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Acesso:20/04/2012
A luz infravermelha constitui uma pequena parte do espectro luminoso e pode ser dividida em
três categorias:
• infravermelho próximo (IV próximo): mais próximo da luz visível, o IV próximo
possui comprimentos de onda que alcançam de 0,7 a 1,3 mícrons ou de 700 a 1.300
bilionésimos de metro;
• infravermelho médio (IV médio): o IV médio possui comprimentos de onda que vão
de 1,3 a 3 mícrons. Tanto o IV próximo quanto o IV médio são usados por uma variedade de
dispositivos eletrônicos, incluindo os controles remotos;
• infravermelho térmico (IV térmico): ocupando a maior parte do espectro
infravermelho, o IV térmico possui comprimentos de onda na faixa de 3 até mais de 30
mícrons.
A diferença fundamental entre o IV térmico e os outros dois é que o IV térmico é emitido por
um objeto em vez de ser refletido por ele. A luz infravermelha é emitida por um objeto devido ao
que acontece no nível atômico.
No átomo, um elétron que se move para um orbital de maior energia, pode ser que ele queira
voltar para o estado fundamental. Quando isso acontece, ele libera essa energia como um fóton, que
é uma partícula de luz. É possível ver átomos liberando energia em forma de fótons o tempo todo.
Por exemplo, quando a resistência de uma torradeira fica vermelha. Essa cor é causada por átomos
que, excitados pelo calor, liberam fótons vermelhos. Um elétron excitado possui mais energia do
que um elétron não-excitado e, assim que o elétron absorve uma quantidade de energia para atingir
o nível excitado, ele pode liberá-la para retornar ao estado fundamental. A energia emitida está na
forma de fótons (energia luminosa). O fóton emitido tem um comprimento de onda (cor) muito
específico, que depende do estado da energia do elétron quando o fóton é liberado.
Qualquer ser vivo usa energia, da mesma forma que muitas coisas inanimadas, como motores
e foguetes. O consumo de energia gera calor. O calor, por sua vez, faz com que os átomos de um
objeto liberem fótons no espectro infravermelho térmico. Quanto mais quente o objeto, menor o
comprimento de onda do fóton infravermelho que ele libera. Um objeto que esteja muito quente irá
começar a emitir fótons no espectro visível, com um brilho vermelho que muda para o laranja,
amarelo, azul e até mesmo branco. A geração de imagens térmicas aproveita essa emissão
infravermelha.
Gerações
Os NVDs existem há mais de 40 anos. Eles são classificados por geração. Cada mudança
substancial na tecnologia do NVD estabelece uma nova geração.
• Geração 0: sistema de visão noturna original criado pelo Exército dos Estados Unidos
e usado na Segunda Guerra Mundial e na Guerra da Coreia. Esses NVDs usam
infravermelho ativo. Isso significa que uma unidade de projeção, chamada Iluminador IV,
é conectada ao NVD. A unidade projeta um feixe de luz infravermelha próxima, similar ao
facho de uma lanterna normal. Invisível a olho nu, esse facho se reflete em objetos e volta
para a lente do NVD. Esses sistemas usam um ânodo em conjunto com o cátodo para
acelerar os elétrons. O problema dessa abordagem é que a aceleração dos elétrons distorce a
imagem e diminui muito a vida do tubo. Outro grande problema com essa tecnologia em seu
uso militar original é que ela foi copiada rapidamente por nações hostis, o que permitiu que
os soldados inimigos usassem seus próprios NVDs para ver o feixe infravermelho projetado
pelo dispositivo.
• Geração 1: a geração seguinte de NVDs deixou de lado o infravermelho ativo e passou
a usar o infravermelho passivo. Chamado antigamente de Starlight (luz das estrelas) pelo
Exército dos EUA, esses NVDs usam a luz natural fornecida pela lua e pelas estrelas para
aumentar as quantidades normais de infravermelho refletidas pelo ambiente. Isso significa
que eles não requerem uma fonte de luz infravermelha projetada. Também significa que eles
não funcionam muito bem em noites nubladas ou sem luar. Os NVDs da Geração 1 usam a
mesma tecnologia de tubo intensificador de imagem da Geração 0, com cátodo e ânodo, de
modo que a distorção da imagem e a curta vida útil do tubo ainda eram um problema.
• Geração 2: grandes otimizações nos tubos intensificadores de imagem resultaram nos
NVDs da Geração 2. Eles oferecem uma resolução e desempenho otimizados em relação aos
dispositivos da Geração 1 e são consideravelmente mais confiáveis. O maior ganho da
Geração 2 é a capacidade de enxergar em condições de iluminação extremamente baixas,
como uma noite sem luar. Essa sensibilidade aumentada se deve ao acréscimo da placa de
microcanais ao tubo intensificador de imagem. Como a MCP na verdade aumenta o número
de elétrons em vez de apenas acelerar os originais, as imagens são significativamente menos
distorcidas e mais brilhantes do que as dos NVDs da geração anterior.
• Geração 3: a Geração 3 é usada atualmente pelos militares dos EUA. Apesar de não
apresentarem mudanças substanciais na tecnologia de base em relação à Geração 2, esses
NVDs possuem resolução e sensibilidade ainda melhores. Isso ocorre porque o fotocátodo é
feito usando arsenieto de gálio, muito eficaz na conversão de fótons em elétrons. Além
disso, a MCP é revestida por uma barreira de íons que aumenta muito a vida útil do tubo.
• Geração 4: o que é conhecido como Geração 4 ou tecnologia "sem película e
controlada" mostra uma otimização global significativa em ambientes de baixo e alto nível
de iluminação.
A remoção da barreira de íons da MCP que havia sido acrescentada na tecnologia da
Geração 3 reduz o ruído de fundo e, portanto, melhora a proporção entre o sinal e o ruído.
Na verdade, remover a película de íons permite que mais elétrons atinjam o estágio de
amplificação, de modo que as imagens são significativamente menos distorcidas e mais
brilhantes.
O acréscimo de um sistema de alimentação de energia com controle automático permite que
a voltagem do fotocátodo ligue e desligue rapidamente, possibilitando que o NVD responda
instantaneamente a uma flutuação das condições de iluminação. Essa capacidade é um
avanço crítico nos sistemas NVD, pois permite que seu usuário mude rapidamente de
ambientes de alta iluminação para outros com pouca luz (ou vice-versa) sem qualquer
oscilação. Por exemplo, considere a onipresente cena de cinema em que um agente usando
óculos de visão noturna é "cegado" quando alguém acende uma luz nas proximidades. Com
o novo recurso de alimentação controlada, a mudança na iluminação não teria o mesmo
impacto: o NVD otimizado responderia imediatamente à mudança de iluminação.
Muitas das chamadas lunetas de visão noturna "baratas" usam a tecnologia da Geração 0 ou
Geração 1 e podem ser decepcionantes se você espera obter a mesma sensibilidade dos dispositivos
usados por profissionais. Os NVDs das gerações 2, 3 e 4 geralmente são caros, mas duram muito se
forem manuseados de modo apropriado. Além disso, qualquer NVD pode se beneficiar do uso de
um Iluminador IV em áreas muito escuras onde quase não há luz ambiente para captar.
Os tubos aprovados são classificados como MILSPEC (de especificação militar). Os tubos
que falham em atender as exigências militares em qualquer categoria são classificados como
COMSPEC (de especificação comercial).
O equipamento
O equipamento de visão noturna pode ser dividido em três categorias gerais:
• lunetas: normalmente portáteis ou acopladas a uma arma, as lunetas são monoculares
(para um olho). Como as lunetas são portáteis, não são usadas como óculos, sendo boas para
quando você quiser dar uma olhada em um objeto específico e retornar em seguida às
condições normais de visualização.
• óculos: embora os óculos possam ser portáteis, são geralmente usados na cabeça. Os
óculos são binoculares e podem ter uma única lente ou lente estéreo, dependendo do
modelo. São excelentes para visualização constante, como para se deslocar em um prédio
escuro.
Aplicações
As aplicações mais comuns da visão noturna incluem:
• militar
• policiamento
• caça
• observação da vida selvagem
• vigilância
• segurança
• navegação
• detecção de objetos ocultos
• entretenimento
A finalidade original da visão noturna era localizar alvos inimigos à noite. Ela ainda é bastante
usada pelos militares para essa finalidade, assim como para a navegação, vigilância e localização de
alvos. Com frequência, a polícia e as forças de segurança usam a tecnologia de geração de imagens
térmicas e otimização da imagem, principalmente para a vigilância. Caçadores e entusiastas da
natureza usam NVDs para se deslocarem no meio da mata à noite.
Detetives e investigadores particulares usam a visão noturna para observar pessoas
que precisam ser rastreadas. Muitas empresas possuem câmeras instaladas permanentemente e
equipadas com visão noturna para monitorar os arredores.
Uma capacidade realmente surpreendente da geração de imagens térmicas é que ela revela se
uma área foi revolvida: ela pode indicar se o solo foi escavado para enterrar alguma coisa, mesmo
que não exista nenhum indício evidente a olho nu. A polícia tem usado esse recurso para descobrir
itens que foram escondidos por criminosos, incluindo dinheiro, drogas e corpos. Além disso, a
geração de imagens térmicas pode identificar mudanças recentes em áreas como paredes,
fornecendo pistas importantes em muitos casos.
Foto cedida pela B.E. Meyers Company
As filmadoras estão se tornando comuns na indústria de visão noturna