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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues Chaves

MEMORIAL

Memorial Descritivo apresentado à Comissão Especial de


Avaliação visando a promoção à Classe de Professor Titular
do Magistério Superior

Manaus – Amazonas - Brasil


maio / 2019
Memorial Ma. do P. Socorro
Rodrigues Chaves

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues Chaves

MEMORIAL DESCRITIVO

Memorial Descritivo da docente Maria do Perpétuo


Socorro Rodrigues Chaves apresentado à Comissão
Especial de Avaliação visando a promoção à Classe de
Professor Titular da Carreira do Magistério Superior na
Universidade Federal do Amazonas, em cumprimento ao
que estabelece a Lei 12.772 de 28 de dezembro de 2012,
bem como a Resolução 013/2017 – CONSUNI-UFAM de
25 de maio de 2017.

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Memorial Ma. do P. Socorro
Rodrigues Chaves

CANTIGA DE CABOCLO

O canto de despedida
vai disfarçando de flor.
É feito para os caboclos
do barranco sofredor.
Pra eles que não vão ler nunca
estas palavras de amor.
Amor dá tudo que tem:
dou esta rosa verdadeira,
Levando a clareza certeza
da vida nova que vem.
Canto para os curumins
nascidos igual a mim,
vida escura, e tanto verde!
canoa, vento e capim.
Canto para o ribeirinho
que um dia vai ser o dono
do verde daquele chão.
Tempo de amor vai chegar.
Tua vida vai mudar.
Vai preparando a farinha,
murupi no matrinchão,
nunca vi verde tão verde
como o teu coração.

-Thiago de Mello

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Memorial Ma. do P. Socorro
Rodrigues Chaves

Agradecimentos

Ao Deus da minha vida, que ouve minhas orações, me cinge de forças e direciona
meus caminhos, elevo meu coração na mais sincera prece de gratidão e amor. Neste
momento, os sentimentos afloram de maneira intensa e densa, mesclam-se emoção e razão,
e mais que ordenar documentos para progressão funcional, preparar este memorial
possibilitou uma profunda reflexão sobre minha trajetória e as bênçãos abundantes
concedidas por Deus em minha vida. É com o coração repleto de consideração e respeito que
aproveito esta oportunidade para manifestar meu mais excelente e franco reconhecimento
a tantas existências que enriquecem minha peregrinação, contribuindo de diferentes formas.
Logo, é mister relatar que as realizações e conquistas obtidas advieram sob a força do
coletivo de colaboradores, amigos e familiares.
Ao meu marido João Edgar, que vive comigo iguais alegrias e perigos, vivendo as
mesmas dores e esperanças (Cecília Meireles), partilho esta vitória, por sermos tão
diferentes e tão complementares avançamos em unidade com Cristo. Ao meu lindo e
muitíssimo amado filho, João Marcelo, que fez brotar a esperança e concretizar sonhos, ao
qual muito ensinei, mas que numa clara visão do futuro que hoje atualiza-se, desde tenra
idade entendi que muito me pode ensinar (Elis Regina) como o faz a cada dia.
À minha família, minha mãe e avó Albertina (in memorian), liderança sábia ensinou-
me a lutar por meus sonhos. Ao meu pai de coração, meu herói ao qual agradeço
imensamente por ter com tanto amor e simplicidade me apoiar de maneira irrestrita
ajudando-se a entender o valor do ser humano em seja qual for situação. À minha mãe Maria,
que aos 84 anos, lutadora aguerrida que continua a ensinar-me que a vida se renova cheia
de dádivas na mesma medida das batalhas que enfrentamos. Ao meu querido tio Armando,
um grande filósofo, por quem tenho nutrido um intenso e crescente respeito e admiração
pela sabedoria que demonstra em cada idéia emitida e em cada ato forjado no cuidado e no
carinho de um pai. À minha querida tia Matilde, que suportou meus arroubos de adolescente
demonstrando sempre amor de mãe, à tia Marildinha, doce e carinhosa, à tia Selma que me
deu uma das ferramentas mais importantes para minha expressão de criatividade, ao me
ensinar fazer crochê, a cada uma delas meus agradecimentos e afeto sincero. Meus
agradecimentos e afeto às minhas irmãs, Rita de Cássia e Nalu, às minhas primas Suzy,
parceira de pesquisa e de ideais, a Liane (Cota), minha irmã de criação, e à minha filha de
coração a Silvia que partilha o gosto por escrever, ler e fazer crochê. Às minhas amadas
cunhadas Shirley, Aparecida e Graça, pelo apoio tão afetuoso, e ao Etore (cunhado) pelo

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incentivo para que eu pudesse percorrer meus caminhos na pós-graduação em São Paulo.
Aos meus sobrinhos queridos Oswaldinho e Geórgia, professora comprometida com projetos
criativos, e as sobrinhas Patrícia, que acalentei como filha em seu primeiro ano de vida.
Na área profissional, presto graça às amadas mestras, Ma. Eulália (in memorian),
Elizabeh (Betinha), Maria Matilde, os ensinamentos que proveram a trilha do saber na
formação profissional. Aos meus orientadores de pós-graduação, a queridíssima Lúcia
Helena Oliveira que me assistiu nos primeiros passos nos estudos socioambientais, o Dr.
Newton Muller e Christophe De Gouvello, meu apreço e admiração. Aos meus pares nas ações
laborais, as professoras Elenise Scherer, professora na graduação e colega de trabalho,
expresso minha admiração no convite para presidir a Banca de Titular; Simone Baçal, amiga
e defensora aguerrida que merece meu apreço; às queridas amigas Carolina Santos, Cristiane
Bomfim e Magela Ranciaro; à Débora, que de aluna (graduação, mestrado, doutorado) a
colega na docência, vivencia planos e saberes.
Às amigas: Lucilene Salles que desde a adolescência compartilho idéias e alegrias; Jane
Moura, amiga do coração. Agradecimentos aos baluartes na fé: minha mãe de coração Ir.
Judith (in memorian); à intercessora fiel, Maria; pelo carinho de Jacira, Ileuva, Laura e
Raquel; aos meus líderes Pr. Alcedir, Pr. Nonato e Igo. A amada família do Pr. Marcos, sua
espessa Beth e as filhas Rebeca e Ruth com os quais usufruo alegrias e compartilho a fé.
Aos parceiros/as de trabalho do Grupo Interação pela imprescindível contribuição nos
estudos e pesquisas, cujo suporte abre horizontes, propicia debater, produzir, difundir e
socializar os conhecimentos sistematizados ao longo da vida de pesquisadora. Agradeço a
todos/as em nome das Professoras Antônia Lúcia que com sua grande amizade compartilho
estudos e anseios, Rosangela pelo suporte importante na condução do grupo, Silvana
Compton, companheira de trabalho por mais de 13 anos e Francenilda e Talita Lira.
Aos membros externos da minha Banca de Defesa de Memorial, Dra. Valdênia,
Apolinário, Dra. Gertrudes, amigas que se tornaram muito queridas desde o primeiro
momento em que nos conhecemos, o Dr. Luís Antônio Oliveira, numa grande amizade de
quase duas décadas e à Dra. Denise Bomtempo pela gentileza e com sentimentos de
admiração.
Em nome do Erenilson e da Ir. Flora, da comunidade ribeirinha de Ebenezer, na zona
rural do município de Maués (AM), manifesto e estendo meu apreço aos amazônidas com os
quais compartilho os ideais e a luta pela sustentabilidade na nossa querida e amada terra a
Amazônia.

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Em minha vida contei sempre a contribuições de tantas pessoas que o espaço para
agradecer é restrito, então me restringi a citar as pessoas mais próximas, e que
simbolicamente representam os que não terei espaço para nominar. Assim, é que com o
coração repleto de gratidão que reconheço e manifesto a todos/as que me ajudaram e
continuam ajudando que os meus maiores agradecimentos são muito limitados para vocês
que têm feito tanto e com tanta dedicação.

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Sumário

Identificação................................................................................................................. 7
Introdução..................................................................................................................... 8

1. Informações Pessoais: uma vida pautada por desafios................................9

2.Formação Acadêmica & Atividades Laborais................................................. 10


2.1 Da Educação Fundamental ao Ensino Profissionalizante........................................ 10
2.2 Educação Superior: em nível de Graduação e Pós-graduação.................................14
2.3 Formação Complementar, estudo de outros idiomas...............................................24
2.4 Bases Conceituais, quadro sinóptico.........................................................................26

3.Ofício da Docência Universitária: o desafio de ser mestre e aprendiz......42


3.1. Ensino na Graduação: um campo rico de experiências didático pedagógicas.........43
3.2. Ensino na Pós-graduação: um campo de inovação sob múltiplos olhares...............48
3.3. Extensão Universitária: interações, atualizações e ricos aprendizados....................50
3.4. Estudos e Pesquisas: a construção de saberes e diálogos pertinentes.......................54
3.5. Administração Universitária: utopias e realizações..................................................60

4. Produções Técnico Científicas: difusão e socialização de saberes...........68

5. Considerações Finais............................................................................................76

6. Referências.............................................................................................................79

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Identificação

Nome completo: Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues Chaves

Filiação: Maria da Costa Rodrigues

Data e local de nascimento, nacionalidade: 15/01/1959- Manaus-Amazonas

Profissão: Docência em Serviço Social Conselho Regional-656

Cargo atual na carreira Universitária: Docente

Regime de trabalho: RDIDP- Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa

Vínculo Institucional: Estatutário

Endereço Institucional: Av. Gel. Rodrigo Octávio Jordão Ramos, 3.000, Bairro do Japiim,

Manaus-Amazonas

Endereço Pessoal: Rua Dona Raquel de Souza, 100, bairro de Petrópolis, Manaus-Amazonas:

CEP 69.063-590

http://lattes.cnpq.br/0251938411548526

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Introdução

Este memorial apresenta, em termos descritivo e circunstanciado, o relato histórico e


reflexivo sobre a minha trajetória de vida que envolve a esfera pessoal, acadêmica e
profissional, com destaque para atuação como docente do magistério superior nas práticas
de ensino, pesquisa, extensão e administração, bem como no desenvolvimento de inúmeras
outras atividades de cunho social. Esse conjunto de informações foram dispostas visando a
obtenção de minha promoção à Classe E, de Professor Titular da Carreira do Magistério
Superior na Universidade Federal do Amazonas, em cumprimento ao que estabelece a Lei
12.772 de 28 de dezembro de 2012, bem como a Resolução 013/2017 – CONSUNI-UFAM de
25/5/2017.
Elaborar este memorial representa, para além do cumprimento de um compromisso
institucional e profissional, um momento de profunda reflexão sobre os variados elementos
contributivos e constitutivos da minha visão de mundo, ordenado pelos traços de
personalidade que associados à vivência/experiência social demarcam a singularidade
individual da condição de agente social. Sob a perspectiva marxiana, entendo que a prática
social gera determinações ao modo como os indivíduos pensam sobre si mesmos e se
relacionam em sociedade.
No entendimento de que atuamos na construção da nossa história, mas não num
patamar de autonomia plena e individualizante, mas numa vivência que incorpora
elementos da dinâmica social marcados pelas múltiplas determinações do real. Na descrição
desta empreitada, atribui importância às diversas instâncias que compõem o processo que
demarca minha existência, sejam elas advindas e ou moldadas pelos saberes oriundos das
práticas e interações marcadas pelas representações simbólicas da identidade amazônida
e/ou advindas dos conhecimentos teóricos obtidos com a formação das competências
técnicas operativas da profissão que exerço como educadora e aprendiz.
Outrossim, pontilho o relato com as referências sobre as diversas formas de
relacionamentos, haja vista que se constituem em momentos de compartilhamentos que
potencializam os aprendizados, as alianças e o sentido do viver. Para mim, o momento de
elaboração deste relato envolveu não apenas a reflexão objetiva e racional, mas possibilitou
a vazão de uma enxurrada de memórias repleta de emoções que contribuíram sobremaneira
para desvendar sentimentos e percepções recônditas em meu ser, oriundas da forma como
tenho me posicionado na vida e na sociedade; igualmente, permitiu o (re)pensar sobre os
atos que compuserem as práticas desenvolvidas, as questões fundamentais que as

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ordenaram, (re)atualizadas pelo olhar interpretativo da temporalidade contemporânea.


Assim, neste processo de narrar, descrever e transcrever sobre experiências diversas,
recorro a diversos recursos discursivos e metafóricos para explanar sobre a minha dinâmica
vivencial e laborativa.
1. Informações Pessoais: uma vida pautada por desafios

A vida é repleta de ciclos, etapas e estações; entender e


bem viver cada uma em suas particularidades enche a
nossa existência de encantamento.

Por certo posso afirmar que tenho vivido uma existência pautada por desafios, alinhada
com o verso da música de Caetano Veloso: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Nasci
no dia 15/01/1959, a primeira da minha família a nascer no meio urbano, todos que
nasceram antes de mim nasceram no município de Beruri, em uma comunidade ribeirinha
situada no Rio Purus, onde se mesclaram duas origens étnicas; afro descendentes e
indígenas. Muitos de nossos parentes ainda vivem naquela comunidade.
Sou a primeira de três filhas de Maria da Costa Rodrigues, que por sua condição de mãe
solteira para poder continuar a trabalhar como doméstica entregou-me aos cuidados de
minha avó, D. Albertina (in memoriam), casada com o S. Manoelzinho (in memoriam),
padrasto de minha mãe. Ambos foram reconhecidos por mim como mãe e pai, por todo zelo
e cuidado que me dedicaram, ajudados por meus queridos tios Armando e Matilde que até
hoje são meus apoiadores gentis e pacientes, para os quais devo muita gratidão. Ter os
primeiros passos guiados por minha avó, D. Albertina, foi para mim um grande privilégio,
oriunda da interlândia amazônica ela era autodidata, pois aprendeu a ler sem nunca ter
frequentado um banco de escola _ como ela sempre gostava de afirmar. E Ela amava ler e
estar sempre bem informada preparando-se sempre para debater qualquer assunto. Por
certo aprendi com seu exemplo a gostar muito de ler e estudar para adquirir instrumental
para interpretar o mundo. Minha mãe veio do interior para estudar, mas o trabalho como
doméstica a impediu de estudar, tornando-se este um sonho que ela redirecionou para as
filhas.
No momento de meu nascimento minha família estava vivendo numa condição de
extremo empobrecimento, cujo sinal mais contundente dessa condição de pobreza era o
nosso local de moradia, vivíamos num flutuante. Aos seis anos de idade experimentei junto
com minha família o processo de expulsão daquela que foi a minha primeira comunidade, e
que era considerada uma invasão, pois o governo entendia que havíamos ocupado uma área

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cuja beleza era enfeiada pela pobreza exposta na entrada da cidade. Assim, nos alocamos
numa outra área que alagava anualmente, passando a habitar numa palafita às margens do
Igarapé do Educandos.
Em diversos momentos posteriores, na atuação como Assistente Social junto ao
Movimento de Ocupação Urbana em Manaus e do Movimento Sem Terra na Paraíba senti
fortemente a identificação com essas lutas a partir da vivência marcante que experienciei na
minha infância. O que me ajudou a reforçar a percepção de que os conhecimentos tácitos
adquiridos com a experiência de vida contribuem de forma relevante para a maneira como
interpretamos os liames, as tessituras que compõem a rica trama da realidade, e, não de
modo determinista, direcionam a forma de atuar sobre ela.

2. Formação Acadêmica & Atividades Laborais

Vi tudo que vi, entendi como pude. (Paulo Henrique


Britto)

Nesta parte relato numa sequência cronológica a trajetória de formação escolar, desde
os primeiros momentos de letramento até o desenvolvimento das primeiras atividades de
trabalho. Faz-se mister destacar que toda a minha formação acadêmica, em todos os níveis,
foi realizada em instituições públicas. Outrossim, durante minha vida exerci diversos ofícios
que me geraram múltiplas experiências, assim neste memorial entrelaço o relato de minha
formação escolar/acadêmica com as atividades profissionais que exerci, antes de trabalhar
como docente _ cuja descrição será feita em parte específica.

2.1 Da Educação Fundamental ao Ensino Profissionalizante

Quando recebemos um ensinamento devemos receber


como um valioso presente e não como uma dura tarefa.
Eis aqui a diferença que transcende. (Albert Einstein)

 Alfabetização – 1963 -1964

Em 1963, aos 04 anos de idade, minha família solicitou que o Sr. Oscarino (in
memoriam) ajudasse a me alfabetizar. Ele cuja carreira profissional de ventríloquo era ser o
Pai do boneco Peteleco, ministrou com muita dedicação aulas no seu estúdio, por dois anos,
enquanto realizava o show diário na radio comunitária do Bairro de Educandos. Este

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processo de alfabetização contribuiu para que eu e minhas irmãs tivéssemos a


oportunidades de exercitar o gosto pelas atividades artístico culturais, desde a diversão
garantida nos shows do Sr. Oscarino com o boneco Peteleco, os filmes no cinema do bairro
que minha mãe garantia todos os domingos pela manhã, e durante às tarde de domingo meu
tio Armando sempre fornecia os ingressos quando havia peças infantis no Teatro Amazonas,
que eram promovidas pelo Titio Barbosa. Hoje percebo o quanto a conivência com eles
demarcou as ações comunicacionais (sociais e profissionais) e a valorização das ações
criativas que tenho buscado manter em todos os momentos da minha vida.

 Ensino Básico - período de1965-1969 na Escola Primária 03 de Março

O curso primário na Escola 03 de março, no bairro de Educandos, de chão batido e


espaço restrito nas salas com poucas cadeiras, deixaram marcas indeléveis em minha
memória; encontrei o mesmo cenário em muitas escolinhas das comunidades ribeirinhas
situadas nas calhas dos rios da Amazônia e seus tributários, locus em que realizei pesquisas
e extensão nas ultimas três décadas.
 Ensino Básico -1970-1972- Escola Pe. Agostinho Martin; Centro de Artesanato Irineu
Jofily
O ano de 1970, ao completar 10 anos de idade, as minhas lembranças são marcadas
pela inauguração de um tempo novo na minha vida, meus tios Armando e Matilde
compraram uma casa no bairro de São Francisco, na zona Sul de Manaus, tirando-nos da
condição de moradores de palafita. O tio Armando passou no vestibular para filosofia na
UFAM, concluiu o curso e foi o primeiro de minha família a frequentar um curso de nível
superior. Este fato foi uma gigantesca conquista para nossa família, ele também começou a
trabalhar numa editora de livros, o que possibilitou o acesso a muitos livros e revistas. Nessa
época, todos os sábados passaram a ser muito especiais, para mim e para minha avó, pois
como concessão da empresa meu tio trazia diversos livros e revistas. Entre os livros que ele
usava para estudar estava a Antologia Poé tica (1962), de Carlos Drummond de Andrade,
cujas leituras despertaram em mim um grande amor pela poesia.
No mesmo ano, no novo bairro passei a frequentar uma escola que, além das aulas
regulares, encaminhava os alunos para o Centro de Artesanato Irineu Jofilly que frequentei
com muito prazer e aprendi diversas técnicas de artes/artesania (mosaico, macramé,
bordado, entre outras). O gosto pela artesania foi reforçado quando a tia Selma com
paciência e desvelo me ensinou a tecer croché, o que me ajudou a moldar a habilidade que
cultivo até os dias atuais. Dos 10 até os 13 anos a venda das peças auxiliou na geração de

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renda familiar e a manter os custos com livros e outras despesas. A renda do croché era
maior que o salário recebido por minha tia Matilde como operadora de máquina numa
fábrica do distrito Industrial de Manaus. O que inibiu os avanços que eu estava vivenciando
foi o fato de aos 11 anos de idade ter sido diagnosticada com um grau muito acentuado de
escoliose1.
 Ginasial - 1973-1976 - Ginásio Márcio Nery
Aos 13 anos, o tratamento para escoliose tornou necessário usar por 1 ano aparelho
ortopédico, o que tornou muito difícil caminhar, mas apesar das deformações e sintomas da
doença consegui chegar ao ensino ginasial (atual ensino médio). Aos 14 anos, como o
aparelho não estava dando resultados foi retirado, passei a estudar à noite e trabalhar como
vendedora numa loja de varejo no Educandos.
Aos 15 anos de idade passei pela perda irreparável do meu pai de criação, cujo apoio
foi essencial para me incutir confiança de que valia muito lutar para vencer os obstáculos
que surgiam na minha caminhada. No mesmo ano, a escoliose agravou-se e a alternativa de
tratamento para evitar a perda dos movimentos dos membros (pernas e braços) foi a
realização de uma cirurgia que não era realizada em Manaus. Mediante esta situação minha
mãe lutou junto ao INSS para conseguir a manutenção dos custos do tratamento fora de
domicílio, cuja cidade mais próxima a realizá-lo era Fortaleza. Onde fui submetida à cirurgia
e tive que permanecer um ano com o corpo gessado; mas, poucos meses depois de sair do
hospital sofri um acidente de carro que afetou o processo terapêutico gerando
consequências nefastas nos anos seguintes.
Por uma década enfrentei muitos obstáculos para prosseguir aos estudos, seja pelas
deformações corporais e limitações na locomoção, antes da cirurgia, seja com as dificuldades
causada pelo gesso. Para frequentar as aulas era necessário caminhar mais de 30 minutos de
percurso, visto que minha família não tinha como custear a condução. Porém, o que era pior
para mim, era estranheza que o aparelho e depois das cirurgias o corpo gessado que me
fizeram vivenciar diversos constrangimentos como apedrejamentos, apelidos e outras
formas de chacotas _ que atualmente se nomeia como bulling. Nesta fase surgiram pessoas
que ao me defenderem dos ataques dos colegas me deram o apoio e a força necessária para
eu permanecer frequentando as salas de aula, destaco aqui a querida D. Judith, responsável
pela zeladoria, e o professor de Educação Física, Thompson (in memoriam).

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Doença da coluna que gera muita dor, deformação corporal e limita sobremaneira os movimentos.

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Outra pessoa que ganhou inigualável relevância em minha vida foi o jovem João Edgar
Chaves Filho, que conheci aos 15 anos e que se tornou meu primeiro namorado e,
posteriormente, meu marido; estamos com 37 anos de casados, temos um lindo filho, o João
Marcelo, presente de Deus para nossas vidas, o nascimento de meu filho contrariou todos os
prognósticos clínicos em razão da prótese que uso na coluna. Somos uma família de
educadores, meu marido é docente do curso de Engenharia Elétrica da UFAM há 36 anos, e
meu filho foi professor na Escola Superior de Tecnologia da Universidade Estadual, e há 4
anos é docente da Língua Inglesa da Secretaria Estadual de Educação.
Em que pese as dificuldades para cursar o ensino ginasial, os anos em que não consegui
frequentar os estudos, todos esforços valeram muito, inclusive alcancei notas elevadas e fui
selecionada para participei das olimpíadas estudantis estaduais em Língua Portuguesa por
2 anos seguidos; assim como realizei cada série sem reprovações, o que me permitiu
prosseguir para realizar um novo estágio na formação: o curso profissionalizante.
 Ensino Profissionalizante -1978-1981- Curso de Eletricidade Básica - Colégio Estadual
Benjamim Constant e Centro de Formação Tecnológica Gal. Rodrigo Octávio
Desde o início de meus estudos sempre apresentei certa preferência e habilidade nas
disciplinas de Física, Cálculo e Matemática. De certa maneira sempre nutri um interesse e
certa habilidade no trato com as ciências exatas.
Iniciei a militância política junto aos movimentos populares ainda no decorrer do
ensino médio junto a associação de moradores do bairro de São Francisco, local onde eu
morava. Essa experiência foi fundamental para determinar meus rumos acadêmicos e
profissionais ajudando a forjar em mim o compromisso com as lutas por uma sociedade
democrática e pelos direitos humanos e sociais.
Mas as limitações físicas continuaram marcando presença em minha trajetória, posto
que em função das consequências do acidente sofrido, tive que enfrentar a segunda cirurgia
da coluna aos 19 anos. Esta por sua vez foi muito mais complicada que a primeira, durante o
procedimento meu rosto foi queimado e fiquei internada em estado grave por vários meses
e ao melhorar usei gesso por mais de um ano; então tive que parar de estudar por dois anos,
pois fiquei com movimentos muito limitados para conseguir andar.
A situação com a qual me deparei poderia ter sido um dos momentos mais críticos da
minha vida, todavia, para vencer este novo desafio contei com o apoio inestimável de um
namorado que me via para além do gesso e das limitações. Ele ganhou imensa e preciosa
relevância para minha existência, ajudando a transformar esse recesso dos estudos num
momento que aproveitei ao máximo para ampliar minhas leituras, porquanto o gosto pela

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leitura foi sustentado. Pois, aos 19 anos ao ficar impossibilitada de locomoção, o Edgar
triplicou os esforços e incentivos presenteando-me com no mínimo 2 livros por semana _
costume que cultivou por muitos anos. Assim, durante o “retiro literário” forçado pelas
circunstâncias, tive a oportunidade de disputar com Orígenes Lessa (sem que ele soubesse é
claro!), e ganhar por dois anos seguidos, a marca de ler mais de 200 livros por ano. As leituras
que realizei permitiram conhecer a obra de autores regionais e nacionais, e, também de
filósofos e sociólogos. Assim, até os dias atuais sigo lendo como diz o poeta “eu não tenho o
hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi pra mim uma fonte de
encantamento. Eu leio com prazer, leio com alegria”. (Ariano no Sertão).
Muitos autores e obras me encantaram, despertando paixão e sonhos, como: Ligia
Fagundes Telles e Jorge Amado; o americano Richard Bach com o Livro Fernão Capelo
Gaivota, que me fez refletir sobre a necessidade de ir além de meus limites e alçar voos onde
todos julgavam ser impossível alcançar; igualmente, Saint Exupéry com o Pequeno Príncipe;
o poeta amazonense Thiago de Mello e Milton Hatoum, entre muitos outros.
Portanto, ao lembrar daqueles momentos, à memória flui sentimentos de muita
gratidão pelas oportunidades de ter sido conduzida pela aventura do conhecimento de belas
narrativas. Assim, mesmo em meio a tantos limites e enfrentamentos, a vivência daquele
momento balizou minhas buscas por ampliar os horizontes do saber e prosseguir os estudos
assim que o processo de tratamento foi concluído.
Reconheço que a condição de saúde (dos 11 aos 21 anos) gerou muitos
enfrentamentos, mas distingo a oportunidade que tive ao usufruir de mais de 2 anos de
“retiro literário”, que me ajudou a superar os limites da formação e alcançar um bom
desempenho escolar e abriu um campo vasto de possibilidades na minha vida. Conforme
exposto até aqui, em tenra idade vivenciei com meu grupo doméstico familiar as
desigualdades sociais, todavia, entendê-las demandou esforço para identificar como seria
possível ou quais as possibilidades de assumir o compromisso em me contrapor a elas, essa
senda foi iluminada, principalmente pelas leituras de autores da Sociologia Crítica e de
romances regionais nordestinos e amazônicos. A paixão pelas leituras contribuiu
sobremaneira para que eu percebesse o meu interesse pelas questões sociais, que eu
conseguia vislumbrar ainda de maneira muito elementar, e me interessar pela área de
Ciências Humanas e Sociais.
Esta percepção foi fundamental para que eu apesar de gostar muito de cálculo, física e
matemática, e entender que deveria seguir a carreira profissional na área de Engenharia
Elétrica, dando continuidade ao ensino profissionalizante, o que me faria ter maior chance

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em face a concorrência por vagas. Ao me deparar com o dilema de escolher um curso


universitário, se na área de humanas e sociais ou de engenharia para concorrer no vestibular,
recorri aos sábios aconselhamentos do meu professor de cálculo e namorado João Edgar _
formado em Engenharia Eletrônica e Engenharia Elétrica. Ele me ajudou a refletir sobre o
que eu projetava para o meu futuro e, sem a menor hesitação afirmei que era contribuir para
melhorar as condições de vida das pessoas pela superação da miséria. Então, mediante
minhas afirmações, ele não hesitou em vislumbrar o curso que respondia exatamente a estes
meus anseios: o Serviço Social.

2.2 Educação Superior: em nível de Graduação e Pós-graduação

 Graduação - 1982 – 1986 – Serviço Social -UFAM- Manaus-Amazonas

Aos 22 anos de idade ingressei no Curso de Serviço Social da Universidade Federal do


Amazonas, a opção pelo Serviço Social representou uma guinada em direção à concretização
dos meus sonhos, que sempre foi trabalhar em prol de uma causa relevante, ser bem-
sucedida na vida profissional e poder ajudar minha família. Todavia, a aprovação no
vestibular, em 1982, era vista por mim como uma verdadeira utopia, tanto por reconhecer
minha condição física, começando a se estabilizar naquele momento, e a condição social, a
necessidade de manter-me trabalhando para ajudar minha família. Mediante tal constatação,
alguém me disse: Pra que você quer ir pra universidade você precisa é trabalhar.
No entanto, incentivada por amigos, familiares e com o efetivo apoio do João Edgar,
ainda na condição de namorado e da minha tia Matilde que chegou a fazer uma promessa
para uma santa para que eu passasse no vestibular. Considero que conseguir uma vaga para
cursar Serviço Social foi uma das maiores conquistas da minha vida, pois fiquei entre os
primeiros colocados no concurso vestibular para o curso de Serviço Social.
Ao iniciar o primeiro período, alcancei uma outra conquista muitíssimo importante
para minha vida, eu e Edgar casamos em 30/04/1982, assim, vivenciei uma verdadeira
revolução pessoal repleta de desafios e aprendizados.
A partir do inicio da formação em Serviço Social a visão crítica obtida com as leituras
iniciada durante o período que chamei de “retiro literário” ganhou novos contornos, e
ganhou concretude a partir dos ensinamentos e do exemplo dos/as amados/as mestres do
Curso de Serviço Social e das áreas afins que fizeram parte do corpo do trabalhador coletivo
(K. Marx) que atuou na minha formação como Assistente Social. Aproveito esta oportunidade
para agradecer para todos/as aqueles que não vão ler nunca estas palavras de amor” (Thiago

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de Mello), mas pelos quais sinto uma imensa gratidão. Apesar da dificuldade para nomear
todas as docentes, destaco aqui as contribuições que jamais esquecerei: da Profa. Eulália
Martins, que sempre mantinha um vivido interesse pela vida dos alunos visando contribuir
e orientar; a Profa. Terezinha Praia que de maneira elegante debatia os textos fornecendo
bases importante para formação; da Profa. Elenise Scherer que embora muito jovem, com
competência dinâmica instigou-me na busca de aprofundamento nos conhecimentos
adquiridos e que me estimulou sobretudo para busca de uma formação sólida e coerentes
com os desafios vigentes.
Nesta parte faço uma referência especial à Professora Conceição Rosa, que atuou como
minha supervisora de estágio, orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso, mentora e
amiga. Esta docente marcou-me com uma profunda admiração e respeito pela coerência,
força, determinação e compromisso em tudo que fazia e ajudou-me a avançar na caminhada
como militante de movimento de bairro, antes de adentrar na comunidade acadêmica; e por
ela ser uma ativa participante dos movimentos sociais e na formação do Partido dos
Trabalhadores teve um forte direcionamento na minha vida em relação a ampliação de
minha inserção e compromisso nas lutas sociais, seja na vida estudantil, seja na vida
profissional.
Iniciei o estágio na área de Serviço Social logo no segundo semestre do curso, por duas
razões para ajudar na renda familiar e para ter contato com as questões que tanto eu queria
conhecer. O estágio foi realizado na equipe do Projeto Rondon em apoio a mobilização dos
primeiros ocupantes dos bairros da Alvorada III, Nova Esperança e Lírio do Vale. Todavia,
sob a supervisão de campo da Assistente Social Souzimar e da orientação acadêmica da
Professora Conceição Rosa, ambas instrumentalizadas a partir de uma visão crítica do
exercício profissional; por três anos conduzi, como monitora, a equipe de estágio
multidisciplinar (Serviço Social, Medicina e Enfermagem). Estas queridas educadoras
ajudaram de maneira determinante a consolidar minha visão de mundo e de compromisso
profissional.
No último ano do estágio, experimentei a repressão do governo autoritário do estado
do Amazonas, pois ao apoiar os moradores nas mobilizações e reivindicações por
infraestrutura e acesso aos Bens e Serviços Sociais (água tratada, saneamento básico, saúde,
educação e transporte) no bairro; os moradores foram ameaçados e orientados para não se
comunicarem com a equipe e eu fui ameaçada com uma arma de fogo para abandonar o
trabalho na área. Procurei apoio junto à minha supervisora que comunicou o órgão
responsável pelo estágio, o Projeto Rondon e reivindicou que fosse dado apoio para a

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Memorial Ma. do P. Socorro
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continuidade do trabalho, assim tivemos a oportunidade de concluir nossas ações e


contemplar as conquistas resultante das lutas realizadas em conjunto com os moradores.
Desde o processo formativo a identificação com a área foi imediata e crescente, o
projeto ético político da profissão afigurou-se como uma bússola que me situou nos
meandros complexos das trilhas da história. Durante a trajetória de formação fui militante
junto ao movimento de estudante, eleita representante estudantil junto ao Departamento de
Serviço Social, acompanhei diversos movimento sociais, sindicais e partidário na cidade de
Manaus, destaco a participação como: membro da equipe de apoio ao Sindicato dos
Assistentes Sociais – SASEAM; filiada do Partido dos Trabalhadores da equipe de formação
dos novos membros; assessora da diretoria da Central Única dos Trabalhadores, mais
especificamente da coordenação de apoio aos movimento camponeses; apoio às
mobilizações do Sindicato dos Metalúrgicos; assessoria para diversas entidades Eclesiais de
Base, com acompanhamento sistemático da Pastoral Operária e a Pastoral da Terra e
assessoria aos estudos sobre Teologia da Libertação e ações de apoio aos movimentos sociais
da CNBB- Norte I.

Outra importante conquista, tão comum para muitas mulheres, mas tão inusitada para
mim que recebera o diagnóstico de que dificilmente pelo grau de escoliose poderia ter um
filho de parto normal. Mas apesar do prognóstico dos ortopedistas, aos 24 anos, em
04/10/1983 dei à luz ao meu filho, o João Marcelo Rodrigues Chaves, por quem devoto “o
maior amor das galáxias” e que tem sido um manancial de alegria em minha vida. Hoje, com
35 anos, ele exerce a mesma profissão que o seu pai e eu, assim formamos um time afinado
na coerência com os compromissos e nas lutas sociais vigentes.

O meu Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Origem dos Conflitos que Impedem
a Organização da Comunidade” foi resultado da pesquisa sobre o processo de formação dos
bairros da Alvorada I e do Lírio do Vale, onde realizei meu estágio. O estudo foi realizado
tendo como referência os pressupostos da teoria social de Karl Marx (1818 – 1883). Ao
concluir o Curso de Serviço Social, no início de 1986, intensifiquei os trabalhos de assessoria
aos movimentos sociais: Movimento de Ribeirinhos, Movimento Nacional de Seringueiros,
Movimento de Pescadores, entre outros.

A carreira como Assistente Social proporcionou desafios inusitados junto às lutas


forjadas no cotidiano da profissão. Em 1987, fui contratada no Projeto Social Ajuda e
Esperança, para coordenar um projeto financiado por uma agência sediada na Holanda, a
CEBEMO, que financiava projetos sociais (não reembolsáveis), no qual realizei assessoria,

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consultoria, monitoramento e liberação de recursos financeiros para 16 grupos sociais, 08


em bairros de Manaus e 08 nas sedes dos municípios do interior do estado do Amazonas.

A experiência profissional adquirida naquele período fez emergir um conjunto muito


significativo de questões que me impulsionaram em busca de ampliar minha formação
acadêmica e profissional. Este interesse articulou-se às necessidades de meu marido, como
docente da UFAM, de cursar Mestrado. O local escolhido foi a Universidade Federal da
Paraíba, Campus II, em Campina Grande. A escolha foi muito acertada e superou a todas as
nossas expectativas.

 Pós-graduação -1989-1994 - Mestrado em Sociologia Rural na Universidade Federal da


Paraíba, Campus II Campina Grande

Entendo que os princípios e valores constituem o substrato presente nas convicções


que ordenam as práticas sociais dos sujeitos, enquanto fruto de uma construção que ocorre
ao longo da trajetória sociohistórica vivenciada pelos mesmos. De acordo com esta
perspectiva, em todos as estações de formação e instrumentalização profissional teórico
prática pautei-me pela perspectiva apontada por José Paulo Netto que defende que a
maioridade do Serviço Social credibilizou os assistentes sociais para interlocução com outras
disciplinas, o que implica na intensificação do diálogo interdisciplinar. Na minha formação
na pós-graduação e no exercício da docência, a assertiva supracitada mostra-se muito
coerente e relevante tanto por contribuir para urdir o dialogo pertinente e necessário com
os demais agentes técnicos, quanto pela maturidade que se adquire ao estender um olhar
para além dos muros de nossa especialização, sem contudo perder o foco de nossa ação e dos
compromissos profissionais requeridos.

Ao sentir a necessidade de aprofundar os conhecimentos técnicos, científicos e


operacionais do Assistente Social e visando contribuir com os movimentos sociais na
Amazônia, no ano de 1988, fiz a inscrição em dois programas de Mestrado, em Sociologia
Rural e em Economia Rural, na condição de ouvinte, tendo em vista que eu minha família
chegamos em Campina Grande após da data de realização da seleção dos alunos regulares.
Mesmo como ouvinte, por um ano cursei todas as disciplinas e cumpri com todos os
requisitos, embora consciente de que não poderia solicitar aproveitamento posterior dos
estudos realizados; mas, para mim a oportunidade de acompanhar as disciplinas, lendo os
autores indicados, estudar e participar dos debates com alunos e professores representava
uma oportunidade muito importante no processo de ampliação dos conhecimentos.

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Memorial Ma. do P. Socorro
Rodrigues Chaves

Somente ao final de 1988 participei da seleção para aluna regular e ingressei no


Programa de Mestrado em Sociologia Rural e aproveitei a oportunidade para cursar as
disciplinas dos programas de Economia Rural e de Antropologia na UFPB- Campus II. O
quadro docente do programa era à época referência no Brasil por trabalhar a perspectiva
marxiana, tendo no quadro o Dr. Bernard Habel da Universidade de Frankfurt (Alemanha)
que por 3 anos atuou na Sociologia e na Economia como professor visitante; líder do
movimento estudantil de 1968 na Europa e docente responsável pelos estudos sobre a
produção de Karl Marx (1818-1883). Os estudos sobre Marx foram ampliados com
disciplinas ministradas pro Reginaldo Santana e Edgar Malagodi, tradutores no Brasil do
livro O Capital (Difel). Sob a condução destes mestres realizei por 3 anos seguidos estudos
sobre o conjunto das obras de Karl Marx.

Durante o curso de mestrado contribui com outras pesquisas coordenando a pesquisa


de campo no Cariri e no sertão da Paraíba para Mary France Garcia e atuei como assessora
do Departamento Rural da Central Única de Trabalhadores, do Partido dos Trabalhadores e
junto ao Movimento dos Sem-Terra no sertão da Paraíba.

O Programa de Mestrado, por seu caráter interdisciplinar abrangendo as áreas de


Sociologia Rural, Economia Rural e Antropologia, representou a possibilidade de obter bases
analíticas e explicativas para expressar e relatar a visão singular de uma amazônida em seu
caráter emancipatório e identitário. Igualmente, possibilitou o desenvolvimento de estudo
sobre os movimentos sociais na Amazônia, dentre os quais fiz a opção de realizar a pesquisa
para dissertação junto ao movimento dos seringueiros, mais especificamente sobre a
organização social e política dos seringueiros no município de Novo Aripuanã/AM os quais
possuíam uma atuação significativa na Amazônia. O título da dissertação que apresentei foi
“De Cativo a Liberto: o processo de constituição sociohistórica dos seringueiros no
Amazonas”, com bolsa financiada pelo CNPq. Para realização do estudo tive o grande
privilégio de ter 03 orientadoras, a Dra. Lúcia Helena Aires da Cunha e como co-orientadoras
a Dra. Ghislaine Duqué e a Dra. Cristina Marin, às quais presto meus mais sinceros
agradecimentos. O livro que apresenta a minha dissertação de mestrado foi publicado, sob o
mesmo título, em 2011 pela Editora Valer.

A pesquisa empreendida para a dissertação representou uma busca por conhecer


melhor a labuta e as lutas de um trabalhador da Amazônia que entranhados pela força e os
mistérios da floresta e dos rios serviram como os principais protagonistas nas tramas da
história (...) que traduzem ações novas, diferentes facetas do "caboclo" que sempre

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Memorial Ma. do P. Socorro
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pensamos ser o mesmo, como se fosse um desdobramento natural de um personagem em


seu percurso sociohistórico, (...) mas que nos surpreendem ao se mostrarem em múltiplas
faces sua singularidade. O estudo situa-se na imensidão do cenário da Amazônia para
compor um relato vívido dos diferentes momentos de constituição sociohistórica dos
seringueiros, evocando e reconstituindo seu trajeto de "cativo" a "liberto".

Antes, vistos como ribeirinhos mansos, acanhados, eram pescadores, coletores,


roceiros e produtores de farinha. Habitantes da hinterlândia amazônica extraíam da
floresta e do rio a sua vida material, social e cultural numa simbiose com os
movimentos da natureza. Todavia, de maneira abrupta, tais seres sociais veêm-se
arrebatados, "cativos"; como extratores do látex das seringueiras nativas hévea
brasilienses, passando a produzir o principal produto da economia na região: a
borracha nativa. Este ciclo econômico marca definitivamente a região pelo volume
de riquezas produzidas - sem paralelo em sua história.
Durante aquele período, o seringueiro, enredado nas tramas da produção da
borracha para o mercado europeu, tornou-se o personagem central dos enredos
amazônicos. Esta condição não significou para esse produtor melhorias em suas
condições de vida, ao contrário, relegou-o a um extremo empobrecimento resultante
das relações de trabalho, fundadas na superexploração que marcaram as empresas
extrativistas (seringais tradicionais) na cadeia do aviamento.
Este agente histórico pode ser designado tal como se auto identifica: seringueiro,
produtor tradicional de um produto específico, a borracha, que desempenhou papel
de grande importância no ciclo histórico do Brasil, a partir do final do sec. XIX e
primeiro quartel do século XX, marcando até os dias atuais a história dessa região.
Como se estivessem escondidos na floresta, após cem anos de solidão, de repente os
seringueiros emergem no cenário nacional e internacional alcançando certa
visibilidade. Assim, numa luta histórica de preservação da vida, estes personagens
praticamente desconhecidos, passam a ocupar diferentes espaços no contexto dos
movimentos sociais que articulam a questão agrária com a questão ecológica.
(CHAVES, 1994)

Por certo retratá-los num simples trabalho de investigação não foi possível, mas ousar,
todavia, relatar um pouco de sua marcha na dinâmica da história regional, isto foi uma das
melhores aventuras de minha vida. A realização daquele estudo extrapolou o âmbito de uma
produção acadêmico-científica, uma vez que o tema encerra também uma significação
particular, não apenas pela minha condição de amazônida, mas principalmente por ter sido
a possibilidade de compor, pelo resgate sócio-histórico, a vivência de um conjunto de agentes
sociais, e dentre eles a vivência de um homem em especial, meu pai de criação, Seu
Manoelzinho. Ele que de tanto padecer com a seca no nordeste, pela inoperância do Estado,
aceitou ser recrutado como “soldado da borracha”, e anos depois assumiu a responsabilidade
de adotar com cinco dias de nascida, uma filha a mais em sua numerosa família de quatorze
filhos, dando-me a oportunidade primeira para que eu pudesse me tornar a autora do
referido estudo. De tal modo, que, o trabalho de dissertação, se tornou uma empreitada de
afeto, para reconstituir um pouco da história, escutada por anos a fio ao cair da tarde, na
boca da noite ...

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Memorial Ma. do P. Socorro
Rodrigues Chaves

Igualmente, durante 2 anos estudei a língua francesa na Aliança Francesa para realizar
a prova de proficiência; o que gerou-me outras oportunidades na continuidade da minha
carreira acadêmica. Após concluir todas as disciplinas do curso de mestrado, em 1991
retornei para Manaus, por duas razões: para realizar a pesquisa de campo para dissertação
e para participar do concurso público para docente do Departamento de Serviço Social-
DSS/UFAM, fui aprovada em primeiro lugar no concurso e iniciei minhas atividades como
docente no DSS em julho de 1991.

Em função das atividades docentes restringi as viagens ao campo de pesquisa aos


períodos de recesso e de férias da universidade. A viagem para campo era muito longa, com
duração média de 2 dias, em barco de linha, para chegar até a sede do município de Novo
Aripuanã e de lá era necessário prosseguir por mais um dia de viagem, num barco cedido
pela secção sindical do Movimento Nacional dos Seringueiros-MNS para chegar as três
comunidades alvo da pesquisa. O estrito relacionamento com o movimento foi fundamental
tanto para obter apoio na realização do estudo, bem como o resultado serviu para
instrumentalizar a luta pelos direitos dos produtores extrativistas utilizarem suas práticas
de coleta do látex da seringueira e de manterem seus acessos aos territórios tradicionais.
Embora antes de iniciar o curso de mestrado eu já atuasse na assessoria ao MNS, no
Amazonas, a Profa. Lúcia Helena, que me orientou no mestrado, era assessora do líder do
movimento, Chico Mendes e do MNS, e de Marina Silva. A sua experiência teve um papel
fundamental para ampliar as oportunidades para que eu pudesse enfrentar os desafios
existentes e realizar o trabalho de pesquisa, em face às pressões políticas e a complexidade
da logística de deslocamento e dos custos exigidos.

O envolvimento com as mobilizações na região e o exercício da docência me levou a


protelar a conclusão da dissertação que só consegui concluir e defender em janeiro de 1994.
Em razão da abrangência interdisciplinar do estudo, a banca foi composta por 2 especialista
para cada área abrangida pelo estudo: dois sociólogos, dois economistas e dois antropólogos.

Ao fazer parte do quadro do Curso de Serviço Social, realizei pesquisa e extensão junto
ao movimento pelo solo urbano em Manaus, com parceria valiosa da Profa. Carolina Cássia
nos três primeiros anos. No curso predominavam os estudos sobre as manifestações da
questão social no meio urbano. A experiência de assessoria e consultoria aos movimentos na
Amazônia, no momento anterior ao vínculo institucional com a UFAM, possibilitou o
desenvolvimento de atividades de pesquisa e extensão junto aos movimentos sociais no
meio urbano e rural com os alunos do Curso de Serviço Social.

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Memorial Ma. do P. Socorro
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Outro espaço de luta importante foi o fórum de debates constituído pelo Congresso
Brasileiro de Assistentes Sociais-CBAS, regido pela Associação Brasileira de Ensino em
Serviço Social-ABESS, atual Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social-
ABEPSS. Pois, os resultados dos estudos foram sendo sistematicamente apresentados junto
aos grupos de trabalho do CBAS, cujas plenárias lançavam os debates e questões que
repercutiam e espraiavam-se junto a categoria e às instituições de ensino e pesquisa em
Serviço Social pela ABESS. Estes espaços de debates constituíram-se em fóruns relevantes
para divulgar/publicizar estudos, pesquisas e práticas em Serviço Social no meio rural,
realizados junto ao DSS.

Na região amazônica enveredar por estas trilhas permitiu abrir uma linha de pesquisa
sobre os segmentos sociais (ribeirinhos, etnias indígenas, varjeiros, pescadores,
extrativistas, agricultores e trabalhadores rurais). Os estudos avançaram com a criação do
grupo de pesquisas interdisciplinar sobre tecnologias alternativas-TECALT, formado por
docentes, discentes e técnicos de Serviço Social e Engenharia Elétrica. O campo piloto de
estudos, de 1991 até 2002, foi o Assentamento de Reforma Agrária Iporá, Zona Rural do
município de Rio Preto da Eva/AM, com 14 comunidades e mais de 700 famílias. Onde foram
desenvolvidas pesquisas e extensão, com recursos do Programa Trópicos
Úmido/MCT/CNPq, sobre as condições de acesso às políticas públicas de geração e
distribuição de energia elétrica em comunidades rurais.

Os estudos sobre o acesso à energia foi realizado em diversas comunidades rurais na


região e permitiram constatar que a Amazônia é a região que mais exporta energéticos do
mundo, seja em forma de mineral, seja em forma de energia elétrica (hidrelétrica), 95% da
produção é destinado para o setor industrial e de exportação, apenas 5% do que é produzido
atende às populações locais. O tipo de geração e distribuição não chega às comunidades,
nominadas pelo setor elétrico como “isoladas”, deixando-as às escuras, pois a geração de
energia elétrica é responsabilidade dos grupos comunitários. O tipo de geração de energia
com gerador a diesel, além de ser muito caro, é usado como forma de manter a população
sob o jugo das policagens praticadas em troca do gerador ou do diesel. A falta ou
precariedade na prestação do serviço exclui as populações rurais de terem acesso a outros
bens e serviços sociais como educação, atendimento de saúde, assistência social entre outras,
caracterizando uma forma de negação de direitos de cidadania.

Os resultados da produção técnico cientifica (publicações, produção de tecnologias)


serviu para subsidiar programas de políticas públicas do Ministério de Ciência e Tecnologia,

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Memorial Ma. do P. Socorro
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o Programa Luz para Todos, e gerou o convite para equipe realizar estudos sobre a situação
de acesso aos serviços de energia elétrica na Amazônia Ocidental, pelo Programa da Nações
Unidas-PNUD/ONU para elaboração de propostas de políticas para o primeiro mandato do
governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva (2003-2006).

Enquanto eu estava realizando a pesquisa de campo para dissertação e trabalhando


como docente do Departamento de Serviço Social, a participação junto às mobilizações dos
movimentos sociais na Amazônia possibilitaram realizar a assessoria para obtenção de
recursos para a implementação de projetos de desenvolvimento de grande porte, como
forma de encontrar alternativas ao modelo de desenvolvimento econômico que vigora. Um
dos exemplos foi o caso do MNS, que sob a liderança de Chico Mendes obteve apoio junto aos
7 países mais ricos para implementar o Programa de Proteção às Florestas Tropicais -PPG7,
para ser gerido pelo Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos com assessoria e
consultoria de representantes indicados pelos movimentos sociais locais. A partir da
indicação dos movimentos sociais da região atuei como consultora para avaliação dos
projetos a serem financiados pelo PPG7.

O crescimento e fortalecimento da luta na região teve impulso com a criação do Grupo


de Trabalho da Amazônia – GTA que reunia mais de 800 instituições e entidades da região e
tornou-se um fórum importante para o debate das questões centrais relativas ao modelo de
desenvolvimento na região, no qual participei ativamente. Em 1995 fui convidada pelo
World Wide Life Fund for Nature-WWF2, dos EUA, e o MMA para atuar como consultora para
a Fundação Vitória Amazônica-FVA na elaboração do primeiro Plano de Manejo de uma
Unidade de Conservação na Amazônia, o Parque Nacional do Jaú, sendo a maior área de
preservação de floresta tropical do mundo com 2.272.000 mil ha. Ao aceitar a proposta e
receber a autorização da UFAM para assumir em carga horária parcial esta função tornei-me
a primeira consultora do WWF nativa da região e indicada pelos próprios movimentos
sociais locais.

Na oportunidade propus a criação de um campo de estágio para o Serviço Social na área


ambiental na FVA e colaborei com estruturação da equipe da Coordenadoria Social na
elaboração da metodologia inovadora para implementação do primeiro Plano de Manejo
Participativo no Brasil. O êxito do trabalho rendeu a continuidade do trabalho com apoio de

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Criada em 1961, considerada uma das mais importantes ONG internacional que pesquisa e luta pelas causas
ambientais.

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Memorial Ma. do P. Socorro
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várias instituições e possibilitou a permanência das populações tradicionais em seus locais


de origem com direitos e deveres estabelecidos e respeitados.

Entre os anos de 1991 e 2002 realizei consultoria para diversos órgão, como as
agências do WWF/Suiça, WWF/Brasil e WWF/EUA, sempre com vínculos com a UFAM, em
contratos firmados para realizar assessoria aos Movimento de Pescadores e ao Movimento
de Ribeirinhos. Entre 1991 e 1995, os desafios foram avolumando-se e tornando imperativo
expandir o processo de capacitação para avançar em novos debates relativo ao acesso às
tecnologias pelas populações rurais da Amazônia, a dimensão social da tecnologia e o acesso
a energia com tecnologias limpas para redução dos impactos ambientais e sociais. Os
estudos, a partir da referência de autores que estavam ancorados nos estudos de Marx, como
Horácio de Carvalho (1978), trabalhei arduamente por engendrar novas veredas
investigativas e contributivas para o avanço dos conhecimentos sobre as singularidades
regionais, assim embrenhei-me em estudos sobre a natureza social da tecnologia. Este tema
agigantou-se como mais um desafio que se interpôs a mim, à semelhança do enigma proposto
pela esfinge nos portais da cidade grega de Tebas que preconizava: “decifra-me ou te
devoro”.

Em face às inquietações que emergiam ao contemplar de um lado os avanços na


organização e de outro os dilemas e desafios que fluíam como um rio de lavas no
Assentamento de Reforma Agrária Iporá, preparei um projeto de pesquisa para concorrer ao
doutorado. O principal objetivo era que atendesse às expectativas de tecer críticas coerentes
ao modelo de desenvolvimento regional, com foco no debate interdisciplinar, coadunando
um conjunto de inquietações sobre as múltiplas manifestações da questão social, em suas
dimensões social, tecnológica, ambiental, cultural e econômica.

 1996-2001 - Doutorado em Política Cientifica e Tecnológica (interdisciplinar) – no


Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP/SP

O doutorado no Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas-


UNICAMP/SP, foi o primeiro curso no Brasil a adotar o perfil interdisciplinar, o que tornou
possível cursar disciplinas de diferentes áreas das ciências, tais como: Sociologia da Ciência,
Economia da Inovação, Ciência Política e Engenharia de Produção.

A escolha do programa e do tema de Tese pautou-se pela constatação do fluxo de


confrontos, tensões e (re)arranjos inaugurados pelos fenômenos modernos, com a
instituição de múltiplos dilemas e desafios em contextos como a Amazônia. Em coerência

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Memorial Ma. do P. Socorro
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com os princípios ordenadores de minha jornada profissional direcionada para avançar por
espaços novos, estabelecer intercâmbios relevantes, numa forma de afirmação como
pesquisadora com a participação em redes de pesquisas e em novos caminhos no campo da
Ciência, Tecnologia e Inovação.

A pesquisa para Tese foi realizada no Assentamento de Reforma Agrária Iporá,


partindo dos resultados obtidos de 1992 a 2000, com enfoque na elaboração de uma
metodologia de abordagem que pudesse alavancar a organização política dos produtores
assentados para ter acesso aos bens e serviços sociais e tecnologias apropriadas, a partir das
bases da Pesquisa-ação (THIOLLENT, 1986; BRANDÃO, 1985; CARVALHO, 1986), que foi
nominada como Metodologia Inter-Ação (descrita na parte que trata sobre o grupo de
pesquisa Inter-Ação).

Nesta empreitada tive o grande privilégio de ser orientada pelo Dr. Newton Pereira,
doutor em Engenharia Ambiental com estudos realizados na Inglaterra, que nutre profundo
amor pela Amazônia, pois havia trabalhado no Pará, e conduziu-me como um perfeito
gentleman pelas sendas da investigação cientifica. Inclusive pleiteou bolsa junto ao CNPq
para que eu pudesse cursar o doutorado, ao perceber que a UFAM não havia destinado bolsa
da CAPES para eu cursar o doutorado, pois a indicação do gestor era de que eu deveria ir
para outro programa de pós-graduação para o qual fui convidada, mas que eu não havia
escolhido.

Todavia, após extensa prospecção nos estudos da área, juntamente com meu
orientador identifiquei que o modelo de abordagem metodológica que eu tinha desenvolvido
durante as pesquisas no Iporá e pretendia ampliar não tinha paralelo em que eu pudesse me
ancorar no Brasil. Em face a esta constatação meu orientador sugeriu que eu me preparasse
para realizar uma parte do doutorado na França no grupo de pesquisas do Dr. Inagcy Sachs.

 1999 – Doutorado Sanduiche no Centro Internacional de Pesquisa sobre Meio ambiente


e Desenvolvimento, em Paris na França

Centrada em obter êxito neste propósito, iniciei os estudos na língua francesas em 1997
concorri com outros discentes da UNICAMP e fui aprovada para realizar parte do Doutorado
no Centre Internacional de Recherche Sur I’Environnement et le Devellopment CIRED, em
Paris na França com Bolsa CAPES. Assim, no início de 1999 mudei-me com meu filho para
Paris e fui integrada à equipe de pesquisas, sob a orientação do Dr. Christophe De Gouvello,
cuja experiência na área de Planejamento Energético para comunidades isoladas discutia

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políticas públicas de geração e distribuição de energia elétrica em comunidades na América


do Sul, inclusive no Brasil e na África Subsariana; e, que portanto apresentava as credenciais
para orientar-me na construção dos fundamentos teórico metodológicos da minha Tese. A
condição posta por ele para me orientar foi que eu deveria participar do estudo que ela
estava desenvolvendo sobre as políticas publicas de geração e distribuição de energia nos
países supracitados, com financiamento do Banco Mundial. Esta experiência ampliou o
horizonte de estudo e também possibilitou ampliar a percepção do papel e da relevância da
Amazônia no cenário mundial.

2.3. Formação Complementar, estudo de outros idiomas


O estudo de outros idiomas foi um desejo que cultivei desde a adolescência, mas só
encontrei as condições para realizá-lo durante o Mestrado e no Doutorado. Os estudos na
Aliança Francesa, durante a realização do Mestrado, permitiram que no Doutorado na
UNICAMP, eu pudesse concorrer ao Doutorado na França. Nos testes exigidos alcancei a
média de 75% de fluência e o período de estudos no CIRED/Paris, possibilitou melhorar a
fluência na língua francesa.
Ainda cursando o Doutorado na UNICAMP, a premente necessidade de efetuar leituras
de livros de autores de língua espanhola e de enviar trabalhos para revistas e eventos
acadêmicos científicos e, também, a participação em redes de pesquisadores com domínio
neste idioma representou outro repto que tive que enfrentar. Para sanar esta limitação, nos
períodos de férias e recesso da instituição visitei países na América Latina e esforcei-me para
ler, escrever trabalhos e fazer apresentações orais nesta língua. Em 2017, em exames com
dois professores de espanhol recebi a avaliação de que possuo 75% de domínio linguístico
em espanhol.
As requisições no campo acadêmico da comunicação em inglês, representaram uma
outra exigência, assim, para melhorar minha performance linguística nesta área e ampliar os
intercâmbios acadêmicos: em 2017, participei do Curso Inglish For Mission, na ONG
WEC/Brasil, em Belo Horizonte-MG; em 2018, fui para Vancouver, British Columbia-Canadá
para cursar na GEOS um curso de imersão em inglês, o Language Plus. Outrossim, usufruirei
minha Licença Capacitação realizando um curso num Programa de Intercâmbio de 12
semanas na Escola Okran International Studies Centre Toronto– OHC/Toronto, no Canadá.
Estes esforços, para ganhar fluência nestes idiomas, expressam a possibilidade de
concretizar um desejo cultivado desde a adolescência.

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Rodrigues Chaves

Entendo que os estudos e pesquisas produzidos, para que possam cumprir com a
prerrogativa de contribuir para o avanço das ciências e fornecer as bases ao exercício
profissional, tudo quanto é produzido precisa necessariamente e sempre passar pelo crivo
dos nossos pares. Esse compromisso torna-se mandatório quando atuamos numa instituição
que produz Ciência, Tecnologia e Inovação com recursos públicos. Assim, por adotar como
princípio a premissa de que os resultados devem ser difundidos, publicizados e socializados,
a realização dos estudos linguísticos representa uma ferramenta fundamental para avançar
e concretizar esse ideário.
As contribuições alcançadas nos diferentes processos de formação em línguas
estrangeiras que tive oportunidade de participar espraiam-se tanto no campo da
instrumentalização para o trabalho investigativo científico, quanto para ampliar a dinâmica
comunicativa com diferentes áreas técnicas e profissionais. Os pressupostos teóricos que
norteiam as ações são a necessidade de ampliar o campo de debates, diálogos e obter novos
aprendizados. Por certo que na busca por ampliar o domínio em outros idiomas, também me
impulsionam a necessidade de uma formação continuada, o reconhecimento de meus
próprios limites e o anseio por enfrentar o medo de expor-me tentando avançar sempre,
além do reconhecimento da necessidade de lutar pela construção de pontes e na superação
das fronteiras.
O processo de formação que percorri trouxe diversos desdobramentos e
consequências favoráveis e exitosas, como: expansão dos conhecimentos; ampliação dos
colóquios; efetivação de intercâmbios; formas colaborativas inovadoras com outros grupos
sociais por diferentes territórios; vivência de novas experiências com outros
pesquisadores/grupos/redes de pesquisas; ampliação do acesso a estudos, literaturas
técnicas e bibliografias em outros idiomas e de outros contextos culturais; aumento na
produção de trabalhos técnicos, projetos de pesquisa, artigos e livro; e a participação em
eventos acadêmicos científicos em diferentes contextos.

2.4 Bases Conceituais, quadro sinóptico

Nesta parte será apresentado um quadro com a síntese esquemática de algumas


categorias analítico explicativas que foram estudadas e usadas como referência nos estudos
e pesquisas que tenho desenvolvido ao longo da vida de docente/pesquisadora e que
norteiam minha equipe. Alerto, todavia, que apresento apenas o esboço com uma descrição
sucinta, das categorias que ganharam centralidade, enquanto outras igualmente relevantes,

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Rodrigues Chaves

mas que foram utilizadas como categorias subsidiárias, essas, todavia, não será possível
apontar aqui.
Sob a proposta apresentada, destaco a paisagem intelectual das principais categorias
são elas: o matiz crítico em relação às políticas públicas; às questões socioambientais,
adotando a perspectiva de sustentabilidade em seus pilares social, cultural, econômico e
tecnológico; à economia da cultura numa crítica à economia criativa.

 Políticas Públicas, um prisma crítico

As políticas públicas baseiam-se na necessidade de conciliar demandas sociais


conflitivas, oriundas da divisão entre as classes sociais, ordenadas por mecanismos e
ferramentas de ação do Estado, a partir das quais suas instituições modelam e ordenam as
formas de controle e de intervenção no plano social. Pois, expressam o caráter multifacetado
do Estado, que a partir de suas diferentes instâncias institucionais determinam e as formas
de viabilização das políticas públicas (CHAVES, 2005).
Entende-se que as políticas públicas são, em última instância, resultado das disputas e
confrontos entre diferentes interesses, projetos e necessidades que projetam a distribuição
de recursos, com base na instituição de regras definidoras e consolidadoras de interesses
específicos. No entanto, no plano da tomada de decisões, nem todos os segmentos sociais
possuem representantes ou canais de participação, pois, neste patamar participam,
ativamente, os segmentos de maior poder e força na esfera econômica e política (CHAVES,
2005).
De acordo com esta premissa, a vigência de uma política pública pode não expressar
sua competência para intervir nas expressões das questões sociais que buscam colocar os
sujeitos na condição de protagonistas no plano societal. A perspectiva de abordagem adotada
nos estudos baseia-se na teoria crítica da sociedade, tendo como referência, os estudos que
defendem a tese de que as políticas públicas estão alicerçadas nas diversidades e
especificidades de missões determinadas pelo Estado, a partir das correlações de forças
sociais.
Em sua natureza político-institucional, as instituições públicas são tributárias aos
ditames da acumulação privada do capital, ou seja, às condições de reprodução da forç a de
trabalho. Porquanto, se configuram no fluxo da dinâmica contraditória e complexa das
relações de forças sociais, políticas e institucionais. Tais forças expressam as alianças entre

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Rodrigues Chaves

diferentes segmentos sociais com articulações que variam de acordo com a conjuntura,
interesses em pauta e da dinâmica política dos atores sociais em cena (CHAVES, 2001).
Assim, o Estado não pode ser visto como uma entidade monolítica, um “bloco
monolítico”, a serviço de um projeto invariável, mas deve ser concebido como um “sistema
em permanente fluxo” (Antônio Gramsci – 1891-1937). Esta posição implica o
reconhecimento de que as instituições possuem em seus quadros técnicos agentes sociais
que adotam posições políticas diferenciadas. Isso porque sobre as instituiç ões incidem,
diferencialmente, demandas e contradiç ões oriundas da sociedade.
As ações institucionais ordenam-se com base em princípios mú ltiplos, uma vez que os
quadros té cnicos e profissionais assumem diferentes posicionamentos políticos e prá ticas
sociais. A diversidade e especificidades de missõ es, o aparelhamento das instituiç ões para
viabilizar cada serviç o pú blico e as particularidades dos contextos de intervenç ão
correspondem à s necessidades específicas num contexto histó rico, cultural e té cnico
particular (De Gouvello,1999).
As instituiç ões possuem diversidades internas imperceptíveis à s concepç ões
maniqueístas e instrumentalistas do Estado (marxismo ortodoxo, entre outras), as quais
atribuem ao Estado o papel de mero executor dos interesses da burguesia e do capital. De
certa maneira, as vertentes que partilham dessa visão negam a relação Estado-Sociedade, as
contradiç ões que lhes sã o inerentes. No entanto, a percepção dessas contradições é essencial
para se apreender o cará ter do Estado e das relaç ões de classe (JACOBI, 1989).
Sob esta perspectiva, entende-se que o Estado capitalista nã o é strito sensu o “Estado
dos capitalistas”, tendo em vista que exerce funç ões contraditó rias na razã o da necessidade
de legitimaç ão pró pria. As políticas pú blicas sã o elaboradas de acordo com a capacidade de
interpretaç ão dos conflitos e da manifestaç ão de demandas histó ricas e emergentes. Nessa
dinâmica, as reivindicaç ões de segmentos populares sã o (re)interpretadas, secundarizadas
diante das alianç as com o poder econô mico. Todavia, as instituições, para serem legitimadas
socialmente, incorporam certas demandas que traduzem as necessidades dos segmentos
empobrecidos. As instituições que compõem o Estado são dotadas de lógica própria, embora
estejam alicerçadas em interesses cristalizados pelo seu caráter político. Dessa forma,
mediante processos de seleção, exclusão e inclusão promovem um processo de seletividade
das demandas a serem atendidas.
As modalidades concretas de políticas efetuam uma seleç ão das demandas em favor
dos interesses dos setores política e economicamente fortes e de seus eventuais aliados.
Enfim, atualizam incessantemente suas estraté gias de (re)composiç ão das reivindicaç ões. A

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triagem é implementada com base em diferentes crité rios e mecanismos de exclusã o ou


inclusã o. A inclusã o em todas as suas diferentes dimensõ es (sociopolítica, econô mica e
outras) constitui-se num campo de possibilidades do exercício da capacidade histó rica de
participaç ão social cidadã e do usufruto da oportunidade de atuar como sujeito social de
direitos. (CHAVES, 2005).
Nos estudos realizados para tratar sobre as condições de acesso a bens e serviç os
sociais pú blicos no meio rural na Amazônia tomei como referê ncia algumas noções
conceituais discutidas por Sposati (2001), sã o elas:
Autonomia: refere-se à capacidade/possibilidade do cidadã o suprir suas necessidades
vitais, especiais, culturais, políticas e sociais, o exercício de sua liberdade respeitada sua
condição de dignidade, a garantia da oportunidade representaç ão pú blica e/ou partidária,
sem que seja privado de expressar-se ou sofra qualquer forma de violaç ão de seus direitos
humanos e políticos, além de exercer seus deveres para com a sociedade.
Qualidade de vida: envolve (i) a democratização do acesso às condições de preservação
da vida do homem e do meio ambiente, num menor grau de degradação e precariedade,
pautada na melhoria da (re)distribuição e usufruto da riqueza social; (ii) a garantia de um
desenvolvimento participativo aos cidadãos; a qualidade das relações interpessoais e a
sociabilidade na vida cotidiana; o acesso ao trabalho produtivo, à educação e à cultura; o
exercício de convivência e participação sociopolíticas; o atendimento às carências do ser
humano em seus aspectos subjetivos (biopsicossociais, nã o-materiais) associadas aos
valores, quanto às necessidades materiais.
Equidade: refere-se ao reconhecimento e à efetivaç ão, com igualdade, dos direitos dos
agentes sociais, sem restrições de acesso e sem estigmatizar as diferenç as inerentes aos
diversos segmentos que compõ em a sociedade. A equidade possibilita que as diferenças
possam manifestar-se e serem respeitadas, num efetivo combate às prá ticas de
subordinaç ão ou de preconceito em relaç ão à s diferenç as de gê nero, etnias, políticas,
religiosas, culturais e das minorias.
A sociedade atual está marcada pelo ritmo avassalador de mudanç as, que afetam as
diferentes formações socioculturais e as instituições de maneira geral, e as públicas de modo
particular. Na atual fase histórica, o enfrentamento dos desafios vigentes, as necessidades
sociais aliadas à conservação dos recursos naturais, precisam ser tomadas como critério de
primeira ordem para as tomadas de decisões políticas, econômicas e ambientais.
Assim, na formulação de subsídios para políticas públicas, por via de estudos e
pesquisas, tomou-se como ponto de partida o entendimento de que as necessidades básicas

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nã o sã o um fim em si mesmo, mas pré -condiç ões para atingir os objetivos de participaç ão
social e cidadania. Nesta direç ão, os subsídios fornecidos foram fundamentados no princípio
de justiça distributiva, princípio que defende a interface entre o interesse individual e
coletivo, enquanto prerrogativa básica das instituições sociais e produto da cooperação
democrática para a realização de benefícios no âmbito da sociedade, mas especificamente
para os segmentos sociais em condição de subalternidade.
Portanto, a busca pela equidade implica o desenvolvimento de práticas, a elaboração
de ferramentas e mecanismos voltados para o combate aos entraves que limitam o acesso ao
usufruto de bens e serviços sociais básicos aos grupos sociais empobrecidos.

 Povos Tradicionais na Amazônia, diversidade sociocultural

A força mais profunda que mobiliza o homem na criação


de novas formas societais é sua capacidade de mudar suas
relações com a natureza, transformando-a. (Godelier,
1984)

A Amazônia é composta por um mosaico de povos e grupos sociais, que constituem


organizações singulares e diversificadas entre si, cuja principal matriz cultural origina-se na
cultura das diversas etnias indígenas na região. Para entender essa complexidade far-se-á
uma breve contextualização sobre a realidade das populações existentes na região e sua
inserção no cenário mundial, a partir de uma perspectiva histórica. Pois, em momento
anterior à chegada dos europeus, que promoveram a colonização da região, as sociedades
que viviam nas brenhas da extensa floresta eram totalmente integradas às condições dos
ecossistemas locais. A relação sociedade-natureza (de)marca ao longo da história formas de
organizações politicas, sociais e culturais multicomplexas, conforme constatado por diversos
estudos e pesquisas desenvolvidos sobre a região. A formação sociohistórica da
sociobiodiversidade amazônica abrange a interação entre diversas sociedades, constituídas
de famílias extensas, tendo alta densidade demográfica, com avançados sistemas de
produção de ferramentas e cerâmicas, práticas agrícolas, extrativistas (animal e vegetal),
numa cultura rica em rituais e símbolos marcadas pela dinâmica dos ciclos da natureza, em
que cada grupo social ordena-se sob sistema político próprio e organização sociocultural
singular. (CHAVES, 2001).

Os povos locais enfrentam um processo de miscigenação, que foi acirrado sobretudo a


partir do século XVI com a chegada dos povos de diversos países Europeus, cujo maior
contingente foi de portugueses e espanhóis e de menor monta de negros (escravos) forçados

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a vir para a região. O processo de miscigenação continua de maneira dinâmica entre os


diversos grupos nativos e as populações que migram para a região, proporcionando a
formação de grande diversidade sociocultural, que pode ser percebida na vigência de
modalidades diferenciadas de uso dos recursos naturais e de identidades sociais
particulares, chamados de maneira genérica de caboclos, dentre os principais grupos sociais
estão: ribeirinhos, varjeiros, extrativistas (seringueiros, castanheiros, caucheiros),
pescadores (artesanais, profissionais) e quilombolas. (CHAVES, 2001; CHAVES &
RODRIGUES, 2016).

A base de formação da identidade destes grupos firma-se na busca por atender as


necessidades particulares dos grupos, promovendo a adaptação dos saberes, técnicas e
tecnologias a partir das relações sociais de produção e processos técnicos de trabalho, ou
seja, pelo manejo dos recursos naturais que vão pouco a pouco diferenciando-se de um grupo
para o outro. (Idem, 2001). A partir do estabelecimento da relação homem-natureza,
baseados nos códigos culturais instituídos, a configuração das relações de produção revela
que as populações tradicionais armazenaram um vasto conhecimento do funcionamento do
mundo natural em que vivem (DIEGUES, 1997 apud CHAVES, 2001).

As bases populacionais da região passaram e passam por mudanças significativas desde o


processo de colonização, sendo que em alguns momentos históricos as mudanças ocorrem de
modo mais intenso e veloz. Na atualidade, a globalização da economia e as suas formas de
organização do trabalho, adentraram a região ocasionando um forte e desagregador
processo, acirrado a partir da década de 1960 com a expansão das relações capitalistas de
produção patrocinada pelos governos militares. Todavia, muitas formas de resistência
emergiram, lutas para (res)guardar suas práticas socioculturais, os diversos costumes,
saberes e valores herdados das sociedades indígenas, ao mesmo tempo que defendem a
redefinição e atualizam seus saberes e fazeres em prática baseadas na conservação dos
recursos (CHAVES, 2001).

A realidade das populações ribeirinhas da Amazônia caracteriza-se: pela modalidade


de organização sociocultural baseada na relação que mantêm entre si e com a natureza, com
as transformações socioambientais ocasionadas pelas políticas sociais e econômicas
implementadas na sociedade contemporânea. No entanto, conforme assevera Scherer (2004,
p. 14):

Os ideá rios de justiç a e preservação ambiental estã o registrados. Mas,


de fato, ignoraram a diversidade das populaç ões tradicionais, de sua
cultura, seus mitos e da diversidade dos ecossistemas regionais. O

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descaso com essa gente parece constituir-se numa regra neste lugar da
federaç ão brasileira e que só pode ser compreendida dentro de um
movimento mais geral do processo de acumulação.
Na constituição da organização sociocultural e no atendimento das necessidades
prioritárias nas comunidades ribeirinhas vigora: o uso de técnicas simples e apropriadas de
manejo dos recursos locais visando a conservação dos recursos locais, marcada pelas
modalidades de uso e manejo coletivo dos ecossistemas; a recorrência ao acervo de saberes
tradicionais cuja transmissão é feita por via oral, em bases comunicativas, cooperativas e nas
práticas coletivas de trabalho (ajuri, puxirum, mutirão), bem como nas relações de
compadrio e parentesco (CHAVES, 2005).

No mundo do trabalho nas comunidades, a vida obedece aos ciclos naturais, seja no
tempo de fazer a coivara, preparar a terra, semear, capinar e esperar o tempo certo de colher,
assim como o tempo de esperar as espécies de peixes migratórios e respeitar o período de
reprodução dos animais. A realização das atividades laborais é comandada pela
interpretação dos sinais da natureza, como as fases da lua, ciclo das águas, maturação das
plantas e outros avisos percebidos e decifrados pelos moradores da floresta. O processo de
produção encerra múltiplas dimensões e efetiva-se tendo como unidade de produção o
grupo doméstico familiar, reunindo elementos técnicos e outras formas de manifestação da
vida e de sociabilidade grupal, em que o ritual e o simbólico mesclam-se. Apesar das
profundas mudanças que foram geradas no bioma amazônico, ainda predomina entre os
povos tradicionais (indígenas e não-indígenas) a cosmovisão a partir da qual representam
seu habitat como acolhedor, morada sagrada de seus antepassados, onde a natureza assume
dimensões imaginárias e simbólicas (GODELIER, 1984).

 Inovações Sociais e Culturais, princípios teórico práticos


[O homem] tem que interpretar a si e o mundo em que vive,
atribuindo-lhes significação. Criar intelectualmente
representações significativas da realidade. A essas
representações significativas chamamos de conhecimento.
(Koche, 2007, p.13).

As inovações tecnológicas, num sentido genérico, para além da esfera econômica, do


processo produtivo expressam o domínio do homem no uso e transformação de recursos
num campo de pluralidade de saberes em disputa, de exercício de poder e embate por
hegemonia; esse domínio concretiza-se como um produto sociohistórico. Na
contemporaneidade, a inovação avança de modo inusitado em muitas direções, extrapola o
campo tecnológico e inaugura novos horizontes. A globalização, em seu processo de

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reprodução ampliada direcionada pelos interesses dos países desenvolvidos, acentua as


disparidades (gap) entre as economias e gera consequências adversas nos países periféricos.
No Brasil, a dinâmica de concentração e centralização do capital gera: desemprego;
concentração de renda; exploração da força de trabalho e carência de bens e serviços sociais
para parcela da população. Pelo fato do desenvolvimento tecnológico brasileiro adotar e
gerar inovação direcionadas para produção de tecnologias que utilizam insumos e processos
intensivos em capital com baixo grau de incorporação de mão-de-obra, logo incompatíveis
com as condições socioeconômicas do país. (CHAVES, 2011a).
O debate sobre Inovação Social é recente e atinge marjoritariamente o terceiro setor.
Mas, mediante as transformações aceleradas pelo forte dinamismo do desenvolvimento
tecnológico, no domínio da Ciência, Tecnologia e Inovação -C,T&I, as práticas inovativas que
associam o conhecimento técnico cientifico e o saber popular e tradicional ganharam
repercussão e passaram a ser debatidas em seus fundamentos e prerrogativas. No âmbito
das Instituições de Ciência e Tecnologia-ICTs, esse embate discute: os valores orientadores
da práxis da ciência; o compromisso de desenvolvimento com sustentabilidade; a criação de
artefatos, mecanismos e instrumentos que além de bem-estar proporcionem acesso
democrático às políticas públicas aos setores empobrecidos da população. (CHAVES, 2011a).
Portanto, tornou-se imperativo entender o significado e alcance que a inovação pode
atingir em termos de contribuição para o desenvolvimento com sustentabilidade nos pilares
econômico, social, ambiental, político e cultural SACHS, 1986). Defende-se a importância
singular da dinâmica cultural para o processo de Inovação Social, pois, suas indicações
ampliam a capacidade dos agentes de atuarem para superação da desigualdade
sócioeconômica, no acesso a bens e serviços sociais nas áreas de educação, saúde e
assistência social.
A possibilidade aventada deriva da percepção da própria forma como a Inovação Social
é concebida, estruturada e habilita-se como tecnologia para consolidar um efetivo patamar
de inclusão sob a força da cultura inerente a cada grupo social. Identifica-se neste grupo
àquelas tecnologias que potencializam as capacidades e habilidades de segmentos sociais
que padecem riscos sociais e ambientais. (CHAVES, 2011a).
A Inovação Social possui o papel de afirmação de cidadania e para alcançar este
objetivo envolve: a capacidade dos agentes sociais interpretarem suas necessidades com
soluções criativas; a participação cidadã, no debate, divisão de responsabilidades e
compromisso coletivo com engajamento e mobilização para o desenvolvimento de práticas

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inovadoras e sustentaveis; o intercâmbio, difusão e replicação de experiência entre culturas,


atores e contextos.
Todavia, para discutir os novos horizontes alcançados pela inovação de caráter social,
faz-se necessário reconhecer que a geração de inovações resulta do apoio da ciência e de
conhecimentos populares e/ou tradicionais, ou ambos, e sua adoção pode ocorrer por
intermédio de empresas públicas e privadas, organizações comunitárias, entre outros. As
inovações sociais, de um modo geral, são concebidas para atender às necessidades e
demandas sociais.
A diferença essencial que molda essa modalidade de inovação é o direcionamento das
tecnologias formatadas para possibilitar o acesso a direitos sociais que possibilitam, ou pelo
menos possuem potencial para a instituição de ações afirmativas de cidadania.
Neste campo enquadram-se as tecnologias cuja produção deriva do esforço coletivo, de
caráter assistivo às necessidades de segmentos em condição de vulnerabilidade por suas
necessidades. É o caso de tecnologias que derivam de inovações moldadas para dar acesso à
direitos _ nas mais diversas áreas de educação, saúde, crédito, entre outras _ que, por sua
mediação, contribuem para a superação das condições de subalternidade que atinge parcela
da população nos diferentes quadrantes do mundo. Enfim, o campo de inovações sociais gera
tecnologias que por seu estatuto de proporcionar desenvolvimento com sustentabilidade
ganham o caráter de tecnologia cidadã. (CHAVES, 2011a).

 Tecnologias Sociais: a associação entre saber tradicional e cientifico

A sociedade constrói ciência e tecnologia, ao mesmo tempo,


a ciência e a tecnologia constroem a sociedade. (Fonseca,
2010).

O modelo de organização de Ciência e Tecnologia que vigora num determinado


contexto socioinstitucional expressa a visão de sociedade daqueles que atuam na sua
produção. De maneira inegável, o desenvolvimento científico e tecnológico de uma sociedade
é resultado da capacidade dos policy makers e cientistas, além de traduzir os objetivos das
instituições que formam o sistema de CT&I de uma determinada nação. Nesta direção, a
empreitada de CT&I coaduna-se com os propósitos de criação de estratégias, mecanismos e
práticas que sirvam para superação das desigualdades econômicas e sociais no plano da
sociedade.
Todavia, ao se tomar por base o olhar interpretativo do materialismo histórico e
dialético de que a Ciência Moderna, tal como toda e qualquer forma de conhecimento, possui

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um vínculo orgânico com o modo de organização societal e com as diversas práticas sociais
no seu interior, é possível afirmar que o aparato crítico de constituição e institucionalização
da Ciência e suas condições de elaboração derivam de um enraizamento sociocultural, cuja
articulação com o modo de produção além de possibilitar o avanço das forças produtivas
contribui de maneira imprescindível para o desenvolvimento da sociedade. Daí deriva a
percepção da relevância que a Ciência assume não apenas como produtora de
conhecimentos, mas como força de socialização civilizatória. Neste sentido, a interpretação
que deriva da perspectiva posta pela vertente marxista diferencia-se das demais em razão
de atribuir não apenas ao contexto a importância de fornecer direcionamento ao
desenvolvimento da Ciência, mas de apresentá-la como resultado intrínseco, indissociável
da natureza política da relação dos homens entre si na sociedade fundada nas práticas
produtivas.

Historicamente o homem estabeleceu uma relação com a natureza, que ocorre pela
necessidade humana de resolver problemas relativos às suas atividades cotidianas a fim de
garantir sua própria subsistência. Neste processo, nas sociedades e grupos tradicionais, o
homem atua sobre a natureza e a interpretação do mundo natural qualifica a ação humana
no processo de (re)criação dos saberes no manejo dos recursos naturais disponíveis. Assim,
a ação humana ao incorporar conhecimentos e experiências os transmite de geração em
geração, numa dialética de reprodução de saberes vigentes, mas também na instituição de
inovações de práticas e saberes.

A cultura possui um papel fundamental na produção de conhecimentos, como um


complexo que abrange as capacidades adquiridas pelo homem na interação com outros
indivíduos por meio dos elementos materiais, subjetivos e simbólicos o que lhe possibilita
transmitir, produzir, modificar e reproduzir saberes e tecnologias para atender as suas
necessidades básicas. Nesta dinâmica, o homem não cria apenas artefatos, instrumentos, mas
desenvolve ideias, saberes, valores, crenças e mecanismos como fruto da interação dos
homens entre si e com a natureza.

A tecnologia “é o conjunto de conhecimentos científicos e empíricos, de habilidades,


experiência e organização requeridas para produzir, distribuir, comercializar e utilizar bens
e serviços” concebe-se então a tecnologia como produto histórico-social constituído por
múltiplas dimensões, como econômica, política, ideológica e cientifica. (Chaves, 2007, p.2)

Numa sinopse preliminar que incorpora elementos de diversos conceitos de tecnologia,


entende-se que a mesma representa um conjunto de procedimentos/técnicas/métodos

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adotados pelos agentes sociais em suas práticas laborais, para modelar a natureza,
transformando-a em bens, produtos e serviços destinadas para suprir suas necessidades
materiais, subjetivas e simbólicas de bem-estar. Nesta lide, ao longo da história, os homens
instituem formas de produzir cada vez mais eficazes e eficientes para ampliar a quantidade
de bens e serviços, reduzindo a quantidade de trabalho necessário. A tecnologia está
relacionada com o modo de produção da sociedade e que esse modo de produção pontua o
desenvolvimento e a relação da tecnologia com a sociedade.

As tecnologias não são apenas equipamento, sistema ou estrutura, são produtos sócio
históricos e culturais, frutos da invenção humana, historicamente construída, expressando
relações sociais das quais dependem, mas também influenciam, ordenadas pelas relações de
poder e interesses diversos.

O desenvolvimento da tecnologia no bojo da Revolução Industrial e do sistema


capitalista objetivam atender aos interesses do sistema produtivo e da produção de mais-
valia. Enquanto, o movimento das tecnologias apropriadas que surgiu na Índia com Gandhi
e na China difundiu-se por distintos contextos e despertou uma consciência política em
segmentos que visam superar as desigualdades sociais historicamente produzidas pelo
modo de produção e consumo que utiliza os meios tecnológicos como forma de dominação
e alienação.

No Brasil, o movimento por Tecnologias Apropriadas, em meados do século XX, embora


esboçasse crítica às estruturas de poder dominantes nos planos internacionais e locais,
estava centrada no objetivo de desenvolvimento social, numa postura defensiva e
adaptativa. Nesse sentido, ela não atendeu a expectativa social gerada durante sua
emergência, é nesse contexto, frente aos problemas e demandas sociais - ainda por ser
atendidos - que emerge na década de 90 o conceito de Tecnologias Sociais como alternativas
ao modelo de desenvolvimento tecnológico e direcionada para resolução de problemas
sociais, inclusão social e desenvolvimento econômico-social e ambientalmente sustentável.
A gênese das TS resulta de movimentos sociais que objetivam o combate à exclusão social, e
defendem o desenvolvimento socioeconômico preocupado com as questões sociais e a
sustentabilidade dos recursos naturais. Assim, entende-se que o processo de construção e
identificação das Tecnologias Sociais qualifica a ação aplicada para a busca da emancipação
social, econômica, cultural e ambiental de determinado grupo, como uma alternativa
sustentável e emancipatória.

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As TS são percebidas dessa forma numa perspectiva de superação dos problemas


sociais e também ambientais, pois possuem uma lógica, oposta às tecnologias convencionais,
a saber, aquelas que a empresa privada desenvolve e utiliza para seu benefício próprio.
Assim os princípios das TS se contrapõem aos da produção das tecnologias que são
funcionais ao sistema capitalista e visam prioritariamente o lucro, a competitividade e a
individualidade. O Instituto de Tecnologias Sociais-ITS indica que as TSs possuem um
potencial transformador para enfrentamento da questão socioambiental, rompendo com
formas hierárquicas, são adaptadas a pequenos espaços físicos, com baixo custo financeiro
valoriza o potencial criativo dos atores sociais envolvidos no processo e possibilita a união
entre saberes acadêmico cientifico e tradicionais (ITS, 2004).

Deste modo, entende-se que a tecnologia social é uma tecnologia que abrange mais do
que o lado comercial, do capital propriamente dito, pois se mostra como alternativa para
combater as desigualdades decorrentes do sistema capitalista. A TS é uma tecnologia que
prima pelo social, que tem como pressuposto levar a inclusão daqueles que estão fora do
mercado, conforme expressam os diversos conceitos formulados (Quadro 01).

Quadro 01: Principais Conceitos de Tecnologias Sociais

Principais Conceitos de Tecnologia Social


“Conjunto de técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas ou
Instituto de Tecnologia
aplicadas na interação com a população e apropriada por ela, que representam
Social (ITS).
soluções para a inclusão social e melhoria de vida”. (ITS, 2004, p.130).
“Produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas em interação
Rede de Tecnologia
com a Comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social”.
Social (RTS).
(RTS, s/p)
Centro Brasileiro de “Conjunto de atividades relacionadas a estudos, planejamento, ensino, pesquisa,
Referência em extensão e desenvolvimento de produtos técnicas ou metodologias reaplicáveis
Tecnologia Social que representem soluções para o desenvolvimento social e melhoria das
(CBRTS). condições de vida da população”.
Fonte: Elaborado a partir dos estudos do ITS, 2004

As TSs expressam as capacidades do homem no uso e transformação de recursos num


campo de pluralidade de saberes em disputa, de exercício de poder e embate por hegemonia
(...) configuram-se para além da esfera econômica e do processo produtivo, concretizando
mecanismo para a realização de objetivos sociais. (CHAVES, 2007, p.2). Ao conceituar TS
deve-se levar em consideração um conjunto de características como: potencial
transformador, replicabilidade, participação e protagonismo social. Igualmente as TSs
adotam princípios e parâmetros conforme Quadro 02.

Quadro 02: Princípios e Parâmetros de Tecnologias Sociais

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Princípio Parâmetros
- Quanto à razão de ser: visa à solução de demandas
1. Aprendizagem e Participação: como sociais concretas, vividas e identificadas pela população;
processos associados, pois aprender implica - Quanto aos processos de tomada de decisão: adotam
participação e envolvimento e participar formas democráticas e coletivas;
implica em aprender; -Quanto ao papel da população: requer participação e
aprendizagem dos atores envolvidos;
2. Transformação Social: implica em
-Quanto à sistemática: há planejamento, aplicação ou
compreender a realidade de forma sistêmica,
sistematização de conhecimentos de forma organizada;
em que diversos elementos combinam-se a
-Quanto à sustentabilidade: abrange as dimensões
partir de múltiplas relações que constroem na
econômica, social, política e ambiental.
realidade;
-Quanto à ampliação de escala: a aprendizagens geradas
3. Respeito às identidades locais: condição para servem de referência para novas experiências e cria as
uma efetiva transformação social; condições favoráveis para as soluções e as forma a
aperfeiçoá-las e multiplicá-las.
4. Geração de saberes e capacidade de
apreensão do indivíduo: os indivíduos são
- Quanto à construção de conhecimentos: a práxis produz
capazes de gerar e apreender novos saberes,
novos conhecimentos.
com base em sua cultura e no intercâmbio
gerado nas relações sociais.
Fonte: Elaborado a partir dos estudos do ITS, 2004.

As TSs, em seus pressupostos básicos, visam possibilitar que a população se envolva e


participe no processo de construção de sua própria emancipação, (re)adquirindo a
capacidade de conhecer todas as fases de construção, tornando os sujeitos agentes
multiplicadores de saberes, uma vez que repassam para outros o que aprenderam, gerando
nos sujeitos que a utilizam habilidades e capacidade de transformação social. Dessa forma
são vistas como processos sociais e organizacionais, e como resultados da valorização e
potencialização dos recursos locais bem como, do empoderamento do modo de vida dos
grupos sociais por meio de um processo participativo e criativo que possibilite a
transformação e emancipação social.

As comunidades ribeirinhas da Amazônia possuem potencial para se constituir como


um locus privilegiado de produção de TS como alternativas de viabilidade de acesso a bens
e serviços sociais para essas populações (Barreto e Chaves, 2013, p.4). Posto que as
tecnologias tradicionais, orientada pelo conhecimento dos povos amazônidas, por suas
práticas peculiares de gestão dos recursos naturais e de organização social, associadas aos
conhecimentos técnicos científicos podem contribuir para melhoria nas condições de vida
no Bioma Amazônico, como uma alternativa aos problemas de ordem social e ambiental.
Os estudos realizados permitem o entendimento que as Tecnologias Sociais podem vir
a contribuir para criação de estratégias para combater a crise ambiental e ajudar na
viabilização de acesso a bens e serviços sociais no combate às formas de exclusão social
vivenciadas por essas populações. Por fim, vale destacar que o complexo cultural do povo

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amazônico, seus conhecimentos e técnicas/tecnologias tradicionais possuem potencial para


formatar tecnologias sociais sob o prisma da sustentabilidade social e cultural.
 Sustentabilidade, novo paradigma de sociabilidade política

Outra categoria utilizada nos estudos que estão sendo desenvolvidos é a


sustentabilidades, nos marcos críticos. Pois, na dinâmica atual, mesmo sob a sigla de
promoção de um desenvolvimento sustentável, as políticas públicas não inibem de maneira
eficaz as práticas de exploração e especulação do mercado capitalista, pois mascaram seus
reais interesses ao emitirem discursos de defesa ambiental propondo créditos de carbono,
carteiras de investimento e um conjunto de processos, serviços e produtos verdes, que na
verdade proclamam a biodiversidade como commodities, revestidos pelo selo da
sustentabilidade.
Os estudo que tenho desenvolvidos, para além de diagnosticar e entender a dinâmica
social, tecnológica, econômica e ambiental, tratam as questões de modo organicamente
articuladas, tomando como referência os princípios norteadores da sustentabilidade a partir
da perspectiva dos estudos de Ignacy Sachs, iniciados em 1970, no Centre International de
Recherche sur l’Environnement et le Développement-CIRED3, em Paris, que apresentou o
conceito de Ecodesenvolvimento como instrumento para as reuniões preparatórias da
Conferência da Nações Unidas para o Meio Ambiente, em Estocolmo. O referido estudo
defendeu a constituição de um novo modelo de desenvolvimento mundial baseado na defesa
de princípios básicos como: a defesa da vida humana e da natureza com zelo pela autonomia
dos povos para superação da desigualdade entre países ricos e pobres.
Ao abordar o desenvolvimento e seus efeitos ambientais e sociais, Sachs (1985)
apregoa a importância da satisfação das necessidades básicas (materiais e psicossociais), a
defesa da autonomia das populações (self reliance) e o reconhecimento da relevância das
formas de manejar os recursos locais orientada pelos valores culturais (savoir-faire).
(CHAVES, 2004). Os fundamentos do Ecodesenvolvimento são baseados na cidadania
(oportunidade, iniciativa, dignidade), soberania e os valores socioculturais, com objetivos
de: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

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Instituição na qual realizei parte de meu doutoramento no final da década de 90.

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Memorial Ma. do P. Socorro
Rodrigues Chaves

As estratégias de Ecodesenvolvimento orientam para: fazer o melhor uso dos recursos


específicos de cada território (as ecozonas) para atender às necessidades básicas de seus
habitantes, além de salvaguardar, também, a conservação duradoura pela gestão racional
dos recursos; reduzir ao mínimo os efeitos ambientais negativos, potencializar e replicar os
resultados positivos: efetuar aproveitamento dos produtos de refugo; desenvolver
tecnologias apropriadas aos objetivos propostos (SACHS, 1986). Estas proposições
preconizam a construção de um sistema social que garanta segurança social e
desenvolvimento com sustentabilidade pela consciência dos limites da nave espacial
terrestre e da fragilidade de seus equilíbrios ecológicos globais. Portanto, a viabilização deste
modelo de desenvolvimento depende da operação de mudanças socioinstitucionais, das
práticas sociais e da mentalidade humana, ou seja, vai além de um mero estilo tecnológico
(CHAVES, 2017).
O conceito de sustentabilidade, em sua natureza dinâmica e instrumental, toma como
referência as necessidades crescentes das populações, num contexto internacional em
constante expansão, a partir de cinco pilares (SACHS, 2002) que se intercambiam de maneira
orgânica entre si, são eles: sustentabilidade social; sustentabilidade econômica;
sustentabilidade ecológica; sustentabilidade geográfica; sustentabilidade cultural.

 Da Economia Criativa aos caminhos da Economia da Cultura

A contemporaneidade apresenta uma sociedade cujos valores são permeados por


profundas transformações socioculturais geradas pelos impactos do modo de produção de
bens e consumo vigentes. A relação dos homens entre si combina: avanço científico e
tecnológico e exclusão social nos diferentes quadrantes do planeta cujas consequências
tornam-se mais nefastas nos países e regiões empobrecidas que abrigam 75% da população
mundial. Parte significativa deste contingente (sobre)vivem em situação de risco e
vulnerabilidade social e ambiental, pela condição de exclusão ao acesso a bens e serviços
sociais.

Em oposição ao expansionismo do capital diversas formas de resistência surgem


tomando a cultura e a arte como bandeira. Estas formam o campo da Economia Criativa-EC,
expressão da cultura de um povo em atividades resultantes do exercício da criatividade que
envolve a criação, produção de bens, distribuição de produtos e serviços a partir do
conhecimento e capital intelectual como recursos produtivos.
No final do século XX e, os debates e estudos sobre a cultura cresceram em função das
manifestações societais por todos os quadrantes do planeta, que apresentam uma nova

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Memorial Ma. do P. Socorro
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vertente: a Economia Criativa-EC. Entendida como atividades resultantes de pessoas


exercitando sua imaginação e explorando seu valor econômico, cujos processos envolvem a
criação, produção e distribuição de produtos e serviços usando o conhecimento, a
criatividade e o capital intelectual como recursos produtivos. (HOWKINS, 2001).
No final da década de 1990, as Indústrias Criativas, foram definidas no I Fórum
Internacional das Indústrias Criativas, em 2002 na Rússia, como indústrias que têm por base
a criatividade, as habilidades e os talentos individuais, e possuem potencial para a criação de
riquezas e empregos por meio da geração e exploração da propriedade intelectual. Este
movimento ficou conhecido como virada cultural e surgiu da combinação de dois fenômenos
simultâneos: as condições materiais proporcionadas pela sociedade do conhecimento e a
transição de valores materialistas para valores pós-materialistas (BONNELL e HUNT, 1999;
GIBSON e KLOCKER, 2005).
No século XXI, as manifestações artísticas e culturais tornaram-se o símbolo tangível
das práticas de Economia Criativa cujos conceitos as exibem como força motriz, que vicejam
sob a força e a dinâmica da criatividade. Os países desenvolvidos que investem em economia
criativa, a empregam para revitalizar o crescimento socioeconômico e fomentar a inovação,
atribuindo-lhe uma importante posição estratégica para redução de desemprego e no avanço
dos níveis de competitividade de regiões e localidades.
É notório que o capital, apoiado pela conectividade da sociedade da informação,
transformou a economia criativa numa efetiva oportunidade de apropriar-se de valores
sociais e culturais, tangíveis e intangíveis, para geração de bens, produtos, serviços, marcas
e outros. A primeira iniciativa que se tornou referência nesta modalidade foi o projeto
Creative Nation (1994), na Austrália, cujo objetivo era demonstrar a importância da
criatividade para a economia e o desenvolvimento do país. Essa experiência foi fortemente
modelada pelas práticas neoliberais conduzidas pelo governo britânico, cujo primeiro-
ministro, Tony Blair, que ao vislumbrar a experiência australiana reuniu diversos setores da
sociedade britânica para debater as tendências de mercado e suas vantagens competitivas
para identificar os setores mais promissores para o século 21. Esta política pôs a indústria
criativa britânica no topo do rank mundial, despontando como referência no campo da
Economia Criativa.

Diversos estudos tratam sobre o crescimento de países e cidades do mundo que


direcionam seus esforços para potencializar suas economias tendo a Economia Criativa
como estratégia que alavanca o desenvolvimento (DCMS, 2005; HOWKINS, 2001; 2005;

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LANDRY, 2005; MITCHELL e outros, 2003). Cujo crescimento alicerça-se nas práticas dos
atores que passaram a ser identificados como agentes de desenvolvimento, em face ao
reconhecimento da riqueza do patrimônio cultural que portam e expressam por via das
manifestações artístico culturais emolduradas pelas indústrias culturais.

No Brasil, desde meados dos anos 2000, registra-se uma forte expansão da Economia
Criativa em todo o país, sob a condução do Ministério da Cultura que propõe, entre outras
diversas ações: uma retomada na formulação de políticas públicas no campo da cultura; a
formulação de legislação cultural nas esferas federal, estaduais e municipais; maior presença
da cultura nos discursos políticos (a “culturalização” da política); o apoio para pesquisas no
campo cultural com a criação dos observatórios de economia criativa; a promoção de ações
formativas e de empreendedorismo para o setor (um exemplo são as incubadoras criativas).

O termo Economia Criativa, embora seja relativamente novo, sendo utilizado há menos
de duas décadas, já produz resultados importantes para alavancar a economia capitalista
pelo mundo. Todavia, no interior deste movimento está emergindo uma mudança de
paradigma, expresso numa nova vertente de natureza crítica e perfil irreverente: a Economia
da Cultura. Este conceito, mobiliza os mesmos setores produtivos e transita nas mesmas
esferas sociais da Economia Criativa, porém o novo conceito deriva de um forte movimento
social e acadêmico que crítica a natureza política e os direcionamentos impostos pelo capital
às práticas de economia criativa. Vale enfatizar, que a principal crítica assenta-se no
reconhecimento de que o capital assenhorou-se dos ativos materiais e imateriais, modelando
uma nova senda para seus propósitos expansionistas.
Para tendência emergente, a cultura e a economia são enunciadas como portadoras de
naturezas política diferenciadas e mesmo contraditórias, nesta perspectiva diverso
movimentos sociais utilizam o termo Economia da Cultura como mensageira de uma nova
percepção sobre o significado da cultura, entendida como matriz dinâmica dos sentimentos
e percepções comunitárias, na qual os sujeitos protagonizam suas expressões culturais como
elemento alavancador das condições efetivas de desenvolvimento com sustentabilidade.
Em nossos estudos recorremos à adoção e a construção dos parâmetros analíticos e
explicativos do novo conceito, reconhecendo que o mesmo ainda carece de maior
profundidade e estruturação para superar o perfil operacional e fornecer aportes teóricos
de maior consistência. De certa forma, o direcionamento pautado pelo novo conceito
reconhece que as comunidades locais possuem o legitimo direito de usufruírem de sua
cultura e de seus conhecimentos tradicionais.

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Assim, seguindo o raciocínio de que a formulação de políticas de fomento que deem


suporte para práticas originárias da economia da cultura local pode aportar ações
importantes para geração do emprego, promoção da inclusão social e mitigação da pobreza,
favorecendo a participação das classes sociais como produtoras e em algum momento como
consumidoras entende-se que as práticas de Economia da Cultura configura-se numa
tendência emergente, com forte expressão marcada pelas demandas sociais, tornando
imperativo a edição de políticas públicas de desenvolvimento que revitalizem e fomentem
novas práticas de combate à exclusão social criando oportunidades para que comunidades
locais usem sua cultura e saberes tradicionais para potencializar ações de cidadania.
Tal perspectiva parte da consideração de que a criatividade sociocultural de um povo,
seus saberes e domínios práticos sobre as formas de manejo dos recursos disponíveis
localmente, se valorizados e potencializados contribui para o desenvolvimento
socioeconômico sobre as bases da sustentabilidade que envolve a conservação dos
ecossistemas e da qualidade de vida.

 Síntese sobre o processo de formação


Artigo 5
Fica decretado quo os homens estão livres do jugo da
mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do
silêncio. (Thiago de Mello, Estatutos do Homem)

Nesta parte destaco as contribuições da formação que realizei para a atuação


profissional na docência. Na minha percepção, o processo de formação em sua totalidade até
o último nível de formação realizado no Doutorado abriu um enorme leque de possibilidades
para o desenvolvimento de estudos na Amazônia. Na caminhada empreendida no processo
de formação centrado no Serviço Social, foi possível conhecer e adotar práticas
intercambiantes e inovadoras sob as bases da vertente crítica marxiana, que pautadas nas
premissas da interdisciplinaridade, compuseram e amalgamaram um conjunto relevante de
pressupostos teóricos para a atuação.
O esforço contínuo para manter a coerência em relação ao compromisso com as minhas
raízes culturais, como amazônida, e o empenho em honrar o compromisso profissional como
Assistente Social que atua na Educação, sob a perspectiva crítica, foi e tem sido uma busca
incessante e repleta de dilemas e desafios, fluxos de avanços e não raro refluxos impostos
pelas amarras socioinstitucionais e limites individuais.

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Os resultados alcançados, em que pese seus limites e carências, forneceram


importantes aportes teórico metodológicos e operacionais que serviram como alicerces para
estruturar habilidades e competências técnicas e dinâmica para atuar em prol do
desenvolvimento na região. Sobretudo para que o exercício profissional pudesse ser
direcionado de modo coerente para instrumentalizar e contribuir com as lutas sociais.
A sistematização da importância da contribuição para identificação dos
desdobramentos e das consequências pode ser vislumbrada na trajetória de formação
técnico cientifica interdisciplinar, cuja abrangência alcançadas pela diversidade de áreas da
ciência ocorreu pelos objetivos e interesses que pautaram o compromisso com a busca em
obter subsídios teóricos e práticos para operacionalizar uma práxis baseada em estudos e
pesquisas orientados pelo respeito e valorização dos povos amazônidas na defesa de um
desenvolvimento enraizado na cultura e nas necessidades endógenas, de caráter
emancipatório.
Portanto embora tendo o claro reconhecimento de meus limites, a forte determinação
em contribuir com subsídios para políticas publicas direcionadas para a valorização dos
saberes e práticas tradicionais associando aos conhecimentos técnicos e científicos,
galgando o patamar da sustentabilidade para os amazônidas, a partir do acesso aos bens e
serviços sociais como direitos humanos e sociais foi e sempre será o horizonte para a minha
prática profissional. Pois como afirma nosso poetinha, Vinicius de Moraes, (...) pois para isso
fomos feitos: para a esperança no milagre, para a participação da poesia.
3.Ofício da Docência: o desafio de ser mestre e aprendiz

Neste tempo de partos sem flores, de silêncio e de almas


violadas – ergo este canto para celebrar a semente que
arde em luz.
(...)
Contra toda desesperança, contra toda cegueira e
emudecimento, contra toda a indiferença.
(Tenório Telles, Canção da Esperança)

Nesta parte apresento um conjunto de atividades desenvolvidas no cumprimento das


prerrogativas e premissas como docente universitária, cujo arcabouço abrange ensino,
pesquisa, extensão e administração numa instituição pública, a UFAM. O relato abrange a
práxis profissional, planos, linhas de atuação no exercício da docência, sob o imperativo da
complexa dinâmica de ser mestre e aprendiz.
Em julho de 1991, após ter sido aprovado no concurso público da UFAM, iniciei o
exercício da docência lotada no Departamento de Serviço Social-DSS, do Instituto de Ciências

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Humanas e Sociais-ICHL, atual Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais- IFCH. A


conjuntura em que ingressei na UFAM foi uma das mais complexas, uma grande parcela das
universidades públicas brasileiras estava em greve. Os primeiros dias foram de intensas
mobilizações, acompanhei todos os debates e adentrei nas fileiras dos militantes do
movimento docente, participando do Comando de Greve da Associação de Docentes da
UFAM-ADUA/Secção Sindical do Andes/Sindicato Nacional. Inclusive, nos anos que se
seguiram fiz parte da equipe de gestão da ADUA.
Entre os anos de 1991 e 1995, o processo de adaptação e da consolidação das
competências técnicas exigidas pelo exercício da docência pautou-se pelo envolvimento em
vários níveis constitutivos da práxis, na ação de ampliação e abrangência de seus campos
interventivos sem perder de vista e ser norteada pelo alerta proposto por Bachelard (1884-
1962): a vigilância epistemológica.
Conquanto as atividades no âmbito institucional da UFAM, de ensino, pesquisa,
extensão e administração, absorviam parte significativa do meu tempo, sem contudo me
impedir de vivenciar aprendizados no engajamento e assessoria aos movimentos populares
(Movimento pelo Solo Urbano, Movimento de Ribeirinhos, Movimento de Seringueiros,
redes de movimentos sociais, entre outros), nas mobilizações da categoria profissional
(ADUA, ANDES) e na atuação como membro do PT e da CUT. A militância partidária, sindical
e popular proporcionou inúmeras oportunidades de vivenciar princípios norteadores do
compromisso social, da consciência política que impulsionava a vontade e a ação nas
mobilizações da sociedade civil em prol da democracia e da conquista de direitos.
3.1. Ensino na Graduação: um campo rico de experiências didático pedagógicas

(...) as ciências não são territórios das certezas, mas zonas de


incertezas que propiciam o diálogo criativo com as dúvidas
e interrogações de cada tempo (ALMEIDA e CARVALHO,
2012 apud RANIERE, 2019, p. 74)

Ao longo da carreira como docente ministrei inúmeras disciplinas, não apenas no


departamento em que sou lotada, mas também em cursos de outras unidades acadêmicas. A
formação interdisciplinar permitiu ministrar disciplinas de Sociologia e de Sociologia Rural
pelo Departamento de Ciências Sociais, no Campus de Itacoatiara para a Licenciatura em
Pedagogia, vinculada a Faculdade de Educação – FACED. As principais disciplinas
obrigatórias da grade curricular do Curso de Serviço Social que tenho ministrado são:

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1) Pesquisa em Serviço Social I – cuja a ementa é: “A pesquisa no processo de produção de


conhecimento científico nas Ciências Sociais. As diferentes perspectivas teórico-
metodológicas de pesquisa e seus respectivos métodos e técnicas. A crise dos paradigmas
nas Ciências Sociais. Os novos paradigmas de abordagem.” Na ministração desta disciplina
início com uma revisão das bases históricas da estruturação do conhecimento científico,
passando pelos fundamentos da Teoria do Conhecimento que ministro de maneira dinâmica
e didática. Desta forma crio as bases para que os alunos possam situar o campo das Ciências
Sociais Aplicadas para possibilitar debater o saber-fazer da pesquisa e então conhecer para
elaborar o Pré-projeto de pesquisa. As turmas possuem entre 35 e 40 alunos, o que
representa um desafio para acompanhar o desenvolvimento dos diferentes pré-projetos com
as temáticas diversificadas. Porém, esta disciplina ajuda na percepção das preocupações e
interesse do conjunto dos discentes na conjuntura vigente.

2) Pesquisa em Serviço Social II – esta disciplina possui a seguinte ementa: “As formas de
abordagem investigativa no Serviço Social. As linhas de pesquisa do curso de Serviço Social
da Universidade do Amazonas. A delimitação do tema, a escolha e a problematização do
objeto. A estruturação do projeto de pesquisa - revisão bibliográfica, construção das
categorias analíticas e operacionais.” Ao trabalhar esta disciplina faço-o de forma bastante
dinâmica para estimular os alunos a entenderem que a pesquisa é um metier e approche da
realidade que tem que ser feito com dedicação e muito compromisso. O conteúdo didático
pedagógico proporciona aos alunos a instrumentalização na elaboração do projeto de
pesquisa, em suas partes estruturantes, na construção do método, técnicas e instrumentos.

3) Pesquisa em Serviço Social III- a ementa tem o seguinte enunciado: “Abordagem das
questões teórico-metodológicas relativas a realização da pesquisa. Implementação do
processo investigativo. Orientação na organização e sistematização dos dados coletados.
Elaboração do esboço preliminar do relatório de Pesquisa.” Nesta disciplina, o aluno é
orientado para implementar seu projeto de pesquisa, desde a pesquisa bibliográfica,
documental até a execução em campo. As disciplinas de pesquisa formam um conjunto
sequencial que possibilita que os discentes exercitem a investigação cientifica, entendam seu
significado e efetiva contribuição na produção de conhecimentos qualificados para o
exercício da prática profissional.

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4) Estágio Supervisionado em Serviço Social I – a ementa orienta a elaboração da: “Análise


estrutural e conjuntural, suas relações com a prática profissional. O espaço ocupacional do
Serviço Social.” Esta disciplina situar-se no campo da operacionalização da prática
profissional, é o momento de inserção deles em campo e cria oportunidades para a escolha
do campo de atuação em sua futura prática.

5) Estágio Supervisionado em Serviço Social II – cuja ementa é: “Exercício teórico-prático


mediante a inserção do aluno nos diferentes espaços institucionais. Aprofundamento do
conhecimento do instrumental técnico-operativo do trabalho do Assistente Social, orientado
por uma postura interventiva. Elaboração, implementação e implantação do projeto de
intervenção. Supervisão de operacionalização do projeto de atividades.” Essa disciplina
orienta o aluno a refletir sobre a prática profissional, seus limites, contornos e
possibilidades, a partir da dimensão investigativa e interventiva da experiência do campo de
estágio. O conteúdo programático permite tratar o Serviço Social e o objeto de ação
institucional, ou seja, a partir de uma análise do objeto e objetivo de instituição promove-se
uma discussão fundamentada sobre a ação profissional, os instrumentais técnico-operativos
do trabalho do Assistente Social, sua aplicabilidade, viabilização e estratégias de intervenção
adotadas nos campos específicos. Cuja abordagem abrange a elaboração, implementação e
execução do projeto de intervenção do estagiário.

6) Estágio Supervisionado em Serviço Social III – ementa “Análise crítica da proposta de


prática profissional. Elaboração de propostas alternativas referenciadas ao Trabalho de
Conclusão de Curso. Acompanhamento individual.” Essa disciplina oferece um importante
aporte de conteúdos instrucionais para alcançar os objetivos de proporcionar as condições
necessárias para que os discentes, juntamente com seus supervisores, efetuem uma análise
crítico-reflexiva sobre as condições objetivas do exercício profissional materializado nos
distintos processos de trabalhos vivenciados nos campos de estágio, desvelando as
fronteiras (limites e possibilidades) da ação profissional. Neste momento torna-se
imperativo impetrar a avaliação em relação a experiência prática do exercício profissional
desenvolvida pelo discente nos diversos processos de trabalho dos campos de estágio,
conduzindo pedagogicamente o/a estagiário/a para exercer uma postura propositiva em
relação aos entraves institucionais identificados na experiência vivida que inibem a ação
competente, consequente e comprometida com o projeto ético-político da profissão do
Assistente Social. Esse direcionamento visa gerar tanto oportunidades na trajetória do

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estágio para a realização de uma reflexão crítica, quanto para alavancar o debate sobre as
questões teórico-práticas contribuir com a elaboração de propostas alternativas de ação.
(baseado no Plano da Disciplina Estágio III). Todavia, as disciplinas de estágio, em seu
conjunto articulado e complexo, portam um gigantesco desafio: a interação entre o campo
de estágio e a instituição de ensino. De um lado predomina as dificuldades enfrentadas pelos
profissionais supervisores de campo que com sobrecarga de trabalho padecem para
acompanhar os estagiários, orientando-os no saber-fazer profissional. De outro lado estão
os docentes, supervisores de ensino, que possuem atribuição de visitar o campo, sem
nenhuma forma de apoio institucional, e que também enfrentam extensas carga de trabalho.
A solução está sendo discutida por longa data, mas as alternativas estão longe de conseguir
soluções concretas para debelar as condições de sucateamento das instituições, da
adequação do montante de trabalho ao regime de carga horária especificado para os
profissionais, entre inúmeros outros entraves.

7) Trabalho de Conclusão de Curso – TCC - cuja a ementa explicita que é um: “Trabalho de
natureza científica elaborado pelo aluno a partir de pesquisa teórica ou empírica que
expresse a trajetória por ele percorrida ao longo do curso, na linha da ação-reflexão-ação,
tendo como referência o estágio realizado.” Em relação a orientação de TCC, a cada ano
orientei em média 05 alunos/as na elaboração desta modalidade de trabalho científico. No
entanto, a intenção de levar à prática a construção interdisciplinar (Pierre Bourdieu- 1930-
2002), tornou-se oportunidade efetiva quanto, além de orientar os discentes do Serviço
Social, fui convidada, em oportunidades diferentes, para orientar o estudo para elaboração
de TCC pelos cursos de Enfermagem e Ciências Sociais, estas orientações renderam a
elaboração de artigos e a participação em congressos internacionais para os/as alunos/as
orientados/as.

8) Questões Urbanas e Rurais - essa disciplina de caráter optativa, foi trabalhada por mim
por diversas vezes e sempre me proporcionou imenso prazer por seu conteúdo e pelos
debates que proporcionava é Esta disciplina aborda desde a revolução agrícola à revolução
industrial, discute a questão agrária no Brasil e a mudança do eixo agroexportador para o
urbano-industrial, identificando os processos. A formação das classes sociais no Brasil. As
transformações na agricultura brasileira e a reforma agrária. O complexo agroindustrial.
Em relação a ministração de disciplinas, uma experiência que se tornou marcante na
minha vida acadêmica e gerou um novo campo de atuação, no qual atuo ainda hoje,

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aconteceu quando o Prof. Antônio Carlos Witkosky, que ministrava a disciplina de Sociologia
pelo Departamento de Ciências Sociais para os Curso de Engenharia Elétrica, me convidou
para substitui-lo temporariamente. Durante o período de substituição, o conhecimento
elementar da área de eletricidade em função de ter cursado no ensino médio o curso de
Eletricidade Básica gerou além de minha identificação com a área, a formação do mestrado
como Socióloga, permitiu que eu adaptasse o conteúdo da disciplina aos interesses e
necessidades dos participantes. Assim, houve um grande envolvimento, a geração de debates
e a inúmeras demonstrações de conhecer e interagir com identificação dos alunos/as com as
discussões realizadas pelas Ciências Sociais.
Mediante o interesse e a relevância do movimento que foi gerado, combinei com os
participantes do curso de montar uma enquete para entender a visão que possuíam da
profissão e da sociedade. A participação deles foi fundamental para que o trabalho ganhasse
um escopo que permitiu que a partir do relatório fosse produzido um artigo (O Ser Social do
Engenheiro e a Natureza Social da Tecnologia), que foi aprovado para ser apresentado no
Congresso Brasileiro de Engenharia Elétrica, o diretor e professores foram prestigiar este
momento.
Após a experiência relatada, o Prof. Rubem Rodrigues apresentou o convite para que
pudéssemos elaborar uma proposta de pesquisa conjunta entre docentes, discentes e
técnicos dos cursos de Serviço Social e de Engenharia Elétrica. Desta parceria muitas
experiências e produções foram consolidadas, como mostrarei em diversas outras partes
deste memorial.
A partir de julho/2009 fui licenciada da graduação para exercer cargo executivo na
reitoria da UFAM, seguido de licença prêmio retornei para sala de aula no primeiro semestre
de 2018. Todavia, neste mesmo intervalo de tempo a orientação de projetos de pesquisa e
iniciação cientifica não foi interrompida, ao contrário diversos projetos foram
acompanhados e orientado por mim.
Para identificar de maneira sucinta das contribuições para a minha área de atuação
profissional a partir da ministração de um conjunto de disciplinas ao longo de minha
trajetória, relaciono a seguir os campos e temáticas de estudo e trabalho: movimentos sociais
rurais e urbanos; meio ambiente; assistência social; políticas públicas e sociais. Cujas
abordagens compreendem as temáticas: organização sociocultural dos povos tradicionais da
Amazônia, Inovações e Tecnologias Sociais, Economia Criativa/Economia da Cultura,
Direitos Humanos e Sociais.

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 Orientação e Supervisão de Estágios

Ao longo da carreira como docente tenho feito orientação e supervisão de alunos em


estágio, seja como Supervisora de Campo ou como Supervisora Acadêmica, ao ministrar a
disciplina Estágio Supervisionado em Serviço Social.
Igualmente, além do acompanhamento de alunos em estágio no caso de ministração
das disciplinas de estágio, tenho atuado acompanhando em média 05 alunos/as de
graduação em Serviço Social, por semestre, em estágio de campo no Grupo Interdisciplinar
de Estudos Socioambientais e de Desenvolvimento de Tecnologias sociais na Amazônia –
Grupo Inter-Ação, que coordeno e é credenciado como campo de estágio junto ao
Departamento de Serviço Social. Vale ressaltar que o grupo de pesquisas atende todas as
exigências institucionais das normatizações do Projeto Político Pedagógico do Curso de
Serviço Social da UFAM e das legislações e regulamentações que ordenam o estágio na
profissão de Assistente Social4. Este Grupo foi o primeiro grupo de pesquisas a ser
credenciado como campo de estágio atendendo diversas áreas como a socioambiental,
gênero, movimento sociais entre outras.
Para identificar de maneira sucinta as contribuições para a minha área de atuação
profissional, a partir das orientações e supervisão de estágios, parto do reconhecimento de
que estas atividades proporcionaram o alcance de muitos aportes, dentre eles destaco:
1) a multiplicação dos conhecimentos acumulados em minha experiência de formação e
profissional, pois foram difundidos para inúmeros outros personagens (alunos e alunas) que
os (re)trabalharam e deram muitas outras significações e expressões;
2) a potencialização da atualização de conhecimento como processo contínuo para garantir
um ensino atualizado, significativo e relevante.
No que diz respeito aos pressupostos teóricos dessa atuação, as atividades em pauta
foram todas orientados por um suporte teórico, metodológico e prático baseados na teoria
crítica marxiana, que preceitua a visão dialética da realidade como fluxo que se enriquece de

4Lei no. 8662/83, que dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências: Art. 5º, inciso VI;
Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais: Art. 4º. letras d e e; Art. 21, letra c; Parecer Jurídico no.
012/1998 que trata de supervisão direta: conceito, abrangência e alcance; Lei no. 11.788/2008 que dispõe
sobre o estágio de estudantes e dá outras providências; Resolução CFESS no. 533/2008 que regulamenta a
supervisão direta de estágio em Serviço Social; Política Nacional de Estágio da ABEPSS/2010.

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forma continuo marcada pela prática social. Ao tomar por base essa matriz analítica, busquei
adotar seus princípios basilares para exercitar a práxis esforçando-me para cumprir com
compromisso de qualidade e excelência cada atividade formativa e buscando a todo custo
gerar um efetivo investimento em oportunidades de participação social para todos os
envolvidos.
Para tratar sobre os resultados alcançados, em seu conjunto, identifico, dentre outros,
os seguintes: a consolidação das contribuições dos estagiários nos diferentes campos
interventivos; o fornecimento de conteúdos teórico metodológicos relevantes para
estruturar as bases formativas dos estudantes; ampliação da massa crítica por via do debate,
das discussões fundamentadas no contexto da sala de aula; atendimento às demandas
manifestadas pelos alunos ou de acordo com as necessidades percebidas neles; criação de
espaços de debates e reflexões democráticos, criativos e inovadores; fomento ao dialogo
interdisciplinar, sem deixar de reconhecer as especificidades do Serviço Social; o exercício
da ética em todas as ações e orientações, sem contudo fugir aos embates necessários para
alinhar com zelo os parâmetros ordenadores do Projeto Pedagógico do Curso de Serviço
Social.
Assim, relatar de maneira sistematizada a importância de minha contribuição, em que
pese seus limites, faz-se mister descrever de maneira sintetizada o desempenho para
interpretar a temporalidade histórica com protagonismo, apesar dos riscos, dissabores e
interpretações errôneas que tal postura pode suscitar. Nos liames do campo educativo, o
repto sempre presente e intermitente é trazer para o centro do debate novas nuances do
real, a construção de novas conceituação, investir nas precisões e extensões dos indicadores
e o pensar utópico de mirar em novos paradigmas.
Assim, para mapear os possíveis desdobramentos e consequências inerentes ao
trabalho realizado na condição de docente que ministra disciplinas, realiza orientações de
TCCs, orientações e supervisão de estágios, torna-se indispensável reconhecer que a prática
no campo educativo envolve uma multiplicidade de níveis constitutivos da formação dos
futuros profissionais. De acordo com essa premissa, a partir da interação com os educandos,
as ações educativas envolveram a mentoria que balizaram a instrumentalização técnica dos
mesmos com os pressupostos e compromisso profissionais na área do Serviço Social ao
capacitá-los/as nas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa para
o trabalho profissional, conforme as prerrogativas indicadas pelo PNE e da ABEPSS.

3.2. Ensino na Pós-graduação, um campo de inovação sob múltiplos olhares

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As atividades de docência na Pós-graduação envolvem, ensino, pesquisa e orientação


de monografia de especialização, dissertações e tese. No entendimento que esta modalidade
laboral (docência) se afirma na sociedade enquanto elemento constitutivo de um complexo
processo educacional que envolve e alicerça desde a formação elementar até a profissional
avançada. Esta parte foi dedicada a uma análise profícua sobre o princípio de cidadania que
abrange deveres e direitos que se coadunam para instituir e mobilizar o trabalho docente na
pós-graduação.

Uma outra iniciativa realizada em parceria com a Profa. Elenise, em meados dos anos
2000, foi a proposta de criação do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e
Sustentabilidade na Amazônia – PPGSS. Nesta empreitada, duas outras colegas foram muito
importantes: a Profa. Yoshico que sempre contribuiu e envidou esforços para implantar,
estruturar e consolidar as iniciativas relativas aos estudos e pesquisas do curso de Serviço
Social; a Profa. Simone que se tornou a primeira coordenadora do PPGSS.

Ao longo da carreira docente tenho participado de diversos cursos de pós-graduação,


isto deve-se ao fato de ter uma formação interdisciplinar que abrange diversas áreas
disciplinares, conforme pode ser apreciado na relação que apresento na sequência:

1. Desde 2008 – Programa de Mestrado em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia


– DSS/UFAM/ CAPES
2. Desde 2013 – Programa Multinstitucional de Doutorado Biotecnologia e Biodiversidade
na Amazônia - RedeBIONORTE (área de Políticas Públicas e Biodiversidade) –
MICTI/CAM/UFAM / CAPES
3. Desde 2002 – Programa Multinstitucional de Mestrado e Doutorado em Biotecnologia
(área de Gestão de Políticas Públicas e de Inovação) –
CAM/UFAM/FioCRUZ/UEA/INPA/FUCAPI / CAPES
4. Desde 2018 - Programa de Mestrado Profissional em Rede Nacional em Propriedade
Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação - Ponto Focal:
UFAM/FORTEC/CAPES
5. Entre 2015 -2018 – Programa de Mestrado Profissional em Inovação em Cirurgia (área
de Políticas Públicas e Inovação) - FM/UFAM/ CAPES
6. Desde 2003 – Programa de Mestrado e Doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia
– IFCH/UFAM/ CAPES

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Rodrigues Chaves

7. Entre 2002 e 2016 - Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências do Ambiente e


Sustentabilidade na Amazônia -CCA/UFAM/ CAPES
8. Entre 2003 e 2006 - Mestrado em Planejamento Regional – FES/UFAM/ CAPES
9. Entre 2001-2005 – Mestrado em Engenharia de Produção – FT/UFAM/ CAPES

A forma como tenho participado em cada programa de pós-graduação varia em função


de vários fatores, como as áreas de abrangência dos programas e dos critérios de
participação normatizados pela CAPES. Portanto, em alguns programas sou membro
permanente do quadro de docentes, em outros atuo como colaboradora, em alguns, ministro
disciplinas, mas em todos faço ou fiz orientação de discentes, preparo trabalhos para
publicações (artigos, resenhas, relatórios, notas técnicas) e outras atividades pertinentes
(Quadro 03).

Quadro 03 - Quantitativo de Orientações em nível de Mestrado e Doutorado

Modalidade de Trabalho Tipo de Orientação Andamento do trabalho Quantitativo


Dissertação de Mestrado Orientadora Concluídas 25
Dissertação de Mestrado Co-orientadora Concluídas 4
Tese de Doutorado Orientadora Concluídas 11
Tese de Doutorado Co-orientadora Concluídas 3
Monografia de Conclusão de Orientadora Concluídas 32
Curso de Especialização
Dissertação de Mestrado Orientadora em execução 3
Tese de Doutorado Orientadora em execução 1
Estágio Docente Orientadora Concluída 06
Estágio Docente Orientadora Em execução 02

Dentre as experiências de orientação que realizei, a mais desafiadora foi a orientação


em Co-Tutela com a Universidade de Lion, na França, do doutorando José Fernandes que
após ser aprovado no Exame de Qualificação no Doutorado em Sociedade e Cultura na
Amazônia e permaneceu na cidade de Lion por 18 meses cursando o Doutorado com Bolsa
da CAPES. Na parte que segue apresento a totalização das orientações na pós-graduação
realizadas.

3.3. Extensão Universitária: interações, atualizações e ricos aprendizados

As atividades de extensão universitária abrangem um conjunto de importantes ações


direcionada para os grupos sociais e comunidades que compõem a sociedade. Para o
desenvolvimento dos projetos de extensão partiu-se do entendimento de que as ações de

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extensão universitária proporcionam um efetivo exercício em que os conhecimentos


adquiridos sobre a realidade a partir da aproximação pautada pela pesquisa em associação
com a socialização de conhecimentos proporcionada pelo ensino desenvolvidos no âmbito
da comunidade universitária, possam passar por ricas interações e atualizações no campo
da experimentação e do aprendizado junto aos grupos sociais e comunidades. Nessa
dinâmica são produzidos novos saberes e práticas fundamentais para no processo de
formação de competências técnicas dinâmicas e compromissadas com as demandas sociais.
O Curso de Serviço Social, por se constituir como parte integrante das Ciências Sociais
Aplicadas, para atender a essa vocação, ao longo de sua existência no âmbito da Universidade
Federal do Amazonas tem buscado apoio na Pró-reitoria de Extensão para realizar trabalhos
de extensão vinculados ao projeto de formação do curso.
A experiência adquirida e potencializada a partir da condução de inúmeros projetos de
extensão universitária que abrangeram um conjunto articulado de atividades nas quais os
docentes e discentes do Curso de Serviço Social desenvolveram trabalhos acadêmicos em
diversos contextos, centraram-se na identificação de problemáticas relevantes no plano da
sociedade, mais especificamente no meio urbano e rural da região. Nesta lida buscou-se
orientar os projetos e planos sob três prerrogativas interdependentes: (i) o
desenvolvimento das ações mediante os desafios reais (ii) associadas às necessidades de
formação do curso e (iii) num intenso intercâmbio e diálogo com outras áreas das ciências.
O cunho técnico e, até certo ponto operacional, das atividades extensionistas voltadas
para decifrar práticas que pudessem contribuir para fortalecer as bases operativas dos
grupos sociais mediante o contexto das aceleradas transformações do mundo
contemporâneo, fez emergir novos temas de relevância para ação. Dentre as temáticas que
apareceram e/ou foram identificadas em nossos trabalhos como prioritárias estão: a
emergências de novas tecnologias que ao contrário de tirar de cena o debate sobre
tecnologias apropriadas o revitalizou em alguns espaços. Neste sentido, as mobilizações para
adoção e geração de tecnologias apropriadas resultaram em ações práticas em diversos
contextos, em distintas condições, assim como por vários atores (organizações comunitárias,
pequenos produtores, artesãos entre outros). De tal modo, as diversas áreas do
conhecimento técnico científico associaram-se gerando subsídios para os debates e para
geração de alternativas viáveis. Assim, tornou-se possível desenvolver ações de extensão de
caráter interdisciplinar que aportaram um farto cabedal de saberes e instrumentais pelo
envolvimento de diversos olhares e interpretações, cujo esforço colaborativo de estabelecer

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Memorial Ma. do P. Socorro
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a coerência entre as diretrizes teórico metodológicas conduziu-nos não raro a novos


patamares nas abordagens e em termos de resultados alcançados.
Assim, posso afirmar que o investimento em ações de extensão agregou uma relevante
contribuição para o trabalho docente gerando inovadoras formas de colaboração para a área
de atuação profissional dos Assistentes Sociais. Do mesmo modo, é possível relatar que
enriqueceu o processo formativo dos futuros profissionais.
A experiência acumulada com as atividades de extensão possibilitou que o grupo de
pesquisas e extensão, Grupo Interdisciplinar de Estudos e de Desenvolvimento de
Tecnologias Sociais na Amazônia – Grupo Interação fosse transformado num programa de
extensão. Essa condição permitiu um maior apoio institucional e a continuidade das ações
com renovação anual, mediante apresentação de relatório de atividades, com garantia anual
de 05 bolsas para alunos. Assim, a cada ano o Programa Interação renova as suas proposições
e a inserção de quadros técnicos e docentes da UFAM e a ampliação das parcerias
(associações, empreendimentos econômicos solidários, de economia da cultura,
cooperativas, entre outros) para o desenvolvimento das atividades em diferentes
comunidades, municípios, estados e países circunvizinhos e grupos sociais urbanos e rurais
(ribeirinhos, pescadores, varjeiros, extrativistas), órgãos públicos e agências de fomento.
O referido programa configura-se como um espaço importante para apoiar ações
formativas, pois toma como prerrogativa básica a necessidade de promover a
indissociabilidade entre as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Portanto, a
sistematização da importância da contribuição efetuada com os trabalhos realizados, está no
notório reconhecimento de que a extensão, juntamente com a pesquisa e o ensino, forma não
apenas uma tríade formal, mas um importante pólo da formação por assumir, a partir de um
amplo leque de atividades, a condição essencial para:
1) proporcionar a difusão de saberes ao tornar acessível à sociedade os conhecimentos
produzidos no âmbito acadêmico;

2) implementar ações voltadas para as questões sociais da atualidade;

3) criar canais de diálogo entre diferentes agentes sociais (docentes, alunos, técnicos,
usuários);

4) propiciar a formação de parcerias (atores externos à universidade) no processos de


criação de alternativas tecnológicas para o desenvolvimento social e conservação
ambiental;

5) articular diversas áreas do saber (interdisciplinaridade);

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6) possibilitar a produção de experiências profícuas e aportes importantes para a formação


profissional;

7) identificar novas problemáticas sociais, ambientais, culturais, políticas e tecnológicas;

8) consolidar várias formas de participação - exercício de metodologias participativas na


concepção e execução dos projetos;

9) abranger diversos campos de atuação (serviços sociais, saúde, tecnologia, educação e


outros).

No que tange aos pressupostos teóricos que serviram de base para a atuação no campo
da extensão, dentre os principais estudos destaca-se aqueles produzidos pelo Prof. Michel
Thiollent. Este autor afirma que a complexidade dos desafios, nos quais a extensão atua, às
vezes, gera percepções distorcidas de sua real vocação, relegando-a a uma simples
modalidade de prestação de serviços; assim “não é por acaso que a extensão é, muitas vezes,
objeto de controvérsias e de agudos conflitos ideológicos nas universidades e em matéria de
política universitária em geral.” (THIOLLENT, 2000, p. 20).

A modalidade de extensão universitária que o Grupo Interação, sob minha


coordenação, desenvolve centra-se na identificação de problemáticas e das potencialidades
das práticas relevantes no plano da sociedade local para buscar desenvolver ações mediante
os desafios reais, com reconhecido rigor e compromisso ético-político para que essa
condição não implique na redução das referidas atividades em mera modalidade de
prestação de serviços, mas de práxis.

A abordagem sobre os resultados alcançados pode ser mensurada tanto em termos de


produção acadêmica, quanto de alternativas geradas no plano local de implementação dos
projetos. Em termos de reconhecimento da academia destaco que: no ano de 2005, os
trabalhos de extensão na área de Meio Ambiente, Tecnologias (social) e Cultura receberam
premiação da UNESCO, além de ter obtido o reconhecimento em anos seguidos pelas
comissões julgadoras.
No entanto, a experiência que trouxe maior repercussão e reconhecimento foi criação
de um Centro de Referência de Assistência Social Rural-CRAR, criado em Maués realizada
com a parceria com a Igreja Presbiteriana de Petrópolis. Os estudos feitos na área indicavam
a falta de acesso das populações rurais aos direitos preconizados na Política de Assistência
Social ter um Centro de Referência de Assistência Social-CRAS, mediante tal constatação
envidamos diligências para montar parcerias e implantar uma experiência piloto, visando

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obter respaldo para reivindicar aos órgãos públicos a implantação de um CRAR. O projeto
piloto funcionou por 3 meses, enquanto estávamos sistematizando as informações fui
convidada pelo Ministério do Planejamento -MPOG para participar da elaboração do Plano
Plurianual-PPA do governo da Presidenta Dilma Roussef. Essa participação foi muito
importante para apresentar as demandas das populações rurais da região.
Os resultados obtidos junto às comunidades são atestados em todos os relatórios
semestrais e anuais, nos trabalhos apresentados em eventos acadêmicos científicos e nas
produções bibliográficas (artigos, capítulos de livros e outras) consolidadas pela equipe de
pesquisa e extensão. A identificação dos possíveis desdobramentos e consequências das
ações de extensão podem ser dimensionadas a partir do conjunto de trabalhos produzidos,
da coordenação, do desenvolvimento e da participação em projetos, conforme atestam os
projetos de extensão desenvolvidos sob minha coordenação (Cf. Quadro 04).

Quadro 04- Quantitativo de Trabalhos de Extensão

Modalidade de Trabalho Envolvimento Status Quantitativo


Projetos de Extensão coordenação Concluídos 32
Projetos de Extensão Vice coordenadora Concluídos 02
Projetos de Extensão coordenação em execução 01
Programa Curricular de coordenação Concluídos 07
Extensão -PACE
Programa Curricular de Vice coordenadora Concluídos 02
Extensão -PACE
Programa Curricular de coordenação em execução 01
Extensão -PACE
Extensão Tecnológica coordenação Concluídos 12

3.4. Estudos e Pesquisas: a construção de saberes e diálogos pertinentes

Desde que me graduei tenho me dedicado ao exercício da pesquisa cientifica, ao


exercer a docência na UFAM, essa lida ampliou-se pelo reconhecimento de que o ofício no
seio de uma ICT envolve muitos fronts, dentre eles a realização de pesquisas como força
motriz da geração de novos conhecimentos e práticas. Nesta parte apresento os grupos de
pesquisas, as produções técnico cientificas realizadas na vida acadêmica e seguidas das
orientações, participação e coordenação de projetos de pesquisa.
 Grupos de Pesquisas – Participação e Coordenação

A ação investigativa abriga na minha vida um espaço muito significativo e que serve
para uma multiplicidade de propósitos, ao me abastecer com subsídios para o exercício da

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docência, ao satisfazer minha continua e crescente curiosidade sobre a dinâmica da


realidade e das relações sociais, entre outras razões. Todavia, essa prática torna-se mais
agradável quando realizada em parceria, enriquecida pelos debates que proporcionam
confrontos de idéias e no companheirismo que cresce na lida da pesquisa realizada em
equipe, no espaço que os grupos de pesquisa fomentam. Por certo este entendimento advém
das minhas primeiras experiências de pesquisa que foram muito significativas e marcaram
minha história e me forneceram estratégias para a vivência colaborativa e criativa em grupo.

Na UFAM, a minha primeira companheira de pesquisa foi a Profa. Carolina Cássia, entre
1991 e 1994, partilhamos a realização de muitos trabalhos de pesquisa e extensão em
parceria e com diversos alunos/as. A Profa. Elenise Scherer, antes minha professora, quando
eu estava na condição de estudante do Curso de Serviço Social, agora na qualidade de colega
de trabalho mostrou-se uma parceira com idéias inovadoras e compromissada com o avanço
das pesquisas em Serviço Social, em parceria com a Profa. Yoshico, outra querida amiga que
tem sido muito importante tanto na minha vinda para o departamento quanto em toda a
extensão da minha vida com docente. Assim, nós três com apoio dos demais colegas
fundamos e estruturamos o Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas e Social – NUPPSS
para agregar os pesquisadores do curso de Serviço Social e para contribuir na divulgação das
ações e dos resultados de pesquisas realizadas por discentes e docentes do DSS.

1) Grupo de Pesquisas Tecnologias Alternativas

Após um ano de trabalho como docente, percebi o quanto seria importante envolver as
áreas de engenharia e exatas em trabalhos interdisciplinares junto aos movimentos sociais.
Assim, em 1992, em parceria com o Prof. Rubem César Rodrigues organizei o grupo de
pesquisas Tecnologias Alternativas – TECALT, tendo como campo piloto de pesquisas o
Assentamento de Reforma Agrária Iporá, no município de Rio Preto da Eva. As pesquisas
realizadas receberam apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT (atual MCTIC) e os
diversos projetos geraram contribuições para políticas públicas (Programa Luz para Todos)
e a participação em diversos fóruns de debates.

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Rodrigues Chaves

Todavia, os resultados mais notáveis foram realizados nas 14 comunidades do Iporá,


como: a organização politica das comunidades para acesso a bens e serviços sociais
(assistência técnica, assistência social); diversas atividades informativas e formativas dos
agricultores; a implantação de tecnologias para geração e distribuição de energia elétrica
(Biodigestor, Fogões Doméstico de Queima Limpa, Roda D’Água, Painéis Fotovoltaicos) e
diversas outras ações.

O reconhecimento dos trabalhos realizados pela equipe do TECALT, possibilitou que


em 2002 nós fossemos convidados para participar da implementação de um projeto junto ao
Programa das Nações Unidas Para Desenvolvimento com a finalidade de diagnosticar a
situação de acesso às políticas públicas de energia elétrica na Amazônia Ocidental para
subsidiar a politica do governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva na criação de um
projeto de desenvolvimento para o setor na região.

Em meados dos anos 2000, este grupo foi transformado no Centro de Desenvolvimento
Energético na Amazônia - CEDEAM, órgão suplementar na estrutura da UFAM, sob a
coordenação do Prof. Rubem Rodrigues. Em 2001, passei a atuar junto ao grupo apenas em
parceria, não mais como parte da equipe.

2) Grupo de Pesquisas Interação

Em 2001, após a conclusão do Doutorado, cuja Tese consistiu na criação de uma


metodologia de abordagem de pesquisa e extensão com grupos sociais, baseada na
metodologia de pesquisa-ação: a Metodologia Interação, atinei, após muitas reflexões e
conversas com outras colegas de profissão e de outras áreas que seria coerente estruturar
um outro grupo de pesquisas que pudesse por em prática os ordenamentos teórico
metodológicos propostos na Tese. Naquela oportunidade, durante um levantamento em
campo, estruturei, junto com a Profa. Suzy Simonetti (docente da Universidade Estadual do
Amazonas) a idéia de criação do Grupo Interdisciplinar de Estudos Socioambientais e de
Desenvolvimento de Tecnologias Sociais na Amazônia - Grupo Interação, desta vez vinculado
à área de Ciências Sociais Aplicadas. Este grupo de pesquisas é vinculado ao Departamento
de Serviço Social/UFAM, vincula-se à Pró-Reitoria de Pesquisa da UFAM (PROPESP) e à Pró-
Reitoria de Inovação Tecnológica da UFAM e ao Diretório 5.0 do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O Grupo é um Programa de Extensão

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Universitária da Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização Universitária da UFAM


(PROEXTI).

O grupo atua sob a perspectiva interdisciplinar com pesquisas na área de Ciências


Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Sociais, em Sociologia da Ciência e Sociologia Rural,
Antropologia, Economia Política e Economia da Inovação, Ciência Política, Política Cientifica
e Tecnológica nas temáticas: Inclusão Social, Populações Tradicionais, Sustentabilidade
Socioambiental, Políticas Públicas, Economia da Cultura, Direitos Humanos, Inovação e
Tecnologia Social e Cultural.

O Grupo realiza: 1) estudos sobre a dinâmica organizativa e socioambiental das


populações na região; 2) desenvolve Inovações sociais e culturais e difunde novas técnicas,
Tecnologias Sociais e apropriadas ao contexto regional; 3) produz subsídios para as Políticas
Públicas na área Socioambiental, Política, Cultural e Econômica; 4) forma competências
técnico-científica dinâmicas em diversas áreas das ciências para atuar na região; e 5) atua na
instrumentalização das populações com ações afirmativas de cidadania, socioeducativas,
tecnologias sociais, economia da cultura, político-organizativas e em serviços ambientais.
Muitos pesquisadores já passaram pelo crivo da formação do Grupo, mas em 2019, a
equipe está constituída por 35 pesquisadores sendo 09 doutores, 05 mestres, 05
mestrandos, 04 especialistas, 01 graduado, 01 doutorando e 10 graduandos das áreas de
Serviço Social, Enfermagem, Turismo de Base Comunitária. Estes números variam em cada
semestre, de acordo com os projetos em execução e as conclusões de cursos dos
pesquisadores.
O Grupo Inter-Ação desenvolve uma metodologia participativa que se configura como
uma tecnologia social, denominada de Metodologia Inter-Ação, baseada na perspectiva da
pesquisa-ação a qual possibilita a interlocução efetiva entre os sujeitos envolvidos no
processo de pesquisa e extensão. Assim, instituições, pesquisadores e comunitários
compõem uma rede para realização conjunta de ações de pesquisa e extensão.
Desde que foi criado, o Grupo contou com um conjunto de parcerias para realizar suas
ações na Região Amazônica, tais como instituições governamentais, não-governamentais e
empresas realizando atividades de pesquisa e extensão em 03 países (Brasil, Peru e
Colômbia), 09 estados, abrangendo 52 municípios e mais de 1.000 comunidades rurais e
urbanas. Os resultados e os processos adotados são apresentados em trabalhos acadêmicos
em congresso, seminários, simpósio em âmbito regional, nacional e internacional e em
publicações acadêmicas científicas de artigos, livros e em cartilhas para socializar os

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Rodrigues Chaves

trabalhos produzidos com as comunidades envolvidas. Desde a criação do grupo foram


desenvolvidos um elevado numero de projetos de pesquisa pelo conjunto dos pesquisadores,
sob minha coordenação mais de 22 projetos foram implementados. Cujos resultados,
estruturados para servir como subsídios para Politicas Públicas, abrangem diversas ações,
dentre elas destaco:

I - a realização do estudo sobre a Socioeconomia da Calha do Rio Amazonas-Solimões com


aportes de recursos do PROVARZEA, o estudo serviu para uma grande mobilização na região
Amazônica para criação das secretarias estaduais de pesca e do Ministério da Pesca, além de
adequar Política do Seguro Desemprego do Pescador Artesanal, conhecida também como
"seguro-defeso", sobre a pesca artesanal, notadamente no que se refere à garantia de
segurança alimentar e satisfação de necessidades humanas básicas, reformulada em 2003.

II - Os estudos realizados sobre a vida e as práticas laborais dos catadores de materiais


recicláveis na cidade de Manaus possibilitou a criação de novos produtos, a montagem de
um Mapa social sobre os grupos de catadores na cidade, a assessoria organizativa a diversas
cooperativas e associações de catadores de resíduos sólidos como os diversos núcleos da
Eco-Recicla; os resultados dos estudos serviram como subsídios para a Conferencia de Meio
Ambiente e foram incorporadas no plano das políticas ambientais.

III - Os estudos sobre os recursos hídricos na região permitiram a participação na formação


dos magistrados que atuam na implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos –
PNRH.

3) Rede de Pesquisa do Observatório de Economia Criativa

O OBEC-AM transformou-se num grupo de pesquisas do CNPq e gerou os seguintes


produtos: 78 projetos de pesquisa desenvolvidos; 300 pesquisadores; desenvolvimento de
5 projetos internacionais; 02 parcerias internacionais (Universidade Antonio Nariños da
Colômbia e a Red Académica Internacional Estudios Organizacionales en América Latina, el
Caribe e Iberoamérica REOALCeI); organização e publicação do primeiro livro de Economia
Criativa do Estado do Amazonas; organização e publicação do Portfólio com os 23 grupos de
pesquisa vinculados; publicação de Revista em quadrinho intitulada “Oportunidades em
Rede: um guia de economia criativa”, uma parceria OBEC-AM e Strategos Gestão Cultural,

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entre outros inúmeros resultados. Este grupo permanece sob minha coordenação desde
outubro de 2013.

4) Rede de Pesquisas do Parque Científico e Tecnológico para Inclusão Social

Estruturei e coordenei de junho/2010 a outubro/2018 a Rede de Pesquisas do Parque


Científico e Tecnológico para Inclusão Social. A rede de pesquisa do PCTIS, além dos órgãos,
grupos de pesquisas e setores internos, conta com a parceria de mais de cem (100) entes
locais, estaduais, nacionais e internacionais em sua estrutura, que abrangem instituições de
ensino e pesquisa públicas e privadas, empresas e empreendimentos econômicos solidários,
entidades do poder público, ONGs.
A rede de pesquisas do PCTIS ordena-se pela valorização das formas de organização
socioculturais tradicionais em suas formas singulares e diferenciadas da sociedade urbana-
industrial, pelas oportunidades de construir novos aprendizados. O compromisso que
sustenta o conjunto das ações é a visão estratégica que busca identificar as novas tendências
tecnológicas (tecnologias sociais, living labs5, open innovation, laboratorios cidadanos6,
inovação social e cultural, economia criativa e economia da cultura, entre outras), bem como
as oportunidades para o setor produtivo, que une em arranjos produtivos e inovativos
(conhecimentos técnicos científicos e saberes tradicionais), empresas e empreendimentos
econômicos solidários das comunidades tradicionais. Em relação às organizações em rede, o
PCTIS atua com pesquisadores membro de 17 redes de pesquisas, sendo 07 internacionais,
03 regionais, 05 nacionais, 02 locais e quatro internacionais, mais de 1.400 pesquisadores.
Desde meados de 2016, a rede de pesquisas do PCTIS está inativa.

 Participação em Rede de Pesquisas Internacionais

Nesta parte relacionarei as diversas redes de pesquisa às quais estou inserida como
pesquisadora. As ações de pesquisa, extensão universitária e inovação tecnológica
desenvolvidas pelo Grupo Inter-Ação são vinculadas ao Parque Científico e Tecnológico para
Inclusão Social (PCTIS/UFAM) e ao Observatório de Economia Criativa do Amazonas
(OBEC/AM) que se articulam nas seguintes redes internacionais de pesquisa:

5
Metodologia de pesquisa e desenvolvimento de inovação aberta centrada no usuário, criada por William Mitchell,
no Massachusetts Institute of Technology – MIT.
6
Outro modelo de inovação aberta e orientada pelo usuário são os Citizen Labs, ou Laboratórios Cidadãos, conceito
iniciado na Europa, na década de 1990.

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Memorial Ma. do P. Socorro
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1. desde 2008 - Coordenadora Local da Rede European Network of Living Labs ENoLL;
2. desde 2016 - Coordenadora Estadual Red Académica Internacional de Estudos
Organizaçionales en América Latina, el Caribe e Iberoamérica- ReoalCel - Projeto Gênero
e Inclusão Social na Amazônia: estudo com mulheres empreendedoras no Estado do
Amazonas;
3. desde 2018 - Coordenadora Regional da Red MULTIBEN-CYTED- Programa
Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo - Projeto Ações Integradas de
Pesquisa-Ação e Extensão Tecnológica para Inclusão Social em Comunidades Urbanas e
Rurais na Amazônia;
4. desde 2009 – Coordenadora Estadual do Grupo de Estudo em Inovação Tecnológica em
Saúde – Internacional - GESITI;
5. desde 2008 – Membro da Red Laboratorios Cidadanos – América Latina, Europa e Caribe.

 Bolsa Produtividade do CNPq

Em 2006, tive aprovação de projeto no edital de Bolsa Produtividade do CNPq, nível 2,


que tem servido como projeto guarda chuva para amparar um conjunto de estudos e
pesquisas em vários níveis de formação (graduação e pós-graduação). Desde então
desenvolvi os seguintes projetos nesta categoria:

 Período de 2007-2010 - Estudo das Políticas Públicas e da organização das populações


na Amazônia
 Período de 2010- 2013 - Condições de Acessibilidade aos Bens e Serviços Sociais pelos
povos ribeirinhos na Amazônia
 Período de 2013-2016 - As múltiplas faces do mundo do trabalho: práticas laborais no
domínio das Comunidades Ribeirinhas na Amazônia.
 Período de 2016-2019 - Sustentabilidade das Práticas de Economia da Cultura dos
Moradores do Puraquequara, em Manaus –AM

 Orientação de Iniciação Cientifica, Participação/Coordenação de Projetos Pesquisa

Orientei e ainda oriento vários projetos de iniciação cientifica, como: Trabalhos de


Conclusão de Cursos do Curso de Serviço Social da UFAM; Programa de Iniciação
Tecnológica-PAITI, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas-FAPEAM;

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Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica-PIBIC/UFAM/CNPq; Programa


Brasileiro de Iniciação Cientifica e Tecnológica-PIBITI/UFAM/CNPq (ver Quadro 05).

Quadro 05-Orientações de Trabalhos Acadêmicos Científico de Iniciação Científica

Modalidade de Trabalho Tipo de Orientação Status Quantitativo


Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação orientador Concluída 71
Iniciação Científica-PIBIC/PIBITI/PAITI orientador Concluída 55
Iniciação Científica – PIBIC/TCC orientador Em execução 08

Quadro 06 – Participação e Coordenação em Projetos de Pesquisa

Tipo de Inserção Status Quantitativo


Coordenação de Projetos de Pesquisa Concluídos 36
Em andamento 01
Vice Coordenação de Projetos de Pesquisa Concluídos 03
Em andamento 01
Participação em Projetos de Pesquisa Concluídos 05
Em andamento 02
Coordenação de Projetos de Desenvolvimento
Tecnológico Concluídos 12

3.5. Administração Universitária: utopias e realizações

Após 2 anos como docente na UFAM tive minha primeira experiência na área
administrativa, em 1993, junto com a colega Luziele Tapajós assumi a gestão do DSS, ela
como chefe e eu como sub-chefe, em 1994 assumi a chefia do DSS, num momento muito
crítico da minha vida, pois minha avó (mãe de criação) que padecia de uma doença crônica
veio a óbito enquanto eu coordenava uma reunião de departamento. Esse fato deixou-me
muito frustrada e depressiva durante muito tempo. Todavia, em função da situação de
enfrentarmos quadros reduzidos pela necessidade de liberação dos docentes para
capacitação fora do estado, ainda uma segunda vez fui eleita para o mesmo cargo.
Ao final do ano de 1995 fui aprovada para realizar o doutorado, assim no inicio de 1996
desloquei-me de Manaus para Campinas para estudar. O retorno para Manaus aconteceu em
setembro de 2000, ao retornar assumi a Coordenação do Estágio no Departamento de
Serviço Social e, em 2001 fui eleita Chefe do DSS por 2 anos. Este foi um período de muitos
enfrentamentos, pois meu marido estava fazendo doutorado em Campina Grande na Paraíba
e enfrentou um grave problema de saúde que requereu que eu o acompanhasse por 2 meses.
Os anos seguintes foram muito intensos e intensivo em trabalho de pesquisas e
extensão, todavia desde 2005 eu experimentava muitos sintomas (fortes dores nas
articulações). O que me fez recusar o convite do Reitor, Professor Hidemberg Frota para ser

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Pró-Reitora de Extensão, durante sua segunda gestão (2005-2009). Todavia, somente


quando fiquei imobilizada, entre 2007 e meados de 2008, é que fui diagnosticada com artrite
reumatoide, após a licença médica retornei às atividades docentes ainda com muitas
dificuldades de locomoção.
Em meados de 2009, concretizou-se o maior desafio administrativo que vivenciei na
UFAM, e que ainda é uma experiência vívida em minha memória. Isto aconteceu no momento
em que a Profa. Márcia Perales foi eleita como reitora da UFAM e o Prof. Hedinaldo Lima para
Vice-Reitor para gestão 2009/2013, justo no ano em que a instituição completou 100 anos
de existência. Eu e a Reitora fomos aprovadas no mesmo concurso vestibular, em 1982, e
cursamos a graduação na mesma turma, também somos lotadas no Departamento de Serviço
Social, a professora Márcia conhecia minha formação em Política Cientifica e Tecnológica e o
meu compromisso em lutar pelo respeito e proteção dos conhecimentos dos povos
tradicionais na Amazônia. Ambas partilhamos as preocupações com as questões sociais e o
compromisso com a academia. Assim, a Reitora eleita, ao iniciar a montagem de sua equipe
de gestão, ciosa de suas responsabilidades e centrada na excelência acadêmica com
compromisso social direcionada para o desenvolvimento regional com sustentabilidade e
garantia de direitos dos povos, convidou-me para assumir a Coordenação do Núcleo de
Inovação Tecnológica-NIT/UFAM7 na condição de sua Assessora Especial de Inovação
Tecnológica.
Ao assumir esta função percebi a necessidade de efetuar uma reestruturação no NIT de
modo a ampliar suas competências e atribuições no âmbito institucional. Para tal foram
implementadas inúmeras medidas institucionais e operacionais, dentre elas destaco: o
estudo sobre a visão dos segmentos institucionais sobre inovação; ações de capacitação
(seminários, cursos de curta duração, palestras e outras ações formativas e informativas);
um intenso debate com toda a comunidade da UFAM para elaborar de maneira participativa
a primeira Política Institucional de Inovação-PII. No entanto, o elemento inovador foi
justamente valorizar os saberes tradicionais que são incorporados na geração de inovação
por via dos Conhecimento Tradicionais Associados-CTA às pesquisas e desta maneira
proteger seus detentores (povos tradicionais) promovendo uma justa repartição de
benefícios.
Estas ações tornaram a UFAM protagonista como ICT pública a criar uma estrutura
interna como mecanismos de proteção ao Patrimônio Genético da biodiversidade amazônica

7
O NIT/UFAM, criado em 2007 através de Portaria do Gabinete do Reitor nº 1.498 em 10/08/2007, atendendo à Lei
de Inovação 10.973 de 2/12/2004.

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Memorial Ma. do P. Socorro
Rodrigues Chaves

e com critérios de valorização dos CTAs. Para tal foram efetuadas as mudanças em termos
conceituais e operacionais no NIT. O processo de reestruturação teve como objetivo geral
implementar a política de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica
institucional com a viabilização de estratégias e ações relacionadas à propriedade
intelectual, à difusão de conhecimentos nos âmbitos interno e externo à região. Cujos
objetivos específicos são: fomentar as práticas de inovação tecnológica; promover uma
cultura de Propriedade Intelectual/Industrial (PI) junto aos docentes/pesquisadores,
técnicos e discentes na instituição; efetuar o registro legal dos conhecimentos, marcas,
produtos e processos desenvolvidos na UFAM e parcerias; afirmar o papel da UFAM como
instituição de produção de inovação no cenário regional; fortalecer e ampliar as parcerias
internas e externas à UFAM nas redes de inovação; captar recursos informacionais,
financeiros e humanos para apoiar as práticas de inovação no âmbito institucional;
desenvolver ações de capacitação de pesquisadores/docentes, discentes e técnicos sobre
inovação, proteção, difusão e transferência de tecnologia; atuar na proteção dos saberes
tradicionais e no incentivo ao desenvolvimento de tecnologias sociais; disciplinar a
repartição de benefícios entre os agentes e/ou instituições de inovação envolvidas com o
reconhecimento dos criadores e a valorização dos mesmos no âmbito acadêmico e social;
disseminar informações para a sociedade da produção técnica, científica e tecnológica da
UFAM; efetivar parceria com outras instituições públicas e privadas para produção de
inovação, proteção e transferência de conhecimentos tecnológicos.
Este conjunto de ações foram fundamentais para a estruturação da PII, que foi
aprovada pelo Conselho Superior da UFAM – CONSUNI, gerando alguns marcos históricos
importantes: a criação da primeira Pró-reitoria de Inovação em ICTs do país, a PROTEC
(set/2011); a primeira política institucional de inovação (mecanismo que foi incorporado
pela nova Lei de Inovação de 2015); a criação inovadora de um Sistema Local de Inovação
no âmbito institucional; a regulamentação da proteção dos CTAs e da repartição justa de
benefícios, entre outros instrumentos e mecanismos de politica institucional. Sob o suporte
firme da gestão UFAM:

No processo de discussão democrática e participativa, liderada pelo


NIT, partiu-se da consideração do papel da UFAM, mediante os
desafios vigentes, e do seu modelo de abordagem das práticas de
inovação e transferência de tecnologia e sua compatibilidade para
atender às prerrogativas de desenvolvimento para a Amazônia
baseado na conservação da cultura dos povos tradicionais da
floresta, assim como na produção e consumo sustentável dos
recursos naturais, que poderá ser alcançado mediante a qualificação
dos recursos humanos e do uso intensivo de Ciência, Tecnologia e

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Memorial Ma. do P. Socorro
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Inovação (C,T&I) para impulsionar a oferta de produtos, processos e


serviços que valorizem a biodiversidade regional. (CHAVES, 2018, p.
35)

Após a reunião do CONSUNI, com a criação da PrEo-Reitoria fui nomeada Pró-Reitora,


cargo que exerci por 2 anos e como a gestão da Profa. Márcia e do Prof. Hedinaldo concorreu
para a Gestão 2013-2017, e foi reeleita, eles me mantiveram no cargo pelos 4 anos seguintes.
A partir da liderança da Pró-Reitoria foi possível promover uma sistemática de debates para
difusão, publicização e socialização da produção acadêmico científica da UFAM com a
realização de eventos técnicos científicos (Tabela 01), como: Amazônia de Oportunidades,
Salão de Criações Inovativas, Salão de Soluções Criativas, Feiras de Empresas e
Empreendimentos de Economia Criativa e Economia da Cultura, entre outros.

Tabela 01- Quantitativos de Eventos Técnicos Científicos realizados

Anos Eventos
2009/02 2
2010 7
2011 7
2012 4
2013 7
2014 20
2015 58
2016 24
2017/1 10

Fonte: CHAVES. Relatório de Gestão PROTEC, 06/2009-2017/2, 2017.

A partir da perspectiva de que o avanço da ciência requer de modo imperioso a


promoção de intercâmbio, coordenei um conjunto de esforços para realizar o
estabelecimento de parcerias e encontro entre pesquisadores de diversas instituições com
visitas técnicas junto a outras experiências em nível estadual, regional, nacional e
internacional (Cf. Tabela 02).
Tabela 02 - N° de participações em redes de pesquisa
Anos Internacionais Nacionais Regional Estadual Total
2009/2 - - - - -
2010 - - - - 2
2011 - - - - 9
2012 - - - - 5
2013 6 10 - 15 31
2014 13 10 3 15 41
2015 15 10 3 15 43
2016 14 5 5 2 26
2017/1 15 5 5 2 27
Fonte: CHAVES. Relatório de Gestão PROTEC, 06/2009-2017/2, 2017.

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Na condição de pró-Reitora incentivei e mobilizei a equipe da PROTEC para apoiar e


na elaboração e desenvolvimento de projetos de captação de recursos e de cooperação com
outras instituições, empresas e empreendimentos solidários e de economia da cultura (ver
Tabela 03).

Tabela 03 – Quantitativos de projetos e programas

Anos Projetos/Programas
2009 0
2010 2
2011 5
2012 5
2013 8
2014 10
2015 24
2016 168
2017/1 168

Fonte: CHAVES. Relatório de Gestão PROTEC, 06/2009-2017/2, 2017.


A estruturação do Sistema Local de Inovação-SLI para articulação entre vários órgãos
no âmbito institucional, cumpriu a prerrogativa de: ampliar os esforços institucionais na
formação de quadros técnicos qualificados, promover a captação de recursos para apoiar a
implementação de pesquisas e concessão de bolsas em diferentes níveis (iniciação cientifica,
mestrado, doutorado, pós-doutorado) para diferentes áreas das ciências (Tabela 04).

Tabela 04- Quantitativos de bolsas de inovação concedidas pela PROTEC/PCTIS/OBEC-AM

Anos Bolsas
2009/02 0
2010 5
2011 8
2012 17
2013 127
2014 187
2015 214
2016 108
2017/1 40
Fonte: CHAVES. Relatório de Gestão PROTEC, 06/2009-2017/2, 2017

Para viabilizar os recursos para as bolsas e para o desenvolvimento das diversas


atividades da PROTEC, como não havia destinação de recursos vindo do MEC, para superar
esta situação trabalhei na elaboração de um conjunto de projetos e programas, dos quais
destaco:

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1. Coordenação do Programa de Apoio à Gestão da Inovação e Transferência de Tecnologia


– Pro-Inovação/PROTEC/UFAM – FAPEAM;
2. Programa de Organização e Monitoria para Eventos Institucionais -POMEI, formado por
voluntários de todos os níveis de formação que recebiam incentivos como inscrição em
cursos e apoio para atividades acadêmicas;
3. Coordenação do Programa de Apoio à iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e
inovação no Amazonas – PAITI/AM- FAPEAM, com concessão de 100 bolsas de iniciação
cientifica e tecnológica para discentes da UFAM;
4. Coordenação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da UFAM - Avanços na Ciência
e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, em parceira com a Secretaria de Estadual
de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas-SECTI, nos anos de 2013/2014/2015;
5. Coordenação do Programa de Apoio à Popularização da Ciência, Tecnologia e Inovação –
POP C, T&I- FAPEAM;
6. Coordenação do Projeto Consolidar Avanços para o Desenvolvimento Sustentável da
Amazônia CNPq/MCTI;
7. Coordenação do Projeto Fortalecimento de Ações para Gestão da Inovação na
PROTEC/UFAM/FAPEAM;
8. Criação do Posto Avançado de Direitos Autorais – EDA decorrente do convênio de
cooperação técnica com a Fundação Biblioteca Nacional/RJ.

Igualmente coordenei a criação de habitats de empreendedorismo e inovação social no


âmbito da UFAM como Parque Científico e Tecnológico para Inclusão Social –
PCTIS/SECIS/MCTI e o Observatório de Economia Criativa do Estado do Amazonas/OBEC-
AM/MinC.

O Parque Científico e Tecnológico para Inclusão Social-PCTIS, tornou-se o primeiro


parque científico voltado para as questões sociais e para o desenvolvimento de tecnologias
e inovações sociais no Brasil. Por sua configuração recebeu, em 2010, o Prêmio de Iniciativa
Inovadora no País da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores – ANPROTEC, órgão brasileiro que congrega entidades de empreendedorismo
para promoção de atividades de capacitação, articulação de políticas públicas, geração e
disseminação de conhecimentos.
Os recursos do PCTIS possibilitaram a montagem de uma importante infraestrutura de
estudos, pesquisas e extensão com: criação de 04 laboratórios compartilhados de
Biotecnologia-BIOCENTRO; ampliação das ações do Centro de Agroecologia e

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Desenvolvimento Rural da Agricultura Familiar para geração de inovações em técnicas


agroecológicas com tecnologias sociais; instalação de mini usinas em comunidades para
extração de óleos e extratos vegetais, com práticas sustentáveis de geração de renda e a
inclusão de segmentos em condição de vulnerabilidade social e ambiental.
A área de abrangência do PCTIS alcança a sede e o meio rural de 47 municípios no
Estado do Amazonas e um município do Estado do Pará, atendendo em torno de mil
comunidades (250 mil pessoas e 750 mil pessoas envolvidas indiretamente); o público-alvo
são povos tradicionais (indígenas, varzeiros, extrativistas, ribeirinhos, entre outros),
artesãos, catadores de material reciclável, em parceria com ONGs, empresas e
empreendimentos econômicos solidários. No âmbito do PCTIs foram desenvolvidos em
torno de 150 produtos/processos que se caracterizam como Tecnologias Sociais,
Tecnologias Verdes, Tecnologias Assistivas e Tecnologias high-tech. O quadro do PCTIS
alcançou em torno de 1.400 de pesquisadores (técnicos, docentes e discentes).
A rede de pesquisa do PCTIS proporciona a criação de mecanismos de proteção dos
produtos da biodiversidade oriundos dos conhecimentos tradicionais associados, com o
apoio ao desenvolvimento, licenciamento e a transferência de tecnologias com justa
repartição de benefícios entre os envolvidos. Tais iniciativas representam a adoção do
conceito e das práticas afirmativas de cidadania para inclusão social de modo transversal e
interdisciplinar.
O Observatório de Economia Criativa do Estado do Amazonas- OBEC-AM8, foi o
primeiro observatório estadual inaugurado no Brasil (01/10/2013), vinculado à Secretaria
de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social-SECIS do Ministério da Cultura-MinC junto a
estrutura da PROTEC/UFAM com objetivo de formular, implementar e monitorar as políticas
públicas para o desenvolvimento local e regional, apoiando ações criativas de profissionais
e de micro e pequenos empreendimentos com ênfase no estado do Amazonas, para
congregar elementos que favoreçam sustentabilidade socioambiental.
Os estudos e as ações realizadas com apoio do OBEC-Am contribuíram para dar
visibilidade às práticas de Economia Criativa e Economia da Cultura no estado do Amazonas.
Os estudos apoiados focaram na criação e nas práticas produtivas criativas e inovadoras do

8
No Brasil, a criação do Observatório Nacional de Economia Criativa, pelo Ministério da Cultura, em 2012, resultou
na necessidade da criação dos observatórios estaduais. Cinco projetos apresentados por universidades brasileiras
foram aprovados (UFAM, UNB, UFRGS, UFG, UFF) e implantados como parte da política de projetos estruturantes
do Ministério da Cultura (CHAVES, 2013).

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patrimônio histórico material e imaterial, artes, design das etnias indígenas, marchetaria e
tecnologias sociais, biotecnologia do bioma amazônico e mídias (CHAVES, 2012; 2013).
As pesquisas realizadas pelo OBEC-Am apontaram um conjunto de desafios e
potencialidades da EC no estado do Amazonas. Diferente dos resultados no cenário geral
brasileiro, onde prevalece o destaque para os segmentos culturais produção teatral, música,
editorial e cinema, os segmentos que mais despontam para esta modalidade de economia no
Amazonas são o artesanato e o Turismo de Base Comunitária e Sustentável, o qual está
intimamente ligado com a cultura regional. Todavia, esta área constitui-se como uma
temática nova e que necessita de aprofundamentos teórico-analíticos mais consistentes, que
consigam dar conta do conjunto diverso de particularidades culturais locais no mosaico que
compõem o Amazonas, por sua extensão geográfica. exposições artístico culturais.
Uma outra ação importante foi a proposta de criação da Incubadora Amazonas
Indígena Criativa no município de Parintins (AmIC), incubadora que em parceria com o MinC
apoia as experiências dos empreendedores que trabalham com Economia Criativa e
Economia da Cultura, sendo a primeira neste gênero no Brasil, tornando-se referência para
geração de empreendimentos criativos que abrigam artefatos e modelos produtivos
inusitados e inovadores, além de possibilitar a difusão de uma rica e singular manifestação
da cultura dos povos que estão situados no coração da Amazônia. A AmiC abriga os
empreendimentos criativos, dentre eles destacam-se: Kbças Gniais, Murumuru Biojoias,
Artesanatos Martins e Arte Poranga Nativa.
O incentivo, apoio institucional e com infraestrutura e bolsas direcionadas para as
práticas de inovação social, pautaram-se pelo entendimento da necessidade urgente da
construção de um novo paradigma técnico produtivo e de ciência, tecnologia e inovação,
ancorado nas necessidades identificadas na realidade concreta e vivida; como condição para
a sustentabilidade na produção do desenvolvimento. Nesse sentido, o exercício desta
modalidade de inovação requer que se tome como referência algumas orientações, entre elas
destacam-se: o redimensionamento dos modelos de produção e consumo; o exercício da
criatividade nos métodos, nas técnicas e no uso das tecnologias e de gestão dos recursos
naturais para adoção das práticas de sustentabilidade; o atendimento das necessidades
essenciais (determinadas social e culturalmente) tomando como referência a formulação e
viabilização das políticas públicas democráticas e inclusivas; e o, por fim, o exercício da
solidariedade e da equidade social entre gerações e em cada geração.
Para o atendimento a esses requerimentos e orientações torna imperioso para a
sociedade como um todo envolver-se numa atuação em prol da superação das disparidades

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Memorial Ma. do P. Socorro
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econômicas e políticas, pelo estabelecimento de aliança entre desenvolvimento econômico e


o desenvolvimento social, de modo a promover uma transformação progressiva dos
fundamentos econômicos da sociedade. A transformação preconizada passa
necessariamente pela reorientação nos padrões de produção e consumo ordenada pelo
respeito à capacidade de suporte dos ecossistemas. Posto que a conservação das espécies
vegetais e animais do planeta representa a valorização da vida natural e social, como polos
da mesma realidade.
Esta experiência, a discussão sobre seus ordenamentos e resultados alcançados foi
vastamente publicizada a partir de publicação dos diversos livros, coletâneas, informativos,
cartilhas, portfólios produzidos. Esta oportunidade, no que diz respeito às contribuições
como docente para a minha área de atuação profissional, embora possa parecer dissociadas
numa primeira mirada, todavia defendo sua pertinência e relevância. Essa experiência
superou todas as minhas expectativas realistas, em relação aos limites institucionais, mas
também fez-me perceber os limites dos meus anseios (utopias), e criou as possibilidades de
conhecer melhor as forças e fraquezas que interagem na constituição da UFAM.
Outrossim, destaco que ter vivido intensamente esta experiência de gestão
institucional, me deixa muito feliz por podido mergulhar fundo, mas sem perder minha
identidade e/ou meus compromissos, ao contrário este foi um momento importante de
reafirmá-los. Mesmo com as responsabilidades e o quantitativo de trabalho ampliados pelas
exigências próprias da gestão numa instituição de tão grande relevância em nosso estado,
sendo o 3º. orçamento e com um contingente de 45 mil pessoas.
O Rank de Inovação das ICTs no Brasil da Folha de São Paulo que lança anualmente
seus dados, que são produzidos por especialistas referendou o trabalho desenvolvido na
UFAM pela nossa gestão e em particular pela PROTEC. Até o ano de 2010 nenhuma ICT do
estado do Amazonas aprecia no Rank Nacional, a UFAM foi projetada para a 45ª. posição com
os seguintes índices: a 120º. em ensino; 85ª. em pesquisa; 25ª. em inovação. Até o ano de
2017 (final de nossa gestão), o melhor rank da UFAM era o da Inovação. Alcançamos no Rank
das Melhores Universidades da América Latina, a 245ª. posição, entre mais de 5.000
instituições.
A permanência por 08 anos na função de Assessora e Pró-Reitora, fiquei de licença
apenas das aulas da graduação, mas me mantive ministrando disciplinas e orientando em 04
programas de Mestrado e Doutorado, além de manter a produção acadêmica. Ao assumir o
cargo eu já estava enfrentando muitas complicações de saúde, entre 2009 e 2010 passei por

7
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duas cirurgias e durante a gestão a intensidade exigida pelas inúmeras diligências do cargo
gerou sérios desgastes na minha saúde.
Desde que conclui o tempo de gestão já me submeti a vários procedimentos no esôfago
acompanhada pela Dra. Eponina, no Hospital Universitário da UFRJ. Vale ressaltar que os
problemas de saúde me fazem reconhecer meus limites e valorizar cada passo que dou, pois
cada ação que consigo realizar, sinto o coração repleto de gratidão e agradecimentos por
poder conseguir manter uma vida ativa.
Durante o período de gestão, todas as responsabilidades que assumi o fiz com muito
entusiasmo e garra, mas sempre busquei não me apegar a qualquer posição que o cargo
poderia auferir, e também reconhecer que as limitações vigentes não podiam ser vistas como
fatos intransponíveis e/ou imutáveis, assim ao concluir o tempo determinado o fiz com
muita alegria pelo dever cumprido.

4. Produções Acadêmico Científicas: difusão e socialização de saberes

Vai se fazendo tempo de conquista. (Hilda


Hilst)

As produções acadêmico cientificas geraram diversos produtos, dentre eles destaco a


geração de subsídios para políticas públicas nas seguintes nas áreas de: Recursos Hídricos,
Direitos Humanos, Acessos ao Serviço de Energia Elétrica, Setor Pesqueiro, Meio Ambiente,
Política Cientifica e Tecnológica, Proteção dos Conhecimentos Tradicionais e ao Patrimônio
Genético entre outras.
A contribuição alcançada no processo de formação tornou válida, em todos os sentidos,
o incremento na produção acadêmica e as contribuições no contexto institucional,
profissional e social. Pois, adentrar outros contextos exógenos tem implicado num campo de
possibilidades inéditas visto que o exercício do debate, amplo e diversificado, ajuda a
combater a endogenia na produção cientifica, gera ressonância, difusão, socialização e
publicização de saberes, além de ajudar na prática da autocritica.
Os resultados alcançados abrangem: produção de artigos, capítulo de livros (Quadro
07); participação e apresentação de trabalhos em eventos técnicos científicos (Quadro 08 e
09); organização de eventos técnicos científicos como Congressos, Simpósios, Feiras,
Workshops e outros (Quadro 10); relação de Comitês Técnico Científicos nos quais tenho
participação como membro; participação em Bancas e Comissões Técnico Científicas
(Quadro 11); participação como membro de Corpo Editorial de Periódicos; participação

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como Revisora/Referee de periódicos; Assessoria/Consultoria Ad Hoc; participação como


membro de Sociedades Científicas e Profissionais; relação de trabalhos técnicos produzidos,
como Nota Técnica, Relatórios e outros (Quadro 12).

Quadro 07 - Publicações de Trabalhos Técnico Científicos

PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA Contexto Quantitativo


Artigos completos publicados em periódico Internacional 06
Artigos completos publicados em periódico Nacional 14
Artigos completos publicados em periódico Regional/Local 04
Livros publicados Internacional 01

Livros publicados Nacional 01

Livros organizados Regional/Local 03


Livros organizados Nacional 05
Coletânea (aguardando publicação) Local 01
Capítulos de livros publicados Internacional 10
Capítulos de livros publicados Nacional 35
Capítulos de livros publicados Regional/Local 11
Capítulos de livros aceitos para Publicação Regional/Local 02
Jornais de Notícias Local 02
Trabalhos publicados em Anais de eventos Regional/nacional/internacional 153
(resumos, resumo completo, artigos
completos)
Prefácios (Cartilha) Regional/Local 01
Prefácios (Livros) Nacional/Regional 11

Posfácio (Livro) Regional 01


Demais produções bibliográficas (cartilhas, Nacional/Regional 14
Informativos Técnicos e outros)

Quadro 08 - Participação em Eventos Acadêmicos Científicos

Participação em Eventos Técnico Científico Quantitativo


Participação em Congresso - Internacional/Nacional/Regional 38
Participação em Seminários - Internacional/Nacional/Regional 60
Participação em Simpósios - Internacional/Nacional/Regional 11
Participação em Oficinas – 20
Internacional/Nacional/Regional

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Participação em Encontros- Internacional/Nacional/Regional 69


Participação em Wokshops/Jornadas/Semanas Cientificas 88
Internacional/Nacional/Regional

Quadro 09 - Trabalhos Apresentados em Eventos Acadêmicos Científicos

Apresentação de Trabalhos em Eventos Contexto Quantitativo


Acadêmicos Científicos
Comunicação oral em Congressos, Internacional, Nacional, 91
Seminários e Simpósios Regional e Local
Ministrações de Conferências e Palestras Internacional, Nacional, 82
Regional e Local
Banners, painéis em Congresso - Internacional, Nacional, 39
Regional e Local
Apresentações de trabalhos - oficinas e Internacional, Nacional, 25
minicursos Regional e Local
Apresentações de trabalhos - colóquios, Internacional, Nacional, 42
reuniões técnicas Regional e Local
Premiação de Melhor Trabalho Internacional/Nacional/ 15
Regional/Local

Quadro 10 - Organização de Eventos Acadêmicos e Técnicos Científicos

Organização de Eventos Acadêmicos e Técnico Científico Quantitativo


Organização de Congressos - Internacional/Nacional/Regional 13

Organização de Exposições/Feiras/ Artístico Culturais 08


Internacional/Nacional/Regional
Organização de Exposições Técnico Científicas/Wokshops - 95
Internacional/Nacional/Regional

Membro de Comitês Técnico Científicos

Entre 2012-2014 - Membro do Comitê Estadual para o Programa de Apoio a Implantação e


Modernização dos Centros Vocacionais e Tecnológicos (CVT) da Secretaria de Estado de
Ciência, Tecnologia e Inovação – SECTI;
Em 2015 - Membro da Comitiva do Vice-Ministro do MDIC em visita técnica em 10 Institutos
Fraunhoufer, em 6 cidades da Alemanha.
Desde 2015 - Membro do Comitê de Avaliação de Projetos do Programa de Estímulo ao
Aumento da Efetividade dos Programas de Pós-Graduação para o Programa de Pós-

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Graduação em Serviço Social (PROSS) da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação


Tecnológica do Estado de Sergipe – FAPITEC/SE e da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – CAPES;
Em 2017 – Membro do Comitê de Avaliação de Crimes Ambientais como Crimes Contra a
Humanidade Case: Mediação Judicial na Crise Hídrica da Bacia do Rio Formoso- Escola
Superior de Magistratura Tocantinense-ESMAT do Tribunal de Justiça do Estado do
Tocantins

Quadro 11 – Quantitativo de Participação em Bancas e Comissões Técnico Científicas

Participação em Comissões Técnico Científicas e Bancas de Julgamento de Quantitativo


Trabalhos (técnicos e acadêmicos)
Membro em Bancas de Defesa de Mestrado 66
Membro em Bancas de Defesa de Doutorado 18
Membro em Bancas de Exame de Qualificação de Doutorado 11
Membro em Bancas de Defesa de Monografia de Especialização 02

Membro em Bancas de Defesa de TCC (graduação) 34


Membro de Banca de Comissões Julgadoras (em concursos públicos) 11
Membro em Banca de Comissões Julgadoras de Avaliação de Cursos 02
Membro de Comissões Julgadoras de PIBIC/PIC/Projetos Técnicos Científicos 61
Comissão de Seleção de Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia - 04
BIOTEC (Mestrado e Doutorado)
Membro da Comissão de Seleção do Programa de Pós-Graduação em Serviço 02
Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS)

Membro do Corpo Editorial de Periódicos


 desde 2008- Avaliadora de Periódicos da Scientific Electronic Library Online -SciELO
 desde 2017 - Revista da Escola Superior de Magistratura de Tocantins– ESMAT

Revisor/Referee de periódicos
 Desde 2002 - Revista de Extensão - Socializando Experiências (nacional)
 Desde 2015 - Revista Igapó (regional)
 Desde 2011 - Acta Amazônica -INPA
 Desde 2013 - Revista Brasileira de Pós-Graduação
 Desde 2014 - Psicologia: Teoria e Pesquisa (UnB. Impresso)
 Desde 2005 - Revista Científica da Faculdade Dom Bosco

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 Desde 2005 – Revista Somanlu (UFAM)


 Desde 2008 - Revista de Psicologia
 Desde 2009 - Revista de Geografia da UFAM
 Desde 2012 - Revista Meio Ambiente e Desenvolvimento-UFPR
 Desde 2009 - Revista Katálysis (Impresso)
 Desde 2015 - Revista Pan-Amazônica de Saúde (Impresso)
 Desde 2010 - Doxa. Revista Paulista de Psicologia e Educação

Assessoria/Consultoria Ad Hoc
 Consultora para avaliação de projeto do Programa Iberoamericano de Ciencia y
Tecnologia para el Desarrollo -CYTED - Desde 2013;
 Membro do Comitê Ministerial de Economia da Cultura do Ministério da Cultura – 2015-
2016;
 Consultora Ad Hoc da Comissão de Assessoramento do CNPq – desde 2007
 Avaliadora Institucional, de Cursos Presenciais e à Distância do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior – SINAES/MEC- Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-INEP/MEC – desde 2007
 Consultora Ad Hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas -
FAPEAM– desde 2004
 Consultora Ad Hoc da Fundação de Amazônia Paraense - FAPESPA – desde 2015
 Consultora Ad Hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo
FAPES– desde 2010
 Consultora Ad Hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG –
desde 2017
 Consultora Ad Hoc da Fundação de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FAPEMA
– desde 2004
 Consultora Ad Hoc da Fundação Pró-Amazônia – desde 2004
 Consultora Ad Hoc da Fundação Amazônia Viva – desde 2018
 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – desde 2004
 Consultora Ad Hoc da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-
CAPES – desde 2015
 Consultora Ad Hoc da Comissão de Seleção do Programa de Pós-Graduação em
Biotecnologia – desde 2003

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 Consultora da World-Wide Life Fund – WWF – entre 1993- 2004


 Consultora Ad Hoc da Fundação de Tecnologia do Acre- FUNTEC – 1994
 Membro da Comissão Especial de Acompanhamento das Publicações do PPGSS
(quadriênio 2017-2020)
 Consultora Ad Hoc do Programa de Iniciação Tecnológica da UFRR – 2010
 Consultoria Ad Hoc do Programa Primeiros Projetos - PPP / AMAZONAS-FAPEAM – 2008
 Consultoria Ad Hoc do Programa de Proteção às Florestas Tropicais - PPG-7- Grupo de
Análise de Subprojetos Demonstrativos - A – MMA- 1995-2000
 Consultoria Ad Hoc do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil –
2002-2003

 Membro de Sociedades Científicas

Desde 2000 – Sócia da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC


Desde 2012 – Membro da Institute for Education and Research - ATINER – Grécia
Desde 2015 - Membro da Brasilian Study Association -BRASA – Grã-Bretanha;
Entre 2012 – Membro da Red Latinoamericanos Universidad Emprendedoras Sociales;
Desde 2013 e 2017 – Membro da Red Iberoamericana de Empresas Socialmente Responsable

 Membro de Associações Profissionais


Desde 2002 - Membro da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social -
ABEPSS
Desde 2009 - Membro Associação Fórum de Gestores de Inovação e Transferência de
Tecnologia – FORTEC
Entre 2011 e 2013 – Diretora de Captação de Recursos e Marketing A
Desde 1996 - Conselho Regional de Serviço Social – Regional Norte – CRESS-RN

Quadro 12- Quantitativo de Trabalhos Técnicos Produzidos

Trabalhos Técnicos Quantitativo


Consultoria Técnica Especializada 64
Assessoria Técnica Especializada 31
Elaboração de Pareceres Técnicos Científicos 64
Ministração de Curso de Curta Duração – Extensão/Aperfeiçoamento/Especialização 12

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Desenvolvimento de Material Didático e Instrucional 13


Programa de Rádio – Entrevista e Mesa Redonda 06
Relatórios de Pesquisas 30
Coordenação de Programas Institucionais 10

 Títulos da Carreira Universitária: honras universitárias e prêmios de cunho científico e


cultural

No percurso como educadora, embora toda a produção tenha sido feita focalizada e
direcionada para alcançar conquistas de cidadania para os segmentos sociais envolvidos nos
estudos, devo admitir que em diversos momentos o reconhecimento pelo trabalho, em face
ao recebimento de mais de 40 homenagens concedidas por diversas instituições públicas,
privadas, Organizações Não-Governamentais, órgãos de Ciência e Tecnologia e entidades
Profissionais e Confessionais.
Por certo todas as premiações foram de grande relevância pela valorização e o apoio
gerados em relação aos estudos e pesquisas realizados, pois as homenagens recebidas
geraram oportunidades em termos de ampliar a visibilidade em relação às causas em
questão nos trabalhos e da projeção, difusão, publicização e socialização a que elevaram
nossa produção técnico cientifica. De acordo com o exposto apresento apenas algumas das
honras universitárias e prêmios de cunho científico e cultural recebidos:
 Em 2018 - recebimento da Láurea “João F. Meira de Vasconcellos de Inovação
Farmacêutica” da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil;
 Em 2018 - Prêmio pela orientação da Melhor Dissertação de 2017 do PPGSS concedido
pela PROPESP/UFAM
 Em 2016 - Prêmio de Melhor Trabalho no I Simposio Internacional de la REOALCeI, na
Ciudad de Maztlán, Sinaloa-México
 Em 2014 - Gold IGEM como Gestora na Competição Internacional de Engenharia de
Sistemas Biológicos - Massachusetts Institute of Technology – MIT, Boston, EUA
 Em 2004 – Atuação Profissional Relevante da Região Norte Associação Brasileira de
Ensino e Pesquisa em Serviço Social -ABEPSS
 Em 2010 - Medalha “Cidade de Manaus” homenagem concedida pela Câmara de
Vereadores da Cidade de Manaus
 Em 2002 - Mérito Comunitário pela Prefeitura de Manaus

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5.Considerações Finais

Nenhum ser humano olha para o mundo com olhos puros,


mas o vê modificado por um determinado conjunto de
costumes, instituições e maneiras de pensar. (BENEDICT,
2013, p. 13)

No entendimento de que a minha vida representa a síntese que amalgama, numa


interpretação particular, a expressão do movimento que associa traços da singularidade
individual e da inserção sociocultural, neste memorial relatei os principais desafios que
enfrentei na minha trajetória de vida, descrevendo as realizações que mais me marcaram.
Descrevi o amor e o apoio irrestrito que recebi de todas as pessoas que compõem meu núcleo
familiar, dos amigos e colegas de profissão, que reputo terem sido fundamentais para
direcionar toda minha existência nas diferentes dimensões que a compõem, seja pessoal,
acadêmica e/ou profissional.
Torno a (re)afirmar que todo trajeto percorrido foi (de)marcado pela inquietude, o
intenso desejo por adquirir conhecimentos e o forte propósito de afirmação de minha
identidade amazônida. Assim, meus passos foram impulsionados pelo empenho em
conhecer outras culturas, e hoje percebo que cada vez que me aproximo de outras culturas,
percebo que se amplia, sobretudo, o conhecimento da minha própria base cultural e
identitária. Até o presente momento já percorri todas as capitais brasileiras e 27 países de
diferentes continentes e, muitos outros lugares de menor porte e em lugares recônditos, em
geral, o faço realizando estudos, apresentando trabalhos, intercambiando experiências e
tecendo novas parcerias para alcançar maior expansão e aprofundamento na geração de
novos saberes e fazeres.
Todavia, os pressupostos teóricos dessa atuação no era uma mera toma de posición
intelectual completamente sin ton ni son (BOURDIEU, p. 11), pois para além dos fatores
objetivos, laborais e científicos, percorro diferentes contextos e territórios construindo, sob
o signo da fé que professo em Jesus Cristo _ caminho que sigo desde 1998 _, a condição de
peregrina e estrangeira nesta terra (Biblia). Acho importante efetuar esta declaração aqui,
posto que tudo que tenho realizado, em todos os setores de minha existência, o faço
buscando testemunhar a coerência com a ética cristã que cultivo. Pratico uma diversidade
de ações, experienciando intercâmbios de diferentes matizes, sem fazer acepção de pessoas,
sempre aprendendo e apreendendo muito de tantos que deixam marcas indeléveis no meu
ser.

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No que tange aos afazeres laborais, ao contrário do que possa parecer, a realização de
muitas tarefas não foi pautada por produtivismo ou outro impulso similar, mas pelo imenso
desejo de contribuir e implementar com êxito os compromissos assumidos. Assim segui
fazendo desde as mínimas coisas com muito prazer, gratidão aos que por certo ajudaram e
com a humildade de reconhecer meus muitos limites, mas também por reconhecer no
horizonte da práxis, um campo aberto de possibilidades, em que arte, ciência e fé vicejam
justapondo-se, num fluxo em que dialeticamente efetivam-se organicamente juntas e
misturadas. Posto que partilho a máxima que afirma que: Ao partires, é importante que o
mundo esteja melhor do que quando chegaste, porque tu viveste nele (autor desconhecido).
De acordo com o que venho expondo, é possível identificar que em minhas práticas
mesclo fé, ciência e arte, na valorização da criatividade e na geração de inovações. Benedict
(2013, p. 14) argumenta que: a história de vida da pessoa é primeiro e acima de tudo uma
adaptação aos padrões e critérios tradicionalmente transmitidos de uma geração para outra
na sua comunidade. No entanto, por mais que eu reconheça a força cultural de uma geração
sobre a outra, os estudos nas comunidades formadas por povos tradicionais, de diversas
formas indicam que há uma força criativa que mobiliza os agentes sociais, mantendo
determinados padrões, mas instituindo novos valores numa dialética de (re)criação.
Entendo que cenas, imagens e metáforas que expressam a dinâmica da realidade resultam
das práticas que associam arte, ciência e fé.
Ao cogitar neste memorial sobre os múltiplos valores e interesses que me conduziram
a assumir afazeres e compromissos pessoais e profissionais, seja como ser artesã
(reciclagem e crochê), educadora e cidadã, recordei a epígrafe que utilizei na abertura do
meu TCC de Serviço Social (1986), que passo a reproduzir a seguir:
“Finalmente, a resposta ao porquê. A lição que tinha sido tão difícil
de encontrar, tão difícil de se aprender, veio rápida, clara e simples.
A razão para os problemas é vencê-los. Porque, pensei, esta é a
verdadeira natureza do homem: ir além dos limites para provar sua
liberdade. Não é o desafio com que nos deparamos que determina
quem nós somos e o que estamos nos tornando, mas a maneira que
respondemos ao desafio, se tocarmos fogo nos destroços ou
trabalhamos até o fim, passo à passo, para a liberdade.(...) existe, não
uma chance cega, mas um principio que funciona para nos ajudar a
compreender, um milhão de ‘coincidências’ e amigos que vem para
nos mostrar o caminho quando os problemas parecem difíceis
demais para serem resolvidos sozinhos. Problemas para vencer,
liberdade para provar. E, enquanto acreditamos no nosso sonho,
nada [é] por acaso.” (Richard Bach, O Biplano, 1966)

Ao aludir aos possíveis desdobramentos e consequências do trabalho realizado ao


longo da jornada docente é plausível inferir que ao seguir essa vereda, buscando romper com

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as amarras da instrução repetitiva, das incoerências e inadequações interpretativas, decerto


defrontei-me muito frequentemente com posturas de defesa que se contrapõem a
construção de uma ciência com consciência (Edgar Morin). Outrossim, também fui alvo de
críticas que afirmavam que minha profissão de fé é um determinante incontestável de
ignorância e de posição conservadora. Todavia, hoje contemplo quanto engano podem
conter as afirmações preconcebidas, pois sei o quanto debati-me no front do
conservadorismo, nas fronteiras demarcadas como intransponíveis pela hierarquia, no
domínio de certezas cientificas impostas pela lógica cartesiana que desrespeitam
frontalmente outras formas de saberes e práticas.
Os momentos a que me referi não foram raros, mas dentre eles destaco alguns de
maior tensão e dissensos: no inicio dos anos 90, quando conduzi estudos na área de Serviço
Social sobre as formas de organização social, cultural e política dos povos tradicionais
(ribeirinhos, varjeiros, extrativistas, pescadores) com realização de pesquisas sobre os
movimentos sociais no meio rural; ainda em meados da década de 90, ao iniciar os estudos
sobre as mudanças no padrão tecnológico pautado pela revolução técnico cientifica na
indústria do Pólo Industrial de Manaus e seus impactos sobre a vida dos trabalhadores; no
inicio dos anos 2000, ao afirmar que a questão ambiental está mesclada organicamente com
a social, adotando o conceito de questão socioambiental como expressão da questão social
demarcando um ponto de inflexão junto ao Serviço Social, o que assombrou fortemente
diversos profissionais; sem abandonar os enfrentamento vigentes em relação aos outros
temas de estudo, o novo milênio contribui para a formatação de uma nova jornada numa
abordagem crítica nos estudos sobre as inovações sociais e culturais, a Economia Criativa na
busca por constituir o um arcabouço discursivo sobre a Economia da Cultura.
Professo e renovo os compromissos profissionais vislumbrando novos tempos e
muitas realizações renovam as minhas esperanças e fazem crescer a minha fé, que a cada dia
é reafirmada em novos trabalhos e buscas atualizadas. Hoje estou certa que ao longo de
minha vida ouvi a voz afetuosa de amigos _ e outras vozes críticas que entendi serem
coerentes _ e sob este eco busquei efetuar um balanço crítico que serviu como bússola para
avançar e jamais estagnar. Assim, direcionada pela utopia de trabalhar em prol da
construção de um novo paradigma de sociedade, que pratique a justiça, valorize a
diversidade e que todos convivam fraternalmente, trabalharei arduamente, enquanto me for
possível, para assentar alicerces (mecanismos e instrumentos) que impulsionem o exercício
da participação e da afirmação de direitos na edificação de uma nova sociabilidade política.
Assim prossigo sob a utopia dos saberes bíblicos que profetiza: Os lobos e os cordeirinhos

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pastarão juntos (...) e no meu monte santo não acontecerá nada que seja mau ou perigoso.
(Isaías, 65:25). E também dos Estatutos do Homem que entende que: Art. I – Fica decretado
que agora vale a verdade, que agora vale a vida e que de mãos dadas trabalharemos todos
pela vida verdadeira.

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6. Referências

BENEDICT, Ruth. Padrões de Cultura. Tradução de Ricardo A. Rosenbusch. Petropólis, RJ:


Vozes, Coleção Antropologia, 2013.
BOURDIEU, Pierre. El sentido práctico. Buenos Aires: Sigilo Veintiuno no Editores,2013. 1ª
edição.
BRANDÃ O, Carlos R. (Org.). Repensando a pesquisa participante. SP:Brasiliense, 1985.
CARVALHO, Horácio Martins. Comunicación y Planificación. Quito, CIESPAL, 1978.
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