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Duns Scotus reformula a metafísica aristotélica com a introdução de uma nova

concepção do termo contingente. Para o filósofo medieval, contingente significa aquilo que
pode ocorrer quando seu oposto acontece. Para ele, o termo contingente diz respeito à
liberdade, vontade e possibilidade. Scotus, acerca de Deus, afirma que sua essência é infinita;
Deus que seria no sistema aristotélico o motor imóvel. O filósofo afirma também que Deus é a
causa primeira, eficiente e final, criou tudo a partir do nada por livre vontade (ato
contingente), e move a criação ao fim por amar tal fim, e se ama é porque o conhece.
Portanto, Deus tem amor e conhecimento infinitos, e conhece a todos os entes singularmente.

Scotus discorda de Aristóteles por crer que o movimento é contingente e não


necessário, como afirmava ser o Estagirita. Segundo Aristóteles, o movimento é necessário e
a princípio uniforme até que nas articulações sucessivas das causas, primeiras a segundas,
segundas a terceiras..., o movimento perde uniformidade e torna-se contingente. Para Scotus o
movimento é todo contingente, desde a causa primeira até as últimas, cabendo à necessidade
apenas intercalação entre as causas.

A contingência concebida de tal forma por Scotus é recepcionada por Guilherme de


Ockham. Com ela, Ockham fundamenta sua tese acerca da singularidade dos entes. Para o
filósofo nominalista, o mundo extramental é constituído de entes particulares e é contingente.
A contingência suporta a singularidade, enquanto que a necessidade a universalidade, e ,
segundo Ockham, a universalidade não existe no mundo extramental, rompendo com a
tradição dos ultrarrealistas e realistas, mas apenas no campo linguístico, metalinguístico e
lógico. Com a nova concepção de contingência iniciada por Scotus, Ockham fundamenta um
pensamento ético baseado na vontade livre da qual todos os homens possuem
individualmente.

Quanto ao conhecimento, Ockham sendo nominalista, afirma que o conhecimento


acerca do mundo pode ser estruturado a partir de proposições. Tais proposições surgem da
intencionalidade da mente humana de formar, a partir de sinais linguísticos provenientes da
experiência, conceitos. Portanto, para o nominalista, o indivíduo possui primazia sobre a
formação do conhecimento acerca do mundo.

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