Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Olhar Cigano (Livro)
Olhar Cigano (Livro)
Asséde Paiva[1]
Rev.: Acir Reis
Ampliado em 12/10/2008
O OLHAR CIGANO
“A multitude of copper vessels gleams on ceiling and wall like gypsy eyes in
the firelight.”
The National Geographic Magazine, October, 1957, p.575.
gora vamos tratar, em detalhes, desta inconfundível marca cigana: o seu olhar.
Aqueles que não concordarem com as traduções que fizemos ou mandamos fazer,
poderão ler direto nos originais, que fizemos questão de transcrever. Solicitamos e
agradecemos todas as sugestões que nos enviarem.
A cigana
(Roberto e Erasmo Carlos)
Cigana feiticeira
Cigana feiticeira
feiticeira, ai meu Deus!
Eu gasto tudo, tudo,
pelos carinhos seus.
Me diga só
que tenho de fazer
pra virar cigano
e morar com você.
Their lively black rolling eyes, are, without dispute, properties which must be ranked
among the lift of beauties, even by the modern civilized European world, p. 9.
[Seus olhos vívidos, negros, revirados são, sem contestação, únicos e devem ser
classificados entre padrões de beleza, nivelados ao mundo moderno, europeu.]
... the eyes large, overhung with long drooping lashes, giving them almost a
melancholy expression, it was only when the lashes were elevated that the
Gypsy glance was seen, if that can be called a glance which is a strange stare,
like nothing else in this world.
[... os olhos grandes, movendo-se sob longas pestanas pendentes, que lhes
emprestavam uma expressão quase melancólica; era somente quando as
pestanas se elevavam que se via a mirada do cigano, se se pode chamar de
mirada àquilo que é um olhar estranho, espantado, como nenhum outro no
mundo.]
Mas é no capítulo V, pp. 278 e 279, que G. Borrow nos descreve, com maestria, o olhar
cigano. Vamos transcrever o bastante:
There is something remarkable in the eye of the gitano: should his hair and
complexion become fair as those of the Swede or the Finn, and his jockey gait
as grave and ceremonious as that of the native of Old Castile, were he dressed
like a king, a priest, or a warrior, still would the gitano be detected by his eye,
should it continue unchanged. [...], the eye of the gitano is neither large nor
small, and exhibits no marked difference in its shape from the eyes of the
common cast. Its peculiarity consists chiefly in a strange staring expression,
which to be understood must be seen, and in thin glaze, which steals over it
when in repose, and seems to emit phosphoric light. That eye has sometimes a
peculiar effect, we learn from the following stanza:
Há! há!” cried the woman, who had hitherto sat knitting, at the farther end of
the tent, without saying a word, though not inattentive to our conversation, as I
could perceive, by certain glances, which she occasionally cast upon us both.
“Ha, ha!” she screamed, fixing upon me two eyes, which shone like burning
coals, and which were filled with an expression both of scorn and malignity; ...
[“Ha! há!” gritou a mulher que, até agora, tricotava à distância, em um canto da
tenda, sem dizer uma palavra, embora não desatenta à nossa conversa, como
pude perceber por certos olhares de soslaio, que ela dirigia ocasionalmente a
nós dois. “Há, há!” ela berrou, fixando em mim os dois olhos que brilhavam
intensamente como carvões acesos, e que estavam plenos de desdém e
malignidade;...]
As crianças usavam igualmente botas até ao joelho, mas pretas, e quase todas
fumavam, de cachimbo. Havia algumas com feições regularíssimas, e os olhos de
todos, negros e rasgados, faiscavam de brilhantes.
Como estrutura, como forma, esse povo é de uma beleza admirável. As ciganas,
quando moças, são de formosura soberana: rosto oval, cabelos negros, olhos que
brilham como estrelas polares do amor. A mediana estatura é-lhes a regra; são esbeltas
e graciosas como as palmeiras da Ásia, a voz lhes plange na garganta como cavatina
nos desertos.
Quando, porém, as flores dos verdes anos se fanam, a fealdade reflete-lhes velhice
prematura, a pele se lhes enruga, os olhares perdem as fascinações ardentes,
transformando-se elas em múmias, mas sem o lençol de perfumes dos embasamentos.
... os olhos são muito negros e vivos , e nas mulheres, justificam às vezes o que
se diz do tom misterioso, alternativamente melancólico e alegre dos olhos das
ciganas em geral...
E sumariando o tema à página 139, da mesma obra, diz que os ciganos, em geral têm os
olhos muito negros; às vezes castanhos ou esverdeados e os ciganos do Brasil têm os
olhos pretos, rasgados (vivos e penetrantes); garços; raramente azuis em alguns.
Mirian Stanescon — Rorarni[8], Presidente da Fundação Santa Sara Kali, escreveu o livro
Lila Romai (Cartas ciganas), o verdadeiro oráculo cigano, à p. 27 assim nos fala sobre o
olho cigano:
Os ciganos dão muito valor aos seus olhos, porque eles lidam não só com a visão
física, como também com a visão espiritual. Assim, quando o filho nasce, a mãe, até o
sétimo dia, lava seus olhos com água e uma pitadinha de sal, diariamente. No caso das
meninas, seus olhos são lavados apenas no sétimo dia, com água e sal, e depois com
água e açúcar, pois sabemos que a arte divinatória é praticada principalmente pelas
mulheres ciganas — DRABARIMÔS (leitura DA SORTE).
O escritor e Prêmio Nobel de Literatura, em 1999, Günter Grass (que doou metade de seu
prêmio aos ciganos de Kosovo), assim se refere aos olhos ciganos:
They have the Evil Eye[9] and that stunning beauty that makes us ugly to ourselves.
Because their mere existence puts our values in question.
[Eles têm olhos feiticeiros e aquela estonteante beleza que nos torna feios. Porque sua
mera existência põe nossos valores em questão.]
Os poetas louvam os olhos ciganos toda hora. Vamos registrar mais este exemplo, uma
estrofe, retirada da poesia A cigana, de Alexandrina Scurtu:
O Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel Garcia Marques também nos brinda com texto
memorável, quando exalta a insuperável resistência do cigano Melquíades, em Cem
anos de solidão[10], à p. 11:
... a morte o seguia por todas as partes, farejando-lhe as calças, mas sem se
decidir a dar o bote final. Era um fugitivo de quantas pragas e catástrofes
haviam flagelado o gênero humano. Sobreviveu à pelagra na Pérsia, ao
escorbuto no arquipélago da Malásia, à lepra em Alexandria, ao beribéri no
Japão, à peste bubônica em Madagascar, ao terremoto na Sicília e a um
naufrágio multitudinário no estreito de Magalhães. Aquele ser prodigioso, que
dizia possuir as chaves de Nostradamus, era um homem lúgubre, envolto numa
aura triste, com um olhar asiático que parecia conhecer o outro lado das coisas.
Os caracteres físicos dos ciganos são mais fáceis de distinguir do que descrever e,
assim que tenhamos visto um só, reconhecemos um indivíduo dessa raça em meio de
uma multidão. A fisionomia, a expressão, eis o que sobretudo os distingue dos povos
que habitam o mesmo país. Sua pele é morena, sempre mais escura do que aquela das
populações com as quais convivem.[Falava dos ciganos da Espanha]. Daí vem o nome
Calé, os negros, pelo qual eles se referem a si mesmos com freqüência. Seus olhos,
ligeiramente oblíquos, bem talhados, muito negros, são sombreados por cílios
longos e espessos. Só podemos comparar seu olhar com o do animal selvagem. A
audácia e a timidez estão presentes ao mesmo tempo, e desse ponto de vista, seus
olhos revelam muito bem o caráter da nação — astuciosos, insolentes, mas
naturalmente tementes aos golpes...
Júlio Verne, em seu primoroso e espetacular livro de aventuras Miguel Strogoff, assim
nos fala sobre uma cigana (p.71) e ressalta o seu olhar:
A seu lado, a cigana Sangarra, mulher de trinta anos, de pele morena, alta, bem
lançada, olhos magníficos e cabelos dourados, estava em postura soberba.
Em outro parágrafo, à mesma página: “Estas ciganas têm os olhos de gato! Vêm bem no
escuro e aquela poderia bem saber...”
Nosso Martins Fontes[12] (1884-1937), no livro Sherazade, nos brinda com a inclusão do
poema Canção gitana, em homenagem a Carmem [de Bizet] que, por ser mui belo,
transcreve-mo-lo integralmente:
A gambiarra ensandalada,
infanta e odalisca, eu sou
uma pantera assanhada,
que freima enfervorizou!
E, esfuzilando, felina,
a rir e a gritar: — olé!
Minha peçonha assassina
enfeitiçou dom José!
Temperamento boêmio,
sendo agarena, talvez,
meu coração é irmão gêmeo
das gitanas do Xerez!
Repicando a castanhola,
minha estridência contém
arrogância de espanhola,
furor, de fera no harém!
Os cascavéis do pandeiro
estridulam, em destom,
num trastralastrás brejeiro,
ou surdo dongolodrom!
E, espaventando o exagero,
bela, bárbara, brutal,
fulveja meu desespero
na sarabanda infernal!
Nossos escritores vez por outra introduzem ciganos em suas estórias. Lemos em
Machado de Assis (1839-1908), fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira
de Letras, este trecho de Dom Casmurro, que nos fala de Capitu e de seus olhos, mas
com tonalidade preconceituosa:
Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos
dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada.
Na revista VEJA, de 30 de janeiro de 2008, ed. 2045, ano 41, n.4, lê-se à p. 32,
interessante polêmica sobre os olhos de Capitu. Transcreve-se parte, em seqüência:
Polêmica à parte, por tudo que pesquisamos e escrevemos, acho que o emérito Machado
queria que aqueles olhos fossem ao mesmo tempo de ressaca e de cigana.
Não podemos olvidar o grande Alexandre Dumas [13], que no seu livro O salteador,
assim descreve a cigana Giesta:
Seus cabelos, tão negros que chegavam a tomar, às vezes, o reflexo azulado da
asa do corvo, emolduravam, cindo sobre os ombros, um rosto de um oval
perfeito e de apurada dignidade. Grandes olhos azuis como pervincas,
sombreados por cílios e sobrancelhas da cor dos cabelos, uma tez lisa e branca
como leite, lábios frescos como cerejas, dentes que fariam inveja às pérolas,
um pescoço cuja ondulação tinha a graça e a flexibilidade de um pescoço de
cisne, braços um pouco longos, mas de forma perfeita, talhe flexível como o do
junco mirando-se num lago, ou da palmeira balançando-se no oásis, pés cuja
nudez permitia fossem admirados o pequeno tamanho e a elegância, tal era o
conjunto físico da personagem sobre a qual nos permitimos chamar a atenção
do leitor.
O musicólogo Sérgio Bittencourt Sampaio, membro da Academia Nacional de Música,
diz que na canção do toureiro da ópera Carmem, de Bizet, ouve-se:
[Pensa bem,
Pensa, ao combater,
Que um olhar negro te observa
E que o amor te aguarda.]
A jornalista Isabel Fonseca viajou no período de 1991-1995 com ciganos pela Europa
Oriental, onde se encontra a maior população cigana (8milhões) e escreveu o livro
Enterrem-me de pé, a longa viagem dos ciganos. Companhia das Letras,1996; à p. 223,
falando desses nômades em Varsóvia nos diz ...Mesmo mantendo o tom plangente,
numa desastrada mímica de seus objetivos, olham através ou adiante do doador em
potencial. No parágrafo seguinte nos fala assim: ... que eram morenos, esguios, de olhos
brilhantes...
E no não menos extraordinário romance O corcunda de Notre Dame [14], de Victor
Hugo[15], lemos esta bela passagem (p.17) sobre a cigana Esmeralda, a heroína da
história:
Como poderia ser humano aquele corpo moreno e esguio, que volteava ligeiro,
conduzido por pés que pareciam ter asas? E aqueles olhos pretos, muito
grandes, que lampejavam a cada volta, não eram sobrenaturais?
Na edição Ediouro, ano 2003, do livro de Victor Hugo, op. cit., à p. 73 lê-se: “Cada vez
que essa figura radiante passava girando diante de alguém, seus grandes olhos negros
lançavam um relâmpago”. E mais abaixo, na mesma página: “...seus cabelos negros,
seus olhos como uma chama, era criatura sobrenatural”. E à p. 290 quando mestre
Jacques (Procurador do rei no Tribunal da Igreja) conspirava com Cláudio Frollo (o
arcediago de Notre Dame) para prender a cigana “...O processo está pronto; depressa se
arranja tudo! Uma linda criatura, pela minha alma, essa dançarina! Os mais lindos olhos
negros que já vi! Duas granadas[16] do Egito!...” E ao longo das mais de quinhentas
páginas de seu romance, Victor Hugo volta, várias vezes, a falar do olhar de Esmeralda.
Curioso é que a cigana não era legítima filha-do-vento, pois fora raptada de uma
família, em Paris, quando criancinha. Mas o romancista pôs nos olhos dela toda magia
do olhar autenticamente cigano.
No imortal romance Por quem os sinos dobram, seu autor, Ernest Hemingway, no
capítulo II, p. 16, nos apresenta um cigano como se segue:
— Não deixe isto muito próximo da gruta — disse o homem sentado, um rapaz de
olhos azuis num rosto moreno, bonito tipo cigano. — Há fogo lá dentro.
No cancioneiro popular, a magia dos olhos e do olhar cigano está presente em inúmeras
canções. Encontramos mais de vinte que falam do tema. Citamos quatro exemplos:
I
Olhos negros, penetrantes...
onde o olhar toma a alma,
invade audacioso os pensamentos
emitindo desejos...
faz sentir na tez o calor ansioso do toque.
..............................................................
In cigano sedutor, de Yuri Gitano
II
Chegaste tímida, descalça e
com lascívia no andar
E dançaste e provocaste o meu desejo
e simulaste, insinuaste e dissimulaste
E súbito, olhaste no fundo de meus olhos e me desnudaste.
..................................................................
In Cigana, de José Eduardo Camargo
III
IV
James Wells, viajante inglês, que esteve no Brasil entre 1869 e 1886, escreveu um
livro[18] e registrou um batuque onde descreve um indivíduo aciganado da seguinte
forma:
... um sujeito selvagem, com cara de cigano, belo, airoso como um Adónis,
com os olhos de uma gazela, mas que contêm o fogo de um gato selvagem, um
grande dançarino...
E em outra página do mesmo livro escreve: “...o cigano aparece só. Os cabelos
cacheados e longos, o cavanhaque e o olhar longínquo e desconfiado compõem a
estranha imagem do cigano”.
O reverendo Robert Walsh (1772-1852) transitou pelo Brasil em 1828 e 1829; escreveu o
livro Notícias do Brasil, ele nos diz que os ciganos tinham olhos e cabelos negros...
Sir Richard Francis Burton[19] (1821-1890) dá a seguinte nota no rodapé de seu livro
The Jew, the Gypsy and El Islam, p. 169:
Every observer has noticed the Gypsy eye, which films over, as it were, as soon
as the owner becomes weary or ennuyé; it has also a remarkable “far-off”
glance, as if looking over and beyond you. Borrow (The Zincali) describes it as
a “strange stare like nothing else in this world”. And again he says that “a thin
glaze steals over it in repose, and seems to emit phosphoric light”.
[Todo observador notou o olho cigano, que fica como se enevoado logo que o
dono se torna enfastiado ou aborrecido; ele tem também um notável olhar
distante, um lampejo como se procurasse no entorno e além de você. Borrow
(The Zincali) descreve-o como uma “estranha fixidez, jamais vista neste
mundo”. E de novo ele diz que “um fino embaçamento cobre-o em repouso, e
parece emitir uma luz fosfórica”.]
Falando dos Jats, habitantes (nômades) do noroeste da Índia, provavelmente terra dos
ciganos, Francis Burton assim expressa:
The Jats in appearance are a swarthy and uncomely race, dirty in extreme, long,
gaunt, bony, and rarely, if ever, in good condition. Their beards are thin, and
there is a curious (i.e. Gypsy-like) expression in their eyes.
[Os jats, na aparência são morenos trigueiros, Raça incomum, suja ao extremo, alta,
esquálida, ossuda, notavelmente quase sempre em boa condição. As barbas são ralas e
há uma curiosa (i. é. como cigana) expressão nos seus olhos.}
A “curiosa expressão” que ele [Burton] viu nos olhos dos jats era o chamado
“olhar cigano” que sempre intrigava Burton quando escrevia sobre os ciganos,
pois sempre lhe diziam que ele próprio (Burton) tinha esse mesmo olhar.
Mais tarde, Burton [livro de Rice], ao encontrar ciganos na Síria, sentiu-se novamente
atraído pelo olhar.
Conservam o olho característico. A forma é perfeita, e tem uma mirada especial à qual
se atribui o poder de gerar grandes passions — um dos privilégios do olhar. Várias
vezes notei sua fixidez e brilho, que cintila como luz fosforescente, clarão que em
alguns olhos indica loucura. Também observei o olhar “ que parece fitar algo além de
nós, e a alternância entre a mirada fixa e um embaçamento ou toldamento da pupila
distante”
Após a morte de Burton, The Gypsy Lore Journal de janeiro de 1891, em seu obituário,
observou:
Elwood B. Trigg, em seu livro Gypsy & Demons Divinities, (Citadel Press, N. J., p. 35,
assim nos fala:
The Gypsy’s eyes are normally darker and more brilliant than those of other
peoples. Among some gypsies, however, this feature is even more intense than
others. It requires little imagination to see how such individuals might be
recognized as strangely different than others with a special power to work
magic through the use of their eyes.
[Os olhos ciganos são normalmente mais escuros e mais brilhantes do que os
das outras pessoas. Entre alguns ciganos, contudo, esta feição é mais intensa do
que outras. Requer pouca imaginação para se ver como tais indivíduos podem
reconhecê-los estranhamente diferentes do que outros, com especial poder de
magia, através do uso de seus olhos.]
Clemente Cimorra, em Los Gitanos, à p. 6 nos fala: “la viva expresión de los ojos”... O
autor nos informa à p. 44, livro citado:
Y. F. M. Pabanó que escribe en 1915 y de una manera material no há conocido más que
a los gitanos de Andalucía, expresa: “Los ojos del hombre gitano, negros, vivos y
penetrantes, poseen cierta peculiaridad que permite reconercerle al punto, sea
cualquiera el disfraz com que se cubra; bajo el traje más ceremonioso, como si adopta
la vestidura más sucia y harapienta, al instante se advierte la singular y profunda fijeza
de su mirada. Podrá conocerse a primera vista el ojo pequeno del hebreo, las pupila
obliqua del chino, o la rasgada e intensa del musulmán; pero el ojo del gitano, aunque
regular y proporcionalmente igual a los de las demás castas europeas, se distingue em
seguida por su fulgor; un fulgor extrano, que parece a luz del fósforo.
[Y. F. M. Pabanó que escreve, em 1915, e que de uma maneira concreta não
conheceu outros ciganos além dos da Andaluzia, expressou: “Os olhos do
homem cigano, negros, vivos e penetrantes, possuem certa peculiaridade que
permite reconhecê-lo a tal ponto, independente de qualquer disfarce com que se
esconde; seja o traje mais cerimonioso, ou se adota a veste mais suja e
esfarrapada, num instante se percebe a singular e profunda fixidez de seu olhar.
Pode-se conhecer à primeira vista o olho pequeno do judeu, a pupila oblíqua do
chinês, ou a rasgada e intensa do muçulmano; mas o olho do cigano, embora
regular e proporcionalmente igual aos das demais etnias européias, se
distingue, em seguida, por seu fulgor; uma cintilação estranha que parece a luz
do fósforo”].
Martin Block, em Moeurs et Coutumes Tziganes, pp. 67-68, traça excelente comentário
sobre as singularidades do olhar dos gitanos:
C’est à son regard qu’on reconnaît le plus sûrement un tzigane. A défaut de tout
autre particularité anthropologique, son oeil le trahit. Le language s’avoue
impuissant à caractériser expréssement un tel regard. La science n’en a pas
encore entrepis l’étude, et c’est dommage; elle laisse là libre carrière aux
peintres et aux poètes Le regard rest pourtant, avec la démarche, un des
meilleurs indices permettant d’attribuer à chaque individu telle ou telle origine
ethnique. Il suffit de savoir l’observer.
Il y a dans les yeux du tzigane quelque chose d’inquiet, de mobile, qui peut
devenir singulièrement perçant dés que le regard se pose sur point précis. La
manière dont se répartit la lumière frappant ces yeux, joint à l’aspiration à se
porter du dedans au dehors, à saisir l’objet que le regard reflèt, ne peut
manquer de nous captiver, même si la pupille est colorée en bleu. Il semble
presque qu’inconsciement s’imprime ainsi chez ces primitfs un je ne sais quoi
venant de l’éternité, qu’ils nous ouvrent un aperçu sur l’au delà. Abîme pour
nous insondable. Par les dimensions de sa surface lumineuse, par l’ardeur de
son éclat, l’oeil du Tzigane laisse soupçonner la passion contenue mais intense
qui unit à la bonté la cruauté, donne simultanément libre cours à l’amour et à la
haine, accouple la douceur à la sauvagerie. Tout un monde s’est réfugié dans
les regards du Tzigane, ou plus généralement des différents peuples primitifs
restés en dehors de la civilisation européenne. On retrouve avec étonnement
chez beaucoup de jolies femmes tziganes le même éclat exalté, presque
effrayant, qui caractérise les peuples de l’Inde. Comparez les traits des
Indiennes, tels que nous les font connaître tant d’illustrations, aux
photographies de Tziganes [...] et vous ne pourrez qu’être frappés de
l’analogie. L’oeil noir ou d’un brun châtain se détache sur un vaste fond blanc,
dont ce contraste augmente encore la blancheur. La chevelure d’un noir
poisseux et l’or ou l’argent des parures qui l’ornent ainsi que les oreilles
semblant rivaliser d’éclat avec cette blancheur des yeux et des dents.
Em seqüência, a excelente tradução do texto supra, feita por Léa e Jessé Cortines
Peixoto:
[Há nos olhos do cigano qualquer coisa de inquieto, de mobilidade, que pode
se tornar singularmente penetrante, desde que o olhar se fixe sobre um ponto
preciso. A maneira pela qual se reparte a luz brilhante desses olhos, associa à
aspiração de transportar-se de dentro ou fora, para apoderar-se do objeto, que o
olhar reflete, não pode deixar de nos cativar, mesmo se a pupila for colorida de
azul. Parece quase que inconscientemente se imprime assim nestes primitivos
um não sei que vindo da eternidade, que eles nos abrem uma percepção do
mais além. Abismo para nós insondável. Pelas dimensões de sua superfície
luminosa, pelo ardor do seu brilho, o olhar do cigano permite supor a paixão
contida, porém, intensa, que une à ternura a crueldade, dá simultaneamente
livre curso ao amor e ao ódio, une à doçura, a selvageria. Todo um mundo se
refugia nos olhares do cigano, ou mais geralmente nos diferentes povos
primitivos, remanescentes fora da civilização européia. Redescobre-se, com
espanto, nas muito bonitas mulheres ciganas, o mesmo brilho exaltado, quase
assustador, que caracteriza os povos da Índia. Compare os traços dos indianos
tais como nos fazem conhecer tantas ilustrações ou fotografias de ciganos [....],
e não poderemos nos surpreender da analogia. O olho preto ou castanho claro
ou escuro, se destaca sobre um vasto fundo branco, cujo contraste aumenta
ainda mais a brancura. A cabeleira de um preto engordurado e o ouro ou prata
dos adereços que o ornam, também as orelhas, parecendo rivalizar o brilho com
esta brancura dos olhos e dos dentes.]
Jules Bloch[21] em seu livro Les Tsiganes, à p. 42, nos informa que o antropólogo M.
Pittard, entre outras considerações diz que os ciganos têm:
Leur teint légèrement basané, leurs cheveux noirs de jais, leur nez droit bien
construit, leurs dents blanches, leurs yeux bruns largement fendus, au regard
vif ou langoureux, la souplesse générale de leur démarche, l’harmonie de leurs
gestes, les placent, dans l’ordre physique, bien avant beaucoup de populations
européennes... Les Tsiganes paraissent avoir une santé à tout épreuve...
[A tez ligeiramente bronzeada, seus cabelos negros como azeviche, nariz reto,
bem feito, dentes brancos, olhos castanhos, amplamente rasgados;
penetrantes ou voluptuosos, a flexibilidade geral de seu caminhar, a harmonia
de seus gestos, o coloca, na ordem física, bem adiante de muitas populações
européias... Os ciganos parecem ter uma saúde à toda prova...]
Quanto ao olhar dos ciganos, era tido mais do que um elemento de sua aparência
física; era como tendo uma dimensão transcendental. Numa sociedade que transmitia
seus saberes, tradicionalmente, por forma oral,, o olhar é o ponto de partida para a
compreensão entre as pessoas. Além disso, era através dele que se confirmava um
compromisso (negócios ou casamento, por ex.) depois da palavra dada, olhando-se nos
olhos do cliente ou do outro cigano.
... Entre estas a faculdade do “olhar”; este pode servir a finalidades defensivas
ou mesmo agressivas; entretanto, é freqüentemente utilizado pelos feiticeiros
(kakus) para apaziguar ou incutir confiança no próximo.
Teófilo Gautier em Gitanos do Monte Sagrado nos dá esta mensagem, apud Jean-Paul
Clébert (The gypsies, p. 92):
Their swarthy complexion brings out the clarity of their oriental eyes, which are
tempered by I do not know what mysterious sadness, like the memory of an absent
motherland and fallen grandeur.
[Sua pele trigueira realça o brilho dos seus olhos orientais, os quais são amenizados
por um quê de misteriosa tristeza, como memória de uma pátria ausente e uma
grandeza perdida].
Virgínia Woolf, em seu romance famoso Orlando, nos brinda com esta fantasia:
Estes catálogos de beleza juvenil não podem terminar sem a menção dos olhos
e da testa! Ai de mim, que as pessoas raramente nascem sem estes atributos!
pois, ao olharmos para Orlando parado junto à janela, temos de reconhecer que
possuía olhos como violetas encharcadas, tão grandes que a água parecia
chegar às bordas e alargá-los....
Cristina da Costa Pereira[23], em seu livro Povo cigano, à página 92, diz:
O olhar para o cigano é fundamental em suas mais diversas relações com as pessoas:
amor, negócios, práticas místicas, etc. Eles consideram que o olhar nos olhos é a
melhor maneira de se conhecer a pessoa com quem se está falando. Eles costumam
dizer que a leitura do olhar é “conhecimento intuitivo que todos ciganos têm” [...]. Eis
o que alguns ciganos falaram a respeito do olhar: “Como é que eu estou aqui, falando
de minha vida, de meu povo, se te conheço tão pouco, quer dizer, em que me baseio
para poder confiar no que você me diz, nas suas intenções em relação aos ciganos, no
livro que você vai escrever sobre nós? Mas é que, na verdade eu já te conheço, porque
eu olhei bem para você? Cigano lê no olho, moça.”
Pedro Paulo Serodio Garcia é padre. Escreveu o livro intitulado O padre cigano. Ele é
um dedicado missionário que vive entre ciganos, perambulando de acampamento em
acampamento, pregando a palavra de Deus, ensinando o Evangelho, sem proselitismo.
Observa e respeita os costumes e usos dos ciganos. Não quer mudá-los quer conviver
com eles, respeitando as diferenças, solidarizando, compreendendo, ajudando. Certa
feita, em uma festa de batismo comunitário, nos relata o seguinte, à p. 73, do seu livro:
Durante as anotações [falava dos registros dos nomes dos que seriam batizados]
percebi que um dos recém-chegados para a festa do Santo me olhava muito. Ele me
acompanhava com dois grandes olhos negros, contemplava-me o seu coração,
interrogando-me através do seu semblante: “Quem é você?” “Você sabe quem sou
eu?”
Os ciganos olham muito. Mesmo quando os seus olhos estão voltados para outra
direção, estão observando. Estando distraídos com alguma conversa ou negócio
importante, alguém está de olho vivo. Mas aquele não me observava em função do
grupo ou por alguma desconfiança. Era mais do que isso. Ele me contemplava.
Olhava-me dele para ele.
É a maior fadista cá da Mouraria! Quando canta, parece que a alma da gente vai atrás
dela. Mas, sangue de cigana, braço peludo e lume no olho! Não é de quem quer; é de
quem ela quer. (p. 15)
...é a mulher que me convém! Assim mesmo, em bruto, como nasceu, com o sol no
fundo dos olhos e a alma na ponta dos dedos, a afiar o calão e a navalha, a rir com o
sangue pelas toiradas, a chorar com o fado pelas vielas! (p. 28)
MEU TESTEMUNHO:
Conheci alguém que tinha o olhar cigano. Um homem de valor inconteste. Erudito,
administrador, engenheiro competente, honestíssimo, humanista: Foi presidente do
antigo IAPI, presidente do Clube de Engenharia, membro da Comissão que instituiu a
siderurgia no Brasil, presidente do Conselho Nacional do Petróleo — CNP, Prefeito de
Brasília, presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia — IBS, presidente da
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN e membro da Alta Administração em muitas
empresas estatais e privadas. Quando morreu, tinha como patrimônio um simples
apartamento à rua Figueiredo de Magalhães, na cidade do Rio de Janeiro. Morreu pobre.
Estalão de probidade. Este homem chamava-se Plínio Reis de Cantanhede[24] Almeida.
Um cavalheiro, um cérebro privilegiado. Descendente ou não de cigano, na verdade era
um ser humano extraordinário, primus inter pares.
Um rosto moreno, meio encoberto por sedosos cabelos negros, que caindo sobre o
ombro direito, cobriam um lado da face onde seus olhos, tão negros como os cabelos,
luziam inquietos e observadores...
Cabelos negros, bastos, então mais cuidados e lustrosos, mas sempre com a sua
forcinha, de preferência vermelha, cabelos ondeados, com uns crespinhos rebeldes na
testa e na nuca roliça; rosto para o comprido, num oval regular e como fechando a
encantadora covinha no queixo; tez não muito morena, tanto assim que bem largas
sardas lembravam as grandes soalheiras de outrora, apanhadas em criança;
sobrancelhas de japonesa; olhos enormes, negros, rutilantes, aveludados, com uns
cílios que punham sombra às atrigueiradas faces em que florescia suave rubidez;
lábios úmidos, polposos, com o brilho de romã aberta, num arco deliciosamente
desenhado, orelhinhas pequeninas, como conchinhas nacaradas.
Talvez por isso, mas muito mais pelos seus olhos a luzirem como brilhantes negros,
entre orlas de cabeludas pestanas...
Se junto ao Parnahiba
Gemem tristes salgueiros,
Perto dela em vão soluço
Preso aos olhos feiticeiros.
By one feature, however, they are easily distinguishable and recognize one another,
viz by the lustre of their eyes and the whiteness of their teeth
[Pelos traços, contudo, são facilmente notados e reconhecem um ao outro, seja pelo
brilho suave de seus olhos e pelos dentes claros.]
E com este frevo canção (Cigana fatal), dos irmãos Valença, apud Caarüra, iniciamos o
fechamento deste caderno dedicado ao olhar do cigano:
Pessoas comuns como este autor; poetas, artistas, contistas e romancistas tecem loas ao
brilho, ao magnetismo, às chispas do olhar cigano. Seguem a mesma linha, etnógrafos,
antropólogos, folcloristas e historiadores. Olhos que nos enfeitiçam, nos envolvem, nos
amedrontam. Olhos profundos, hipnóticos, tristes, próximos e distantes. Misteriosos,
rasgados, verdes, castanhos ou negros, feiticeiros doces, vibrantes, benéficos ou
maléficos. Olhos de muito sofrimento, registros de lutas de dois mil anos de
sobrevivência. Vamos, pois, nos render ao diamante, ao fascínio e à luz do olhar desses
nômades, que vieram lá de longe, da Índia, nos encantar. E vamos adicionar a linda
composição de Jimi Hendrix - Gypsy Eyes (tradução) Lyrics:
Olhos ciganos
Olhos ciganos
Bem, descobri que fui hipnotizado,
amo seus olhos ciganos,
amo seus olhos ciganos
tudo bem!
hey! cigana
escalo minha árvore e fico e me aqueço no fogo
querendo descobrir onde neste mundo você está
e sabendo o tempo todo que você continua
rodando pelo país
você ainda pensa em mim?
oh! minha cigana
bem, eu fui até a estrada, o lugar onde você vive
aquele que se situa a milhão de milhas
sim, saí por aquela estrada em busca de seu
amor e de minha alma também
mas quando encontrá-la não vou deixá-la ir
lembro-me da primeira vez que a vi
as lágrimas em seus olhos pareciam que tentavam dizer
oh menino, você sabe que eu poderia amar você
mas primeiro devo trilhar meu caminho
hoje, dois homens estranhos brigaram até a
morte por mim
vou encontrá-lo lá na velha estrada velha
hey!
tenho procurado por tanto tempo e meus pés
me fizeram perder a batalha
andando pela estrada meus joelhos cansados
me jogaram fora do caminho, caí mas ouvi uma
voz doce chamar
minha olhos ciganos está vindo e serei salvo
oh estarei salvo
por que eu a amo tanto
disse eu te amo
hey!
te amo uh
Deus, eu te amo
hey!
Sinas
Música de Alfredo Marceneiro
Letra de Henrique Rego
BIBLIOGRAFIA
ALMANAQUE DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. 1792, 1794, 1811, 1816,e 1817. In RIHGB n. 266,
268, 270, 278 e 282.
ANAIS PERNAMBUCANOS, vol. V 1701-1739, 11/4/1718: ciganos expulsos da Bahia e
Pernambuco; 14/12/1720: ciganos expulsos de Pernambuco para Sergipe del Rei; 16/12/1723: Câmara
de Olinda faz representação contra os ciganos e Sua Majestade os expulsa para o Ceará.
BARROSO, Gustavo Dodt. (sob pseudônimo de João do Norte). Aquém da Atlântida os ciganos. São
Paulo: Cia. Editora Nacional, 1931.
BATULI, Míriam Stanescon. Cartas ciganas: o verdadeiro oráculo cigano. São Paulo: Multi-Gráfica e
Editora, 1999.
BLOCH, J. Los gitanos. Buenos Aires: Editorial Universitária, 1962.
BLOCK, Martin. Moeurs et coutumes des tziganes. Paris: Payot, 1936.
BORROW, George. Os ciganos (Os zíngaros ou uma descrição dos ciganos de Espanha). Lisboa:
Empresa Contemporânea de Edições.
——— Lavengro, The Scholar, The Gypsy, The Priest. London: Thomas Nelson and Sons, Ltd., sd.
BURTON, Richard F. Viagens ao planalto do Brasil, (1868). Brasiliana. São Paulo: Cia. Editora
Nacional, 1941, pp. 120/121.
——— The Jew, The Gypsy and El Islam. London: Paperback & W. H. Wilkins, 1898.
CAZOTE, Jacques. O diabo enamorado (ficção). Rio de Janeiro: Imago, 1992.
CERVANTES, Miguel de. A ciganinha (ficção). São Paulo: Clube do Livro, sd.
CIMORRA, Clemente. Los gitanos. Buenos Aires: Editorial Atlântida, 1944.
CLÉBERT, J. P. The gypsies. London: Vista Books, 1963.
COARACY, Vivaldo. Memórias da cidade do Rio de Janeiro. Col. Rio 4 séc. 3 vols. Rio de Janeiro,
1965.
COELHO, Francisco Adolfo. Os ciganos de Portugal. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995.
COSTA, Elisa Maria Lopes da. O povo cigano entre Portugal e terras do além-mar (séculos XVI-XIX). 1a
ed. Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as comemorações dos descobrimentos
portugueses. Lisboa. 1997.
COSTA, Francisco Augusto Pereira da. A ilha de Fernando Noronha notícia histórica, geográfica e
econômica. Pernambuco: Tipografia de Manoel Figueira de Faria & Filhos, 1887.
Anais pernambucanos, v. 5. Recife: Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes FUNDARPE,
1983, pp. 65-7; 299-301.
DEBRET, Jean Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. 6a ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes
1940; Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro INL: 1975. e v. 2 tomos (tradução de Voygage
pittoresque et historique au Brésil, 1834, por Sérgio Milliet..
DERLON, Pierre. Tradições ocultas dos ciganos. São Paulo: Difel. 1975.
A medicina secreta dos ciganos. São Paulo: Difel 1979.
D’ OLIVEIRA China, José B. Os ciganos do Brasil. Separata da Revista do Museu Paulista, tomo XXI.
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1936.
DORNAS FILHO, João. Os ciganos em Minas Gerais. Separata da Revista do IHG/ MG, v. III, 1948.
DUMAS, Alexandre. O salteador. São Paulo: Coleção Saraiva, n. 85, 1955.
EPANÁFORA Festiva, ou Relação Summaria das Festas etc. Lisboa: Officina de M. Rodrigues, 1763,
BN, Impressos, cód. 38-2017.
FLEMING, José. Balaio de paiol: Mikaela, pp. 10-20, (ficção). Barra Mansa: Grebal, s.d.
FONSECA, Isabel. Enterrem-me em pé a longa viagem dos ciganos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996.
FONTES, Martins. O colar partido. Santos: B. Barros Editores. 1927.
FRASER, Angus. História do povo cigano. Lisboa: Editorial Teorema, 1997.
GARCIA SERÓDIO, Pedro Paulo. O padre cigano. 1a edição, Belo Horizonte: FUMARC, 1995.
GASPARET, Murialdo. O rosto de Deus na cultura milenar dos ciganos. São Paulo: Ed. Paulus, 1999.
Quem são os ciganos? In Mundo Jovem. Ano XXXI, no 245, agosto/93, p.7.
GRELLMANN, Heinrich Moritz Gottlieb. Die zigeuner. Trad. para o inglês, Dissertation on the gypsies,
2a ed. Londres. William Ballantine, 1807.
GRESHAM, William Lindsay (ficção). Os ciganos da estrela. São Paulo: Edições GRD, 1989.
HEMINGWAY, Ernest. Por quem os sinos dobram (ficção). São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1978.
HERCULANO, Alexandre de Carvalho Araujo. A buena-dicha (ficção). In Mar de histórias, 3 o vol. pp.
336-44. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
HUGO, Victor. O corcunda de Notre Dame (ficção). Rio de Janeiro: Ediouro, 1987.
LAWRENCE, D.H. A virgem e o cigano (ficção). São Paulo: Círculo do Livro. S.d.
LELAND, Charles Godfrey. Magia cigana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 3a edição, 1996.
——— Bruxaria cigana, mistérios da tradição. São Paulo: Madras, 2003.
LORCA, Federico Garcia. Romanceiro gitano. São Paulo: Civilização Brasileira, 1957.
MARQUES, Gabriel Garcia. Cem anos de solidão (ficção).Rio de Janeiro: José Olympio, Editora 1974.
MARTINEZ, Nicole. Os ciganos. Campinas: Papirus, 1989.
MÉRIMÉE, Prosper. Amores de Carmen e Colomba (ficção).Rio de Janeiro: Gertum Carneiro, 1953.
MORAIS FILHO, Alexandre José de Melo. Os ciganos no Brasil e cancioneiro dos ciganos. Belo
Horizonte: Ed. Itatiaia, 1981.
Festas e tradições populares do Brasil. Rio de Janeiro: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1904.
Fatos e memórias, pp. 95-141. Rio de Janeiro, Paris: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1904.
História e costumes. Rio de Janeiro: H. Garnier, Livreiro- Editor, s.d.
Quadros e crônicas. Rio de Janeiro: H. Garnier, Livreiro- Editor, s. d.
——— et alii. Bailes pastoris na Bahia. Salvador: Livraria Progresso Editora, 1957.
MORALES, Adolfo de Los Rios Filho. O Rio de Janeiro Imperial. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000.
MOTA, Ático Vilas-Boas da. Contribuição à história da ciganologia do Brasil. Separata da Revista do
IHG de Goiás, ano IX no X, Goiânia 1982.
Ciganos: uma minoria discriminada. Macaúbas: Revista Brasileira de Política Internacional, Rio
de Janeiro.
Ciganos: poemas em trânsito. Macaúbas: Fundo Cultural prof. Mota, Thesaurus: Brasília, 1998.
Os ciganos em Goiás. Goiás Agora (periódico cultural editado pelos irmãos Rezende,
proprietários da livraria Brasil Central Editora), Goiânia, julho de 1965, ano I, no 2, p.12.
——— Ciganos, antologia de ensaios (Org.). Brasília: Thesaurus, 2004
NUNES, Olímpio. O povo cigano. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1981.
PAIVA, Asséde. O eremita e a cigana: lenda da serra da Saudade (ficção). Edição independente. Rio de
Janeiro: Fábrica de Livros do SENAI, 1999.
Odisséia dos ciganos. Rio de Janeiro. Edição independente: Fabrica de Livros do SENAI, 2001.
Brumas da história do Brasil: ciganos & escravos — a verdade (ensaio). Rio de Janeiro. Edição
independente: Fábrica de Livros do SENAI, 2002.
——— Os ciganos na história do Brasil e sua influência na música e na dança brasileira, com respigos
no folclore. (Conferência no Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora), 2003.
PEREIRA, Cristina da Costa. Povo cigano. Rio de Janeiro: Gráfica MEC Editora, 1985.
PIRES FILHO, Nelson. Rituais e mistérios do povo cigano. São Paulo: Madras, 2001.
——— Ciganos – Rom um povo sem fronteiras. São Paulo: Madras, 2005.
RICE, Edward. Sir Richard Francis Burton. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1993.
ROSA, João Guimarães. Tutaméia; terceiras estórias: faraó e a água do rio; o outro ou o outro;
zingaresca (ficção), 3a ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1969.
Sagarana (ficção), pp. 4; 85; 149; 156; 243; e 256-268 (Corpo fechado). Rio de Janeiro. 20 a ed.
v.1: José Olympio, Editora 1977.
Grande sertão: veredas (ficção). 18a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
ROSSO, Renato. Ciganos: uma cultura milenar. Petrópolis: Vozes, 1985, pp.169-202, v. LXXIX, no 3.
Ciganos: Um povo de Deus. Fundação M. Rezende Costa. 1992.
RUGENDAS, João Maurício. Viagem pitoresca através do Brasil. São Paulo: Livraria Martins Editora,
1954, 5a ed.
SAAVEDRA, Miguel de Cervantes. La gitanilla, (ficção).
SAINT-HILAIRE, Augustin François César Provençal de. Voyage à Rio Grande do Sul. Orleans, 1867.
——— Viagem à Província de São Paulo. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1976. (Trad. de
Voyage dans les provinces de Saint-Paul et Sainte Catherine; 1851.
TRIGG, Elwood B. Gypsy & Demons Divinities, The magic and religion of the gypsies. New Jersey:
1973.
VERNE, Júlio. Miguel Strogoff (ficção). Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Matos Peixoto, 1965.
O castelo dos Cárpatos (ficção). Rio de Janeiro: Editora Matos Peixoto, 1966.
WALSH, Robert. Notícias do Brasil em 1828 e 1829. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.
WELLS, James. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil do Rio de Janeiro ao
Maranhão, v. 1. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1995.
Woolf, VIRGÍNIA. Orlando. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1972.