Felipe Giacomini
Passo Fundo
2015
Felipe Giacomini
Passo Fundo
2015
Felipe Giacomini
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Profª. Vera Maria Cartana Fernandes – Doutora
Coordenadora do Curso
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Prof. Vinicius Scortegagna – Mestre
Coordenador da Disciplina de TCC
BANCA EXAMINADORA:
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Luciana Londero Brandli - Doutor
Orientadora
Universidade de Passo Fundo
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Adalberto Pandolfo - Doutor
Universidade de Passo Fundo
____________________________________________
Juliana Kurek - Mestre
Universidade de Passo Fundo
Dedico este trabalho a meus pais,
Ipólito e Mariodote e a minha irmã Thaise,
por possibilitarem a realização deste sonho
sempre me dando muito apoio, amor e carinho.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................10
1.1 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................10
1.2 OBJETIVOS..................................................................................................................11
1.2.1 Objetivo geral................................................................................................................11
1.2.2 Objetivos específicos.....................................................................................................11
2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................12
2.1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO......................................................................................12
2.1.1 Nascimento do sistema de produção enxuta.................................................................12
2.1.2 Estrutura de sustentação do Sistema Toyota de Produção............................................12
2.2 PENSAMENTO ENXUTO E SEUS PRINCÍPIOS......................................................13
2.3 PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA.............................................................14
2.4 CONSTRUÇÃO ENXUTA NO BRASIL.....................................................................17
2.5 BASE CONCEITUAL DA CONSTRUÇÃO ENXUTA..............................................17
3 MÉTODO DA PESQUISA OU PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........19
3.1 MÉTODOS DE PROCEDIMENTOS...........................................................................19
3.2 MÉTODOS DE ABORDAGEM...................................................................................19
4 ANÁLISES E RESULTADOS....................................................................................20
4.1 ESTUDO DE CASO 1..................................................................................................20
4.2 ESTUDO DE CASO 2..................................................................................................32
4.3 ESTUDO DE CASO 3..................................................................................................42
4.4 ESTUDO DE CASO 4..................................................................................................51
4.5 COMPARAÇÃO ENTRE A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS EM CADA OBRA
ESTUDADA.............................................................................................................................63
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES.........................................................64
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................64
5.2 SUGESTÕES................................................................................................................65
REFERÊNCIAS......................................................................................................................66
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 OBJETIVOS
1https://www.ufmg.br/boletim/bol1216/pag5.html
2 REVISÃO DE LITERATURA
Segundo COSTA e JARDIM (2010) o pensamento enxuto é uma maneira de você pensar a
melhoria e a (re)organização de um ambiente produtivo. Para os autores fazendo com que os
clientes internos (funcionários) percebam o que é valor, será possível identificar e eliminar
desperdícios através do melhoramento contínuo dos processos de produção.
Segundo CASTRO (2014) os cinco princípios do pensamento enxuto são:
1) Valor:
Um dos principais objetivos de qualquer empresa é satisfazer as necessidades do
cliente e obter lucro, por isso o valor é o primeiro princípio do pensamento enxuto. Para o
cliente a necessidade gera o valor e cabe a empresa identificar o problema do cliente,
solucioná-lo e cobrar um valor justo por isso.
2) Fluxo de Valor:
O segundo passo é identificar o fluxo de valor, que significa separar de maneira
organizada a cadeia produtiva e separar os processos em três tipos: aqueles que efetivamente
geram valor, aqueles que não geram valor mas que são importantes para a manutenção dos
processos de qualidade e aqueles que não agregam valor e devem ser eliminados.
3) Fluxo Contínuo:
As atividades que agregam valor devem ser executadas sem interrupções, eliminando
os desperdícios e reduzindo o templo de ciclo das atividades. A implantação do fluxo contínuo
resulta no aumento da produção, onde a empresa consegue quase que instantaneamente
satisfazer algumas necessidades dos clientes.
4) Puxar:
As empresas não empurram mais os produtos para o cliente. Afim de eliminar estoques
a empresa passa a produzir somente quando é demandado, ou seja, o cliente “puxa” a
produção.
5) Perfeição:
A partir da execução correta dos princípios anteriores, buscasse a perfeição, mas para
tal acontecer é de suma importância que qualquer tipo de problema seja identificado no inicio
da produção para que sejam resolvidos rapidamente5.
KOSKELA (1992) apud COSTA ANTUNES, apresenta uma série de princípios para a
gestão de processos, são onze princípios a seguir.
1º Princípio: Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor
5https://sapientes.wordpress.com/2014/03/06/o-pensamento-enxuto-e-os-cinco-principios
Organizando o canteiro de obras, para que visualmente seja fácil a identificação
de possíveis problemas e atrasos;
Implantando uma logística interna, diminuindo a distância entre os materiais, os
equipamentos e local de utilização dos mesmos.
10º Princípio: Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões
Controlando o fluxo, facilitando a implementação de novas tecnologias de
conversão;
Organizando estoques e fluxo de materiais.
Font
e: KOSKELA (1992) apud KUREK (2005)
3 MÉTODO DA PESQUISA OU PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A seguir serão comparados exemplos de obras publicadas por autores que fizeram
estudos voltados para a construção enxuta, com as obras encontradas no município de
Sarandi.
Serão analisados cada princípio da construção enxuta nas diferentes obras estudadas e
como os mesmos foram implantados nos canteiros de obra. Nas obras em que os princípios da
construção enxuta não estão presentes, serão dadas sugestões para a implantação dos mesmos
para a melhora do rendimento da produção, para a diminuição do desperdício e para se ter um
maior controle sobre o processo de produção.
A primeira obra em estudo fica no município de Belém – PA, onde o estudo foi
realizado pelos acadêmicos Oyama e Mota 2010. Os autores do estudo participaram da
execução da obra, onde a construtora que executou o empreendimento implantou os métodos
da construção enxuta em seu processo de produção, onde os alunos puderam analisar como foi
implantado cada princípio da construção enxuta.
Para este mesmo princípio os autores deste estudo puderam analisar mais exemplos de
redução de atividades que não agregam valor para a obra como melhorando o processo de
limpeza, ondefoi construída uma rampa de madeira com seguimento para o contêiner de
armazenamento de entulho com o intuito de jogar todo o entulho dentro dos carrinhos
diretamente nele, eliminando uma boa parcela de atividades que não agregam valor neste
processo.
Para este mesmo princípio foram analisados os projetos arquitetônicos dos pavimentos
tipos e analisadas as quantidades de blocos cerâmicos que seriam necessários para a execução
da alvenaria de cada pavimento, após isto os blocos cerâmicos foram organizados em paletes
na quantidade necessária para a execução de cada cômodo e em seguida transportados até o
posto de trabalho em que os mesmos seriam utilizados. Outro fato apurado pelos autores do
estudo foi que este transporte dos blocos era realizado fora do horário de expediente, onde a
empresa pagava hora extra para os funcionários envolvidos no transporte, desta forma era
possível eliminar uma etapa deste processo de execução.
3) Reduzir a variabilidade
Segundo os autores do estudo, a empresa reduzia a variabilidade dos materiais
inspecionando os mesmos no momento em que eram entregues na obra, analisando as
dimensões dos blocos cerâmicos, a conservação dos sacos de cimento, da ferragem etc. Era
utilizado um modelo de ficha de controle de material afim de auxiliar nesta fiscalização.
Outra forma que foi utilizada a fim de eliminar etapas, foi a utilização de vergas pré
moldadas, onde as mesmas foram instaladas pelo pedreiro sem haver a necessidade de
interromper o processo de produção da alvenaria, o que geraria uma atividade que não agrega
valor a obra.
Também foi utilizado um tapume afim de melhorar a aparência e causar boa impressão
para os clientes.
Figura 18 – Tapume Utilizado pela Empresa
A segunda obra em estudo fica no município de Passo Fundo – RS, onde o estudo foi
realizado pela Engenheira Civil Juliana Kurek.
A autora do estudo participou da execução da obra, onde a construtora que executou o
empreendimento implantou os métodos da construção enxuta em seu processo de produção,
onde a autora do estudo pode analisar como foi implantado cada princípio da construção
enxuta.
7) Aumento da transparência
Segundo a autora do estudo, no sentido de aumentar a transparência dos canteiros, foi
implementado o programa 5S, onde o canteiro foi divido em áreas e foram aplicados os cinco
sensos (Utilização, Ordenação, Limpeza, Disciplina, e Asseio). Eram realizadas auditorias
semanais e mensalmente era divulgada a equipe vencedora, com premiação aos membros da
equipe.
Figura 34 – Equipe vencedora 5S
Segundo a autora do estudo, foi utilizado um tapume afim de gerar uma imagem
positiva da empresa, junto aos clientes.
Fonte:Kurek 2005
Na figura 42 é possível observar outra atividade que não agrega valor a obra, pois o
operário esta utilizando o vibrador convencional, necessitando assim da ajuda de mais um
operário.
Neste caso o ideal seria a utilização de um vibrador portátil, pois o mesmo necessita de
apenas um operário para executar o serviço, eliminando assim uma atividade que não agrega
valor a obra.
Figura 43 – Exemplo de Vibrador Portátil que Poderia ser Utilizado
3) Reduzir a variabilidade
Em relação aos materiais, esta variabilidade pode ser evitada através de inspeções no
momento da chegada do material a obra, verificando-se por exemplo as dimensões dos blocos
cerâmicos, a conservação dos sacos de cimento, a conservação da ferragem e etc.
Pôde-se observar no canteiro de obras, que não existe este controle, porque o
fornecedor leva o material até a obra, deposita o mesmo em frente ao canteiro de obras, na
própria calçada e vai embora. O que é conferido na entrega do material é somente se a
quantidadeesta de acordo com a que foi solicitada.
Além disso, os funcionários que estão executando determinados serviços param suas
atividades para transportar o material para um local seguro dentro do canteiro de obras, pois
uma parte da obra esta em fase de terraplanagem, fazendo como que os fornecedores não
consigam ter acesso ao canteiro. Gerando assim mais atividades que não agregam valor para a
obra.
Segundo a gerência da obra, a empresa não tem avaliação para nenhum tipo de
fornecedores, podendo assim a areia que chega um dia na obra, ser completamente diferente
no mês seguinte, pois não existe amostras de areias ideais para a execução dos serviços.
Em relação a este princípio, seriam necessárias grandes mudanças em relação ao
recebimento de materiais e estocagem dos mesmos. Poderiam ser utilizadas fichas de
verificação de materiais, que avaliariam a quantidade, o aspecto, esquadro e dimensões de
materiais, facilitando assim uma avaliação dos tipos de materiais que os fornecedores estão
entregando na obra.
Figura 47 – Exemplo de Ficha de Verificação de Materiais que Poderia Ser Utilizada
7) Aumento da transparência
Existem algumas formas de aplicar este princípio no canteiro de obras como,
eliminando possíveis obstáculos visuais, utilizando cartazes que indiquem o local de depósitos
de materiais e como armazená-los, indicadores de desempenho que tornem visíveis atributos
do processo, implantando o programa de melhoria e limpeza 5S.
Na obra em estudo para se implantar este princípio seriam necessárias medidas
urgentes, pois o canteiro de obra não se encontra com nenhum dos requisitos mencionados a
cima.
Figura 48 – Obstáculos Visuais
Segundo a gerência da obra foram realizadas reuniões com os clientes que adquiriram
apartamentos e os mesmos puderam optar por modificar acabamentos, optar por sacada
fechada ou aberta, nivelada ou com caimento, estas reuniões ocorreram ao longo do processo
de execução do empreendimento.
Pode-se dizer que este princípio é aplicado parcialmente na obra, pois verificou-se que
existe o controle e a inspeção dos serviços executados, porém não existe uma Ficha de
Controle de Verificação de Serviço, onde estas fichas poderiam ser armazenadas, gerando
assim um banco de dados.
A ficha de verificação de serviço que a empresa poderia utilizar para a inspeção de
serviços é um modelo semelhante ao da figura 9.
3) Reduzir a variabilidade
Segundo ISATTO (2000) apud SANTANA 2011, existem diversos tipos de
variabilidade, relacionados ao processo de produção, como por exemplo, a variação
dimensional dos materiais entregues, a variabilidade existente na própria execução de um
determinado processo e a variabilidade da demanda, que está relacionada aos desejos e às
Para implantar este princípio na obra, seria interessante que mais de um quesito fosse
avaliado na entrega do material, o ideal seria implantar um sistema de controle onde fosse
possível avaliar mais de um item, utilizando uma ferramenta de controle como o da figura 10.
Também pode-se analisar as figuras 52 e 53 para verificar que o aço utilizado não é
cortado e dobrado previamente, acarretando assim em atividades que não agregam valor para
moldar este ferro de acordo com o projeto.
A sugestão para a aplicação total deste princípio na obra, seria a utilização de vergas
pré moldadas para não necessitar interromper a produção de alvenaria e a compra de aço
cortado e dobrado para não necessitar fazer este serviço posteriormente, eliminando assim
partes do processo de execução.
Nas obras de OYAMA e MOTA 2010 e KUREK 2005, é possível observar que todos
os princípios são aplicados com êxito, garantindo assim uma maior produção nos serviços e
uma maior qualidade.Pode-se observar que com a aplicação de todos os princípios nas obras
dos autores citados, são eliminados muitos desperdícios e atividades que não agregam valor
para a obra.
Já nas obras encontradas no município de Sarandi- RS, é possível perceber que a
aplicação de todos os princípios esta longe de ser uma realidade nos canteiros de obra em
estudo.
O que se pode afirmar é que o desperdício nas obras encontradas em Sarandi – RS é
muito superior as analisadas por OYAMA e MOTA 2010 e KUREK 2005, além da qualidade
das obras analisadas pelos autores citados serem superiores devido a aplicação correta de
todos os princípios.
A maior dificuldade encontrada para a aplicação dos princípios em Sarandi, é a grande
resistência por mudanças e quebras de paradigmas antigos. Em uma das obras analisadas em
uma conversa informal com o mestre-de-obras foi comentada a necessidade de se implantar
um sistema que diminuísse o desperdício e aumentasse a produção, como resposta, o mesmo
citou que executava obras a cerca de 40 anos e que não haveria necessidade de mudar agora o
que estava dando certo. O que se pode garantir é que a construção enxuta não quer mudar o
que esta dando certo e sim melhorar ainda mais o que esta dando certo, melhorando os
processos construtivos, racionalizando os processos e otimizando os fluxos existentes dentro
da obra, visando uma maior produção.
Pelo que pode-se analisar nas obras estudadas por OYAMA e MOTA 2010 e KUREK
2005, são notórias as melhoras proporcionadas pela aplicação dos onze princípios.
Pode-se verificar que o estudo atingiu o seu objetivo, mostrando os diversos
problemas encontrados nos canteiros de obra sarandienses, isto só demonstra como os dados
mencionados por FORMOSO (2000) que informa que cerca de dois terços (67%) do tempo
gasto pelos trabalhadores em um canteiro de obras estão nas operações que não agregam
valor: transporte, espera por material, retrabalhos.
5.2 SUGESTÕES
Como sugestão de futuros trabalhos que possam vir complementar e aperfeiçoar este
pode-se citar:
A implantação dos princípios da construção enxuta nos canteiros de obra
sarandienses
Análise se a implantação dos princípios nos canteiros de obra sarandiense deu
certo, analisando se houve aumento de produção e minimização dos desperdícios.
REFERÊNCIAS
COSTA R.S.; JARDIM E.G.M. Os cinco passos do pensamento Enxuto Net. Rio de Janeiro,
2010. Disponível em: <http://www.trilhaprojetos.com.br>. Acesso em:
DESPERDÍCIO na construção civil pode chegar a 25% do valor de uma obra. E quem paga a
conta é o consumidor. Disponível em:
<http://notes.abcp.org.br:8080/producao/clipp/clipp.nsf/59dac160bc7df2ba03256aef00407549
/20ee6159d1a59a4883256d8200644790?OpenDocument>. Acesso em: 18 ago. 2015.
SOUZA, UbiraciEspinelli Lemes de. Como reduzir perdas nos canteiros: Manual de gestão
do consumo de materiais na construçãocivil. São Paulo: Saraiva, 2005.