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Igrejas Evangélicas e a Mídia no Brasil:

Uma Análise do Discurso da revista Veja em relação às igrejas evangélicas

Autora: Eliana da Motta dos Santos1


Orientadora: Profª Drª Magali do Nascimento Cunha

1. INTRODUÇÃO

De acordo com os dados do Censo Demográfico de 2000, divulgados pelo Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os segmentos evangélicos crescem em todas as
regiões. O número de fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana de 83,8% em 1991 caiu para
73,8% em 2000. Já os evangélicos que, em 1991, representavam 9,1% dos brasileiros, nove
anos depois, saltaram para 15,5% da população, ou seja, cerca de 25 milhões, o que representa
um crescimento de 70%.

Essa revolução religiosa teve início com Martinho Lutero. Teólogo e reformador alemão,
Lutero, que viveu de 1483 a 1546. Monge agostiniano, sacerdote, doutor em Teologia, em nome
da doutrina do apóstolo Paulo e da salvação pela fé, opôs-se aos pregadores da Igreja Católica
Apostólica Romana, que vendiam indulgências, ou seja, perdão em troca da remissão dos
pecados.
O protestantismo brasileiro é subdividido em três grupos: os tradicionais, os pentecostais
e os neopentecostais. Os tradicionais vêm do período da Reforma Protestante, com Martinho
Lutero. Os cristãos protestantes do Brasil são, geralmente, chamados de evangélicos, termo que
identifica as igrejas protestantes históricas radicionais (Luterana, Presbiteriana, Congregacional,
Anglicana, Metodista, Assembléia de Deus e Batista).
O pentecostalismo surgiu nos Estados Unidos, com o reavivamento religioso do século
XX e liderado pelo pastor negro americano William Joseph Seymour, e tornou-se uma explosão
de fé mundial. No Brasil as principais igrejas pentecostais são: a Igreja Congregação Cristã no
Brasil, de 1910; e a Assembléia de Deus, de 1911, sendo as duas as mais antigas igrejas
pentecostais.

Os pentecostais, depois da década de 80, passaram a ter uma mudança radical de


comportamento, o que antes não ocorria, pois os pentecostais eram distantes de aspectos da
cultura brasileira. Essa mudança pode ser notada pela priorização da vida no dia-a-dia, com a
priorização ao sucesso.

Segundo Ricardo Mariano, sociologicamente classificando, o “pentecostalismo


autônomo”, surge a partir das igrejas Casa da Benção, Deus é Amor, Evangelho Quadrangular,
Maranata, Nova Vida, Brasil para Cristo, Universal do Reino de Deus, Igreja Apostólica Renascer
em Cristo e Igreja Internacional da Graça. São vistas como autônomas por ter independência
financeira e eclesiástica das igrejas pentecostais em relação a suas matrizes nacionais ou
estrangeiras. É composta por população flutuante e descompromissada, não possuindo um
corpo fixo de fiéis.

1 Eliana da Motta dos Santos é jornalista e mestranda em Comunicação Social pela UMESP - Universidade
Metodista de São Paulo, autora do referido projeto tem apoio da FAPESP – Fundação de Amparo a Pesquisa do
Estado de São Paulo.
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Essas denominações eram conhecidas no início da década de 90 pelas designações


“pentecostalismo de cura divina”, “neopentecostalismo” e pentecostalismo autônomo”. Mas em
1994, Antônio Gouvêa Mendonça, ex-pastor da Igreja Presbiteriana Independente e pequisador
da história do protestantismo no Brasil, opta pelo termo neopentecostalismo.(MARIANO. 1999.
26p.)

“O termo neopentecostal tem sido empregado com imprecisão, mas


é o mais aceito por ser aquele que mais vem ganhando terreno nos últimos
anos entre os pesquisadores brasileiros para classificar as novas igrejas
pentecostais” (SIEPIERSKI, 2001, p.5).

Essa idéia de que a Igreja Deus é Amor e a Universal do Reino de Deus serem tratadas
como “agência de cura divina” de não formarem “igrejas” ou “comunidades” e serem uma “tenda
de magia” é segundo o sociólogo Ricardo Mariano:

“a razão do equivoco, em parte, reside em falho conhecimento empírico de


ambas as igrejas, as quais não pesquisou diretamente, (...) questiona a
identidade cristã do neopentecostalismo, aponta seu “distanciamento da
Bíblia” e nega que os líderes neopentecostais comunguem da doutrina do
“batismo no Espírito Santo”(MARIANO, 1999. 27p.)

O crescimento do protestantismo em larga escala nacional, nunca foi visto no País,


obrigando os meios de comunicação a abrir cada vez mais espaço para a cobertura desse
fenômeno social. Porém, quando a pauta é religião e, especialmente, em relação aos
evangélicos, há um tratamento jocoso, preconceituoso.

Matérias carregadas de ofensas pessoais, duplo sentido, pré-conceitos, manipulação de


informações sob sigilo de justiça, escândalos entre outros, são fórmulas que se repetem com
constância na mídia em relação ao movimento pentecostal brasileiro e criam, assim, no
imaginário popular uma desconfiança generalizada.

Para exemplificar, em 16 de maio de 1990, a revista Veja, em reportagem de capa, cujo


título é “A fé que move multidões avança no país”, vê-se as expressões “pastores ladinos”,
“curandeirismo”, “seitas”.
Em 24 de maio de 1992, o bispo Edir Macedo, acusado de supostos crimes como
charlatanismo, curandeirismo e estelionato, foi detido em São Paulo e o escritor Ricardo Mariano
em seu livro descreve:
Sua detenção foi espetacular. Para prendê-lo foi montada uma
verdadeira operação militar. Como protestaram alguns líderes pentecostais, o
aparato repressivo empregado era desproporcional à periculosidade e a
capacidade do acusado de resistência à prisão. Nada menos que cinco
delegados e 13 agentes da Delegacia de Capturas e do Grupo de Ação e
Repressão a Roubos Armados foram mobilizados. Empunhando revólveres e
metralhadoras e ocupando cinco carros, os policiais cercaram o automóvel
do bispo no bairro paulistano de Santo Amaro, quando ele saía de um dos
maiores templos da Universal na capital. Dada a voz de prisão, Macedo,
seguro pelos braços e sob a mira de armas, passou pelo humilhante
constrangimento de ser tratado, como um meliante qualquer, num camburão.

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Chegando à delegacia, era esperado por reportagem da TV Globo, a única


emissora informada sobre a operação. (MARIANO, 1999, p.75)

Na reportagem “Soldados da fé”, publicada pela revista Veja em 2 de julho de 1997, as


jornalistas Andréa Barros e Laura Capriglione tratam a líder religiosa bispa Sônia Hernandes da
Igreja Renascer como “a perua de Deus”.
“A perua de Deus” – Os princípios permanecem, mas mudaram os
invólucros. Em busca de um rebanho jovem, as seitas se modernizam. “Em
vez do ascetismo, agora pregam o hedonismo (...) Hoje podem-se encontrar
igrejas como a Renascer em cristo, do “apóstolo” Estevam Hernandes, ex-
gerente de Marketing da Itautec e da Xérox e cuja esposa, a bispa Sônia
Hernandes, é considerada como “a perua de Deus”, tal o seu exibicionismo
em qualquer culto. (BARROS e CAPRIGLIONE)
Na revista Época, em maio de 2002, cuja reportagem assinada por Edna Dantas,
constrói o texto intitulado, “O lado sombrio da Renascer” das seguinte maneira: “As
irregularidades vão de pequenas malandragens a atividades que, segundo cinco juristas que
examinaram os casos a pedido de Época, podem ser enquadradas no Código Penal, em artigos
que tratam de crimes como falsidade ideológica, estelionato, fraude fiscal e até formação de
quadrilha. (DANTAS, mai.2002).
A reportagem rendeu à Editora Globo condenação por danos morais ao casal líderes da
Igreja Cristã Apostólica Renascer em Cristo, apóstolo Estevam Hernandes e a bispa Sônia
Hernandes.

É histórica, a perseguição e discriminação religiosa. “Líderes


pentecostais vêm sendo acusados de charlatanismo desde os anos 50. Na
época, a igreja mais assediada pelo trio imprensa, polícia e justiça foi a Brasil
Para Cristo, que, então, enfatizava a cura divina, pregava no rádio, promovia
concentrações evangélicas (...) Enquanto esteve a frente da Brasil Para
Cristo, Manoel de Mello foi detido 27 vezes pela polícia”. (MARIANO,
Ricardo. 1999, p.179)

Nas eleições para Assembléia Nacional Constituinte, em 1986 foram eleitos 32


parlamentares, sendo 20 das igrejas pentecostais, que foram reconhecidos pela mídia como
“bancada evangélica”. Em maio 2006, no cenário político, o episódio das Sanguessugas
referente ao desvio do dinheiro público no Ministério da Saúde, a mídia noticiou com grande
alarde que 58% da propina foi desviada à “Bancada Evangélica”. A utilização desse termo deixa
claro a generalização, de atos indevidos de indivíduos, que não necessariamente representam
um segmento da sociedade.

As notícias induziam que todos os políticos bancada eram corruptos, como se todos,
orquestradamente, pertencessem a um único partido político, desconsiderando a evidente
multiplicidade partidária dos parlamentares, que em comum professam convicções religiosas.

Em conseqüência da ação dos jornais, das revistas, da televisão e dos outros meios de
informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descobre, realça ou negligencia
elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir
dos seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio
conteúdo. Além disso, o público tende a atribuir que esse conteúdo inclui uma importância que

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reflete de perto a ênfase atribuída pelo mass media aos acontecimentos, aos problemas, às
pessoas. (WOLF, 1995, p.144).

2. JUSTIFICATIVA

O interesse pelo tópico vem da minha experiência como jornalista independente. Iniciei a
linha de pesquisa na graduação com o Trabalho de Conclusão de Curso, cujo resultado foi
divulgado, por meio de uma crônica assinada por Adelto Gonçalves, no site da revista semanal
de crítica à mídia Observatório da Imprensa² . A crônica também foi publicada no jornal russo
Pravda, em 03 de março de 2008, pautando mais 49 sites com conteúdo religiosos e seculares.

Outra questão a ser amplamente estudada, refere-se à Lei de Imprensa, nº 5.250, cujo
texto original foi editado pelo governo militar, em 1967, em contexto ditatorial e em vigor até
hoje. Em 21 de fevereiro de 2008, O ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal
Federal (STF), concedeu liminar parcial a uma ação impetrada pelo deputado Miro Teixeira
(PDT-RJ), que pediu a suspensão de artigos da referida Lei que, na prática, serviam para punir
de forma mais dura os jornalistas nos tempos da ditadura,

_____________________________

2 Na edição 474, da editoria Imprensa & Religião, em 26 de fevereiro de 2008, pelo articulista professor e orientador do
trabalho, Adelto Gonçalves, doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Para ver a crônica na integra, a
clippagem foi publicada em 6 de setembro de 2008, no blog jornalístico Eliana Motta, www.jornalistaelianamotta.blogspot.com

que segundo a ação, fere princípios da Constituição Federal de 1988. Estão suspensas, por
exemplo, as penas de prisão para jornalistas por calúnia, injúria ou difamação.

Algumas questões podem ser levantadas para tentar decifrar o comportamento dos
jornalistas diante dessas práticas abusivas. Quem se beneficia desse recurso? Por qual motivo?
Como respeitar eticamente a privacidade do cidadão público? Como exercer um jornalismo
investigativo, com talento, credibilidade, sem “plantar” informações privilegiadas, para
favorecimento próprio ou do veículo em que trabalha? Qual a relevância social em macular um
grupo social pela sua ideologia, convicção e atos com fundamento religioso? Como coibir a
arrogância de jornalistas, já que a liberdade de expressão é a sua garantia?

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Objetividade e neutralidade são padrões importados da imprensa norte-americana, mas


que são considerados um mito. “É realmente impossível exigir dos jornalistas que deixem em
casa todos esses condicionamentos e se comportem diante da notícia como profissionais
assépticos...” (ROSSI, 1980, p.10).

De acordo com o jornalista Clóvis Rossi “a objetividade continua sendo um parâmetro de


conduta a ser buscado a todo custo nos grandes veículos de comunicação do País. Para facilitar
essa ação, foi introduzida a determinação de ouvir os dois lados de uma notícia”.(ROSSI, 1980,
p.13).

A classe jornalística deve ser regida por uma ética que preserve, acima de tudo, os
direitos do cidadão. Um parâmetro de boa conduta ética é o que se espera dos jornalistas e hoje
há duas formas de exigências:
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O primeiro é aquele que pede limite para o poder dos meios de


comunicação, pois os proprietários de veículos de comunicação, juntamente
com seus funcionários tornaram-se figuras arrogantes, que se julgam acima
de qualquer limite quando se trata de garantir seus interesses e de se divertir
com seus caprichos. Não abusar do poder e garantir a responsabilidade
social e consciência para que não destruam reputações e deformar
instituições democráticas é exigir que o espírito que se encontra na origem
do jornalismo não seja corrompido.

O segundo tipo de exigência é despertar a idéia de que os bons


modos – e as boas consciências – resolvem por si só os impasses que se
apresentam é ajudar a tecer a cumplicidade entre o jornalismo e o poder, é
reduzir os graves problemas da ética jornalística e dos meios de
comunicação a uma questão de etiqueta. (BUCCI, 2000, p.11).

A Escola de Chicago influenciou o estudo da notícia com duas teorias: o Mass


Communication Research e a outra menos associada ao Jornalismo enquanto objeto de
atenção, a Teoria Crítica. Ambas marcaram olhares sobre as notícias, como distorção e como
manipulação (...) com estudos de Galtung e Ruge (1965) e Molotch e Lester (1974), e a linha de
Análise Crítica do Discurso. (PONTE, 2005, p. 167)

A Mass Communication Research, é uma linha de investigação orientada para análise


de efeitos e de conteúdos dos media, tendo como um dos seus teóricos Harold Lasswell quando
desenvolve “um ato de comunicação é responder às seguintes perguntas: Quen diz o quê, por
que canal e com que efeito? Essa fórmula, o tornou célebre em 1948. A sociologia funcionalista
da mídia, traduz setores de pesquisa, que resultam na: “análise de controle”, “análise de
conteúdo”, análise das mídias ou dos suportes”, análise da audiência” e “análise dos efeitos”.
(MATTELART, 2000, p.37)

Uma das correntes de investigação de Lasswell, na Teoria da Comunicação, que estuda


sobre o quê e como os assuntos devem ser pensados é a hipótese do Agenda- Setting. “Dentro
do contexto dos estudos sobre os efeitos dos meios de comunicação na sociedade, surge nos
anos 70 a investigação por hipótese do Agenda-Setting. Esta linha de pesquisa propõe uma
nova etapa de investigação sobre os efeitos da comunicação de massa. Desta maneira, tem-se
um conceito do poder que o jornalismo exerce sobre a opinião pública”. (BARROS FILHO, 2001,
p. 169).

Quanto a Teoria Crítica, filósofos Max Horkeimer e Theodoro Adorno pesquisadores da


Escola de Frankfurt, autores da obra A Dialética do Iluminismo (1947), viabilizaram conceitos
comunicacionais, em torno de um programa crítico de análise do social. (PONTE, 2005, p. 173)

Em Teorias das Notícias: o Estudo do Jornalismo no Século XX, Nelson Traquina (2005)
apresenta tendências teóricas desse século e identifica teorias importantes para o presente
estudo. A preocupação com a distorção da mensagem surgiu com pesquisas empíricas
centradas no ambiente das salas de redações e orientadas pela teoria da ação pessoal e depois
pela teoria organizacional.

A investigação sobre o processo de produção foi marcada, pelo desejo de uma


informação não distorcida e pesquisa das suas condições de realização, por um lado, e pela
denúncia de manipulação deliberadas, por outro, aqui nomeadamente pela teoria da ação

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política, também conhecida por teoria manipulativa (Cohen e Young, 1973). (PONTE, 2005, p.
179)

Na teoria da ação política, os media noticiosos são vistos de forma instrumental, isto é,
servem objetivamente certos interesses políticos: na versão de esquerda, são instrumentos que
ajudam a manter o sistema capitalista; na versão de direita, são instrumentos que põem em
causa esse sistema. De esquerda ou de direita, estas teorias defendem também as notícias
como distorção sistemática, servindo interesses políticos de agentes sociais específicos.
(PONTE, 2005, p. 179)

A Análise Crítica do Discurso integra sociologia e política ao jornalismo como discurso


social observando com atenção a linguagem e aos atos que são agendados pelos media
analisando criticamente e apresentando como os discursos sociais podem contribuir para a
reprodução ou mudança de relação de poder (PONTE, 2005, p. 218)

Grandes investigadores propuseram uma reflexão a cerca da Análise do Discurso, nos


anos 80 e 90, no contexto anglo-saxônico em particular britânico e australiano, como:

 Gunther Kress e Theo van Leeuwen que fazem análise discursiva visual dos textos
impressos combinando linguagem com códigos semióticos, ao estudar páginas de
jornais.
 Teun van Dijk, foi um dos primeiros investigadores de estudos comparados sobre o
discurso jornalístico em termos de processamento cognitivo de textos. Construindo
legitimidade nos textos propagandísticos ou numa linguagem institucional de uma figura
pública.
 Norman Fairclough, articula conceitos como práticas discursivas , de Foucault, e adota
como conceitos centrais da sua investigação, linguagem, discurso e poder nas
produções textuais falados ou escritos.

O livro Comentários à Lei de Imprensa de Luiz Manoel Gomes Júnior, analisa a evolução
do Direito brasileiro, com atualidade, rigor científico. Procura relacionar o texto à Constituição
Federal vigente, mencionando e analisando projetos que tramitam no Congresso Nacional para
reformular o Direito da Comunicação Social no Brasil. Abordando questões polêmicas, como o
valor da indenização do dano moral causado pela imprensa; a competência para a ação penal
por crime de imprensa, o direito de resposta.

A Constituição Federal, em seu artigo 5°, inciso IX, diz que "é livre a expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença".
Quando o profissional de comunicação, apoiado nesse artigo, executa sua função social – pode-
se, então, vivenciar na plenitude o livre exercício da cidadania.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 19, diz que toda pessoa
tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem
interferências, ter opiniões e procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer
meios e independentemente de fronteiras. (Guia da Cidadania, p.40)

4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral:


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Esse Projeto não objetiva “julgar” certo ou errado o procedimento das diferentes
tendências religiosas do protestantismo brasileiro. O principal objetivo aqui é:

a) estudar como o jornalismo constrói sentidos sobre as igrejas evangélicas;

b) como a abordagem mediática constrói a identidade social dos evangélicos como


“ingênuos”, ‘enganados’, ou “passivos” diante dos seus líderes supostamente corruptos e
charlatães;

c) como a manipulação da ‘imagem deteriorada’ (GOFFMAN, 1988) circula e legitimiza


o discurso mediático.

4.2 Objetivos Específicos:

O objetivo específico deste Projeto de Pesquisa, é estudar a revista semanal Veja, no


período de 1998 a 2008, em suas narrativas e articulações do discurso:

- Entender a representação dos gêneros discursivos (BAKHTIN, 1929) que reporta


socialmente os evangélicos no noticiário de imprensa a partir da análise da revista Veja;

- Entender como estigmas e preconceitos no discurso mediático produzem ‘discursos de


verdade’ (FOUCAULT, 1970) sobre a identidade social dos evangélicos.

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O Projeto de Pesquisa analisará reportagens produzidas pela revista semanal de


informação Veja no período de 1998 a 2008. Para tanto, a metodologia é organizada da seguinte
maneira: entrevistas, análise textual, clippagem.

Entrevistas primárias: entrevistas com jornalistas renomados, juristas, advogados,


sociólogos, médicos, líderes religiosos, teólogos, fiéis, não fiéis. Trabalho de campo nos núcleos
assistenciais de igrejas que atuam em comunidades carentes, por meio de ações sócio-culturais,
promovendo inclusão social, nas mais diversas áreas da sociedade.

Análises secundárias: como a clippagem de revistas, vídeos, jornais impressos e on-line


que complementem o conteúdo do Projeto. O embasamento em literatura teológica e científica
como livros, teses, dissertações e artigos, serão fundamentais para a composição do trabalho.

6. CRONOGRAMA

1º Semestre Disciplinas do programa, pesquisa e revisão bibliográfica

2º Semestre Qualificação e elaboração do roteiro de entrevistas

3º Semestre Pesquisa de campo, análise dos dados e redação da dissertação

4º Semestre Finalização da redação e defesa da dissertação

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (Bibliografia Inicial)

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Editora Hucitec. 12ª edição, 2006.
200p.

BARROS FILHO, Clóvis de. Ética na Comunicação: da informação ao receptor. São Paulo:
Moderna, 2001.

BRETON, Philippe. A manipulação da palavra. São Paulo: Editora Loyola, 1999. 168p.

BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 245p.

CUNHA, Magali do Nascimento. A Explosão do Gospel: Um olhar das ciências humanas


sobre o cenário evangélico contemporâneo. Editora Mauad, 2007. 232p.

CUNHA, Magali do Nascimento. Contra todo silenciamento e esquecimento: Memória de


uma experiência de contra-informação religiosa.1999. <Disponível em:
http://64.233.169.104/u/usponline?q=cache:0boJ3bsHCmQJ:www.eca.usp.br/alaic/Congreso199
9/14gt/MagaliNascimento.doc+historia+dos+protestantes&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=11&ie=UTF-8
Acesso em: 03.jul.2008.>

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. Editora Contexto, 2006. 288p.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL. São Paulo: Editora Escala, 2007. 224p.

DANTAS, Edna. O lado sombrio da Renascer. Revista Época. São Paulo: nº 209, 20
mai.2002.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 2005. 80p.

GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. 1988.


158p.

Guia da Cidadania. Almanaque Editora Abril. 2001. 97p.

GOMES JUNIOR, Luiz Mamoel. Comentários à Lei de Imprensa. Editora Revista dos
Tribunais. 576p.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. <Disponível em: http://www.ibge.gov.br


Acesso em: 21.abr.2008.>

JÚNIOR, Luiz Manoel Gomes. Comentários à Lei de Imprensa. Editora RT, 2007. 576p.

LOPES, Adriana Dias. A verdade sou eu. Revista Veja, São Paulo, 18 jul. 2007

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MACHADO, Márcia Benetti. A ironia como estratégia discursiva da revista Veja. COMPÓS –
Associação Nacional dos Programas da Pós-Graduação em Comunicação – Grupo de Trabalho
“Estudos de Jornalismo”, do XVI Encontro da Compôs, Curitiba. 2007

MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso. Editora Pontes,


1997. 200p.

MARIANO, Ricardo. Neopentecostalismo: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil.


São Paulo: Editora Loyola, 1999. 246p.

MARTINO, Luis Mauro Sá. Mídia e Poder Simbólico. Editora Paulus, 2003. 200p.

MATTELART, Armand e Michele. História das Teorias da Comunicação. São Paulo: Editora
Loyola, 2000. 220p.

Observatório da Imprensa. Igrejas Evangélicas e a Mídia no Brasil. GONÇALVES. Adelto,


26/2/2008. <Disponível em:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=474JDB008 Acesso em:
27.fev.2008>

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de Discurso. Editora Pontes. 2005. 100p.

PONTE, Cristina. Para entender as notícias: linha de análise do discurso jornalístico.


Florianópolis: Editora Insular, 2005. 248p

RESENDE, Viviane de Melo & RAMALHO, Viviane. Análise do Discurso Crítica. Editora
Contexto, 2006. 160p.

ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1980. 87p.

SIEPIERSKI, Carlos Tadeu. “De bem com a vida”: O sagrado num mundo em
transformação. Um estudo sobre a Igreja Renascer em Cristo e a presença evangélica na
sociedade brasileira contemporânea. 2001. 233f. Departamento de Antropologia Social da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
<Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-19072002-131022/>
Acesso em: 26.set.2007

TRAQUINA, Nelson. Teorias das Notícias: O Estudo do Jornalismo no Século XX. São
Leopoldo/ Brasil: Editora UNISINOS, 2001.

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