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Apostila Cap4 PDF
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CAPÍTULO 4
EVAPORAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO
4.1 Introdução
A evaporação é o processo pelo qual a água se transforma do estado líquido para o de vapor.
Embora o vapor d’água possa ser formado diretamente, a partir da fase sólida, o interesse da
hidrologia está concentrado nas perdas por evaporação, a partir de superfícies líquidas
(transformação de líquido em gás). Além da evaporação, o retorno da água para a atmosfera
pode ocorrer através do processo de transpiração, no qual a água absorvida pelos vegetais é
evaporada a partir de suas folhas. Evapotranspiração é o total de água perdida para a
atmosfera em áreas onde significativas perdas de água ocorrem através da transpiração das
superfícies das plantas e evaporação do solo.
A evaporação e a transpiração representam uma porção significativa do movimento da água
através do ciclo hidrológico. Em comparação com o escoamento, a evaporação e a
transpiração não são variáveis muito importantes para a engenharia hidrológica. Com
exceção de algumas situações de projeto, a evaporação é considerada apenas como parte da
equação de perdas, representando uma pequena fração das perdas durante uma precipitação.
As perdas por evaporação são importantes no projeto de grandes reservatórios, devendo ser
consideradas nestes projetos.
4.2 Evaporação
Evaporação é o processo físico no qual um líquido ou sólido passa ao estado gasoso, devido
à radiação solar e aos processos de difusão molecular e turbulenta. Além da radiação solar,
outras variáveis como: temperatura do ar, vento e pressão de vapor, também interferem na
evaporação principalmente em superfícies livres de água.
Os métodos normalmente utilizados para determinar a evaporação são:
• evaporímetros;
• transferência de massa;
• balanço de energia;
• balanço hídrico.
Evaporímetros
Tanques de evaporação: podem ser reunidos em quatro classes: enterrados, superficiais, fixos
e flutuantes. O mais usado em nível mundial é o tanque classe A, Figura 4.1, que tem forma
circular com um diâmetro de 121 cm e profundidade de 25,5 cm. Construído em aço ou ferro
galvanizado, deve ser pintado na cor alumínio e instalado numa plataforma de madeira a 15
cm da superfície do solo. Deve permanecer com água variando entre 5,0 e 7,5 cm da borda
superior. A taxa de evaporação, medida com auxilio de uma ponta limnimétrica apoiada em
um tranquilizador, é resultado das mudanças de nível de água no tanque, levando em
consideração a precipitação ocorrida. A manutenção da água entre profundidades
recomendadas, evita erros que podem chegar a 15% do valor determinado, quando por
exemplo, o nível de água estiver 10cm abaixo dos níveis estabelecidos. Também a água
dentro do tanque deve ser renovada regularmente para evitar a turbidez, responsável por erros
que podem superar 5% dos valores determinados.
Fig. 4.1 - Esquema de um tanque classe A Fig. 4.2 – Disposição em campo de um evaporímetro
São métodos que se baseiam na primeira lei de Dalton, e podem ser expressos por:
EO = C (es − e ) (4.1)
onde: Eo = evaporação
e = pressão de vapor do ar
C = coeficiente característico da localidade
es = pressão de vapor de saturação na temperatura da superfície
O efeito do vento é introduzido através do parâmetro C, de acordo com a seguinte expressão:
N ⋅ f (w )(es − e )
C =
f (r )
(4.2)
Balanço hídrico
dV = I − Q − E0 ⋅ A + P ⋅ A
dt
(4.3)
onde
V = volume de água contido no reservatório;
t = tempo;
I = vazão total de entrada no reservatório;
Q = vazão de saída do reservatório;
Eo = evaporação;
P = precipitação sobre o reservatório;
A = área do reservatório.
Utilizando as unidades usuais de cada variável, e considerando que o volume e a área podem
se relacionar por uma função do tipo V = a Ab , (V em hm e A em km2) ou utilizando tabelas,
a Equação 4.3 resulta em
Eo ( mm/mês ) = 2,592.( I - Q )/A + P - 1000 . a b A b-l . [A( t+1 )-A( t )]/∆t
(4.4)
O uso de uma equação de balanço hídrico para estimar a evaporação é teoricamente correto,
pois está alicerçado no princípio de conservação de massa. Na prática as dificuldades para
medir as demais variáveis limitam este procedimento. As imprecisões ficam por conta
principalmente das contribuições diretas que aportam ao reservatório. Quando a contribuição
Grupo de Recursos Hídricos – Apostila de Hidrologia
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Universidade Federal da Bahia – Departamento de Hidráulica e Saneamento Capítulo 4
direta não controlada é grande, o erro na sua avaliação pode produzir erros significativos na
determinação da evaporação.
Exemplo 7.2: a precipitação total no mês de janeiro foi de 154 mm, a vazão de entrada
drenada pelo rio principal foi de 24 m3/s. Este rio drena 75 % da bacia total que escoa para o
reservatório. Com base nas operações do reservatório ocorreu uma vazão média de saída de
49 m3/s. A relação entre o volume e a área do reservatório encontra-se na tabela abaixo. O
volume no início do mês era de 288.106 m3 e no final 244.106 m3. Estime a evaporação no
reservatório.
Área Volume
Km2 106 m3
10 10
30 60
90 270
110 440
Tabela 4.1 – Relação entre volume e área
Duas soluções podem ser usadas. A primeira utiliza diretamente a Equação 4.3 e a outra a
Equação 4.4. No primeiro caso evita-se o erro de ajuste de uma função para a relação entre a
área e o volume, mas no segundo é mais fácil de operar com todas as variáveis envolvidas.
• A( t+l ) = 92,12 km2 e A( t ) = 81,43 km2 , a área média fica A = 86,78 km2
• a variação de volume é = (288 - 244) . 106 = 44 . 106
• a variação de vazão é = (24/0,75 - 49) = -l7 m3/s.
4.3 Evapotranspiração
Medidas diretas
a) Método de Thorthwaite
12
I = ∑i (4.7)
1
onde,
1, 514
t
i= (4.8)
5
a = equação cúbica da forma:
A equação de Thornthwaite é bastante complexa para uso prático, mas pode ser facilmente
aplicada com o auxilio de um nomograma específico. Como a temperatura do ar é um
elemento geralmente medido em postos meteorológicos com bastante precisão, substituiu-se o
índice de calor pela temperatura média anual, construindo um nomograma com: temperatura
média anual (ºC) e temperatura média mensal (ºC). Com esse nomograma, calcula-se
diretamente a evapotranspiração mensal.
Esse método, como o de Thornthwaite, utiliza a temperatura média mensal e um fator ligado
ao comprimento do dia. Os dados são obtidos em base pela fórmula:
t ⋅ p⋅k
u= (4.10)
100
onde u é o uso consultivo mensal (em polegadas); t a temperatura média mensal em ºF; p é a
percentagem de horas diurnas do mês, sobre o total de horas diurnas do ano; k é um
coeficiente empírico mensal, que depende da cultura, do mês e da região (valor tabelado).
O método de Blaney e Criddle foi adaptado ao uso das unidades do sistema métrico decimal
e à escala Celsius. É a seguinte a fórmula de Blaney Criddle modificada
E = (t − 0,5T ) ⋅ p ⋅ k (4.11)
QUESTIONÁRIO