JOÃO I
Fernão Lopes
Sebenta português 12 ano
A data de sua morte é incerta, mas consta-se que terá morrido com cerca de
80m anos de idade.
Das crónicas que escreveu sobre a história de Portugal restam-nos apenas três
identificadas com segurança: a Crónica de D. Pedro, a Crónica de D. Fernando e
a Crónica de D. João I.
Povo:
Estilo
Objetividade vs subjetividade
A crise de 1383-1385
O povo português temia este acordo, pois se D. Beatriz falecesse antes de dar à
luz um filho varão, Portugal perderia a sua independência.
D. João, filho do Rei Pedro I de Portugal e D. Inês – acabou por ser preso;
João, Grão-Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro I – filho de D.
Teresa Lourenço, aia de Inês de Castro.
4
Sebenta português 12 ano
Síntese da obra:
1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonor_Teles
4
Sebenta português 12 ano
Obra:
Capítulo 11
Assunto do capítulo
Título
«Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o mestre, e como aló foi Alvoro
Paez e muitas gentes com ele»
Estrutura interna2
Momentos Delimitação Personagens Ação Espaço
O Pajem do Mestre
Pelas
deixa o Paço da
ruas da
Rainha e cavalga
cidade
Convocação / Pajem velozmente pelas
Linhas 1 a 5 até à
Apelo Álvaro Pais ruas, em direção à
casa de
casa de Álvaro Pais,
Álvaro
gritando que mata, o
Pais.
Introdução Mestre.
Desenvolvimento Álvaro Pais sai com
os seus homens e
Pela
Movimentação Pajem grita pela cidade que
cidade, a
Álvaro Pais é necessário acudir
partir da
+ Linhas 6 a 21 Aliados de ao Mestre, por ser
casa de
Álvaro Pais filho de D. Pedro.
Álvaro
Concentração Povo O povo junta-se a
Pais
Álvaro Pais e avança
em direção ao Paço.
Manifestação Linhas 22 a Povo O povo chega ao Às
43 Paço e mostra-se portas
gradualmente do Paço.
2 http://portugues-fcr.blogspot.com/2017/11/capitulo-xi-da-cronica-de-d-joao-i.html
4
Sebenta português 12 ano
furioso e impaciente
por saber o que
sucedeu ao Mestre e
planeia invadi-lo. É o
momento em que a
ação atinge o seu
clímax.
Convencido pelos
que o rodeiam, o
Mestre dirige-se à
janela e mostra-se ao
Linhas 44 a Povo povo, À janela
Aclamação
59 Mestre tranquilizando-o do Paço
(pois está vivo e o
conde morto) e
sendo por ele
aclamado.
O Mestre sai do Paço
e convence o povo a Paço
Linhas 59 a Mestre dispersar. Pelas
Dispersão
80 Povo O Mestre atravessa a ruas da
cidade e dirige-se ao cidade
Conclusão Paço do Almirante.
Alexandre Dias Pinto e Patrícia Nunes (in Entre nós e as Palavras 10,
Santillana, p. 75) propôs outra divisão do capítulo.
. 1.ª parte (de “O Page do Meestre que estava aa porta…” a “… que matam sem por
quê.”) – Os partidários do Mestre percorrem Lisboa para mobilizar a população
(a favor do Mestre), que os segue.
. 3.ª parte (de “Entom os do Meestre veendo…” a “E assi forom pera os Paaços u
pousava o Conde.”) – O Mestre mostra-se à janela, abandona o Paço e pede à
multidão que disperse.
. 4.ª parte (de “E estando eles por se assentar…” a “… desta guisa que se segue.”) – D.
João é informado de que o Bispo de Lisboa está em perigo, mas é aconselhado a
não intervir.
GRUPO I
4
Sebenta português 12 ano
Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o Mestre, e como aló
foi Alvoro Paez e muitas gentes com ele.
E assi chegou a casa d’ Alvoro Paez que era dali grande espaço.
As gentes que esto ouviam, saíam aa rua veer que cousa era; e começando de
falar u~us com os outros, alvoraçavom-se nas vontades, e começavom de tomar
armas cada u~u como melhor e mais asinha podia. Alvoro Paez que estava
prestes e armado com ~ua coifa na cabeça segundo usança daquel tempo,
cavalgou logo a pressa em cima du~u cavalo que anos havia que nom
cavalgara; e todos seus aliados com ele, bradando a quaesquer que achava
dizendo:
Soarom as vozes do arroido pela cidade ouvindo todos bradar que matavom o
Mestre; e assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo
de marido, se moverom todos com mão armada, correndo a pressa pera u
deziam que se esto fazia, por lhe darem vida e escusar morte. Alvoro Paez nom
quedava d'ir pera alá, bradando a todos:
– Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao Mestre que matam sem por quê!
A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer.
Nom cabiam pelas ruas principaes, e atrevessavom logares escusos, desejando
cada u~u de seer o primeiro; e preguntando u~us aos outros quem matava o
Mestre, nom minguava quem responder que o matava o Conde Joam
Fernandez, per mandado da Rainha. Crónica de D. João I de Fernão Lopes (ed. Teresa
Amado), Lisboa, Comunicação, 1992 (Texto com algumas alterações, feitas de acordo com a
grafia atual.)
4
Sebenta português 12 ano
4
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens.
3. Descreva três das reações das «gentes» aos apelos lançados pelo Pajem e
por Álvaro Pais.
Capítulo 115
Assunto do capítulo
Título
«Per que guisa estava a cidade
corregida per se defender, quando el-
rei de Castela pôs cerco sobre ela»
Capítulo 115
Per que guisa estava a cidade corregida para se defender,
quando el-Rei de Castela pôs cerco sobre ela.
[…]
Nom leixavom os da cidade, por serem assi cercados, de fazer a barvacãa 1
d’arredor do muro da parte do arreal, des a porta de Santa Caterina, ataa torre
d’Alvoro Paaez, que nom era ainda feita, que seriam dous tiros de besta; e as
moças sem neuũ medo, apanhando pedra pelas herdades, cantavom altas vozes
dizendo:
5
Esta Lixboa prezada,
mirá-la e leixá-la.
Se quiserdes carneiro,
qual derom ao Andeiro;
10 se quiserdes cabrito,
qual derom ao Bispo.
e outras razões semelhantes. E quando os ẽẽ migos os torvar2 queriam, eram postos
em aquel cuidado em que forom os filhos de Israel, quando Rei Serges, filho de rei
Dario, deu licença ao profeta Neemias que refezesse os muros de Jerusalem, que
15 guerreados pelos vezinhos d’arredor, que os nom alçassem 3, com ũa mão
poinham a pedra, e na outra tinham a espada pera se defender; e os Portugueses
fazendo tal obra, tinham as armas junto consigo, com que se defendiam dos
ẽẽ migos quando se trabalhavom de os embargar4, que a nom fezessem.
As outras cousas que pertenciam ao regimento da cidade, todas eram postas em
20 boa e igual ordenança; i nom havia nẽẽ uũ que com outro levantasse arroido nem
lhe empecesse per talentosos excessos 5, mas todos usavom d’amigavel concordia,
acompanhada de proveito comuũ.
Ó que fremosa cousa era de veer! Uũ tam alto e poderoso senhor como el-Rei
de Castela, com tanta multidom de gentes assi per mar come per terra, postas em
tam grande e boa ordenança, teer cercada tam nobre cidade! E ela assi guarnecida
contra ele de gentes e d’armas com taes avisamentos 6 por sua guarda e defensom!
Em tanto que diziam os que o virom, que tam fremoso cerco de cidade nom era
em memoria d’homeẽẽ s que fosse visto de mui longos anos atá aquel tempo.
Capítulo 148
Assunto do capítulo
Título
3. Retire do texto dois exemplos que demonstrem a necessidade que o cronista tem
de estabelecer uma ligação com o leitor.
4. Na linha 21 afirma-se que os habitantes padeciam de duas grandes guerras.
Identifique-as e refira os sentimentos despertados no povo.