Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
Esta passagem está inserida num contexto em que o Senhor Jesus já havia sido preso
e violentamente conduzido para a casa do sumo sacerdote a fim de ser julgado; e Pedro, o
líder dentre os apóstolos do Senhor, estava seguindo aquela condução coercitva do Senhor
Jesus de longe – denotando com isso, certo receio de ser reconhecido como um seguidor
de Jesus;
Nesse meio tempo, enquanto o Senhor estava sendo execrado na casa do sumo
sacerdote Caifás, Pedro assentou-se no pátio, em volta de uma fogueira, juntamente com
alguns funcionários da casa; em pouco tempo envolvido naquela condição, as pessoas
começaram a reconhecer a Pedro como um discípulo do Senhor Jesus; no entanto, em vez
dele afirmar a sua posição como servo de Cristo e sofrer as consequências pela sua lealdade
a Deus, ele se acovarda e nega, veementemente, o seu Senhor diante daquelas pessoas;
após negar, de forma explícita, o seu Deus por três vezes, o galo cantou, trazendo à tona a
profecia do Senhor Jesus no sentido de que o apóstolo Pedro, aquele que jurou fidelidade
ao Senhor até a morte, caiu em pecado, desonrando o seu compromisso com Deus diante
dos seus inimigos;
Nos termos do versículo 75, do Evangelho de Mateus, cap. 26, assim que o galo
cantou, Pedro se deu conta do seu pecado e da sua tremenda covardia como um discípulo
do Senhor Jesus; e naquele instante, logo na sequência do seu ato de negação, a Palavra do
Senhor, aqui no Evangelho de Lucas, cap. 22, verso 61, relata que o Senhor Jesus se vira
para Pedro e olha firmemente em seus olhos; ao fitar os olhos do seu Senhor, Pedro se
recorda das palavras do Mestre e sai desesperado daquele lugar para chorar amargamente;
Existe um ditado, extremamente conhecido, que diz que “UM OLHAR VALE MAIS DO
QUE MIL PALAVRAS”; em muitas ocasiões, uma mãe não precisa verbalizar para o seu filho
a sua irritação quando o mesmo está passando dos limites; apenas um olhar já é o
suficiente para transmitir a mensagem de repreensão ao seu rebento; quantos casais, após
algum tempo de convivência, se comunicam com o olhar; e o marido/esposa já entende o
que o outro cônjuge deseja comunicar com apenas um olhar;
Eu fico imaginando o quão penetrante e o quão profundo deve ter sido o olhar que o
Senhor Jesus lançou a Pedro; talvez, nenhum sermão que Pedro havia escutado dos lábios
do Senhor fora tão eloquente e tão elucidativo quanto aquele olhar; eu não tenho dúvidas,
de que a ficha do apóstolo Pedro em relação à pregação do Evangelho, realmente, caiu
quando o Senhor Jesus olhou firmemente em seus olhos naquele momento de agonia, dor
e sofrimento, gerados em sua vida após pecar tão explicitamente contra o seu Deus; tanto
é, que após fixar os seus olhos nos olhos do Senhor Jesus, no instante em que galo cantou –
ou seja, no instante da exposição da sua infidelidade ao Mestre, Pedro sai de cena para
chorar amargamente por conta da sua falha;
Analisando todo o contexto que envolveu essa cena, tanto o contexto anterior,
quanto o contexto posterior, nós podemos afirmar que o olhar de Jesus lançado a Pedro lhe
transmitiu algumas mensagens poderosas; nós vamos verificar agora, quais as mensagens
que o Senhor Jesus lhe transmitiu com aquele olhar; mensagens, as quais, assim como
mudaram a vida de Pedro, também mudaram as nossas vidas;
1ª – UMA MENSAGEM DE COMPREENSÃO; o Senhor Jesus, quando olha para Pedro não o
olha como o Juiz de Toda a Terra, que há de julgar os vivos e os mortos, mas, o olha como o
Advogado que tem empatia pela fraqueza humana; como homem, apesar do Senhor nunca
compactuar com o pecado, ou aceitar o erro em nossas vidas, Ele compreende as nossas
fraquezas e debilidades; Ele sabe, tanto quanto nós e por experiência própria, o que é ter
um corpo passível de sofrer tentações; uma carne tendenciosa para ceder aos desejos
mundanos;
O texto de Hebreu, cap. 2: 16 – 18 confirma o que eu estou dizendo: “É claro que Ele
não veio para ajudar os anjos. Em vez disso, como dizem as Escrituras: ‘Ele ajuda os
descendentes de Abraão´.” “Isso quer dizer que foi preciso que Jesus se tornasse em tudo
igual aos seus irmãos a fim de ser o Grande Sacerdote deles, bondoso e fiel no seu serviço
a Deus, para que os pecados do povo fossem perdoados. E agora, Jesus pode ajudar os
que são tentados, pois, Ele mesmo foi tentado e sofreu.” Ainda, no cap. 4: 15, está escrito
assim: “O nosso Grande Sacerdote não é como aqueles que não são capazes de
compreender as nossas fraquezas. Pelo contrário, temos um Grande Sacerdote que foi
tentado do mesmo modo que nós, mas, não pecou”.
O Senhor, nosso Deus, não é nenhum robô ou um ser insensível, que julga os nossos
erros de forma fria e totalmente alienado as nossas debilidades humanas; ao contrário do
que pensam algumas pessoas, Ele não é um Deus distante, inacessível, inalcansável, cujo,
avalia a nossa condição com critérios, completamente, apartados da nossa realidade;
NADA DISSO; o Senhor Deus (o nosso Deus), o qual sofreu e foi tentado, assim como
nós, em seu corpo, compreende muito bem as nossas limitações; e o fato Dele
compreender muito bem as nossas limitações, não significa que Ele vai passar a mão em
nossas cabeças quando pecarmos; ou que Ele vai fechar os seus olhos para os nossos atos
pecaminosos como se nada tivesse acontecido; contudo, significa que Ele possui totais
condições de nos ajudar a vencermos a nossa corrupção, pois, apesar Dele não ter
cometido pecado algum em sua carne, Ele sentiu em sua pele o que é ser um homem
passível de falhas;
Não é nenhum segredo o fato de que é muito mais fácil nós ajudarmos uma pessoa
em uma determinada situação, quando nós já passamos por aquela mesma experiência; a
experiência nos permite ter condições de auxiliarmos a outrem a enfrentar aquilo que um
dia nós, também, enfrentamos; se hoje, o Senhor Jesus Cristo é o nosso Advogado, e nos
defende, com autoridade, das acusações que satanás faz contra nós é porque, um dia, Ele
se desfez da sua Glória, se despiu da sua Majestade Suprema e se tornou um ser humano,
assim como nós;
Quando o Senhor Jesus olha para Pedro, de maneira nenhuma Ele o condenou, ou o
julgou; Ele não sentiu raiva ou desprezo; todavia, Ele sentiu a dor que Pedro estava
sentindo; a culpa pelo pecado que permeava o coração de Pedro invadiu o coração do
Senhor Jesus; a dor de morte pelo erro que o apóstolo estava sentindo, Cristo também
sentiu em seu peito e isso O levou a compreender que, naquele momento, Pedro não
necessitava ser fulminado, porém, acolhido; e esse olhar de compreensão que o discípulo
recebeu da parte do seu Mestre foi fundamental para sua recuperação espiritual;
No entanto, diante destes ataques infernais, o Senhor Jesus Cristo olha firmemente
nos olhos do seu discípulo, e lhe faz lembrar uma das últimas conversas que eles tiveram na
última ceia, registrada no Livro de Lucas, cap. 22: 31 – 32, que diz assim: “Simão, Simão,
escute bem! Satanás já conseguiu licença para pôr vocês à prova. Ele vai peneirar vocês
como o lavrador peneira o trigo a fim de separá-los da palha. Mas, eu tenho orado por
você, Simão, para que não lhe falte fé. E, quando você voltar para mim, anime os seus
irmãos”.
Pedro estava no chão e o inferno estava com uma “pistola apontada para a cabeça
dele”; apenas o simples apertar do gatilho seria o suficiente para “estourar a sua alma” e,
consequentemente, matar a sua esperança; porém, o olhar de Cristo foi lançado sobre
Pedro para lembrá-lo o motivo pelo qual o Senhor Jesus veio ao mundo, qual seja: morrer
em nosso lugar para pagar a dívida gerada pelo nosso pecado; Cristo olha para Pedro para
mostrar que somente Deus garante a nossa proteção; que nós mesmos, por nossas forças,
nada podemos fazer;
ESSA FOI A MENSAGEM QUE CRISTO TRANSMITIU A PEDRO COM AQUELE OLHAR e
continua a transmitir para a sua igreja: SEM MIM VOCÊS NÃO PODEM FAZER COISA
ALGUMA;
Todo ser humano tem a tendência de confiar na sua força e afastar-se da presença
de Deus; todos nós somos assim – em algum momento nós fizemos ou estamos fazendo
isso; e por vezes, por nos afastarmos de Deus, nós caímos no fundo de um poço;
entramos num labirinto sem saída; sentimo-nos indignos e derrotados; sentimo-nos
pressionados e oprimidos por nossos adversários que fazem questão de nos apontar as
nossas debilidades e pecados;
Todavia, por ainda manifestar a sua graça e a sua misericórdia o Senhor lança o seu
olhar de proteção sobre nós, para nos lembrar de que nós precisamos ficar bem pertinho
Dele; para nos lembrar de que sem Ele nós nada podemos fazer; para nos fazer lembrar
que somos ovelhas e que as ovelhas não podem subsistir sem os cuidados do seu pastor;
Eu sei que esta fala é redundante; em quase todas as pregações nós ouvimos este
pensamento; porém, há quase todo instante nós somos motivados a afastarmo-nos do
único ser que realmente pode nos manter protegidos: o Senhor Deus;
Apesar do caos e do terrível sentimento de culpa pelo pecado que estava sentindo,
Pedro pôde encontrar o olhar de Cristo lhe transmitindo proteção;
Tente imaginar a cena: Pedro negando veementemente o seu Senhor pela terceira
vez e assim que vira o rosto ele encontra o olhar fixo do Senhor Jesus para si; deve ter sido
muito constrangedor e doloroso; com certeza ele abaixou a cabeça com vergonha,
constrangido, se sentindo culpado;
A mais salutar busca de todo ser humano não deveria ser a felicidade, mas sim a
tristeza segundo Deus; essa tristeza segundo Deus nos faz repudiar os nossos pecados;
faz-nos arrependermo-nos das nossas falhas; dá-nos força para abandonarmos os nossos
erros;
Nós precisamos chorar mais pelos nossos pecados meus irmãos; nós precisamos
olhar para Cristo e reconhermos o quão carentes somos da sua misericórida; o apóstolo
Paulo ao olhar para a sua natureza pecaminosa exclamou e interrgou, em Romanos, cap. 7:
24: “Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?”
Após a sua conversão, Paulo nunca se achou infalível, pelo contrário: constantemente ele
chorava por seus pecados; era por isso que ele constantemente se renovava e se
fortalecia na presença de Deus;
O Espírito Santo sempre encontrará guarida num coração arrependido; Ele sempre
fará morada numa alma que reconhece, confessa e luta para vencer os seus pecados;
4ª – UMA MENSAGEM DE ALERTA; se a primeira mensagem que o olhar de Cristo
transmitiu a Pedro foi de compreensão, a segunda de proteção e a terceira de restauração
a quarta foi uma mensagem de alerta; ao olhar para Pedro o Senhor Jesus Cristo passou a
seguinte mensagem: APROVEITE A OPORTUNIDADE ENQUANTO EU AINDA ESTOU COM
VOCÊ; EU COMPRENDO AS SUAS FRAQUEZAS; EU O PROTEJO DOS SEUS INIMIGOS; EU O
RESTAURO QUANDO VOCÊ PECA E SE ARREPENDE; PORÉM, UM DIA TUDO ISSO VAI
ACABAR;
É bem verdade, meus irmãos, que o senhor Deus compreende as nossas fraquezas;
que Ele nos protege dos nossos adversários e que nos restaura quando caímos pelo pecado;
contudo, é bem verdade também que um dia tudo isso vai acabar e a única coisa que
restará é o justo julgamento de um Deus justo e imparcial, que retribuirá a cada um de
acordo com a sua atitude;