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Escola Municipal Dr.

Ulisses Guimarães
Gurupi, 06 de Maio de 2019.
Professora: Natália
Disciplina: Artes

Manifestações Culturais Tocantinenses

Apesar de ser o Estado mais jovem do Brasil, fundado em 1988, o Tocantins possui uma cultura
secular que reflete o seu longo processo de formação. Nas danças, cânticos e nas manifestações populares
do Estado, pode-se ver, nitidamente, traços da identidade dos negros que aportaram em seu território para
trabalhar na exploração do ouro, ainda sob o regime da escravidão. Nos eventos religiosos tradicionais do
Estado, que juntam milhares de fiéis, pode-se sentir que o Tocantins carrega a essência da própria formação
mística brasileira. Conheça um pouco desta cultura.

Folia de Reis

A Folia de Reis comemora o nascimento de Jesus Cristo encenando a visita dos três Reis Magos à
gruta de Belém para adorar o Menino-Deus. Dados a respeito desta festa afirmam que a sua origem é
portuguesa e tinha um caráter de diversão, era a comemoração do nascimento de Cristo.

No Brasil, a Folia de Reis chega no século XVIII, com caráter mais religioso do que de diversão. No
Tocantins, os foliões têm o alferes como responsável pela condução da bandeira, que sai pelo sertão
"tirando a folia", ou seja, cantando e colhendo donativos para a reza de Santos Reis, realizada sempre no dia
6 de janeiro. A Folia de Reis, diferentemente do giro do Divino Espírito Santo, acontece em função de
pagamento de promessa pelos devotos e somente à noite. O compromisso pode ser para realizar a folia
apenas uma vez ou todos os anos. A folia visita as famílias de amigos e parentes. Os foliões chegam à
localidade e se apresentam tocando, cantando e dançando. A família recebe a bandeira, o anfitrião percorre
com ela toda a casa, guardando-a em seguida, enquanto aos foliões são servidos bolos, biscoitos e bebidas
que os mantêm nas suas andanças pela noite.

Caretas de Lizarda

Com a intenção de provocar medo nas pessoas e proteger um espaço onde guardam cana-de-
açúcar, um grupo de homens cobre o rosto com máscaras. Com isso, se caracterizam como os Caretas de
Lizarda. Quem se atrever tentar roubar seus mantimentos leva chicotada dos Caretas, numa manifestação
da cultura popular que se assemelha a um espetáculo teatral.

Esta manifestação acontece no município de Lizarda, na região do Jalapão, durante a Semana Santa, na
Sexta-Feira da Paixão, seguindo até a madrugada de Sábado da Aleluia. As máscaras dos caretas são
confeccionadas em couro, papel ou cabaça. Já seus cipós (chicotes) são feitos de sola ou trançados de palha
de buriti. A proteção à cana-de-açúcar pode ter relação com a crença da população de que, no calvário,
Jesus Cristo foi açoitado com pedaços de cana. Na encenação, os caretas tentariam impedir esse
sofrimento.
Catira

A Catira é dançada em círculo. Aos pares, homens e mulheres bailam ao som do barulho produzido por suas
mãos e pés, num sapateado compassado. É comum a sússia ser dançada entre os grupos que fazem parte
de manifestações religiosas do Estado, como os giros das folias de reis e do Divino Espírito Santo. Os
catireiros são músicos repentistas, que cantam seus poemas ao som do pandeiro, da caixa e da viola.

Cavalhadas

Os combates entre mouros e cristãos pelo domínio da Europa, na Idade Média, inspiraram uma das
manifestações folclóricas mais belas do Tocantins: as Cavalhadas, que acontecem no município de
Taguatinga, no Sul do Estado, desde 1937. Em Taguatinga as Cavalhadas foram incorporadas aos festejos da
padroeira da cidade, Nossa Senhora da Abadia, e são realizadas nos dias 12 e 13 de agosto. Nessa data, 24
cavaleiros se dividem entre dois grupos, para reproduzir o antigo combate. Os homens de vermelho
representam os mouros. Os de azul, os cristãos. Entre os combatentes, existem as figuras do rei, do
embaixador e dos guerreiros.

Congo ou Congadas

De origem africana mas com influência ibérica, o congo já era conhecido em Lisboa entre 1840 e 1850. É
popular no Nordeste e Norte do Brasil, durante o Natal e nas festividades de Nossa Senhora do Rosário e
São Benedito. A congada é a representação da coroação do rei e da rainha eleitos pelos escravos e da
chegada da embaixada, que motiva a luta entre o partido do rei e do embaixador. Vence o rei, perdoa-se o
embaixador. Termina com o batizado dos infiéis.

Os motivos dramáticos da dança do congo baseiam-se na história da rainha Ginga Bandi, que governou
Angola no século XVII. Ela decidiu, certa vez, enviar uma representação atrevida ao rei D. Henrique, de
Portugal. Seu filho, o heróico príncipe Suena, é morto durante essa investida. O quimboto (feiticeiro) o
ressuscita. Na dança do congo só os homens participam, cantando músicas que lembram fatos da história
de seu país. A congada é composta por doze dançarinos. O vestuário usado pelos componentes do grupo é
bem colorido e cada cor tem o seu significado. Azul e branco são as cores de Nossa Senhora do Rosário. O
vermelho representa a força divina. Os adornos na cabeça representam a coroa. O xale sobre os ombros
representa o manto real.

Em Monte do Carmo, o congo é acompanhado por mulheres, chamadas de taieiras. Essas dançarinas usam
trajes semelhantes aos usados pelas escravas que trabalhavam na corte. Trajam blusas quadriculadas em
tom de azul e saias brancas rodadas, colares de várias cores e na cabeça turbante branco com uma rosa
pendurada. Os dois grupos se apresentam juntos, nas ruas, durante o cortejo do rei e da rainha, na festa de
Nossa Senhora do Rosário.

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