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19/06/2018 Planeta Educação

De Olho na História

João Luís de Almeida Machado  é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e
escritor.

John Dewey e a Escola Ativa
Pelo surgimento de uma Nova Escola

“A criança de três anos que descobre o que se pode fazer
com  blocos,  ou  a  de  seis  anos  que  percebe  o  que
acontece  quando  põe  cinco  cêntimos  e  mais  cinco
cêntimos  juntos,  é  verdadeiramente  um  descobridor,
mesmo que toda a gente no mundo já o saiba. Ocorre um
genuíno  incremento  da  experiência;  não  é  apenas  mais
um  item  mecanicamente  acrescentado,  mas  um
enriquecimento com uma nova qualidade. O charme que a
espontaneidade  de  crianças  jovens  nutrem  por
observadores  simpáticos  é  devido  à  compreensão  desta
originalidade  intelectual.  A  alegria  que  as  próprias
crianças  sentem  com  as  suas  próprias  experiências  é  a
alegria  da  construção  intelectual  da  criatividade,  se  me  é
permitido  usar  esta  palavra,  sem  ser  mal  entendido”.
(Democracia e Educação)

John Dewey é, certamente, um dos mais influentes pensadores na área da educação contemporânea.
Esse destacado filósofo, psicólogo e pedagogo, nascido nos Estados Unidos, posicionou­se a favor do
conceito  de  Escola  Ativa,  na  qual  o  aluno  tinha  que  ter  iniciativa,  originalidade  e  agir  de  forma
cooperativa.

Dewey acreditava que escolas que atuavam dentro de uma linha de obediência e submissão não eram
efetivas quanto ao processo de ensino­aprendizagem. Seus trabalhos alinhavam­se com o pensamento
liberal norte­americano e influenciaram vários países, inclusive o movimento da Escola Nova no Brasil.

Entre  seus  conceitos  destacam­se  idéias  como  a  defesa  da  escola  pública,  a  legitimidade  do  poder
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político e a necessidade de autogoverno dos estudantes. 
Nascido em 20 de outubro de 1859 em Burlington, no estado de Vermont. Era filho de Lucina Stermesia
Rich e de Archibald Sprague Dewey. Estudou na Universidade de Vermont e em sua formação sofreu
forte influência da teoria da evolução. A partir da idéia de seleção natural Dewey passou a perceber a
importância da interação entre os homens e o meio­ambiente no que tange a questões de psicologia e
epistemologia (Teoria do Conhecimento).

Apesar  de  ter  estudado  durante  um  longo  período  as  influências  filosóficas  do  realismo  escocês
durante a sua formação universitária, Dewey procurava referências mais amplas. Depois de se formar
em 1879, Dewey lecionou por dois anos em escolas de ensino médio (High schools no sistema norte­
americano), período durante o qual consolidou a idéia de que deveria trabalhar com filosofia.

Entre as principais obras de Dewey estão “Democracia e Educação”, “Escola e Sociedade”
e “Experiência e Educação”, infelizmente não disponíveis em língua portuguesa.

Confirmando esse seu interesse, Dewey enviou um ensaio filosófico para W.T. Harris, que era editor do
Journal of Speculative Philosophy, além de ser um dos mais conhecidos estudiosos dos trabalhos de
Hegel.  A  aceitação  de  seu  trabalho  pelo  renomado  especialista  motivou  Dewey  a  aprofundar  seus
estudos e o levou a matricular­se na Universidade John Hopkins.

A estadia na John Hopkins fez com que Dewey tivesse contato com duas importantes referências para
seu futuro profissional. A partir das explicações, aulas e aprofundamentos com o professor G. Stanley
Hall, proeminente psicólogo experimental norte­americano, Dewey percebeu a importância da aplicação
da metodologia científica nos estudos em Ciências Humanas.

O contato com o professor George Sylvester Morris, por outro lado, colocou Dewey em sintonia com as
obras  do  hegelianismo  e,  especificamente,  com  o  modelo  orgânico  de  natureza  concebido  pelo
idealismo alemão. Ao criar pontos de convergência entre essas duas teorias e linhas de pensamento,
Dewey  estabeleceu  idéias  gerais  que  embasaram  parte  de  seus  pensamentos  e  produções
acadêmicas.

Ao  obter  a  sua  titulação  de  doutor  no  ano  de  1884,  Dewey  aceitou  convite  para  dar  aulas  na
Universidade de Michigan, onde ficou por dez anos. Nesse período acabou produzindo suas primeiras
obras: Psychology (1887) e Novos ensaios de Leibniz acerca da compreensão humana (1888).

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Fernando Azevedo e Anísio Teixeira, educadores brasileiros que se mobilizaram em
favor da Escola Nova foram influenciados em sua produção pela obra de John Dewey.

Os dois trabalhos demonstravam o alinhamento de Dewey com o idealismo hegeliano. Em Psychology,
Dewey procurava criar vínculos maiores entre o idealismo e a ciência experimental. A Universidade de
Michigan também foi importante para o filósofo e educador por ele ter ali conhecido um de seus mais
destacados colaboradores, James Hayden Tufts, com quem veio a publicar sua obra “Ethics” (1908).

No  ano  de  1894,  Tufts  e  Dewey  foram  para  a  recém­inaugurada  Universidade  de  Chicago.  Essa
experiência  foi  fundamental  para  as  obras  do  educador,  pois  permitiram  que  ele  superasse  seu
pensamento  idealista  e  adotasse  uma  linha  mais  prática  e  empírica  baseada  na  Teoria  do
Conhecimento que estava de acordo com a Escola Americana do Pensamento, de bases pragmáticas.

A mudança ocorrida em seus estudos e conclusões levou Dewey a publicar uma série de ensaios que
tinham  o  título  coletivo  “O  pensamento  e  seus  temas”.  Esses  trabalhos  foram  publicados  por  Dewey
juntamente com outros professores da Universidade de Chicago numa obra conhecida como “Estudos
em Teoria Lógica” (1903).

Outra experiência definidora de rumos para a obra de Dewey foi a fundação e direção de uma escola­
laboratório  em  Chicago  onde  teve  a  oportunidade  de  aplicar  novas  idéias  e  métodos  pedagógicos.
Desse  seu  trabalho  surgiu  a  sua  primeira  obra  dedicada  especificamente  a  educação,  “A  Escola  e  a
Sociedade” (1889).

Problemas com a administração dessa escola em Chicago acabaram levando Dewey a mudar de ares
em 1904 quando ele, já respaldado por sua reputação como autor, professor e filósofo, mudou­se para
a Universidade Columbia, em Nova Iorque.

“Em escolas equipadas com laboratórios, lojas e jardins, que livremente
introduzem dramatizações, jogos e desporto, existem oportunidades para 
reproduzir situações da vida, e para adquirir e aplicar informação e idéias 
num progressivo impulso de experiências continuadas. As idéias não são segregadas, 
não formam ilhas isoladas. Animam e enriquecem o decurso normal da vida. Informação é
vitalizada pela sua função; pelo lugar que ocupa na linha de ação”. (Democracia e Educação)

A  chegada  a  Columbia  deu­lhe  novos  subsídios,  pois  se  encontrava  em  uma  instituição  mais
tradicional,  que  já  havia  abrigado  alguns  dos  maiores  pensadores  norte­americanos.  Era  um  período
propício  a  entrar  em  contato  com  pensadores  e  filósofos  representativos  de  outras  linhas  de
pensamento.

Dessa  época  surgiram  vários  artigos  sobre  a  teoria  do  conhecimento  e  a  metafísica,  dentre  os  quais
muitos  foram  selecionados  e  publicados  em  dois  livros:  “A  influência  de  Darwin  na  filosofia  e  outros
ensaios sobre o pensamento contemporâneo” (1910) e “Ensaios em lógica experimental” (1916).

A  produção  na  área  da  educação  foi  reforçada  em  seu  período  de  trabalho  na  Universidade  de
Columbia com o surgimento de duas obras de grande importância: “Como nós pensamos” (1910), em
que  aplicava  a  Teoria  do  Conhecimento  a  Educação;  e  “Democracia  e  Educação”  (1916),  sua  maior
contribuição à pedagogia.

Além de teorizar em educação, filosofia e psicologia, Dewey também era conhecido publicamente por
posicionar­se  como  analista  de  temas  contemporâneos.  Contribuía  com  revistas  populares  como  The
New Republic e Nation e tomava partido em causas com as quais se identificava, como foram os casos

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da luta pelo voto feminino ou seus esforços em favor da criação de sindicatos para professores.

Seus  principais  trabalhos  a  partir  dos  anos  1920  surgiram  de  palestras  proferidas  em  eventos
acadêmicos  e  populares  nos  quais  participava  como  convidado.  Entre  esses  trabalhos  incluem­se
“Reconstrução  e  Filosofia”  (1920),  “Natureza  Humana  e  Conduta”  (1922),  “Experiência  e  Natureza”
(1925), “Em busca de Certezas” (1929).

Os anos 1930 marcam a aposentadoria de Dewey das atividades educacionais. Entretanto, o educador
continuou ativo publicamente com destacadas participações em eventos de repercussão internacional
(como em seus posicionamentos favoráveis ao colega filósofo Bertrand Russell, ameaçado de perder
sua cadeira como professor no College de Nova Iorque por setores conservadores) ou ainda através da
publicação de novos artigos e livros.

Antes de seu falecimento em 1952, aos noventa e dois anos, Dewey ainda teve algumas outras obras
publicadas  como  “Arte  como  experiência”  (1934),  “Liberdade  e  Cultura”  (1939),  “Teoria  da  Validação”
(1939), entre outras.

Avaliação deste Artigo: 

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