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Abstract: this work focus on the formation of the territory goiano in 1700’s from two points:
the ways of Indian capture which were responsible for the initial occupation of the territory
and the Indian politics implanted on this region, marking the conflict between peasants
and natives about the occupation of the territory. The possession of gold, and land, made
the Portuguese crown, on the beginning of 1800’s, to support the creation of the mission of
São Francisco de Xavier and the first Indian settlements, some to the north and others to
the south on the way to minas. The most important Indian settlements were established
on the govern of D. Joseph and D. Maria I, pushed by a number of interventions by the
M. de Pombal regarding the populating of unoccupied land, the commercial development
of Brazil, the expelling of the Jesuits and the implanting of directors and religious figures
controlled by the estate.
[...] onde liberalmente se podem estender os olhos por dilatados campos com bons pastos, e ser-
canias ao longe que formão alegres perspectivas: muitos mattos com boas terras para lavrar. Só
a dispozição da caza da vivenda dos Missionários, a Capella, e moradia dos Índios não estão em
boa dispozição, ficando huas e outras em bastante distancia, e de algua sorte impossibilitados os
Missionários a dizer Missa nos dias de chuva. Estranhando nos os cômodos da caza, respondeu o
Thenente Coronel que as tinha feito para si, e hum Capellão, ao mesmo tempo que o Illustrissimo
e Excellentissimo Senhor Conde affirmava que as tinha mandado fazer para os Missionários. Não
achamos nelas bancos [sic], nem mezas para a nossa serventia: e fazendo-se algum requerimento
sobre esta matéria, respondeu que não havia obrigação de semelhante preparo. Os quartos dos
soltados estavão ainda cubertos de palha, e se cubrirão de telhas depois que lá chegamos. Os Índios,
assistião nas suas Arapucas, porquanto as suas cazas estavão somente principiadas; e só hum
Como se vê, entre 1755 e 1757 a precariedade física desses aldeamentos, as evidentes dificuldades
cotidianas e os poucos recursos de que dispunham os missionários contribuíram para o fracasso da
missão. Não alcançaram, portanto, os objetivos previstos nas instruções de São Miguel (1755-1759),
o sucessor de D. Marcos de Noronha, tais como: a conversão dos índios à vida civil, o aumento das
missões e o estabelecimento de aldeias.
Os conflitos entre índios e colonizadores também ajudaram a dar cabo às missões em Goiás.
A natureza belicosa e valente dos Akroá e sua aproximação e convívio com os Xacriabá os fortalece-
ram e possibilitaram a formação de um primeiro e violento levante na redução, seguido por rebeliões,
contra-ataques e “guerras” que levaram à dispersão e dizimação de muitos índios aldeados. O intento
das missões de Natividade não foi alcançado. Transformou-se num grande espaço de violência e
conflitos o que havia sido pensado para ser a fixação de uma população de naturais convertidos ao
cristianismo e um rigoroso e estratégico bloqueio de proteção contra o fácil acesso às terras ricas em
minerais. Imaginava-se que, desse modo, seria possível evitar o desvio do ouro sem a devida retirada
do imposto da Coroa nas casas de fundição da capitania de Goiás.
No lado sul, até meados do século XVIII, o quadro também não se mostrou diferente. O fato
de ter sido contida de forma efetiva a redução dos Caiapó pode ser considerado uma das importantes
consequências do insucesso e estagnação dos aldeamentos em Goiás, isso em razão das ambivalentes
posições de D. Marcos, que se mostrava ora contra, ora a favor das ações ofensivas. A instabilidade
do governador e a falta de firmes e rígidas orientações em relação às questões indígenas permitiram a
continuidade dos frequentes e hostis ataques dos gentios aos aldeamentos já formados, como aqueles
existentes nas margens dos rios Claro e Pilões, e às suas populações.
A incapacidade desses primeiros governadores de promover a “paz” e a prosperidade, os pro-
pósitos não alcançados pelo sertanista Antônio Pires de Campos e seu sucessor Manuel de Campos
Bicudo também revelam as frustrantes tentativas de otimização da política indigenista dessa época.
Tudo isso foi materializado na infeliz tentativa de reunir os Araxá com os Caiapó no aldeamento do
Rio das Velhas, que resultou na dizimação dos primeiros pelos segundos. Mesmo diante desse caótico
panorama, outras ações orientadas pela nova política de Pombal foram implementadas, sobretudo na
segunda metade do século XVIII, com a gestão de José de Almeida de Vasconcelos Soveral e Carvalho,
o quarto capitão-general de Goiás.
Referências
AHU. Goiás. Doc. 662, 1754. Instruções dadas a São Miguel. Projeto Resgate Barão do Rio Branco,
IPEHBC.
AHU. Goiás. Doc. 771, 1755. Goiânia: Projeto Resgate Barão do Rio Branco, IPEHBC.
AHU. Goiás. Doc. 916, 1758. Instruções dadas a João Manoel de Melo. Goiânia: Projeto Resgate Barão
do Rio Branco, IPEHBC.
AHU. Goiás, Doc. 1959, 1777. Goiânia: Projeto Resgate Barão do Rio Branco, IPEHBC.
AHU. Goiás, Doc. 2291, 1788. Goiânia: Projeto Resgate Barão do Rio Branco, IPEHBC.
ALENCASTRE, José Martins Pereira de. Anais da província de Goiás. Goiânia: Convênio Sudeco /
Governo de Goiás, 1970.
APOLINÁRIO, Juciene Ricarte. Os Akroá e outros povos indígenas nas fronteiras do sertão: políti-
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Goiânia: Kelps, 2006.
ARAÚJO, Renata Malcher de. As cidades da Amazônia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão.