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ESCOLAR
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
Segundo dados do Censo do IBGE, realizado no ano 2000, existem no Brasil 24,5
milhões de pessoas portadoras de deficiência, o que representa 14,5% da população brasileira.
Deste total, 48% apresentam algum tipo de deficiência visual, sendo que a hereditariedade
representa a principal causa desse tipo de deficiência.
A deficiência visual pode ocorrer independentemente da idade, sexo, religião, crença,
sexo, grupo étnico, raça, ancestrais, educação, cultura, posição social, condições de residência
e outros fatores. Também ela pode ser congênita ou adquirida. É congênita, quando ele nasce
já sem a sua acuidade visual, através de um processo de má formação ou por doenças, como
por exemplo, a toxoplasmose, glaucoma, sífilis, meningite, e outras. A deficiência visual é
adquirida, quando o indivíduo adquire através de doenças ou acidentes (DOMINGOS, 2005).
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) define a deficiência visual como a
redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho, mesmo após a melhor correção
óptica.
Não existe unanimidade em relação a um conceito para os casos de deficiência visual,
pois eles apresentam extensão de gravidade e fatores causadores diferenciados. No conceito de
Caiado (2002), o indivíduo cego é aquele com pouca visão em termos de método que utilizam
para aprender a ler. Para ele, em termos educacionais, crianças cegas são as que empregam o
Braille, e crianças com visão parcial são aquelas que usam material impresso.
Barraga (1976), afirma que os deficientes visuais são classificados em três grupos: os
cegos, que são as pessoas que têm somente a percepção da luz ou que não têm nenhuma visão,
necessitando aprender através do Braille e de outros meios de comunicação que não são
relacionados ao uso da visão; pessoas com visão parcial, que são aquelas que têm limitações da
visão à distância, porém são capazes de ver objetos e materiais quando estão a poucos
centímetros ou, no máximo, a meio metro de distância; pessoas com visão reduzida são aquelas
consideradas com visão, se esta puder ser corrigida.
Quando relacionada ao contexto educacional, é importante reiterar que, no caso da
deficiência visual, um dos principais canais de contato com os estímulos ambientais e sociais
está quase perdido, isso pode resultar num atraso no desenvolvimento do esquema corporal, da
organização, da identificação de objetos, de pessoas, da linguagem, e da percepção espacial, o
que irá influenciar o processo de ensino-aprendizagem (BERNARDI e COSTA, 2008).
Os problemas visuais, dos quais grande parte poderia ser prevenida ou minorada por
medidas educativas.
De acordo com Lázaro (2005), a educação do cego será feita através da integração de
seus sentidos remanescentes preservados, como por exemplo, o tato, e sua leitura e escrita será
através do Braille.
Desse modo, a educação do aluno cego deverá ter seu foco no desenvolvimento de um
indivíduo que, apesar de encontrar-se biologicamente comprometido com a ausência da visão,
pode superar essa limitação na medida em que a prática pedagógica atuar sobre os sentidos
remanescentes (CAIADO, 2002).
De uma maneira geral, na sala de aula os deficientes visuais dispõem como principal
recurso para atividades de leitura e escrita o sistema Braille. Muitas vezes esses alunos
necessitam recorrer a um colega que lhe dita a matéria. Montilha et al. (2006) ressalta ainda a
importância da sala de recursos. De acordo com o autor, muitos alunos que não possuem este
ambiente na escola que frequentam o procuram no horário inverso ao da aula para desenvolver
atividades especificas, além de transcrições de textos e trabalhos.
Bernardi e Costa (2008) afirma que para os alunos com deficiência visual, deve-se dar
ênfase na integração dos outros sentidos, ampliando a sensibilidade tátil, olfativa, gustativa e
de linguagem e esquema corporal, sem esquecer-se de associar com a orientação de espaço e
tempo, assim estimularemos condições de melhor desempenho educacional.
O processo de ensino deste aluno deve estar centrado em suas necessidades e anseios,
sendo que o professor terá o papel de adequar suas atividades e conteúdos para a realidade de
seus diversos alunos, respeitando ao máximo a individualidade presente na sala de aula. Os
deficientes visuais são capazes de participar das atividades propostas e desenvolver os mesmos
conteúdos que seus amigos videntes, havendo somente necessidade do professor se preocupar
em fornecer condições seguras para seu aprendizado (ALVES e DUARTE, 2005).
Seja no processo de aprendizagem dos conteúdos curriculares escolares como do mundo
em si, os materiais e recursos são de fundamental importância para uma plena integração do
deficiente visual.
Assim, segundo Cerqueira e Ferreira (2006) os recursos irão assumir uma imensa
importância para a educação especial de deficientes visuais, uma vez que estes apresentam
dificuldades para ter contato com o ambiente físico. Como a formação de conceitos irá depender
de um profundo contato com o mundo, vê-se uma grande importância da motivação de
aprendizagem não somente para os deficientes, mas para todos os alunos. Para se obter um bom
aproveitamento destes recursos, irá depender de fatores como: capacidade do aluno, experiência
do professor, forma de utilização, seleção, adaptação e confecção.
2.2 O Deficiente Visual e as Atividades Físicas
De modo geral, uma pessoa com deficiência visual apresenta defasagens em seu
desenvolvimento, de forma acentuada, na área motora. Como caracterizações do estágio de
desenvolvimento motor da criança cega, Conde (1991) cita a falha no equilíbrio, dificuldade de
movimentação, defeito na postura do corpo, dependência na locomoção, forma de expressões
faciais raras, lateralidade e direcionalidade não estabelecidas, fraca resistência física, inibição
e falta de vontade própria para em termos de motricidade.
Para Neves et al. (2005), o desenvolvimento compensatório dos sentidos intactos dos
que possuem deficiência visual não ocorre de forma natural, já que o tato, as cinestesias, a
audição e o olfato, sem uma adequada estimulação, não atuam de maneira fidedigna na
diminuição, na defasagem da captação e elaboração dos estímulos que a cegueira provoca.
Além disso, a impossibilidade da limitação e do estabelecimento de modelos restringe, ainda
mais, a facilitação de seu desenvolvimento.
Diante disso, não existem limites para aqueles que têm vontade de praticar atividades
esportivas, independentemente de qual delas seja. Além do que, a prática esportiva possibilita
aos que possuem deficiência visual, um aumento nos espaços possíveis de locomoção, que, em
decorrência da deficiência, é diminuta.
Como o conhecimento do próprio corpo está intimamente vinculado ao
desenvolvimento geral da criança cega, ao possibilitar o controle e domínio do seu corpo, a
educação física adaptada irá embasar e favorecer a evolução desta criança, enfocando também
aspectos como a autoconfiança, o sentimento valia e cooperação, o prazer de poder fazer e as
interfaces dessas valências afetivas com seu cotidiano na família, na escola e na sociedade
(CONDE, 2004).
De acordo com Hoffmann (1997), em consequência da prática de atividades físicas, o
deficiente visual beneficia-se em todas as etapas da sua vida cotidiana, educativa e psicossocial.
O movimento é considerado parte central e preponderante para o desenvolvimento de
habilidades funcionais e ocupacionais não somente na sua própria organização individual, mas
também para a estruturação das suas inter-relações com os ambientes físico, social e cultural.
O deficiente visual e focado por professores e profissionais que refletem criticamente a
possibilidade de ser educado para a autonomia de movimentos liberdade e independência
superando as dificuldades através da educação física escolar.
A educação física persegue alguns objetivos dentro da escola. Entendo que o seu
maior objetivo deva ser o desenvolvimento de atitudes e conceitos, como participação,
cooperação, solidariedade, autonomia, criticidade, fraternidade, dentre tantos outros.
Dentro de um programa de educação física escolar, podemos, por meio das atividades
propostas, estar ampliando e diversificando a bagagem motora dos alunos sem perder
de vista valores humanos positivos (SOLER, 2005, p.126).
3. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica de livros e artigos,
caracterizando-se como exploratória. Inicialmente foram identificados livros, artigos e
trabalhos científicos publicados em periódicos relevantes, disponíveis para consulta nos
principais bancos de dados brasileiros.
O tema proposto para o presente trabalho é Educação Física como forma de inclusão de
deficientes visuais. Essa pesquisa foi realizada através de artigos e livros.
Para a coleta do material bibliográfico e posterior elaboração do presente estudo, foram
utilizados os descritores: inclusão do aluno com deficiência; deficiência visual e educação
física; educação física para alunos portadores de necessidades especiais.
Com a utilização dos referidos descritores, foram identificados 24 artigos científicos, 6
dissertações e 8 livros que tratavam da temática proposta para o presente estudo, os quais foram
posteriormente selecionados para a confecção do texto.
O método utilizado para a realização deste estudo foi primeiramente uma leitura
exploratória de materiais bibliográficos como livros e artigos relacionados com a Educação
Física Inclusiva. Após a leitura exploratória foi realizada uma leitura seletiva verificando a
relevância dos textos encontrados. Em seguida a leitura seletiva foi realizada uma leitura
analítica que consiste em ler e analisar os materiais selecionados na leitura anterior. A
finalização foi realizada por meio da leitura interpretativa que consiste em relacionar os artigos
com o tema proposto.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Muito se ouve falar em inclusão de alunos com deficiência dentro do ensino regular,
porém esse processo vai muito além do que retirar um aluno que está frequentando uma escola
de educação especial e simplesmente matriculá-lo no ensino regular. É necessário reforçar que
a inclusão não é proporcionar uma situação que a pessoa que possui uma deficiência apenas
frequente um ambiente de ensino regular, para atender o que presume a legislação em vigor.
Muito além que integrar ao ambiente, a inclusão é proporcionar situações que
possibilitem aos alunos com deficiência se desenvolverem como pessoas, interagirem com
todos aqueles dentro ambiente escolar, adquirindo conhecimentos, vivendo situações que
proporcione a interação entre o aluno com deficiência e os demais.
A partir dos textos estudados, pode-se afirmar que o tema da inclusão requer um
contínuo estudo e deve ser lembrado e refletido por aqueles que estão diante da prática, seja na
sala de aula, seja nas aulas de Educação Física com a presença de alunos com deficiências. A
realidade da inclusão é contrária à acomodação, provoca manifestações e posições dos
professores diante de sua presença.
A partir das necessidades dos deficientes visuais, o professor necessita criar atividades
com diferentes níveis de exigência, utilizando a criatividade do próprio deficiente para
enriquecer suas aulas e motivar seus alunos à aprendizagem. Para explorar sua criatividade, o
professor tem que dominar a fundamentação teórica que embasa seu trabalho, além de ter claros
seus objetivos e deixar fluir sua imaginação.
Logo, o fundamental dessas diretrizes não é o fato de não serem acabadas e estáticas,
mas de constituírem caminhos. Quem o transforma é o próprio professor à medida que estuda
e reflete sobre sua própria prática. Pode-se concluir então que num contexto da escola inclusiva,
seja na Educação Física ou em qualquer outra disciplina escolar, o professor deverá desenvolver
esse novo repensar pedagógico, sendo atualmente uma competência essencial ao profissional
consciente de seu papel em uma sociedade que está aprendendo a viver a democracia.
REFERÊNCIAS
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DOMINGOS, M. A. A escola como espaço de inclusão: sentidos e significados produzidos
por alunos e professores no cotidiano de uma escola do sistema regular de ensino a partir da
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(Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2005.
MUNSTER, M.A.V.; ALMEIDA, J.J.G. Atividade física e deficiência visual. In. GORGATTI,
M.G.; COSTA, R.F.; Atividade física adaptada: Qualidade de vida para pessoas com
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SAC – Sociedade de Assistência aos Cegos. Deficiência Visual x Educação Física. Disponível
em <http://www.sac.org.br/edu_fis.htm> Acesso em 04 de agosto de 2014.
SOLER, Reinaldo. Educação física inclusiva: em busca de uma escola plural. Rio de janeiro:
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