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Introdução

As medidas baseadas na luz ou outras formas de radiação electromagnética são amplamente


empregadas em química analítica. As interacções da radiação com a matéria são o objecto de
estudo da ciência da espectroscopia. Os métodos espectroscópicos de análise são baseados na
medida da quantidade de radiação produzida ou absorvida pelas moléculas ou pelas espécies
atómicas de interesse.
As regiões espectrais que têm sido empregadas são: os raios g, os raios X, ultravioleta
(UV), visível, infravermelha (IV), microondas e radiofrequência (RF).
A espectroscopia tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da teoria
atómica moderna, e têm provido as ferramentas mais amplamente empregadas para a
elucidação de estruturas moleculares, bem como na determinação qualitativa e quantitativa de
compostos orgânicos e inorgânicos.
1.1 Objectivos
1.1.1 Objectivo geral
 Descrever a espectroscopia de absorção e de emissão
1.1.2 Específicos
 Diferenciar a espectroscopia da absorção atómica da de emissão;
 Identificar os diferentes tipos de espectros de emissão;
 Mencionar os instrumentos usados na espectroscopia e sua breve descrição.
Capitulo II: Referencial Teórico
2.1. Conceitos fundamentais
Espectroscopia é método utilizado para análise de elementos simples, da estrutura química de
compostos inorgânicos ou grupos funcionais de uma substância orgânica utilizando radiação
electromagnética.

Espectroscopia é toda a técnica experimental de detenção ou levantamento de dados Físico-


químicos através da emissão, absorção e reflexão da energia radiante incidente numa certa
amostra.

Espectro é o resultado gráfico de qualquer técnica espectroscópica, ou seja, o registo da


intensidade das radiações emitidas ou absorvidas pela amostra em função do comprimento de

onda ou do número da onda ~   c


, onde ~ = número de onda;  = frequência da

radiação; c = velocidade da luz no vácuo.

A base da espectroscopia é a natureza ondulatória das radiações electromagnéticas, cuja


variável fundamental é a frequência que determina o período e o comprimento da onda.

2.2. Tipos de espectroscopia

Interagindo a radiação com a amostra em análise, são basicamente três tipos principais de
processos pelos quais a radiação interage com a amostra, a saber: espectroscopia de absorção,
de emissão e de espalhamento.

2.3. Espectrometria de Absorção Atómica (AAS) na Região do UV-VIS

A espectrometria de absorção atómica (AAS, do Inglês Atomic Absorption Spectrometry),


baseia-se na absorção da energia radiante pelas espécies atómicas neutras, não excitadas no
estado gasoso.

Quando uma solução que contém iões de um metal é introduzida em uma chama (de acetileno
ou ar, por exemplo), forma-se um vapor rico em átomos de metal. Alguns dos átomos do
metal na fase gasosa podem ser levados a um estado de energia suficientemente alto para
permitir a emissão da radiação característica do metal. Ex: cor amarela característica da
chama comum na presença de sais de sódio: principio básico da espectroscopia de chama.

Entretanto, elevado número de átomos do metal na fase gasosa não sofre excitação; estes
átomos são capazes de absorver energia radiante em determinado comprimento de onda de
ressonância. Ao fazer-se uma luz de comprimento de onda de ressonância igual ao
comprimento de onda de radiação que os átomos emitiriam ao serem excitados a partir do
estado fundamental, passar por uma chama que contém os átomos em questão, parte da luz
será absorvida.

O princípio básico da espectroscopia de absorção atómica diz que “a quantidade da luz


absorvida é proporcional ao número de átomos que estão no estado fundamentais
presentes na chama”.

2.3.1 Equação de Boltzmann

A relação entre os átomos do estado fundamental e dos estados excitados é dada pela equação
 E
 g  KT
de Boltzmann: N 1
  1  , onde:
 
N 0  g0 

N 1
 número de átomos no estado excitado;

N O
 número de átomos no estado fundamental;

g 
 1  = Razão estatística ponderada para os estados fundamentais e excitados;
 
 g0 

E = Energia de excitação = h ;

K  Constante de Boltzmann = 1,38066.10-23 J.K-1;

T = Temperatura em Kelvin.

A razão N 1
depende da excitação, E e da temperatura. O aumento da temperara e o
N 0

decréscimo de E (isto é, transições que ocorrem em  elevado) aumentam a razão N 1


.
N 0
2.3.2 Produção de átomos e íões
Em todas as técnicas espectroscópicas atómicas, deve-se atomizar a amostra, convertendo-a
em átomos e íões em fase gasosa. Uma amostra contendo os elementos de interesse é
convertida em pequenas gotas no processo de nebulização que ocorre no nebulizador,
dispositivo este que serve para dispersar amostra em forma de partículas atómicas neutras no
caminho óptico.
Os dispositivos de atomização pertencem a duas classes: atomizadores contínuos e
atomizadores discretos. Nos atomizadores contínuos, como os plasmas e as chamas, as
amostras são introduzidas de forma contínua. Nos atomizadores discretos, as amostras são
introduzidas de forma discreta com um dispositivo como uma seringa ou um auto-amostrador.
O atomizador discreto mais comum é o atomizador electrotérmico.

2.3.3 Processos que levam à produção de átomos, moléculas e íões

Figura 1: produção de átomos, moléculas e íões em sistemas contínuos de introdução de


amostras em um plasma ou em uma chama.

 Dessolvatação: Retirada do solvente de amostra, em função de P.E.


 Fusão: Mudança de estado do(s) elemento(s) em solução.
 Vaporização: Processo essencial para obtenção da nuvem gasosa de elementos
atomizados a serem analisados.
 Dissociação: Para muitos elementos e moléculas, a energia fornecida pelo atomizador não
se apresenta suficiente para uma dissociação completa.
 Ionização; Para outros elementos, a quantidade de energia pode ser ainda suficiente para
que electrões sejam “arrancados” da camada de valência, gerando não mais átomos em
seu estado fundamental, mas íões.
2.3.4 Tipos de AAS

Dois métodos de atomização usuais:

2.3.4.1 Atomização por Chama (FAAS) (Flame Atomic Absorption Spectroscopy)

Na espectroscopia de chama a temperatura é superior a 2000K, pois este obtêm-se queimando


um gás combustível juntamente com um gás oxidante, normalmente NO ou oxigénio diluído
com nitrogénio ou árgon.

A solução é aspirada por um tubo capilar pelo efeito de venturi provocado por um jacto de ar
que fluí perpendicularmente ao topo do capilar. É necessário usar um fluxo de gás em alta
pressão para produzir um aerossol fino. Na AAS de chama, usa se principalmente o
queimador de mistura prévia ou queimador de fluxo laminar, onde o aerossol é produzido
em uma câmara de vaporização na qual as gotas maiores do líquido são removidas da corrente
de gás e rejeitadas. A névoa produzida é misturada com o gás combustível e o gás de arrasto
(oxidante) e fluí para a cabeça do queimador. O sinal analítico obtido é de grande
estabilidade, propiciando elevada repetibilidade

 Estrutura do Queimador

 Tipos de Chama
1. Diferentes misturas de gases combustíveis e agentes oxidantes podem ser utilizadas.
2. Diferentes misturas geram diferentes temperaturas de queima, o que influencia no
processo de atomização da amostra.
3. Amostras refractárias necessitam de maiores temperaturas para serem atomizadas.
4. Misturas de gases de alta temperatura de combustão requerem queimadores especiais.
Ar/C2H2

Temperatura ≅ 2300ºC

Queimador normal (comprimento ≅ 10 cm) C2H2+ 3/2 O2→ 2 CO + H2O


Limitações
 Absorção na região do UV (230 nm)
 Baixa temperatura

N2O/C2H2
Temperatura ≅ 2800ºC
Queimador HT (comprimento ≅ 5 cm) C2H2+ 3 N2O → 2 CO + 3 N2+ H2O
Limitações
 Aumenta a ionização de alguns elementos
 Emissão intensa

2.3.4.2 Vantagens de FAAS


 Sem efeito memória, diminuindo tempo entre análises.
 Operação segura, minimizando riscos de explosão.
 Pouco ruído, através de utilização de fonte de radiação específica.
 Sistema de queima durável e de baixo custo.
 Possibilidade de diferentes temperaturas de queima.
 Análise rápida e de razoável sensibilidade.
 Repetibilidade e precisão de análise
2.3.4.3 Desvantagens de FAAS
 Grande volume de amostra (3-5 mL).
 Menos de 10% da amostra aspirada é utilizada (gotículas menores que 5 µm de diâmetro).
 Impossibilidade de utilização em amostras sólidas ou de viscosidade elevada.
 Baixa precisão quando utilizada para elementos que absorvem em λ próximos aos do
ruído de fundo da chama.
 Utiliza gases combustíveis e oxidantes sob pressão.
 Difícil análise de matrizes complexas.

2.3.5 Atomização por Forno de grafite (GFAAS) (Graphite Furnace Atomic Absorption
Spectroscopy)

A espectroscopia de absorção atómica de forno de grafite (GFAAS) é um método sem chama


que envolve tubos ou bastões de grafite electricamente aquecidos, para a produção de átomos
da amostra.

A solução da amostra (1-100 microlitros) é introduzida no forno colocando se a ponta de uma


micropipeta em uma abertura existente na camisa externa e um orifício no meio do forno de
grafite. O cilindro de grafite é aquecido por uma corrente eléctrica até uma temperatura
elevada para evaporar o solvente da solução. A 3000K, a amostra transforma-se em cinza e,
posteriormente em vapor, com a produção de átomos do metal.

Em 1958, L´vov introduziu o conceito de atomização electrotérmica. Ele propôs o uso de urn
forno de grafite como atomizador, A ideia de L.’vov era que a atomização da amostra deveria
ocorrer em uma única etapa dentro de um forno de grafite aquecido electricamente,
permitindo dessa forma, obter uma grande melhoria da da sensibilidade da técnica, com
menor consumo da amostra. Assim a técnica ficou conhecida como espectroscopia de
absorção atómica com atomização electrotérmica em forno de grafite (ETAAS. do inglês
Electrothermal Atomic Absorption Spectrometry).

Na técnica ETAAS, um pequeno volume da amostra (5-100 μL) é introduzido por um


micropipetador no interior de um tubo de grafite postado no caminho íoptico do aparelho. No
local do aquecimento do FAAS, o aquecimento da amostra se dá em 3 etapas:

 Secagem: onde o tubo é levado á temperatura de vaporização do solvente (50-200ºC)


 Pirólise: onde o tubo é levado á temperatura que o analito se volatilize e elimine os
contaminantes (200-800ºC)
 Atomização: o forno é levado á temperatura de atomização do analito; e
 Limpeza: o tubo é limpo para a próxima análise.

Figura 2 : Corte longitudinal de um atomizador de forno de grafite

Figura 3: A plataforma de L’vov e sua posição no forno de grafite


2.3.5.2 Tipos de Tubos de Grafite

Tubo de grafite de alta densidade: utilizado para elementos que possuem baixa temperatura de
atomização como Cd, Na, Pb, Zn, K, Mg...

Tubo de grafite revestido: para elementos refractários que reagem com carbono como Ni, Ca,
Ti, Si, V, As, Cu, Mo, Mn...

Tubo de grafite com plataforma de L´vov: para amostras contendo matrizes complexas. Ideal
para análises de resíduos industriais e monitoração ambiental.

2.3.5.1.Vantagens de GFAAS

 Maior tempo de residência dos analitos no volume de observação: aumento da


sensibilidade.
 Pequena quantidade de amostra.
 Transporte de amostra com eficiência máxima.
 Baixo consumo de soluções analíticas.
 Permite análise de sólidos directamente.
 Possibilidade de tratamento térmico da amostra durante as etapas de secagem e pirólise.

2.3.5.2 Desvantagens de GFAAS

 Baixa frequência analítica: tempo de análise de 3 a 5 minutos por amostra.


 Deterioração do tubo de grafite: 500-600 análises.
 Intervalo linear de análise.
 Baixa repetibilidade e reprodutibilidade se comparada a FAAS.

2.4 Espectroscopia de absorção molecular no Ultavioleta-Visivel (UV-VIS)

A espectroscopia de absorção molecular no UV-VIS utiliza as propriedades de interacção da


matéria com a radiação electromagnética (luz) para se determinar características qualitativas e
quantitativas de um analito.

2.4.1 Natureza da Radiação


Inicialmente a cor de uma solução podia ser utilizada na identificação de uma espécie (analise
qualitativa), enquanto que a intensidade da cor era utlizada na determinação da concentração
desta espécie (analise quantitativa). Esta técnica serviu para compreender a espectroscopia de
absorção em análises químicas, que visa em passar a luz branca através de uma solução a qual
apresenta uma coloração Amarela.
A luz branca é composta por uma gama enorme de radiações de diferentes cores
comprimentos de onda, consequentemente diferentes cores, tem as cores complementares ao
vermelho, amarelo e azul será absorvida e maior a concentração da espécie em solução, mas
amarelo e azul será absorvida e a maior será a intensidade da coloração vermelha da solução.
A radiação electromagnética pode ser descrita como onda, com propriedades como
comprimento de onda, frequência, velocidade e amplitude, a qual não requer suporte para
propagar-se, sendo transmitida pelo espaço a velocidade superior a 1 milhão de vezes mais
rápida que o som.
Em bastantes interacções entre radiação e matéria, é mais útil considerar a luz como
constituída por fotões ou quantum. Quando um fotão atinge a matéria, ele é destruído e sua
energia € é absorvida pela mesma. Podemos relacionar a energia de um fotão com seu
comprimento de onda, frequência e número de onda por:
ℎ𝑐
𝐸 = ℎ𝑣 = = ℎ𝑐𝑣̅
𝜆
Em que h corresponde a constante de Planck (6,626 x 10-34 J s). O número de onda e a
frequência, em contraste com o comprimento de onda, são directamente proporcionais à
energia do fotão. O comprimento de onda é inversamente proporcional à energia. Em outras
palavras o número de onda é uma outra forma de se descrever a radiação electromagnética, e é
definido como o número de ondas por centímetro (unidade cm-1) o que equivale ao inverso
do comprimento de onda.
2.4.2 O espectro electromagnético
O espectro electromagnético cobre uma faixa enorme de energias (frequências) e, portanto, de
comprimentos de onda (Tabela 24-2). As frequências úteis variam de 1019 Hz (raios g) a 103
Hz (ondas de rádio). Um fotão de raio X (1018 Hz, l 1010 m), por exemplo, é
aproximadamente 10.000 vezes mais energético que um fotão emitido por uma lâmpada
comum (1014 Hz, l 106 m) e 1015 vezes mais energético que um fotão de radiofrequência
(103 Hz, l105 m).
Os olhos humanos podem enxergar a luz visível (VIS), na qual a radiação apresenta o
comprimento de onda 780 a 380 nm.
A luz VIS e a UV têm energia suficiente para excitar electrões de valência de átomos e
moléculas e consequentemente estão envolvidas com excitações electrónicas.
O espectro electromagnético engloba radiações RMN, SER, Microonda, infravermelho, UV-
VIS, e Raios x, Raios y.
O analito amostra é geralmente estimulada aplicando-se energia na forma de calor, energia
eléctrica, luz, partículas ou por uma reacção química. Antes de se aplicar o estímulo, o analito
se encontra predominantemente em seu estado de energia mais baixo ou estado fundamental.
O estímulo então resulta que algumas das espécies do analito sofrem uma transição para um
estado de maior energia ou estado excitado. Obtém-se informações sobre o analito medindo-
se a radiação electromagnética emitida quando este retorna ao estado fundamental ou a
quantidade de radiação electromagnética absorvida decorrente da excitação, sendo que a parte
da molécula responsável pela absorção de luz chamada de cromóforo. Aos dois processos
descritos chama-se de espectroscopia de fotoluminescência ou emissão e espectroscopia de
absorção respectivamente.
2.4.3 Absorção da Radiação
Cada espécie molecular é capaz de absorver suas próprias frequências características da
radiação electromagnética. Esse processo transfere energia para a molécula e resulta em um
decréscimo da intensidade da radiação electromagnética incidente.
2.4.3.1 Processo de absorção
A lei de absorção, também conhecida como lei de Beer-Lambert ou somente como lei de
Beer, nos diz quantitativamente como a grandeza da atenuação depende da concentração das
moléculas absorventes e da extensão do caminho sobre o qual ocorre a absorção.
𝐴 = 𝜀𝑏𝐶
Enquanto a Luz atravessa um meio contendo um analito que absorve, verifica-se um
diminuição de intensidade na proporção que o analito é excitado. Para uma solução do analito
de determinada concentração, quanto mais longo for o comprimento do caminho do meio
através do qual a luz passa (caminho óptico4), mais centros absorventes estarão no caminho, e
maior será a atenuação. Também, para um dado caminho óptico, quanto maior for a
concentração de absorventes, mais forte será a atenuação.

A Figura abaixo mostra a atenuação de um feixe paralelo de radiação monocromática quando


este passa por uma solução absorvente de espessura de b cm e de concentração igual a c moles
por litro. No âmbito das interacções entre os fotões e as partículas absorventes a potência
radiante do feixe decresce de P0 a P.
Figura 4: Atenuação do feixe de radiação por uma solução absorvente.

A transumância T da solução é a fracção da radiação incidente transmitida pela solução, como


mostrado na Equação a seguir:
𝑃
𝑇=
𝑃0
A transumância é frequentemente expressa como uma percentagem denominada percentagem
de transumância ou transumância percentual:
𝑃
%𝑇 = 𝑃 × 100
0

A absorvância A de uma solução está relacionada com a transumância de forma logarítmica,


como mostrado na equação abaixo:
𝑃
𝐴 = −𝑙𝑜𝑔𝑇 =
𝑃0
Pode-se concluir que a absorvância de uma solução aumenta, e a transumância diminui.

2.4.4 Utilização da lei de Lambert-Beer


Pode-se calcular as absortividades molares das espécies se a concentração for conhecida.
Pode-se ainda utilizar o valor medido de absorvância para obter a concentração se a
absortividade e o caminho óptico forem conhecidos. As absortividades, no entanto, são
funções de variáveis como o tipo de solvente, a composição da solução e da temperatura. Por
causa da variação da absortividade com esses parâmetros, nunca é muito prudente tornar-se
dependente de valores tabelados na literatura para realizar uma análise quantitativa.

2.4.5 Limites da lei de Beer


Nem todas as soluções que contem substâncias absorvem a luz, obedecendo estreitamente a
lei de Lambert – Beer.
Poucas excepções são encontradas para a generalização de que a absorção está relacionada
linearmente com o caminho óptico. Outros ocorrem como consequência da maneira como as
medidas de absorção são feitas ou como resultado de mudanças químicas associadas com
variações de concentração; estas duas últimas são conhecidas, respectivamente, como desvios
instrumentais e desvios químicos.
Quando os compostos absorvem a luz no UV, os electrões são excitados de níveis de energia
mais baixos para os mais altos. Por isso os espectros de UV são chamadas muitas das vezes de
espectros electrónicos
2.4.5.1 Limites reais
A lei de Beer descreve o comportamento da absorção somente para soluções diluídas. Para
concentrações que excedem 0,01 mol L-1, a distância média entre os iões ou moléculas da
espécie absorvente diminui a ponto de cada partícula afecta a distribuição de carga, e assim a
extensão da absorção das suas vizinhas, afectando directamente na relação linear absorvância
x concentração. Isso pode ocorrer também em soluções diluídas que apresentam altas
concentrações de outras espécies.
2.4.5.2 Limites aparentes
Desvios químicos: ocorre devido a associação ou dissociação da espécie absorvente ou o
constituinte não é convertido em única espécie absorvente por completo;
Desvios instrumentais

2.5 Emissão Atómica

Os átomos, os iões e as moléculas podem ser excitados para um ou mais níveis de maior
energia por meio de vários processos como o bombardeamento com electrões, exposição a
plasmas de altas temperaturas, chama, arco eléctrico ou uma fonte electromagnético.

Quando átomos absorvem energia electromagnética realizam transição electromagnética,


realizam transição electrónica. Como as espécies excitadas relaxam rapidamente voltando
para estados de energia mais baixos surgem linhas espectrais, que em espectroscopia óptica
aparecem na região do ultravioleta e visível e que são úteis para análise qualitativa e
quantitativa de elementos. Este tipo de emissão é conhecido como teste de chama.

O tempo de vida de uma espécie excitada é geralmente transitório (10-9 a 10-6) e a relaxação
para um nível de energia mais baixo ou para o estado fundamental ocorre a libertação do
excesso de energia na forma de radiação electromagnética, de calor ou de ambos.
Ao colocar-se certos metais na forma de sais no bico de Bunsen, surgem cores características.
Se a luz produzida passar por um espectroscópio, varias linhas de cores são resolvidas. Se
queimarmos um sal de estrôncio, um de sódio e um de cobre, veremos, respectivamente, as
cores vermelho, amarelo intenso e verde, como ilustra a figura abaixo:

Figura 4: emissão de chama

A emissão de cada elemento tem comprimentos de onda definidos e fixos no espectro


electromagnético.
2.5.1 Tipos de espectros de emissão
A radiação de uma fonte é caracterizada por meio de um espectro de emissão, que tem a
forma de um gráfico da potencia relativa da radiação emitida em função do comprimento
de onda e a frequência.
 Espectros contínuos

O espectro contínuo é também chamado de espectro de corpo negro, ou espectro térmico.


Depende apenas da temperatura da fonte. Quando átomos interagem com outros, as linhas
espectrais são alargadas, já que os átomos têm velocidades diferentes e os comprimentos
de onda se deslocam pelo Efeito Doppler. Estes são emitidos por sólidos incandescentes
e, neles, linhas claramente definidas estão ausente; são os espectros constituídos por uma
sequência contínua de cores, sem que haja intervalos sem cor, isto é, espectros de luz com
todos os comprimentos de onda da luz visível.

A radiação de um corpo negro é produzida por um sem-número de oscilações atómicas e


moleculares excitadas por energia térmica em um sólido condensado.
A energia dos picos na figura abaixo se desloca para menores comprimentos de onda com
o aumento da temperatura. Como mostra a figura, uma temperatura muito alta é necessária
para levar uma fonte termicamente excitada a emitir uma fracção substancial da sua
energia como radiação ultravioleta.

 Espectro de linhas ou raias

Este tipo de espectro é característico de átomos ou de iões excitados que emitem energia
na forma de luz de comprimento de onda bem característico. As linhas são bem definidas,
separadas de modo aparentemente irregular.

Ex: ao se dispersar a luz com coloração característica de um, certo gás, átomo ou ião
excitado, no espectro resultante aparecem somente algumas raias (linha) com
determinados comprimentos de onda. As linhas coloridas são separadas por zonas escuras
correspondentes a comprimentos de onda ausentes na luz emitida pelo gás, átomo ou ião.
 Espectro de banda_ Grupos de linhas se aproximam cada vez mais até chegar a um
limite, a cabeça da banda; este tipo de espectro é característico de moléculas excitadas

2.5.2 Métodos usados na Espectroscopia de Emissão


As análises por espectrometria de emissão atómica podem ser realizadas por atomização e
excitação promovidas por fontes de plasma e fotometria de chama.
2.5.2.1 Fotometria de Chama
A fotometria de chama é a mais simples das técnicas analíticas baseadas em
espectroscopia atómica. É usado essencialmente na análise de metais alcalinos,
particularmente em fluídos e tecidos biológicos.
Nesse caso, a amostra contendo cátions metálicos é inserida em uma chama e analisada
pela quantidade de radiação emitida pelas espécies atômicas ou iônicas excitadas. Os
elementos, ao receberem energia de uma chama, geram espécies excitadas que, ao
retornarem para o estado fundamental, liberam parte da energia recebida na forma de
radiação, em comprimentos de onda característicos para cada elemento químico1~.
A chama é uma fonte de energia muito mais fraca do que as fontes eléctricas de
excitação, rasão esta que leva a produzir um espectro de emissão mais simples, com
menos linhas.
Vantagens
 É uma técnica bem conhecida
 Os custos de manutenção e de análise são baixos
 Pode ser usada em muitos fluidos.

2.5.2.2 Plasma

Nesta espectroscopia de plasma, o gás, normalmente árgon, se ioniza em um campo


eléctrico forte por uma corrente directa ou por radiofrequência. Ambos os tipos de
descarga produzem um plasma, o plasma de corrente directa (DCP) ou plasma de
acoplamento indutivo (ICP).

O plasma é adequado para a determinação simultânea de elementos, visto que obtém-se


espectro de maior número de elementos.

 Plasma de corrente directa (DPC)

A fonte de plasma produz uma descarga de alta voltagem entre dois eléctrodos de grafite.
A amostra é nebulizada na versão de 1 mol/min, usando árgon como carregador. O árgon,
ionizado pela descarga de alta voltagem, é capaz de sustentar indefinidamente uma -
corrente de ~ 20 A. O DPC tem geralmente limites de absorção inferiores aos do ICP.
Apresenta eléctrodos que devem ser substituídos após algumas horas de uso.
 Plasma de acoplamento indutivo (ICP)

É uma técnica de análise química instrumental que faz uso de uma fonte de excitação de
plasma de argônio à alta temperatura (7000 - 10 000 K) para produzir, em uma amostra
introduzida sob forma de neblina no centro do plasma, átomos excitados que emitem
radiação em comprimentos de onda na faixa de 125 a 950 nm, característicos dos
elementos neles presentes.

A fonte de ICP é chamada de tocha- três tubos de quartzo através dos quais passa um
fluxo de gás argônio. A ionização do argônio é iniciada por uma centelha. Os iões
resultantes interagem com o campo magnético flutuante produzido pela bobina de
indução. Esta interacção faz com que os iões que estão no interior da bobina flutuam nos
caminho anelares fechados. A resistência dos iões a este fluxo provoca o aquecimento do
plasma.

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