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Mestre em Direito Econômico. Professor da Universidade Federal de Campina Grande. Professor da Escola
Superior do Ministério Público do Estado da Paraíba - Unidades de Campina Grande e Sousa. Professor da
Escola da Magistratura – Unidade Campina Grande. Advogado Militante.
2
Especialista em Direito Processual Civil. Professor da Universidade Federal de Campina Grande. Advogado
Militante. Professor da Escola Superior do Ministério Público – Unidade de Sousa.
3
Especialista em Direito Processual Civil. Professor da Universidade Federal de Campina Grande. Advogado
Militante.
O processo de evolução da humanidade tem sido marcado por diversos conflitos nos
mais variados campos entre os desiguais. Sabe-se que, desde os povos primitivos, hábitos e
tradições são desenvolvidos, tendo como elemento principal inicial a separação ou até
mesmo, na época primitiva, o banimento de indivíduos que possuíssem características
diferenciadas dos demais membros da comunidade, numa consistente prova da existência
de preconceitos e de práticas discriminatórias entre os indivíduos e entre os grupos
humanos, desde o início da civilização.
Os reflexos negativos dos dois grandes conflitos mundiais (1914 a 1918 e 1939 a 1945)
produziram uma grande quantidade de mortos e mutilados. Ainda sob este norte, houve
vários outros conflitos pontuais em várias partes do mundo, ocasionados, em sua maioria,
pela bipolarização ocorrida entre os capitalistas e os socialistas. Esses elementos fizeram
com que a humanidade, impulsionada por alguns líderes (Chefes de Estado), buscasse e
sentisse a necessidade da construção de um ambiente de paz, bem como de relações
internacionais voltadas para a proteção dos valores humanos e, sobretudo, para o
fortalecimento dos mercados econômicos, considerando as diferenças existentes entre os
indivíduos.
Essa vontade integrativa foi reforçada com a intitulada globalização econômica, muito
embora esta encontre dificuldades nas diferenças existentes entre os países, os
comportamentos das pessoas não são uniformes.
Para que possam executar os seus objetivos comerciais e de melhorias para os seus
cidadãos, os Estados devem buscar formas de atuação em âmbito global, como a formação
dos Blocos econômicos e de regiões aduanas.
Essa forma de organização dos Estados, inicialmente, fez com que as empresas
passassem a procurar novas formas de atuação do mercado, no intuito maior de aumentar a
produtividade e de melhorar a competitividade, gerando alguns conflitos, como as barreiras
impostas contra alguns produtos brasileiros (geladeiras, sapatos, entre outros), ou, ainda, o
descumprimento de contratos internacionais, como os firmados pela Argentina e Brasil com
a Venezuela e com a Bolívia − claro que esta última, ainda não é membro efetivo do
Mercosul.
O método dedutivo também será utilizado para a apresentação do resultado final das
questões propostas, no que se refere aos mecanismos de solução de controvérsias no
âmbito do Mercosul.
Passados alguns anos, verificou-se que a ALALC não era capaz de atingir os objetivos
propostos dada a sua fragilidade institucional, vindo a ser substituída, em 1980, por outro
Tratado, também firmado na cidade de Montevidéu, no Uruguai. Essa nova idéia visava a
criação de áreas preferenciais, entre os países da América Latina, que em um prazo
indefinido, terminariam por criar um Mercado Comum Latino Americano, que surgiria de
forma gradual e progressiva, deixando em aberto o prazo em que este fato ocorreria.
As duas estruturas criadas pelos Tratados de Montevidéu não surtiram qualquer efeito
que estabelecesse o livre comércio entre os países latino-americanos, nem tampouco
contribuíram para o aumento do comércio intra-regional.
Este intento somente veio a ter prosseguimento no ano de 1987, com a criação do
Programa de Integração e Cooperação Econômica, culminando em 1988, com a assinatura
do Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento (TICD) pela Argentina e pelo
Brasil, propondo a implantação de uma União Aduaneira, com gradativa eliminação de
obstáculos alfandegários e tarifários, no intuito de harmonizar ou aproximar as políticas
macroeconômicas em um prazo mínimo de dez anos.
O tratado em comento tinha ainda o objetivo de, no futuro, criar um mercado comum,
bem como o de incorporar todos os protocolos existentes entre os dois países, além de abrir
a possibilidade de ingresso dos demais países latino-americanos.
Outro país que também aderiu ao Mercosul foi a Bolívia, que no ano de 1998, durante a
XIV Reunião de Cúpula realizada em Ushuaia, assumiu o compromisso democrático.
Posteriormente, a Bolívia com os demais membros do Mercado Comum do Sul assumiram
objetivos comuns por meio do Acordo de Complementação Econômica n° 36 e da
Comunidade Andina, sendo celebrado um Acordo Marco no mês de abril do ano de 1998,
fazendo surgir uma zona de livre comércio entre as duas regiões.
O intuito dos acordos foi, em princípio, o de ampliar os mercados de cada um dos países
membros, tornando-os fortalecidos.
As intenções impostas pelo Mercosul podem e poderão causar várias modificações não
apenas nas relações trabalhistas, mas também nas demais relações existentes que serão
firmadas entre os países membros, bem como entre os cidadãos dos países-parte, havendo
a necessidade de uma redefinição das estratégias e nas estruturas dos sindicatos. Há,
inclusive, no caso do Brasil, a necessidade de uma adequação das estruturas da
Administração Pública às imposições feitas pelas normas emanadas dos órgãos de cúpula
do Mercosul.
Questão que também merece relevo é a disposição constante no Protocolo que abre a
possibilidade de ao invés da submissão da controvérsia ou conflito a órgãos do Mercosul,
possa a parte demandante decidir interpor a sua reclamação junto à Organização Mundial do
Comércio e, se decidir por este caminho, não mais poderá recorrer aos mecanismos
estabelecidos no Protocolo de Olivos.
Foram também definidos mecanismos relativos a aspectos técnicos das questões que
envolvam interesses dos Estados–parte, ou até mesmo de interesses de particulares, no
âmbito do Mercosul, podendo, inclusive, estabelecer mecanismos específicos para dirimir as
divergências entre operações disciplinadas em instrumentos de políticas comerciais comuns,
que ficam à mercê de uma aprovação por decisão do Conselho do Mercado Comum, após a
análise técnica, de acordo com a especificidade de cada caso.
É claro que ainda muito tem a ser feito para assegurar uma menor interferência política
nas decisões que julguem os casos de desrespeito às regras do Mercosul, fato que somente
será possível com a efetiva criação de um tribunal internacional voltado para o julgamento
das questões extra-Estados e que estejam na jurisdição do Mercosul.
Alguns autores, contrários ao processo de integração, afirmam que permitir que decisões
de Órgãos Internacionais possam ser aplicadas imediatamente no âmbito interno, afronta o
princípio constitucional da soberania, na medida em que este ficaria relegado a um segundo
plano.
Essa idéia é, sem dúvidas, equivocada, uma vez que aceitar a eficácia de decisões de
órgãos internacionais, por meio de normas definidas em tratados e convenções é, acima de
tudo, um ato de soberania, sendo esta a opinião de Eduardo Biacchi Gomes (2003, p. 80),
ao defender que:
Essa inserção no tocante aos direitos humanos no presente estudo sobre o Protocolo de
Olivos é importante devido, especificamente, à necessidade e à importância dada pelo
Direito Internacional e pelo Direito Comunitário aos direitos humanos, que são chamados no
Brasil de direitos fundamentais a partir do momento em que ocorre a sua inserção no texto
Constitucional.
É evidente que o dispositivo legal citado tem o condão de disciplinar os fatos tidos como
violadores dos direitos dos Estados Partes. Para evitar que as violações fiquem sem solução
Com esse dispositivo os idealizadores do Protocolo de Olivos visaram evitar que fatos
isolados tomassem contornos a prejudicar os interesses de integração dos países do Bloco,
além de buscar o entendimento, a negociação e a harmonização de interesses. Está claro
também que, não havendo acordo entre as partes, deverá a controvérsia ser submetida ao
crivo da negociação direta.
O Protocolo de Olivos busca também definir regras processuais mais claras, numa
evidente tentativa de construção de uma jurisprudência voltada para a melhoria e o
fortalecimento das instituições do Mercosul.
É evidente que esses fatores não influenciam apenas na questão do emprego, mas
também em fatores econômicos e sociais que devem ser observados nos processos de
integração gerando muitas vezes conflitos que precisam ser resolvidos por instrumentos de
solução de controvérsia.
Entre esses mecanismos podem ser citadas as opiniões consultivas, emitidas a partir de
um regime de solicitação, visando a prevenção de contendas no âmbito do Mercosul. Essas
opiniões consultivas são direcionadas para o Tribunal Permanente de Revisão.
Segundo Leal (2001, p.96), ao tratar do CMC enfoca que entre as suas
responsabilidades está a de:
Denota-se que uma vez emitida uma decisão pelo CMC sobre as matérias que lhe são
afetas, esta se torna obrigatória para todos os Estados Partes ou para as partes envolvidas
na controvérsia, uma vez que, com o Protocolo de Olivos, as reclamações podem ser feitas
tanto por particulares quanto pelos Estados Partes, o que demonstra uma evolução
introduzida pelo citado protocolo.
Já no tocante aos aspectos operacionais das medidas a serem adotadas pelo Conselho
de Mercado Comum, estes ficam a cargo da Secretaria Administrativa do Mercosul,
responsável pelo assessoramento dos demais órgãos do Mercosul, devido a suas
obrigações de manter os arquivos do Mercosul, publicar e difundir as decisões do Mercosul,
organizar as reuniões do Conselho de Mercado Comum, do Grupo de Mercado Comum e do
Conselho Consultivo do Mercado Comum, tendo também a incumbência de editar o Boletim
Oficial do Mercosul.
Em linhas gerais são essas as atribuições do Conselho de Mercado Comum, que atua
sob a cooperação de outros órgãos do Mercosul, constituindo-se em mais um instrumento
que contribui para a solução de controvérsias no âmbito do Mercosul e para a consolidação
da momentânea União Aduaneira, visando no futuro a concretização do sonho da integração
econômica plena entre os seus membros.
Por essa razão devem ser estudadas e analisadas as suas atribuições e as formas
utilizadas pelo GMC para intervir nas relações estabelecidas no âmbito do Mercosul, visando
solucionar as controvérsias que venham a existir.
Podem também ser citadas como atribuições do GMC a de criar, extinguir, modificar ou
fundir órgãos do Mercosul, como, por exemplo, o subgrupo de trabalho n. 10, responsável
pelo estudo das questões trabalhistas e sociais no âmbito da União Aduaneira.
O Protocolo de Olivos concede aos cidadãos da União Aduaneira, bem como aos
Estados Partes, a possibilidade de submissão de controvérsias ao GMC, inserindo entre as
suas atribuições a de se pronunciar sobre as questões que lhe sejam submetidas com base
no citado Diploma Legal. Tal possibilidade está inserida no Protocolo, no artigo 7, número 1,
senão observe-se:
Nas formas de resolução dos conflitos entre as pessoas (jurídicas e físicas) é cediço que
a arbitragem é uma delas, incluída em uma das hipóteses da heterotomia que, no caso, um
terceiro é quem tem a incumbência de resolver a querela. Contrapõe-se pela autonomia em
que as partes envolvidas no conflito resolvem o problema e é efetivada pela autocomposição
ou autotutela.
Assim é que qualquer dos Estados Partes na controvérsia poderá iniciar diretamente o
procedimento, submetendo a querela à consideração do Grupo Mercado Comum, que terá a
incumbência de avaliar a situação, aliado à oportunidade que é dada às partes para expor
suas posições, inclusive podendo requerer, se entender necessário, o assessoramento de
especialistas.
Para tais pronunciamentos, o GMC terá o prazo máximo de trinta dias, contados da data
da reunião em que a querela fora levada à consideração do GMC.
Chega-se, portanto, ao Procedimento Arbitral Ad Hoc, logicamente, desde que não tenha
sido viável a solução da controvérsia anteriormente nos métodos supra destacados.
O segundo elemento necessário é a confiança que deva merecer o árbitro dos Estados
Partes envolvidos na controvérsia, até porque sua responsabilidade é tamanha para
funcionar como membro do Tribunal e até maior para quem vai presidir o mesmo.
Já o terceiro elemento é que o árbitro deva ter conhecimento profundo da matéria posta
em questão e que será julgada pelo Tribunal.
Feitos estes comentários iniciais, cabe, agora, enfatizar que o Tribunal Arbitral Ad Hoc é
composto por três árbitros, seguindo, destarte, ordem para nomeação destes.
Antes mesmo de determinar os parâmetros necessários para escolha dos três árbitros,
diga-se que fica registrada na Secretaria Administrativa do Mercosul um lista contendo doze
nome de árbitros de cada Estado Parte e tal designação se dá acompanhada do curriculum
vitae de cada um deles, ressaltando que desta indicação será notificada de maneira
simultânea os Estados Partes e à Secretaria Administrativa do Mercosul, como forma de dar
amplo conhecimento a todos de quem são os indicados.
Ainda neste aspecto, diante da comunicação supra, é dada a faculdade a cada Estado
Parte de solicitar esclarecimentos sobre as pessoas designadas pelos outros Estados Partes
e tal solicitação só poderá ser feita no prazo de trinta dias, contados desde a notificação, sob
pena de perempção e, caso haja modificação na lista originalmente posta, procede-se a
comunicação a todos os Estados Partes, sendo esta mais uma incumbência da Secretaria
Administrativa do Mercosul.
Além dos doze árbitros da lista titular, é interessante dizer que cada Estado Parte, deverá
propor mais quatro candidatos para integrar a lista de terceiros árbitros do Mercosul, e ao
menos um dos quatro árbitros indicados terá que ser de nacionalidade diversa dos Estados
Partes, sucedendo desta indicação a notificação dos demais Estados Partes por intermédio
da Presidência Pro Tempore acompanhada do curriculum vitae de cada um dos candidatos
apresentados. Também é facultada a solicitação de esclarecimentos sobre estes candidatos
Ocorrendo objeções, estas deverão ser comunicadas por intermédio da Presidência Pro
Tempore ao Estado Parte que fez a proposição e se no prazo de trinta dias não chegar
qualquer solução para o caso, prevalecerá a objeção feita.
Para encerrar, a lista definitiva ou as eventuais modificações deverão ser anexadas com
o curriculum vitae e deverão ser comunicadas pela Presidência Pro Tempore à Secretaria
Administrativa do Mercosul que, por sua vez, registrará e notificará os Estados Partes.
Do ato do sorteio é lavrada uma ata, conforme Regulamento do Protocolo de Olivos para
a Solução de Controvérsias no Mercosul (DEC n. 37/03), art. 20, a seguir transcrito:
“Pela presente, aceito a designação para atuar como árbitro e declaro não
ter qualquer interesse na controvérsia nem razão alguma para considerar-
me impedido nos termos do artigo 19 do Regulamento do Protocolo de
Olivos para efeitos de integrar o Tribunal Arbitral Ad Hoc constituído pelo
MERCOSUL com o fim de resolver a controvérsia entre [...]. Comprometo-
me a manter sob reserva a informação e as atuações vinculadas à
controvérsia, assim como o conteúdo do meu voto. Obrigo-me a julgar com
independência, honestidade e imparcialidade e a não aceitar sugestões ou
imposições de terceiros ou das partes, assim como a não receber qualquer
remuneração relacionada com esta atuação, exceto aquela prevista no
Protocolo de Olivos. Além disso, aceito a eventual convocação para atuar
posteriormente à emissão do Laudo, conforme previsto nos Capítulos VIII e
IX do Protocolo de Olivos”.
Ainda sobre a composição do Tribunal Arbitral Ad Hoc, interessante expor o que vem
disposto no Regulamento do Protocolo de Olivos para a Solução de Controvérsias no
Mercosul (DEC n. 37/03), art. 19 e que trata dos impedimentos para ser designado árbitro, in
verbis:
Por fim, os árbitros privilegiaram o bom senso, objetividade, confiabilidade, sem esquecer
a imparcialidade e a independência funcional da Administração Pública Central ou direta dos
Estados Partes, além de não ter qualquer interesse na controvérsia.
Uma vez designados os árbitros e tendo estes aceitos o encargo, cada um deles terá a
incumbência de cumprir os prazos e formalidades previstas no procedimento arbitral até a
decisão final e mais importante do Tribunal Arbitral Ad Hoc que é justamente o Laudo Arbitral
com os requisitos de validades previsto nos arts. 16, 25 e seguintes do Protocolo de Olivos,
além do art. 40 do Regulamento do Protocolo de Olivos para Solução de Controvérsias no
Mercosul (Dec. n. 37/03).
Cada um dos árbitros, pela obrigatoriedade prevista no art. 35.2 do Protocolo de Olivos e
como atribuições dos mesmos, têm que agir com imparcialidade e independência funcional,
princípios basilares para a segurança jurídica do julgamento, destacando que a
imparcialidade deve ser tanto subjetiva, daí que está prevista a independência funcional da
Administração Pública Central ou direta dos Estados Partes, como material, por isso da
previsão do desligamento do árbitro da matéria tratada na controvérsia.
Após isso, procede-se à notificação do outro Estado Parte envolvido na controvérsia para
apresentação de resposta, que deverá conter os requisitos do art. 14 do Regulamento do
Protocolo de Olivos para a Solução de Controvérsias no Mercosul (DEC n. 37/03), estando,
assim, posto e delimitado o objeto da controvérsia e, por ordem expressa do art. 14.1 do
Protocolo de Olivos, não mais poderá haver aditamento, emenda ou ampliação.
Ato contínuo o Estado ou parte demandada, notificado, poderá apresentar uma resposta
que necessariamente deverá observar os requisitos estabelecidos no artigo 14 do Protocolo
em estudo. São eles:
Oportuna e eficiente o teor do art. 14.1 do Protocolo de Olivos e cabe enaltecer tal
disposição, para que no conjunto de todas as normas do mesmo Protocolo possa o
Procedimento Arbitral ser célere, eficaz e até econômico processualmente.
Diante de uma situação fática que está justificada como de urgência e requer prioridade
e, ainda, com escopo maior de evitar danos graves e que não tenham até ressarcimento,
poderá o Tribunal Arbitral Ad Hoc determinar as medidas provisórias que considere cabíveis.
O Protocolo de Olivos não especifica quais a medidas que poderão ser determinadas,
ficando a critério do árbitro tal definição, esbarrando esta subjetividade no bom senso, na
razoabilidade, na proporcionalidade e na segurança jurídica e bem comum.
Determinada a medida provisória, o Tribunal Arbitral Ad Hoc ainda definirá o prazo para
cumprimento, tendo o Estado Parte obrigado a tal cumprimento, informar sobre o
atendimento da ordem.
A atuação do Tribunal Arbitral Ad Hoc, como já dito, tem a finalidade de emitir o Laudo
Arbitral, que deverá ser efetivado até sessenta dias, com a possibilidade de prorrogação por
mais trinta dias por decisão do próprio Tribunal Arbitral, prazo este que tem como termo a
quo a comunicação efetuada pela Secretaria Administrativa do Mercosul às partes e aos
demais árbitros, informando a aceitação pelo arbitro Presidente de sua designação.
O Laudo Arbitral será emitido por maioria de votos dos integrantes do Tribunal Arbitral Ad
Hoc, devendo ser escrito e fundamentado para responder a suscitação do Estado Parte de
forma convincente, sendo, ao final, assinado pelo árbitro Presidente e pelos seus demais
membros.
Pronto e acabado o Laudo Arbitral, como ato de publicidade o mesmo será publicado no
Boletim Oficial do Mercosul, além de ser incluído na página da web do Mercosul,
possibilitando a comunicação de tantos quantos acessarem.
O Laudo Arbitral é o ato decisório que encerra o procedimento arbitral, emanado pelo
Tribunal Arbitral Ad Hoc, composto por três membros neutros e estranhos à controvérsia dos
Estados Partes e que torna obrigatório o seu cumprimento, obtendo, após o transcurso do
prazo previsto no art. 17.1 do Protocolo de Olivos, força de coisa julgada.
Além do que já foi dito, ou seja, de que o Laudo Arbitral deve ser escrito, tomado por
maioria de votos entre os árbitros integrantes do tribunal Arbitral Ad Hoc e ser fundamentado
para buscar convencer sobre a solução dada, deve preencher os requisitos do art. 40.1.i do
Regulamento do Protocolo de Olivos para Solução de Controvérsias no Mercosul (Dec n.
37/03), in verbis:
Complementando os requisitos, vale dizer que o Laudo Arbitral deverá ser traduzido ao
idioma oficial diferente daquele em que foi emitido; a tradução será autenticada pelos
árbitros intervenientes.
Tendo o Laudo Arbitral natureza jurídica de ato decisório, definitivo e obrigatório, vincula
os Estados Partes envolvidos na controvérsia à obediência ao mesmo.
A obrigatoriedade do Laudo Arbitral tem como termo a quo a sua notificação publicada
no Boletim Oficial do Mercosul, ressalvando que é facultado aos Estados Partes interpor
recurso de revisão.
Superada a fase recursal que, inclusive, será objeto do próximo ponto deste trabalho, o
Laudo Arbitral alcança o patamar de coisa julgada e, por isso, deverão ser cumpridos na
forma e com o alcance com que foram emitidos.
O Laudo Arbitral tem como obrigatório o seu cumprimento, mesmo que o Estado Parte
adote medidas compensatórias previstas no Capítulo IX do art. 31 do Protocolo de Olivos.
Poderá, em caso prático, surgir dúvida quanto ao Laudo Arbitral tanto do Tribunal Arbitral
Ad Hoc como do Tribunal Permanente de Revisão e, para isso, o Protocolo de Olivos prevê
a possibilidade de ser interposto o Recurso de Esclarecimento, suspendendo, de logo, o
prazo de cumprimento do Laudo Arbitral até que se encerre a tramitação o recurso que tem
a finalidade de aclarar a forma que deve ser cumprido o laudo, recurso que, inclusive, deverá
ser interposto nos quinze dias subseqüentes à notificação.
O certo é que, sem mais questionamentos feito do Laudo Arbitral, este próprio ato
decisório deverá mencionar o prazo para cumprimento do Laudo e, caso seja omisso quanto
a isso, deverá ser cumprido no prazo de trinta dias seguintes à data de sua notificação.
Feita esta suscitação, o Tribunal Arbitral Ad Hoc tem igual prazo (trinta dias) para, desde
que tomou conhecimento da situação, extrair dúvidas das questões suscitadas.
A matéria recursal que cumprirá o efeito devolutivo estará limitada a questões de direito
tratadas na controvérsia, desde a definição do objeto da controvérsia após a resposta do
Estado Parte reclamado, assim como poderão ser suscitadas as jurisprudências do Tribunal
Arbitral Ad Hoc.
Há uma objeção legal, art. 17. 3 do Protocolo de Olivos, que proíbe o recurso de revisão
para refutar os Laudos do Tribunal Arbitral Ad Hoc emitidos com espeque nos princípios ex
aequo et bono.
Inicialmente deve ser destacada a disponibilidade permanente dos membros, desde que
convocados e até para contemplar sua própria denominação.
Os membros são cinco, tendo cada Estado Parte a incumbência de nomear um árbitro
titular e outro suplente para atuarem por um período de dois anos, renovável, no máximo por
dois períodos consecutivos.
O quinto membro deverá ter nacionalidade de algum dos Estados Partes do Mercosul e
advirá de uma escolha unânime entre os Estados Partes da lista constante do art. 18.3 do
Protocolo de Olivos e este último membro terá um mandato de três anos, não podendo ser
renovado. A escolha deverá ser procedida pelo menos três meses antes da expiração do
período do quinto árbitro em exercício.
Funcionará o Tribunal Revisor com três ou cinco árbitros, sendo com três desde que a
controvérsia envolva apenas dois Estados Partes, sendo um árbitro de cada Estado e o
terceiro que funcionará como Presidente e será sorteado pela Secretaria Administrativa do
Mercosul; com o número maior de árbitros desde que a controvérsia envolva mais de dois
Estados Partes.
3. As reclamações de particulares
Desta forma, para não cair nas descrições doutrinárias desnecessárias ou sem
influenciar para o que se quer descrever, classificar, enfim, conceituar, ou mesmo para não
incidir no “reducionismo prejudicial” ao entendimento daquilo que é essencial, o ponderável é
que se tome de empréstimo os conceitos e definições dos mestres na área processual civil e
processual penal e no direito substantivo para proceder às devidas correlações entre seus
Ressalte ser obrigatório que todos os requisitos sejam preenchidos, não podendo, pois,
somente a demonstração de alguns. Os requisitos em enfoque são taxativos e devem ser
categoricamente demonstrados de forma clara e precisa.
Admitida à reclamação dos particulares pela Seção Nacional do Grupo Mercado Comum,
e frustradas as negociações diretas entre as partes, o Grupo Mercado Comum convocará o
grupo de especialistas do Mercosul para emissão de parecer.
O art. 41 disciplina que a menos que a reclamação se refira a uma questão motivada de
um procedimento de solução de Controvérsias de acordo com os Capítulos IV a VII do
Protocolo de Olivos, a Seção Nacional do Grupo Mercado Comum que tenha admitido a
reclamação, nos moldes do art. 40 do presente Capítulo, deverá entabular consultas com a
Seção Nacional do Grupo Mercado Comum do Estado Parte a que se atribui à violação.
Há de se registrar que as partes podem em comum decidir outro prazo senão o noticiado
acima. Assim sendo, portanto o prazo pode ser dilatado por convenção das partes, de
acordo com o artigo em enfoque.
Terminadas as consultas, sem que tenha alcançado uma solução, a seção Nacional do
Grupo Mercado Comum remeterá à análise no efeito devolutivo a reclamação sem mais
trâmite ao Grupo Mercado Comum.
Dessa forma, com a remessa ao Grupo Mercado Comum, este solucionará a questão
com a emissão de parecer.
Importante salientar que somente será remetido ao Grupo Mercado Comum se,
posteriormente, as consultas não tiverem alcançado solução para a questão.
Observe que novamente será feito um juízo de admissibilidade pelo Grupo Mercado
Comum para avaliar os pressupostos de recebimento e viabilidade da reclamação.
Será realizada uma espécie de análise mais minuciosa sobre os requisitos já admitidos
pela Seção Nacional.
O Grupo Mercado Comum, concluindo que não estão reunidos os requisitos necessários
para emprestar continuidade, rejeitará a reclamação sem mais trâmite, devendo pronunciar-
se por consenso.
Fica realmente tolhida a pessoa física ou jurídica que tenha manejado a reclamação, em
caso de sua rejeição na segunda apreciação pelo Grupo Mercado Comum, do juízo de
admissibilidade.
Mais adiante o artigo disciplina que se o Grupo Mercado Comum não rejeitar a
reclamação, considerar-se-á admitida. Assim, de imediato o Grupo Mercado Comum
procederá sem demora à convocação de um grupo de especialistas que deverá emitir um
parecer sobre sua procedência, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, contados a partir
da sua designação.
Por oportuno, registre que a intervenção do Grupo Mercado Comum faz novamente um
juízo de admissibilidade da reclamação e a sua admissão aparentemente, segundo o art. 42
não cabe recurso, da mesma forma a sua inadmissão. E, em caso de não rejeição, será
automaticamente admitida, sem necessidade de expressamente ser preciso uma decisão.
Importante ressaltar que, neste último caso, e salvo se o Grupo Mercado Comum decidir
de outra maneira, um dos especialistas designados não poderá ser nacional do Estado
contra o qual foi formulada a reclamação, nem do Estado no qual o particular formalizou sua
reclamação, nos moldes do art. 40.
Note que o Grupo Mercado Comum procura guardar sempre a imparcialidade nos
especialistas escolhidos, notadamente quando disciplina que o especialista não pode ser
nacional do Estado contra o qual foi apresentada a reclamação, e, de idêntica forma, do
Estado no qual o particular formalizou a reclamação.
Para constituir a lista dos especialistas, cada um dos Estados Partes designará 6 (seis)
pessoas de reconhecida competência nas questões que possam ser objeto de reclamação.
Tal lista ficará registrada na Secretaria Administrativa do Mercosul.
A constituição dos especialistas será obrigatoriamente formada pela lista, a qual será
escolhida em eleição, lembrando sempre que o Estado Parte, de acordo com competência
de seus especialistas, os escolherá no número acima especificado.
Aqui é salutar argumentar que o artigo em enfoque procura disciplinar que o Estado
Parte com maior número de reclamação custeará os gastos do grupo de especialistas, ou
em caso contrário, com as devidas proporções, para cada Estado Parte, dependendo das
determinações do Grupo Mercado Comum.
Caso o grupo de especialistas não alcance unanimidade para emitir um parecer, elevará
suas distintas conclusões ao Grupo Mercado Comum que, imediatamente, que apreciará a
matéria e decidirá de forma definitiva.
A conclusão da reclamação por parte do Grupo Mercado Comum, nos moldes das
alíneas (II) e (III) do numeral anterior, não impedirá que o Estado Parte reclamante dê início
aos procedimentos previstos nos Capítulos IV e VI do presente protocolo.
De igual modo, o mesmo artigo citado, disciplina que as partes envolvidas no caso
poderão chegar a um acordo, que evidentemente resolve a questão controvertida ou
reclamada pelas partes.
Importante noticiar que o artigo em enfoque não esclarece qual o momento oportuno
para realizar a desistência, levando a crer, da forma como redigido, que pode ser a qualquer
tempo. Do mesmo modo, o artigo também não disciplina se a outra parte envolvida discordar
do pedido de desistência como será resolvido.
Quanto ao acordo, este, presumivelmente da maneira como o artigo está redigido, pode
ser concretizado a qualquer tempo. Devendo, pois, ser comunicado à Secretaria
Administrativa do Mercosul.
Pode, a critério da Seção Nacional do GMC de cada Estado Parte e quando este ato for
necessário para a elaboração das posições a serem apresentadas ante o Tribunal, os
documentos serem ofertados conhecimentos, exclusivamente aos setores interessados nas
questões suscitadas.
Importante ressaltar que o artigo não ventila qual é o tipo de interesse que necessário se
faz demonstrar para ter acesso aos documentos.
Considerações finais
As principais diferenças entre os países que compõem o Mercosul são, sem sombra de
dúvidas, de ordem social, pois os aspectos econômicos são muito parecidos, inclusive no
que diz respeito à fragilidade de seus mercados, à necessidade de proteção dos seus
fatores de produção.
Essa informação pode ser constatada no presente trabalho quando se verificou que,
inicialmente, não foi definido nenhum mecanismo de solução de controvérsias efetivo e que
tivesse na definição, na institucionalização e na segurança jurídica o seu ponto forte.
Referências
AGUILLAR, Fernando Herren. Direito econômico: do direito nacional ao direito
supranacional. São Paulo: Atlas, 2006.
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SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 16 ed. rev. e atual. São
Paulo: Malheiros, 2000.
TAVARES, André Ramos. Direito constitucional econômico. São Paulo: Método, 2003.
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense,
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Site utilizados:
www.Mercosul.gov.br
www.presidencia.gov.br
Revista Jurídica
www.presidencia.gov.br/revistajuridica