Você está na página 1de 3

Esquizofrenia

A esquizofrenia é um transtorno mental complexo, que acomete uma boa parte


da população, nesse artigo, busca-se clarificar a noção da doença e mostrar as
nuances e sintomas que a esquizofrenia atinge na vida do indivíduo.

Kraepelin (1856-1926), foi um psiquiatra alemão e comumente é citado como o


criador da moderna psiquiatria e genética psiquiátrica. Kraepelin estabeleceu uma
classificação de transtornos mentais baseada no modelo médico. A Demência
precoce, uma de suas classificações incluía em seus sintomas: alucinações,
perturbações na atenção e esvaziamento afetivo. Três formas foram distintas do
transtorno foram apresentadas por Kraepelin: hebefrênica, catatônica e
paranóide.

Esquizofrenia, um termo criado por Bleuler (1857-1939), significa “mente


dividida”, substituiu então o termo demência precoce. Bleuler descreveu sintomas
primários específicos da esquizofrenia que são: Associação “frouxa” de idéias
(idéias que são associadas de forma errônea e com prejuízo da lógica), autismo
(comportamento introspectivo, dificuldade de relacionamento, comunicação
afetada e isolamento), ambivalência (valores de sentidos opostos) e alterações de
afeto. Já os sintomas secundários incluem delírio e alucinações (Ey, Bernard, &
Brisset, 1985).

Os primeiros sintomas da esquizofrenia aparecem geralmente na adolescência, e


por mais que possam desencadear-se abruptamente, eles também podem parecer
inofensivos, apresentando perda de interesse, energia, iniciativa, negligência com
a aparência pessoal. Esses sintomas podem iniciar-se e arrastarem-se por meses,
antes dos sintomas mais característicos da esquizofrenia que são delírios e
alucinações, transtorno de pensamentos e fala, perturbações das emoções,
déficits cognitivos, perturbações das emoções e do afeto. “As alucinações visuais
ocorrem em 15%, as auditivas em 50% e as táteis em 5% de todos os sujeitos;
os delírios ocorrem em mais de 90% deles” (PULL, 2005).

“Psicose é um termo aplicado para o estado mental em que a pessoa perde suas
conexões com a realidade do mundo exterior”. Palmeira, Geraldes e Bezerra
(2009, p. 24). Segundo os autores a psicose não é exclusiva da esquizofrenia e
pode estar presente em outras doenças psiquiátricas. A principal característica da
psicose é o julgamento da realidade que é prejudicado, porém, nem todos os
pacientes sofrem de delírios e alucinações. Existem alguns pacientes que são mais
desorganizados do que delirantes, esses pacientes podem sofrer de
desorganização de pensamento, emoções e comportamento.

Klaus Conrad, em seu livro La Esquizofrenia Incipiente (1958), destaca que antes
do primeiro surto (pródromo) um esquizofrênico pode ter como fases preliminares
a incapacidade de transcendência ou incapacidade de transposição dos pontos de
referência. O esquizofrênico sente-se o centro do mundo.

Palmeira, Geraldes e Bezerra (2009) afirmam que é difícil estabelecer um


padrão sintomático do pródromo, pois a variabilidade das manifestações é infinita,
contudo, listam alguns dos principais sintomas de acordo com pesquisas
realizadas. O pensamento é afetado por: ideias estranhas, incomuns, os
esquizofrênicos acreditam que alguma coisa está errada, possuem medos
incomuns, desconfiança e paranóia. A cognição e percepção são afetadas por:
dificuldade de concentração, esquecimento, confusão, atrapalhamento,
desrealização, despersonalização, distorção da percepção e ilusões.

Na esquizofrenia, segundo os autores, o humor altera-se em: preocupação,


ansiedade, tensão, irritabilidade, apatia, alegria, animação, hostilidade e
agressividade. O comportamento do esquizofrênico pode ser: inquieto, agitado,
impulsivo, agressivo, isolamento, descuido da higiene e aparência, prejuízos na
escola ou no trabalho, fala de maneira confusa, sem nexo, rotina rígida ou
imprevisível. Os diagnósticos mais comuns nessa fase, são depressão e ansiedade,
existe uma apatia, afastamento e isolamento.

A causa exata da esquizofrenia não é conhecida, mas pode observar-se uma


combinação de fatores genéticos e ambientais. As atividades dos portadores são
geralmente prejudicadas e eles podem abandonar ou serem afastados da mesma.
A família tem um papel importante na vida do sujeito e ao mesmo tempo
enfrentam grandes dificuldades, pois sofrem mais do que o próprio paciente pelos
sintomas.

O tratamento da esquizofrenia geralmente estende-se por toda a vida, mesmo


com o afastamento dos sintomas. É feito com medicamentos e a terapia vem
ajudando paralelamente. Durante as crises pode ser necessário uma
hospitalização para garantir a segurança do paciente. O psiquiatra é o médico
responsável pelo diagnóstico e acompanhamento do tratamento.

Atualmente os pacientes, podem contar com diferentes programas de auxílio e


reintegração com a sociedade. Esses programas incluem terapias específicas para
o transtorno e ensinam como lidar com os sintomas e a doença. Incluem também
treinamentos profissionalizantes que ajudam a retomarem as atividades que já
exerciam antes. O melhor tratamento é o que inclui a reintegração social do
paciente.

A terapia é de extrema importância quando alinhada com a medicação. Entender


o funcionamento da doença, aprender a enfrentar os sintomas e superar os
desafios cotidianos, ajuda as pessoas com esquizofrenia a perseguirem os seus
objetivos de vida e terem uma vida com mais qualidade. Os indivíduos que
participam de um tratamento têm menos propensão a sofrer e serem
hospitalizados.
A expressão que é algo valioso na psicanálise, permite ao paciente um alívio das
tensões causadas pela doença. Nesse contexto entende-se o quanto a psicanálise
pode contribuir com práticas voltadas para a saúde mental, incluindo no campo
analitico o paciente esquizofrênico.

Você também pode gostar