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O autor é mestre em história da igreja e teologia pelo Trinity Evangelical Divinity School,
em Deerfield, Illinois, e doutor em história do cristianismo pela Vanderbilt University,
em Nashville, Tennessee. É autor de 30 livros, dentre os quais Turning Points: Decisive
Moments in the History of Christianity; The Old Religion in a New World: The History
of North American Christianity, e The Scandal of the Evangelical Mind.
No quinto capítulo, Noll trata do evento que, para ele, representou uma nova forma de
existência cristã e antecipou a forma de vida cristã no ocidente para os oito séculos
seguintes. A coroação de Carlos Magno, na noite de natal de 800 na catedral de São Pedro
em Roma foi o principal marco da cooperação entre os governantes francos e a os bispos
de Roma. Em sua análise dos fatos, Noll levanta três perguntas às quais responde ao longo
do capítulo 5; são elas:
(1) Como o papa chegou a ter poder suficiente para coroar um imperador
romano? (2) Como o rei dos francos havia subido à posição de ser assim
coroado? (3) Como esse novo relacionamento entre o papa e o maior
governante do norte da Europa moldou o período de vários séculos da história
ocidental que em geral é conhecido simplesmente como cristandade?2
Ao responder a primeira, ele procura mostrar como a ascensão do poder papal foi um
longo processo através de séculos, desde o momento em que Leão Magno tomou
restritamente o título para si até o ponto em que se a figura foi associada como vigário de
Cristo. Para o autor o estudo da história do papado é significativo até para os que se opõe
1
NOLL, M. A. Momentos Decisivos na História do Cristianismo. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2000. 384 p.
2
Idem.
à figura papal, isto porque invariavelmente tal estudo levanta discussões históricas acerca
da doutrina, eclesiologia e teologia.
O autor segue expondo o contexto mais amplo que contribui para a coroação em 800. O
surgimento e o avançado do islamismo trouxe desdobramentos políticos e religiosos de
grande importância. Noll destaca quatro fatores relacionados à expansão islâmica para o
ocidente. Primeiro, a fraca presença do cristianismo no Egito e norte da África permitiram
o avanço do islã nestas regiões. Segundo, a separação entre a igreja ocidental e oriental
foi acelerada pelo avanço da nova religião. Terceiro, o papado oriental passou a
centralizar sua atenção na expansão para o norte. Quarto, a própria influencia islâmica
tanto na religião, quanto nas ciências. Com isso, as relações entre Roma e os povos do
norte se estreitaram, principalmente com os francos.
Noll mostra como a cristandade da Idade Média passa a ver uma integração cada vez
maior entre a igreja e o estado. No que diz respeito às convicções da igreja, o autor traz o
desenvolvimento do sistema sacramental que teve em Tomás de Aquino um dos seus
maiores expoentes.
Quanto aos eventos externos às duas igrejas, o autor não deixa dúvidas acerca do papel
fundamental que as cruzadas tiveram no cisma. O movimento cruzado varreu a Europa
com uma onda de violência, e mesmo após a tomada de Constantinopla, tanto o oriente
quanto o mundo islâmico associou as cruzadas à barbárie. Noll destaca ainda que,
internamente a ortodoxia russa foi outro ponto importante para a reafirmação do cisma.
As campanhas orientais para o norte trouxe o fortalecimento da igreja do oriente ao
expandir sua influência sobre a monarquia russa; dessa forma, o autor apresenta os ícones
da cristandade russa do século XV.
Noll traz na ultima parte do capitulo seis uma interessante análise acerca da ortodoxia no
século XX, uma vez que o restante do livro é dedicado à igreja do ocidente e as distinções
entre a fé católica e protestante. O autor mostra quais pontos da teologia ortodoxa se
mantiveram ao longo dos anos, mas também aqueles elementos que sofreram grandes
mudanças após os acontecimentos que marcaram a história do oriente, a exemplo o
movimento comunista nas repúblicas soviéticas. Dentre as mudanças apresentadas, para
Noll, a mais visível e relacioanda ao cisma de 1054 é justamente a reaproximação entre
a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica Romana. Diversos foram os movimentos de diálogo
entre as duas readições nas últimas décadas, ainda que certa ruptura permaneça. Tais
diálogos se iniciaram no alto escalão apenas a partir da década de 60, e Noll apresenta,
inclusive alguns pontos do acordo comum feito entre o papa Paulo VI e o patriaca
Atenágoras I, em 1965.
De maneira geral, a obra de Mark Noll entrega aquilo a que se propõe. Apesar de sucinto,
o panorama histórico focado nos momentos críticos de transição traz uma boa visão do
contexto por traz de cada época abordada.