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MEMORIAL
MEMORIAL DESCRITIVO
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Memorial Ma. do P. Socorro
Rodrigues Chaves
CANTIGA DE CABOCLO
O canto de despedida
vai disfarçando de flor.
É feito para os caboclos
do barranco sofredor.
Pra eles que não vão ler nunca
estas palavras de amor.
Amor dá tudo que tem:
dou esta rosa verdadeira,
Levando a clareza certeza
da vida nova que vem.
Canto para os curumins
nascidos igual a mim,
vida escura, e tanto verde!
canoa, vento e capim.
Canto para o ribeirinho
que um dia vai ser o dono
do verde daquele chão.
Tempo de amor vai chegar.
Tua vida vai mudar.
Vai preparando a farinha,
murupi no matrinchão,
nunca vi verde tão verde
como o teu coração.
-Thiago de Mello
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Agradecimentos
Ao Deus da minha vida, que ouve minhas orações, me cinge de forças e direciona
meus caminhos, elevo meu coração na mais sincera prece de gratidão e amor. Neste
momento, os sentimentos afloram de maneira intensa e densa, mesclam-se emoção e razão,
e mais que ordenar documentos para progressão funcional, preparar este memorial
possibilitou uma profunda reflexão sobre minha trajetória e as bênçãos abundantes
concedidas por Deus em minha vida. É com o coração repleto de consideração e respeito que
aproveito esta oportunidade para manifestar meu mais excelente e franco reconhecimento
a tantas existências que enriquecem minha peregrinação, contribuindo de diferentes formas.
Logo, é mister relatar que as realizações e conquistas obtidas advieram sob a força do
coletivo de colaboradores, amigos e familiares.
Ao meu marido João Edgar, que vive comigo iguais alegrias e perigos, vivendo as
mesmas dores e esperanças (Cecília Meireles), partilho esta vitória, por sermos tão
diferentes e tão complementares avançamos em unidade com Cristo. Ao meu lindo e
muitíssimo amado filho, João Marcelo, que fez brotar a esperança e concretizar sonhos, ao
qual muito ensinei, mas que numa clara visão do futuro que hoje atualiza-se, desde tenra
idade entendi que muito me pode ensinar (Elis Regina) como o faz a cada dia.
À minha família, minha mãe e avó Albertina (in memorian), liderança sábia ensinou-
me a lutar por meus sonhos. Ao meu pai de coração, meu herói ao qual agradeço
imensamente por ter com tanto amor e simplicidade me apoiar de maneira irrestrita
ajudando-se a entender o valor do ser humano em seja qual for situação. À minha mãe Maria,
que aos 84 anos, lutadora aguerrida que continua a ensinar-me que a vida se renova cheia
de dádivas na mesma medida das batalhas que enfrentamos. Ao meu querido tio Armando,
um grande filósofo, por quem tenho nutrido um intenso e crescente respeito e admiração
pela sabedoria que demonstra em cada idéia emitida e em cada ato forjado no cuidado e no
carinho de um pai. À minha querida tia Matilde, que suportou meus arroubos de adolescente
demonstrando sempre amor de mãe, à tia Marildinha, doce e carinhosa, à tia Selma que me
deu uma das ferramentas mais importantes para minha expressão de criatividade, ao me
ensinar fazer crochê, a cada uma delas meus agradecimentos e afeto sincero. Meus
agradecimentos e afeto às minhas irmãs, Rita de Cássia e Nalu, às minhas primas Suzy,
parceira de pesquisa e de ideais, a Liane (Cota), minha irmã de criação, e à minha filha de
coração a Silvia que partilha o gosto por escrever, ler e fazer crochê. Às minhas amadas
cunhadas Shirley, Aparecida e Graça, pelo apoio tão afetuoso, e ao Etore (cunhado) pelo
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incentivo para que eu pudesse percorrer meus caminhos na pós-graduação em São Paulo.
Aos meus sobrinhos queridos Oswaldinho e Geórgia, professora comprometida com projetos
criativos, e as sobrinhas Patrícia, que acalentei como filha em seu primeiro ano de vida.
Na área profissional, presto graça às amadas mestras, Ma. Eulália (in memorian),
Elizabeh (Betinha), Maria Matilde, os ensinamentos que proveram a trilha do saber na
formação profissional. Aos meus orientadores de pós-graduação, a queridíssima Lúcia
Helena Oliveira que me assistiu nos primeiros passos nos estudos socioambientais, o Dr.
Newton Muller e Christophe De Gouvello, meu apreço e admiração. Aos meus pares nas ações
laborais, as professoras Elenise Scherer, professora na graduação e colega de trabalho,
expresso minha admiração no convite para presidir a Banca de Titular; Simone Baçal, amiga
e defensora aguerrida que merece meu apreço; às queridas amigas Carolina Santos, Cristiane
Bomfim e Magela Ranciaro; à Débora, que de aluna (graduação, mestrado, doutorado) a
colega na docência, vivencia planos e saberes.
Às amigas: Lucilene Salles que desde a adolescência compartilho idéias e alegrias; Jane
Moura, amiga do coração. Agradecimentos aos baluartes na fé: minha mãe de coração Ir.
Judith (in memorian); à intercessora fiel, Maria; pelo carinho de Jacira, Ileuva, Laura e
Raquel; aos meus líderes Pr. Alcedir, Pr. Nonato e Igo. A amada família do Pr. Marcos, sua
espessa Beth e as filhas Rebeca e Ruth com os quais usufruo alegrias e compartilho a fé.
Aos parceiros/as de trabalho do Grupo Interação pela imprescindível contribuição nos
estudos e pesquisas, cujo suporte abre horizontes, propicia debater, produzir, difundir e
socializar os conhecimentos sistematizados ao longo da vida de pesquisadora. Agradeço a
todos/as em nome das Professoras Antônia Lúcia que com sua grande amizade compartilho
estudos e anseios, Rosangela pelo suporte importante na condução do grupo, Silvana
Compton, companheira de trabalho por mais de 13 anos e Francenilda e Talita Lira.
Aos membros externos da minha Banca de Defesa de Memorial, Dra. Valdênia,
Apolinário, Dra. Gertrudes, amigas que se tornaram muito queridas desde o primeiro
momento em que nos conhecemos, o Dr. Luís Antônio Oliveira, numa grande amizade de
quase duas décadas e à Dra. Denise Bomtempo pela gentileza e com sentimentos de
admiração.
Em nome do Erenilson e da Ir. Flora, da comunidade ribeirinha de Ebenezer, na zona
rural do município de Maués (AM), manifesto e estendo meu apreço aos amazônidas com os
quais compartilho os ideais e a luta pela sustentabilidade na nossa querida e amada terra a
Amazônia.
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Em minha vida contei sempre a contribuições de tantas pessoas que o espaço para
agradecer é restrito, então me restringi a citar as pessoas mais próximas, e que
simbolicamente representam os que não terei espaço para nominar. Assim, é que com o
coração repleto de gratidão que reconheço e manifesto a todos/as que me ajudaram e
continuam ajudando que os meus maiores agradecimentos são muito limitados para vocês
que têm feito tanto e com tanta dedicação.
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Sumário
Identificação................................................................................................................. 7
Introdução..................................................................................................................... 8
5. Considerações Finais............................................................................................76
6. Referências.............................................................................................................79
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Identificação
Endereço Institucional: Av. Gel. Rodrigo Octávio Jordão Ramos, 3.000, Bairro do Japiim,
Manaus-Amazonas
Endereço Pessoal: Rua Dona Raquel de Souza, 100, bairro de Petrópolis, Manaus-Amazonas:
CEP 69.063-590
http://lattes.cnpq.br/0251938411548526
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Introdução
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Por certo posso afirmar que tenho vivido uma existência pautada por desafios, alinhada
com o verso da música de Caetano Veloso: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Nasci
no dia 15/01/1959, a primeira da minha família a nascer no meio urbano, todos que
nasceram antes de mim nasceram no município de Beruri, em uma comunidade ribeirinha
situada no Rio Purus, onde se mesclaram duas origens étnicas; afro descendentes e
indígenas. Muitos de nossos parentes ainda vivem naquela comunidade.
Sou a primeira de três filhas de Maria da Costa Rodrigues, que por sua condição de mãe
solteira para poder continuar a trabalhar como doméstica entregou-me aos cuidados de
minha avó, D. Albertina (in memoriam), casada com o S. Manoelzinho (in memoriam),
padrasto de minha mãe. Ambos foram reconhecidos por mim como mãe e pai, por todo zelo
e cuidado que me dedicaram, ajudados por meus queridos tios Armando e Matilde que até
hoje são meus apoiadores gentis e pacientes, para os quais devo muita gratidão. Ter os
primeiros passos guiados por minha avó, D. Albertina, foi para mim um grande privilégio,
oriunda da interlândia amazônica ela era autodidata, pois aprendeu a ler sem nunca ter
frequentado um banco de escola _ como ela sempre gostava de afirmar. E Ela amava ler e
estar sempre bem informada preparando-se sempre para debater qualquer assunto. Por
certo aprendi com seu exemplo a gostar muito de ler e estudar para adquirir instrumental
para interpretar o mundo. Minha mãe veio do interior para estudar, mas o trabalho como
doméstica a impediu de estudar, tornando-se este um sonho que ela redirecionou para as
filhas.
No momento de meu nascimento minha família estava vivendo numa condição de
extremo empobrecimento, cujo sinal mais contundente dessa condição de pobreza era o
nosso local de moradia, vivíamos num flutuante. Aos seis anos de idade experimentei junto
com minha família o processo de expulsão daquela que foi a minha primeira comunidade, e
que era considerada uma invasão, pois o governo entendia que havíamos ocupado uma área
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cuja beleza era enfeiada pela pobreza exposta na entrada da cidade. Assim, nos alocamos
numa outra área que alagava anualmente, passando a habitar numa palafita às margens do
Igarapé do Educandos.
Em diversos momentos posteriores, na atuação como Assistente Social junto ao
Movimento de Ocupação Urbana em Manaus e do Movimento Sem Terra na Paraíba senti
fortemente a identificação com essas lutas a partir da vivência marcante que experienciei na
minha infância. O que me ajudou a reforçar a percepção de que os conhecimentos tácitos
adquiridos com a experiência de vida contribuem de forma relevante para a maneira como
interpretamos os liames, as tessituras que compõem a rica trama da realidade, e, não de
modo determinista, direcionam a forma de atuar sobre ela.
Nesta parte relato numa sequência cronológica a trajetória de formação escolar, desde
os primeiros momentos de letramento até o desenvolvimento das primeiras atividades de
trabalho. Faz-se mister destacar que toda a minha formação acadêmica, em todos os níveis,
foi realizada em instituições públicas. Outrossim, durante minha vida exerci diversos ofícios
que me geraram múltiplas experiências, assim neste memorial entrelaço o relato de minha
formação escolar/acadêmica com as atividades profissionais que exerci, antes de trabalhar
como docente _ cuja descrição será feita em parte específica.
Em 1963, aos 04 anos de idade, minha família solicitou que o Sr. Oscarino (in
memoriam) ajudasse a me alfabetizar. Ele cuja carreira profissional de ventríloquo era ser o
Pai do boneco Peteleco, ministrou com muita dedicação aulas no seu estúdio, por dois anos,
enquanto realizava o show diário na radio comunitária do Bairro de Educandos. Este
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renda familiar e a manter os custos com livros e outras despesas. A renda do croché era
maior que o salário recebido por minha tia Matilde como operadora de máquina numa
fábrica do distrito Industrial de Manaus. O que inibiu os avanços que eu estava vivenciando
foi o fato de aos 11 anos de idade ter sido diagnosticada com um grau muito acentuado de
escoliose1.
Ginasial - 1973-1976 - Ginásio Márcio Nery
Aos 13 anos, o tratamento para escoliose tornou necessário usar por 1 ano aparelho
ortopédico, o que tornou muito difícil caminhar, mas apesar das deformações e sintomas da
doença consegui chegar ao ensino ginasial (atual ensino médio). Aos 14 anos, como o
aparelho não estava dando resultados foi retirado, passei a estudar à noite e trabalhar como
vendedora numa loja de varejo no Educandos.
Aos 15 anos de idade passei pela perda irreparável do meu pai de criação, cujo apoio
foi essencial para me incutir confiança de que valia muito lutar para vencer os obstáculos
que surgiam na minha caminhada. No mesmo ano, a escoliose agravou-se e a alternativa de
tratamento para evitar a perda dos movimentos dos membros (pernas e braços) foi a
realização de uma cirurgia que não era realizada em Manaus. Mediante esta situação minha
mãe lutou junto ao INSS para conseguir a manutenção dos custos do tratamento fora de
domicílio, cuja cidade mais próxima a realizá-lo era Fortaleza. Onde fui submetida à cirurgia
e tive que permanecer um ano com o corpo gessado; mas, poucos meses depois de sair do
hospital sofri um acidente de carro que afetou o processo terapêutico gerando
consequências nefastas nos anos seguintes.
Por uma década enfrentei muitos obstáculos para prosseguir aos estudos, seja pelas
deformações corporais e limitações na locomoção, antes da cirurgia, seja com as dificuldades
causada pelo gesso. Para frequentar as aulas era necessário caminhar mais de 30 minutos de
percurso, visto que minha família não tinha como custear a condução. Porém, o que era pior
para mim, era estranheza que o aparelho e depois das cirurgias o corpo gessado que me
fizeram vivenciar diversos constrangimentos como apedrejamentos, apelidos e outras
formas de chacotas _ que atualmente se nomeia como bulling. Nesta fase surgiram pessoas
que ao me defenderem dos ataques dos colegas me deram o apoio e a força necessária para
eu permanecer frequentando as salas de aula, destaco aqui a querida D. Judith, responsável
pela zeladoria, e o professor de Educação Física, Thompson (in memoriam).
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Doença da coluna que gera muita dor, deformação corporal e limita sobremaneira os movimentos.
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Outra pessoa que ganhou inigualável relevância em minha vida foi o jovem João Edgar
Chaves Filho, que conheci aos 15 anos e que se tornou meu primeiro namorado e,
posteriormente, meu marido; estamos com 37 anos de casados, temos um lindo filho, o João
Marcelo, presente de Deus para nossas vidas, o nascimento de meu filho contrariou todos os
prognósticos clínicos em razão da prótese que uso na coluna. Somos uma família de
educadores, meu marido é docente do curso de Engenharia Elétrica da UFAM há 36 anos, e
meu filho foi professor na Escola Superior de Tecnologia da Universidade Estadual, e há 4
anos é docente da Língua Inglesa da Secretaria Estadual de Educação.
Em que pese as dificuldades para cursar o ensino ginasial, os anos em que não consegui
frequentar os estudos, todos esforços valeram muito, inclusive alcancei notas elevadas e fui
selecionada para participei das olimpíadas estudantis estaduais em Língua Portuguesa por
2 anos seguidos; assim como realizei cada série sem reprovações, o que me permitiu
prosseguir para realizar um novo estágio na formação: o curso profissionalizante.
Ensino Profissionalizante -1978-1981- Curso de Eletricidade Básica - Colégio Estadual
Benjamim Constant e Centro de Formação Tecnológica Gal. Rodrigo Octávio
Desde o início de meus estudos sempre apresentei certa preferência e habilidade nas
disciplinas de Física, Cálculo e Matemática. De certa maneira sempre nutri um interesse e
certa habilidade no trato com as ciências exatas.
Iniciei a militância política junto aos movimentos populares ainda no decorrer do
ensino médio junto a associação de moradores do bairro de São Francisco, local onde eu
morava. Essa experiência foi fundamental para determinar meus rumos acadêmicos e
profissionais ajudando a forjar em mim o compromisso com as lutas por uma sociedade
democrática e pelos direitos humanos e sociais.
Mas as limitações físicas continuaram marcando presença em minha trajetória, posto
que em função das consequências do acidente sofrido, tive que enfrentar a segunda cirurgia
da coluna aos 19 anos. Esta por sua vez foi muito mais complicada que a primeira, durante o
procedimento meu rosto foi queimado e fiquei internada em estado grave por vários meses
e ao melhorar usei gesso por mais de um ano; então tive que parar de estudar por dois anos,
pois fiquei com movimentos muito limitados para conseguir andar.
A situação com a qual me deparei poderia ter sido um dos momentos mais críticos da
minha vida, todavia, para vencer este novo desafio contei com o apoio inestimável de um
namorado que me via para além do gesso e das limitações. Ele ganhou imensa e preciosa
relevância para minha existência, ajudando a transformar esse recesso dos estudos num
momento que aproveitei ao máximo para ampliar minhas leituras, porquanto o gosto pela
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leitura foi sustentado. Pois, aos 19 anos ao ficar impossibilitada de locomoção, o Edgar
triplicou os esforços e incentivos presenteando-me com no mínimo 2 livros por semana _
costume que cultivou por muitos anos. Assim, durante o “retiro literário” forçado pelas
circunstâncias, tive a oportunidade de disputar com Orígenes Lessa (sem que ele soubesse é
claro!), e ganhar por dois anos seguidos, a marca de ler mais de 200 livros por ano. As leituras
que realizei permitiram conhecer a obra de autores regionais e nacionais, e, também de
filósofos e sociólogos. Assim, até os dias atuais sigo lendo como diz o poeta “eu não tenho o
hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi pra mim uma fonte de
encantamento. Eu leio com prazer, leio com alegria”. (Ariano no Sertão).
Muitos autores e obras me encantaram, despertando paixão e sonhos, como: Ligia
Fagundes Telles e Jorge Amado; o americano Richard Bach com o Livro Fernão Capelo
Gaivota, que me fez refletir sobre a necessidade de ir além de meus limites e alçar voos onde
todos julgavam ser impossível alcançar; igualmente, Saint Exupéry com o Pequeno Príncipe;
o poeta amazonense Thiago de Mello e Milton Hatoum, entre muitos outros.
Portanto, ao lembrar daqueles momentos, à memória flui sentimentos de muita
gratidão pelas oportunidades de ter sido conduzida pela aventura do conhecimento de belas
narrativas. Assim, mesmo em meio a tantos limites e enfrentamentos, a vivência daquele
momento balizou minhas buscas por ampliar os horizontes do saber e prosseguir os estudos
assim que o processo de tratamento foi concluído.
Reconheço que a condição de saúde (dos 11 aos 21 anos) gerou muitos
enfrentamentos, mas distingo a oportunidade que tive ao usufruir de mais de 2 anos de
“retiro literário”, que me ajudou a superar os limites da formação e alcançar um bom
desempenho escolar e abriu um campo vasto de possibilidades na minha vida. Conforme
exposto até aqui, em tenra idade vivenciei com meu grupo doméstico familiar as
desigualdades sociais, todavia, entendê-las demandou esforço para identificar como seria
possível ou quais as possibilidades de assumir o compromisso em me contrapor a elas, essa
senda foi iluminada, principalmente pelas leituras de autores da Sociologia Crítica e de
romances regionais nordestinos e amazônicos. A paixão pelas leituras contribuiu
sobremaneira para que eu percebesse o meu interesse pelas questões sociais, que eu
conseguia vislumbrar ainda de maneira muito elementar, e me interessar pela área de
Ciências Humanas e Sociais.
Esta percepção foi fundamental para que eu apesar de gostar muito de cálculo, física e
matemática, e entender que deveria seguir a carreira profissional na área de Engenharia
Elétrica, dando continuidade ao ensino profissionalizante, o que me faria ter maior chance
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de Mello), mas pelos quais sinto uma imensa gratidão. Apesar da dificuldade para nomear
todas as docentes, destaco aqui as contribuições que jamais esquecerei: da Profa. Eulália
Martins, que sempre mantinha um vivido interesse pela vida dos alunos visando contribuir
e orientar; a Profa. Terezinha Praia que de maneira elegante debatia os textos fornecendo
bases importante para formação; da Profa. Elenise Scherer que embora muito jovem, com
competência dinâmica instigou-me na busca de aprofundamento nos conhecimentos
adquiridos e que me estimulou sobretudo para busca de uma formação sólida e coerentes
com os desafios vigentes.
Nesta parte faço uma referência especial à Professora Conceição Rosa, que atuou como
minha supervisora de estágio, orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso, mentora e
amiga. Esta docente marcou-me com uma profunda admiração e respeito pela coerência,
força, determinação e compromisso em tudo que fazia e ajudou-me a avançar na caminhada
como militante de movimento de bairro, antes de adentrar na comunidade acadêmica; e por
ela ser uma ativa participante dos movimentos sociais e na formação do Partido dos
Trabalhadores teve um forte direcionamento na minha vida em relação a ampliação de
minha inserção e compromisso nas lutas sociais, seja na vida estudantil, seja na vida
profissional.
Iniciei o estágio na área de Serviço Social logo no segundo semestre do curso, por duas
razões para ajudar na renda familiar e para ter contato com as questões que tanto eu queria
conhecer. O estágio foi realizado na equipe do Projeto Rondon em apoio a mobilização dos
primeiros ocupantes dos bairros da Alvorada III, Nova Esperança e Lírio do Vale. Todavia,
sob a supervisão de campo da Assistente Social Souzimar e da orientação acadêmica da
Professora Conceição Rosa, ambas instrumentalizadas a partir de uma visão crítica do
exercício profissional; por três anos conduzi, como monitora, a equipe de estágio
multidisciplinar (Serviço Social, Medicina e Enfermagem). Estas queridas educadoras
ajudaram de maneira determinante a consolidar minha visão de mundo e de compromisso
profissional.
No último ano do estágio, experimentei a repressão do governo autoritário do estado
do Amazonas, pois ao apoiar os moradores nas mobilizações e reivindicações por
infraestrutura e acesso aos Bens e Serviços Sociais (água tratada, saneamento básico, saúde,
educação e transporte) no bairro; os moradores foram ameaçados e orientados para não se
comunicarem com a equipe e eu fui ameaçada com uma arma de fogo para abandonar o
trabalho na área. Procurei apoio junto à minha supervisora que comunicou o órgão
responsável pelo estágio, o Projeto Rondon e reivindicou que fosse dado apoio para a
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Outra importante conquista, tão comum para muitas mulheres, mas tão inusitada para
mim que recebera o diagnóstico de que dificilmente pelo grau de escoliose poderia ter um
filho de parto normal. Mas apesar do prognóstico dos ortopedistas, aos 24 anos, em
04/10/1983 dei à luz ao meu filho, o João Marcelo Rodrigues Chaves, por quem devoto “o
maior amor das galáxias” e que tem sido um manancial de alegria em minha vida. Hoje, com
35 anos, ele exerce a mesma profissão que o seu pai e eu, assim formamos um time afinado
na coerência com os compromissos e nas lutas sociais vigentes.
O meu Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Origem dos Conflitos que Impedem
a Organização da Comunidade” foi resultado da pesquisa sobre o processo de formação dos
bairros da Alvorada I e do Lírio do Vale, onde realizei meu estágio. O estudo foi realizado
tendo como referência os pressupostos da teoria social de Karl Marx (1818 – 1883). Ao
concluir o Curso de Serviço Social, no início de 1986, intensifiquei os trabalhos de assessoria
aos movimentos sociais: Movimento de Ribeirinhos, Movimento Nacional de Seringueiros,
Movimento de Pescadores, entre outros.
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Por certo retratá-los num simples trabalho de investigação não foi possível, mas ousar,
todavia, relatar um pouco de sua marcha na dinâmica da história regional, isto foi uma das
melhores aventuras de minha vida. A realização daquele estudo extrapolou o âmbito de uma
produção acadêmico-científica, uma vez que o tema encerra também uma significação
particular, não apenas pela minha condição de amazônida, mas principalmente por ter sido
a possibilidade de compor, pelo resgate sócio-histórico, a vivência de um conjunto de agentes
sociais, e dentre eles a vivência de um homem em especial, meu pai de criação, Seu
Manoelzinho. Ele que de tanto padecer com a seca no nordeste, pela inoperância do Estado,
aceitou ser recrutado como “soldado da borracha”, e anos depois assumiu a responsabilidade
de adotar com cinco dias de nascida, uma filha a mais em sua numerosa família de quatorze
filhos, dando-me a oportunidade primeira para que eu pudesse me tornar a autora do
referido estudo. De tal modo, que, o trabalho de dissertação, se tornou uma empreitada de
afeto, para reconstituir um pouco da história, escutada por anos a fio ao cair da tarde, na
boca da noite ...
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Igualmente, durante 2 anos estudei a língua francesa na Aliança Francesa para realizar
a prova de proficiência; o que gerou-me outras oportunidades na continuidade da minha
carreira acadêmica. Após concluir todas as disciplinas do curso de mestrado, em 1991
retornei para Manaus, por duas razões: para realizar a pesquisa de campo para dissertação
e para participar do concurso público para docente do Departamento de Serviço Social-
DSS/UFAM, fui aprovada em primeiro lugar no concurso e iniciei minhas atividades como
docente no DSS em julho de 1991.
Ao fazer parte do quadro do Curso de Serviço Social, realizei pesquisa e extensão junto
ao movimento pelo solo urbano em Manaus, com parceria valiosa da Profa. Carolina Cássia
nos três primeiros anos. No curso predominavam os estudos sobre as manifestações da
questão social no meio urbano. A experiência de assessoria e consultoria aos movimentos na
Amazônia, no momento anterior ao vínculo institucional com a UFAM, possibilitou o
desenvolvimento de atividades de pesquisa e extensão junto aos movimentos sociais no
meio urbano e rural com os alunos do Curso de Serviço Social.
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Outro espaço de luta importante foi o fórum de debates constituído pelo Congresso
Brasileiro de Assistentes Sociais-CBAS, regido pela Associação Brasileira de Ensino em
Serviço Social-ABESS, atual Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social-
ABEPSS. Pois, os resultados dos estudos foram sendo sistematicamente apresentados junto
aos grupos de trabalho do CBAS, cujas plenárias lançavam os debates e questões que
repercutiam e espraiavam-se junto a categoria e às instituições de ensino e pesquisa em
Serviço Social pela ABESS. Estes espaços de debates constituíram-se em fóruns relevantes
para divulgar/publicizar estudos, pesquisas e práticas em Serviço Social no meio rural,
realizados junto ao DSS.
Na região amazônica enveredar por estas trilhas permitiu abrir uma linha de pesquisa
sobre os segmentos sociais (ribeirinhos, etnias indígenas, varjeiros, pescadores,
extrativistas, agricultores e trabalhadores rurais). Os estudos avançaram com a criação do
grupo de pesquisas interdisciplinar sobre tecnologias alternativas-TECALT, formado por
docentes, discentes e técnicos de Serviço Social e Engenharia Elétrica. O campo piloto de
estudos, de 1991 até 2002, foi o Assentamento de Reforma Agrária Iporá, Zona Rural do
município de Rio Preto da Eva/AM, com 14 comunidades e mais de 700 famílias. Onde foram
desenvolvidas pesquisas e extensão, com recursos do Programa Trópicos
Úmido/MCT/CNPq, sobre as condições de acesso às políticas públicas de geração e
distribuição de energia elétrica em comunidades rurais.
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o Programa Luz para Todos, e gerou o convite para equipe realizar estudos sobre a situação
de acesso aos serviços de energia elétrica na Amazônia Ocidental, pelo Programa da Nações
Unidas-PNUD/ONU para elaboração de propostas de políticas para o primeiro mandato do
governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva (2003-2006).
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Criada em 1961, considerada uma das mais importantes ONG internacional que pesquisa e luta pelas causas
ambientais.
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Entre os anos de 1991 e 2002 realizei consultoria para diversos órgão, como as
agências do WWF/Suiça, WWF/Brasil e WWF/EUA, sempre com vínculos com a UFAM, em
contratos firmados para realizar assessoria aos Movimento de Pescadores e ao Movimento
de Ribeirinhos. Entre 1991 e 1995, os desafios foram avolumando-se e tornando imperativo
expandir o processo de capacitação para avançar em novos debates relativo ao acesso às
tecnologias pelas populações rurais da Amazônia, a dimensão social da tecnologia e o acesso
a energia com tecnologias limpas para redução dos impactos ambientais e sociais. Os
estudos, a partir da referência de autores que estavam ancorados nos estudos de Marx, como
Horácio de Carvalho (1978), trabalhei arduamente por engendrar novas veredas
investigativas e contributivas para o avanço dos conhecimentos sobre as singularidades
regionais, assim embrenhei-me em estudos sobre a natureza social da tecnologia. Este tema
agigantou-se como mais um desafio que se interpôs a mim, à semelhança do enigma proposto
pela esfinge nos portais da cidade grega de Tebas que preconizava: “decifra-me ou te
devoro”.
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com os princípios ordenadores de minha jornada profissional direcionada para avançar por
espaços novos, estabelecer intercâmbios relevantes, numa forma de afirmação como
pesquisadora com a participação em redes de pesquisas e em novos caminhos no campo da
Ciência, Tecnologia e Inovação.
Nesta empreitada tive o grande privilégio de ser orientada pelo Dr. Newton Pereira,
doutor em Engenharia Ambiental com estudos realizados na Inglaterra, que nutre profundo
amor pela Amazônia, pois havia trabalhado no Pará, e conduziu-me como um perfeito
gentleman pelas sendas da investigação cientifica. Inclusive pleiteou bolsa junto ao CNPq
para que eu pudesse cursar o doutorado, ao perceber que a UFAM não havia destinado bolsa
da CAPES para eu cursar o doutorado, pois a indicação do gestor era de que eu deveria ir
para outro programa de pós-graduação para o qual fui convidada, mas que eu não havia
escolhido.
Todavia, após extensa prospecção nos estudos da área, juntamente com meu
orientador identifiquei que o modelo de abordagem metodológica que eu tinha desenvolvido
durante as pesquisas no Iporá e pretendia ampliar não tinha paralelo em que eu pudesse me
ancorar no Brasil. Em face a esta constatação meu orientador sugeriu que eu me preparasse
para realizar uma parte do doutorado na França no grupo de pesquisas do Dr. Inagcy Sachs.
Centrada em obter êxito neste propósito, iniciei os estudos na língua francesas em 1997
concorri com outros discentes da UNICAMP e fui aprovada para realizar parte do Doutorado
no Centre Internacional de Recherche Sur I’Environnement et le Devellopment CIRED, em
Paris na França com Bolsa CAPES. Assim, no início de 1999 mudei-me com meu filho para
Paris e fui integrada à equipe de pesquisas, sob a orientação do Dr. Christophe De Gouvello,
cuja experiência na área de Planejamento Energético para comunidades isoladas discutia
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Entendo que os estudos e pesquisas produzidos, para que possam cumprir com a
prerrogativa de contribuir para o avanço das ciências e fornecer as bases ao exercício
profissional, tudo quanto é produzido precisa necessariamente e sempre passar pelo crivo
dos nossos pares. Esse compromisso torna-se mandatório quando atuamos numa instituição
que produz Ciência, Tecnologia e Inovação com recursos públicos. Assim, por adotar como
princípio a premissa de que os resultados devem ser difundidos, publicizados e socializados,
a realização dos estudos linguísticos representa uma ferramenta fundamental para avançar
e concretizar esse ideário.
As contribuições alcançadas nos diferentes processos de formação em línguas
estrangeiras que tive oportunidade de participar espraiam-se tanto no campo da
instrumentalização para o trabalho investigativo científico, quanto para ampliar a dinâmica
comunicativa com diferentes áreas técnicas e profissionais. Os pressupostos teóricos que
norteiam as ações são a necessidade de ampliar o campo de debates, diálogos e obter novos
aprendizados. Por certo que na busca por ampliar o domínio em outros idiomas, também me
impulsionam a necessidade de uma formação continuada, o reconhecimento de meus
próprios limites e o anseio por enfrentar o medo de expor-me tentando avançar sempre,
além do reconhecimento da necessidade de lutar pela construção de pontes e na superação
das fronteiras.
O processo de formação que percorri trouxe diversos desdobramentos e
consequências favoráveis e exitosas, como: expansão dos conhecimentos; ampliação dos
colóquios; efetivação de intercâmbios; formas colaborativas inovadoras com outros grupos
sociais por diferentes territórios; vivência de novas experiências com outros
pesquisadores/grupos/redes de pesquisas; ampliação do acesso a estudos, literaturas
técnicas e bibliografias em outros idiomas e de outros contextos culturais; aumento na
produção de trabalhos técnicos, projetos de pesquisa, artigos e livro; e a participação em
eventos acadêmicos científicos em diferentes contextos.
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mas que foram utilizadas como categorias subsidiárias, essas, todavia, não será possível
apontar aqui.
Sob a proposta apresentada, destaco a paisagem intelectual das principais categorias
são elas: o matiz crítico em relação às políticas públicas; às questões socioambientais,
adotando a perspectiva de sustentabilidade em seus pilares social, cultural, econômico e
tecnológico; à economia da cultura numa crítica à economia criativa.
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diferentes segmentos sociais com articulações que variam de acordo com a conjuntura,
interesses em pauta e da dinâmica política dos atores sociais em cena (CHAVES, 2001).
Assim, o Estado não pode ser visto como uma entidade monolítica, um “bloco
monolítico”, a serviço de um projeto invariável, mas deve ser concebido como um “sistema
em permanente fluxo” (Antônio Gramsci – 1891-1937). Esta posição implica o
reconhecimento de que as instituições possuem em seus quadros técnicos agentes sociais
que adotam posições políticas diferenciadas. Isso porque sobre as instituiç ões incidem,
diferencialmente, demandas e contradiç ões oriundas da sociedade.
As ações institucionais ordenam-se com base em princípios mú ltiplos, uma vez que os
quadros té cnicos e profissionais assumem diferentes posicionamentos políticos e prá ticas
sociais. A diversidade e especificidades de missõ es, o aparelhamento das instituiç ões para
viabilizar cada serviç o pú blico e as particularidades dos contextos de intervenç ão
correspondem à s necessidades específicas num contexto histó rico, cultural e té cnico
particular (De Gouvello,1999).
As instituiç ões possuem diversidades internas imperceptíveis à s concepç ões
maniqueístas e instrumentalistas do Estado (marxismo ortodoxo, entre outras), as quais
atribuem ao Estado o papel de mero executor dos interesses da burguesia e do capital. De
certa maneira, as vertentes que partilham dessa visão negam a relação Estado-Sociedade, as
contradiç ões que lhes sã o inerentes. No entanto, a percepção dessas contradições é essencial
para se apreender o cará ter do Estado e das relaç ões de classe (JACOBI, 1989).
Sob esta perspectiva, entende-se que o Estado capitalista nã o é strito sensu o “Estado
dos capitalistas”, tendo em vista que exerce funç ões contraditó rias na razã o da necessidade
de legitimaç ão pró pria. As políticas pú blicas sã o elaboradas de acordo com a capacidade de
interpretaç ão dos conflitos e da manifestaç ão de demandas histó ricas e emergentes. Nessa
dinâmica, as reivindicaç ões de segmentos populares sã o (re)interpretadas, secundarizadas
diante das alianç as com o poder econô mico. Todavia, as instituições, para serem legitimadas
socialmente, incorporam certas demandas que traduzem as necessidades dos segmentos
empobrecidos. As instituições que compõem o Estado são dotadas de lógica própria, embora
estejam alicerçadas em interesses cristalizados pelo seu caráter político. Dessa forma,
mediante processos de seleção, exclusão e inclusão promovem um processo de seletividade
das demandas a serem atendidas.
As modalidades concretas de políticas efetuam uma seleç ão das demandas em favor
dos interesses dos setores política e economicamente fortes e de seus eventuais aliados.
Enfim, atualizam incessantemente suas estraté gias de (re)composiç ão das reivindicaç ões. A
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nã o sã o um fim em si mesmo, mas pré -condiç ões para atingir os objetivos de participaç ão
social e cidadania. Nesta direç ão, os subsídios fornecidos foram fundamentados no princípio
de justiça distributiva, princípio que defende a interface entre o interesse individual e
coletivo, enquanto prerrogativa básica das instituições sociais e produto da cooperação
democrática para a realização de benefícios no âmbito da sociedade, mas especificamente
para os segmentos sociais em condição de subalternidade.
Portanto, a busca pela equidade implica o desenvolvimento de práticas, a elaboração
de ferramentas e mecanismos voltados para o combate aos entraves que limitam o acesso ao
usufruto de bens e serviços sociais básicos aos grupos sociais empobrecidos.
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descaso com essa gente parece constituir-se numa regra neste lugar da
federaç ão brasileira e que só pode ser compreendida dentro de um
movimento mais geral do processo de acumulação.
Na constituição da organização sociocultural e no atendimento das necessidades
prioritárias nas comunidades ribeirinhas vigora: o uso de técnicas simples e apropriadas de
manejo dos recursos locais visando a conservação dos recursos locais, marcada pelas
modalidades de uso e manejo coletivo dos ecossistemas; a recorrência ao acervo de saberes
tradicionais cuja transmissão é feita por via oral, em bases comunicativas, cooperativas e nas
práticas coletivas de trabalho (ajuri, puxirum, mutirão), bem como nas relações de
compadrio e parentesco (CHAVES, 2005).
No mundo do trabalho nas comunidades, a vida obedece aos ciclos naturais, seja no
tempo de fazer a coivara, preparar a terra, semear, capinar e esperar o tempo certo de colher,
assim como o tempo de esperar as espécies de peixes migratórios e respeitar o período de
reprodução dos animais. A realização das atividades laborais é comandada pela
interpretação dos sinais da natureza, como as fases da lua, ciclo das águas, maturação das
plantas e outros avisos percebidos e decifrados pelos moradores da floresta. O processo de
produção encerra múltiplas dimensões e efetiva-se tendo como unidade de produção o
grupo doméstico familiar, reunindo elementos técnicos e outras formas de manifestação da
vida e de sociabilidade grupal, em que o ritual e o simbólico mesclam-se. Apesar das
profundas mudanças que foram geradas no bioma amazônico, ainda predomina entre os
povos tradicionais (indígenas e não-indígenas) a cosmovisão a partir da qual representam
seu habitat como acolhedor, morada sagrada de seus antepassados, onde a natureza assume
dimensões imaginárias e simbólicas (GODELIER, 1984).
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um vínculo orgânico com o modo de organização societal e com as diversas práticas sociais
no seu interior, é possível afirmar que o aparato crítico de constituição e institucionalização
da Ciência e suas condições de elaboração derivam de um enraizamento sociocultural, cuja
articulação com o modo de produção além de possibilitar o avanço das forças produtivas
contribui de maneira imprescindível para o desenvolvimento da sociedade. Daí deriva a
percepção da relevância que a Ciência assume não apenas como produtora de
conhecimentos, mas como força de socialização civilizatória. Neste sentido, a interpretação
que deriva da perspectiva posta pela vertente marxista diferencia-se das demais em razão
de atribuir não apenas ao contexto a importância de fornecer direcionamento ao
desenvolvimento da Ciência, mas de apresentá-la como resultado intrínseco, indissociável
da natureza política da relação dos homens entre si na sociedade fundada nas práticas
produtivas.
Historicamente o homem estabeleceu uma relação com a natureza, que ocorre pela
necessidade humana de resolver problemas relativos às suas atividades cotidianas a fim de
garantir sua própria subsistência. Neste processo, nas sociedades e grupos tradicionais, o
homem atua sobre a natureza e a interpretação do mundo natural qualifica a ação humana
no processo de (re)criação dos saberes no manejo dos recursos naturais disponíveis. Assim,
a ação humana ao incorporar conhecimentos e experiências os transmite de geração em
geração, numa dialética de reprodução de saberes vigentes, mas também na instituição de
inovações de práticas e saberes.
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adotados pelos agentes sociais em suas práticas laborais, para modelar a natureza,
transformando-a em bens, produtos e serviços destinadas para suprir suas necessidades
materiais, subjetivas e simbólicas de bem-estar. Nesta lide, ao longo da história, os homens
instituem formas de produzir cada vez mais eficazes e eficientes para ampliar a quantidade
de bens e serviços, reduzindo a quantidade de trabalho necessário. A tecnologia está
relacionada com o modo de produção da sociedade e que esse modo de produção pontua o
desenvolvimento e a relação da tecnologia com a sociedade.
As tecnologias não são apenas equipamento, sistema ou estrutura, são produtos sócio
históricos e culturais, frutos da invenção humana, historicamente construída, expressando
relações sociais das quais dependem, mas também influenciam, ordenadas pelas relações de
poder e interesses diversos.
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Deste modo, entende-se que a tecnologia social é uma tecnologia que abrange mais do
que o lado comercial, do capital propriamente dito, pois se mostra como alternativa para
combater as desigualdades decorrentes do sistema capitalista. A TS é uma tecnologia que
prima pelo social, que tem como pressuposto levar a inclusão daqueles que estão fora do
mercado, conforme expressam os diversos conceitos formulados (Quadro 01).
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Princípio Parâmetros
- Quanto à razão de ser: visa à solução de demandas
1. Aprendizagem e Participação: como sociais concretas, vividas e identificadas pela população;
processos associados, pois aprender implica - Quanto aos processos de tomada de decisão: adotam
participação e envolvimento e participar formas democráticas e coletivas;
implica em aprender; -Quanto ao papel da população: requer participação e
aprendizagem dos atores envolvidos;
2. Transformação Social: implica em
-Quanto à sistemática: há planejamento, aplicação ou
compreender a realidade de forma sistêmica,
sistematização de conhecimentos de forma organizada;
em que diversos elementos combinam-se a
-Quanto à sustentabilidade: abrange as dimensões
partir de múltiplas relações que constroem na
econômica, social, política e ambiental.
realidade;
-Quanto à ampliação de escala: a aprendizagens geradas
3. Respeito às identidades locais: condição para servem de referência para novas experiências e cria as
uma efetiva transformação social; condições favoráveis para as soluções e as forma a
aperfeiçoá-las e multiplicá-las.
4. Geração de saberes e capacidade de
apreensão do indivíduo: os indivíduos são
- Quanto à construção de conhecimentos: a práxis produz
capazes de gerar e apreender novos saberes,
novos conhecimentos.
com base em sua cultura e no intercâmbio
gerado nas relações sociais.
Fonte: Elaborado a partir dos estudos do ITS, 2004.
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Instituição na qual realizei parte de meu doutoramento no final da década de 90.
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LANDRY, 2005; MITCHELL e outros, 2003). Cujo crescimento alicerça-se nas práticas dos
atores que passaram a ser identificados como agentes de desenvolvimento, em face ao
reconhecimento da riqueza do patrimônio cultural que portam e expressam por via das
manifestações artístico culturais emolduradas pelas indústrias culturais.
No Brasil, desde meados dos anos 2000, registra-se uma forte expansão da Economia
Criativa em todo o país, sob a condução do Ministério da Cultura que propõe, entre outras
diversas ações: uma retomada na formulação de políticas públicas no campo da cultura; a
formulação de legislação cultural nas esferas federal, estaduais e municipais; maior presença
da cultura nos discursos políticos (a “culturalização” da política); o apoio para pesquisas no
campo cultural com a criação dos observatórios de economia criativa; a promoção de ações
formativas e de empreendedorismo para o setor (um exemplo são as incubadoras criativas).
O termo Economia Criativa, embora seja relativamente novo, sendo utilizado há menos
de duas décadas, já produz resultados importantes para alavancar a economia capitalista
pelo mundo. Todavia, no interior deste movimento está emergindo uma mudança de
paradigma, expresso numa nova vertente de natureza crítica e perfil irreverente: a Economia
da Cultura. Este conceito, mobiliza os mesmos setores produtivos e transita nas mesmas
esferas sociais da Economia Criativa, porém o novo conceito deriva de um forte movimento
social e acadêmico que crítica a natureza política e os direcionamentos impostos pelo capital
às práticas de economia criativa. Vale enfatizar, que a principal crítica assenta-se no
reconhecimento de que o capital assenhorou-se dos ativos materiais e imateriais, modelando
uma nova senda para seus propósitos expansionistas.
Para tendência emergente, a cultura e a economia são enunciadas como portadoras de
naturezas política diferenciadas e mesmo contraditórias, nesta perspectiva diverso
movimentos sociais utilizam o termo Economia da Cultura como mensageira de uma nova
percepção sobre o significado da cultura, entendida como matriz dinâmica dos sentimentos
e percepções comunitárias, na qual os sujeitos protagonizam suas expressões culturais como
elemento alavancador das condições efetivas de desenvolvimento com sustentabilidade.
Em nossos estudos recorremos à adoção e a construção dos parâmetros analíticos e
explicativos do novo conceito, reconhecendo que o mesmo ainda carece de maior
profundidade e estruturação para superar o perfil operacional e fornecer aportes teóricos
de maior consistência. De certa forma, o direcionamento pautado pelo novo conceito
reconhece que as comunidades locais possuem o legitimo direito de usufruírem de sua
cultura e de seus conhecimentos tradicionais.
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2) Pesquisa em Serviço Social II – esta disciplina possui a seguinte ementa: “As formas de
abordagem investigativa no Serviço Social. As linhas de pesquisa do curso de Serviço Social
da Universidade do Amazonas. A delimitação do tema, a escolha e a problematização do
objeto. A estruturação do projeto de pesquisa - revisão bibliográfica, construção das
categorias analíticas e operacionais.” Ao trabalhar esta disciplina faço-o de forma bastante
dinâmica para estimular os alunos a entenderem que a pesquisa é um metier e approche da
realidade que tem que ser feito com dedicação e muito compromisso. O conteúdo didático
pedagógico proporciona aos alunos a instrumentalização na elaboração do projeto de
pesquisa, em suas partes estruturantes, na construção do método, técnicas e instrumentos.
3) Pesquisa em Serviço Social III- a ementa tem o seguinte enunciado: “Abordagem das
questões teórico-metodológicas relativas a realização da pesquisa. Implementação do
processo investigativo. Orientação na organização e sistematização dos dados coletados.
Elaboração do esboço preliminar do relatório de Pesquisa.” Nesta disciplina, o aluno é
orientado para implementar seu projeto de pesquisa, desde a pesquisa bibliográfica,
documental até a execução em campo. As disciplinas de pesquisa formam um conjunto
sequencial que possibilita que os discentes exercitem a investigação cientifica, entendam seu
significado e efetiva contribuição na produção de conhecimentos qualificados para o
exercício da prática profissional.
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estágio para a realização de uma reflexão crítica, quanto para alavancar o debate sobre as
questões teórico-práticas contribuir com a elaboração de propostas alternativas de ação.
(baseado no Plano da Disciplina Estágio III). Todavia, as disciplinas de estágio, em seu
conjunto articulado e complexo, portam um gigantesco desafio: a interação entre o campo
de estágio e a instituição de ensino. De um lado predomina as dificuldades enfrentadas pelos
profissionais supervisores de campo que com sobrecarga de trabalho padecem para
acompanhar os estagiários, orientando-os no saber-fazer profissional. De outro lado estão
os docentes, supervisores de ensino, que possuem atribuição de visitar o campo, sem
nenhuma forma de apoio institucional, e que também enfrentam extensas carga de trabalho.
A solução está sendo discutida por longa data, mas as alternativas estão longe de conseguir
soluções concretas para debelar as condições de sucateamento das instituições, da
adequação do montante de trabalho ao regime de carga horária especificado para os
profissionais, entre inúmeros outros entraves.
7) Trabalho de Conclusão de Curso – TCC - cuja a ementa explicita que é um: “Trabalho de
natureza científica elaborado pelo aluno a partir de pesquisa teórica ou empírica que
expresse a trajetória por ele percorrida ao longo do curso, na linha da ação-reflexão-ação,
tendo como referência o estágio realizado.” Em relação a orientação de TCC, a cada ano
orientei em média 05 alunos/as na elaboração desta modalidade de trabalho científico. No
entanto, a intenção de levar à prática a construção interdisciplinar (Pierre Bourdieu- 1930-
2002), tornou-se oportunidade efetiva quanto, além de orientar os discentes do Serviço
Social, fui convidada, em oportunidades diferentes, para orientar o estudo para elaboração
de TCC pelos cursos de Enfermagem e Ciências Sociais, estas orientações renderam a
elaboração de artigos e a participação em congressos internacionais para os/as alunos/as
orientados/as.
8) Questões Urbanas e Rurais - essa disciplina de caráter optativa, foi trabalhada por mim
por diversas vezes e sempre me proporcionou imenso prazer por seu conteúdo e pelos
debates que proporcionava é Esta disciplina aborda desde a revolução agrícola à revolução
industrial, discute a questão agrária no Brasil e a mudança do eixo agroexportador para o
urbano-industrial, identificando os processos. A formação das classes sociais no Brasil. As
transformações na agricultura brasileira e a reforma agrária. O complexo agroindustrial.
Em relação a ministração de disciplinas, uma experiência que se tornou marcante na
minha vida acadêmica e gerou um novo campo de atuação, no qual atuo ainda hoje,
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aconteceu quando o Prof. Antônio Carlos Witkosky, que ministrava a disciplina de Sociologia
pelo Departamento de Ciências Sociais para os Curso de Engenharia Elétrica, me convidou
para substitui-lo temporariamente. Durante o período de substituição, o conhecimento
elementar da área de eletricidade em função de ter cursado no ensino médio o curso de
Eletricidade Básica gerou além de minha identificação com a área, a formação do mestrado
como Socióloga, permitiu que eu adaptasse o conteúdo da disciplina aos interesses e
necessidades dos participantes. Assim, houve um grande envolvimento, a geração de debates
e a inúmeras demonstrações de conhecer e interagir com identificação dos alunos/as com as
discussões realizadas pelas Ciências Sociais.
Mediante o interesse e a relevância do movimento que foi gerado, combinei com os
participantes do curso de montar uma enquete para entender a visão que possuíam da
profissão e da sociedade. A participação deles foi fundamental para que o trabalho ganhasse
um escopo que permitiu que a partir do relatório fosse produzido um artigo (O Ser Social do
Engenheiro e a Natureza Social da Tecnologia), que foi aprovado para ser apresentado no
Congresso Brasileiro de Engenharia Elétrica, o diretor e professores foram prestigiar este
momento.
Após a experiência relatada, o Prof. Rubem Rodrigues apresentou o convite para que
pudéssemos elaborar uma proposta de pesquisa conjunta entre docentes, discentes e
técnicos dos cursos de Serviço Social e de Engenharia Elétrica. Desta parceria muitas
experiências e produções foram consolidadas, como mostrarei em diversas outras partes
deste memorial.
A partir de julho/2009 fui licenciada da graduação para exercer cargo executivo na
reitoria da UFAM, seguido de licença prêmio retornei para sala de aula no primeiro semestre
de 2018. Todavia, neste mesmo intervalo de tempo a orientação de projetos de pesquisa e
iniciação cientifica não foi interrompida, ao contrário diversos projetos foram
acompanhados e orientado por mim.
Para identificar de maneira sucinta das contribuições para a minha área de atuação
profissional a partir da ministração de um conjunto de disciplinas ao longo de minha
trajetória, relaciono a seguir os campos e temáticas de estudo e trabalho: movimentos sociais
rurais e urbanos; meio ambiente; assistência social; políticas públicas e sociais. Cujas
abordagens compreendem as temáticas: organização sociocultural dos povos tradicionais da
Amazônia, Inovações e Tecnologias Sociais, Economia Criativa/Economia da Cultura,
Direitos Humanos e Sociais.
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4Lei no. 8662/83, que dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências: Art. 5º, inciso VI;
Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais: Art. 4º. letras d e e; Art. 21, letra c; Parecer Jurídico no.
012/1998 que trata de supervisão direta: conceito, abrangência e alcance; Lei no. 11.788/2008 que dispõe
sobre o estágio de estudantes e dá outras providências; Resolução CFESS no. 533/2008 que regulamenta a
supervisão direta de estágio em Serviço Social; Política Nacional de Estágio da ABEPSS/2010.
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forma continuo marcada pela prática social. Ao tomar por base essa matriz analítica, busquei
adotar seus princípios basilares para exercitar a práxis esforçando-me para cumprir com
compromisso de qualidade e excelência cada atividade formativa e buscando a todo custo
gerar um efetivo investimento em oportunidades de participação social para todos os
envolvidos.
Para tratar sobre os resultados alcançados, em seu conjunto, identifico, dentre outros,
os seguintes: a consolidação das contribuições dos estagiários nos diferentes campos
interventivos; o fornecimento de conteúdos teórico metodológicos relevantes para
estruturar as bases formativas dos estudantes; ampliação da massa crítica por via do debate,
das discussões fundamentadas no contexto da sala de aula; atendimento às demandas
manifestadas pelos alunos ou de acordo com as necessidades percebidas neles; criação de
espaços de debates e reflexões democráticos, criativos e inovadores; fomento ao dialogo
interdisciplinar, sem deixar de reconhecer as especificidades do Serviço Social; o exercício
da ética em todas as ações e orientações, sem contudo fugir aos embates necessários para
alinhar com zelo os parâmetros ordenadores do Projeto Pedagógico do Curso de Serviço
Social.
Assim, relatar de maneira sistematizada a importância de minha contribuição, em que
pese seus limites, faz-se mister descrever de maneira sintetizada o desempenho para
interpretar a temporalidade histórica com protagonismo, apesar dos riscos, dissabores e
interpretações errôneas que tal postura pode suscitar. Nos liames do campo educativo, o
repto sempre presente e intermitente é trazer para o centro do debate novas nuances do
real, a construção de novas conceituação, investir nas precisões e extensões dos indicadores
e o pensar utópico de mirar em novos paradigmas.
Assim, para mapear os possíveis desdobramentos e consequências inerentes ao
trabalho realizado na condição de docente que ministra disciplinas, realiza orientações de
TCCs, orientações e supervisão de estágios, torna-se indispensável reconhecer que a prática
no campo educativo envolve uma multiplicidade de níveis constitutivos da formação dos
futuros profissionais. De acordo com essa premissa, a partir da interação com os educandos,
as ações educativas envolveram a mentoria que balizaram a instrumentalização técnica dos
mesmos com os pressupostos e compromisso profissionais na área do Serviço Social ao
capacitá-los/as nas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa para
o trabalho profissional, conforme as prerrogativas indicadas pelo PNE e da ABEPSS.
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Uma outra iniciativa realizada em parceria com a Profa. Elenise, em meados dos anos
2000, foi a proposta de criação do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e
Sustentabilidade na Amazônia – PPGSS. Nesta empreitada, duas outras colegas foram muito
importantes: a Profa. Yoshico que sempre contribuiu e envidou esforços para implantar,
estruturar e consolidar as iniciativas relativas aos estudos e pesquisas do curso de Serviço
Social; a Profa. Simone que se tornou a primeira coordenadora do PPGSS.
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3) criar canais de diálogo entre diferentes agentes sociais (docentes, alunos, técnicos,
usuários);
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No que tange aos pressupostos teóricos que serviram de base para a atuação no campo
da extensão, dentre os principais estudos destaca-se aqueles produzidos pelo Prof. Michel
Thiollent. Este autor afirma que a complexidade dos desafios, nos quais a extensão atua, às
vezes, gera percepções distorcidas de sua real vocação, relegando-a a uma simples
modalidade de prestação de serviços; assim “não é por acaso que a extensão é, muitas vezes,
objeto de controvérsias e de agudos conflitos ideológicos nas universidades e em matéria de
política universitária em geral.” (THIOLLENT, 2000, p. 20).
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obter respaldo para reivindicar aos órgãos públicos a implantação de um CRAR. O projeto
piloto funcionou por 3 meses, enquanto estávamos sistematizando as informações fui
convidada pelo Ministério do Planejamento -MPOG para participar da elaboração do Plano
Plurianual-PPA do governo da Presidenta Dilma Roussef. Essa participação foi muito
importante para apresentar as demandas das populações rurais da região.
Os resultados obtidos junto às comunidades são atestados em todos os relatórios
semestrais e anuais, nos trabalhos apresentados em eventos acadêmicos científicos e nas
produções bibliográficas (artigos, capítulos de livros e outras) consolidadas pela equipe de
pesquisa e extensão. A identificação dos possíveis desdobramentos e consequências das
ações de extensão podem ser dimensionadas a partir do conjunto de trabalhos produzidos,
da coordenação, do desenvolvimento e da participação em projetos, conforme atestam os
projetos de extensão desenvolvidos sob minha coordenação (Cf. Quadro 04).
A ação investigativa abriga na minha vida um espaço muito significativo e que serve
para uma multiplicidade de propósitos, ao me abastecer com subsídios para o exercício da
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Na UFAM, a minha primeira companheira de pesquisa foi a Profa. Carolina Cássia, entre
1991 e 1994, partilhamos a realização de muitos trabalhos de pesquisa e extensão em
parceria e com diversos alunos/as. A Profa. Elenise Scherer, antes minha professora, quando
eu estava na condição de estudante do Curso de Serviço Social, agora na qualidade de colega
de trabalho mostrou-se uma parceira com idéias inovadoras e compromissada com o avanço
das pesquisas em Serviço Social, em parceria com a Profa. Yoshico, outra querida amiga que
tem sido muito importante tanto na minha vinda para o departamento quanto em toda a
extensão da minha vida com docente. Assim, nós três com apoio dos demais colegas
fundamos e estruturamos o Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas e Social – NUPPSS
para agregar os pesquisadores do curso de Serviço Social e para contribuir na divulgação das
ações e dos resultados de pesquisas realizadas por discentes e docentes do DSS.
Após um ano de trabalho como docente, percebi o quanto seria importante envolver as
áreas de engenharia e exatas em trabalhos interdisciplinares junto aos movimentos sociais.
Assim, em 1992, em parceria com o Prof. Rubem César Rodrigues organizei o grupo de
pesquisas Tecnologias Alternativas – TECALT, tendo como campo piloto de pesquisas o
Assentamento de Reforma Agrária Iporá, no município de Rio Preto da Eva. As pesquisas
realizadas receberam apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT (atual MCTIC) e os
diversos projetos geraram contribuições para políticas públicas (Programa Luz para Todos)
e a participação em diversos fóruns de debates.
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Em meados dos anos 2000, este grupo foi transformado no Centro de Desenvolvimento
Energético na Amazônia - CEDEAM, órgão suplementar na estrutura da UFAM, sob a
coordenação do Prof. Rubem Rodrigues. Em 2001, passei a atuar junto ao grupo apenas em
parceria, não mais como parte da equipe.
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entre outros inúmeros resultados. Este grupo permanece sob minha coordenação desde
outubro de 2013.
Nesta parte relacionarei as diversas redes de pesquisa às quais estou inserida como
pesquisadora. As ações de pesquisa, extensão universitária e inovação tecnológica
desenvolvidas pelo Grupo Inter-Ação são vinculadas ao Parque Científico e Tecnológico para
Inclusão Social (PCTIS/UFAM) e ao Observatório de Economia Criativa do Amazonas
(OBEC/AM) que se articulam nas seguintes redes internacionais de pesquisa:
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Metodologia de pesquisa e desenvolvimento de inovação aberta centrada no usuário, criada por William Mitchell,
no Massachusetts Institute of Technology – MIT.
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Outro modelo de inovação aberta e orientada pelo usuário são os Citizen Labs, ou Laboratórios Cidadãos, conceito
iniciado na Europa, na década de 1990.
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1. desde 2008 - Coordenadora Local da Rede European Network of Living Labs ENoLL;
2. desde 2016 - Coordenadora Estadual Red Académica Internacional de Estudos
Organizaçionales en América Latina, el Caribe e Iberoamérica- ReoalCel - Projeto Gênero
e Inclusão Social na Amazônia: estudo com mulheres empreendedoras no Estado do
Amazonas;
3. desde 2018 - Coordenadora Regional da Red MULTIBEN-CYTED- Programa
Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo - Projeto Ações Integradas de
Pesquisa-Ação e Extensão Tecnológica para Inclusão Social em Comunidades Urbanas e
Rurais na Amazônia;
4. desde 2009 – Coordenadora Estadual do Grupo de Estudo em Inovação Tecnológica em
Saúde – Internacional - GESITI;
5. desde 2008 – Membro da Red Laboratorios Cidadanos – América Latina, Europa e Caribe.
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Após 2 anos como docente na UFAM tive minha primeira experiência na área
administrativa, em 1993, junto com a colega Luziele Tapajós assumi a gestão do DSS, ela
como chefe e eu como sub-chefe, em 1994 assumi a chefia do DSS, num momento muito
crítico da minha vida, pois minha avó (mãe de criação) que padecia de uma doença crônica
veio a óbito enquanto eu coordenava uma reunião de departamento. Esse fato deixou-me
muito frustrada e depressiva durante muito tempo. Todavia, em função da situação de
enfrentarmos quadros reduzidos pela necessidade de liberação dos docentes para
capacitação fora do estado, ainda uma segunda vez fui eleita para o mesmo cargo.
Ao final do ano de 1995 fui aprovada para realizar o doutorado, assim no inicio de 1996
desloquei-me de Manaus para Campinas para estudar. O retorno para Manaus aconteceu em
setembro de 2000, ao retornar assumi a Coordenação do Estágio no Departamento de
Serviço Social e, em 2001 fui eleita Chefe do DSS por 2 anos. Este foi um período de muitos
enfrentamentos, pois meu marido estava fazendo doutorado em Campina Grande na Paraíba
e enfrentou um grave problema de saúde que requereu que eu o acompanhasse por 2 meses.
Os anos seguintes foram muito intensos e intensivo em trabalho de pesquisas e
extensão, todavia desde 2005 eu experimentava muitos sintomas (fortes dores nas
articulações). O que me fez recusar o convite do Reitor, Professor Hidemberg Frota para ser
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O NIT/UFAM, criado em 2007 através de Portaria do Gabinete do Reitor nº 1.498 em 10/08/2007, atendendo à Lei
de Inovação 10.973 de 2/12/2004.
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e com critérios de valorização dos CTAs. Para tal foram efetuadas as mudanças em termos
conceituais e operacionais no NIT. O processo de reestruturação teve como objetivo geral
implementar a política de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica
institucional com a viabilização de estratégias e ações relacionadas à propriedade
intelectual, à difusão de conhecimentos nos âmbitos interno e externo à região. Cujos
objetivos específicos são: fomentar as práticas de inovação tecnológica; promover uma
cultura de Propriedade Intelectual/Industrial (PI) junto aos docentes/pesquisadores,
técnicos e discentes na instituição; efetuar o registro legal dos conhecimentos, marcas,
produtos e processos desenvolvidos na UFAM e parcerias; afirmar o papel da UFAM como
instituição de produção de inovação no cenário regional; fortalecer e ampliar as parcerias
internas e externas à UFAM nas redes de inovação; captar recursos informacionais,
financeiros e humanos para apoiar as práticas de inovação no âmbito institucional;
desenvolver ações de capacitação de pesquisadores/docentes, discentes e técnicos sobre
inovação, proteção, difusão e transferência de tecnologia; atuar na proteção dos saberes
tradicionais e no incentivo ao desenvolvimento de tecnologias sociais; disciplinar a
repartição de benefícios entre os agentes e/ou instituições de inovação envolvidas com o
reconhecimento dos criadores e a valorização dos mesmos no âmbito acadêmico e social;
disseminar informações para a sociedade da produção técnica, científica e tecnológica da
UFAM; efetivar parceria com outras instituições públicas e privadas para produção de
inovação, proteção e transferência de conhecimentos tecnológicos.
Este conjunto de ações foram fundamentais para a estruturação da PII, que foi
aprovada pelo Conselho Superior da UFAM – CONSUNI, gerando alguns marcos históricos
importantes: a criação da primeira Pró-reitoria de Inovação em ICTs do país, a PROTEC
(set/2011); a primeira política institucional de inovação (mecanismo que foi incorporado
pela nova Lei de Inovação de 2015); a criação inovadora de um Sistema Local de Inovação
no âmbito institucional; a regulamentação da proteção dos CTAs e da repartição justa de
benefícios, entre outros instrumentos e mecanismos de politica institucional. Sob o suporte
firme da gestão UFAM:
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Anos Eventos
2009/02 2
2010 7
2011 7
2012 4
2013 7
2014 20
2015 58
2016 24
2017/1 10
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Anos Projetos/Programas
2009 0
2010 2
2011 5
2012 5
2013 8
2014 10
2015 24
2016 168
2017/1 168
Anos Bolsas
2009/02 0
2010 5
2011 8
2012 17
2013 127
2014 187
2015 214
2016 108
2017/1 40
Fonte: CHAVES. Relatório de Gestão PROTEC, 06/2009-2017/2, 2017
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No Brasil, a criação do Observatório Nacional de Economia Criativa, pelo Ministério da Cultura, em 2012, resultou
na necessidade da criação dos observatórios estaduais. Cinco projetos apresentados por universidades brasileiras
foram aprovados (UFAM, UNB, UFRGS, UFG, UFF) e implantados como parte da política de projetos estruturantes
do Ministério da Cultura (CHAVES, 2013).
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patrimônio histórico material e imaterial, artes, design das etnias indígenas, marchetaria e
tecnologias sociais, biotecnologia do bioma amazônico e mídias (CHAVES, 2012; 2013).
As pesquisas realizadas pelo OBEC-Am apontaram um conjunto de desafios e
potencialidades da EC no estado do Amazonas. Diferente dos resultados no cenário geral
brasileiro, onde prevalece o destaque para os segmentos culturais produção teatral, música,
editorial e cinema, os segmentos que mais despontam para esta modalidade de economia no
Amazonas são o artesanato e o Turismo de Base Comunitária e Sustentável, o qual está
intimamente ligado com a cultura regional. Todavia, esta área constitui-se como uma
temática nova e que necessita de aprofundamentos teórico-analíticos mais consistentes, que
consigam dar conta do conjunto diverso de particularidades culturais locais no mosaico que
compõem o Amazonas, por sua extensão geográfica. exposições artístico culturais.
Uma outra ação importante foi a proposta de criação da Incubadora Amazonas
Indígena Criativa no município de Parintins (AmIC), incubadora que em parceria com o MinC
apoia as experiências dos empreendedores que trabalham com Economia Criativa e
Economia da Cultura, sendo a primeira neste gênero no Brasil, tornando-se referência para
geração de empreendimentos criativos que abrigam artefatos e modelos produtivos
inusitados e inovadores, além de possibilitar a difusão de uma rica e singular manifestação
da cultura dos povos que estão situados no coração da Amazônia. A AmiC abriga os
empreendimentos criativos, dentre eles destacam-se: Kbças Gniais, Murumuru Biojoias,
Artesanatos Martins e Arte Poranga Nativa.
O incentivo, apoio institucional e com infraestrutura e bolsas direcionadas para as
práticas de inovação social, pautaram-se pelo entendimento da necessidade urgente da
construção de um novo paradigma técnico produtivo e de ciência, tecnologia e inovação,
ancorado nas necessidades identificadas na realidade concreta e vivida; como condição para
a sustentabilidade na produção do desenvolvimento. Nesse sentido, o exercício desta
modalidade de inovação requer que se tome como referência algumas orientações, entre elas
destacam-se: o redimensionamento dos modelos de produção e consumo; o exercício da
criatividade nos métodos, nas técnicas e no uso das tecnologias e de gestão dos recursos
naturais para adoção das práticas de sustentabilidade; o atendimento das necessidades
essenciais (determinadas social e culturalmente) tomando como referência a formulação e
viabilização das políticas públicas democráticas e inclusivas; e o, por fim, o exercício da
solidariedade e da equidade social entre gerações e em cada geração.
Para o atendimento a esses requerimentos e orientações torna imperioso para a
sociedade como um todo envolver-se numa atuação em prol da superação das disparidades
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duas cirurgias e durante a gestão a intensidade exigida pelas inúmeras diligências do cargo
gerou sérios desgastes na minha saúde.
Desde que conclui o tempo de gestão já me submeti a vários procedimentos no esôfago
acompanhada pela Dra. Eponina, no Hospital Universitário da UFRJ. Vale ressaltar que os
problemas de saúde me fazem reconhecer meus limites e valorizar cada passo que dou, pois
cada ação que consigo realizar, sinto o coração repleto de gratidão e agradecimentos por
poder conseguir manter uma vida ativa.
Durante o período de gestão, todas as responsabilidades que assumi o fiz com muito
entusiasmo e garra, mas sempre busquei não me apegar a qualquer posição que o cargo
poderia auferir, e também reconhecer que as limitações vigentes não podiam ser vistas como
fatos intransponíveis e/ou imutáveis, assim ao concluir o tempo determinado o fiz com
muita alegria pelo dever cumprido.
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Revisor/Referee de periódicos
Desde 2002 - Revista de Extensão - Socializando Experiências (nacional)
Desde 2015 - Revista Igapó (regional)
Desde 2011 - Acta Amazônica -INPA
Desde 2013 - Revista Brasileira de Pós-Graduação
Desde 2014 - Psicologia: Teoria e Pesquisa (UnB. Impresso)
Desde 2005 - Revista Científica da Faculdade Dom Bosco
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Assessoria/Consultoria Ad Hoc
Consultora para avaliação de projeto do Programa Iberoamericano de Ciencia y
Tecnologia para el Desarrollo -CYTED - Desde 2013;
Membro do Comitê Ministerial de Economia da Cultura do Ministério da Cultura – 2015-
2016;
Consultora Ad Hoc da Comissão de Assessoramento do CNPq – desde 2007
Avaliadora Institucional, de Cursos Presenciais e à Distância do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior – SINAES/MEC- Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-INEP/MEC – desde 2007
Consultora Ad Hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas -
FAPEAM– desde 2004
Consultora Ad Hoc da Fundação de Amazônia Paraense - FAPESPA – desde 2015
Consultora Ad Hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo
FAPES– desde 2010
Consultora Ad Hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG –
desde 2017
Consultora Ad Hoc da Fundação de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FAPEMA
– desde 2004
Consultora Ad Hoc da Fundação Pró-Amazônia – desde 2004
Consultora Ad Hoc da Fundação Amazônia Viva – desde 2018
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – desde 2004
Consultora Ad Hoc da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-
CAPES – desde 2015
Consultora Ad Hoc da Comissão de Seleção do Programa de Pós-Graduação em
Biotecnologia – desde 2003
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No percurso como educadora, embora toda a produção tenha sido feita focalizada e
direcionada para alcançar conquistas de cidadania para os segmentos sociais envolvidos nos
estudos, devo admitir que em diversos momentos o reconhecimento pelo trabalho, em face
ao recebimento de mais de 40 homenagens concedidas por diversas instituições públicas,
privadas, Organizações Não-Governamentais, órgãos de Ciência e Tecnologia e entidades
Profissionais e Confessionais.
Por certo todas as premiações foram de grande relevância pela valorização e o apoio
gerados em relação aos estudos e pesquisas realizados, pois as homenagens recebidas
geraram oportunidades em termos de ampliar a visibilidade em relação às causas em
questão nos trabalhos e da projeção, difusão, publicização e socialização a que elevaram
nossa produção técnico cientifica. De acordo com o exposto apresento apenas algumas das
honras universitárias e prêmios de cunho científico e cultural recebidos:
Em 2018 - recebimento da Láurea “João F. Meira de Vasconcellos de Inovação
Farmacêutica” da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil;
Em 2018 - Prêmio pela orientação da Melhor Dissertação de 2017 do PPGSS concedido
pela PROPESP/UFAM
Em 2016 - Prêmio de Melhor Trabalho no I Simposio Internacional de la REOALCeI, na
Ciudad de Maztlán, Sinaloa-México
Em 2014 - Gold IGEM como Gestora na Competição Internacional de Engenharia de
Sistemas Biológicos - Massachusetts Institute of Technology – MIT, Boston, EUA
Em 2004 – Atuação Profissional Relevante da Região Norte Associação Brasileira de
Ensino e Pesquisa em Serviço Social -ABEPSS
Em 2010 - Medalha “Cidade de Manaus” homenagem concedida pela Câmara de
Vereadores da Cidade de Manaus
Em 2002 - Mérito Comunitário pela Prefeitura de Manaus
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5.Considerações Finais
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No que tange aos afazeres laborais, ao contrário do que possa parecer, a realização de
muitas tarefas não foi pautada por produtivismo ou outro impulso similar, mas pelo imenso
desejo de contribuir e implementar com êxito os compromissos assumidos. Assim segui
fazendo desde as mínimas coisas com muito prazer, gratidão aos que por certo ajudaram e
com a humildade de reconhecer meus muitos limites, mas também por reconhecer no
horizonte da práxis, um campo aberto de possibilidades, em que arte, ciência e fé vicejam
justapondo-se, num fluxo em que dialeticamente efetivam-se organicamente juntas e
misturadas. Posto que partilho a máxima que afirma que: Ao partires, é importante que o
mundo esteja melhor do que quando chegaste, porque tu viveste nele (autor desconhecido).
De acordo com o que venho expondo, é possível identificar que em minhas práticas
mesclo fé, ciência e arte, na valorização da criatividade e na geração de inovações. Benedict
(2013, p. 14) argumenta que: a história de vida da pessoa é primeiro e acima de tudo uma
adaptação aos padrões e critérios tradicionalmente transmitidos de uma geração para outra
na sua comunidade. No entanto, por mais que eu reconheça a força cultural de uma geração
sobre a outra, os estudos nas comunidades formadas por povos tradicionais, de diversas
formas indicam que há uma força criativa que mobiliza os agentes sociais, mantendo
determinados padrões, mas instituindo novos valores numa dialética de (re)criação.
Entendo que cenas, imagens e metáforas que expressam a dinâmica da realidade resultam
das práticas que associam arte, ciência e fé.
Ao cogitar neste memorial sobre os múltiplos valores e interesses que me conduziram
a assumir afazeres e compromissos pessoais e profissionais, seja como ser artesã
(reciclagem e crochê), educadora e cidadã, recordei a epígrafe que utilizei na abertura do
meu TCC de Serviço Social (1986), que passo a reproduzir a seguir:
“Finalmente, a resposta ao porquê. A lição que tinha sido tão difícil
de encontrar, tão difícil de se aprender, veio rápida, clara e simples.
A razão para os problemas é vencê-los. Porque, pensei, esta é a
verdadeira natureza do homem: ir além dos limites para provar sua
liberdade. Não é o desafio com que nos deparamos que determina
quem nós somos e o que estamos nos tornando, mas a maneira que
respondemos ao desafio, se tocarmos fogo nos destroços ou
trabalhamos até o fim, passo à passo, para a liberdade.(...) existe, não
uma chance cega, mas um principio que funciona para nos ajudar a
compreender, um milhão de ‘coincidências’ e amigos que vem para
nos mostrar o caminho quando os problemas parecem difíceis
demais para serem resolvidos sozinhos. Problemas para vencer,
liberdade para provar. E, enquanto acreditamos no nosso sonho,
nada [é] por acaso.” (Richard Bach, O Biplano, 1966)
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pastarão juntos (...) e no meu monte santo não acontecerá nada que seja mau ou perigoso.
(Isaías, 65:25). E também dos Estatutos do Homem que entende que: Art. I – Fica decretado
que agora vale a verdade, que agora vale a vida e que de mãos dadas trabalharemos todos
pela vida verdadeira.
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6. Referências