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eu e as ciências sociais

Blog criado para ser mais um mecanisno de debates a cerca dos temas tratados pelas ciências
sociais tanto na área de política, antropologia e sociologia. Como também colocar incertezas e
tantas outras coisas que constituem o universo social e reflexões do meu dia .

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Resenha Critica sobre a Obra: "Padrões de Cultura", de Ruth


Benedict.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE- UFS


NUCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA- NPPA
MESTRADO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
DISCIPLINA: TEORIA ANTROPOLOGICA
SEMESTRE: 2012/1     Nº DE CRÉDITOS: 04
PROFESSOR: HIPPOLYTE BRICE SOGBOSSI
ACADEMICO: IGOR LUIZ RODRIGUES DA SILVA

Resenha Critica sobre a obra: “Padrões de Cultura”, de Ruth Benedict, nos


capítulos (I, II, III, VII)

.     Dados Bibliográficos:


BENEDICT, Ruth. Padrões de Cultura. Tradução: Alberto Candeias. Lisboa:
livros do Brasil, 2000.

2. Apresentando o autor da Obra:


Ruth Benedict, nasceu na cidade de Nova York, no dia 06 de junho de 1887.  Teve
seus primeiros estudos no Vassar College, chegando a concluir em 1909. Ingressou na
Universidade de Columbia em 1919, tendo como uma de suas colegas a também
antropóloga Margaret Mead. Em 1923 torna-se membro da mesma Universidade.  Foi aluna
e orientanda do pai da Antropologia americana Franz Boas, chegando a o nível de PhD.
Faleceu em 17 de novembro de 1948 em Nova York.

3. Perspectiva Teórica:
Ruth Benedict está associada a escola americana de antropologia ,seguindo uma
linha de pesquisa baseada na escola “cultura e personalidade” e no relativismo cultural.
Assim o que a autora procura analisar em sua obra “Padrões de Cultura”, é como as
distintas culturas foram determinantes para o regulamento da personalidade dos
indivíduos que estão inseridos nela.
O que deve essencialmente ser entendido, é o papel que o costume desempenha
sobre a vida dos indivíduos que estão inseridos e compõe uma determinada cultura. Neste
sentido cabe verdadeiramente conhecer como este “problema social” [1], definido por
Benedict como tal, sobre costume, desempenha na conduta e formação do individuo, e se
torna um problema sem validade se não puder ser compreendido em sua totalidade.
Para tanto o método proposto pela autora, é o de agrupar o material que se torna
significativo para o estudo, e registrar todos os possíveis caminhos que eles podem
percorrer e suas variantes, tendo como objeto analítico as sociedades primitivas, que como
afirma Ruth Benedict, são importantes, porque ajudam e fornecem respostas especificas de
tipos culturais locais em oposição as mais gerais da humanidade, e também avaliar o papel
do comportamento cultural. Tomando o todo como necessário para se compreender as
diversidades culturais.

     Sintese da Obra:

I Capitulo: A Ciência do Costume.

No primeiro capitulo Ruth Benedict, esta tratando sobre o papel e atuação da


ciência, em especial da antropologia, quando se trata de estudar os fenômenos sociais e
culturais da sociedade, fixando é claro a atenção para, como ela própria argumenta, de
estudar sociedades, cuidadosamente, que não fazem parte do contexto da sua própria
sociedade. Segundo a autora, cabe ao antropólogo enquanto tal, evitar qualquer
favorecimento de uma parte, de um fato em oposição a outro, ou seja, o pesquisador deve
primordialmente não fazer e não dá tratamento preferencial a um fato a ser estudado.
Como o próprio enunciado destaca, o costume dos antropólogos foi sempre
considerar os estudos sobre comunidades primitivas e tantos outros estudos, como um fato
propriamente inferior, partindo também, é claro, de uma ideia de excepcionalidade do
homem ocidental sobre os outros indivíduos que ocupam seu lugar no mundo, como se as
civilizações ocidentais fossem, e assumiram esse ponto de vista por um longo período, de
modelos padrões de desenvolvimento cultural, tornando assim as outras culturas como
inferiores e sem importância fundamental para a cultura do “homem branco”[2].
Outro ponto em destaque no primeiro capitulo é a argumentação para  tentar
desconstruir a confusão que sempre se acostumou a fazer sobre distinção entre a
perpetuação biológica e os processos moldados pelo costume. Para Ruth Benedict,
historicamente sempre se optou por diferenciar os padrões culturais através das
transmissões biológicas perpetuadas nas mais variadas culturas, assim ela justifica que o
homem é obrigado a obedecer a qualquer estrutura biológica para regrar seu
comportamento, então a cultura não é uma estrutura social transmitida biologicamente. “O
colario que daqui deriva em política moderna é que não há qualquer fundamento no
argumento de que podemos confiar as nossas conquistas espirituais e culturais a quaisquer
plasmas germinais especiais hereditários”. (BENEDICT,  2000 p.27)
No final do primeiro capitulo a autora pontua abertamente uma critica aos
antropólogos anteriores a sua geração, por eles partirem de uma analise pautada na
evolução das culturas diferentes, desde as primeiras formas até o seu ultimo grau de
desenvolvimento.

II Capitulo: A Diversidade de Culturas.

O argumento principal deste capitulo, é mostrar e tratar as culturas pondo em


ênfase o seu caráter distintivo, de seus padrões perceptíveis nas mais distintas sociedades,
onde Ruth Benedict, pontua que esse caráter diverso é marcado pela escolha de certos
elementos, segmentos que são considerados fundamentais para  a delimitação da
sociedade.
Para marcar esta argumentação, a autora propõe seis pontos de analise que
fornecem exemplos claros de sociedades primitivas que se utilizam de alguns fatores para
se diferenciar das outras: adolescência e puberdade; o fator da guerra; costumes
relacionados ao casamento; as feições culturais; os espíritos guardiões e visões; o
casamento e a igreja. Cada ponto é abordado levando em conta os processos fixados como
essenciais na interação do grupo.
No fato dos rituais de puberdade é preciso entender tal processo, como um fato
social em que certos, os rituais de puberdade nos homens em culturas, como na Austrália é
dado mais atenção do que do rito de passagem nas mulheres. Já na África Central, este
ritual de passagem é mais acentuado do que o dos homens. Sobre a guerra, a autora faz
distinção entre culturas que se utilizam da guerra e outras que se quer nunca ouviram
falar dela. A guerra também é outro fato social. A guerra é guerra não porque ela produz
um estado de tensão entre culturas, ou entre tribos, mas pelo seu caráter e sua importância
dada a ela. Os outros pontos como o casamento, as feições culturais, os espíritos guardiões e
visões, casamento e igreja, seguem padrões que são exclusivamente tratados como
particulares de cada cultura, não importando, no entanto o grau de diferenciação de uma
para outra.

III Capitulo:  Integração de Culturas.

No terceiro capitulo, o ponto central de analise, é pautado na discussão sobre os


padrões que normatizam e mantem as culturas diversas através dos padrões de
comportamento, produzidos e reproduzidos pelos indivíduos. A diversidade do costume
para Ruth Benedict, não pode ser algo que se deva limitar sua compreensão, posto que tais
sistemas não se esgotem com as analises já produzidas.
O que interessa verdadeiramente é uma investigação que priorize o conjunto da
cultura em sua totalidade e amplitude e não os componentes particulares que os torna
única, assim, se passar a compreender desse ponto de vista, sob o prisma da integração
desses elementos, o estudo terá atingido seu fim único. Então o trabalho do antropólogo
não pode ser apenas o de entender os processos separadamente um dos outros, mais sim eu
seu processo articulado, indo no sentindo oposto do que faziam os antropólogos de
gabinete, que não se preocuparam em entender: “Segundo o que hoje se pensa, o que é
primordial é estudar a cultura viva, conhecer os seus hábitos de pensamento e as funções
das suas instituições, e tal conhecimento não pode resultar de dissecções post-mortem e de
posteriores reconstituições”. ( BENEDICT, 2000, p. 63)
A autora mais uma vez sustenta que tal analise somente pode ser feita, se forem
dirigidas tais pesquisas, com os povos e culturas primitivas, pois tais culturas produzem
fatos culturais mais simples de serem esclarecidos, em oposição aos fatos culturais da
cultura Europeia Ocidental. Assim ela justifica:
As configurações culturais são tão coercivas e tão
significantes nestas como nas mais elevadas e mais complexas
sociedades que temos conhecimento. Mas o material é nestas
demasiadamente inextricável e esta demasiadamente próximo
da nossa vista para podermos trabalhar com êxito.  ( BENEDICT,
2000, p. 69)

VII Capitulo: A Natureza da Sociedade.

O terceiro capitulo, pontua as diversidades das diferenças entre


culturas, onde a principal argumentação é que, são diferentes porque se
orientam em direções opostas, possuem objetivos diferentes, normas e
condutas que são seguidas de acordo com o que se considera importante. “O
trabalhador de campo deve ser estritamente objetivo. Tem de relatar todo o
comportamento de natureza relevante, tendo o cuidado de não selecionar, de
acordo com qualquer hipótese aliciante, os fatos que se ajustem a uma tese”.
(BENEDICT, 2000, p.253) Ou seja cabendo ao pesquisador tentar entender
positivamente os fatos observados e assim como os vê, traduzi-los para o seu
estudo de maneira que não haja uma transformação do que se viu, levando
em consideração é claro o conjunto em sua totalidade, o que tornará o
trabalho muito mais fácil de ser aceito.

5. Avaliação Critica da Obra:

Padrões de Cultura de Ruth Benedict é uma obra que mantem seu lugar
de destaque dentro da antropologia social, por ter sido um estudo que
inaugurou, de certa forma, um novo método de analise sobre cultura,
influenciada pelo seu professor e orientador Franz Boas. Ao pontuar que se
deveria deixar de lado todo o processo de construção de analise através do
método comparativo e evolucionista, de entender as sociedades primitivas,
Ruth Benedict enfatiza que estes antropólogos tornavam sempre a entender os
aspectos da cultura através de uma sequencia evolutiva para explicar as mais
variadas diferenciações, quando na verdade, segundo ela, o que torna as
culturas particulares, e diferentes uma das outras, é o como são feitas as
escolhas de certos segmentos nas instituições culturais pelo grupo.
O que Ruth Benedict tenta argumentar é que os indivíduos são
regrados, dentro de uma determinada cultura, pelas normas e costumes, sem
as quais não teria sentido viver, o homem não poderia funcionar sem que
estivesse sendo conduzido pelas formas tradicionais que se fazem presentes
em sua sociedade. Neste ponto cabe uma intervenção, pelo que se entende o
que a autora tá propondo e verificando, é que a personalidade do individuo
ela é formada pelas normas e valores que são transmitidos pelos padrões
culturais, cujo individuo não tem outro caminho a seguir, há não ser este que
já se faz presente antes mesmo do seu nascimento, o individuo não é dotado
de vontades próprias, como ela coloca nessa passagem: “Ninguém pode
participar completamente em qualquer cultura se não tiver sido criado dentro
de suas formas e vivido de acordo com elas; mas todos podem conceder que
outras culturas têm, para os seus participantes, o mesmo significado que se
reconhece na sua própria. (BENEDICT, 2000, p.49).
Outro ponto que merece ser analisado é o fato, de tratar a cultura e suas
implicações como um fato social total, em várias passagens do livro, a autora,
coloca que é mais interessante para a pesquisa antropológica, e muito mais
eficaz, analisar a cultura através do seu conjunto, de sua totalidade, se torna
muito mais convincente.  “O todo determina as suas partes, e não só a sua
relação, mas também a sua verdadeira natureza”. (BENEDICT, 2000, p.65),
como também demonstra em outra passagem, essa defesa insistente em uma
analise mais total dos fatos. “As representações do todo são, assim, para o
estudioso muito mais convincentes”. (BENEDICT, 2000,  p. 253)
O que é passivo de critica esta justamente, na implicação de na
antropologia querer estudar e analisar todo e qualquer fato social em sua
totalidade, o que não se tem na atualidade não mais tentado fazer, o que é
interessante para os antropólogos e de certa forma também, para os cientistas
sociais, é tentar entender e explicar  o nosso objeto de analise através de uma
visão micro e que possa dar conta de fazer entender e chegar o mais próximo
possível da realidade  investigada.  Desse ponto de vista, ao contrario do que
se propõe Ruth Benedict, o pesquisador esta correndo mais risco de cair em
contradição, do que estudando as partes que compõe o todo, é claro sempre
pautado e respaldado pelo contexto em que o objeto esta inserido.
No mais a obra fornece uma um argumento teórico que deve ser dado
seu devido valor, pois permitiu romper com a forma evolucionista de
compreender as culturas.  É uma obra que deve ser lida, entendida e
amplamente discutida sim no curso obrigatório de antropologia, pelo seu
caráter inovador e provocante de perceber  e ver o campo da cultura.

[1] Grifo Nosso.


[2] Grifo nosso.

Igor Luiz às 18:23

Um comentário:

Leticia M 28 de novembro de 2017 04:26


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Igor Luiz
Aracaju/Maceió/ PÃO DE AÇÚCAR!!!!!!!!!, Alagoas/ Sergipe, Brazil
Nascido na cidade de Pão de Açúcar no dia 26 de fevereiro de 1985, filho de uma professora e de
um barqueiro. Hoje sou Graduado em Ciências Sociais Bacharelado pela Universidade Federal de
Alagoas,com formação especifica em Ciência Política e Antropologia, campos de atuação que
amo. Mestrando em Antropologia Social pela Universidade Federal de Sergipe. Sou profundamento
apaixonado pela minha terra natal e sempre que tenho a oportunidade de divulga-la faço com o maior prazer,
pois acredito que essa terra tem o poder de seduzir e deixar qualquer um encantado tanto por sua exuberante
beleza, como pela encantadoras pessoas que lá vivem... Sou amante, sou poeta preocupado com a liberdade e
com a vida do planta...
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