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08/02/2019 Uma luz brilhou nas trevas - aurelius
O “Filho de Davi” nasce entre os pastores na cidade de Belém, a cidade de Davi. Este rei,
quando menino, era pastor. Foi consagrado para ser o pastor de Israel. Porém,
assediado pelo poder, assumiu uma postura de rei poderoso. E perpetrou muitos atos de
maldade e de infidelidade, muito embora tenha pedido perdão. Porém, aquele que devia
ser a salvação de Israel descenderia de Davi. Ao nascer, o faz em meio aos pastores para
lembrar que veio para ser pastor do rebanho, e não para se servir das ovelhas (cf. Ez 34).
– Quando olhamos para os dirigentes e legisladores de nosso País (e quase todos se
dizem cristãos!), que metem a mão no dinheiro público para fazerem lobby (influência)
junto ao grande capital e aos eleitores, somos acometidos por uma grande decepção e
indignação: as ovelhas estão sendo devoradas e/ou abandonadas pelos lobos travestidos
de pastores!
O sinal para identificar o menino é também interessante: “Um recém-nascido envolto
em faixas e deitado numa manjedoura”. É o sinal da mudança de valores: aqueles que
esperavam um Messias poderoso não poderão encontrá-lo. A salvação brota do meio
dos marginalizados, dos simples, dos pequeninos. Os sinais para encontrá-lo não são
luzes brilhantes, nem milagres estupendos, nem roupas de grife. Mas “um recém-
nascido envolto em faixas”. Ademais os primeiros a visitá-lo não são os dignitários da
cidade, mas os simples pastores. Sua presença como primeiras testemunhas do
nascimento do Salvador evidencia a gratuidade e simplicidade de Deus, que dispensa
aparatos oficiais.
Eis, pois, a grande Luz que nos enche de alegria. Experimentar e contemplar a salvação
de Deus, em Jesus, deve ser motivo de profunda alegria para todos nós: “Eis que eu vos
anuncio uma grande alegria”. Renunciando às trevas do egoísmo, colocamo-nos na
grande Luz de Deus. Nesse encontro amoroso e gratuito com o Senhor, somos
fortalecidos para continuar trabalhando em favor dos excluídos, dissipando as trevas
com a luz que recebemos de Deus na participação da vida divina que nos mereceu Jesus
pela sua morte e ressurreição. Então não precisamos temer as trevas, pois em Jesus
recebemos “graça sobre graça” (Jo 1,16).
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POR QUE 25 DE DEZEMBRO?
Muita gente pensa que o dia 25 de dezembro é a data do aniversário de Jesus. Porém é
preciso esclarecer que não se tem nenhum registro do dia nem do mês em que Jesus
nasceu. O que se sabe com bastante certeza é que terá nascido entre os anos 04 e 06
antes da Era Cristã.
E como se estabeleceu o dia 25 de dezembro para celebrar o Natal do Senhor? É que em
Roma, nesta data, se celebrava o “Nascimento do Sol invicto”. Ou seja, na noite mais
longa e no dia mais curto, devido à distância entre o sol e a linha do equador,
acreditava-se que o sol “renascia”. Era o solstício do inverno, ou seja, a volta do sol que
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marcava o fim do inverno e início do verão. Como o sol representava uma divindade
pagã, 25 de dezembro era dia de festa religiosa. Ora, a Igreja, com a sabedoria que lhe é
própria, valeu-se deste fato para introduzir os cristãos na celebração daquele que é o Sol
que não tem ocaso, a Luz definitiva da vida do fiel, o “Sol Invicto”. Assim, os pagãos que
se convertiam à fé eram introduzidos na celebração de Jesus Cristo, a “Sol nascente que
brilha nas trevas” (cf. Lc 1, 78-79). A festa pagã foi cristianizada.
Se na Igreja Romana se celebra o Natal no dia 25 de dezembro pelas razões aludidas, a
Igreja Oriental celebra esta mesma solenidade no dia 06 de janeiro, denominando-a
Epifania, manifestação do Senhor. Neste dia os cristãos de rito ortodoxo celebram numa
mesma liturgia o nascimento do Salvador e a visita dos Reis Magos (Dia de Reis).
O que tudo isso importa para nós? Que a liturgia da Igreja é sempre uma busca de
inculturar a fé na realidade que vivemos. Símbolos e celebrações pagãs foram
cristianizados e introduzidos na liturgia cristã para que o ensinamento e a vida de Jesus
encontrem ressonância dentro de nós e nos ajudem a transparecer na vida cotidiana as
realidades que celebramos na liturgia
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