


relacionamos o teorema a ser demonstrado com certas razões que garantem a verdade do
teorema. Mas, a demonstração será convincente somente se temos certeza sobre estas razões.
Precisamos, portanto, de novas demonstrações para garantir a verdade das razões alegadas na
demonstração original. Para tanto, precisamos de mais algumas demonstrações para garantir a
verdade destas novas razões.
É necessário um ponto de partida, um lugar seguro a partir do qual podemos iniciar
as nossas demonstrações. Fossa (2001) afirma que esse ponto de partida são os postulados, ou
seja, proposições que aceitamos sem qualquer demonstração. Mas se não podemos garantir a
veracidade dos postulados mediante demonstrações, então os postulados tem de ser um tipo
muito especial de proposição. Eles têm de ser de acordo com a intuição. Os postulados devem
ser tão óbvios que nenhum homem são os negaria. Postulados deste tipo, claros e obviamente
verdadeiros, é a base segura que garante a verdade de todos os teoremas geométricos e, assim,
a própria geometria é concebida como uma ciência de conhecimento seguro.
22

Muitos autores justificam a utilização da História da Matemática para responder


alguns “porquês” nas aulas de matemática. A História da Matemática pode estar respondendo
as questões dos alunos dando uma fundamentação ao conteúdo e à originalidade de certas
coisas.
Quando está transmitindo um determinado tópico da matéria o professor pode ser
questionado em relação à origem daquele conteúdo com perguntas do tipo: “quem inventou
isso?”; “para que isso serve”; “quem foi este matemático?”; “como e quando surgiu esta
ideia?”; “como foi possível chegar a este resultado?”. E nem sempre o docente tem uma
fundamentação teórica do conhecimento que está transmitindo. Isto pode ocasionar que ele
não contemple que o conhecimento que está sendo transmitido passou por inúmeras
modificações ao longo da história e não é algo pronto e acabado. É necessário que o professor
tenha o domínio do conteúdo e conhecimentos sobre a história para não ensinar de modo que
não responda apenas o “para quê’, mas responda de modo que os alunos se conscientizem que
a matemática está dentro de um processo evolutivo”.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998), mencionam propostas
alternativas para o Ensino da Matemática em sala de aula, tais como utilização de jogos, de
softwares matemáticos e da História da Matemática. Em relação a esta última alternativa, eles
posicionam que os “conceitos abordados em conexão com sua história constituem veículos de
informação cultural, sociológica e antropológica de grande valor informativo”; portanto a
História da Matemática fornece, nesse sentido, um instrumento de resgate da própria
identidade cultural.

“A Matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades e


preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao
estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do
passado e do presente, o professor cria condições para que o aluno
desenvolva atitudes e valores mais favoráveis diante desse conhecimento.”
(BRASIL, PCN de Matemática, 1998).

Segundo indica os PCN’s uma abordagem histórica envolvendo os conteúdos


matemáticos pode ser usada como um elemento motivador para a aprendizagem. O Teorema
de Pitágoras tem um papel destacado na história da geometria e é clássico dentro da
matemática; além do mais possibilitou diversas aplicações dentro e fora dos campos dessa
ciência. Por essas razões, os livros didáticos deveriam apresentar um conteúdo histórico mais
significativo em relação ao teorema de Pitágoras, mas isto ainda não acontece ou se acontece
é de maneira pouco usual. Em muitas situações, o recurso à História da Matemática pode
23

esclarecer ideias matemáticas que estão sendo construídas pelo aluno, especialmente para dar
respostas a alguns “porquês” e, desse modo, contribuir para a constituição de um olhar mais
crítico sobre os objetos de conhecimento (BRASIL, 2000).
Para os PCN ́s o professor deve desenvolver o conceito de semelhança, para depois
explorar o Teorema de Pitágoras. Isto ocorre devido que alguns conhecimentos precedem
outros necessários e deve-se escolher certo percurso. A Matemática move-se quase
exclusivamente no campo dos conceitos abstratos e de suas inter-relações. Para demonstrar
suas afirmações, o matemático emprega apenas raciocínios e cálculos.
É certo que os matemáticos também fazem constante uso de modelos e analogias
físicas e recorrem a exemplos bem concretos, na descoberta de teoremas e métodos. Mas os
teoremas matemáticos são rigorosamente demonstrados por um raciocínio lógico (BRASIL,
2000).
O Teorema de Pitágoras ao longo da história tem sido demonstrado por várias
civilizações e muitos matemáticos e estudiosos têm dado grande importância à demonstração
deste teorema com centenas de provas já desenvolvidas. Estes fatos mostram sua importância
torna-o um excelente tema para discussão em sala de aula.
24

5 DEMONSTRAÇÕES DO TEOREMA DE PITÁGORAS

Ao longo da história, o Teorema de Pitágoras tem sido demonstrado por várias


civilizações, desta forma, despertando em muitos matemáticos e estudiosos do tema, o
interesse pela importância da demonstração, diante de inúmeras provas desenvolvida ao longo
do tempo, mostrando, com isso, as mais remotas importâncias e produzindo, desta forma, um
excelente tema para discussão em sala de aula.
Serão apresentadas algumas demonstrações e provas importantes do Teorema de
Pitágoras, alcançadas por mentes matemáticas brilhantes, tais como Bhaskara, Euclides e
Pólya; e também de matemáticos amadores, como o ex-presidente americano J. A. Garfield ou
do entusiasta pelas ciências H. Perigal. A figura 5.1 traz alguns fragmentos de prova que
percorreram o mundo e os tempos.

Frances 1564 Grego c 800

Inglês 1570
Chinês 1607

Figura 5.1: Prova do Teorema de Pitágoras por várias civilizações


25

Os gregos acreditavam na existência de números inteiros e frações. Mas o teorema de


Pitágoras mostrou que havia números que não eram nem inteiros nem frações. Imagine um
triângulo retângulo com dois lados iguais a um. Para se calcular a hipotenusa, basta usar o
teorema: 1 2 + 1 2 = z 2 . Ou seja, a hipotenusa z será igual a… raiz quadrada de 2! Os gregos
tentaram descobrir a qual fração o número correspondia, mas notaram que ele não era fração.
Havia sido descoberto o número irracional e justamente por meio do teorema de Pitágoras,
que odiava os irracionais!
O teorema de Pitágoras já era conhecido pelos egípcios e babilônicos bem antes dos
gregos. Há também um manuscrito chinês, datado de mais de mil anos antes de Cristo, onde
se encontra a seguinte afirmação: “Tome o quadrado do primeiro lado e o quadrado do
segundo e os some; a raiz quadrada dessa soma é a hipotenusa”. Outros documentos antigos
mostram que na Índia, bem antes da era cristã, sabia-se que os triângulos de lado 3, 4, 5 ou 5,
12, 13, ou 12, 35, 37 são retângulos (LIMA, 2006).
Portanto, nenhum desses povos sabia demonstrar o teorema, sendo a primeira
demonstração creditada a Pitágoras ou a alguém da sua escola, o que dá no mesmo porque
naquela época o conhecimento era comum e todo crédito era dado ao mestre.
A verificação da proposição para alguns casos particulares tornaram-na credível.
Então é possível construir um triângulo retângulo onde a área do quadrado cujo lado é a
medida da hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados cujos lados são os catetos.
Podemos citar como exemplo o caso em que os catetos medem 5u (unidades) e 12u, e
medirmos a hipotenusa obtendo 13u. Então confirmaríamos 52+ 122= 25 +144 = 169 que é
132e assim existem outros casos particulares que aumentam a credibilidade da proposição.
Mas bastaria apenas um caso que fosse contrário para que a preposição não fosse aceita como
verdadeira (BARBOSA, 1993).
Para Barbosa (1993), a matemática possui muitos casos desta natureza, como o caso
da fórmula matemática proposta para encontrar números primos, p = n2+ n + 11, que é
verdadeira para n = 0, 1, 2, 3, ..., 9 e falha para n = 10 onde encontramos 121, que é múltiplo
do próprio 11, ou ainda p = n2+ n + 41 que é correta para o espantoso número de 40 casos,
mas não é verdadeira para n = 40, onde encontramos 1681 que é 41 x 41.
Na matemática para verificar a veracidade de uma proposição se faz necessário uma
prova que seja válida para todos os casos. Essa é uma particularidade da matemática. Então
para que a proposição referente ao teorema de Pitágoras seja válida, se faz necessário que ela
seja verdadeira para qualquer triângulo retângulo. Só assim teremos um teorema.
26

Existem dois tipos de prova para o Teorema de Pitágoras: provas algébricas e provas
geométricas. As provas algébricas são baseadas nas relações métricas de um triângulo
retângulo e as provas geométricas são baseadas em comparação de áreas.
27

6 PROVAS DO TEOREMA DE PITÁGORAS


6.1 Demonstração do Teorema de Pitágoras através de triângulos isósceles

Observando a Figura 6.1.1, constituída de nove triângulos retângulos isósceles, todos


iguais, observamos que, em volta do triângulo central existem três quadrados. Um formado
pelo lado correspondente a hipotenusa e os outros dois formados com lados correspondentes
aos catetos. Os triângulos retângulos isósceles que formam o quadrado que tem como lado a
hipotenusa são os mesmo que formam os quadrados onde os lados são os catetos. Então
podemos afirmar que a área do quadrado maior é igual à soma das áreas dos quadrados
menores

Figura 6.1.1: Prova do Teorema de Pitágoras através de triângulos isósceles

6.2 Demonstração do Teorema de Pitágoras através de quadriculados

Trabalhando com um triangulo não isósceles, pode-se, também, provar que a


proposição utilizada com o triangulo isósceles, isto é, a soma das áreas dos quadrados
formados pelos catetos é igual a área do quadrado formado pela hipotenusa deste triangulo.
Verificando num triângulo retângulo de catetos 3 e 4 e consequentemente a hipotenusa
medindo 5. Vamos construir quadrados sobre a hipotenusa e os catetos e fazendo
quadriculados em cada quadrado construído, e verificar a veracidade da proposição, conforma
a Figura 6.2.1.
28

Figura 6.2.1: Prova do Teorema de Pitágoras através de quadriculados

Contando os quadradinhos em cada quadrado chegamos a,16 e 25 quadradinhos de


área e então como 9 + 16 = 25, chegamos ao mesmo resultado, ou seja, 32+ 42= 52.O que foi
visto acima pode ser comparado com o quadriculado encontrado no Chou-pei, Figura 6.2.2.
Fazendo um análise da figura podemos ver que cada triângulo tem área 6, e a área do
quadradinho central é 1; portanto o quadrado grande tem área igual a 4 x 6 + 1 = 25e então o
comprimento do lado do quadrado da hipotenusa é 5, pois 52= 25 (Barbosa 1993).

Figura 6.2.2: Chou-pei antigo trabalho matemático chinês


29

6.3 Demonstração pela Prova clássica

Segundo Barbosa (1993), nos cursos tradicionais de geometria plana, como nos
livros sem apreensão educacional, a prova empregada é por semelhança de triângulos.
Segundo Lima (1998), esta é a prova mais curta e a mais conhecida.
No triângulo ABC, retângulo em A (Figura 6.3.1), a altura AH (perpendicular a BC)
referente à hipotenusa origina dois triângulos semelhantes ao triângulo maior, em vista da
congruência dos ângulos (BÂH =C, complemento d e B , CÂH =B, complemento de C).
Portanto, temos proporcionalidade entre os lados homólogos, uma para cada triângulo
parcial ou total: (ver figura e a equação 6.1)

Figura 6.3.1: Triangulo retângulo com altura h e projeções m e n dos catetos c e b respectivamente

𝒄 𝒎 𝒃 𝒏
= 𝒆 = (6.1)
𝒂 𝒄 𝒂 𝒃

A expressão acima fornece c2= am e b2= an, conhecidas como relações Métricas de
Euclides. Adicionando-as obtemos b²+ c²= am + na = a(m + n) = a .a = a². (Barbosa, 1993).
Esta demonstração é, atualmente, a mais utilizada nas escolas por conta de poder mostrar, o
Teorema de Pitágoras de forma bastante simples, como também encontrar outras relações do
triângulo retângulo. Além das duas relações, que deram origem à demonstração do teorema,
obtemos a relação bc = ah e h2= mn.
30

6.4 Demonstração usando áreas

Dado um triângulo retângulo – segunda figura - de hipotenusa c e catetos a e b,


vamos considerar o quadrado cujo lado é a+ b. Agora observe duas situações. Ainda, na
segunda figura, retirou-se do quadrado de lado a+ b quatro triângulos congruentes ao
triângulo dado, restando um quadrado de lado c. Já na primeira figura, também do quadrado
de lado a+ b, porém em posições diferentes, foi retirado quatro triângulos congruentes ao
dado, restando um quadrado de lado b e outro de lado a. Comparando as duas situações,
conclui-se que a área do quadrado de lado c é igual à soma das áreas dos quadrados cujos
lados medem b e a.

Figura 6.4.1: Ilustração da atividade usando áreas

Proposição 2.5: A área do quadrado de lado c visto na segunda figura é equivalente


à soma das áreas dos quadrados de lados b e a, vistos na primeira figura.

Demonstração:
Analisando a área do quadrado de lado a + b, tem-se que: a área do quadrado de
𝒂.𝒃 𝒂.𝒃
acordo com a segunda figura é dada por 𝟒 × + 𝒄², e a área, na primeira figura, é 𝟒 × +
𝟐 𝟐

𝒃𝟐 + 𝒂². Como as duas áreas são iguais, obtém-se 𝒄𝟐 = 𝒂𝟐 + 𝒃².


Não se sabe ao certo qual foi à demonstração feita por Pitágoras (ou pelos
pitagóricos), mas os historiadores acreditam que foi uma demonstração do tipo “geométrico”,
como esta, baseada na comparação de áreas.
31

Esta demonstração “geométrica” do Teorema de Pitágoras pode ser facilmente


trabalhada em sala de aula de maneira lúdica. Basta construir (pode ser em papel cartão) as
figuras apresentadas, que são: quatro triângulos retângulos de hipotenusa de medida c e
catetos com medidas a e b e quatro quadrados de lados a, b, c e b + a. Depois de construídos,
se devem dispor as peças conforme segunda figura, em cima do quadrado de medida b + c,
pedir para que o aluno retire os quadrados de lados b e a, e em seguida, mova os triângulos
retângulos e encaixe o quadrado de medida c, obtendo uma disposição semelhante à primeira
figura. O aluno deve concluir que a soma das áreas dos dois quadrados com medidas dos
catetos é igual à área do quadrado que tem lado com medida igual à hipotenusa. Tem-se assim
uma prova experimental do Teorema de Pitágoras. Vale ressaltar que atividades como esta
não tem valor demonstrativo do teorema, são úteis para que o aluno raciocine, descubra e
interaja com colegas e professores e verifique a veracidade do teorema de uma maneira
lúdica, diferente da usual.

6.5 Demonstração Geométrica


Seja um triângulo ABC, construindo-se sobre os seus lados os quadrados BCDE,
ACFG, ABHI e o segmento AJ, como mostra a Figura 6.5.1.

G
I

A
F

C
m n B

a R2

D E
J

Figura 6.5.1: Ilustração da atividade experimental


32

Na figura acima, R1é um retângulo cujos lados medem a e m, e R2é outro retângulo
de lados medindo a e n.
A área do retângulo de vértices BCDE é igual a soma das áreas dos retângulosR1 e
R2, ou seja a²= am + na. Observando a prova 1, temos que am = b², an = c², e assim temos
que: a²= b²+ c².

6.6 PROVA
Construindo-se os 4 triângulos e o quadrado como podemos observar na figura 6.6.1

Figura 6.6.1:

Os quatros triângulos construídos na figura acima são todos congruentes entre si. E,
𝟏
portanto, têm a mesma área, dada por: 𝟐 𝒃 × 𝒂. Conclui-se que área do quadrilátero ABCD é

igual a soma das áreas do quadrado com as áreas dos quatro triângulos congruentes entre si.
Então se tem:
Tomando L como a medida do lado do quadrado ABCD:
𝟏
𝑳𝟐 = 𝒄𝟐 + 𝟒 × × 𝒃 × 𝒂 = 𝒄𝟐 + 𝟐 × 𝒃 × 𝒂 (𝑰)
𝟐
Dividindo-se o quadrado ABCD como é mostrado na figura 6.6.2.

Figura 6.6.2: Ilustração da atividade experimental


33

Da figura 6.6.2, temos:


𝑳𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒂𝟐 + 𝟐𝒂𝒃 (𝑰𝑰)

Comparando as equações (I) e (II), temos:

𝒄𝟐 + 𝟐𝒂𝒃 = 𝒃𝟐 + 𝒂𝟐 + 𝟐𝒂𝒃

Então podemos concluir que:


𝒄𝟐 = 𝒂𝟐 + 𝒃²

6.7 Demonstração de Bháskara

Segundo Barbosa (1993), Bháskara foi um matemático hindu que não ofereceu para a
sua figura qualquer explicação além de uma palavra de significado veja ou contemple, talvez
sugerindo que em seu diagrama a disposição induzia a uma bela prova do teorema de
Pitágoras. Procedendo de modo análogo, a figura que aparece no Chou-pei1, de forma geral,
constrói o triângulo retângulo com hipotenusa a e catetos b e c (Figura 6.7.1 ):
Comparação da demonstração de Bhaskara com uma das figuras que aparecem no
Chou-pei

Figura 6.7.1.: Ilustração da Atividade


34

No interior, ao centro, encontramos um quadrado de lado b – a. Temos por área que:


𝒂𝒃
𝒄𝟐 = (𝒃 − 𝒂)𝟐 + 𝟒 = 𝒃𝟐 − 𝟐𝒂𝒃 + 𝒂𝟐 + 𝟐𝒂𝒃
𝟐
𝒄𝟐 = 𝒂𝟐 + 𝒃²

Esta demonstração pode ser desenvolvida de forma geométrica ou algébrica. Acima


utilizamos à algébrica.

6.8 Demonstração: Presidente James Abram Garfield

James Abrahan Garfield (1831 – 1881) foi o vigésimo presidente dos Estados Unidos
e era um grande estudioso e entusiasta da matemática. Em 1876, enquanto estava na Câmara
de Representantes, rabiscou num papel uma interessante demonstração do Teorema de
Pitágoras. O New England Journal of Education publicou esta demonstração.
Analisando a figura 6.8.1 a área do trapézio com bases b, c e altura b + c é igual à
semissoma das bases vezes a altura. Por outro lado, a mesma área é também igual à soma das
áreas de 3 triângulos retângulos. Portanto:
(𝒃 + 𝒄) 𝒂𝟐 𝒃 × 𝒄 𝒃 × 𝒄
× (𝒃 + 𝒄) = + +
𝟐 𝟐 𝟐 𝟐

Simplificando, obtemos 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄²

Figura 6.8.1. Ilustração da Atividade


35

6.9 Demonstração Com a Fórmula de Heron

Heron de Alexandria foi um grande matemático que dentre seus trabalhos


desenvolveu uma fórmula capaz de determinar a área de um triângulo somente através das
medidas dos lados. Essa fórmula descarta a utilização da altura do triângulo, o que as outras
expressões matemáticas não aceitam. Observe a expressão formulada por Heron de
Alexandria:

𝑺 = √𝒑 × (𝒑 − 𝒂) × (𝒑 − 𝒃) × (𝒑 − 𝒄)

Onde a, b e c são os lados e p o semi perímetro. Os árabe nos contam que a “fórmula
de Heron” era já conhecida por Arquimedes, que sem dúvida tinha uma prova dela, mas a
demonstração de Heron em sua obra A Métrica é a mais antiga que temos. Embora agora seja
em geral provada trigonometricamente, a prova de Heron é convencionalmente geométrica. A
Métrica, com o Método de Arquimedes, ficou perdida durante muito tempo, até ser
redescoberto em Constantinopla em 1896, num manuscrito datando de cerca de 1100.

Se ABC é um triângulo cujos lados medem a, b e c, então a medida da área deste


triângulo é dada por:

Figura 6.9.1

𝑨𝒓𝒆𝒂 𝑨𝑩𝑪 = √𝒑 × (𝒑 − 𝒂) × (𝒑 − 𝒃) × (𝒑 − 𝒄)
Onde:
𝒂+𝒃+𝒄
𝒑=
𝟐
Efetuando o produto dentro do radical:

𝑨𝒓𝒆𝒂 𝑨𝑩𝑪 = √𝒑 × (𝒑² − 𝒂𝒑) × (𝒑 − 𝒃) × (𝒑 − 𝒄)


36

𝟏
𝑨𝒓𝒆𝒂 𝑨𝑩𝑪 = √𝟐𝒂𝟐 𝒃𝟐 + 𝟐𝒂𝟐 𝒄𝟐 + 𝟐𝒃𝟐 𝒄𝟐 − 𝒂𝟒 − 𝒃𝟒 − 𝒄𝟒 (𝑰)
𝟒
Mas, a área ,também, se dá pela expressão:

𝒃×𝒂
𝑨𝒓𝒆𝒂 𝑨𝑩𝑪 = (𝑰𝑰)
𝟐
Comparando (I) e (II)

𝟏 𝒃×𝒂
√𝟐𝒂𝟐 𝒃𝟐 + 𝟐𝒂𝟐 𝒄𝟐 + 𝟐𝒃𝟐 𝒄𝟐 − 𝒂𝟒 − 𝒃𝟒 − 𝒄𝟒 =
𝟒 𝟐
𝟐𝒂𝟐 𝒃𝟐 + 𝟐𝒂𝟐 𝒄𝟐 + 𝟐𝒃𝟐 𝒄𝟐 − 𝒂𝟒 − 𝒃𝟒 − 𝒄𝟒 = 𝟒𝒃²𝒂²
𝟐𝒂𝟐 𝒄𝟐 + 𝟐𝒃𝟐 𝒄𝟐 − 𝒂𝟒 − 𝒃𝟒 − 𝒄𝟒 = 𝟐𝒃²𝒂
Rearmando essa última expressão e efetuando as simplificações, tem-se:

(𝒂𝟐 + 𝒄𝟐 − 𝒄²)𝟐 = 𝟎
𝒄𝟐 = 𝒂𝟐 + 𝒃²

6.10 Demonstração de Leonardo Da Vinci

Leonardo da Vinci nasceu na Itália em 15 de abril de 1452, pintor e escultor italiano


um dos grandes gênios da humanidade, criador do quadro Mona Lisa, também concebeu uma
demonstração do teorema de Pitágoras, que se baseia na figura 6.10.1.

Figura 6.10.1
37

Os quadriláteros ABGD, ACIJ, DEFG e CBHI são congruentes. Logo, os hexágonos


ABCDEF e GEJIHF têm a mesma área. Daí resulta que a área do quadrado ABJH é a soma
das áreas dos quadrados ADEC e BCFG (LIMA, 1998, p. 55). Da Vinci se baseou no
princípio de comparação de áreas. Ele fez uso de uma forma mais complexa e de difícil
visualização. Utilizou as áreas dos quadriláteros formados a partir de uma figura desenhada
anteriormente para comprovar suas equivalências e assim comprovar a relação existente entre
os lados dos triângulos retângulos (LIMA, 2006).

6.11 Demonstração de Euclides

Euclides de Alexandria (360 a.C. – 295 a.C.) foi um filósofo e matemático grego que
escreveu, por volta de 300 a.C., uma das mais valiosas obras da história da Matemática
chamada de “Os elementos”, que era uma coleção de 13 livros com muitas demonstrações de
grande importância para a geometria e para a teoria dos números.
Em “Os elementos” de Euclides, livro I, a proposição 47 é o teorema de Pitágoras
acompanhado de sua demonstração. Observe como o teorema é enunciado:
Em um triângulo retângulo, o quadrado sobre o lado oposto ao ângulo reto é igual à
soma dos quadrados sobre os lados que formam o ângulo reto.
Demonstração:
O cerne da demonstração consiste em estabelecer a igualdade entre o retângulo
BDLM e o quadrado ABFG.

Figura 6.11.1
38

Vejam que o triângulo ABD e BCF são iguais, pois os dois triângulos têm dois lados
iguais com ângulos iguais e estes são a metade do retângulo BDLM. Esta igualdade entre
triângulos já havia sido previamente estabelecida na proposição I-4 de seus Elementos:
Proposição I-4: Se dois triângulo tem dois lados iguais a dois, respectivamente, e se
o ângulo contido por estes dois lados forem iguais, então eles também têm suas bases iguais.
Consequentemente os triângulos serão iguais e os ângulos restantes também serão.

Figura 6.11.2

Numa perspectiva moderna, a igualdade dos triângulos se dá pelo fato de que eles se
deduzem um do outro por uma rotação de 90°. Mas de que modo Euclides justifica que o
retângulo BDLM seja o duplo do triângulo ABD?
Euclides utilizou-se de outra proposição já estabelecida num teorema mais geral,
onde combina triângulos e paralelogramos:
Proposição I-41: Se um paralelogramo tem a mesma base que um triângulo e estes
estão na mesma paralela, então o paralelogramo é o dobro do triângulo.

Figura 6.11.3

Unindo AL, então os triângulos ABC e EBC tem mesma área, cujas bases BC são
iguais e estão nas mesmas paralelas BC e AE. Logo BCE é a metade de ABCD.
Para a prova deste teorema, Euclides une a diagonal AC, construindo o triângulo
ABC, que também tem BC como base, e enuncia duas asserções:
39

1) Os triângulos ABC e EBC, por terem mesma base e estarem nas mesmas paralelas são
iguais.
2) O triângulo ABC é a metade do paralelogramo ABCD, porque AC é a diagonal e porque a
diagonal de um paralelogramo o divide em duas partes iguais.
Esta afirmação advém de outra proposição:

Proposição I-34: Em áreas paralelogrâmicas os lados e os ângulos opostos são


iguais entre si e a diagonal divide as áreas e, partes iguais.

Figura 6.11.4

Desta forma, temos que provar que a I-41 se aplica na I-47. Vamos tomar o
quadrado ABFG e o triângulo BCF. Por construção ABFG é um quadrado, logo os
segmentos BF e AG são paralelos, assim como no retângulo BDLM os
segmentos BD e LM também são.
Basta, então, mostrar que o vértice c está sobre o prolongamento de GA. Euclides
observa:
“Uma vez que cada um dos ângulos sob BAC e BAG é reto, relativamente à reta BA,
os dois segmentos AC e AG, não posicionados do mesmo lado, formam ângulos adjacentes
iguais a dois retos. Portanto, CA também está alinhado a AH”.
Desta forma, concluímos que o quadrado ABFG tem a mesma base do triângulo
BCF e está na mesma paralela GC. Daqui vem que o quadrado ABFG é o duplo do
triângulo BCF. Mas os triângulos BCF e ABD são iguais, o que nos leva à igualdade entre o
quadrado ABFG e o retângulo BDLM.
De modo análogo provamos que o quadrado ACKH é igual ao retângulo CELM.
Assim, a reunião dos retângulos BDLM e CELM constitui o grande quadrado
BDEC sobre a hipotenusa BC, e este haverá de ser igual aos dois quadrados ABFG e ACKH.
40

6.12 PROVA: A generalização do Teorema de Pitágoras (matemático


húngaro George Polya, 1897-1985)

George Pólya nasceu a 13 de Dezembro de 1887 em Budapeste (Hungria), de família


judaica de origem polaca. Faleceu a 7 de Setembro de 1985 em Palo Alto, na Califórnia
(Estados Unidos). Foi um excelente estudante no ensino secundário, apesar da escola que
frequentava valorizar muito a aprendizagem com base na memória, prática que Pólya
considerava monótona e sem utilidade.
Licenciou-se em 1905, tendo sido considerado como um dos quatro melhores alunos
do seu ano, o que lhe permitiu ganhar uma bolsa de estudos na Universidade de Budapeste.
Então, começou por estudar Direito, seguindo os passos de seu pai. No entanto, não gostou do
curso e passou a estudar línguas e literaturas. Depois, interessou-se por Latim, Física,
Filosofia e finalmente por Matemática tendo, em 1912, concluído o seu doutorado.
No Outono de 1913 foi para Göttingen, onde conheceu Hilbert. Ainda durante este
ano, publicou um dos seus maiores resultados, a solução do problema do passeio aleatório.
Em 1913 foi para Paris trabalhar no seu pós-doutoramento. Em 1914 assumiu um cargo na
Universidade de Zurique onde conheceu Hurwitz. Nesse mesmo ano, foi chamado pelo seu
país para a guerra, mas recusou-se a prestar serviço militar. O medo de ser preso por não ter
respondido à chamada fez com que apenas regressasse a Hungria depois de ter terminado a
Segunda Guerra Mundial.
Em 1924, trabalhou com Hardy e Littlewood em Oxford e Cambridge. Publicou a
classificação dos planos de simetria em dezessete grupos, o que mais tarde viria a inspirar
Escher. Em 1925, juntamente com Szegö, publicou: "Aufgabenundlehrsätzeaus der Analysis"
e "Die grundlehren der mathematischenwissenschaften". Em 1940, com receio de uma
possível invasão alemã da Suíça, decidiu ir para os Estados Unidos. Em 1942 aceitou o cargo
de professor na Universidade de Stanford, onde permaneceu até sua retirada do ensino, em
1953.
Em 1945, publicou um dos seus livros mais famosos: “Howto Solve it". Seguiram-se
Isoperimetric Inequalities im Mathematical Physics (1951); “Matemathics and Plausible
Reasoning” (1954) e “Mathematical Discovery” (1962-64).
O matemático húngaro de Budapeste, Polya, usou o Teorema de Pitágoras para
comprovar que esta importante relação entre áreas vale para quaisquer figuras semelhantes
desenhadas sobre a hipotenusa e sobre os catetos de um triângulo retângulo.
41

Figura 6.12.1

No triângulo retângulo cuja medida da hipotenusa é a, e cujas medidas dos catetos


são b e c (figura 6.12.1), desenhamos sobre seus lados, figuras semelhantes de áreas A, B e C.
Se duas figuras são semelhantes, a razão entre as medidas de suas áreas é igual ao quadrado
da razão de semelhança. Então:

𝑨 𝒂 𝟐 𝑨 𝒂 𝟐 𝑨 𝑩 𝑪
= ( ) ; = ( ) 𝑒 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 = =
𝑩 𝒃 𝑪 𝒄 𝒂² 𝒃² 𝒄²
Pela propriedade das proporções, conclui-se:
𝑨 𝑩+𝑪
= 𝟐
𝒂² 𝒃 + 𝒄²

Como 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄² (relação de Pitágoras), tem-se que 𝑨 = 𝑩 + 𝑪.

6.13 Demonstração usando uma circunferência (atribuída à Richardson in


Runkle’s Mathematical Journal, 1859)

Figura 6.13.1
42

Seja o triângulo OAB retângulo em A (figura 6.17), cujas medidas da hipotenusa


̅̅̅̅̅
𝑶𝑩 e dos catetos ̅̅̅̅ ̅̅̅̅ são, respectivamente, a , b e c. Traçamos uma circunferência com
𝑶𝑨 e𝑨𝑩
̅̅̅̅ = 𝑶𝑫
centro em O e raio 𝑶𝑨 ̅̅̅̅̅ = 𝑶𝑪
̅̅̅̅de medida b . 𝑨𝑩
̅̅̅̅é tangente à circunferência, pois
̅̅̅̅
𝑶𝑨 𝒆 ̅̅̅̅
𝑨𝑩são perpendiculares.
̂ 𝑩 𝒆 𝑩𝑫
Os ângulos 𝑪𝑨 ̂ 𝑨e ̂ são congruentes, pois estão associados ao mesmo arco. Disto segue
que:
𝑩𝑨 𝑩𝑪
∆𝑩𝑫𝑨~∆𝑩𝑪𝑨, 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 =
𝑩𝑫 𝑩𝑨
Tem-se ent.ao:
𝒄 𝒂−𝒃
= , 𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑗𝑎 𝒄𝟐 = (𝒂 + 𝒃)(𝒂 − 𝒃) = 𝒂𝟐 − 𝒃²
𝒂+𝒃 𝒄
Portanto,
𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄²

6.14 Demonstração usando a bissetriz de um ângulo (outro caso de


semelhança de triângulos atribuído à Richardson-Math. Mo., 1859):

Figura 6.14.1

̅̅̅̅e catetos
Seja o triângulo ABC (figura 6.14.1) retângulo em A, de hipotenusa 𝑩𝑪
̅̅̅̅
𝑨𝑪 𝒆 ̅̅̅̅
𝑨𝑩cujas medidas são, respectivamente, a, b e c. Considere a bissetriz ̅̅̅̅̅
𝑩𝑫 do ângulo
𝑨𝑩 𝑫𝑬 perpendicular ao lado ̅̅̅̅
̂ 𝑪e o segmento ̅̅̅̅ 𝑩𝑪. Veja que os segmentos ̅̅̅̅
𝑨𝑫 𝒆 ̅̅̅̅
𝑫𝑬 têm
̅̅̅̅ 𝒆 𝑩𝑬
medida igual a𝒙, e que os segmentos 𝑨𝑩 ̅̅̅̅têm medida igual a c, pois os triângulos ABD e
BED são congruentes. Além disso, da semelhança entre os triângulos ABC e DEC temos:
43

𝑨𝑩 𝑩𝑪 𝑨𝑪 𝒄 𝒂 𝒃
∆𝑨𝑩𝑪~∆𝑫𝑬𝑪 ⇒ = = 𝒐𝒖 = =
𝑫𝑬 𝑫𝑪 𝑬𝑪 𝒙 𝒃−𝒙 𝒂−𝒄

Segue que
𝒄. 𝒂 − 𝒄𝟐 = 𝒃. 𝒙
𝒂𝟐 − 𝒂. 𝒄 = 𝒃𝟐 − 𝒃. 𝒙

Somando membro a membro as duas últimas igualdades tem-se:


𝒂𝟐 − 𝒄𝟐 = 𝒃𝟐 , 𝑜𝑢 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄𝟐 . Que é o Teorema de Pitágforas.

6.15 Demonstração através de um caso particular do teorema de Ptolomeu,


século II d.C.:

Cláudio Ptolomeu é um cientista de origem grega, nascido, talvez em 90 d.C., na


cidade de Ptolemaida Hérmia, no Egito sob domínio romano. Morreu em Canopo, também no
Egito, por volta do ano 168 d.C. A única informação que temos de sua vida é que ele
trabalhou em Alexandria entre 120 e 160 d.C., período esse determinado com base em
observações astronômicas anotadas por ele. Ptolomeu foi o último dos grandes cientistas
gregos, responsável por sintetizar a obra de seus predecessores, estudando não só astronomia,
mas também matemática, física e geografia.
O teorema de Ptolomeu (figura 6.15.1) afirma que, em um quadrilátero inscrito em
uma circunferência, o produto das medidas das diagonais é igual à soma dos produtos das
medidas dos lados opostos, ou seja, 𝑨𝑪. 𝑩𝑫 = 𝑨𝑩. 𝑪𝑫 + 𝑨𝑫. 𝑩𝑪 .

Figura 6.15.1
44

Para demonstrarmos o teorema de Ptolomeu, tracemos ̅̅̅̅


𝑩𝑬de modo que os ângulos
̂ 𝑬 𝒆 𝑫𝑩
𝑨𝑩 ̂ 𝑪e ̂ tenham a mesma medida. Então os triângulos 𝑨𝑩𝑫 𝒆 𝑩𝑪𝑫 são semelhantes,
assim teremos:
𝑨𝑩 𝑨𝑬
= 𝒐𝒖 𝑨𝑩. 𝑪𝑫 = 𝑩𝑫. 𝑨𝑬 (𝐼)
𝑩𝑫 𝑪𝑫

̂ 𝑬 e 𝑬𝑩
Como os ângulos 𝑨𝑩 ̂ 𝑪 são congruentes, tem-se que os triângulos 𝐴𝐵𝐷 𝑒 𝐸𝐵𝐶
são semelhantes, assim teremos:
𝑨𝑫 𝑩𝑫
= 𝒐𝒖 𝑨𝑫. 𝑩𝑪 = 𝑩𝑫. 𝑪𝑬 (𝐼)
𝑪𝑬 𝑩𝑪
Somando os resultados obtidos em (I) e (II) teremos:

𝑨𝑩. 𝑪𝑫 + 𝑨𝑫. 𝑩𝑪 = 𝑩𝑫. 𝑨𝑬 + 𝑩𝑫. 𝑪𝑬


𝑨𝑩. 𝑪𝑫 + 𝑨𝑫. 𝑩𝑪 = 𝑩𝑫(𝑨𝑬 + 𝑪𝑬) = 𝑩𝑫. 𝑨𝑪

Consideremos o caso particular em que o triângulo ABC seja retângulo em B, e o


quadrilátero ABCD seja um retângulo cuja diagonal ̅̅̅̅
𝑨𝑪é a hipotenusa do triângulo ABC.
Aplicando o teorema de Ptolomeu no retângulo ABCD, teremos:
𝑨𝑪. 𝑩𝑫 = 𝑨𝑫. 𝑩𝑪 + 𝑨𝑩. 𝑪𝑫. Como AC = BD, AB = CD e BC = AD, teremos:
𝑨𝑪𝟐 = 𝑨𝑩𝟐 + 𝑩𝑪²

6.16 Demonstração por dissecção de áreas (atribuída a Henry Perigal


livreiro de Londres, 1873):

Figura 6.16.1
45

Considere o triângulo ABC retângulo em A (figura 6.16.1). O quadrado desenhado


sobre o cateto ̅̅̅̅
𝑨𝑩 do triângulo ABC foi dissecado em quatro quadriláteros congruentes,
através de duas retas perpendiculares passando pelo seu centro, sendo uma das retas paralela à
̅̅̅̅̅do triângulo ABC. Estas quatro partes, juntamente com o quadrado desenhado
hipotenusa 𝑩𝑪
sobre o cateto ̅̅̅̅
𝑨𝑪, totalizam a área do quadrado construído sobre a hipotenusa ̅̅̅̅
𝑩𝑪.
̅̅̅̅são
Veja que os quadriláteros que compõem o quadrado desenhado sobre o cateto𝑨𝑩
congruentes e possuem dois ângulos retos opostos. Usando o fato de que uma das retas que
𝑨𝑩é paralela à hipotenusa ̅̅̅̅
passa pelo centro do quadrado desenhado sobre o lado ̅̅̅̅ 𝑩𝑪,
conseguimos provar que a figura obtida no centro do quadrado construído sobre a hipotenusa
̅̅̅̅é um quadrado congruente ao desenhado sobre o cateto 𝑨𝑪
𝑩𝑪 ̅̅̅̅. Disto segue o Teorema de
Pitágoras.

6.17 Demonstração por transposição de áreas (atribuída a Liu Hui, 270


d.C.)

Liu Hiu (ca 220) foi um matemático do estado de CaoWei durante o período
dos Três Reinos da História da China.
Em 263 editou e publicou um livro com soluções de problemas matemáticos
apresentados no famoso livro de matemática chinês conhecido como Nove Capitulo da Arte
Matemática. A suas soluções Liu Hiu acrescentou um apêndice ao último capítulo do texto,
contendo nove problemas, todos relacionados a medição de distâncias.

Figura 6.17.1
46

O quadrado APQR (figura 6.17.1) foi construído com quatro triângulos retângulos
congruentes (BAC, CPM, MQN, BRN), e com o quadrado BCMN. Usando a transposição de
figuras geométricas, conseguimos mostrar que o quadrado BCMN é formado pelos quadrados
̅̅̅̅ 𝑒 𝑵𝑹
ACTS e NRSV, construídos sobre os catetos 𝑨𝑪 ̅̅̅̅̅, respectivamente.
O polígono côncavo de cinco lados BCTVN (7 e 6) é elemento comum ao quadrado
BCMN e ao conjunto formado pelos quadrados ACTS e NRSV. Assim, se transpusermos o
triângulo BAC para a região delimitada pelos vértices CMT (4), e se transpusermos o
triângulo BRN para a região delimitada pelos vértices MVN (1) obteremos a região formada
pelos elementos 1, 4, 6 e 7, que é o quadrado BCMN, cujo lado é a hipotenusa de um dos
triângulos retângulos congruentes.
Seja a área do quadrado ACTS denotada por𝑺𝑨𝑪𝑻𝑺 , e a área dos demais polígonos
representada de forma análoga, algebricamente teremos:

𝑺𝑨𝑪𝑻𝑺 + 𝑺𝑵𝑹𝑺𝑽 = 𝒔𝑩𝑪𝑻𝑽𝑵 + 𝟐. 𝑺𝑨𝑩𝑪 = 𝒓𝒆𝒈𝒊ã𝒐 𝟕 + 𝒓𝒆𝒈𝒊ã𝒐 𝟔 + 𝟐. 𝒓𝒆𝒈𝒊ã𝒐 𝟒


= 𝒓𝒆𝒈𝒊ã𝒐 𝟕 + 𝒓𝒆𝒈𝒊ã𝒐 𝟔 + 𝒓𝒆𝒈𝒊ã𝒐 𝟒 + 𝒓𝒆𝒈𝒊ã𝒐 𝟏 = 𝑺𝑩𝑪𝑴𝑵
Assim,
𝑺𝑨𝑪𝑻𝑺 + 𝑺𝑵𝑹𝑺𝑽 = 𝑺𝑩𝑪𝑴𝑵

Concluímos que a área do quadrado BCMN é igual à soma das áreas dos quadrados
ACTS e SVNR, ou seja, o Teorema de Pitágoras.
Na figura 6.17.2, encontramos outra construção auxiliar (usando quatro triângulos
retângulos congruentes) para demonstrarmos o Teorema de Pitágoras, aplicando equivalência
de áreas. Esta demonstração é outra ilustração geométrica da proposta pelo chinês Liu Hui
(3.2.4) aproximadamente 1.000 anos antes que a apresentada por Bháskara.

Figura 6.17.2
47

Seja A1 a área do quadrado de lado a, formado pela união de dois triângulos


retângulos congruentes (S) e um polígono côncavo de cinco lados (P). Temos
𝑨𝟏 = 𝒑 + 𝟐. 𝒔 = 𝒂𝟐 (𝑰)
Considerando os quadrados de lado be c, cuja soma das áreas é A2, formados pela
união de dois triângulos retângulos congruentes (S) e o polígono côncavo de cinco lados (P),
teremos:
𝑨𝟐 = 𝒑 + 𝟐. 𝒔 = 𝒃𝟐 + 𝒄𝟐 (𝑰𝑰)
Comparando (I) e (II), percebemos que 𝑨𝟏 éigual𝑨𝟐 ou seja,𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄².

6.18 Demonstração por transposição de áreas (atribuída ao árabe Nasir-Ed-


Din 1201-1274)

Matemático árabe de Maragha, na área do atual Irã, astrônomo em Hulagu Khan,


neto do conquistador Gengis Khan e irmão de Kublai Khan. Como a maioria dos cientistas
árabes de sua era, viveu e trabalhou em Bagdá. Insatisfeito com sua posição como o astrólogo
do governador Isma'ili, tentou fugir para a corte dos califas, mas foi descoberto e aprisionado
no castelo de Alamut. Em 1256, Quando os mongóis invadiram a Pérsia, reconheceram seu
valor e o libertaram, oferecendo uma oportunidade única para a sua vingança. Ajudou o
inimigo a derrubar as defesas da cidade e foi recompensado por Ilkhanid Hulagu com a
oportunidade de projetar e construir seu próprio observatório. Importante matemático da
geometria não euclidiana, também deu notáveis contribuições a trigonometria plana e esférica
e a astronomia, onde suas conclusões foram, inclusive, utilizadas por Copérnico. Também
contribuiu par a transferência de textos antigos com traduções melhoradas de Euclides,
de Ptolemeu e de outros. Uma de suas contribuições mais importantes à matemática,
entretanto, foi um texto em que tratou a trigonometria como uma disciplina matemática como
uma ferramenta para a astronomia. Parece que foi a partir de sua obra
que Regiomontanus resolveu organizar a trigonometria como disciplina independente da
astronomia. Sua obra foi traduzida por Wallis no século XVII e básica para os estudos
de Saccheri, no início do século XVIII. Morreu em Kadhimain, próximo a Bagdá, no atual
Iraque.
48

Figura 6.18.1

Na figura 6.18.1, temos um triângulo retângulo ABC cujas medidas dos lados são a
(hipotenusa), b e c(catetos). Sobre os lados deste triângulo são desenhados os quadrados
AA’B’B, ACFG e BCED. O ponto F’ é a intersecção dos prolongamentos dos lados
̅̅̅̅
𝑮𝑭 𝑒 ̅̅̅̅
𝑫𝑬. Note que os triângulos retângulos ACB, CFF’, AGG’ são congruentes (LLL).
Analisando o paralelogramo ACF’G’, podemos concluir que sua área (𝑺𝟏 ) é igual à
área do quadrado ACFG, pois:
𝑺𝟏 = 𝑏𝑎𝑠𝑒 × 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 = (𝑨𝑪) × (𝑨𝑮) = á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑨𝑪𝑭𝑮
Como ̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅′ a área do paralelogramo ACF’G’ (S1) pode ser obtida por:
𝑨𝑮′ //𝑨𝑭

𝑺𝟏 = 𝑏𝑎𝑠𝑒 × 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 = (𝑪𝑭′ ). (𝑨𝑯) = (𝑪′ 𝑯). (𝑨𝑯) = á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑨𝑨′ 𝑪′ 𝑯 = 𝒃²

Analisando de forma análoga o paralelogramo BCF’E’, chegaremos à conclusão que sua área
(𝑺𝟐 ) é igual à área do quadrado BCEDe também igual à área do retângulo BB’C’H. Segue
que:

𝒂𝟐 = 𝑺𝟏 + 𝑺𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄𝟐 𝒐𝒖 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄²
49

6.19 Demonstração usando equivalência de áreas, Am. Math. Mo.,1897

Figura 6.19.1

Na figura 6.19.1, desenhamos sobre os lados do triângulo retângulo AHB, os


quadrados AHFG, BDEH, ABKC. Os vértices dos quadrados G, H, D foram unidos pelo
segmento de reta ̅̅̅̅
𝑮𝑫, que ao intersectar os lados do quadrado ̅̅̅̅
𝑨𝑪 𝑒 ̅̅̅̅̅
𝑩𝑲, geraram os pontos
Le M, respectivamente. Vamos provar que a área do quadrado ABKC é igual à soma das áreas
dos quadrados AHFG e BDEH. Isto é o Teorema de Pitágoras.
̅̅̅̅̅divide o quadrado ABKC em dois trapézios congruentes, pois
O segmento de reta 𝑳𝑴
os triângulos GLC e BMD são congruentes (ALA-ângulo, lado, ângulo). Veja que os
triângulos retângulos AGC e AHB também são congruentes. Denotaremos a área do polígono
por S seguida das letras que representam seus respectivos vértices, assim a área do quadrado
ABKC será SABKC.
Adotando a nomenclatura citada, e usando equivalência de áreas, teremos:

𝑺𝑨𝑩𝑲𝑪 = 𝟐. 𝑺𝑨𝑩𝑴𝑳 = 𝟐. [𝑺𝑨𝑯𝑳 + 𝑺𝑨𝑯𝑩 + 𝑺𝑯𝑴𝑩 ] = 𝟐. [𝑺𝑨𝑯𝑳 + 𝑺𝑪𝑮𝑨 + 𝑺𝑯𝑴𝑩 ]


= 𝟐. [𝑺𝑨𝑯𝑳 + 𝑺𝑮𝑳𝑨 + 𝑺𝑯𝑴𝑩 ] = 𝟐. [(𝑺𝑨𝑯𝑳 + 𝑺𝑮𝑳𝑨 ) + 𝑺𝑩𝑴𝑫 + 𝑺𝑯𝑴𝑩 ]
𝑺𝑨𝑯𝑭𝑮 𝑺𝑩𝑫𝑬𝑯
= 𝟐. [ + ] = 𝑺𝑨𝑯𝑭𝑮 + 𝑺𝑩𝑫𝑬𝑯
𝟐 𝟐

Então a medida da área do quadrado ABKC é igual à soma das medidas das áreas dos
quadrados AHFG e BDEH.
50

6.20 Demonstração do Teorema de Pitágoras através de recortes

Como sabemos, o Teorema de Pitágoras diz que, em um triângulo retângulo, o


quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Se construirmos quadrados
sobre os lados a, b e c do triângulo retângulo, esses quadrados terão área a2, b2 e c2.

Ou seja, podemos enunciar o Teorema de Pitágoras da seguinte forma: a área do


quadrado maior (construído sobre a hipotenusa) é igual à soma das áreas dos dois quadrados
menores (construídos sobre os catetos).
Vamos, então, trabalhar com três diferentes demonstrações do Teorema de Pitágoras
através de recortes.

PRIMEIRA DEMONSTRAÇÃO

A primeira demonstração está representada no desenho abaixo.


51

Veja, com o auxílio das cores, como a área do quadrado maior é igual a soma da área
dos dois quadrados menores.
Os critérios de recorte da figura serão nossas hipóteses na demonstração.
As diagonais pontilhadas desenhadas na figura vão auxiliar a visualização durante a
demonstração.
 Considere o quadrado médio (de lado AB).
 Encontrar o centro M deste quadrado.
 Trace retas paralelas aos lados do quadrado maior (de lado BC) passando por M.
 O quadrado médio está, agora, divido em quatro partes.

Observe que para montar o quadrado grande basta transladar as peças do quadrado
médio e completar o centro com o quadrado menor. Os vetores de translação têm origem no
ponto M e extremidades nos vértices do quadrado maior.

A "figura chave" desta demonstração é o paralelogramo BCDF.

1. Os quadriláteros 1, 2, 3 e 4 que compõem o quadrado médio são congruentes, pois os


lados DF e EG resultam da rotação das diagonais, mantendo, assim, a área das figuras
constante. Tente observar na figura com o auxílio das diagonais pontilhadas.

2. Os segmentos DF e CB são congruentes, assim como os segmentos CD e BF, pois são


lados opostos de um paralelogramo. Procure observar na figura.

3. Os segmentos DM, MF, EM e MG são congruentes (de 1) e portanto, com


comprimento igual a metade da medida do lado do quadrado maior (de 1 e 2).

4. Como os quadriláteros 1, 2, 3 e 4 possuem um ângulo reto, eles encaixam-se no


quadrado maior.

5. O quadrado vermelho restante tem lado AC, pois CD-AD=AC e CD=BF.


52

SEGUNDA DEMONSTRAÇÃO

O próximo desenho nos mostra uma nova demonstração do teorema de Pitágoras, adotando
agora um novo critério de recorte.

Os critérios de recorte abaixo serão nossas hipóteses na demonstração.


 Considere o triângulo retângulo ABC.
 Construa quadrados sobre os lados deste triângulo.
 Considere agora o quadrado maior (de lado BC).
 Reflita o triângulo ABC em torno do Lado BC, de modo que o triângulo refletido fique
dentro do quadrado maior.
 Construa mais três triângulos retângulos congruentes ao inicial sobre os lados do
quadrado maior, como sugere a figura.
 Divida dois destes triângulos em outros dois triângulos, de modo que um destes
triângulos seja retângulos isósceles.
 O recorte do quadrado maior está pronto.
Observe que basta transladar os triângulos coloridos para que as peças se encaixem.
Porém, para a demonstração, precisamos enxergar a congruência dos triângulos
destacados.
1. Os triângulos ABC e FHC são congruentes (ALA). Use soma de ângulos para ver esta
congruência.
2. O quadrilátero BCHI é um quadrado, pois os lados BC e CH são congruentes (de 1).
53

3. Os triângulos amarelos são congruentes, pois ambos são congruentes ao triângulo


ABC (procure fazer demonstração análoga ao item 1.
4. IJ=AB (de 3) e AB=BD' (lados do quadrado).
5. Os triângulos verdes são congruentes (LAAo).
6. Os ângulos dos triângulos verdes são congruentes aos ângulos dos
triângulos vermelhos: ambos têm ângulo reto; têm ângulos opostos pelo vértice e o
terceiro vem do "teorema 180o".
7. Os segmentos NC e LH são congruentes, pois BC=IH e BN=IL.

TERCEIRA DEMONSTRAÇÃO

Abaixo, uma terceira demonstração do Teorema de Pitágoras através de recortes.

Os critérios de recorte abaixo serão nossas hipóteses na demonstração.


 Considere o triângulo retângulo ABC.
 Construa quadrados sobre os lados deste triângulo.
 Considere agora o quadrado maior (de lado BC).
 Reflita o triângulo ABC em torno do Lado BC, de modo que o triângulo refletido fique
dentro do quadrado maior.
 Construa mais três triângulos retângulos congruentes ao inicial sobre os lados do
quadrado maior, como sugere a figura.
54

 Divida dois destes triângulos em outros dois triângulos, de modo que um destes
triângulos seja retângulos isósceles.
 O recorte do quadrado maior está pronto.

1. Os triângulos isósceles 3 e 5 tem catetos de medida AC por construção. Logo,


encaixam-se no quadrado menor (de lado AC).
2. Os triângulos 1 e 6 possuem um dos catetos com medida AB e outro com medida AC
e sua hipotenusa mede BC, pois são congruentes ao triângulo ABC.
3. Os triângulos 2 e 4 são congruentes. Seus lados maiores medem BC. Os lados menores
medem AB-AC (procure ver na figura).
4. A figura 7 é um quadrado, pois todos os seus ângulos são retos e seus lados medem
AB-AC (veja na figura).
5. Considerando as afirmações 2, 3 e 4, concluímos que as
figuras 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 encaixam-se no quadrado de lado AB, como mostra a figura.
Assim, está provado que a área do quadrado maior pode ser decomposta na área dos
dois quadrados menores.
55

7 TEOREMA RECIPROCO E CONTRÁRIO DO TEOREMA


DE PITÁGORAS

7.1 Demonstração da recíproca do Teorema de Pitágoras

Foi provado o Teorema de Pitágoras com várias demonstrações. A questão agora é


saber se a, b e c são números reais positivos com 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄² será o triangulo de lados a, b
e c é retângulo?. De acordo com o enunciado do Teorema de Pitágoras “em qualquer
triangulo retângulo, a área do quadrado cujo lado é a hipotenusa é igual a soma das áreas
dos quadrados que tem como lados cada um dos catetos”. Outro questionamento: qual deverá
ser o enunciado para que possamos ter o enunciado da proposição recíproca?
Barbosa (1993) sugere a proposição direta e inversa da seguinte forma:
Direta: Se um ângulo de um triângulo é reto, então o quadrado da medida do lado
oposto é igual a soma dos quadrados das medidas dos outros dois lados.
Recíproca: Se em um triangulo o quadrado da medida de um lado é igual a soma dos
quarados das medidas dos outros dois lados, então o ângulo oposto é reto.
Deve-se atentar para não incluir no enunciado da recíproca as palavras catetos e
hipotenusa, porque é possível que não esteja certo, assim já se considera o triangulo retângulo,
desde que essas são denominações específicas de lados de um triangulo retângulo (Barbosa,
1993).
Intuitivamente, pensa-se que as proposições acima são verdadeiras. Mas, deve-se
demonstrar.
A prova:
Considera-se o triangulo 𝑨𝑩𝑪, com 𝑨𝑩 = 𝒄, 𝐵𝐶 = 𝒂e 𝑪𝑨 = 𝒃para qual temos, por
hipótese, 𝑎2 = 𝑏 + 𝑐².

̂ < 90°
1º Caso:𝑨
Imagina-se que 𝐛 ≤ 𝐜.Assim, o ponto 𝑫, projeção de𝑪 sobre 𝑨𝑩, cai no interior do
lado 𝑨𝑩. Sejam 𝑨𝑫 = 𝑿 𝑒 𝑪𝑫 = 𝒉.
56

Como o triangulo 𝐀𝐃𝐂 é retângulo, temos 𝒃𝟐 = 𝒉𝟐 + 𝒙²


Como o triangulo 𝐵𝐷𝐶 é retângulo, temos 𝐚𝟐 = 𝐡𝟐 + (𝐜 − 𝐱)𝟐 = 𝐛𝟐 − 𝐱 𝟐 + 𝐜 𝟐 −
𝟐𝐜𝐱 + 𝐱²
𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄𝟐 − 𝟐𝒄𝒙
Ou seja, 𝐚𝟐 < 𝐛𝟐 + 𝐜², o que contradiz a condição inicial

̂ > 90°
2º Caso:𝑨
Neste caso, o ponto D cai fora do lado 𝑨𝑩

O mesmo cálculo feito no caso anterior conduz-se a 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄𝟐 = 𝟐𝒄𝒙, ou seja,


a²> 𝒃𝟐 + 𝒄𝟐 ., novamente contradizendo a condição inicial. Demontra-se então que em um
triangulo 𝐴𝐵𝐶,de lados 𝑎, 𝑏 𝑒 𝑐.
̂ < 90° → 𝒂𝟐 < 𝒃𝟐 + 𝒄²
𝑨
̂ > 90° → 𝒂𝟐 > 𝒃𝟐 + 𝒄²
𝑨
̂ = 𝟗𝟎°, ou seja, o
Assim, a condição 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄² implica necessariamente que 𝑨
triangulo é retângulo.
Existe um grande número de demonstrações para provar a Teorema de Pitágoras, e as
demonstrações que aqui foram expostas são oriundas de diversos autores e servem como
57

exemplos evidentes de como se demonstrar o Teorema de Pitágoras. Em seu livro “Meu


Professor de Matemática e outras histórias”, Elon Lages Lima faz um comentário a respeito
do professor de matemática norte-americano Elisha Scott Loomis conseguiu, em 1940,
catalogar, ao todo, 370 demonstrações do Teorema de Pitágoras, dividindo-as em algébricas
(baseadas nas relações métricas) e a prova geométrica (envolvendo a comparação entre áreas).
58

CONCLUSÃO

O Teorema de Pitágoras é tido como um dos mais importantes teoremas da


Geometria Plana. Desde a Antiguidade, muitos estudiosos têm dele se ocupado,
desenvolvendo relações voltadas a atividades diárias ligadas a agrimensura, arquitetura,
edificações, urbanização, física, dentre outras áreas, inclusive a própria matemática.
Durante a estruturação deste trabalho, fomos estimulados a caminhar através de
textos didáticos, que nos propiciaram ampliação de conhecimentos, bem como compreender o
que está subentendido nas entrelinhas. A ideia, que não é original, tomou forma, diante da
curiosidade em estudar outras formas de abordagens do referido teorema, dentre inúmeras
existentes, e posteriormente, divulgar algumas dessas demonstrações. Até os dias de hoje,
para grande parte dos alunos, o Teorema de Pitágoras, em princípio, deixa a impressão, quase
certeza, de que a sua obtenção se dá segundo a sua demonstração tradicional. Esse fato
também é verdade para grande parte dos professores que ensinam esse assunto. Nesse sentido,
o professor deve ser perseverante e, em suas abordagens, reservar espaços para atividades que
envolvam aspectos dedutivos, demonstrativos, se possível relacionando tais conteúdos com a
sua evolução através dos tempos.
Aproveitamos então a oportunidade, e realizamos um relato do ponto de vista
histórico, sobre datas significativas, fatos relevantes, personagens importantes, relacionados
ao tema em tela. Com isso, além da matemática correspondente, um pouco de história,
devidamente relacionada e narrada, acompanhada de algumas notas biográficas informativas
complementares, dá ao trabalho um perfil seguramente valorizado pelas correntes da
educação matemática.
Procuramos conduzir esse trabalho, na perspectiva de contribuir com a melhoria do
ensino de matemática, na expectativa de que o mesmo sirva como fonte de consulta para
atividades educacionais, novas investigações e sugerimos sua leitura a professores de
Matemática, de Prática de Ensino e acreditamos fortemente que pode servir propostas de
atividades a serem refletidas e conduzidas nos Laboratórios/Oficinas de Matemática, no
ensino do Desenho Geométrico e porque não, nas atividades de Educação Artística.
59

Referências

BARASUOL, F. F. A matemática da pré-história ao antigo Egito. UNIrevista. vol. 1. n° 2.


2006.

BARBOSA, R. M. Descobrindo padrões pitagóricos: geométricos e numéricos. São Paulo:


Atual, 1993. 93p.

BOGDAN, R.; e BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à


teoria e aos métodos. Porto: Editora, 1994.

BOYER, C. B. História da Matemática. Tradução Elza F. Gomide. 3. ed. São Paulo:


Blucher, 2010. 496p.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros


curriculares nacionais para o ensino médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 2000.

CINTRA, C. de O.; CINTRA, R. J. de S. O teorema de Pitágoras. 1. ed. Recife: O Autor,


2003. 93p.

FOSSA, J.A. Ensaios sobre a educação matemática. Belém: EDUEPA, 2001.181P.

GASPAR, Maria Terezinha Jesus. Aspectos do desenvolvimento geométrico em algumas


civilizações e povos e a formação de professores. Rio Claro (SP): UNESP, 2003. 307f. Tese
(Doutorado em Educação Matemática)–Programa de Pós-Graduação em Educação
Matemática, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio
Claro, 2003.

KAHN, C. H. Pitágoras e os pitagóricos: uma breve história. Tradução Luís Carlos Borges.
São Paulo: Loyola, 1993. 233p.

LIMA, E. L. Meu professor de matemática e outras histórias. Rio de Janeiro, 1991.

LIMA, E. L.; CARVALHO, P. C. P.; WAGNER, A. Temas e Problemas Elementares. 12.


ed. Rio de Janeiro: SBM, 2006. 256p.

RUSSEL, B. apud STRATHERN, P. Pitágoras e seu teorema em 90 minutos. Tradução


Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998. 82p. STRATHERN, P. Pitágoras e
seu teorema em 90 minutos. Tradução Marcus Penchel.

SANTOS. Marconi Coelho dos. Teorema de Pitágoras: suas diversas demonstrações.


Campina Grande (PB):UEPB, 2011. 42f. Monografia (Especialização em Educação
Matemática para professores do Ensino Médio) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro
de Ciências e Tecnologia, Campina Grande, 2011.

VIANA, M. C. V.; SILVA, C. M. Concepções de Professores de Matemática sobre a


utilização da História da Matemática no processo de Ensino-Aprendizagem. In:
ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA, 9., 2007, Belo Horizonte.
Pôsteres... Belo Horizonte, 2007.

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