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FICHAMENTO DE DIREITO ADMINISTRATIVO - CONCEITO E

JURISPRUDÊNCIA - PRINCÍPIOS: AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO;


RAZOABILIDADE; PROPORCIONALIDADE; EFICIÊNCIA; E LEGALIDADE.

SANTO ANTÔNIO DE JESUS – BA.


DOCENTE: VAGNER SANTANA
DISCENTE: ELIÚDE OLIVEIRA
CURSO: DIREITO
SEMESTRE: 6º
TURNO: NOTURNO
TURMA: B
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE
Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade exigem da
administração pública a aplicação de limites e sanções dentro dos limites
estritamente necessários para satisfazer o interesse público, sem aplicação de
sanções ou restrições exageradas. Esses princípios não estão previstos de
forma expressa na Constituição Federal, mas estão previstos na Lei
9.784/1999, que regula o processo administrativo na Administração Pública
federal.
Muitas vezes, esses dois princípios são tratados como sinônimos ou, pelo
menos, são aplicados de forma conjunta.
Os dois princípios se aplicam na limitação do poder discricionário. Contudo, ela
não pode ser exercida de forma ilimitada.
Os princípios em comento realizam uma limitação à discricionariedade
administrativa, em particular na restrição ou condicionamento de direitos dos
administrados ou na imposição de sanções administrativas, permitindo que o
Poder Judiciário anule os atos que, pelo seu excesso, mostrem-se ilegais e
ilegítimos e, portanto, passíveis de anulação.
A razoabilidade impõe que, ao atuar dentro da discrição administrativa, o
agente público deve obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional,
em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas. Dessa forma, ao
fugir desse limite de aceitabilidade, os atos serão ilegítimos e, por conseguinte,
serão passíveis de invalidação jurisdicional.
A proporcionalidade, por outro lado, exige o equilíbrio entre os meios
que a Administração utiliza e os fins que ela deseja alcançar, segundo os
padrões comuns da sociedade, analisando cada caso concreto. Em outras
palavras, o princípio da proporcionalidade tem por objeto o controle do excesso
de poder, pois nenhum cidadão pode sofrer restrições de sua liberdade além
do que seja indispensável para o alcance do interesse público.
Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade não invadem o mérito
administrativo, pois analisam a legalidade e legitimidade.
A proporcionalidade possui três elementos que devem ser analisados no caso
concreto: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.

a) adequação (pertinência, aptidão): significa que o meio empregado deve ser


compatível com o fim desejado. Os meios devem ser efetivos para os
resultados que se deseja alcançar.
b) necessidade (exigibilidade): não deve existir outro meio menos gravoso ou
oneroso para alcançar o fim público, isto é, o meio escolhido deve ser o que
causa o menor prejuízo possível para os indivíduos;
c) proporcionalidade em sentido estrito: a vantagens a serem conquistadas
devem superar as desvantagens.

Jurisprudência
Ementa

Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei Complementar 143/96 do Estado do


Rio Grande do Norte. Programa Estadual de Desestatização – PED. 3.
Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 4. Medida Liminar
indeferida pelo Plenário. 5. Desnecessidade de lei específica. Autorização
conferida ao Chefe do Poder Executivo subordina-se às regras legalmente
estabelecidas no Programa de Desestatização. 6. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada improcedente.

(ADI 1724, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em


30/08/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 13-09-2019 PUBLIC
16-09-2019)

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA

O princípio do contraditório e da ampla defesa decorre do art. 5º, LV, da


Constituição Federal, que “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Além disso, eles
constam expressamente no caput do art. 2º da Lei 9.784/1999.
O contraditório se refere ao direito que o interessado possui de tomar
conhecimento das alegações da parte contrária e contra eles poder se
contrapor, podendo, assim, influenciar no convencimento do julgador.
A ampla defesa, por outro lado, confere ao cidadão o direito de alegar e provar
o que alega, podendo se valer de todos os meios e recursos juridicamente
válidos, vedando, por conseguinte, o cerceamento do direito de defesa.
Decorre da ampla defesa o direito de apresentar os argumentos antes da
tomada de decisão; de tirar cópias do processo; de solicitar produção de
provas; de interpor recursos administrativos, mesmo que não exista previsão
em lei para tal etc.
Por fim, a ampla defesa abrange também o direito à defesa técnica. Contudo,
em processos administrativos, cabe ao interessa decidir se precisa ou não de
defesa técnica, conforme entendimento do STF constante na Súmula
Vinculante nº 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.
Em processo administrativo disciplinar, não é obrigatória a defesa técnica por
advogado.

Jurisprudência
Ementa

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DE FUNDAMENTOS SUFICIENTES DA DECISÃO
AGRAVADA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 283/STF. ADMINISTRATIVO. MILITAR. CONDUTA
INCOMPATÍVEL COM A CORPORAÇÃO. PERDA DE POSTO E DE PATENTE. SUPOSTA
AFRONTA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA
DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. NECESSIDADE DE REEXAME DE NORMAS
INFRACONSTITUCIONAIS. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL (TEMA 660).
INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES.
CONTROVÉRSIA INFRACONSTITUCIONAL. INOCORRÊNCIA DE OFENSA DIRETA À
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 279/STF. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – É deficiente
a fundamentação do agravo regimental cujas razões não atacam todos os fundamentos
suficientes da decisão agravada. Incidência da Súmula 283/STF. II – O Supremo Tribunal
Federal, ao julgar o ARE 748.371/MT (Tema 660), de relatoria do Ministro Gilmar Mendes,
rejeitou a repercussão geral da controvérsia referente à suposta ofensa aos princípios
constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, quando o
julgamento da causa depender de prévia análise de normas infraconstitucionais, por configurar
situação de ofensa indireta à Constituição Federal. III – Consoante a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, o exame pelo Poder Judiciário do ato administrativo tido por ilegal
ou abusivo não viola o princípio da separação dos poderes. IV – É inadmissível o recurso
extraordinário quando sua análise implica a revisão da interpretação de normas
infraconstitucionais que fundamentam o acórdão recorrido, dado que apenas ofensa direta à
Constituição Federal enseja a interposição do apelo extremo. V – Conforme a Súmula
279/STF, é inviável, em recurso extraordinário, o reexame do conjunto fático-probatório
constante dos autos. VI – Agravo regimental a que se nega provimento.
Decisão
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do
Relator. Segunda Turma, Sessão Virtual de 30.8.2019 a 5.9.2019.

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Foi incluído no artigo 37 pela Emenda Constitucional 19/1998 como
decorrência da reforma gerencial, iniciada em 1995 com o Plano Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). Assim, a eficiência diz respeito a
uma atuação da administração pública com excelência, fornecendo serviços
públicos de qualidade à população, com o menor custo possível (desde que
mantidos os padrões de qualidade) e no menor tempo.
Jurisprudência
Ementa

Ementa: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO


INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PENA DE DEMISSÃO.
AUSÊNCIA DE ABUSIVIDADE OU TERATOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE
DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. O acórdão recorrido amparou-se nos princípios
da razoabilidade e da eficiência dos atos administrativos para manter os atos
válidos produzidos pela comissão processante, ante a inexistência de motivo
razoável para invalidar todos os atos até então produzidos. 2. A conclusão
adotada pelo STJ parte da premissa que deve nortear a
atuação da Administração Pública, pois, conforme já registrei anteriormente, o
que se exige do Poder Público é uma coerência lógica nas decisões e medidas
administrativas e legislativas, bem como na aplicação de medidas restritivas e
sancionadoras (Constituição do Brasil Interpretada. 8. ed. São Paulo: Atlas,
2011. fl. 285). 3. O entendimento manifestado no acórdão recorrido reproduz,
de maneira fiel, a orientação jurisprudencial deste TRIBUNAL sobre a ausência
de direito subjetivo ao deferimento de todas as provas requeridas nos autos
(art. 156, §§ 1º e 2º, da Lei 8.112/1990) – o que reforça a fragilidade do
presente recurso. 4. A parte recorrente também não demonstrou,
concretamente, os reflexos negativos do ato reputado coator para a ampla
defesa e o contraditório, ou seja, o efetivo prejuízo a que estaria submetido o
impetrante, capaz de justificar a requerida decretação de nulidade do
procedimento administrativo disciplinar. Incide, portanto, a regra segundo a
qual não haverá declaração de nulidade quando não demonstrado o efetivo
prejuízo causado à parte ( pas de nullité sans grief ). 5. A alegação de nulidade
decorrente da suposta negativa de acesso ao inteiro teor do
conteúdo das gravações da interceptação telefônica não foi objeto da petição
inicial do mandado de segurança, o que, por si só, constitui óbice ao
exame da matéria por esta SUPREMA CORTE, sob pena de inovação em sede
de recurso ordinário. 6. Recurso de agravo a que se nega provimento.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade está previsto expressamente no artigo 37 da
Constituição Federal, sendo aplicável às administrações públicas direta e
indireta, de todos os Poderes e todas as esferas de governo.
Este princípio nasceu com o Estado de Direito, que impõe a atuação
administrativa nos termos da lei. É o Estado que cria as leis, mas ao mesmo
tempo deve submeter-se a elas. A sociedade não quer um governo de homens,
mas um governo de leis.
A legalidade apresenta dois significados distintos. O primeiro aplica-se aos
administrados, isto é, às pessoas e às organizações em geral. Conforme
dispõe o inciso II do artigo 5º da CF/88, ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Dessa forma, para os
administrados, tudo o que não for proibido será permitido.
O segundo sentido do princípio da legalidade é aplicável à Administração e
decorre diretamente do art. 37, caput, da CF/88, impondo a atuação
administrativa somente quando houver previsão legal. Portanto, a
Administração só poderá agir quando houver previsão legal. Por esse motivo,
ele costuma ser chamado de princípio da estrita legalidade.
O inciso II do art. 5º da Constituição também serve de proteção aos direitos
individuais, pois, ao mesmo tempo em que permite que o administrado faça
tudo o que não estiver proibido em lei, ele impede que a Administração tente
impor as restrições. Ou seja, o conteúdo da norma permite que o administrado
atue sobre sua vontade autônoma e impede que a Administração imponha
limites não previstos em lei.
Em síntese, a função administrativa se subordina às previsões legais e,
portanto, o agente público só poderá atuar quando a lei determinar (vinculação)
ou autorizar (discricionariedade). Ou seja, a atuação administrativa obedece a
vontade legal. Por outro lado, os administrados podem fazer tudo o que não
estiver proibido em lei, vivendo, assim, sob a autonomia da vontade.
Jurisprudência
Ementa
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA.
ACÓRDÃO 2.780/2016 DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU). BENEFÍCIO
DE PENSÃO POR MORTE CONCEDIDO COM FUNDAMENTO NA LEI N.º
3.373/1958. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. PRECEDENTES. 1. Este
Tribunal admite a legitimidade passiva do Tribunal de Contas da União em mandado de
segurança quando, a partir de sua decisão, for determinada a exclusão de um direito.
Precedentes. 2. A jurisprudência desta Corte considera que o prazo decadencial de
120 (cento e vinte) dias, previsto no art. 23 da Lei n.º 12.016/2009 conta-se da ciência
do ato impugnado, quando não houve a participação do interessado no processo
administrativo questionado. 3. Reconhecida a qualidade de dependente da filha solteira
maior de vinte e um anos em relação ao instituidor da pensão e não se verificando a
superação das condições essenciais previstas na Lei n.º 3.373/1958, que embasaram a
concessão do benefício, quais sejam, casamento ou posse em cargo público
permanente, a pensão é devida e deve ser mantida, em respeito aos princípios da
legalidade, da segurança jurídica e do tempus regit actum. 4. Agravo regimental a que
se nega provimento.

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