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1.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Ensaios mecânicos dos materiais


Os engenheiros de qualquer especialidade devem compreender como as várias
propriedades mecânicas são medidas e o que elas representam. Essas propriedades são
necessárias ao projeto de estruturas ou componentes que utilizem materiais predeterminados, a
fim de que não ocorram níveis inaceitáveis de deformação e/ou falhas em serviço, ou o
encarecimento do produto em função do superdimensionamento de componentes.
Qualquer projeto de engenharia, especificamente o projeto de um componente
mecânico, requer para a sua viabilização um vasto conhecimento das características,
propriedades e comportamento dos materiais disponíveis.
As propriedades mecânicas dos materiais são verificadas pela execução de ensaios
cuidadosamente programados, que reproduzem o mais fielmente possível as condições de
serviço. A carga pode ser de tração, compressão ou cisalhamento, e a sua magnitude pode ser
constante ao longo do tempo ou então flutuar continuamente.
As propriedades mecânicas e seu comportamento sob determinadas condições de
esforços são os objetivos de várias pessoas e grupos que possuem interesses diferentes, tais
como: produtores e consumidores de materiais, instituições de pesquisa, agências
governamentais, dentre outros. Por conseguinte, é imprescindível que exista alguma
consistência na maneira de conduzir os ensaios e na interpretação de seus resultados, a qual é
obtida por meio do uso de técnicas de ensaio padronizadas. Essa normalização é fundamental,
por exemplo, para que se estabeleça uma linguagem comum entre fornecedores e usuários dos
materiais, pois é prática normal a realização de ensaios de recebimento dos materiais, a partir
de uma amostragem estatística representativa do volume recebido.
O estabelecimento e a publicação dessas normas padrões são frequentemente
coordenados por sociedades profissionais, como a Sociedade Americana para Ensaios e
Materiais (ASTM – American Society for Testing and Materials), que é a organização mais
ativa nos Estados Unidos (CALLISTER, 2002) e de larga aceitação no Brasil. No Brasil, a
entidade responsável pelas normas padrões é a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
As características a que o material especificado deve atender são:
 Características de processamento;
 Características de aplicação;
 Propriedades Mecânicas;
 Finalidade dos Ensaios dos Materiais;
 Vantagens da normalização dos materiais e métodos de ensaios;
 Classificação dos Ensaios dos Materiais;
 Ensaios de Fabricação;
 Métodos de Ensaios.

Ensaio de Tração
Entre os diversos tipos de ensaio existentes para a avaliação das propriedades mecânicas
dos materiais, o mais utilizado é o ensaio de tração, devido ser um ensaio relativamente simples
e de realização rápida, fornecendo informações importantes para fabricação de peças e projeto.
O ensaio de tração consiste na aplicação gradativa de carga de tração uniaxial nas extremidades
de um corpo de prova preparado segundo as normas técnicas convencionais (no país, a norma
técnica utilizada para materiais metálicos é a NBR ISSO 6892:2002-ABNT), conforme mostra
a Figura 1

Figura 1 Desenho esquemático de um corpo de prova submetido à carga de tração

F = Carga aplicada
L0= Comprimento inicial
L = Comprimento durante o ensaio
A0 = Área inicial

O ensaio de tração possibilita a obtenção do gráfico que mostra o levantamento da curva


de tensão de tração pela deformação sofrida pelo corpo, conforme mostra a Figura 2
A tensão convencional (𝜎𝑐 ), é dada por:
𝑃
𝜎𝑐 =
𝑆0
Em que
𝜎𝑐 – tensão convencional (Pa);
𝑃 – carga aplicada (N);
𝑆0 – seção transversal original (m²).

Figura 2 Gráfico tensão-deformação

Na curva da figura 2 observa-se quatro regiões de comportamentos distintos, em que


cada região caracteriza um determinado tipo de deformação sofrida pelo corpo de prova
durante o ensaio, conforme a seguir:
Região de comportamento elástico (0 < 𝝈𝒄 ≤ 𝝈𝒑 )
Região de deslizamento de discordância (𝝈𝒄 ≅ 𝝈𝒆 )
Região de encruamento uniforme (𝝈𝒆 < 𝝈𝒄 ≤ 𝝈𝒖 )
Região de encruamento não uniforme (𝝈𝒖 < 𝝈𝒄 ≤ 𝝈𝒇 )
Em que:
𝝈𝒑 : 𝐓𝐞𝐧𝐬ã𝐨 𝐩𝐫𝐨𝐩𝐨𝐫𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥 (𝐥𝐢𝐦𝐢𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐩𝐫𝐨𝐩𝐨𝐫𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞)
𝝈𝒆 : 𝐓𝐞𝐧𝐬ã𝐨 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 (𝐥𝐢𝐦𝐢𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨)
𝝈𝒖 : 𝐓𝐞𝐧𝐬ã𝐨 𝐦á𝐱𝐢𝐦𝐚 (𝐥𝐢𝐦𝐢𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐫𝐞𝐬𝐢𝐬𝐭ê𝐧𝐜𝐢𝐚 à 𝐭𝐫𝐚çã𝐨)
𝝈𝒇 : 𝐓𝐞𝐧𝐬ã𝐨 𝐝𝐞 𝐫𝐮𝐩𝐭𝐮𝐫𝐚
O tipo de equipamento mais usado para determinação destas propriedades é a máquina
universal de ensaios mecânicos (o termo “universal” refere-se à variedade de estados de
tensão que pode ser estudada). Estas máquinas são projetadas para aplicar força (tração ou
compressão) com taxas (velocidades) controladas e ensaiar materiais usualmente em tração,
compressão ou flexão.

2. OBJETIVOS DA AULA PRÁTICA:


 Compreender o funcionamento de uma máquina universal de ensaios mecânicos;
 Compreender o ensaio de tração;
 Compreender e analisar os efeitos na resistência mecânica do material ensaiado
após um determinado tratamento térmico.

3. MATERIAIS UTILIZADOS

 Paquímetro
 Três corpos de prova (Vergalhão SI 50)
 Máquina de ensaios universal e seus complementos.
 Forno Mufla para Laboratório.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL:

Preparação dos corpos de prova


Cortou-se o vergalhão em três corpos de prova de 150mm cada. Em seguida pesou-se
cada um dos corpos para posteriormente calcular o diâmetro nominal de cada amostra. Sendo
as mesmas identificadas por I, II e III.
Nos corpos de prova foram delimitados pontos de referência. A área de ruptura ficou
75mm entre o eixo central; 30 mm foi delimitado para cada garra da máquina de ensaio.
Tratamento térmico
Pegou-se as amostras II e III, para serem colocadas ao forno a uma temperatura de
830ºC por 20 minutos. Onde a amostra II sofreu tratamento de normalização e a amostra III
de recozimento.
Após os 20 minutos a amostra II foi retirada do forno para o seu resfriamento e a
amostra III permaneceu no forno até o resfriamento, ou seja, a amostra II teve um
resfriamento mais rápido e a amostra III um resfriamento mais lento.
Ensaio de tração
Mediu-se as dimensões dos corpos de prova com o paquímetro; o diâmetro foi medido
em três, diferentes, pontos do vergalhão para calcular posteriormente o diâmetro médio cada
um e o desvio padrão.
O corpo de prova foi fixado nas garras da máquina de ensaios, mantendo alinhado o
eixo longitudinal com o vertical;

Após a ruptura dos corpos de prova I, II e III juntou-se cuidadosamente as duas partes
fraturadas para medir a distância entre os pontos de referência.
Observou-se os aspectos dos corpos de prova após o ensaio, superfícies de topo e
lateral da fratura.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diâmetro médio:
𝑫𝟏 + 𝑫𝟐 + 𝑫𝟑
𝑫𝒎𝒆𝒅𝒊𝒐 =
𝟑
Diâmetro 1 Diâmetro 2 Diâmetro 3 Diâmetromedio
Amostra
(mm) (mm) (mm) (mm)
1 5,05 4,9 4,9 4,95
2 5,00 5,05 4,8 4,95
3 5,00 4,9 5,0 4,96
Para o cálculo de desvio padrão, precisa-se do valor da variância. Sendo assim:

(𝐷1 − 𝐷𝑚)2 + (𝐷2 − 𝐷𝑚)2 + (𝐷3 − 𝐷𝑚)2


𝑣=
3
𝑑𝑝 = √𝑣
 𝑣 = 𝑣𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎
 𝑑𝑝 = 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜
Logo:
Amostra Variância (mm²) Desvio padrão (mm)
1 5𝑥10−3 0,122
2 1,2𝑥10−2 0,108
3 2,267𝑥10−3 0,048

Diâmetro nominal:
𝒎
𝝆=𝝅
𝟐
𝟒.𝒅 .𝒉
Dados:
Densidade do vergalhão: 𝜌 = 7,8 𝑔/𝑐𝑚³
Massa das amostras: 𝑚1 = 22,5𝑔 ; 𝑚2 = 22,5𝑔 ; 𝑚3 = 22,1𝑔
Comprimento: ℎ1 = 14,93𝑐𝑚 ; ℎ2 = 14,96𝑐𝑚 ; ℎ3 = 14,98𝑐𝑚

Amostra 1 2 3
Diâmetro nominal (mm) 4,95 4,95 4,90

Amostra 𝐿0 (mm) 𝐿(mm)


1 149,3 156,35
2 149,6 176,15
3 149,8 173,65

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