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CAPÍTULO 5
RETA
Definição: Seja (r) uma reta que contém um ponto A e tem a direção de um vetor
r r r
v , com v ≠ 0 . Para que um ponto X do ℜ3 pertença à reta (r) deve ocorrer que os
r r
vetores AX e v sejam paralelos. Assim, existe um escalar t ∈ ℜ tal que: AX = tv
r r
⇒ X − A = tv ⇒ X = A + tv . Esta expressão é chamada de equação vetorial da
reta.
z
(r)
AX X
A
r
v
y
o vetor diretor da reta (r) como sendo o vetor AB ou BA , pois ambos são paralelos
(r) : X = B + t ⋅ BA .
(r)
AB B
A
(r)
AB B
A
CÁLCULO VETORIAL E GEOMETRIA ANALÍTICA
Luiz Francisco da Cruz – Departamento de Matemática – Unesp/Bauru
Por exemplo: considere a reta (r) determinada pelos pontos A(1,3,0) e B(-1,2,1).
(r) : X = (1,3,0) + t ⋅ (−2,−11) que é a equação vetorial da reta (r). Assim, para cada
valor real do parâmetro t substituído na equação vetorial da reta vamos obter seus
infinitos pontos, ou seja:
x − xo y − yo z − zo
Então: (r) : = = para x1 ≠ 0, y1 ≠ 0 e z1 ≠ 0 . Esta forma de
x1 y1 z1
Sejam P1(x1, y1, z1), P2(x2 , y2 , z2 ) e P3(x3, y3, z3 ) três pontos colineares, ou
seja, alinhados. Logo, eles pertencem à mesma reta (r). Seja (r) a reta
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Luiz Francisco da Cruz – Departamento de Matemática – Unesp/Bauru
x − x1 y − y1 z − z1
(r) : = = . Como P3 pertence à reta (r), ele satisfaz a equação
x2 − x1 y2 − y1 z2 − z1
x3 − x1 y3 − y1 z3 − z1
de (r), ou seja: = = . Esta relação é chamada de condição de
x2 − x1 y2 − y1 z2 − z1
Solução: Lembre que, uma reta está na forma simétrica quando sua equação é
x − xo y − yo z − zo
escrita como (r) : = = para x1 ≠ 0, y1 ≠ 0 e z1 ≠ 0 , ou seja,
x1 y1 z1
do vetor diretor.
x − 2 y −1 z +5 A(2,1,−5)
a) (r) : = = ⇒ r
−3 1 2 v = (−3,1,2)
b) A reta (s) não está adequadamente escrita na forma simétrica. Fazendo:
2x 2 −y 1 3 z
− − −
(s) : 2 2 = − 1 − 1 = − 1 − 1. Agora, na forma simétrica, vem:
3 1 −2
2 −1 −1
A(1,−1,3)
x − 1 y + 1 z − 3 r
(s) : = = ⇒ 3
3 −1 2 v = ,−1,2
2
2
1
x−
paramétrica, vem: (m) : 3 = 2z − 5 e y = −4
2
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1
x − 3 1 1
= t ⇒ x = + 2t 1 5
x = + 2t
A ,−4,
2 3 3 3 2
⇒ y = −4 ⇒ y = −4 + 0t ⇒ (m) : y = −4 + 0t ⇒
v = 2,0, 1
r
5 1 5 1
2z − 5 = t ⇒ z = + z = + t 2
2 2 2 2
Exemplo (2): Dada a reta (r) : X = (1,1,−3) + t(2,3,1) , verificar se os pontos P(5,7,-
Dizemos que duas retas são coplanares se elas estão contidas no mesmo
plano. Caso não exista um plano que as contém dizemos que elas não são
coplanares. Por exemplo: as retas r2 e r3 são coplanares, pois estão contidas no
mesmo plano β . As retas r1 e r2 não são coplanares, pois estão contidas em planos
distintos. O mesmo ocorre entre as retas r1 e r3, são retas não coplanares.
r1
α
r3 β
r2
r r
Sejam (r1) : X1 = A1 + t1v1 e (r2 ) : X2 = A2 + t2v2 duas retas coplanares com
r r
A1(a1, b1, c1) , A 2 (a2 , b 2 , c 2 ) , v1 = (x1, y1, z1) e v2 = (x2 , y2 , z2 ) . Note que, se as
r r
retas são coplanares, então os vetores v1 , v 2 e A1 A 2 são coplanares.
r (r1)
v1
A1 A1 A 2
(r2)
r
A2 v2
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a2 − a1 b2 − b1 c2 − c1
r r
[A1A2 , v1, v2 ] = x1 y1 z1 =0
x2 y2 z2
Para uma melhor discussão das posições relativas entre duas retas e, de uma
forma fácil e rápida distinguir um caso do outro, vamos analisar cada posição
relativa entre duas retas (r1) e (r2).
r r
Considere duas retas (r1 ) : X1 = A 1 + t1 v1 e (r2 ) : X2 = A 2 + t2 v 2 .
sobre a outra, a interseção entre elas é uma delas e o ângulo entre elas é θ = 0 o .
Analisando a dependência linear entre os vetores podemos concluir:
r r
{v1, v2} LD (paralelos)
r r
A1 A 2 v1 v2
r
{v1, A1A2} LD (paralelos)
(r1 ) ≡ (r2 )
r
{v2, A1A2} LD (paralelos)
II - Retas não coplanares: Se as retas (r1) e (r2) não são coplanares então
r r
[A 1 A 2 , v1 , v 2 ] ≠ 0 .
θ
r
(r2 ) r v2
v1
r r
Resumo: Sejam (r1) : X1 = A1 + t1v1 e (r2 ) : X2 = A2 + t2v2 .
r r
I - Retas Coplanares ⇒ [A1A 2 , v1 , v2 ] = 0
r r r
1) Retas Paralelas: {v1, v2} LD (paralelos) e {v1, A1A2} LI (não paralelos).
r r r
2) Retas Coincidentes: {v1, v2} LD (paralelos) e {v1, A1A2} LD (paralelos).
r r r r
3) Retas Concorrentes: {v1, v2} LI (não paralelos) e v1 ⋅ v2 ≠ 0 .
r r r r
4) Retas Perpendiculares: {v1, v2} LI (não paralelos) e v1 ⋅ v2 = 0 .
r r
II - Retas não Coplanares ⇒ [A1A 2 , v1 , v2 ] ≠ 0
r r
1) Retas Reversas: v1 ⋅ v 2 ≠ 0
r r
2) Retas Ortogonais: v1 ⋅ v2 = 0
x +1 z−5 x −3 y − 4 z +1
Exemplo (3): Dadas as retas (r) : = y−2 = e (s) : = = ,
2 −3 −2 2 4
verificar a posição relativa entre elas e determinar a interseção se houver.
A (−1,2,5) A (3,4,−1)
Solução: Para a reta (r) temos: r 1 e para (s) temos: r 2 .
v1 = (2,1,−3) v2 = (−2,2,4)
r r
Vamos determinar [A 1 A 2 , v1 , v 2 ] para sabermos se as retas são ou não
4 2 −6
r r
coplanares. Então: [A1A2 , v1, v2 ] = 2 1 − 3 = 0 . Logo as retas são coplanares.
−2 2 4
r r r r
Como {v1, v2} LI (não paralelos) e v1 ⋅ v2 = −14 ≠ 0 , as retas são concorrentes e
interseção devemos igualar as equações das retas (r) e (s). Assim, das retas (r) e
(s) podemos escrever:
x +1 x − 3 y − 4
= y − 2 ⇒ x = 2y − 5 = ⇒ x = −y + 7
2
(r): e (s): − 2 2
z −5
= y − 2 ⇒ z = −3y + 11 z + 1 = y − 4 ⇒ z = 2y − 9
− 3 4 2
2y − 5 = −y + 7 ⇒ y = 4 e − 3y + 11 = 2y − 9 ⇒ y = 4 . Voltando a equação de (r) ou
x y−4
Exemplo (4): Determine os pontos de furos da reta (r) : = = z−4.
−3 4
Solução: Pontos de furo de uma reta, são os pontos P1, P2 e P3, interseção da
reta com os planos coordenados yz, xz e xy, respectivamente. Para determinar o
ponto onde a reta "fura" o plano yz, basta fazer a coordenada x = 0 na equação da
reta e determinar as outras coordenadas y e z. Analogamente para y = 0 e z = 0,
para determinar os pontos de furo sobre os planos xz e xy. Assim:
y − 4 0
= ⇒ y=4
x = 0⇒ 4 3 ⇒ P1(0,4,4)
z − 4 = 0 ⇒ z = 4
3
x 0−4
− 3 = 4 ⇒ x = 3
y = 0⇒ ⇒ P2(3,0,3)
z − 4 = 0 − 4 ⇒ z = 3
4
x
= 0 − 4 ⇒ x = 12
z = 0 ⇒ − 3 ⇒ P3(12,−12,0)
y − 4 = 0 − 4 ⇒ y = −12
4
Vamos representar estes pontos no ℜ3 e também a reta (r).
z
(r)
4 P1
3
P2
y
-12
4
3
P3 12
x
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Solução: Vamos determinar o ponto Q(x,y,z) que a interseção das retas (r) e (s) e
escrever a equação da (s) que passa pelos pontos M e Q da seguinte forma
2 − x = 3α ⇒ x = −3α + 2 QM
QA (r)
Q: − y = α ⇒ y = −α
r
− z = −α ⇒ z = α A Q v
r r
QM ⊥ v ⇒ QM ⋅ v = 0
2
− 3(−3α + 2) − (−α) + α + 8 = 0 ⇒ α = −
11
2
x = −3 ⋅ − +2
11
2 28 2 2
Determinando o ponto Q: y = − − ⇒ Q , ,− . Assim o vetor
11 11 11 11
2
z = − 11
28 2 2 6 9 9
QM = 2 − ,1 − ,−1 + = − , ,− . Com QM é o vetor diretor da reta
11 11 11 11 11 11
(s), podemos tomar qualquer vetor paralelo a ele para ser o vetor diretor da reta
r 11
(s). Em particular seja u = − ⋅ QM = (2,−3,3) . Portanto a reta (s) será escrita
3
r
como X = M + t ⋅ u , ou seja, (s) : X = (2,1,−1) + t ⋅ (2,−3,3) . Na forma simétrica
x −2 y −1 z +1
(s) : = = .
2 −3 3
Exercícios Propostos
1) Verificar a posição relativa entre as retas e determinar a interseção quando
houver:
y +1 z +1 x − 3 y − 1 z + 14
a) (r) : x − 2 = = e (s) : = =
−2 3 2 −2 −2
Resp:a) Retas perpendiculares e (r)∩(s)=P(-1,5,-10)
x −2 y +1 z −2 x −1 z+2
b) (r) : = = e (s) : = y −1 =
3 4 3 −2 −3
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COMENTÁRIOS IMPORTANTES
1) É muito comum e até natural que se introduza o estudo da reta quando ela é
definida primeiramente no ℜ2. Muitas vezes, a reta é apresentada ao aluno como o
gráfico da função linear f(x) = y = ax + b , sempre representada no ℜ2 (no plano) e
não de uma forma geométrica ou vetorial. Os cuidados que se deve tomar, neste
capítulo, são: a) Nós estamos trabalhando sempre no ℜ3 (as definições são
diferentes quando trabalhamos com o ℜ2); b) A reta aqui definida (no ℜ3), tem uma
definição vetorial e uma interpretação geométrica (não apenas o gráfico da função
linear).
2) Quando estamos no ℜ2 a função linear f(x) = y = ax + b , como a própria
y −5
reta vem da forma simétrica, pois: y = 2x + 5 ⇒ x = e z = x − 3 ⇒ x = z + 3.
2
y −5
Logo x = = z + 3.
2
3) É muito importante o aluno saber destacar da equação simétrica da reta o seu
ponto e seu vetor diretor. Portanto, olhe o exemplo (1) e pratique um pouco.
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4) Atenção às posições relativas entre retas. É muito comum o aluno afirmar que as
retas são ortogonais (pertencem a planos diferentes) e achar a interseção. Ora,
como isso é possível? Na verdade não é possível.
5) Outro erro muito comum é dizer que as retas são perpendiculares ou
concorrentes e não são coplanares. Ora, isso não é possível. Reveja estes conceitos
novamente e pense antes de afirmar alguma coisa.
6) Deve-se notar que uma reta é constituída de pontos. Como estamos
introduzindo os conceitos vetoriais para definirmos e trabalhamos com as retas, é
muito comum, quando utilizamos as equações da reta, confundir o que são pontos
da reta e o que são vetores paralelos ou contidos na reta. Por exemplo: Considere a
x −1 y +3 z
reta de equação simétrica (r): = = . Como é comum representar um
2 −1 3
r
vetor expressando somente suas coordenadas por v = (x, y, z) , isso pode causar
4 − 1 −2 + 3 6 3
= = ⇒ ≠ −1 ≠ 2 .
2 −1 3 2