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1. Introdução
Hoje no Brasil segundo a Fundação Dorina Nowill para cegos
[FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS 2017] , do total da população
brasileira, cerca de 23,9% possui algum tipo de deficiência fı́sica. Dentro desse conjunto
a deficiência mais comum é a visual, atingindo um percentual de 3,5% da população.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as principais causas para a cegueira
no paı́s são doenças como a catarata, glaucoma, retinopatia diabética, cegueira infantil e
degeneração macular [WHO 2007]. Estas doenças são caracterizadas como deficiências
visuais graves que comprometem em grande parte ou totalmente a visão do indivı́duo.
De acordo com a Fundação Dorina Nowill, 90% da população mundial com deficiência
visual se encontra em paı́ses em desenvolvimento como o Brasil, fazendo menção ao
relatório da OMS, W orld Report on Disability [WHO 2011].
Para compreender a proporção da sociedade que possui qualquer tipo de
deficiência visual mais grave, é possı́vel observar na Tabela 1, com dados do
Senso demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatı́stica, a quantidade de pessoas com deficiência visual por região habitada no paı́s.
[FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS 2017, IBGE 2012]
Em crianças que nascem com alguns desses tipos de deficiência por exemplo, a
maior parte dos casos apresentam atraso no desenvolvimento de áreas comportamentais
motoras, linguı́sticas, cognitivas e sociais sendo necessário tratamentos especı́ficos para
o desenvolvimento destas áreas que podem prejudicar como um todo a vida do indivı́duo
[Lopes 2010]. Algumas abordagens acadêmicas tratam, frequentemente, da questão de
habilitação de crianças que nascem com deficiência visual pelo fato de muitas vezes não
compreender um conceito que comumente é entendido apenas visualmente, uma vez que
pessoas que nascem com esse tipo de deficiência nunca tiveram qualquer tipo de ex-
periência visual. Para isso são estimuladas por meio de outros sentidos, frequentemente
o tato e a audição, proporcionando, assim, à criança, compreensão espacial do meio à
sua volta e a capacitando para desenvolver tarefas básicas como por exemplo, a higiene
pessoal [Kaodoinski and Toniazzo 2017, Meereis et al. 2011].
Tabela 1. Censo IBGE 2010, Pessoas com deficiência visual por região
[IBGE 2010]
Pessoas com deficiência visual por região Total % população local
Norte 574.823 3,6
Nordeste 2.192.455 4,1
Sudeste 2.508.587 3,1
Sul 866.086 3,2
Centro-Oeste 443.357 3,2
2. Trabalhos Relacionados
No projeto de [Hoefer 2011] uma luva é usada como artefato final para o usuário intera-
gir com o meio pela utilização de dois sensores ultrassônicos, um arduino e dois servo
motores que indicam se existe algum obstáculo em sua direção (direita e esquerda).
No projeto de [Struebing 2010] vários sensores ultrassônicos são usados, porém
estão alocados em uma coroa que fica na cabeça do usuário. Seu objetivo é informar ao
utilizador da tecnologia se existe algum obstáculo aos arredores na altura de onde a coroa
é colocada.
No projeto do estudante de Ciências da Computação da Universidade Regional In-
tegrada do Alto Uruguai, foi proposto a utilização de dois sensores na bengala do usuário
que por meio de motores de vibração é informado se existem objetos à sua frente. Os dois
sensores presentes indicam objetos abaixo da cintura ou objetos acima da cintura. Caso
os dois motores vibrem, é indicado que existe um grande objeto à frente [G1 2011].
Um dos projetos vencedores do T he W orld Summit Y outh Award é de um
grupo de brasileiros que projetou um óculos para pessoas com deficiência visual que per-
mite identificar objetos acima da cintura do usuário. O dispositivo funciona detectando es-
tes objetos que o bastão de Hoover dificilmente identificaria. Ele emite um sinal para uma
pulseira ou colar que vibra indicando se o objeto está longe ou perto. [Portal Brasil 2015].
3. Materiais e Método
Com o objetivo de desenvolver o projeto que auxilia usuários com alta dificuldade de
percepção visual, um microcontrolador da famı́lia PIC16 será utilizado. É necessário
programar e simular seu funcionamento, bem como depois de finalizada a integração
hardware/código, escolher as melhores dimensões de um objeto cilı́ndrico e seu respec-
tivo material onde vai ficar encapsulado o circuito, sensores e atuadores, para proporcionar
ergonomia ao utilizador.
Geralmente para o projeto de programação, utiliza-se um compilador de lingua-
gem em C que converte a lógica de operação para linguagem Assembly já que será tra-
balhado com os ciclos de máquina e as instruções do processador do dispositivo. Para
esta finalidade é comum utilizar IDE’s que proporcionam um ambiente agradável e orga-
nizado de desenvolvimento com ferramentas de debug que auxiliam o usuário na lógica
de programação. Já para simular o que foi programado, será utilizado um software que
possibilita a inserção do binário gerado ao esquemático produzido do circuito projetado.
3.2. Projeto
O circuito projetado que promove o funcionamento do artefato, está exposto na Figura 4.
Figura 4. Circuito desenvolvido no Software de Simulação PROTEUS
O diodo acoplado aos motores tem a função de impedir a força contra-eletromotriz gerada
pelo campo magnético que envolve as bobinas do Shaf tless V ibration M otor quando
passa de um estado de movimento intenso para menor intensidade. Essa tensão contrária
gerada é responsável por travamento ou reinicialização inesperada do microcontrolador.
O número de motores no esquemático não representa sua quantidade real no projeto final.
A bateria é de 9V pois é fácil de se encontrar e possui capacidade considerável
para o funcionamento dos componentes em questão. O circuito que utiliza o CI 7805 é
usado aqui para regular a tensão de 9V para 5V , que é a tensão de operação do micro-
controlador e da maioria dos outros componentes. Os capacitores paralelos ao CI são
usados para impedir defeitos na alimentação que possa gerar qualquer tipo de forma de
onda prejudicial para o circuito.
O transistor presente na Figura 4 (TIP120) se trata de um transistor de
Darlington para amplificação da corrente que será usada para lidar com os
Shaf tless V ibraton M otors controlados pelo módulo P W M do microcontrolador.
4. Método de Pesquisa
O equipamento final será testado por partes durante o processo de construção do projeto.
Cada função do microcontrolador será programada, testada e em seguida acoplada com
as outras partes, sendo testado novamente este conjunto até se chegar ao funcionamento
completo do dispositivo em desenvolvimento.
O teste final em primeira instância será feita preferencialmente com um indivı́duo
que possua qualquer tipo de deficiência visual grave. Explicando o funcionamento do
dispositivo e seus respectivos sinais para que o usuário entenda como o mundo à sua volta
será interpretado pelo aparelho. Caso não seja possı́vel fazer o teste com indivı́duos que
possuam qualquer tipo de deficiência visual, uma pessoa será vendada, deslocada de uma
posição conhecida para um local não conhecido. Em seguida o dispositivo será entregue
ao usuário e este fará o teste de funcionamento.
Possı́veis falhas durante a montagem do projeto podem ser causadas por mal
funcionamento de componentes eletrônicos sendo necessário substituı́-los. No processo
de simulação o projeto como um todo pode funcionar, porém na prática existem várias
condições que não são ideais como no sof tware de simulação. Sendo assim, pode ser
que durante a montagem do projeto seja necessário utilizar componentes extras para mi-
nimizar possı́veis perturbações no sistema.
5. Considerações Finais
O projeto é extremamente suscetı́vel a alterações durante o perı́odo de montagem. Não
está dentro do escopo, a modelagem da eficiência energética, bem como otimização do
circuito. A questão da ergonomia do produto se limita apenas ao fato de utilizar um
objeto cilı́ndrico para facilitar a sustentação do objeto pelo usuário. Não está incluı́do
na proposta uma análise profunda acerca da ergonomia. Por se tratar de um artefato em
fase inicial de desenvolvimento, necessita futuramente de ajustes para obter um produto
robusto que atenda a necessidade do deficiente visual maximizando sua experiência.
Referências
FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS (2017). Estatı́sticas da deficiência vi-
sual. Acesso em: 22 set. 2017.
G1 (2011). Brasileiro cria bengala eletrônica de baixo custo para deficientes visuais.
Acesso em: 16 Out. 2017.
Hoefer, S. (2011). Meet the tacit project. its sonar for the blind. Acesso em: 22 set. 2017.
IBGE (2010). Pessoas com deficiência - amostra.
IBGE (2012). Censo demogrÁfico 2010.
Kaodoinski, F. and Toniazzo, F. R. (2017). Deficiência Visual, Interação e desenvolvi-
mento da Linguagem. PhD thesis, Universidade de Caxias do Sul.
Lopes, M. (2010). Description of the neuropsychomotor and visual development of visu-
ally impaired children. Arquivos brasileiros de oftamologia.
Meereis, E. C. W., Lemos, L. F. C., Pranke, G. I., Alves, R. F., Teixeira, C. S., and Mota,
C. B. (2011). Deficiência visual: uma revisão focada no equilı́brio postural, desenvol-
vimento psicomotor e intervenções. Revista brasileira de Ciência e Movimento.
Portal Brasil (2015). Projeto brasileiro de óculos para deficientes visuais recebe prêmio
mundial. Acesso em: 16 Out. 2017.
Struebing, S. (2010). Project halo. Acesso em: 22 set. 2017.
WHO (2007). Vision 2020 the right to sight.
WHO (2011). World report on disability.