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Introdução

O presente trabalho da cadeira de História de Moçambique pretende abordar sobre as


agressões imperialistas a Ocupação colonial em Moçambique. O trabalho tem como
ponto de partida a Conferência de Berlim que foi uma realizada na Alemanha em
Novembro de 1884 a Fevereiro de 1885. Nesta conferência foi discutida sobre o
problema da bacia do Congo depois de tratado entre os portugueses e os ingleses na
qual as outras potências não estavam de acordo com este tratado e como forma de
resolver este problema foi convocado essa conferência. E uma das principais
deliberações desta conferência foi o Princípio de Ocupação Efectiva dos territórios quer
dizer cada potência deveria administrar o território e criar condições de
desenvolvimento económico através de construção de infraestruturas. E Portugal como
uma potência de fraco poderio económico teve seria dificuldades em fazer valer o
princípio de ocupação efectiva e como solução para a ocupação do território
moçambicano teve que ceder dois terços do território nacional as Companhias

As Agressões Imperialistas e a Ocupação Colonial em Moçambique

De acordo com SERRA (2000:158), a evolução capitalista, através da revolução


industrial na Europa tornou inevitável a divisão do continente africano entre as grandes
potências europeias. A própria logica do desenvolvimento capitalista continha essa
necessidade de expansão e anexão e expansão de outros territórios, sobretudo os
territórios onde a exploração capitalista não tinha ainda assentado arraiais. Os
problemas originados na ocupação de áfrica.
A partir de então, o problema da posse de territórios africanos tornou-se latente para as
potencias européias. A França encontrou-se frente a uma nova potência, a Bélgica, que
lhe interceptava o caminho na sua expansão. A Portugal deparava-se o facto de a sua
antiga situação se alterar como conseqüência da chegada de novos colonizadores.
Havia, em suma, países com antiguidade em questões africana face às novas potências
coloniais. O problema era difícil de resolver porque cada país agia em função dos seus
interesses, embora manifestassem que o faziam em defesa do liberalismo, da civilização
e do cristianismo (Idem).
A Conferencia de Berlim sobre a (1884-1885)
A conferência realizou-se em Berlim, de 15 de Novembro de 1884 a 26 de Novembro
de 1885. A notícia de que seria realizada, a corrida a África intensificou-se. A
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conferencia não discutiu a serio o trafico de escravos em os grandes ideais humanitários


que se supunha terem-na inspirado. Adoptaram-se resoluções vazias de sentido,
relativas a abolição do tráfico escravo e ao bem-estar dos africanos. A conferência, que,
inicialmente, não tinha por objectivo a partilha da África, terminou por distribuir
territórios e aprovar resoluções sobre a livre navegação no Níger, no Benne e seus
afluentes, e ainda por estabelecer as “regras a serem observadas no futuro em matéria de
ocupação de territórios nas costas africanas (Idem).
A conferência convocada não tinha o propósito inicial de retalhar a África em zonas
influências, como se chamou mais adiante, mas devido às discussões enérgicas terminou
por distribuir territórios e aprovar resoluções sobre a livre navegação no Níger, no
Benué e seus afluentes, e ainda por estabelecer as regras a serem observadas a posterior
em matéria de ocupação de territórios limítrofes a costa africana (Ibid:245).
A partilha de África e a divisão colonial.
Entre 1885 e 1914, realizou-se a divisão colonial que constituiu o novo mapa africano.
Mas vale ressaltar que antes da conferência de Berlim, as potências européias já tinham
suas esferas de influência na África por varias formas: mediante a instalação de
colônias, a exploração, a criação de entrepostos comerciais, de estabelecimentos
missionários, a ocupação de zonas estratégicas e os tratados com os dirigentes africanos.
Após a conferência de Berlim, os tratados tornaram-se os instrumentos essenciais da
partilha da África no papel (Ibid:343).
Eram de dois tipos esses tratados: os celebrados entre africanos e europeus, e os
bilaterais, celebrados entre os próprios europeus.
Os tratados afro-europeus, assinados entre europeus e os chefes locais africanos,
dividiam-se em duas categorias:
 Os tratados sobre o tráfico de escravos e o comércio, que constituíram as fontes
de tensões e provocaram a intervenção política europeia nos assuntos africanos;
 Os tratados políticos, mediante os quais os dirigentes africanos ou eram levados
a renunciar a sua soberania em troca de proteção, ou se comprometiam a não
assinar nenhum tratado com outras nações européias (Idem).

O Conflito Anglo-Português
Dado o princípio diplomático da ocupação efectiva ser restrito às regiões costeiras,
continua tendo uma onda de expedições, de forma a alargar a acção colonial para o
interior do continente. Do lado português desenvolve-se o projecto da “África
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Meridional Portuguesa”, que ligaria horizontalmente Angola e Moçambique, ficando


famosa a sua representação gráfica, o “Mapa Cor-de-Rosa” (TEIXEIRA,1890: 692-
693).

Este projecto é apresentado na Câmara dos deputados em Fevereiro de 1886, sendo


adoptado pelo governo português já em Dezembro depois do reconhecimento francês
numa convenção em Maio. Ainda em Dezembro de 1886 o mapa é reconhecido na
Convenção Luso-Germânica. No entanto Inglaterra também tinha em curso, pela mão
do colonizador Cecil Rhodes, um projecto de expansão territorial que uniria os
territórios do Cairo e da cidade do Cabo, só notificado a Portugal já no ano de 1887,
aquando do protesto contra o projecto português seu concorrente (Idem).

Nesta situação, a atitude política portuguesa foi a de retardar o mais possível uma
resposta definitiva às notas diplomáticas agressivas que vão sendo recebidas, chegando
a ser enviado de Inglaterra, em 1888, para negociações em Lisboa, George Petre.
Simultaneamente às conversações diplomáticas, estes dois projectos vão sendo postos
em prática através de campanhas de «pacificação» que se tratavam, “na realidade de
conquista” (Idem).

Uma das mais famosas expedições portuguesas a fim de concretizar o projecto colonial
dos anos oitenta corresponde à de Serpa Pinto, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens. É
somente quando, em 1889, estes exploradores chegam ao Niassa, onde Inglaterra tinha o
protectorado dos Macocolos e a sua bandeira hasteada, que os dois planos de “esferas de
influências” se cruzam. Os chefes da tribo são submetidos por Serpa Pinto e este segue
atravessando o Rio e penetrando no Alto Chire em Novembro desse ano
(TEIXEIRA,1990: 692-693).

Os protestos ingleses começam a chegar em Dezembro de 1889, e no início de Janeiro


de 1890, considerando os feitos portuguesas “actos de força”, ignorando a sugestão
portuguesa de arbitragem internacional, os ingleses enviam, no dia 11 do mesmo mês,
um Ultimato (Idem).

Ultimato Britânico
Rejeitando qualquer tipo de negociações e depois da pressão exercida por Cecil Rhodes,
o governo britânico, de forma a impor uma resposta definitiva portuguesa, concentra as
suas forças navais em pontos estratégicos da costa atlântica e é enviado, a 11 de Janeiro
de 1890, um Ultimatum para a retirada das forças militares portuguesas dos territórios
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pretendidos, a troco do fim da aliança centenária e consequente ataque armado


(TEIXEIRA, 1990: 649).

Dado o vazio de alianças alternativas, a cedência portuguesa acontece na mesma noite


de forma a evitar o isolamento português no sistema internacional, sendo a situação
tornada pública pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros Barros Gomes. Era o “fim do
sonho cor-de-rosa”. Na tentativa de solucionar a situação, Portugal e Inglaterra
estabelecem um tratado de 20 de Agosto de 1890. Este tratado acaba por não ser aceite
pelas câmaras portuguesas em Setembro desse mesmo ano (Idem).

O Ultimato revelou ser uma poderosa arma contra a legitimidade dos governos
monárquicos vigentes, cujo derrube não era também do interesse Inglês. Dada a
situação, e de forma a manter um equilíbrio até ser atingido um consenso, a 14 de
Novembro de 1890, é assinado o acordo de “Modus Vivendi”, um acordo entre estas
duas partes cujas opiniões diferem, mas que acabam por “concordar na discórdia”. Ou
seja, ambas as partes vão reconhecer os limites fixados no anterior tratado (TEIXEIRA,
1990:651).

Delimitação da fronteira sul - ocidental de Moçambique

De acordo com SENGULANE (2013:45), em 1820, após uma viagem de investigação a


costa de baia de lagoa, efectuado por uma expedição inglesa, sob comando do capitão
William F. Marques, a Inglaterra viu nestas terras uma excelente saída de mercadorias
para a sua colónia de cabo. Ignorando o direito histórico de Portugal, começou a
empreender acções com vista a ocupação desta zona portuária, a primeira dessas acções
foi a assinatura de tratados com chefes dos Estados locais, acompanhada de uma intensa
campanha diplomática para fazer valer os direitos ingleses.

A questão relativa a fronteira sul - ocidental de Moçambique foram resolvidas de forma


relativamente rápida que em relação a outras regiões do pais. A questão da fronteira sul,
foi resolvida em 1872, quando Portugal e Inglaterra concordaram em enviar a
arbitragem do presidente da Republica Francesa a questão da posse de Lourenço
Marques. Esta arbitragem vai ser decidida pelo presidente Mac Mahon, a 24 de junho de
1875, a favor de Portugal (ALMADA, 1971: 226).

Para fazer valer a sua soberania, Portugal apoiou-se então nos seguintes fundamentos: o
fundamento da prioridade de descobrimento, o da conservação do território durante
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seculos, o da introdução da civilização através do cristianismo, o da conquista pelas


armas, e o do reconhecimento dos eu domínio pelos chefes indígenas. Em 1888 foi
delimitada a fronteira entre Moçambique e sua Suazilândia em relação a qual, a
comissão formada, chegou a um acordo com relativa facilidade, apesar dos protestos
apresentados pelo Rei Suazi contra a delimitação na cumeada dos montes Libombos
(Idem).

É de salientar que o conflito entre os portugueses e ingleses só teve o seu terminou com
a delimitação da fronteira sul de Moçambique com a intermediação do presidente
Francês Mac Mahon em 1875.

O fim do período pré-colonial

Este período é caracterizado por sucessivas combates entre os invasores e os autóctones


no que os colonialistas portugueses tendo no sul a situação mais ou menos sob controlo
passaram a concentrara sua atenção, nos territórios situados mais ao Norte. Foi assim
que em 12 de Outubro 1896. Já declarada guerra no Distrito de Moçambique
(COVANE.1989:56).

O primeiro combate deu - se no âmbito de que o exército invasor português


comandando por Mouzinho de Albuquerque quis atacar a povoação de Ibrahimo mas foi
atacado pelo caminho pelos Namarrais, que ficou conhecido como de Mujenja, e
Albuqerqu teve que fugir. O segundo combate contra os Namarrais c conhecido como a
batalha de Naguana e só no terceira agressão que teve lugar em de Março cm Ibrahimo,
que as tropos invasoras conseguiram obter vitória, mas mesmo assim os Namarrais
tentaram mais uma vez expulsar os invasores no dia seguinte a celebre batalha de
Mucute Muno em que participaram 140 marinheiros portugueses (Idem).

De igual maneira, no sul de Moçambique os portugueses tiveram a campanha contra o


imperador Ngungunhana que se enfrentara com uma outra, onde a actividade
diplomática teve
mais sucesso que a invasão militar, e com a anexação da Zululândia a Inglaterra em
Março de 1887, a influência inglesa na região do sul c na Suazilândia aumentava de dia
para dia (COVANE. 1989:57).

Um dos episódios que preocupou os portugueses foi a incorporação nos seus territórios
o terreno situado ao norte do rio Umkasi que era directamente governado pelos chefes
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Umeamana e Si bonda, ambos vassalos da rainha Zâmbia do Maputo que subiu ao trono
após a morte de seus marido Ate 1875 o reino de Maputo mantinha a sua
independência total sentença arbitraria dada pelo presidente da republica Francesa, cm
deveria pertencer a Portugal, porem desde então o reino de Maputo, especialmente no
que concerne a sua posição geográfica muito vantajosa para o comercio de Transval e
Natal como da do Império de Gaza a ser vitima das intrigas políticas provocadas por
mercenários de calibre de Cecil Rhods, António Ennes. Mouzinho de Albuquerque com
outros (Idem).

Em presença intimidatória dos portugueses para com Ngungunhana as campanhas que


contra eles estavam sendo preparadas e a chegada de constantes contingentes de tropas
de Portugal a rainha Zâmbia enviou uma embaixada ao governo de Natal propondo lhe
um tratado de amizade e protecção (Idem).

A reacção portuguesa foi uma grande campanha política que culminou, obrigando a
rainha a assinatura de um tratado entre o seu reino c os portugueses a 3 de Março de
1888. Em 1902. foram levadas a cabo outras campanhas contra o reino de Baruê e ao
longo de Gorongoza com a ajuda de ingleses, também dentro da companhia de
Moçambique, foram integrados os territórios do Reino Ajaua. Porém, os ingleses
acusava então os portugueses da falta de coordenação e controlo nas suas terras, visto o
reino ajaua. Segundo as decisões da conferência de Berlim, estar dentro das fronteiras
portuguesas. O fim da agressão militar portuguesa no nosso pais punha também fim a
uma época de história de Moçambique colonizado (Idem).

Conclusão

Apos a realização do trabalho conclui-se que a ocupação colonial portuguesa se fez


através de várias frentes de intervenção, entre elas a ocupação dos territórios pela
companhias majestáticas e dominação militar, pela sujeição da população com a
legislação do trabalho, pela cobrança de impostos e pela legislação assimilacionista,
criando leis para os indígenas e para os metropolitanos. Todas estas ações foram
impetradas quase simultaneamente, após a pacificação e controle do Reino de Gaza e
efetiva implantação do aparelho colonial. Estas ações coloniais foram ampliadas,
reinterpretadas do final do século XIX até as primeiras décadas do século XX. A
legislação do trabalho, regulando e controlando os acordos comercias, especialmente
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com a África do Sul, foram se sobrepondo em um contínuo controlo e enquadramento


social da população de Moçambique, ao sul do rio Save.

Referências Bibliográficas

ALMADA,J. Diligencias diplomáticas em torno de Mocambique. Vol. V. Impressa


Nacional. Lisboa, 1971.

COVANE. Lvils Amónio. Trabalho Migratório e Agricultura no Sul de Moçambique


(7920-1992), Lisboa. Promedia, 200l

UZOIGWE, Godfrey. Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral. In


BOAHE Albert Adu. História Geral de África VII. África sob dominação
colonial,1880-1935. Brasília: UNESCO. 2010.

SENGULANE, Hipólito. Historia das instituições do poder politica em Moçambique.


Diname. Maputo, 2013.

SERRA, Carlos. História de Moçambique: Agressão Imperialista, 1886-1885. Livraria

Universitária da UEM. Maputo. 2000.

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