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Disciplina: Inclusão e diversidade cultural na Educação Profissional e

Tecnológica

Autores: M.e Jackson Luis Schirigatti

Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva

Revisão Ortográfica: Jaqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2016

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral


ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.

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Jackson Luis Schirigatti

Inclusão e diversidade
cultural na Educação
Profissional e Tecnológica
1ª Edição

2016
Curitiba, PR
Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

SCHIRIGATTI, Jackson Luis.


Inclusão e diversidade cultural na Educação Profissional e Tecnológica /
Jackson Luis Shirigatti. – Curitiba, 2016.
45 p.
Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva.
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.
Material didático da disciplina de Inclusão e diversidade cultural na
Educação Profissional e Tecnológica – Faculdade São Braz (FSB), 2016.
ISBN: 978-85-5475-114-2

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,


nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Universitária.

A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e


comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas
também brasileiros conscientes de sua cidadania.

Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar


comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, bem como com as
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!

Faculdade São Braz

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Apresentação da disciplina

A disciplina de Inclusão e diversidade cultural na Educação Profissional e


Tecnológica (EPT), visa trazer em sua abordagem a compreensão dos
fundamentos, suas vertentes oriundas dos movimentos sociais no Brasil, suas
concepções e práticas da EPT. Faz-se necessário entender esses movimentos
sociais, a Educação Profissional (e suas políticas), seus programas e projetos.

Um dos objetivos destacados dessa disciplina é a política de educação


traduzida na questão da inclusão em suas diferentes vertentes evidenciando o
papel do professor diante das questões de identidade, sexualidade, gênero, raça
e etnia e educação inclusiva. É importante também mostrar as diferentes
estratégias de ensino que norteiam a prática inclusiva, considerando os
diferentes ambientes.

Esta disciplina divide-se em quatro capítulos. O primeiro capítulo abordará


os fundamentos e conceitos básicos da EPT, mostrando os principais contextos
da Lei de diretrizes da Educação no Brasil, quanto ao acesso e aos níveis e
modalidades dos cursos, bem como os principais programas de acesso a EPT.
O capítulo dois detalha as Políticas Públicas na questão da inclusão e da
diversidade cultural, além de apresentar os movimentos sociais associados à
EPT de forma histórica e cronológica da formação da educação profissional e
tecnológica no Brasil. O capitulo três trabalha com o papel do professor diante
das questões de identidade, sexualidade, gênero, raça e etnia e educação
inclusiva. E por último o capítulo quatro mostra as estratégias de ensino que
norteiam a prática inclusiva nos seus diferentes ambientes.

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Aula 1 – Fundamentos da Educação Profissional e Tecnológica

Apresentação da Aula 1

Nesta aula serão abordados os fundamentos da EPT, visando assegurar


uma base inicial para o entendimento da Educação Profissional e Tecnológica
no Brasil, explicando os fundamentos da Educação Profissional pelo INEP
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e pelas
LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), através da Lei 9.394 de
20 de dezembro de 1996. Em primeiro momento será explicado sobre a divisão,
acesso, os níveis e as modalidades da Educação Profissional e Tecnológica,
bem como, exemplos de cursos ofertados pelo Governo Federal, Estadual e
Municipal, através dos diversos programas relatados da atualidade.

1. Fundamentos da Educação Profissional e Tecnológica

1.1 A divisão e o acesso à Educação Profissional

Segundo o INEP (2015), explica sobre a Educação Profissional, onde a


mesma está dividida em três níveis: básico, técnico e tecnológico. Os cursos
básicos são abertos a qualquer pessoa interessada, independente da
escolaridade prévia; os técnicos são oferecidos simultaneamente ao Ensino
Médio ou após a sua conclusão, e tem organização curricular própria; e os
tecnológicos são cursos de nível superior. E segundo a LDB (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional) em seu parágrafo, único comenta sobre o acesso
à educação profissional: “o aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental,
médio ou superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará
com a possibilidade de acesso à educação profissional”.

O artigo 40 da LDB (Lei 9.394), comenta que a educação profissional será


desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias
de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de
trabalho, a mesma em seu artigo 42, comenta que, “as instituições de educação
profissional e tecnológica, além de seus cursos regulares, oferecerão cursos
especiais, abertos a comunidade, condicionada a matricula à capacidade de

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aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade”. Exemplos
desses cursos são os do Pronatec (Programa nacional de acesso ao ensino
técnico e emprego) criado pelo governo Federal em 2011, por meio da Lei
11.513/2011, o qual objetivava expandir, interiorizar e democratizar a oferta de
cursos de educação profissional e tecnológica no país, além de contribuir para
melhoria da qualidade do ensino médio público (PRONATEC, 2015).

1.2 Os níveis e modalidades da educação Profissional e Tecnológica

Com relação aos níveis e modalidades da EPT, os mesmos podem ser


vistos na Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, no Título V, Capítulo III, Artigo
39, onde no segundo parágrafo, comenta que os cursos EPT são de I - formação
inicial e continuada ou qualificação profissional, II - de educação profissional
técnica de nível médio e III - de educação profissional tecnológica de graduação
e pós-graduação.

LEI Nº 9.394, DE 20 DE Dezembro DE 1996

[...]
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Da Educação Profissional e Tecnológica
(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da
educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.
§ 1° Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por
eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos,
observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino
§ 2° A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos
I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;
II – de educação profissional técnica de nível médio;
III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.
§ 3° Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação
organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com
as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular
ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou
no ambiente de trabalho.
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive
no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para
prosseguimento ou conclusão de estudos.

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Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológica, além dos seus cursos
regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula
à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade.

Disponível na integra no acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm


1.2.1 Cursos de formação inicial e continuada ou qualificação
profissional

Os cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional


conforme visto no segundo parágrafo, inciso I da LDB, são os cursos
disponibilizados pelo governo através dos programas de acesso a educação
profissional técnica.

Segundo SENAI (2016), a formação inicial:

[...] é a educação profissional destinada a qualificar jovens e adultos,


independentemente de escolaridade prévia e de regulamentação
curricular, podendo ser oferecida, segundo itinerários formativos, de
forma livre, em função das necessidades da indústria e da sociedade.
Tem duração variável e carga horária mínima de 160 horas. Uma das
modalidades de Formação Inicial no SENAI é a Qualificação
Profissional. (SENAI, 2016, S/p.).

Sobre a formação continuada o SENAI (2016), afirma que:

[...] é o processo educativo que se realiza ao longo da vida, com a


finalidade de desenvolver competências complementares, incluída,
quando necessária, a elevação da escolaridade básica do cidadão
trabalhador.
Os cursos de formação continuada não estão sujeitos à carga horária
mínima de 160 horas, tendo como requisito para ingresso
comprovação de Formação Inicial ou avaliação ou reconhecimento de
competências para aproveitamento em prosseguimento de estudos.
A Formação Continuada no SENAI compreende as modalidades
Aperfeiçoamento Profissional e Especialização Profissional.
(SENAI, 2016, S/p.).

1.2.2 Programas atuais de acesso a EPT

Atualmente, existem muitos cursos disponibilizados pelo governo, quanto


ao segundo parágrafo do artigo 39 da LDB, sobre os cursos de formação inicial
e continuada ou qualificação profissional, através de programas como o
Pronatec, para estudantes do ensino médio e para jovens e trabalhadores,
conforme o parágrafo único da LDB:

[...] o aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio ou


superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará
com a possibilidade de acesso à educação profissional. (BRASIL,
1996, S/p.).

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O Pronatec busca ampliar as oportunidades educacionais e de formação
profissional qualificada aos jovens, trabalhadores e beneficiários de programas
de transferência de renda. Os cursos, financiados pelo Governo Federal, são
ofertados de forma gratuita por instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica e das redes estaduais, distritais e
municipais de educação profissional e tecnológica. Também são ofertantes as
instituições do Sistema S, como o SENAI, SENAT, SENAC e SENAR
(PRONATEC, 2015).

Saiba Mais
Para saber mais, acesse o site do Pronatec e verifique os
cursos gratuitos ofertados pelo Programa Nacional de
Acesso ao ensino Técnico e Emprego. O Pronatec é uma
política pública estruturante que reúne o conjunto de ações
de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) brasileira
realizada com os esforços conjuntos de diversos parceiros:
- O Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica (Setec) e da Diretoria
de Tecnologia da Informação do Ministério da Educação.
- O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE).
Link: http://portal.mec.gov.br/pronatec

Além do programa “Pronatec” e o sistema de informações “Sistec”, o


governo disponibiliza o Sisutec (Sistema de Seleção Unificada da Educação
Profissional e Tecnológica) é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC)
para aumentar o índice de capacitação dos brasileiros através de cursos de
qualificação técnica. O Sisutec oferta vagas gratuitas em cursos técnicos para
candidatos que tenham participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A seleção é feita pelo Sistema com base na nota obtida pelo candidato no Exame
(PRONATEC, 2015).

[...] O SISTEC é o Sistema Nacional de Informações da Educação


Profissional e Tecnológica. Esse sistema é pioneiro e, portanto,
inovador no País por disponibilizar, mensalmente, informações sobre
cursos técnicos de nível médio, respectivas escolas e alunos desse
nível de ensino. Caso a escola também ofereça cursos de formação
inicial e continuada, o SISTEC apresentará ainda dados referentes aos

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cursos e aos alunos dessa oferta de ensino. [...] Todas as unidades de
ensino credenciadas que ofertam cursos técnicos de nível médio,
independentemente da sua categoria administrativa (pública e privada,
incluindo aquelas referidas no art. 240 da Constituição Federal, de
1988), sistema de ensino (federal, estadual e municipal) e nível de
autonomia devem se cadastrar no SISTEC. (MEC, S/d.)

Outra modalidade dentro dos cursos de formação profissional é o “bolsa-


formação”, em que são oferecidas vagas gratuitas de Educação Profissional e
Tecnológica. Há duas modalidades: a Bolsa-Formação Trabalhador, que oferece
cursos de qualificação profissional (cursos de curta duração, com 160 horas-aula
ou mais) para beneficiários do seguro-desemprego e dos programas de inclusão
produtiva do Governo Federal; e a Bolsa-Formação Estudante, que oferece
cursos técnicos (de maior duração, pelo menos 800 horas-aula), concomitantes
ou subsequentes (PRONATEC, 2015).

1.3 A Educação Profissional Técnica de nível médio

A Educação Profissional Técnica pode ser integrada, em três formatos ao


nível médio, a concomitante e a subsequente conforme a Leis de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional.

1.3.1 EPT nível médio integrado

Com relação aos cursos técnicos de nível médio, de maior duração do


que os cursos de “formação inicial e continuada ou qualificação profissional”,
destacam-se os cursos técnicos de nível médio integrado, com ou sem acesso
pela bolsa-formação estudante (mencionados no item anterior sobre os
programas de EPT). Como visto no ícone de curiosidades, o SISTEC informa
também os cursos técnicos de ensino médio e instituições de ensino que os
promovem. Na Lei 9394, na Seção IV-A, no artigo 36-C, inciso I, diz que a
educação profissional técnica de nível médio articulada, será desenvolvida
também na forma:

[...] integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino


fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à
habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição
de ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno. (BRASIL,
1996, S/p.).

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Segundo o MEC (2007), no seu documento base, pela secretaria de
educação profissional e tecnológica,

Entre as razões do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, a


opção pelo apoio a forma de oferta de educação profissional técnica
de nível médio integrada ao ensino médio dá-se, principalmente, pelo
fato de ser a que apresenta melhores resultados pedagógicos. Assim,
o PDE propõe sua consolidação jurídica na LDB, com o acréscimo de
uma seção especificamente dedicada à articulação entre a educação
profissional e o ensino médio, denominada “Da Educação Profissional
Técnica de Nível Médio”, e pelo financiamento para a melhoria da
qualidade do ensino médio integrado e ampliação de sua oferta nos
sistemas de ensino estaduais por meio do Programa Brasil
Profissionalizado, instituído pelo Decreto no.6.302, de 12 de dezembro
de 2007. (BRASIL, 2007, S/p.).

Portanto, tem-se visto no documento base do MEC que o ensino


profissional técnico de nível médio integrado é uma das razões do PDE (Plano
de Desenvolvimento da Educação) e propõe em termos da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, a Lei 9394, essa articulação integrando o ensino
médio e o profissional técnico, através do Programa Brasil Profissionalizado.

Segundo o MEC (2007), o programa Brasil Profissionalizado visa


estimular o ensino médio técnico à educação profissional, enfatizando a
educação científica e humanística, por meio da articulação entre formação geral
e educação profissional, considerando a realidade concreta no contexto dos
arranjos produtivos e das vocações sociais, culturais e econômicas locais e
regionais, por meio da prestação de assistência financeira para construção,
ampliação, modernização e adequação do espaço físico; construção de
laboratórios de física, química, biologia, matemática, informática e os
recomendados no catálogo de Cursos Técnicos da SETEC.

Vocabulario
Articulação: Indica conexão entre as partes, neste caso a
educação profissional e a formação geral.
Omnilateral: Diz-se de um pensamento marxista que defende
que o homem deve se sentir completo a partir de sua
convivência em sociedade e de seu trabalho.

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O programa Brasil Profissionalizado, o qual visa fortalecer as redes
estaduais de Educação Profissional e Tecnológica. A iniciativa repassa recursos
do governo federal para que os estados invistam em suas escolas técnicas.
Criado em 2007, o programa possibilita a modernização e a expansão das redes
públicas de ensino médio integradas à educação profissional, uma das metas do
Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). O objetivo é integrar o
conhecimento do ensino médio à prática.

O Brasil Profissionalizado leva em consideração o desenvolvimento da


educação básica na rede local de ensino e faz uma projeção dos resultados para
a melhoria da aprendizagem. Um diagnóstico do ensino médio contém a
descrição dos trabalhos político-pedagógicos, o orçamento detalhado e o
cronograma das atividades. O incremento de matrículas e os indicadores sociais
da região, como analfabetismo, escolaridade, desemprego, violência e
criminalidade de jovens entre 18 e 29 anos, também são analisados.

Amplie Seus Estudos


Amplie seus estudos acessando o link do MEC, no qual
aprofundam-se as informações sobre programa Brasil
Profissionalizado.
Link:
http://portal.mec.gov.br/index2.php?option=com_content&vi
ew=article&id=12325&Itemid=663

Para Ramos (2008), na concepção do ensino médio integrado existem


dois sentidos entre a educação profissional e educação básica, o primeiro fala
sobre a formação omnilateral e o segundo sobre a indissociabilidade. Vemos
que ainda para Ramos (2008),

[...] o primeiro sentido que atribuímos à integração é


filosófico. Ele expressa uma concepção de formação
humana, com base na integração de todas as dimensões
da vida no processo formativo. [...] A integração, no
primeiro momento, possibilita formação omnilateral dos
sujeitos, pois implica a integração das dimensões
fundamentais da vida que estruturam a pratica social.
Essas dimensões são o trabalho, a ciência e a cultura. O
trabalho compreendido como realização humana inerente

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ao ser [...] e como prática econômica [...]; a ciência é
compreendida como os conhecimentos produzidos pela
humanidade que possibilita o contraditório avanço
produtivo; e a cultura, que corresponde aos valores éticos
que orientam as normas de conduta de uma sociedade.
(RAMOS, 2008, p.3).

Importante
O primeiro sentido da integração da EPT com a educação
básica é o fato de atribuir às dimensões de trabalho, ciência e
cultura.

No segundo sentido da integração da EPT com a educação básica,


segundo Ramos (2008) é a indissociabilidade.

Do ponto de vista da política nacional, hoje temos dispositivos legais


sobre como construir uma formação integrada no ensino médio com a
educação profissional. Antes, porém, é preciso reconhecer que, de
forma singular para as classes trabalhadoras, o direito ao trabalho na
sua perspectiva econômica configura a profissionalização dos jovens
como uma necessidade. [...] Ao mesmo tempo, o ensino técnico é uma
experiência na qual os jovens, ao se relacionarem com a técnica e a
tecnologia – ciência materializada em força produtiva – apreendem o
significado formativo do trabalho, não no sentido moralizante que
sustentou as políticas educacionais no início no século XX, mas sob o
princípio ontológico de que a plena formação humana só pode ser
alcançada à medida que o ser desenvolve suas capacidades de
decisão e ação sustentadas pela unidade entre trabalho intelectual e
manual. (RAMOS, 2008, p.12).

Fica claro a indissociabilidade dessa integração, sendo importante


resaltar em uma formação profissional que possibilite aos jovens e adultos na
aquisição de conhecimentos voltados a uma estrutura de inserção na vida
produtiva e de plena formação humana. A busca da integração da teoria com a
prática, da cultura técnica a cultura geral, do trabalho manual com o intelectual
e na construção de seus projetos de vida, sendo o trabalho um meio de
realização no presente e de perspectivas futuras.

Para Ramos (2008):

[...] se os cursos somente fossem de educação profissional, ou seja,


não integrados a educação fundamental, os mesmos não se
sustentariam, seriam apenas cursos de treinamento, de

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desenvolvimento de habilidades procedimentais. (RAMOS, 2008,
p.12).

Faz-se importante refletir “a indissociabilidade da educação profissional-


técnico a formação básica”, relacionando-a à inclusão na Educação Profissional
e Tecnológica.

1.3.2 EPT concomitante ao nível médio e a forma de ensino


subsequente

Quanto à forma concomitante, em que a formação técnica ocorre


paralelamente ao ensino médio, “[...] identificamos como uma alternativa face
aos limites dos sistemas de ensino implantar universalmente a forma integrada”.
(RAMOS, 2008, p.13).

Na Lei 9394, na Seção IV-A, no artigo 36-C, inciso II, diz que a educação
profissional técnica de nível médio articulada, será desenvolvida também na
forma:

[...] concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o


esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e
podendo ocorrer:
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades
educacionais disponíveis;
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
oportunidades educacionais disponíveis;
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado (BRASIL, 1996, S/p.).

Já o artigo 36-B da LDB, no inciso II, a Educação Profissional e Técnica


de nível médio será desenvolvida também na forma subsequente, em cursos
destinados a quem já tenha concluído o Ensino Médio (BRASIL, 1996).

1.4 A Educação Profissional Tecnológica de graduação e pós-


graduação

Segundo Brandão (2006) a EPT na segunda metade da década de 1996


com a LDB e uma série de decretos federais e portarias do MEC, em conjunto
compareceres do Conselho Nacional de Educação (CNE), nosso sistema

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educacional começa a ser reformulado, e nesse contexto através do decreto
2208 de 17 de abril de 1997, determina em seu artigo 3º, [para a sua estrutura
legal], níveis para a modalidade “Educação Profissional” (básico, técnico e
tecnológico). O nível tecnológico é definido como o nível superior da “educação
escolar”, nos quais os cursos conferem o título de “tecnólogo”.

A Legislação Nacional vem através de Leis, decretos (pareceres,


resoluções e portarias), desde 1996 até 2008, estabelecendo normas, critérios e
diretrizes, organizando o ensino superior profissional e tecnológico no Brasil.

O marco da educação EPT superior inicia-se com Lei nº 9394 em 20 de


dezembro de 1996, estabelecendo as diretrizes e bases da educação nacional,
e em 02 de Abril de 2001, o parecer Nº 436 do CNE/CES (Conselho Nacional de
Educação) realiza considerações sobre os cursos superiores de tecnologia -
Formação Tecnólogos. Já a Resolução do CNE/CP Nº 3 (Conselho Nacional de
Educação – Conselho Pleno), em 18 de dezembro de 2002, institui as diretrizes
curriculares Nacionais Gerais para a organização e o funcionamento dos cursos
superiores de tecnologia. Em seu Art.1º “A educação profissional de nível
tecnológico, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência
e à tecnologia, objetiva garantir aos cidadãos o direito à aquisição de
competências profissionais que os tornem aptos para a inserção em setores
profissionais nos quais haja utilização de tecnologia.” e no seu Art.2º com relação
aos seus objetivos:

Os cursos de educação profissional de nível tecnológico serão


designados como cursos superiores de tecnologia e deverão:
I – incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da
compreensão do processo tecnológico, em suas causas e efeitos;
II - incentivar a produção e a inovação científico - tecnológica, e suas
respectivas aplicações no mundo do trabalho;
III - desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e
específicas, para a gestão de processos e a produção de bens e
serviços;
IV - propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais,
econômicos e ambientais resultantes da produção, gestão e
incorporação de novas tecnologias;
V - promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar
as mudanças nas condições de trabalho, bem como propiciar o
prosseguimento de estudos em cursos de pós-graduação;
VI - adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e
a atualização permanente dos cursos e seus currículos;
VII - garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso
e da respectiva organização curricular. (BRASIL, 1996, S/p.).

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Amplie Seus Estudos
SUGESTÃO DE LEITURA
Amplie seus estudos lendo o artigo A educação profissional
técnica de nível médio no Brasil: transição para um novo
modelo?, de autoria de Carlos Roberto Winckler e Salvatore
Satagada, no qual traz-se uma revisão histórica da EPT e
uma análise do ensino profissional técnico de nível médio no
Brasil a partir da perspectiva das políticas federais
contemporâneas, buscando um novo patamar da educação
profissional, onde então iremos transcrever de uma forma
resumida para a nossa aula sequente.

Link:
http://revistas.fee.tche.br/index.php/indicadores/article/view/
2631/3062

Para saber mais sobre a Legislação Nacional dos Cursos


Superiores de Tecnologia, acesse a página do Inep, a qual
traz a Legislação e as Normas da Educação Superior.
Link: http://portal.inep.gov.br/superior-condicoesdeensino-
legislacao_normas

Resumo da Aula 1

Nesta aula apresentou-se o funcionamento da EPT no Brasil por meio da


sua divisão, acesso, de seus níveis, modalidades e programas que constituem a
educação profissional e tecnológica de acordo com LDB (leis de diretrizes e
bases da educação nacional), evidenciando a divisão da EPT é dada pelos níveis
básico, técnico e tecnológico, os quais podem ser atendidos pelos programas
do governo federal e através de parcerias com os governos estadual e municipal,
destacando-se o Pronatec (programa nacional de acesso ao ensino técnico e
emprego) e o “Sisutec” programa onde são ofertadas vagas gratuitas em cursos
técnicos para candidatos que tenham participado do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem).

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Atividade de Aprendizagem
Após a Leitura dessa primeira aula, elabore uma pesquisa
estatística, discorrendo sobre a mesma, enfatizando os
acessos aos programas existentes, que referem-se à
formação inicial e continuada, formação nível médio
integrado, subsequente e concomitante da EPT no Brasil e
dos cursos superiores de tecnologia. Utilize o acesso ao
último censo do INEP, conforme comentado nesta aula.

Aula 2 – A história da Educação Profissional e Tecnológica e as Políticas


Públicas na questão da inclusão e da diversidade cultural

Apresentação da Aula 2

Nesta aula serão apresentadas às Políticas Públicas, no processo da


inclusão e da diversidade cultural, incluindo os movimentos que se destacaram,
na forma cronológica e histórica da EPT.

2. A História da Educação Profissional e Tecnológica no Brasil

Segundo o documento base do MEC (2007), pela Secretaria de Educação


Profissional e Tecnológica, comenta os primórdios da Educação Profissional
Técnica de nível médio.

Os primeiros indícios do que hoje se pode caracterizar como as origens


da educação profissional surgem a partir de 1809, com a criação do
Colégio das Fábricas, pelo Príncipe Regente, futuro D. João VI (Brasil,
1999 - Parecer n° 16/99-CEB/CNE). Nessa direção, ao longo do século
XIX foram criadas várias instituições, predominantemente no âmbito da
sociedade civil, voltadas para o ensino das primeiras letras e a
iniciação em ofícios, cujos destinatários eram as crianças pobres, os
órfãos e os abandonados, dentre essas, os Asilos da Infância dos
Meninos Desvalidos. (MEC, 2007, S/p.).

Nos itens sequentes você verá uma ordem cronológica histórica da EPT e
as políticas púbicas e movimentos ocorridos no Brasil.

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2.1 Educação Profissional e Tecnológica até os anos 30

Segundo Winckler e Santagada (2012), a história da EPT no Brasil tem


seu início a parir dos anos 30, quando o Brasil inicia a transição de uma
sociedade urbano-industrial, com forte apoio estatal. No final do século XIX, um
processo presente de urbanização, a formação para o trabalho possui um caráter
de controle das classes populares. Nesse sentido criaram-se escolas
correcionais, “dar uma profissão a juventude de classe pobre e sem emprego”
(neste momento se tem o princípio na necessidade de educação profissional).

Segundo os documentos do portal do MEC sobre a História da EPT


(2009):

O ano de 1906 foi marcado pela consolidação do ensino técnico-


industrial no Brasil pelas seguintes ações:
- Realização do “Congresso de Instrução” que apresentou ao
Congresso Nacional um projeto de promoção do ensino prático
industrial, agrícola e comercial, a ser mantido com o apoio conjunto do
Governo da União e dos Estados. O projeto previa a criação de
campos e oficinas escolares onde os alunos dos ginásios seriam
habilitados, como aprendizes, no manuseio de instrumentos de
trabalho.
- A Comissão de Finanças do Senado aumentou a dotação
orçamentária para os Estados instituírem escolas técnicas e
profissionais elementares sendo criada, na Estrada de Ferro Central
do Brasil, a Escola Prática de Aprendizes das Oficinas do Engenho de
Dentro, no Rio de Janeiro.
- Declaração do Presidente da República, Afonso Pena, em seu
discurso de posse, no dia 15 de novembro de 1906:
“A criação e multiplicação de institutos de ensino técnico e profissional
muito podem contribuir também para o progresso das indústrias,
proporcionando-lhes mestres e operários instruídos e hábeis”.

Vocabulario
Os Projetos (e programas do governo para Educação
Profissional e Tecnológica), são as chamadas Políticas
Públicas.

Políticas Públicas são programas, projetos, atividades ou ações


desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente com a participação de

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entidades públicas ou privadas, assegurando direito de cidadania, nesse caso à
Educação.

Segundo Peters (1986 apud Souza 2006), Política Pública é a soma das
atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que
influenciam a vida dos cidadãos.

Para Winckler e Santagada (2012), na primeira Republica,


especificamente em 1909 foram criadas nas capitais dos estados, escolas de
aprendizes e artífices, permanecendo forte caráter de controle, habilitando a uma
profissão e afastando desvalidos da ociosidade, vício e do crime.

Figura 1 – Escola de Aprendizes Artífices de Santa Catarina


Fonte: © Banco de Imagens do Ministério da Educação – Institutos Federais –
Pacheco 2011.

Segundo o MEC (2009):

Com o falecimento de Afonso Pena, em julho de 1909, Nilo Peçanha


assume a Presidência do Brasil e assina, em 23 de setembro de 1909,
o Decreto nº 7.566, criando, inicialmente em diferentes unidades
federativas, sob a jurisdição do Ministério dos Negócios da Agricultura,
Indústria e Comércio, dezenove “Escolas de Aprendizes Artífices”,
destinadas ao ensino profissional, primário e gratuito. (MEC, 2009,
S/p.).

Winckler e Santagada (2012), descrevem, que no final do século XIX,


temos os projetos das primeiras escolas de profissões, as “correcionais” em uma
necessidade ao trabalho e redução da ociosidade, e no início do século XX as
19
escolas de Aprendizes Artífices, mais tarde denominadas escolas técnicas,
destinadas ao ensino profissional gratuito, as quais eram mantidas pelas
Políticas Públicas, objetivando contribuir para o progresso das indústrias. Nesse
sentido temos “o início da inclusão a educação profissional e tecnológica”.

2.2 Educação Profissional e Tecnológica, transição dos anos 40

Na transição das décadas de 30 e 40 tem-se vários eventos, os quais


contribuíram para uma mudança na Educação Profissional e Tecnológica,
decorrentes de um momento de implantação do Capitalismo Industrial, como
a crescente demanda por mão de obra qualificada para as indústrias, a
constituição de 1937 obrigavam a criação das escolas profissionais; a criação do
SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional) e decretos que
transformaram as antigas escolas de Aprendizes e Artífices nas escolas
técnicas.

O Capitalismo Industrial Nacional, deve-se a grande parte do


desenvolvimento tecnológico. As empresas evoluíram de manufatureiras para
mecanizadas. É uma fase da história do Capitalismo que ocorreu em 1780 a
1870. Mas no Brasil, o capitalismo industrial ocorreu em uma fase de
implantação de 1808 a 1930, e em outra fase chamada de Revolução Industrial
Brasileira, que compreende o período de 1930 a 1956 (WINCKLER e
SANTAGADA, 2012).

Os autores e documentos do MEC abaixo reforçam através de


comentários, os eventos desta transição.

Segundo Winckler e Santagada (2012):

Entre 1930 e 1945, cresceu a demanda por operários qualificados e


quadros técnicos, dada a implantação do capitalismo industrial
nacional. A Constituição de 1937 estabeleceu a obrigatoriedade da
organização de escolas profissionais pelas empresas e sindicatos. Em
1942, criou-se o Serviço Nacional de Aprendizagem (Senai) e foi
promulgada a Lei Orgânica do Ensino Industrial, que organiza esse tipo
de ensino, não mais exclusivo de empresas e sindicatos, além de
equipará-lo ao ensino médio propedêutico. A Lei de Diretrizes e Bases,
de 1961, incorporou medidas já em curso nos anos anteriores.
(WINCKLER e SANTAGADA, 2012, p.98).

20
Segundo MEC (2009), o Decreto nº 4.127, de 25 de fevereiro de 1942
transforma as Escolas de Aprendizes e Artífices em Escolas Industriais e
Técnicas, passando a oferecer a formação profissional em nível equivalente ao
do secundário. A partir desse ano, inicia-se, formalmente, o processo de
vinculação do ensino industrial à estrutura do ensino do país como um todo, uma
vez que os alunos formados nos cursos técnicos ficavam autorizados a ingressar
no ensino superior em área equivalente à da sua formação.

Pesquise
Realize pesquisas sobre o Capitalismo Industrial Nacional
no Brasil e no Mundo. Com essa pesquisa você poderá obter
uma melhor compreensão sobre os eventos comentados e
outros que influenciaram a Educação Profissional
Tecnológica no Brasil.

2.3 Educação Profissional e Tecnológica, anos 50 a 80

Entre as décadas de 50 e 80, os eventos que potencializaram EPT no


Brasil estão relacionados ao desenvolvimento industrial através da
internacionalização da economia brasileira, a forte pressão de
encaminhamento a modernização e a um esgotamento econômico-político que
consumou o golpe militar de 64, induzindo a organização estrutural na economia
do país, exigindo nesses cenários a capacitação profissional técnica industrial
ou formação especializada.

Conforme Winckler e Santagada (2012):

A partir de meados dos anos 50, no bojo do desenvolvimento industrial,


iniciou-se a internacionalização da economia brasileira, com forte
presença do papel do Estado no processo de modernização,
particularmente nas áreas de infraestrutura e energia. O Plano de
Metas do Governo Kubitschek (1956-61) evidenciou a passagem
definitiva do País à condição de industrializado e urbano. Data desse
período, a expansão da educação profissionalizante, com o surgimento
de ginásios industriais, de centros de educação técnica e de programas
de preparação de mão de obra industrial. Os investimentos priorizavam
a formação de técnicos, tendo em vista as metas de desenvolvimento.
Em 1959, as instituições federais de ensino profissional passaram à
condição de autarquias, com autonomia de gestão e de didática.
(WINCKLER e SANTAGADA, 2012, p.99.).

21
Nesse período, acentuaram-se as tendências tecnicistas de educação.

Algumas fontes informam que a internacionalização da Economia


Brasileira ocorreu após a década de 50 e outras indicando no início da década,
com grande participação do Estado como empresário e no desenvolvimento de
infraestrutura. Momento de crescimento do país, sendo o Estado provedor deste
desenvolvimento até os anos 80. Esta promoção e devido às políticas
econômicas mal sucedidas, aumentaram a dívida externa e inflação. Com
relação ao conceito de internacionalização, indica trocas econômicas, políticas
e culturais entre nações.

Segundo Brandão (2006):

Para compreender os cursos Superiores de Tecnologia que foram


implantados na década de sessenta, é necessário observá-los como
parte de decisões políticas que vinham sendo tomadas pelo estado
brasileiro [...]. País de periferia capitalista que já vinha passado por um
processo de industrialização pelo menos desde o final da década de
1930 e início dos anos de 1940, o Brasil desde os anos de 1960 se vê
sob pressão para caminhar em um sentido específico de
modernização [grifo nosso], sentido este relacionado aos interesses
imperialistas do EUA que já haviam se firmado como potência mundial.
A modernização era explicitamente compreendida com base em um
evolucionismo econômico-social, bastante semelhante às ideias
evolucionistas europeias do século XIX que foram úteis ao domínio
colonial. (BRANDÃO, 2006, p.2).

Segundo Hey e Catani (2009), no campo educacional brasileiro, na


década de 60 (no período anterior ao golpe militar de 1964) é fortemente
marcado pela Campanha em Defesa da Escola Pública, desencadeada em
1959. Foi centrada e liderada por professores e intelectuais das principais
instituições de ensino e pesquisa do país.

Winckler e Santagada (2012), afirmavam que o esgotamento econômico-


político da versão democrática de desenvolvimento consumou-se com o Golpe
de 1964, que aprofundou a versão de modernização conservadora, [...]. No
período chamado Milagre econômico (1968-74) houve inclusive a tentativa [...]
de se impor um modelo de ensino de segundo grau com formação obrigatória
profissionalizante [...] dada a possível demanda de técnicos de nível médio, no
bojo da criação do I Plano Nacional de desenvolvimento Econômico [...].

A partir de 1964, a educação assume papel de relevo no discurso político


ligado à modernização e ao desenvolvimento econômico social. Neste momento,

22
com a crise política do Governo João Goulart, coroada com o golpe militar de
março daquele ano e a ascensão do poder do Estado das Forças armadas, há
um rearranjo paulatino, mas estrutural, da economia brasileira (HEY E CATANI,
p.121. 2009).

E em 1978, três escolas técnicas federais foram transformadas em


Centros Federais de Educação (CEFETs), que em anos anteriores, o modelo foi
estendido para outras unidades, procurando articular ensino de graduação, pós-
graduação e ensino médio vinculado ao mundo do trabalho, além da promoção
de cursos profissionalizantes na área industrial (WINCKLER E SANTAGADA,
2012).

2.4 Educação Profissional e Tecnológica, após a década de 80 até


os dias atuais.

Neste período ocorrem as maiores mudanças na educação profissional


como à melhoria e exigência além dos modelos de Taylor e Ford, iniciando com
políticas neoliberais no início da década de 80 e a formulação das políticas
educacionais na década de 90 devido a uma revolução tecnológica diante de
uma flexibilização do mercado de trabalho.

Na política, neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas


capitalistas que defende a não participação do estado na economia, onde deve
haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e o
desenvolvimento social de um país.

No Brasil, o Neoliberalismo começou a ser seguido de uma forma aberta


nos dois governos consecutivos do presidente Fernando Henrique Cardoso
(FHC).

Seguir o neoliberalismo foi sinônimo de privatização de várias empresas


do Estado. O dinheiro conseguido com essas privatizações foi na sua maioria
utilizado para manter a cotação do Real (uma nova moeda na altura) ao nível do
dólar.

Entre as décadas de 80 e 90, os eventos que relacionados à educação


Profissional e Tecnológica no Brasil estão relacionados a períodos de
indefinição, políticas neoliberais, mudanças financeiras, tecnológicas e

23
institucionais impuseram a revisão do Brasil no cenário internacional
(WINCKLER E SANTAGADA, 2012). Na década de 80, vivenciaram-se
movimentos que repercutiram em mudanças consideráveis no cenário político
do país, com a realização de eleições para governadores, senadores, prefeitos
e vereadores, a campanha pelas “diretas já”; e as greves de várias categorias
(RODRIGUES, 2009).

Para BRANDÃO (2006), na segunda metade da década de 90 e primeiros


anos do primeiro século em uma perspectiva política iniciada antes com o projeto
de Lei 1603, mais facilitada pela promulgação da nova LDB em 1996 (e demais
decretos e pareceres pelo MEC e CNE), o sistema educacional brasileiro começa
a ser reformulado. Em termos de modalidade “educação profissional” pelo
Decreto 2208 de 1997, básico, técnico e tecnológico, sendo o tecnológico, os
“tecnólogos”, cursos superiores e de graduação.

Na década de 90, para Winckler e Santagada (2012):

[...] a formulação de políticas educacionais partia da ideia de que a


revolução tecnológica, a reestruturação produtiva e as novas
exigências colocadas pela flexibilização do mercado de trabalho
exigiam a incorporação de habilidades e competências para além da
formação adequadas ao modelo taylorista e/ou fordista. As demandas
de qualificação referiam-se a emergência de trabalhador com maior
responsabilidade, autonomia, flexibilidade – portador da capacidade de
adequação de produção e consumos flexíveis, em um contexto
produtivo que reunifica saber e fazer, além de valorizar sua condição
subjetiva, singularizada, múltipla. [...] Esses novos requerimentos
pressupostos a importância dos conteúdos gerais, a educação
permanente em busca da qualidade, a polivalência como ampliação
das capacidades laborativas e de que seria mais relevante no processo
pedagógico “aprender a aprender” do que simplesmente receber
conteúdos. (WINCKLER e SANTAGADA, 2012, S/p.).

No governo de FHC, as políticas voltaram à melhoria do ensino


obrigatório, aperfeiçoamento de mecanismos de descentralização dos
programas de alimentação escolar, distribuição de livros escolares, inovações
tecnológicas, melhoria no ensino e aprendizagem, estímulos às competências e
a criação do exame nacional do ensino médio (ENEM), mecanismos de
avaliação das competências e habilidades desenvolvidas pelos estudantes ao
terminarem a educação básica. Com relação à educação profissional o governo
contraria a expansão da rede federal separando o ensino médio regular da
educação técnica profissional, partindo do diagnóstico que a rede federal era

24
muito custosa e de acesso as classes não trabalhadoras. (WINCKLER E
SANTAGADA, 2012).

Já na década atual, por outro lado, os Centros Federais Tecnológicos,


foram em sua quase totalidade, transformados em Instituições Federais de
Educação Tecnológica, organizadas de forma vertical, desde a formação inicial
e continuada até a pós-graduação. [...] As novas escolas da rede federal teriam
[possuem] um modelo participativo, levando-se em consideração os problemas
regionais, e integrariam [integram] os institutos federais de educação, ciência e
tecnologia. [...] O ensino médio no Brasil, a partir da perspectiva das políticas
federais recentes, trouxe como uma inflexão importante, o interesse em priorizar
o ensino profissional (WINCKLER E SANTAGADA, 2012).

Portanto, pode-se perceber que na última década houveram momentos


de priorização do ensino obrigatório de base e outro momento (o atual), em uma
crescente consciência da necessidade de elevar também o nível de qualificação
do ensino básico, mas também de preparo na qualificação profissional, mais
direto para o mercado de trabalho.

Resumo da Aula 2

Nesta aula foi apresentado um resumo da história da Educação


Profissional Tecnológica no Brasil, relacionando-se as Políticas Públicas na
questão da inclusão e da diversidade cultural. Evidenciou-se que a educação
profissional tecnológica era requisitada e influenciada pelo cenário político-
econômico brasileiro, e nesse sentido criaram-se “escolas correcionais”, as
escolas de aprendizes e artífices. Já na década de 40, em um momento de
implantação do capitalismo industrial, com a crescente demanda por mão de
obra qualificada para as indústrias, são transformadas as escolas de aprendizes
e artífices em escolas industriais e técnicas do SENAI. E finalmente na década
de 80 até os dias atuais, ocorrem as maiores mudanças na educação profissional
como à melhoria e exigência além dos modelos de Taylor e Ford, iniciando com
políticas neoliberais no início da década de 80, sendo necessária a reformulação
das políticas educacionais na década de 90 devido a revolução tecnológica
diante de uma flexibilização do mercado de trabalho.

25
Atividade de Aprendizagem
Na década de trinta existia uma necessidade da educação
profissional para o trabalho às massas, na década de 40 foi
um momento de implantação do Capitalismo industrial devido
a demanda de mão de obra industrial, já na década de 50 a
80, através da internacionalização da economia brasileira,
acentuando as tendência tecnicista de educação e nas
últimas décadas mudanças profundas na educação
profissional em modelos de Taylor e Ford, na crescente
consciência de melhoria do ensino básico e profissional. Após
analisar os fator ocorridos desse cenário discorra sobre a
relação do trabalho profissional com a educacional
tecnológica nessa evolução temporal.

Aula 3 – Educação inclusiva: O papel do professor diante das questões de


identidade, sexualidade, gênero, raça e etnia.

Apresentação da Aula 3

Nesta aula serão apresentados alguns assuntos pertinentes, antes de


focar no papel do professor diante das questões de identidade, sexualidade,
gênero, raça, etnia, cultural, físicas e cognitivas. Tais conceitos pertinentes
seriam: os diversos conceitos sobre a educação inclusiva, o direito a educação,
sobre a escola inclusiva na questão da cultura institucional inclusiva e da
responsabilidade de todos, os programas de educação inclusiva para a
transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos.
E por fim, a importância da formação e das ações educacionais inclusivas
intrínsecas ao professor, a escola e a todos os agentes escolares.

3. Educação inclusiva: direito a educação

Para Alves e Barbosa (2006, p. 15) a inclusão escolar, enquanto paradigma


tem como objetivo a construção de uma escola acolhedora, onde não existam
critérios ou exigências de natureza alguma, sem mecanismos de seleção ou
discriminação para o acesso e a permanência com sucesso de todos os alunos.

26
Segundo Aranha (2004):

Assegurar a todos a igualdade de condições para o acesso e a


permanência na escola, sem qualquer tipo de discriminação, é um
princípio que está em nossa Constituição desde 1988, mas que ainda
não se tornou realidade para milhares de crianças e jovens [...]
meninas e adolescentes que apresentam necessidades educacionais
especiais, vinculadas ou não a deficiências. (ARANHA, 2004, p. 4).

Conforme os comentários de Santos (2003):

A educação encontra-se perante um desafio: conseguir que todos os


alunos tenham acesso à educação básica de qualidade, por meio da
inclusão escolar, respeitando as diferenças culturais, sociais e
individuais [grifo nosso], que podem configurar as necessidades
educacionais especiais que todos podemos ter, em qualquer momento
de nossas trajetórias escolares e que, dependendo de como sejam
vistas pela instituição educacional em seu entorno, podem nos colocar
em situações de desvantagem. (SANTOS, 2003, p. 1).

Estes comentários de Aranha (2004) e de Santos (2003), refletem um


desafio da educação onde todos tem direito a educação, sob a condição de
formação, desenvolvimento social e de realização pessoal. E a partir dessa
premissa Santos (2003), relata os desafios das instituições educacionais, em
que estas:

Organizam-se na validação de estratégias que complementem a


formação global do aluno, ou seja, a garantia de aprendizagem de
habilidades e conhecimentos necessários para a vida em sociedade,
oferecendo instrumentos de compreensão da realidade e favorecendo
a participação dos alunos em relações sociais diversificadas.
(SANTOS, 2003, p.1).

3.1 Conceitos de Educação Inclusiva

A Educação Inclusiva é um conceito multifacetado, conforme a entrevista


do professor Cláudio Roberto Batista (2002, p.162), é um conceito amplo, mas
no que tange conceituar a inclusão escolar, a qual pode se referir a uma proposta
de transformação da Educação Especial; uma educação para todos; uma
tentativa de excluir os mecanismos de exclusão no trabalho educativo; um novo
método pedagógico, além de muitas outras afirmações. A seguir são
apresentados conceitos diversos sobre a Educação Inclusiva, para que seja
possível uma discussão de estudo, mas atentamos em uma Educação Inclusiva
sob uma ênfase profissional e tecnológica.

27
Para Glat (2007):

A política de Educação Inclusiva diz respeito à responsabilidade dos


governos e dos sistemas escolares de cada país com a qualificação de
todas as crianças e jovens no que se referem aos conteúdos,
conceitos, valores e experiências materializados no processo de
ensino-aprendizagem escolar, tendo como pressuposto o
reconhecimento das diferenças individuais de qualquer origem
[grifo nosso]. (GLAT, 2007, p. 16).

O princípio básico do modelo apresentado por Glat (2007) é


que todos os alunos, independentemente de suas condições
socioeconômicas, raciais, culturais ou de desenvolvimento,
sejam acolhidos nas escolas regulares, as quais devem se
adaptar para atender às necessidades, pois se constituem
como os meios mais capazes para combater as atitudes
discriminatórias, e, como consequências construindo uma
sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos
(UNESCO, 1994 apud GLAT, 2007).

Para Glat (2007), nesse modelo é possível o acesso e permanência na


escola de todos os alunos e os mecanismos de seleção e discriminação é
substituído por procedimentos de identificação e remoção das barreiras de
aprendizagem [grifo nosso]. Outro conceito de Educação Inclusiva, segundo
Glat (2007, p. 15 e 16) pode ser considerado como uma nova cultura escolar
[grifo nosso], uma concepção de escola que visa ao desenvolvimento de
respostas educativas que atinjam todos os alunos, diferenciando assim, da
escola tradicional.

Santos (2004), afirma que:

[...] no contexto geral, a inclusão se refere à luta contra toda e qualquer


forma de exclusão. No contexto brasileiro, no nível do senso comum, a
inclusão ainda costuma a ser, a despeito dos esforços governamentais
e não governamentais, e de pesquisadores no assunto [...] associada,
apenas, a deficiências, ou ainda confundida com o movimento pela
integração de deficientes. No entanto é preciso frisar que quando
falamos em inclusão em educação, estamos querendo dizer que,
potencialmente, qualquer aluno, de qualquer nível de ensino, que
esteja sem se beneficiar, seja por que motivo for, do processo
educacional, fica em situação de exclusão. [...] É nesse sentido que
falar em inclusão em educação implica também em avaliar os
aspectos que constituem barreiras para que o processo ensino-
aprendizagem transcorra sem riscos de exclusões, em todos os
níveis de ensino. [grifo nosso]. (SANTOS, 2004, p.7).

28
Converse Com Seus Colegas
Converse com os colegas sobre os diversos conceitos
apresentados da Educação Inclusiva, buscando definir um
conceito próprio a partir dos conceitos apresentados e das
conversas realizadas sobre a Educação inclusiva.
3.2 Educação Inclusiva: A Escola Inclusiva

A Escola inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino


educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a
diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e
necessidades (Aranha, 2004).

Santos (2004), comenta sobre a “cultura institucional” em transformação


para uma cultura orientada pela e para a inclusão, onde a responsabilidade é de
todos:

A “cultura institucional” [é] o conjunto de regras, normas, valores


defendidos como missão de/por uma instituição. Sua cultura
representa, neste sentido, tudo aquilo que expressa (palavras,
documentos, práticas) o seu pensar acerca da prática social à qual se
propõe (Both & Ainscow, 1988). Se [falarmos] de uma escola, referimo-
nos, em outras palavras, à visão de mundo, enfim, com a qual tal
instituição pensa estar contribuindo. Assim sendo, é inevitável que o
movimento de transformação da cultura de uma instituição educacional
numa cultura orientada pela e para a inclusão envolva todos, os
segmentos da comunidade escolar na responsabilidade e solução de
problemas, tais como pais, funcionários, alunos, técnicos, docentes,
administradores e a comunidade como um todo. Uma cultura
institucional inclusiva parte do princípio de que todos são responsáveis
pela vida da respectiva inclusão e quaisquer problemas ali ocorridos
são de responsabilidade de todos [...]. (SANTOS, 2003, p. 8).

Para Aranha (2004)

[...] uma escola, somente poderá ser considerada inclusiva, quando


estiver organizada para favorecer a cada aluno, independente da etnia,
sexo, idade, deficiência, condição social ou qualquer outra situação.
Um ensino significativo é aquele que garante o acesso ao conjunto
sistematizado de conhecimentos com recursos a serem mobilizados.
(ARANHA, 2004, p. 7).

Assim sendo, a escola para ser dita inclusiva deverá garantir também o
acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos com recursos a serem
mobilizados, quando estiver com uma cultura orientada pela e para a inclusão

29
envolvendo todos, os segmentos da comunidade escolar na responsabilidade e
a solução de problemas, tais como pais, funcionários, alunos, técnicos,
docentes, administradores e a comunidade como um todo.

3.3 Programas de Educação Inclusiva: Direito a diversidade

Outro ponto importante a ser comentado dentro do assunto de Educação


Inclusiva são os programas, os quais objetivam transformar os sistemas
educacionais em sistemas educacionais inclusivos.

O paradigma da educação inclusiva é um processo de ressignificação (dar


outro significado) de concepções e práticas das quais os educadores
compreendam a diferença humana em sua complexidade, conforme comenta
Alves e Barbosa, (2006, p. 15), tornando efetivo o direito de todos à educação.

Esse ensaio nos propõe refletir acerca desse processo. Para tanto toma
como referência a implementação, no ano de 2003, do programa de educação
inclusiva: direito a educação inclusiva, que materializa a política pública de
desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos em 144 municípios-polos,
em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal.

É importante comentar aqui as direções às práticas educacionais inclusivas


que Alves e Barbosa (2006) relatam:

As três últimas décadas registram, no mundo inteiro, significativos


avanços técnico-científico e sócio-políticos que provocaram impacto na
forma de ver e pensar a educação. Estudos internacionais revelam que
os sistemas educacionais, tanto nos países do norte como nos países
do sul, têm se caracterizado, predominantemente, pela exclusão de
grupos em situação de desvantagem social e econômica. Em 1990,
segundo Torres (2001) as estatísticas indicavam a existência de mais
de 100 milhões de meninos e meninas sem acesso à escola e mais de
900 milhões de adultos analfabetos no mundo.
Com consequência e em contraposição, os governos têm investido na
implementação de Políticas Públicas na área da educação, visando
combater a exclusão. Assim a inclusão social e educacional é hoje, um
movimento mundial que vem se intensificando particularmente a partir
da década de 90. No Brasil, a educação inclusiva se materializa na
transformação do sistema educacional em sistema educacional
inclusivo. Paralelamente ao avanço da política e legislação
educacional, diferentes tipos de reformas estão ocorrendo,
acumulando-se um arcabouço de perspectivas, conhecimentos e
práticas educacionais inclusivas. (ALVES e BARBOSA, 2006, p.22).

30
Por exemplo, segundo o documento orientador 2011/2012 do MEC, o
programa “BPC na escola”, instituído pela portaria interministerial n°. 18, de 24
de abril de 2007, visa garantir o acesso e a permanência na escola das pessoas
com deficiência até 18 anos de idade [...] (MEC, 2011).

O programa BPC, tem quatro eixos principais:

 identificar entre os beneficiários do BPC até 18 anos aqueles que


estão na Escola e aqueles que estão fora;

 identificar as principais barreiras para o acesso e permanência na


Escola das pessoas beneficiárias do BPC;

 realizar estudos e desenvolver estratégias conjuntas para superação


dessas barreiras;

 realizar acompanhamento sistemático das ações e programas dos


entes federados que aderirem o programa.

A escola não pode tudo, mas pode mais. Pode acolher as diferenças.
É possível fazer uma pedagogia que não tenha medo da estranheza,
do diferente, do outro. A aprendizagem é destoante e heterogênea.
Aprendemos coisas diferentes daquelas que nos ensinam, em tempos
distintos, [...] mas a aprendizagem ocorre, sempre. Precisamos de uma
pedagogia que seja uma nova forma de se relacionar com o
conhecimento, com os alunos, com seus pais, com a comunidade, com
os fracassos (com o fim deles), e que produza outros tipos humanos,
menos dóceis e disciplinados. (ABRAMOWICZ, 1997)

3.4 Professor: A importância da Formação Específica para Educação


Inclusiva.

As Políticas Públicas e os programas refletem na escola a necessidade de


mudança das práticas educativas, mas inicialmente, os professores com as suas
práticas atuais, possuem certa descrença de mudanças efetivas e um
desconforto a tantas propostas educacionais, sentem-se despreparados. Revela
a necessidade de uma nova concepção de formação, compatível com a
perspectiva de uma escola inclusiva. E para que este desconforto seja
minimizado, deve haver o apoio de todos, desde a gestão escolar, da
coordenação pedagógica, dos professores e comunidade, sendo esses os
sujeitos da ação educativa.

31
Para Aranha (2004, p.14) a direção de uma escola tem um papel
fundamental na condução da prática educacional, tendo por horizonte os
princípios, objetivos e metas estabelecidas no Projeto Político Pedagógico. A ela
promover a mobilização dos professores e funcionários e a constituição do grupo
enquanto uma equipe que trabalhe cooperativa e eficientemente.

Aranha (2004), afirma que:

[...] a coordenação pedagógica é de fundamental importância no


percurso da escola pelos caminhos planejados. [...] Ela precisa ser
ativa em todas as instâncias da escola. É ela que vai promover a
unidade da equipe na busca do sucesso didático-pedagógico da
escola, fazendo a mediação entre as diversas áreas do conhecimento
e entre os diferentes profissionais. (ARANHA, 2004, p. 14-15).

Na medida em que os sujeitos de ação educativa envolvem-se com a


elaboração do currículo conforme Alves e Barbosa (2006, p.22) comentam, para
uma escola inclusiva, em uma dinâmica promissora, busca a reorientação
curricular, propondo uma nova forma de abordar os conteúdos curriculares no
cotidiano escolar, ao mesmo tempo o professor sente-se capaz de enxergar e
entender as diferenças individuais, “[...] ressaltando a importância de uma
inversão de centralidade da escola: os alunos e não mais os conteúdos, passam
a ser o centro de toda a organização escolar”.

Portanto, quando se fala em inclusão em educação, implica segundo


Santos (2003), também em avaliar os aspectos que constituem barreiras de
aprendizagem, para que o progresso ensino-aprendizagem transcorra sem
riscos de exclusões, em todos os níveis de ensino. Estas barreiras à
aprendizagem são: cultura institucional, currículo, prática pedagógica e
avaliação.

Santos (2003), conceitua que:

A cultura institucional é o conjunto de regras, normas valores


defendidos como missão de/por uma instituição. Sua cultura
representa neste sentido, tudo aquilo que expressa (palavras,
documentos, práticas...) o seu pensar a cerca da prática social à qual
se propõe (BOOTH & AISCON, 1998). [...] Com relação ao Currículo,
[...] é o conjunto de todas as experiências de conhecimento
proporcionadas aos/às estudantes (Silva, 1995, p 184). Desta maneira,
currículo diz respeito não somente a organização de conteúdos a
serem ensinados, como também engloba todas as relações que
perpassam o processo dessa organização: desde a escolha sobre o
que priorizar a ser ensinado na escola, até a decisão quem determina
esses – e outros – aspectos que comporão o processo ensino-

32
aprendizagem como um todo. Já a prática pedagógica é a atuação
efetiva de uma educação de qualidade para todos [...] depende dos
gestores e atitudes na prática relacionada nas crenças (culturas) e
posturas políticas do educador. E por fim a avaliação deveria ter como
ênfase o desenvolvimento e aprendizagem do aluno, em que a mesma
seja entendida como processo permanente de análise das variáveis
que interferem no processo de ensino aprendizagem, para identificar
potencialidades e necessidades dos alunos [...]. (SANTOS, 2003,
p.2008).

Saiba Mais
Para saber mais sobre o tema leia o artigo Escola inclusiva:
Barreiras e Desafios, de autoria de Ana Abadia dos Santos
Mendonça, o qual aborda a inclusão e os desafios das
práticas inclusivas.
Disponível no acesso:
http://revistas.uniube.br/index.php/anais/article/download/80
1/919

Resumo da Aula 3

Nesta aula foram vistos os principais conceitos sobre a educação


inclusiva: no que diz ao direito à educação, independente de identidade,
sexualidade, gênero, raça, etnia, cultural e das possibilidades físicas e
cognitivas, assegurando a todos a igualdade de condições para o acesso e a
permanência na escola, sem qualquer tipo de descriminação, é um princípio que
está em nossa Constituição. No que diz respeito ao conceito multifacetado da
educação inclusiva, sendo muito amplo e podendo ser uma proposta de
transformação da educação especial; uma educação para todos; uma tentativa
de excluir os mecanismos de exclusão no trabalho educativo; ou um novo
método pedagógico. No que diz respeito à escola inclusiva, refere-se a “cultura
institucional” em transformação para uma cultura orientada pela e para a
inclusão, em que a responsabilidade é de todos. Também nesta aula
aprendemos sobre o conceito de educação inclusiva no que diz respeito a alguns
programas de educação inclusiva, no qual o objetivo principal desses
programas é a da transformação do sistema educacional em um sistema
educacional inclusivo. E por fim foram vistos a importância e a preocupação da
formação do professor na educação inclusiva, na qual se pode constatar de

33
um fator não isolado que depende de um conjunto de ações educativas de seus
sujeitos, como a gestão escolar, da coordenação pedagógica, dos professores e
da comunidade em geral, dependendo também da quebra de barreiras à
aprendizagem como a cultura institucional, o currículo, a prática pedagógica e a
avaliação.

Atividade de Aprendizado.
Elabore uma pesquisa, relacionada à estudos de casos sobre
os programas públicos que geraram ações educativas de
inclusão (para uma gestão escolar e práticas educativas
inclusivas de sucesso). Discorra sobre os resultados.

Aula 4 – Estratégias de ensino que norteiam a prática inclusiva nos seus


diferentes ambientes

Nesta aula, serão apresentadas algumas estratégias que norteiam as


práticas educacionais inclusivas nos diferentes ambientes no que tangem as
diferenças de identidade, sexualidade, etnias, gênero, físicas e cognitivas.

4. Estratégias de ensino que norteiam a prática inclusiva nos seus


diferentes ambientes

4.1 Orientações para uma Educação Inclusiva: as práticas


inclusivas

A Educação Inclusiva já aparece legalmente na democracia conforme


Santos (2003, p.7), comenta:

Os educadores têm a responsabilidade particular: garantir que todos


os alunos participem na sociedade e que tenham igualdade de
oportunidades em educação. Lidar com a diversidade é, [segundo a]
UNESCO (2001):
- Ser capaz de reconhecer os talentos e as limitações de alunos e
planejar suas aulas;

34
- Ser capaz de reconhecer e respeitar as diferentes origens sócio-
culturais de nosso alunado; e valorizá-las durante o processo ensino-
aprendizagem;
- Saber como o aprendizado dos alunos pode ser afetado por
deficiências e usar estratégias de ensino para superar as dificuldades;
- Confiar em sua própria habilidade como educador para planejar aulas
individualizadas e adaptar o currículo para atender às necessidades de
todos os alunos;
- Receber ajuda e apoio dos colegas, pais e outros profissionais;
- Acreditar que todas as pessoas têm direito à educação e que todas
podem aprender. (UNESCO, 2001 apud SANTOS, 2003, p. 7).

Para Ferreira (2011):

O desafio da educação inclusiva é ensinar os conteúdos curriculares


de uma forma que permita também aos que têm deficiências aprender,
fazendo também com que os alunos com algum tipo de deficiência
avancem dentro de seus limites. Sabendo que para alcançá-lo, é
necessário respeitar o ritmo e os limites de cada aluno e propor as
mesmas atividades a toda a turma, incluindo os estudantes que têm
deficiências, estimulando com isso o respeito e a cooperação entre os
alunos. Reconhecendo as diferenças como fator de enriquecimento no
processo educacional. É importante ressaltar que para que haja
inclusão é necessário práticas educacionais [grifo nosso], voltadas a
cooperação entre os alunos, entender o que vem a ser prática de
educação cooperativa [grifo nosso], da existência de metodologias
eficazes que favoreçam práticas educacionais cooperativas na sala de
aula. (FERREIRA, 2011, S/p.).

Diante dessas necessidades, como as da gestão escolar, da coordenação


pedagógica, dos professores e da comunidade em geral, algumas práticas de
educação inclusiva são pertinentes, conforme Ferreira (2011), sobre os fatores
eficazes para a educação inclusiva, retirados de pesquisa realizada pela Agência
Europeia para desenvolvimento da Educação Especial em 2005 em 14 países:
como práticas de ensino e aprendizagem cooperativa (resolução de
problemas colaborativa, grupos heterogêneos). Pertinente também comentar
sobre a formação do docente e práticas pedagógicas e a perspectiva inclusiva
em sua realidade atual.

4.1.1 Ensino e aprendizagem cooperativa

Com relação ao ensino cooperativo, segundo (Paulon, Freitas, Pinho,


2005), comentam que:

35
Sabemos que um professor sozinho pouco pode fazer diante da
complexidade de questões que seus alunos colocam em jogo. Por este
motivo, a constituição de uma equipe interdisciplinar, que permita
pensar o trabalho educativo desde os diversos campos do
conhecimento, é fundamental para compor uma prática inclusiva junto
ao professor. É verdade que propostas correntes nessa área referem-
se ao auxílio de um professor especialista e à necessidade de uma
equipe de apoio pedagógico. Porém, a solicitação destes recursos
costuma ser proposta apenas naqueles casos em que o professor já
esgotou todos os seus procedimentos e não obteve sucesso. A equipe,
não raro, ao invés de estar desde o princípio acompanhando o trabalho
do professor com toda a turma, é utilizada como último recurso para
encaminhar somente aqueles alunos com dificuldades extremas em
relação à aprendizagem. Neste sentido, o papel da escola fica restrito
ao encaminhamento para serviços outros que, via de regra, só
reforçam a individualização do problema e desresponsabilizam àquela
em relação às dificuldades do aluno. (PAULON; FREITAS; PINHO,
2005, p. 9-10).

O Ensino cooperativo é um fator de sucesso essencial não apenas para


que os professores necessitem do suporte, mas da necessidade de trabalho
conjunto, onde o profissional especialista (terapeuta, assistente social, educador
especial, professor de áreas específicas e outros profissionais de apoio) e o
professor regular realizem as relações, adaptações, compartilhamento de ideias,
observações, mediando e adaptando um ensino-aprendizagem inclusivo que o
aluno necessita.

Para Ferreira (2011), a palavra cooperação, inserida no contexto da


educação inclusiva deve ser entendida como o apoio dos colegas na escola, o
apoio buscando o professor junto a outros profissionais e entidades (conforme
comentado no parágrafo acima sobre o trabalho cooperativo junto a profissionais
especialistas), o apoio da colaboração existente nas relações estabelecidas
dentro da sala de aula.

Ainda para Ferreira (2011), dentre as práticas que favorecem a


cooperação entre os alunos estão: a tutoria entre pares (também educação
colaborativa), roda de conversa, painel, grupos de estudo, resolução de
problemas, ludicidade, meios alternativos de aprendizagem.

Com relação a aprendizagem cooperativa, segue abaixo um resumo


explicativo das práticas de cooperação, apresentadas na tabela, sendo o mesmo
deve ser adaptado para os diversos níveis de cursos do ensino técnico
profissionalizante e/ou regular:

36
Tabela 1.1: Práticas de Cooperação
PRÁTICA COMO É REALIZADA?

Consistem na composição de grupos ou duplas de


alunos que desenvolvem atividades escolares em
Tutoria de pares parceria, colaborando uns com os outros. A
(aprendizagem estratégia promove autonomia, autoestima, espírito
cooperativa) de colaboração e disponibiliza mais tempo ao
professor para atender os alunos em pequenos
grupos ou os que mais necessitam.

O professor propõe o tema e este é debatido por


Roda de conversa todos, os alunos experiênciam a viverem juntos e
aprenderem a ouvir a opinião de uns dos outros.

Cada um faz suas considerações (texto, desenho,


Painel esquema, mapa mental) e é formado um painel e
discutido entre outros.

Grupos de estudo Os alunos se ajudam principalmente se os grupos


(grupos forem flexíveis, e se beneficiam com o aprender em
heterogêneos) conjunto.

Com o surgimento de algum problema na sala o


professor pede a opinião e sugere o debate na sala
por tomada de decisão. A resolução cooperativa de
Resolução de
problemas consiste numa abordagem sistemática
Problemas
do comportamento indesejável na sala de aula.
Inclui a definição de regras claras de sala de aula
acordadas por todos os alunos.

Utilização de meios lúdicos (jogos, brincadeiras,


músicas, oficinas, etc.) que envolvam a cooperação
Ludicidade de todos; para conseguir o objetivo proposto,
lembrando a necessidade de recursos diferenciados
para diferentes necessidades.

Realização de passeios, entrevistas, livros,


computador (multimeios tecnológicos, softwares de
Meios alternativos de
aprendizagem inclusiva), família, recursos áudio
aprendizagem
visuais diversos. Visa ensinar aos alunos a aprender
a resolver problemas.
Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptada de Ferreira (2011).

4.1.2 Formação docente e práticas pedagógicas:

Para Névoa (1995) apud De Jesus e Effgen (2012):

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de


conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de

37
[...] [reflexão] [grifo nosso] crítica sobre as práticas e de re(construção)
permanente de uma identidade pessoal. Por isso é importante investir
a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência [...]. Práticas de
formação que tomem como referência as dimensões coletivas
contribuem para a emancipação profissional e para a consolidação de
uma profissão que é autônoma na produção dos seus saberes e dos
seus valores. (NÉVOA, 1995, p.25 apud DE JESUS & EFFGEN, 2012,
p.17).

As práticas reflexivas não podem limitar-se ao bom senso e experiência


pessoal. O profissional precisa de saberes que não pode reinventar sozinho, e a
reflexão deverá estar assentada de forma em que haja uma cultura no âmbito
das ciências humanas. “[...] Necessita além de Políticas Públicas, de ações
compartilhadas [grifo nosso] capazes de orientar o educador na formação de
sujeitos (como comentado no assunto do ensino cooperativo), valorizando a
diversidade em todos os espaços e fazendo valer o verdadeiro sentido da
inclusão [...]” (CASTANHO e FREITAS, 2006).

De Jesus e Effgen (2012) relatam sobre a construção de uma escola em


uma perspectiva inclusiva onde a necessidade não é apenas de acesso a escola,
mas de capacitação especializada ao educador:

Nos tempos atuais, construir uma escola numa perspectiva inclusiva -


que atenda adequadamente estudantes com diferentes características,
potencialidades e ritmos de aprendizagem – é um dos grandes
desafios dos sistemas educacionais. Não basta, porém, apenas
oferecer aos alunos o acesso à escola. Necessário se faz ministrar um
ensino que seja de qualidade para todos, que atenda às reais
necessidades dos educandos. Em outras palavras, deve existir
abertura para um trabalho pedagógico efetivo com a diferença presente
nos educandos, em geral. Para tanto é imprescindível investir – dentre
outros fatores – na formação inicial dos profissionais de educação
[grifo nosso] para atuação com a diversidade do alunado, incluindo
nesse contexto os educandos que apresentam deficiência, altas
habilidades ou superdotação e transtornos globais do
desenvolvimento. (DE JESUS & EFFGEN, 2012, p.17).

Para Castanho e Freitas (2006), a inclusão é um processo complexo


inserido na organização da educação nacional que necessita de ações
transformadoras de perspectivas realistas frente à importância de fazer do direito
de todos à educação num movimento que deve ser coletivo.
Para tanto, a inclusão escolar implica o acompanhamento, aprimoramento
e formação continuada dos professores para realizar propostas de ensino
inclusivo, atendendo as exigências de uma sociedade, que não deve admitir

38
preconceitos [grifo nosso], discriminações, barreiras entre seres, povos,
culturas (TERRA & GOMES, 2013 apud MONTOAN, 1997).
Com relação a estes preconceitos e discriminações, o preconceito
segundo Crochik (2012) apud Crochik (2006), o preconceito é delimitado como
uma reação hostil contra um membro de um grupo, por esse supostamente
apresentar modos de ser e de atuar desvalorizados pelos preconceituosos.

Ferrari e Sekkel (2007):

Se entendermos o preconceito como manifestação individual cuja


origem é social, podemos antever sua presença nas relações em sala
de aula. Isso torna necessário um trabalho de conscientização dessas
determinações presentes nas relações e de reflexão sobre as possíveis
ações para sua superação. Tal trabalho deve ser iniciado na formação
do professor [grifo nosso], o que reforça a necessidade de formação
pedagógica do docente do ensino superior que contemple a reflexão
sobre as atitudes frente às diferenças. Essa reflexão revela-se tão
importante quanto o domínio de conteúdos específicos das áreas de
conhecimento, pois ambos os fatores podem ser decisivos para a
efetividade das ações educativas.

Saiba Mais
Para conhecer mais sobre a educação inclusiva na educação
superior, leia o artigo Educação Inclusiva no Ensino Superior.
Um novo Desafio, de autoria de Mirian A. L. D. Ferrari e Marie
C. Sekkel.
Disponível no acesso:
http://www.scielo.br/pdf/pcp/v27n4/v27n4a06

Dez grupos de práticas foram descritas por Perround (2002) apud Silva
(2009) que segundo ele estão ligados às transformações do oficio do professor.

1- Organizar e estimular situações de aprendizagem.


2- Gerar a progressão das aprendizagens.
3- Conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação
evoluam.
4- Envolver os alunos em suas aprendizagens e no trabalho.
5- Trabalhar em equipe.
6- Participar da gestão da escola.
7- Informar e envolver os pais.
8- Utilizar as novas tecnologias.
9- Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
10- Gerar sua própria formação contínua. (PERROUND, 2002,
p.195 apud SILVA, 2009, p.21).

39
Assim abraçar como profissão o ato de ensinar é necessário estar
disposto o suficiente para aceitar e compreender os obstáculos a serem
enfrentadas ao longo da carreira do educador (SILVA, 2009). Também Sugere
alguns pontos facilitadores da inclusão escolar, lembrando que esta inclusão,
implica muito mais do que práticas pedagógicas e sim em atitudes do educador.

Segundo Silva (2009), os pontos facilitadores são:

- Identificar os alunos com necessidades educacionais específicas;


- Conhecer metodologias que vão auxiliar no ensino destes alunos;
- Aprofundar conhecimentos sobre o desenvolvimento escolar;
- Aprofundar sobre conhecimentos sobre planificação (planejamento);
- Aprofundar conhecimentos sobre avaliação;
- Conhecer métodos especiais de leitura e escrita;
- Conhecer técnicas de expressão e linguagem ligadas ao trabalho com
alunos com necessidades educacionais.
- Saber adaptar atividades aos ritmos e dificuldades dos alunos (SILVA,
2003, p. 57 apud SILVA, 2009, p.22).

Faz-se necessário o educador estar capacitado ou procurar uma


capacitação continua especializada na educação inclusiva, para aplicar as
práticas pedagógicas eficazes (ter atitudes) e facilitar tais práticas, estimulando
as situações apresentadas por Silva (2009), para a aprendizagem. A Formação
do professor e a reflexão sobre as atitudes frente às diferenças são primordiais
para a efetividade desta educação inclusiva.

Resumo da Aula 4

Nesta aula foram evidenciadas as orientações para uma Educação


Inclusiva (as práticas inclusivas), como o ensino e aprendizagem cooperativa,
que trata sobre o ensino cooperativo através do trabalho em equipe de
educadores, e da aprendizagem cooperativa como as práticas: tutoria de pares;
rodas de conversa; painel; ludicidade; grupos de estudo; resolução de problemas
e outros meios alternativos de aprendizagem como, por exemplo, o computador
e softwares de aprendizagem. Outra orientação para uma Educação Inclusiva,
vista nesta aula foi à formação do educador e práticas pedagógicas, destacando
as práticas reflexivas, ou seja, refletir sobre as práticas de aprendizagem e
também de capacitações específicas das ciências humanas. Ainda com relação
à orientação de formação do educador, destacando-se a importância do

40
acompanhamento, aprimoramento e formação continuada para a realização das
propostas de ensino inclusivo e práticas de transformação do oficio do professor,
na qual as suas atitudes com relação ao aluno deverão ser considerados como
pontos facilitadores da educação inclusiva.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre as características e a importância do ensino e
aprendizagem cooperativa.

41
Resumo da disciplina

Nesta disciplina pode-se efetuar uma revisão dos principais assuntos, os


quais vão de encontro com a Educação Inclusiva na EPT, foram apresentados
os Fundamentos da Educação Profissional e Tecnológica e a divisão (e acessos)
à Educação Profissional, a Educação Profissional Técnica de Nível Médio e a
Educação Profissional Tecnológica de graduação e pós-graduação; elucidando
os níveis e as modalidades da EPT (e os exemplos dos cursos ofertados).

Contextualizou-se a história da EPT e as Políticas Públicas que contempla


a inclusão e a diversidade cultural, referindo-se à educação Educacional e
Tecnológica dos anos 30 até os dias atuais; destaca-se a questão de como a
EPT era influenciada pelo cenário político-econômico brasileiro.

Para finalizar, confrontadas a educação inclusiva e a relação ao papel do


professor diante das questões de identidade, sexualidade, gênero, raça e etnia,
conceituando a educação inclusiva, como escola, direito à diversidade,
programas de educação inclusiva e a importância da formação específica para
a educação inclusiva; destacando-se o conceito multifacetado da educação
inclusiva, à escola inclusiva, no que refere-se a “cultura institucional” em
transformação para uma cultura orientada pela e para a inclusão, destacando-
se a aprendizagem cooperativa, a formação do educador e práticas
pedagógicas.

42
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