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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

FACULDADE DE DIREITO DE ALAGOAS

YASMIN ALMEIDA CONDE VIDAL

X Encontro Alagoano de Direito de Família


VI Encontro Alagoano de Filiação
Violência contra a mulher e de gênero

Resumo apresentado à disciplina de Direito de


Família ministrada pelo professor MSc. Wlademir
Paes de Lira como requisito para a obtenção de
pontuação extra.

Maceió
2018
Dignidade, direitos e garantias das pessoas LGBT
Rita Mendonça

Para qualquer estudo na área das Ciências Sociais, se faz necessário perceber a
identidade do ser humano numa perspectiva transversal, abrangendo cor, orientação
sexual, identidade de gênero, classe, enfim, todos os aspectos que influenciam na sua
vivência.

Ademais, também foi abordada pela palestrante a patente necessidade de se inserir a


pauta LGBT nas entidades de classe, tal qual a Ordem dos Advogados do Brasil,
destacando, ainda, a importância do diálogo das entidades classistas com os
movimentos sociais, uma vez que estes últimos lhes fornecem apoio e orientação. Foi
ressaltado ainda que falta representatividade em Alagoas, haja vista que a Comissão de
Diversidade Sexual e Gênero não conta com nenhum integrante de orientação não-
heterossexual ou de identidade não-cisgênera.

Foi apontado que todo o amparo às pessoas LGBT não está concentrado em um único
diploma normativo, mas que está disperso em diversas leis, a exemplo do Estatuto da
Pessoa com Deficiência que em seu art. 18, § 4º, inciso VI assegura o respeito à
especificidade, à identidade de gênero e à orientação sexual da pessoa com deficiência.

Tal fator, somado à realidade fática deste grupo, faz com que seja necessário um
aprimoramento da operacionalização da legislação de amparo às mulheres, à população
LGBT e às demais minorias sociais.

A mulher e sua participação na família


Luciana Brasileiro

O primeiro dado apontado foi a disparidade percebida nas famílias brasileiras: as


mulheres são a maioria das chefes de família, contudo, recebendo os menores salários,
em termos percentuais.

Em seguida, a palestrante fez um apanhado sobre a igualdade de gênero na legislação


brasileira, destacando que mesmo após a “igualdade de gênero” ter sido inserida no
texto constitucional, outras legislações ainda reforçavam a desigualdade, a exemplo do
Código Civil de 1916, que ao tratar do concubinato sempre falava da concubina, mas
nunca do concubino. Antes do escorço, foi feita uma diferenciação entre a igualdade em
seu aspecto material e em seu aspecto formal.

Autores como Engels e Malinowski abordam a derrota da mulher na história, que se


deu a partir do momento em que foi atribuída à mulher a responsabilidade de
perpetuação da espécie e nada mais. Com isso, a família patriarcal, substituindo o
modelo matriarcal, é fundada no pátrio poder: o poder do homem enquanto
administrador da família e dos seus bens - patrimônio, mulher, filhos e escravos.

Traçada essa perspectiva histórica, tem-se que é necessária a igualdade de direitos e


deveres entre homens e mulheres, tanto no plano material quanto no formal, para que as
mulheres, pagando as mesmas contas, possam ocupar os mesmos espaços.

Violência patrimonial na relação conjugal


Maria Rita de Holanda Silva Oliveira
Em se tratando de violência contra a mulher, se faz necessário sempre observar o lado
existencial do dano. Nesse diapasão, a Lei Maria da Penha também aborda a violência
patrimonial entre as formas de violência.

Ao abordar a violência patrimonial, a maior dificuldade é saber como diferenciá-la da


violência psicológica. Também é importante destacar que essa modalidade de dano
também pode desencadear consequências na seara penal.

No entanto, sempre há formas de se mascarar o dano patrimonial causado ao cônjuge,


como as holdings familiares, que surgem como forma de sonegar o fisco e os direitos
do cônjuge lesado.

Mudança de nome e gênero no registro civil


Wlademir Paes de Lira

Antes de se abordar as perspectivas da mudança de nome e gênero no registro civil, é


importante delimitar e definir as terminologias adequadas, diferenciando sexo, gênero,
orientação sexual e identidade de gênero.

Existe uma falsa ideia em torno da identidade de gênero, que estaria forçando ou
incentivando as crianças à “homossexualidade” ou à “transexualidade”. No entanto, é
importante incentivar a autopercepção da criança.

Nesta senda, o desconstrutivismo traz a necessidade de desvincular a identidade de


gênero do sexo biológico, considerando a perspectiva existencial do ser humano que
busca sua identidade em si mesmo.

Inicialmente, a mudança de nome só era possível fundada na possibilidade de alteração


já prevista quando o prenome causa vexame. Nos outros casos, a orientação
jurisprudencial caminhava no sentido da necessidade de judicializar o requerimento.

Atualmente, o Supremo entende que o procedimento pode ser feito diretamente nos
cartórios, bastando, apenas, a idade mínima de 18 anos e a convicção, durante pelo
menos 3 anos, daquela identidade de gênero e/ou daquele nome.

Foi destacado pelo palestrante que não há a necessidade de serem editados provimentos
pelo CNJ, uma vez que a decisão do Supremo é judicial e, dessa forma, deve ser
seguida por todos, independentemente de provimentos e portarias nesse sentido.
Ademais, o CNJ iria ferir sua função precípua ao regulamentar a matéria, mesmo que
ratificando a decisão, pois estaria legislando.

A mudança deverá incorporar a qualificação da pessoa para todos os efeitos, ou seja,


nas demais certidões que dela decorram (como certidões de nascimento de filhos e
netos, certidões de casamento dos filhos). Os números dos documentos, no entanto,
permanecem os mesmos.

A identidade de gênero deve ser reconhecida e estimulada enquanto direito existencial


de todo ser humano.

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