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Transferéncia Simultanea de Calor e de Massa — Evaporagao e Cristalizagao Numa operacao de evaporagao concentra-se uma so- lugo pela vaporizacao do solvente na ebuligao. Usual- mente 0 produto desejado é a solugao concentrada, mas ocasionalmente o solvente evaporado € 0 produto primé- rio — por exemplo, na evaporacao da 4gua do mar parase ter Agua potavel. A concentragao pode prosseguir até que a solugao fique saturada e, ainda mais além, até que o soluto precipita sob a forma de um sélido cristalino, Neste caso, a operagao € denominada cristalizacao Em qualquer dos casos, ocorrem diversos processos cinéticos. Em primeiro lugar ha transferéncia de calor do meio calefator para a solugao. A transferéncia ocorre, usualmente, através de uma superficie sélida, mas pode ser uma transferéncia direta entre gases de combustaoea solugao evaporante. Em segundo lugar, hé uma transfe- réncia simultanea de calor e de massa do liquido para a fase vapor. Neste processo de transferéncia, aplicam-se todas as equagées de velocidade, de balancos e de equili- brio que discutimos a propésito da umidificacao ou da destilacao. Finalmente, na operagao de cristalizagao, ha também transferéncia simulténea de calor e de massa entre as solucées e as fases sélidas. Também neste caso as observaces todas que fizemos aplicam-se integral- mente. Esta seqiéncia de processos difere das operacdes que discutimos nos Caps. 17 e 18, principalmente em que la no 6 aproximadamente adiabatica processo de evaporacao é realmente 0 equivalente a uma operagao a um 86 estagio. Os componentes, po- rém, separam-se com tamanha nitidez que as composi- des de equilibrio sao frequentemente esquecidas. Nas aplicagoes em que a fase vapor 6 0 produto valioso, este equilibrio pode ser importante. Por exemplo, se 0 vapor for condensado e depois reciclado para uma caldeira, a fim de ser reevaporado, a corrente deve ser, nos casos comuns, convenientemente tratada para ajustar 0 pH remover tragos de impurezas. A Fig. 19.1 60 diagramade temperatura contra composigéo do sistema hidréxido de sédio @ Agua, sob pressao total de 1 atm. As concentra- des de equilibrio das fases vapor e liquide ocorrem na intersegao das curvas de Iiquido saturado e de vapor satu- rado com a curva de temperatura constante. Observe-se que nao ha concentracao significativa de hidroxido de ‘s6dio na fase vapor enquanto a fase liquida nao atinge os 95% de NaOH, com ponto de ebulicao a 700°F. Embora seja grande o nimero de processos cinéticos que ocorrem nestes casos, 0 engenheiro que analisa as operacées pode, em geral, considerartodo 0 processoem =]2s30°F Vapor satrado Tr | + mel 70+ |__| ¥ § co} J i E son 409 Lito a i a vase a 002 08 06 og 10 Fragio ponderal de NaOH Fig. 19.1 Equilibrio de fases no sistema H,O-NaOH, sob pres- 880 de 1 atm. termos da transferéncia de calor para a solucdo. Esta etapa controla a cinética global e é a mais facilmente analisada. As contribuigées dos outros processos de transferénoia tém pequeno efeito sobre aoperagao no seu Conjunto. Além do mais, é to pouco o que se sabe— fora dos circulos de algumas poucas companhias que cons- troem evaporadores — sobre a maior parte dos refina- mentos de projeto que nao hé razdo de se tratar aqui mais do que dos balangos de calor e de massae da formulacao simplificada da taxa de transferéncia de calor através da superficie de calefacao. © processo inicial de transferéncia de calor usual- mente requer a passagem de calor de um fluido caletator ara a solugao evaporante, através de uma parede divisé- Tia, Aplica-se entao o conceito de resisténcia em série que desenvolvemos no Cap. 14. A Eq. 14.31 pode escrever-se -—222 19) WT 1 . + + Ry $ Ay KAy hag onde A, ¢ a resisténcia dos depésitos incrustados na parede, 0 indice 1 refere-se ao fiuido caletator e 0 2 a solucdo evaporante. O fluido de aquecimento 6, frequen- temente, o vapor de agua condensante, de modo queh, 60 coeficiente do vapor condensante, embora uma pequena tragao do calor possa ser transferida para a solugao pelo vapor superaquecido, antes de este vapor atingira tempe- ratura de condensagao. Os depésitos nas paredes depen- dem da solugdo que esta sendo evaporada, do intervalo de tempo desde a ultima limpezae da diferenca de tempe~ ratura entre uma e outra face da superficie calefatora. Coeficiente h, & 0 da solugao fervente, embora parte do calor possa ser transferida para a solugao antes de ela atingir 0 ponto de ebuligao. Evidentemente todos os trés, termos podem ser estimados de forma grosseira a partir de equagdes tedricas ou de correlacdes empiricas. O coe- ficiente global que se obtém 6 muito inexato. Por isso, a taxa de transferéncia de calor é usualmente expressa pela equagao simples q = UgAg(—AT) (14.31) onde U, 0 coeficiente global de transmissdo de calor, baseado na area da superficie externa, 6 determinado experimentalmente em equipamento piloto ou a partir de experiéncias anteriores. A experiéncia mostra que U, de- pende das propriedades da solugao, do meio calefator e da geometria e tipo da superficie. As propriedades da solugdo estdo fixadas apenas pela especificagao dos res- Pectivos componentes e pelas concentracdes, pela pres- 880 local e pelos detalhes do movimento do fluido. As conseqiiéncias usuais da regra das fases permitem subs- tituir a pressao local, ou a concentracao de um dos com- ponentes, pela temperatura. Especificacao andloga é ne- cessdria para determinar as condigdes do meio calefator. As condigdes da superficie incluem a limpeza e a regula- ridade superficial, a composicao e a espessura do metal Existem alguns coeficientes globais determinados expe- rimentalmente, * mas é raro constituirem base adequada ara 0 projeto de um evaporador industrial EVAPORAGAO Conforme discutimos antes, a evaporagao 6 a opera- go em que se concentra uma solucao pela ebuligao do solvente. Nos casos normais, suspende-se 0 processo concentrante antes de o soluto principiar a precipitar-se da solucdo. Na sua forma basica, portanto, um evapora- dor é constituido por um trocador de calor, capaz de levar a solugdo a fervura, e de um dispositivo para separar a fase vapor do liquide em ebuligao. Na sua forma mais simples pode ser um tabuleiro contendo 0 liquide e colo- cado sobre uma chapa quente. A superficie da chapa quenteé um trocador de calor simplificado, ea separacao do vapor se consegue gracas a grande area disponivel Para 0 escoamento do vapor, com o que se tem uma Pequena velocidade de escoamento. Nas operagées in- dustriais, 0 equipamento é construldo para operar conti- nuamente, a superficie de troca térmica 6 grandemente aumentada, a ebuligao 6 muito mais violenta e a evolucao de vapor é rapida. Encontram-se entao problemas comoo espumejamento, a formagao de incrustagées, a sensibili- dade ao calor, a corrosdo eas limitagdes de espaco. Estes problemas concorreram para variagdes e aperfeigoa- mento no projeto do evaporador para ser possivel a ope- racdo de solucdes com diferentes propriedades em con- digdes econdmicas também diferentes. Construgao do evaporador A construgao do casco do evaporador fica englobada em algumas categorias gerais, que estao ilustradas nas Figs. 19.2 até 19.9. Oeevaporador de tubos horizontais da Fig. 19.2 6 um dos tipos de construgao cldssica e durante muitos anos foi amplamente utilizado. A solucdo a ser evaporada ferve no exterior dos tubos horizontais, dentro dos quais 0 vapor de agua condensa. Os tubos horizontais interferem na circulagao natural do liquido fervente e, assim, a agita- ¢40 do liquido é minimizada. Por isso, o coeticiente global de transmissao de calor ¢ mais baixo que nas outras formas de evaporadores, em especial quando as solugées Vapor produzido vp cae om as can ew pa cna sup {ee Fig. 19.2 Corte esquematico de um evaporador de tubos horl- zontais. sfo viscosas. Ndo ha qualquer dispositive para quebrar a espuma formada em virtude da agao da ebulicao. Os coe- ficientes globais que se observam, de 200 a 400 Btu/h ft? oF (1.100 @ 2.300 W/m? K) dependem da diferenca de temperatura, da temperatura de ebulicdo e das proprieda- des da solugdo. Além disso, a incrustacao provocada pela solugao evaporante acumula-se no exterior dos tubos, de onde nao pode ser removida com tanta facilidade quanto do interior dos tubos. Na construgao tradicional, 0s tubos horizontais sao acoplados as caixas de vapor por juntas com gaxetas e nao séo nem mandrilados nem soldados. Por isto, os tubos horizontais so usados, principalmente, em pequenasinstalagées, onde a solugaoatrataré diluida @ nao espumeja nem forma depésitos sdlidos sobre os tubos do evaporador; ou entdo so usados quando os materiais de construgao nao possibilitam a mandrilagem ou soldagem dos tubos. Os evaporadores de tubos verticais, cujas variedades evaporador do tipo cesta e evaporador de tubos curtos aparecem nas Figs. 19.3 e 19.4, respectivamente, consti- tuem um nitido avango sobre os evaporadores de tubos horizontais. Nos dois tipos, a solucdo ferve no interior dos tubos verticais e o fluido aquecedor, em geral o vapor de gua condensante, fica numa cémara de vapor através da qual passam os tubos. No evaporador do tipo cesta, a caixa de vapor forma uma cesta suspensa no centro de evaporador. A fervura ou 0 aquecimento no interior dos tubos provoca um escoamento ascendente dentro dos tubos, @ 0 liquido que nao foi evaporado escoa parabaixo, através do anel que circunda a cesta. Nos evaporadores verticais com tubos curtosa caixa de vapor tem a forma de um toro. O liquido escoa para cima através dos tubos e Vanor rodzso i Vigor de aia (condensin 9 j rar dos 909) 2 Aetna “2 descents sinus ham a [0 liquid do vapor Arno d aio cas page= at el susp sale finer tos'uone + Protuto Fig. 19.3 Corte esquematico de um evaporador tipo cesta. odio Escoamento tid AT Gheulante Seqio Lge arate de separacio — Vapae de aqua Vapor de qua (condensand>-se no eter 495 ts) {conta Fig. 19.4 Corte esquematico de um evaporador de tubos verti- cals curtos e circulagao natural para baixo através do anel central. Nas instalagées de grande porte, podem existir diversos canais de retorno, em lugar do canal simples central que aparece na figura Nos dois tipos de evaporadores, os tubos so fixos aos, espelhos por mandrilagem ou soldagem, o que reduz so- bremaneira o custo em comparacéo com as juntas enga- xetadas que S40 tradicionaimente adotadas nos evapora dores de tubos horizontais. Os evaporadores de tubos verticais superam a maior parte das desvantagens operacionais dos evaporadores, de tubos horizontais. A circulagao natural é estimulada, ¢ as medigées feitas mostram que é da ordem de 1 e3 ft/s nostubos. *Por isso, os coeficientes s40 um tanto maiores, que nos evaporadores de tubos horizontais e ficam entre 200 e 500 Btu/h ft? 9F (1.100 a 2.800 W/m: K), dependendo também das propriedades da solugao, da diferenca geral de temperatura AT e da temperatura de ebuligéo. Qual- quer depésito sdlido que se forme no interior dos tubos é facilmente removivel por limpeza mecénica. A destruigo de espuma nao é eficiente, embora a sua formagao seja reduzida pelos separadores e pelas chicanas anti- respingos que so usualmente fornecidas com o equipa- mento. E possivel operar com liquidos viscosos, mas a circulagdo é lenta e os coeficientes de transmissao s40 baixos. Assim, os evaporadores de tubos verticais s4o completamente satisfatérios para a maior parte das exi- géncias de evaporacao e s6 s4o impraticaveis nos casos em que 0 liquido a evaporar é muito viscoso, ou muito espumejante, ou s6 pode suportar as temperaturas do evaporador durante intervalos de tempo muito curtos. Nas Figs. 19.5 e 19.6 aparecem os evaporadores a circulagdo forgada. Nestes evaporadores, o liquido eva- porante 6 bombeado através de um trocador de calor ‘onde o meio calefator circunda os tubos portadores da solucdo. A perda de pressao @ a pressao hidrostatica combinadas, sao muitas vezes bastante grandes para im- Pedir a ebuligdo da solugao nos tubos trocadores, & por te arate separagio Chicana de impacto para seprar uit © vapoe Ebuicao so interior ta 4s tuo0s Vapor de dqua (condonsandose no exterior 898 tubo8) aida 2 a sigan 3 concaniasa z 3 Parga Fig. 19.5 Corte esquematico de um evaporador com tubos verti- cals longos e circulagdo forcada, isso 0 vapor gerado forma-se instantaneamente quando 0 liquido entra na cémara de vaporizacao. Uma vez que a velocidade da mistura evaporada ¢ alta, s4o importantes as chicanas anti-respingos para minimizar o arrasta- mento. Uma chicana apropriadamente projetada nao s6 promoverd a coalescéncia de pequeninas bolhas mas também servird de defletor da direcdo do escoamento. Nos evaporadores a circulagao forgada mais modernos usam-se calefatores externos, como o que aparece na Fig. 19.6, em lugar de se ter a superficie de troca térmica embutida no corpo do evaporador. Com isto fica muito mais simples a limpeza dos tubos @ a substituicéo de qualquer tubo corraido, ou erodido, do que com os ele- mentos calefatores internos. Esta disposicao também Possibilita a construgao de unidades mais compactas, que podem ser instaladas em espagos com pé direito relativamente baixo. Na evaporacao de certas solucdes & importante impedir a ebulicdo nos tubos para que se re- duza a deposi¢ao de sdlidos. Nos evaporadores com laquecimento externo, a ebuligao pode ser impedida com {acilidade, bastando aumentar a distdncia vertical entre o aquecedor e a camara de vaporizagao. Quando as super- Fig. 19.6 Vista esquemética de um evaporador com circulagto forgada e aquecedor horizontal externa, ficies de troca térmica sao internas ao evaporador, nao é to facil impedir a ebulicao. Nos evaporadores de circulacdo forcada, 0 coeti- ciente de transmissao de calor dependerd da velocidade de circulagao e também da AT global, da temperatura de ebuligdo e das propriedades do sistema. Nas velacidades de circulagao baixas, a ebuligdo ocorre em boa parte da extenséo dos tubos, A ebuligdo aumenta a turbuléncia pode fazer com que 0 coeficiente do lado da ebulicéo seja igual ao dobro do coeficiente sem ebuli¢do. A fracao da solugao vaporizada ao passar pelos tubos ¢ muito pe- quena; por isso, a circulagao total através dos tubos & muitas vezes maior que a taxa de alimentago. Em velaci- dades de circulacao da ordem de 4 ft/s, a ebulicgo nos tubos ¢ quase que completamente eliminada, @ 0 coefi- ciente do lado da solugao pode ser previsto, com razoabi lidade, pela Eq. 13.65 da conveccéo forcada no interior dos tubos. Mencionam-se coeficientes globais variando entre 200 1.200 Btu/h ft? 9F (1.100 a 7.000 W/m?K). Estes coeficientes mais elevados possibilitam a reducdo do porte da unidade necesséria para um certo servico, masa economia feita na inversao inicial é equilibrada pelo custo da poténcia necessdria ao bombeamento da solugao no circuito de reciclagem. Por isso, a decisdo de se adotar um evaporador a circulacdo forgada depende de um ba- lango econdmico que inclui a inversdo necesséria & aqui- sigéo do evaporador, 08 custos operacionais da bomba de reciclagem, 0 custo de manutencao da bomba e 0 custo comparativo da limpeza dos tubos do evaporador. As ve- locidades de circulacao elevadas podem ser atrativas quando se usa vapor de Agua a pressao moderada ou alta, empregando-se inicialmente 0 vapor para impelir uma turbina motriz das bombas e depois o vapor de descarga como fluido calefator. No caso de fluidos viscosos, ou de solugdes que devem ser impedidas de ebulir nos tubos para minimizarem-se os depésitos s6lidos, a escolha de um evaporador de circulagao forcada pode ser quase apoditica O evaporador vertical de tubos longos, que aparece na Fig. 19.7, consegue ter uma vazao razoavelmente ele- vada da solucao gragas 4 convecco natural. Os tubos tém, em geral, de 12 a 20 ft de comprimento. A mistura de liquido e vapor sai pelo topo dos tubose projeta-se contra uma chicana. A velocidade do licor evaporado é suficien- temente elevada para que a chicana atue como um efi- ciente eliminador de espuma. E escassa a informacao Publicadaa respeito dos coeficientes que se obtém nestes evaporadores, mas podem ser esperados coeficientes entre 200 e 800 Btu/h ft? °F (1.100 a 4.500 W/m? K). Assim, entre os evaporadores com circulagao natural, os evapo- radores verticais de tubos longos competem muito favo- rayelmente com os evaporadores a circulacéo forcada nas instalagoes industriais modernas de grande porte. Os coeficientes so mais baixos do que os dos evaporadores a circulacao forcada, mas nao se usa bomba de circula- Gio. A fragdo do liquide evaporada por passe nos tubosé, Usualmente, maior que na operacao com circulacao for- gada, Havendo interesse, a superficie de troca térmica ode ser localizada em posigo externa ao corpo do eva- Vagar h radio Espayo ce arse sepa ee I de impacto Vapor de agua (eondensando-se | i a0 eneior dos tubs) Tubes uo ndovaporieado a 4 2 : Condensado ou pura os concen capa Fig. 19.7 Corte esquemético de um evaporador de tubos verti- cals longos, porador, para possibilitar uma limpeza facil. Embora os liquidos viscosos nao possam ser processados, 0s mate- riais espumejantes podem ser evaporados e, no caso de alguns materiais termicamente sensiveis, este evaporador tem a vantagem de ser facilmente operado sem recicla- gem (isto &, na forma de uma unidade de um s6 passe). A evaporacéo por passe nos tubos é, nos casos normais, ‘muito maior que nos outros tipos de evaporadores acircu- lagéo natural e pode ainda ser aumentada encom- pridando-se os tubos, ou espiralando-os em serpentinas. Os materiais sensiveis ao calor séo evaporados, com freqiéncia, numa s6 passagem através de um evaporador com filme liquido descendente. *' Neste tipo de equipa- mento, 0 fluido é injetado no topo de tubos longos, verti- cais, de didmetro grande (2 a 4 in), de modo a escorrer elas paredes dos tubos abaixo, em paralelo como gasde evaporacéo. A conseqiéncia deste dispositive é um tempo de contato curto com a possibilidade de uma grande fragéo de evaporacao. O maior problema com este tipo de evaporador reside na distribuigao uniforme do fluido sobre as paredes dos tubos. Esta distribuicéo pode ser feita por meio de vertedores cuidadosamente nivela- dos, ou pela pulverizacao direta do liquido sobre as pare- des dos tubos. Nestes evaporadores, os coeficientes de transmissao de calor podem ser calculados teoricamente mediante equagdes do tipo das de Nusselt, para exprimir 98 coeficientes de pelicula do filme liquido evaporante e do filme condensado, no lado do vapor da parede do tu- bo.'S Os coeficientes do filme evaporante vao de800 a 1.500 Btu/h ft? °F (4.500 a 8.500 W/m? k) conforme medigées realizadas com peliculas de agua.’ Os desenvolvimentos dos evaporadores modernos centralizam-se na resolugao do problema de operar con- venientemente materiais viscosos e corrosivos. 0 evapo- rador a pelicula turbulenta que aparece na Fig. 19.8 pode operar com liquidos viscosos e ser adaptado & evapora- 0 de uma solugao ou de uma lama até a secura. A unidade consiste num tubo vertical que tem uma camisa de aquecimento a vapor que vai da sua base até dois tergos da altura e que 6 provide de um rotor central Montadas sobre 0 rotor estdo laminas que se estendem quase até as paredes aquecidas. O terco superior do asco cilindrico tem um diametro maior e nao é aquecido. Nesta regiao, as laminas verticais do rotor tém abas hori- zontais que coletam as goticulas arrastadas e as impelem para a parede do evaporador. A carga é injetada no topo da segao aquecida. No evaporador, a aco das laminas girantes projeta a carga sobre as paredes aquecidas. As laminas também mantém a superficie de aquecimento livre de depésitos solidos. A solugao concentrada vai gra- dualmente descendo para a base do evaporador, sendo continuamente lancada contra as paredes aquecidas e jorosamente agitada pelo rotor. Estas unidades sio construidas em dimens6es que vao até 42 in de didmetro por 33 ft de comprimento, com areas de transferéncia de calor até 198 ft?. Os coeficientes globais de transferéncia ao de 40 a 400 Btu/h ft® °F (350. a 3.500 W/m? K) conforme se anuncia na evaporagéo de materiais com viscosidades até 20.000 cP. Uma vantagem adicional da unidade esta na Pequena retencdo, com o tempo de residéncia curto do fluido no evaporador. Outra unidade usada com éxito no processamento de materiais viscosos e de fluidos corrosivos 0 queimador de combustéo submersa que esta ilustrado na Fig. 19.9. Cotta a gates ce saben ta com 9 “ja one on Saami 9 eta sastanent Lanioas fs Sepio de separagio tna —-5 provaca as geo “one “ied ren ta See eg isa contenila J ‘Sedo de evapoagio Suda pai Fig. 19.8 Corte esquematico de um evaporador a pelicula turbu- Tenta, Com este queimador, nao se tem qualquer superticie me- talica para a transferéncia de calor, pois os produtos da ‘combustao borbulham através do fluido de proceso. A pequena quantidade de equipamento submerso e a sim- Plicidade do modelo reduzem a um minimo os custos de Substituicao. Além disso, as partes podem ser feitas em ceramica ou noutro material resistente, mesmo sendo estes materiais isoladores térmicos, pois ndo operam como superficies de troca térmica. A transferéncia de energia dos gases de combustdo para o fluido de pro- cesso ¢ suficientemente completa para que sejam gran- des as economias anunciadas, comparando-se 0 pro- cesso com a geracéo de vapor in situ. Constroem-se uni- dades com dissipagao de energia na ordem de 22 x 10° Btu/h (6,5 x 10*W) em aplicagdes como 0 aquecimento de H,SO, diluido, a oxidagao do asfalto e a evaporagao de Acido arsénico, de Acido muriatico e de lama de argila. ‘A escolha do evaporador apropriado é, em dltima 1, dito principal 64s, duto principal Duta pilot aeare gas j— Visor Fig. 19.9 Evaporador com a combustéo submersa. Neste mo- delo, 0 duto da combustdo serve para canalizar e controlar os {gases de combustao e proteger as partes do queimador contra corrosdo durante o funcionamento, andlise, uma questao de economia, mas as propriedades do material que esta sendo evaporado podem limitar nti damente a escolha. Por exemplo, uma solugao muito vis- cosa pode nao se deslocar com facilidade pela superficie de aquecimento em virtude da aco exclusiva da convec- ‘go natural. Neste caso, 0 uso da circulagao forgada ou do evaporador a filme turbulento pode ser uma necessidade. Na evaporacdo de solucées de detergentes, 0 espumeja- mento ocorre em certas faixas de concentragao, en- quanto a gelificagao ¢ o efeito ocorrente em outras faixas. ‘Assim, 9 corpo do evaporador tem que conter solugao com a concentrago mais uniforme possivel. Consegue- se este efeito nos evaporadores a circulacao forcada, onde avelocidade de circulagaoé grande em comparacdo com a taxa de evaporacao. Na concentracdo de sucos de frutas, 0 valor alimenticio e 0 gosto sao rapidamente dete- riorados pela exposicao ao calor. Por isto, ndo se pode tolerar qualquer trago de reciclagem, pois uma parcela da solugo permaneceria no evaporador durante um tempo superior ao tempo médio de residéncia. Neste caso, 0 ‘evaporador a filme liquide descendente é a escolha nor- mal Na evaporagao de solugao de decapagem usada, a natureza corrosiva da solugao impede a adogdo de super- ficies calefatoras sélidas. Neste caso, usa-se a combustao submersa. Em virtude da maior eficiéncia da superficie calefatora e da reducao do porte do evaporador, a maioria dos evaporadores que se instalam nos dias de hoje & do tipo vertical com tubos longos ou do tipo com circulagao forcada, Previsdo da temperatura de ebulic&o da solugao A vaporizagdo de um Iiquido puro nao apresenta pro- blemas especiais do ponto de vista fisico-quimico, A tem- peratura do liquido fervente 6 fixada pela pressao exer- cida sobre ele, e pode ser calculada sem dificuldade uma vez conhecida a relagao entre a pressdo de vapor e a temperatura. Quando o liquido forma uma coluna vertical, a pressao usada no calculo do ponto de ebuligao em qualquer altura da coluna deve levar em conta a pressao hidrostatica e a pressao cinética do liquido que fica acima do ponto. Nos evaporadores verticais com tubos longos este efeito é muito importante, pois sao comunsalturas de liquido da ordem de 20 ft, Nestes casos, 0 liquido entra no tubo aquecido sub-restriado pelo escoamento através do vertedor descendente e pela adigao da carga. A medida que 0 liquido escoa para cima do tubo é aquecido até o seu ponto de ebuligao, numa certa altura. O superaque- cimento é provavel quando a solugdo escoa para cima ea pressao cai. No inicio da ebulicao, o superaquecimento é rapidamente perdido, e dai por diante a temperatura do liquido cai com a diminuigao da pressao. A aceleracao da mmistura imprime uma pressdo adicional além da pressao estatica; esta pressao pode ser a principal quando o es- coamento se aproxima da velocidade do som na mistura bifésica. Na Fig. 19.10 aparece uma curva de temperatura contra altura Quando se evapora uma solugdo, os efeitos da pro- fundidade do liquido e da aceleracao esto presentes, ¢ 0 efeito da concentracao sobre a ebulicao do liquido deve também ser levado em conta. No caso de solugdes ideais, Oefeito da concentragao pode ser estimado pelas leis de Raoult e de Dalton, pois P= Dy + Dy = PoXxq + PyXp (19.2) onde a e b referem-se, respectivamente, ao soluto @ a0 solvente. Quando 0 soluto nao é volatil, o que é 0 caso normal nas operagdes de evaporacéo, vem P=PyXxy (19.3) Definindo-se P° como a pressio total do vapor sobre uma fase liquida pura, entao para o solvente puro P? = P,, pois x)= 1, @ 0 abaixamento da presséo de vapor devido a presenga do soluto € 1-x» pe 1 Entao, no caso de solugdes que obedecam a lei de Raoult, Xs (19.4) “Tempertua d soluga, Profundidade aban di sala do tubo —— Fig. 19.10 Distribuigéo de temperatura nos evaporadores com tubos verticais longos. a diminuigao relativa da pressao de vapor é igual a con- centragao do solute ndo-volatil. Nestas solucées, por- tanto, as curvas de pressao de vapor contra temperatura, em concentracdes constantes, serao paralelas. Admitindo-se que as curvas sejam retas paralelas nas vizinhangas do ponto de ebulicao, 0 abaixamento de pressao de vapor (P? ~ P) sera proporcional 4 elevacao do Ponto de ebulicdo (EPE), ou seja, Too ~ Tos? = hy (19.5) onde k 6 uma constante, para um dado solvente nas solu- 9608 ideais, ¢ (Tes — Ts,°) 6 a diferenca entre 0 ponto de ebulicao da solugao ¢ 0 ponto de ebulicao do solvente puro, sob a mesma pressao total. Esta relagdo simples vale somente em condigées muito restritivas. A vizi nhanga do ponto de ebulicdo deve ser estreita e a solucao deve obedecer a lei de Raoult. Esta condicdo implica ser diluida a solugao e ter um soluto no qual ndo ocorram a ionizagao, a formagao de complexos etc. Evidentemente, quando se obtém por evaporagao solugdes com 20-50% de soluto, s6 se pode esperar uma concordancia qualita- tiva. No entanto, é possivel uma generalizagao util. Na maior parte das solucdes, a EPE (T,, — Ty.°) 6 uma funcao dos constituintes da solucao e da concentracao. Em ou- tras palavras, a EPE ¢ relativamente pouco sensivel & pressio. Por isso, numa solucao de concentracao fixa, a EPE nao sera significativamente diferente sobre uma ampla faixa de pressées. Esta generalizacdo foi obser- vada pela primeira vez por Duhring, em 1878. Ela possibi lita estabelecer a familia de curvas de ponto de ebuligao contra concentracao de um sistema com bastante simpli- Cidade e com base num minimo de dados experimentais. O grafico de Dahring 6 um grafico de Ts, contra T., na mesma pressao total para solugdes de composicao cons- tante. Neste gréfico, a curva de concentragao nula 6, e\ dentemente, a reta diagonal que passa pela origem. AS curvas para as outras concentracGes sero aproximada- mente retilineas e paralelas e esta reta, deslocadas no entanto para cima. Na Fig. 19.11 aparece um desies grati- cos para o sistema NaOH-H,O. Este sistema é fortemente ndo-ideal conforme esté indicado pelo seu grande calor de solugao. Nao obstante, as curvas de Dihring séo ra- zoavelmente retilineas e paralelas até uma concentracao de 60% ponderais de NaOH. Assim, para a maior parte dos sistemas, as curvas de Diihring podem ser plotadas se 0 Ponto de ebulicdo for conhecido como funcao da concen- tragdo, numa pressao constante. Mesmo para uma solu- 40 ndo-ideal, como a do NaQH em H,, seria adequado Conhecer os dados de ponto de ebuligao contra concen- tragao em duas pressdes amplamente separadas, pois as curvas de Diihring sao retilineas, exceto nos sistemas extremamente nao-ideais. Observe-se que 0 vapor de equilibrio de qualquer solugéo que tem EPE estaré numa temperatura e numa Presséo que correspondem a um superaquecimento em relagao ao condensado puro. O vapor sai da solugao na temperatura de ebulicao, mas no carreia soluto e nao esta concentrado como a solucao; por isso 0 vapor con- densa somente depois de a EPE ter sido removida. O seu superaquecimento 6 medido pela EPE. CAlculos num evaporador de um s6 estagio A partir das consideragdes apresentadas acima, 6 direto 0 calcula necessario para fixar a area de calefagao an 20 40680 100«120-140 169 180 200 20 240 260 280 300 Ponto de ebuigho da aqua, 2 Fig. 19.11 Retas de Duhring no sistema NaQH-H,0. necessdria para que um evaporador a um s6 estdgio efe- tue 0 servigo que Ihe é proposto. A equacao da taxa de transferéncia de calor sé precisa ser resolvida simulta- neamente com o balango global de calor e com os balan- Gos de massa total e do soluto. Conforme mencionamos acima, 0 coeficiente global de transmisséo de calor é usualmente obtido a partir de experiéncias preliminares, Exemplo 19.1. Determinar a 4rea de aquecimento necessdria para a produgao de 10.000 Ib/h de solugdo de NaOH a 50%, a partir de solugdo de NaOH a 10%, na temperatura inicial de 100°F. A evaporacao ser4 realizada num evaporador de tubos curtos, que tem, conforme se espera, um coeficiente global de 500 Btu/h ft? °F. O vapor de Agua disponivel esté saturado a50 psig, eo evaporador pode ser operado num vacuo de 10 psi em relagao a pres- do barométrica de 14,7 psia Resolugao. A Fig. 19.12 um diagrama deste evapo- rador, com as informagdes mencionadas incluidas. A re- solucdo deste problema estd baseada em diversas hipéte- ses, tipicas dos calculos de um evaporador (a) A solugdo no corpo do evaporador sotre violento Processo de misturagao e por isso tem composigao ho- mogénea. Esta hipdtese ¢ realistica exceto no caso dos, evaporadores verticais de tubos longos e em tipos espe- ciais de evaporadores, como o evaporador a pelicula tur- bulenta. Uma vez que a solucdo de NaOH a 50% est sendo removida do evaporador, a solugao no evaporador deve ter a concentracao uniforme de 50% em NaOH. Vapor, V. oh nd ‘Vaeuo de 10 psi ow reso de 4,7 psia ‘Vapor sturado, as apa VB] y= 500 Btu Produ, £m Carga, ons b————> eh 1; = 10.000 67 i= 050 Ty = 100" F a 37 = 010 Consensads 08 ¥ (pugs, D bin Fig. 19.12 Condigdes referentes ao Exemplo 19.1 (b) O ponto de ebuligao da solucdo 6 0 da solucao de NaOH a 50% sob pressdo de 4,7 psia. Esta afirmagaio des- preza 0 efeito da carga hidrostatica. Neste caso, a simpli- ficagdo é admissivel, pois a profundidade do liquido naoé grande, a aceleragao é pequena e o liquido entra nos tubos com temperatura préxima da de ebulicao no corpo do evaporador. No caso de evaporadores verticais de tubos longos, seria necessério levar em conta as pressées hidrostatica e cinética, usando-se pelo menos uma pro- fundidade média. (c) 0 vapor que sai em V, 6 vapor de Agua puro, na temperatura da ebuligdo da solugdo e na pressdo men- cionada. (3) © condensado, ou purga, que sai em D, é um liquido saturado na pressao do vapor. Haveré sub- resfriamento mas a sua contribuigao ao fluxo térmico sera diminuta, (e) Nao ha perda térmica do corpo do evaporador para as suas vizinhangas. Esta aproximagao é tao mais @xata quanto maior foro equipamento, poisarazéo entrea area superticial do casco e a rea da superficie de troca térmica diminui acentuadamente a medida que o porte da unidade aumenta. Com estas hipsteses, a érea pode ser obtida mediante a resolugao da equagao da cinética associada aos balan- G08 de calor @ de massa. Balango global de massa: F + V)=V, +L; +D (Observaco: D =v.) (a) Balango de NaOH: Fre = Lies’ (b) Balango global de calor: Vohvo + Fhe = Vis +Lahy (c) Equagao da velocidade de transteréncia de calor: Vodvo = UA(—AT) (a) onde F, Vo, Vi, Ly, O = quantidades das correntes afluen- tes ou efluentes, de acordo com o esquema do evaporador da Fig. 19.12. Todas as quantidades sao dadas na mesma base; no caso, valem para uma hora de operagao H = entalpia da corrente de vapor identificada pelo indice, por unidade de massa, em Btu/ib h = entalpia da corrente de liquido identificada pelo indice, por unidade de massa, em Btu/lb A= calor latente de vaporizacdo da corrente identificada pelo indice, por unidade de massa, em Btu/Ib x’ = fragao massica do soluto na Corrente identificada pelo Indice, em Ib do soluto/Ib da corrente total As entalpias devem ser determinadas numa condigao de base constante. Usando-se as tAbuas de vapor, todas as entalpias devem ser medidas em relacdo a H = 0 paraa Agua a 32°F sob a sua presséo de vapor de equilibrio. Pode-se usar qualquer base conveniente para a entalpia do soluto; por exemplo, o sdlido cristalino a 32°F, ou uma solugao infinitamente dilufda a 60°F. Neste caso, existem quatro equagées a quatro incégnitas F, V,, V, e A, de modo que a resolugao do problema é direta uma vez se tenham os dados necessérios. A entalpia do vapor (H,)e0 calor latente (A,s) podem ser obtidos das tabuas de vapor de gua. *As entalpias da fase liquida (h, eh,) s4o obtidas de graficos de entalpia-concentracdo como os da Fig 19.13. Este grafico vale para 1 atm de press4o, mas em virtude de 0 efeito da pressao sobre a entalpia do liquido ser pequeno, a restricao da pressao nao precisa ser levada em conta. O ponto de ebuligdo da salugao é obtido, com bastante comodidade, de um gréfico de Duhring do sis- tema NaOH-H,0 (Fig. 19.11). Na pressao de 4,7 psiaadgua ferve a 160°F. *Da Fig. 19.11 conclui-se que a ebulicao de uma solugao a 50% de NaOH, na pressao em que a agua ferve a 160°F, 6 233°F, correspondendo a uma EPE de 73°F. Resolvendo os balangos de massa, a equagao (b) dé F(0,1) 10.000(0,5); F = 50.000 Ib/h Da equagao (a), V; = 40.000 Ib/h A equagao (c) pode agora ser resolvida em V,, Vy x 920,0 + 60.000 x 60 = 40.000 x 1.160 + 10.000 x 245 __ 4.850.000 Vo 920 19.800 Ib/h A entalpia do vapor que sai do evaporador (H,) foi obtida nas tabuas de vapor na pressio de 4,7 psia e na temperatura de 233°F. U superaquecimento provém de uma EPE. Finalmente, da equacao (4), 45.850.000 = 500A x (297-233) = 64 x 500A A = 1.400 ft Neste exemplo, como em qualquer outro evaporador a simples efeito, cada libra de vapor 6 produzido a custa da condensagao de aproximadamente 1 |b de vapor. Neste caso, foi gasto mais que uma libra de vapor princi- palmente em virtude de a carga inicial estar muito mais Estados 6 relerénca ‘qua — liquid 2 329 NaOH — solic infintamente FS ius 8 6 & s ze 90 10 20 0 40 a SEER: Fase soda 1 HE 5, 6 70 NaOH, petcentagem ponderal Fig. 19.13 Diagrama entalpia-concentragao de soluges aquo- 8a de NaOH, sob pressdo total de uma atmostera. O estado de referéncia para a 4gua é a 4gua liquida a 32°F, sob a sua propria Pressio de vapor. Este estado de referéncia é idéntico ao que se Usa na maioria das tébuas de vapor. *O estado de referéncia do hidroxido de s6dio é o de uma solucdo infinitamente diluida a 68°F. [De McCabe, W. L., Trans. A..Ch. E., 31, pg. 129(1935), com permissao da A./.ChE, copirraite © 1935.) fria que 0 ponto de ebuligao da solucao. Se a carga en- trasse superaquecida no evaporador, seria possivel que 1 lb de vapor de agua produzisse mais que 1 Ib de vapor da solugao. 0 fato da diminuicdo do calor latente de vapo- rizagéo da Agua diminuir com 0 aumento da pressio tende a fazer com que a razao entre 0 vapor produzido eo vapor de agua condensado seja menor que a unidade. Evaporagao a miltiplo efeito £m qualquer operacao evaporativa, o custo principal do processo é 0 do vapor de Agua consumido. Por isso, os métodos de redugao do consumo do vapor (ou 0 de au- mento da economia, definida como a razdo entre a massa de vapor produzido e a massa de vapor de agua consu- mido) s40 muito interessantes. O método mais comum, entre os existentes, 6 0 de usar o vapor gerado no primeira evaporador como 0 fluido de aquecimento de um si gundo evaporador. Idealmente, este método produzi quase 2 Ib de vapor para cada libra de vapor de agua consumido. 0 método é factivel se o segundo evaporador for operado a uma pressdo mais baixa que o primeiro, de modo que se tem um valor positivo de —AT na superficie da caixa de vapor do segundo evaporador. Evidentemente & possivel ligar em série diversos evaporadores, respel- tando as quedas de presséo, visando a obter tantas libras, de vapor por libra de vapor de agua consumido, quantos forem os corpos dos evaporadores. O aumento do calor latente com a diminui¢do da pressao e as perdas adicio- nais devidas a radiacdo fazem com que a economia con- seguida seja cada vez menor a medida que aumenta 0 nlimero de evaporadores usados. Este método de operar evaporadores em série é denominado evaporagéo a mul- tiplo efeito e cada estagio é um efeito. Os evaporadores a miltiplo efeito podem ser acopla- dos de diversas maneiras. No sistema de alimentacéo direta, 08 fluxos do fluido de proceso e do vapor de agua sio paralelos. Este tipo de operagao tem a vantagem de do precisar de bombas para deslocar a solugao de um para outro efeito. Tem a desvantagem de efetuar todo 0 aquecimento da carga no primeiro efeito, de modo que neste estagio a quantidade de vapor gerada pelo vapor de gua de aquecimento & menor, o que provoca economia mais baixa. Além disso, nesta operagao, a solucdo mais concentrada é sujeita a temperatura mais baixa. As tem- peraturas baixas podem ser uteis para impedir a decom- posigdo de substncias organicas, masa viscosidade ele- vada que pode existir reduz acentuadamente 0 coefi- ciente deste ultimo efeito. No sistema de alimentacao inversa, a solugao de proceso flui em contracorrente ao, escoamento do vapor de agua. E necessdrio ter bombas entre os efeitos. A solucdo de carga esta aquecida na entrada de cada efeito, o que usualmente provoca melhor economia do que com a alimentacao em paralelo. A faixa de viscosidade diminui, pois a solugao concentrada evapora-se numa temperatura mais elevada, mas é possi- vel que os materiais organicos tenham tendéncia a chamuscarem-se ou a decomporem-se. Para se ter um desempenho global mais elevado, os evaporadores podem ser operados com acoplamentos de fluxos que combinam as duas seqliéncias (é aalimentagao mista), ou entao podem ser alimentados em paralelo, com a carga virgem evaporando-se, em cada efeito, até a concentra- 80 final. Na operacao a cascos miltiplos, o nimero de estdgios pode ser diferente para o vapor de agua e para a solugdo. Na Fig. 19.14 estdo ilustrados, esquematica- mente, os fluxogramas de trés tipos comuns de alimenta- go na evaporacao a multiplo efeito, ‘Além do aumento de economia na evaporagao a mul- tiplo efeito, deve-se esperar também uma variagdo de capacidade, Observe-se, no entanto, que a diferenca de temperatura entre 0 vapor inicial e 0 condensador final, que existe num evaporador a simples efeito, permanece imutavel pela insergdo de quaisquer efeitos extras entrea fonte de vapor de Agua e 0 condensador. Nos casos mais simples, onde cada efeito tem a area de troca térmica e 0 coeficiente de transmissao iguais aos de qualquer outro dos efeitos, e quando nao existem elevagdes do ponto de ebuligao, =a +92 +494 onde, & a taxa total de troca térmica em todos as efeitos, ©qs,q2, 3 $40 as taxas de transferéncia de calor em cada um dos efeitos. eu const ‘octent ‘ene Spb fea Fig. 19.14 Fluxogramas da alimentacao dos evaporadores a multiplo eteito. (a) Alimentacao direta, 0) alimentacdo inversa, {¢) alimentagao mista Oe = UyAy(—AT;) + U2Ag(—AT2) + UsAg(-ATs) +++ Uma vez que as areas e os coeficientes de transmissao de calor sao iguais, 42 = Uy Ay (AT, — AT2 — ATs — = UyAy(—AT rota!) (19.6) Esta taxa de transferéncia de calor é amesma que se teria numa operacao a simples efeito operando entre os mes- mos niveis extremos de temperatura. Entao, a evaporacao Miltiplo efeito, usando n efeitos, aumenta a economia de vapor de 4gua, mas diminui o fluxo térmico por efeito por um fator da ordem de 1/n em relagao a uma operacao com um $6 efeito entre as mesmas condigdes terminais. Por isso, ndo se tem aumento da capacidade, e, na realidade, a complexidade adicional do equipamento provoca usual- mente aumento das perdas térmicas paraas vizinhangase reducao da capacidade. O aumento da economia do vapor deve entdo ser equilibrado contra 0 aumento do custo do equipamento. O resultado 6 0 que a evaporacao com mais do que cinco ou seis efeitos raramente & eco- némica. Quando a solugao que est sendo processada tem uma EPE significativa, a capacidade que se consegue ¢ muito reduzida, pois a EPE reduz a —AT em cada efeito. Imaginemos, de novo, a situagao do Exemplo 19.1. Neste aso, a ~AT total foi de (297 — 160), ou seja, 137°F. Desta diferenga, a EPE usou 73°F, deixando uma ~AT eficiente de 64°F. Quando os dois efeitos so usados para esta evaporagao, a evaporagao sera mais ou menos a mesma nos dois. Entéo o produto do primeiro efeito, numa ope- ago em paralelo, seria de 5.000/30.000 ou 16,7% em NaOH. A pressao no primeiro efeito depende das areas relativas e dos coeficientes vigentes. Admitindo-se que estas grandezas se ajustem de modo que a ebulicao da gua, neste efeito, ocorra a 250°F, o ponto de ebuligao da solugao a 16,7% em NaOH seria entao 267°F aproxima- damente, 0 que da uma EPE de 70°F. As temperaturas reinantes neste sistema com dois evaporadores esto lis- tadas na Tabela 19.1 Tabela 19.1 Distribuicéo de temperatura nos evaporadores a simples @ a duplo efelto, com alimentacao direta, operando sob condicées. gerais idéntica: Simples Duplo tela eteito Temperatura do vapor de gua, 1° efeito 297°F<— 2979F Temperatura da solueao, 1 efeito — 233°F 26 Diferenca de temperatura efetiva AT, 12 ete eer 20 Temperatura do vapor de 4gua, 2° efeito 250°F Temperatura da solugao, 2 eteito 233° Diterenca de temperatura efetiva ~AT, 2° feito 17°F Diferenga total efetiva ~A7 er A ~AT total efetiva decresce, contorme se vé, pela grandeza da EPE no primeiro efeito. O vapor do primeiro, entre os dois efeitos, sai a 267°F, mas a uma pressio tal que ele condensa a 250°F. Este superaquecimento é con- seqléncia da EPE no primeiro efeito e se perde antes de a transferéncia principal de calor ocorrer no segundo efeito. A temperatura final da solugao, no efeito final, id@ntica nos dois casos. Por isso, a capacidade fica redu- zida ea economia também ¢ reduzida. Outro método de apresentar a mesma informagao é mediante um diagrama de barras, contorme esta na Fig. 19.15. Neste caso, a —AT aplicavel ao evaporador de simples efeito também é atri buida ao evaporador de duplo efeito. Algm disso, A EPE No primeiro efeito ¢ subtraida da —AT disponivel. Este 6 Z Z Fig. 19.18 Distribuicdo da diferenca total de temperatura (a) ‘numa evaporagao a simples efeito e (b) numa a duplo afeito. um resultado geral. A EPE em cada efeito é subtraida diretamente da diferenca de temperatura ~AT disponivel, ou seja, ATs ta = ~ATou ~ ZEPE (19.7) Cada efeito de um evaporador a multiplo efeito, ex- ceto possivelmente 0 tltimo, é em esséncia um vaporiza- dor e um condensador de superficie, ambos operando ‘como mesmo fluido. No primeiro efeito de um evaporador de multiplo efeito o seu contetido ¢ 0 fluido; a caixa de vapor do primeira efeito vaporiza uma parte do fluido ea caixa de vapor do segundo efeito condensa o vapor pro- duzido no primeiro efeito. Uma andlise geral desta espé- ie de elementos isolados pode ser efetuada da seguinte forma. Consideremos um fluido contido na unidade cujo es- quema é o que esté na Fig, 19.16. Esta unidade tem uma unidade de vaporizacao e uma unidade de condensagao, dispostas de tal forma que o condensado retorna a massa do liquido fervente. As dreas superficiais ¢ os coeficientes globais de transmissao de calor podem ser representados Por A, e U, para o vaporizador e A, e U, para 0 condensa- dor. O meio de calefagdo para o vaporizador entra aT, eo meio de arrefecimento do condensador 6 mantido na temperatura média T.. A temperatura do fluido operante é T, Quando 0 fluido operante 6 um fluido puro, aT, sera a mesma no condensador e no refervedor. Quando 0 fluido uma solugao, com uma EPE significativa, a temperatura do fluido no refervedor serd mais elevada que a tempera- tura do fluido no condensador e a diferenca sera a EPE. Para simplificar a anélise, vamos imaginar que o fluido operante seja um liquido puro. A taxa de transferéncia de calor do vaporizador pode ser escrita como W = UAT; = Ty) a taxa de transferéncia de calor para o condensador é Ie = —U,Ae(Te — Tr). Quando no sistema simplificado nao existem perdas tér- micas através das paredes, g, = q.; portanto _ TeUsAe + TyUyAy U-Ac* UA, (19.8) + Na dedugao da Eq. 19.8 nad se fez qualquer referén- cia 4 natureza do fluido usado no elemento de vaporiza- 40, nem se mencionou qualquer restricao sobre a pres- sao. Deve estar evidente que a pressdo no efeito é uma fungao da T;. De acordo com a Eq. 19.8 a temperatura do fluido (T,) depende somente das taxas de transferéncia e das temperaturas terminais. Portanto, a unidade pode ser usada com qualquer fluido e a temperatura T, permanece- riaa mesma desde que os coeficientes de transmissdo de calor nao se modificassem. A pressao na caixa de vapor, no entanto, dependeria do fluido usado, pois esta relacio- nada a7, por intermédio da curva de pressao de vapor do fluido. Conforme mencionamos acima, esta agao controla a Pressao no corpo de cada efeito de um evaporador a ee rm, 87 anc | ll, de agua, T. mn Fig. 19.16 Unidade geral de um evaporador a multiplo efeito, mattiplo efeito, exceto no titimo. Neste ultimo, a pressao é predeterminada assim como o ponto de ebuligao que the 6 relacionado. As condigdes nos outros efeitos ajustam-se automaticamente de modo que as quedas de temperaturas existentes, de acordo com os coeficientes de transferéncia, so responsdveis pelas taxas de transte- réncia, que obedecem aos balangos de massa e de ener- gia. Com estes conceitos, 0 calculo das dimens6es dos evaporadores a miltiplo efeito 6 uma simples extensdo dos métodos usados para os evaporadores a simples eteito. Os balangos de massa e de calor, bem como as equagées das taxas, s40 escritos para cada um dos efei- tos. As equagdes sd0, depois, resolvidas simultaneamente para se ter a informacao desejada. Assim, para a evapora- Gio num evaporador de n efeitos, existem 3n equagoes independentes e se podem ter as 3n incégnitas. As incog- nitas podem incluir as quantidades de carga inicial e de vapor de 4gua, a composicao e a temperatura no primeiro efeito e a drea de transferéncia de calorem cada efeito, As equagdes podem ser escritas e resolvidas diretamente quando as solugdes evaporantes ndo t8m EPE ese calor latente do vapor de agua é considerado constante. Quando se encontra uma EPE significativa, ou quando se usam mais de dois efeitos, é preciso adotar um método de aproximacdes sucessivas. Exemplo 19.2. Uma solucdo aquosa, com 2% de sdli- dos organicos dissolvidos, deve ser concentrada até 25% de sélidos, num evaporador a duplo efeito, em contracor- rente, com circulagao forcada, e 200 m? de rea de troca térmica em cada efeito. O coeficiente de transmissao de calor no primeiro efeito é 2.800 W/m? K e no segundo 400 W/m?K. Qual é a taxa da producdo obtida? A solugdo no tem elevagao do ponto de ebulicdo. A carga entra a 30°C e0 vapor disponivel est a0,7 x 10°N/m?. Oconden- sador opera na pressao de 7 x 10°N/m? Resolugdo. As tabuas termodinamicas do vapor de gua * dao, para o vapor condensante, a temperatura de 164,9°C e a temperatura do condensador como 38,9°C. Tomando como base de calculo 1.000 kg/h de vazo dos produtos, 0 balango geral de massa dé 1.000 x 0,25 = F x 0,02, de modo que F = 12.500 kg/h de alimentagao e Vy + Ve = 12.500 — 1.000 = 11.500 kg/h vaporizados. Com estes resultados incluidos, o fluxograma esquema- tico do processo esta na Fig. 19.17.0 procedimento agora 60 de encontrar T, de modo que A, = A;. Entéo a base de célculo escolhida (1.000 kg/h do produto (L,)] ser multi- Plicada pela razao 200/A, para se ter a taxa de produgao real. Em virtude de nao se dispor de informacao exata sobre as propriedades térmicas da solucao, e em virtude de a solugao nao ter EPE, o calor especifico da solugao ser igualado ao da agua todas as entalpias serdo calcu- ladas tomando como base aagua liquida a0°C na presséo do ponto triplo. Por isso, todas as propriedades termodi- micas podem ser lidas diretamente nas tabuas termo- dinamicas de vapor. * Podem-se escrever as seguintes equacdes: Balango de massa no efeito 1 Lg=hyty (a) Balango de sélidos no efeito 1 Lox2' = 1000 x 0,25 (b) Balango de massa no efeito 2: F=La+V2 (c) Vodvo + Lahg = Lihy + ViHy (d) Balanco térmico no efeito 2: Vy (Hy —Ao2) + Fhe =V2He+Lohe — (e) Equacdo da cinéticada transferéncia de calor no eteito 1 Vodvo = 41 = UrA1(164,9 — Ts) ( Equagao da cinética da transferéncia de calor no eteito 2: Vals — (Ty — O)Cia) = Vids Vadv1 = 42 = UzA2(T; — 38,9) (9) Neste sistema, existem sete equagdes independentes en- volvendo as variaveis F, Le, Ly, Va Vy. Va X2's hua My fay Mn Hy, Ha Ty Ay Aa Uy @U;. Destas dezoito varidveisF, Ls, Avs hs, hp, He, Us 8 U; ja est&0 fixadas no enunciado do problema Séo necessérias trés outras equacées. Estas $80 A, = A;, que ja foi escrita, H, =< (T,) e hy= (7). Estas duas dltimas equagées traduzem 0 fato de as tébuas de vapor de Agua darem imediatamente H, eh, uma vez fixada aT. Estas relagdes da t4bua de vapor nao séo dadas sob forma analitica explicita e por isso a resolugao terd que usar um método de tentativas. Uma boa estimativa da condicéo final 6 a que se obtém ao verificar-se queq, eq S40 quase iguais. Admitindo q, = q2 vem UyAy(-AT}) = U2A2(—ATo) vita Ve kh pra o condensador 339°C ete 2 Hote 2 3c 380 Vapor | an aga ee satura vom || Carga a 30°0 | Ly “Oo Produ, P= 12800 ih 1, = 1000 tgM de silidos com 254 de sos 40, ton ESuple eleta So Example 18 no om anmentagao inverse, ou —AT; _UzAz _ Uz _ 4000 =ATz UyAy Uy 2800 (-AT,) + (—AT2) = Z(—AT) = 164,9 — 38,9 = 126,0 1,43 Neste caso nao hd EPE, de modo que a —AT total também 6a ~AT eficaz para a transferéncia de calor. Entéo (AT) + 1,43(-A7,) 1260 =AT, = 51,85°C, ~AT, = 74,15°C 9 que da T, = 90,75°C. Das tdbuas de vapor vem H, = 2.681,2 kJ/kg @ Ay = 2.281,3 kJ/kg. Das equacées (d) ¢ (e), conjugadas com o balango de massa geral, Vidya + Fhe = (11.500 — Vi )H2 + Lah +ViHi —Vodvo (hd Como se admitiu q, = q, e se tem Vodvo = Vidvi a equacao (h) fica Fhe = (11,500 — V3)H + Lyhy + Vy Hy — 2VsAv1 Esta equacdo pode ser resolvida em V, e da Vi (2hvy + A — Hy) = 11.500H2 + Ly hy — Fhe (i) V; (4562,6 + 2571,9 — 2661,2) = 11.500 x 2571,9, + 1000 x 90,75 x 4,87 — 12.500 x 30 x 4,187 6.345,8 ki 7.3458. Da equagao (b), x2 de onde vem Vv, Le (a) V, = 5.154,2kg e 0,0340 @ da equacao VodAvo = 41 = 16,071 GJ ¥ Dz kg Pode-se agora verificar a validade da prim observando que pela equacao (9). g:= qi = Vskw. Dai, V, = 7.045 kg que é igual a 1,11 vezes 0V, calculado pelas equagoes (d) e (e) mediante a distribuicao hipotética de temperatura. ‘Como nova hipétese, faz-se q, igual a 1,1 q2. Entéo, com 0 método usado acima, -AT;=49,0°C e =AT, = 77,0°C. Dal, T, = 87,9°C, H, = 2.565,6 kJ/kg @ Avy = 2.288,6 kJ/kg. Resolvendo a equagao (i) com este novo valor de T, encontra-se V, = 6.315,9 kg. Das equa- {g6es (a) e (c) vor V, = 5.184,1 kg eL2 = 7.315,9 kg. O uso da equacao (d) para verificar estes resultados da Vodvy = qy = 18.712.000 kJ/kg; entéo, da equacao (Q). V; 6.241,2. Este resultado & satisfatério. A area pode ser encontrada pelas equagées ({) e (g) e depois promediada, O resultado da Anes = Ay = Ag 15,712.000 3600 00 x 208 - 2800 x 7000 (1649 87,9) = 20,24 m? para a produgao de 1.000 kg/h do produto. A taxa de producdo ¢ entao (20/20,24) x 1.000 ou 9.880 kg/h do produto, com 25% de sdlidos. Este exemplo ilustra um cdlculo tipico de evaporador. (0 método 6, essencialmente, de tentativas para a tempe- ratura intermediria. A tentativa inicial é guiada pela res- trigao fisica de que cada quilograma do vapor de agua condensante evapora cerca de 1 kg de vapor. O ajusta- mento da primeira tentativa provém da informagao que se consegue neste mesmo processo. Por exemplo, na pri- meira tentativag, = qz,@ OV, calculado pelos balancos de calor e de massa foi 1/1,11 vezes 0 V, calculado por inter- médio de q,, vindo da equagao (g). Portanto, q2 foi dimi- nuido por um fator 1,1 para a segunda tentativa. Adotou- seo fator 1, 1 em lugar de 1,11, pois uma modificagaodeqz provocaria uma modificacao ainda maior nos valores rela- tivos das dreas de transferéncia necessérias. ‘A solucao por tentativas foi necessdria, neste caso, em virtude da forma tabular dos dados termodinamicos do vapor de 4gua. Se o sistema tivesse uma EPE significa tiva, teriamos que usar ou uma equagao grafica, ou uma carta linear de Dihring, ou um equivalente andlogo, Quando os dados termodinmicos estao expressos anali- ticamente, em termos de calores especificose de calores latentes, é possivel resolver o problema de forma também. analitica. A existéncia de uma EPE nao complicaria grande- mente a resolugao. Nas composigdes intermediarias, a EPE é pequena e quase independente da temperatura. A composicao da corrente intermediaria poderia ser esti- mada a partir do principio de igual evaporagao, e dai se obteria a EPE. Durante as aproximagoes sucessivas, as modificagées da temperatura ou da composi¢ao interme- diaria ndo requerem, usualmente, alteragées das EPE. Oacoplamento de um terceiro ou de um quarto efeito, provoca equagGes adicionais de balangos térmico e de massa e equagdes adicionais da cinética da transferéncia de calor, uma de cada tipo para cada efeito. Os cdlculos so mais aborrecidos mas envolvem a mesma resolucao Por tentativas do sistema de equagées. As etapas desta fesolugao sdo as seguintes: 1. A partir da concentragao do produto e da pressao do condensador, determinam-se a temperatura, a EPE e as entalpias no Ultimo efeito. Estas grandezas podem ser determinadas diretamente quando se usa alimentacao em paralelo, 2. Apartir do balango global de massa, determina-se 0 total da evaporacao e distribui-se este total entre os efeitos, admitindo-se a igualdade de evaporacao em cada um deles. Se a carga estiver muito fria, ou muito supera- quecida, é possivel modificar apropriadamente as parce- las de cada efeito. As quantidades hipotsticas de vapor daréo uma estimativa da concentragao em cada efeito e, porisso, da EPE. Basta uma estimativa muito grosseirada Presséo em cada efeito, pois a EPE é virtualmente inde- Pendente da pressao. 3. Calcula-se a ~AT disponivel para a transferéncia de calor, subtraindo-se a soma de todas as EPE da — AT total. A —AT disponivel pode ser distribuida entre os diver- 808 efeitos admitindo-se que = == de modo que (-AT,) x UAy = (AT) x UA AT.) x UAy= 4, Calcula-se a quantidade de evaporacao em cada eteito mediante os balangos térmico e de massa. Se estas grandezas s4o muito diferentes das calculadas na etapa 2, fepetem-se as etapas 2 e 4 com as grandezas calculadas. Em geral, este novo calculo acarreta uma pequena revisao da EPE e dos valores das entalpias usados anteriormente. 5. Calcula-se a 4rea necessaria em cada efeito, me- diante as equagdes das taxas de troca térmica, 6. Quando as areas calculadas ndo se ajustam a dis- tribuigéo prevista de areas (em geral A, = Az= Ay =...) faz-se uma revisdo da distribuicdo de temperaturas da etapa 3. A menos que as EPE sejam muito elevadas, a reviso nao afetard os valores assumidos na etapa 2. 7. Continua-se a ajustar a diferenca de temperatura e arecalcular as Areas das superficies até que estas estejam distribuidas satisfatoriamente. O mecanismo envolvido na resolugao de problemas de evaporador nao deve obscurecer 0 fato de que o eva- porador opera sob a ago de forcas fisicas naturais. Tudo © que o projetista faz é tentar descobrir como o jogo destas forgas afeta as condigdes do evaporador. O opera- dor de um evaporador pode controlar a presséo do vapor de agua, a pressao do condensador e a vazdo da alimen- tagao inicial. Cada evaporador atingira a temperatura presséo de regime permanente que estao determinadas ao 86 pelas propriedades fisicas da solugao evaporante, mas também pela disposicao fisica do equipamento pelo controle exercido pelo operador. 0 procedimento para se determinarem as condigées operacionais do evaporador consiste em escrever os ba- langos térmico e de massa em cada efeito e resolver as equagdes juntamente com a equacdo da taxa de transfe- réncia de calor em cada efeito. No procedimento que ‘esquematizamos acima, as etapas 1, 2 e 3 apenas fixam um ponto de partida razodvel para a resolugao do pro- blema, Na realidade, qualquer condicao hipotética servi- ria como ponto de partida para o calculo. A vantagem do método esquematizado ¢ a de que ele abrevia as tentati- vas necessérias, possibilitando que a partida inicial do calculador esteja num ponto razoavelmente proximo da resposta correta Exemplo 19.3. Deseja-se usar um evaporador de tri- plice efeito para concentrar uma solugéo de NaOH a 5% até NaOH a 0%, A alimentacao sera direta, com a carga entrando a 60°F. Os coeficientes globais de transmissao de calor que se esperam sao de 800, 500 e300 Btu/h ft? °F, ‘em cada um dos efeitos, nesta ordem. O vapor de agua existente esté a 125 psia e serdo usados ejetores capazes de manter uma pressio de 1 psia. As reas de troca tér- mica em cada um dos efeitos serdo iguais e suficientes para se produzirem 10 ton/h de concentrado. Qual é a rea necesséria em cada efeito? Qual é o consumo de vapor e qual é a economia? Resolucao. Na Fig. 19.18 ests um diagrama esque- matico do sistema de evaporacao. De acordo com a Fig. 19.11, a solugao e 0 vapor no terceiro efeito estéo a 171,°F @ constituem o produto (Ls). Entéo, a EPE no terceiro efeito seré de 70°F. O balango de massa geral da 0,05 F = 0,8 x 20.000 F = 200.000 Ib/h Vy + Vet Vy = 180.000 Ib/h (a) ‘Admitindo evaporacées iguais nos efeitos V, = Ve = Vs 60.000 tb/h. Daf vem que a solugao no primeira efeito & 10.000/140.000 = 7,1% em NaOH e que a solugao no segundo efeito ¢ 10.000/80.000 = 12,5% em NaOH. Usando-se 280°F e 220°F como estimativas grosseiras do ponto de ebuligo da 4gua no primeiro e no segundo efeito, as solugdes fervem, respectivamente, a 285°F ¢ 230°F, 0 que da uma EPE de 5°F e de 10°F nestes dois efeitos. A ~AT ofetiva é entao (Aa = (44,3 ~ 101,7) ~ (70 + 10 + 5) = 187.6°F A diferenca de temperatura —AT ¢ distribuida entre os trés efeitos, admitindo-se que q, = q2 = qs. Embora esta hipd- tese seja contlitante com a hipétese anterior, V; = Va = Vo, ela constitui um ponto de partida razodvel, apesar de exigir, no final, a revisdo de uma ou de outra. Calculando- Para 9 condensador oir Yon Yetb/n yen 1 2 Vapor cea Perkcg canon os, vam 1, = 600 U, = 500 Uy = 500 Prod Thy Ts, 50% 8m NaOH =| T, Bim rary 7 soi 8 50.000 bm Ste paras — on NaOH a Dy Wn Dz win Dy t/m Fig. 19.18 Fluxograma de um evaporador a triplice eteito, com alimentagdo direta, nas condigSes do Exemplo 19.3, se a —AT em cada efeito vem Uy At (—ATq) = Upp (—AT9) = U3A3(—AT3) 800_-AT, 500_-AT, 500 -AT,;' 300 —ATz (-A7;) + (—ATp) + (—AT5) = 157,6 de onde sai —AT, = 30,0°F, ~AT; = 47,9°F, —AT, = 79,7°F, Entao Tap = 171,7 + 79,7 = 251,4; To = 261,4 Tas = 309,3°F; Ty = 314,3°F; Ty, = 344,3°F onde o significado dos simbolos esta evidente na Fig. 19.18, Conforme se vé, as estimativas das temperaturas de ebuligdo da 4gua nos dois primeiros efeitos estdo forte- mente erradas, mas uma verificacdo na Fig. 19.11 mostra que as EPE calculadas nao precisam ser modificadas. As ‘temperaturas nos trés evaporadores sero, entdo, as se- uintes para a primeira tentativa de resolugao dos balan- {908 térmico @ de massa: Efeito 1 Efeito 2 Efeito3 Condensador Tyg=2449°F To, =200,0°F pag 2614°F Te 101,7°F Teaaael Fazer t Toinre Os balangos de calor e de massa precisam agora ser resolvidos para encontrarem-se V,, V; eV; coerentes com ‘as temperaturas hipotéticas. Os dados de entalpia para a gua ou para o vapor de 4gua podem ser obtidos das tabuas de vapor * e os das solugdes da Fig. 19.13. Estes balangos sao: Vodvo + Fhe = Vit +(F—Vi)hy — (b) Vy Hy +(F — Vi)hy = VoH2 + Viho2 +(F—Vy— Velho (c) (F — Vy — Vo)hg + VoHe = Vahos + (180.000 — V; — V2)Ha + Lehs (a) Nestas trés equacées as Unicas incdgnitas s4o V,, V2 e Vy. Substituindo os valores numéricos das tébuas de vapor e da Fig. 19.13 obtém-se 875,4Vo + 200,000 x 26 = 1185,1V + (200.000 — V;)260 (b) 875,4V — 925,1V; = 200,000 x 234 1185,1V, + (200,000 — V; }260 = 1169,9V. + 279,3V2 + (200,000 — V,; — V2)208 (c) 843,8V, — 961,9V2 = -200.000 x 52 (200.000 — V; — V2)208 + 1169,9V2 = 220,0V2 + (180.000 — Vy — V2)1137,4 + 20.000 x 200 (d) 1879V2 + 929,4V; = 167,200.000 A resolugdo das equagées simultaneas dé V, = 57.000 Ib, V, = 60.800 Ib, V; = 62.200 Ib V» = 110.800 Ib. A compa- ragdo destes resultados com a hipétese V; = V; = Vs, em- bora ndo seja boa, é adequada como primeira aproxima- 40. O grande valor obtido para V, indica que a exigéncia de dreas iguais ndo serd satisfeita e que haveré necessi dade de se fazer um ajustamento de temperaturas. Acei- tando V,, V_eV; como os valores corretos, e resolvendo as equagées das takas das trocas em termos das areas, en- contramos Von A, = 2. Vodve Uy(-AT) Uy (—A71) 110.800 x 8754 an aa “~800x30 Vals — hy) Ag = + = 2160 ft? 2 °'U2(-AT2) Vala — hh y= alta ha) aro He U3(-ATs) Estas desigualdades entre as 4reas mostram que a divisdo da diferenga de temperatura ~ AT disponivel, entre 08 varios efeitos, era imprépria. Ao se ajustarem as novas diferengas —-AT, é uma pratica comum escolher cada uma de forma a satisfazer & respectiva equagao: ' At ~AT,'=—-AT, Bn (e) Az —AT2'=—AT2 An (f) A; —AT2'=—AT3 aa (9) onde agora -AT,’, —AT;’ e -AT,’ sdo as diferencas de temperatura — AT efetivas e hipotéticas para cada um dos efeitos, @ as diferengas ~ATy —AT; @ —AT; S80 as que admitimos originalmente. O parametro A, éa area média dos efeitos, obtida pela promediacao apropriada de A,, de A,@ de A,. As equacées (2), (f)e (9) S80 corregdes sobre a hipétese inicial q, = gz = 3 que levou aos valores A,,A;@ ‘A, que obtivemos acima. O resultado & 0 de aproximar cada uma das areas do valor A,,. A hipétese da igualdade das evaporagoes foi abandonada, depois de ter servido 08 seus objetivos © método mais simples de calcular A,, 6 0 de tomar a média de A,, Az As, conforme fizemos no Exemplo 19.2 Este método, no entanto, levara a diferencas —AT’s cuja soma no dé a diferenca total ~A7. Um outro procedi- mento também muito usado € 0 de calcular A,, pela média aritmética e depois ajustar as —AT de modo que (-AT,') + (-ATy’) + (-ATy') = -ATe. Um método diferente, e mais satistatério, 6 odeusara restrigao de soma constante, (-ATy') + (-AT2') + (-ATg') = 3(-ATu) = (—AT;) + (—AT2) +(—AT3) (h) no calculo deA,,. Combinando-se as equagées (h), (e), (fe (9) com este objetivo, At Ay A3 (-AT) ama (-AT2) mel (-AT3) a: = (—AT,) + (—AT2) + (—AT3) (i) de onde ven Vy (Hy ~ hy) ft? a U2(—AT2) 2160 2 = O valor de A, obtido pela equagéo (j) dard X(-AT') = 3(-ATe) ‘sem qualquer outro ajustamento, a menos que o valor das EPE se modifiquem. Calculando Aj, mediante esta for- mula, 30,0 x 4040 + 47,9 x 2160+ 79,7 x 2410 187,6 1645 ft? 4040 San 7 45,8°F 30,0 x F645 -AT;’ =(—AT") = 187,6°F Se A, fosse calculada pela média aritmética de Ay, Az @ A;, ter-se-ia obtido um valor de 2.870 ft?, de onde se concluiria ~AT,’ = 42°F, ~AT,’ = 95,9°F, —AT,’ = 66,7°F €3(-AT') = 144,6°F. Os ajustamentos teriam que ser sig- nificativos para se fazer (—AT") = 1576. Usando os valores —AT’ calculados pela equacao (), as temperaturas significativas so Eto 4 tate 2 Efeted —_Condeneador n Ty TOF gy 2449°F ye 107 F Th Deane 2583 7 ing 7 © fato de estas temperaturas estarem indicadas com aproximagao de décimo de grau no deve enganar nit guém sobre a precisdo com que se prevéem as condicoes operacionais reais. ‘As equacées (b), (c) @ (d) podem ser escritas outra vez usando 08 valores da entalpia obtidos nas novas tempera- turas. 875,4Vo + 200,000 x 26 = 180,3V + (200.000 — V,)245 (b) 1180,3V, + (200,000 — V;)245 = 1167 V2 + 263V, + (200,000 — V; — V2)198 (0) 198(200,000 — V; — V2) + 1167V2 = 212V2 + (180,000 — V; — V2)1137,4 + 20.000 x 200 (d) Resolvendo as equagées vem V, = 87.300, V; = 61.100, V3 = 61.600 e Vy = 117.000. Uma vez que estes valores nao coincidem com ahip6- tese inicial de igualdade das evaporagées, as concentra- oes resultantes devem ser verificadas para ver como se alteraram as EPE. Este ensaio 4 x,’ = 0,07, x,’ = 0,123, uma verificagao na Fig. 19.11 mostra que nao hé alteracao sensivel nas EPE. Calculando-se as Areas, como antes, encontra-se Ay = 2.640 ft?, A, = 2.640 ft? @ A= 2.720ft?, Os valores 880 iguais dentro da exatidéo que se pode exigir na pra- tica. Além disso, estas areas so quase iguais ao valor de Aq, Obtido de uma primeira aproximagao das temperatu- ras. As respostas finais para este problema seriam 2.700 ft? de area por efeito do evaporador, e 111.000 Ib/h de vapor de 4gua necessario, com uma economia de 1,62. As operagdes de evaporacdo em grande escala s4o feitas, freqdientemente, em grupos que englobam até seis efeitos, e em unidades de porte suficiente para represen- tarem, por si s6s, verdadeiras usinas. As aplicacdes tipi- cas incluem a concentragao da lixivia negra das opera- Ges de polpeamento de papel, a concentracao dos méis de acuicar, a evaporagao da soda cdustica e a concentra- G40 do sulfato de aménio. A Fig. 19.19 mostra um sistema evaporador de multiple efeito e de grande porte. Recompressao do vapor Outro método de aumentar a economia do vapor ¢ 0 da recompressao dos vapores do evaporador, seguida pela sua injegao na caixa de vapor de um efeito apro- Priado do evaporador. Pode-se usar ou a compressao mecanica ou a compressao num injetor a vapor de Agua. No caso da injecao mediante um injetor, usa-se um jato de vapor de pressao elevada para arrastar e comprimir uma Fig. 19.19 Evaporador a triplice efeito, com circulagdo forgada, para concentrar solugdo caustica numa planta de claro e alcali Em frente de cada corpo do evaporador aparecem os trocadores de calor verticais, com as linhas de vapor entrando nas vizinhan- gas do topo. Para ter idéia do porte, observe os operadores trabalhando em frente ao efeito mais prdximo (0 terceira). (Cor- tesia da Swenson Division of Whiting Corporation.) Parcela grande dos vapores do evaporador. Parte do vapor 6 condensado separadamente, para compensar 0 vapor motriz que Ihe é adicionado. Na Fig. 19.20 esté o diagrama esquematico de um sistema evaporador usando a recompresséo do vapor. Neste sistema, a carga é pré-aquecida antes de entrar no primeiro de dois evaporadores a pelicula descendente. Parte do vapor do primeiro efeito 6 recomprimida por um compressor injetor A e retorna para o primeiro efeito Be para 0 pré-aquecedor C. O resto deste vapor vai para o segundo efeito D. Os vapores gerados no segundo efeito, mais 08 vapores nao-condensaveis das duas unidades do evaporador, vao parao condensador barométrico E paraa descarga final. No detalhe da figura aparecem mindcias, do proprio evaporador. Neste sistema 0 vapor gerado na vaporizagéo avanca com o liquido, quer ascendendo, quer descendendo, provacando a formacao de uma peli- cula liquida turbulenta contra as superticies de transfe- réncia térmica, conforme descrevemos em passagem an- terior. Na Fig. 19.21 esta o fluxograma esquematico de um evaporador com recompressao que utiliza a compressio mecanica do vapor. Neste caso, 0 compressor esta locali zado no topo do casco do evaporador, para impedir per- das térmicas em tubulagdes externas. O principio da ope- ragdo aparece na Fig. 19.22, onde 0 ciclo efetuado apa- rece no diagrama da pressao contra a entalpia, para a agua. Em A, agua é evaporada no evaporador e se trans- forma no vapor saturado de 8. Este vapor ¢ comprimido a0 longo do processo 8-C e o trabalho efetuado pelo — ] Detae Fig. 19.20 Fluxograma de um sistema evaporador a pelicula turbulenta, astendente e descendente, a dupia efeito, com re- compressio térmica, Os detalhes do evaporador estdo aparentes fa vista ampliada. (Cortesia da Butlovak Division, Blaw-Knox Food & Chemical Equipment, Inc., uma das industrias White Consolidated.) Motor Compressor 7 Trocaor de aoe para'o vapor (evgoredor) ala de controle i vara [ Regulator de pressio Entrada acre Fuximetio Saids do estado Bomb do destado Fig. 19.21 Diagrama esquematico de um evaporador com re- compressio de vapor, usado para produzir Agua pura a partir de salmoura, 5 ‘compressor é He ~ Ha, Se a compressao for adiabatica. O vapor comprimidoemC entra nacaixade vapor, ondecon- densa, liberando entalpia para o liquido evaporante. O ‘condensado, no ponto D, deixa a unidade, através de um trocador de calor onde se aquece a carga inicial. O calor liderado pelo vapor condensante (He — Ha) deve ser suti- ciente para evaporar uma quantidade igual de liquido, ou seja, (Ha ~ Hy), para cobrir todas asperdastérmicas. Adi- ferenga —AT disponivel no trocadoré a que existe entre a solugao fervente, sob pressdo baixa, e 0 vapor conden- sante, sob pressio elevada. Com este método, podem ser conseguidas evaporacées equivalentes a 15 ou mais es- tagios de evaporacdo. Nos Estados Unidos, estes sistemas s4o usados so- mente em aplicagées especiais em virtude de tiversas desvantagens mecanicas e econdmicas. 1. O compressor é uma unidade cara e sujeita a ele- vados custos de manutencao, maiores que os do restante do sistema evaporador. 2. Nas faixas razoaveis de operagao, a diferenga —AT Vapor satrado Logartm da pressio Etapia Fig. 19.22 Diagrama esquematico de pressdo-entalpia para a gua, mostrando 0 ciclo de operagao de um evaporador com recompressio de vapor. que se obtém pequena, da ordem de 10°F. Por isso, 0 equipamento do evaporador deve ser grande, a fim de se ter uma taxa razodvel de produgao. Valores mais elevados de —AT poderiam ser obtidos com uma razao de compres- sdo mais elevada, mas a eficiéncia seria proporcional- mente diminuida 3, Um evaporador com recompressao nao pode ser posto em funcionamento sem 0 uso de vapor de agua auxiliar ou de uma fonte térmica. 4, Se a solugdo tem uma EPE grande, 0 custo da recompressdo cresce rapidamente, pois 0 vapor tem que ‘ser comprimido a uma tal pressio que a sua temperatura de saturacdo est acima da temperatura em que a solucao ferve. Numa situagao de elevados custos de combustivel, mas de energia elétrica barata, a evaporacao com recompres- s40 6 econémica e por isso é adotada. Nos Estados Uni- dos, os custos dos combustiveis so baixos em relagao aos custos da energia elétrica e, possivelmente, continua- ro a ser acoplados uns com os outros; a evaporagao com recompressao nao 6, em geral, atrativa. Em bases milita- res avancadas, ou em embarcacées, é usada regular- mente para o fornecimento de égua potavel. Na Europa, 0 ‘combustivel é relativamente escasso e caro, enquanto a energia hidrelétrica é bastante barata, em certas areas. Por isso, existem grandes plantas de evaporagéo com recompress4o operando em industrias quimicas euro- péias, Integragao dos evaporadores na economia geral da usina A necessidade de economia na geragao de vapor de gua impde uma integragao cuidadosa do evaporador na economia geral da usina. As condicdes econémicas ge- rais fixarao a presséo de vapor disponivel numa planta onde 0 vapor de dguaé comprimido alta pressaoeusado numa turbina de geracao de energia elétrica. A economia do processo pode também fixar as condigdes do pré- aquecimento da carga e a temperatura de saida do pro- duto, bem como realcar as vantagens de um modelo de- terminado de carga ou da drenagem de parte do vapor ‘num certo ponto ou em mais de um ponto, entre os efei- tos, para ser usado com outra finalidade num sitio diverso da usina, Este procedimento possibilita a utilizagao do evaporador como equipamento eficiente de geracao de vapor a baixa pressio, quando se dispée de vapor a alta pressao. A vantagem da drenagem de vapor de agua de um evaporador e ndo apenasa simples expanséo do vapor a alta presso, est4 na evaporacao “livre” conseguida pelo evaporador. A desvantagem ¢ a de que o vapor ge- rado pode conter quantidades diminutas de sal ou de outras impurezas que podem promover a corrosao do equipamento onde o vapor for utilizado. Incrustagées ‘Além dos problemas usuais de controle e de manu- tencéo de processos, 0 operador de um evaporador en- frenta algumas vezes uma séria perda de capacidade pro- veniente do depésito de sblidos que se formam na evapo- ragao da solugao, sobre as superficies de troca térmica Este problema é particularmente agudo quando o mate- rial evaporante tem “solubilidade invertida’” — isto é, tem a solubilidade decrescente com o aumento da tempera- tura. Quando uma destas solug6es passa pelos tubos de um evaporador, 0 material que fica mais préximo das paredes dos tubos 6 aquecido a uma temperatura mais elevada que o material no centro dos tubos. Quando a solugdo tem uma temperatura geral vizinha da tempera- tura de saturagao, 0 fluido préximo a parede pode ficar suficientemente aquecido para que a concentracao de saturacdo seja menor que a concentragao existente na solugdo. O sélido que é entao precipitado adere & parede do tubo, 0 que provoca um aumento subsequente de temperatura, acarretando ainda uma precipitacdo suple- mentar. As solugdes de sulfato de sédio (ver as Figs. 19.27 @ 19.28) e de sulfato de céicio esto entre as que apresen- ‘tam solubilidade invertida e tém este comportamento. As incrustagées que se formam aderem fortemente a super- ficie do tubo e devem ser, a0 cabo, removidas. Os méto- dos de remogao incluem a abertura do evaporador e 0 broqueamento dos tubos com uma ferramenta especial de limpeza, e a lavagem do evaporador com uma solugao 4cida diluida. As incrustagdes podem ser, em alguns ca- ‘sos, bastante reduzidas pela manutengdo da fase sdlida Suspensa no liquid evaporante, com o que se propicia uma ampla superficie para a cristalizagao no seio da pré- ria suspensao dos cristalitos. A operacao das solugées incrustantes ¢ mais conve- niente quando a velocidade do fluido através dos tubos grande. A turbuléncia assim provocada, ao mesmo tempo que obsta a deposigao de incrustagdes nas paredes, tam- bém reduz a variagao de temperatura transversalmente a0 tubo. Para este servico, os evaporadores com circulagao sao 0s mais convenientes. No entanto, mesmo com velo- cidades de circulagao elevadas, hd formacao de depési- tos que devem ser removidos. Num modelo de evapora- dor, a remogdo de incrustacdes ¢ realizada permutando- se periodicamente 08 fluxos de solucao e de vapor de ‘agua nos dois lados do trocador do evaporador. Desta forma, as superficies onde se depositam as incrustaces de uma solugao fervente séo lavadas posteriormente pelo ‘condensado do vapor de Agua. Os trocadores de calor sao feitos com tubos de seco quadrada, dispostos numa ‘configuragao enxadrezada, de modo queas passagens da ‘solugdo e do vapor séo essencialmente iguais. Muitas ‘solugdes que contém matéria organica provocam depési- ‘tos que nao sao verdadeiras incrustagdes. Quando as ‘condigdes operacionais se mantém constantes, a deza da deposicao de incrustagdes deve ser proporcional {a quantidade de calor transferido através da superficie, desde 0 inicio da operagao. O coeficiente global de transmissao de calor deve diminuir & medida que as in- ‘crustagées se acumulam, pois é uma resisténcia a a transferéncia de calor que se insere em série com as outras resisténcias ja presentes. Na base destas conside- ragées, 1 1 Roth, 1 —+ um +2? (19,9) onde U = coeficiente global de transmissao de calor no instante @ depois do inicio da evaporago Us = coeficiente global de transmissao de calor no inicio da evaporagao resisténcia a transferéncia de calor, existente Ry no inicio da evaporagao esisténciaa transferénciade calor, resultante da formagao de depdsitos de sujeiras Q = quantidade total de calor transferida desde instante 0 até o instante ma constante R, A taxa de transferéncia de calor em qualquer instante (9) 6 dada pela equacao bisica da cinética como aa a9 Arelacdo entre o coeticiente global (U) e 0 tempo (9) pode ser obtida eliminando-se Q entre as Eqs. 19.8 @ 14.31 Resolvendo a Eq. 19.9 em Q e diferenciando o resultado ver q UA(—AT) (14.31) (19.9a) Esta relagao, inserida na Eq. 14.31, leva ao resultado que se deseja, sob forma diferencial, —dU Oy -Al-ANa a0 (19.10) Integrando entre os limites 8 = 0 ¢ 0 =0 se tom u dU o ~ I gan & Aare ae ay-teatanai2 (19.11) U2 Ue OA 2 AEq. 19.11 mostra que um grafico de 1/U2, plotado contra 00 de evaporagao, para uma solugdo que forma incrusta- oes verdadeiras, deve ser uma linha reta. Se isto for verdade, a dependancia de U com o tempo pode ser en- contrada a partir dos valores do coeficiente global em dois instantes depois da partida da operacao. Esta infor- magao, associada ao conhecimento do intervalo de tempo necessério para limpar os tubos, permite que 0 engenheiro determine 0 intervalo étimo de operacao entre dois periodos de parada. CRISTALIZAGAO Em muitos casos, 0 produto comercializéval de uma usina deve estar na forma de particulas sdlidas, Quando o proceso de fabricacao leva a uma solugao, 0 sélido pode ser obtido, da forma mais conveniente, pela concentragao da solugdo até a saturacao e pela formacdo de cristais da solugao. Em toda a hist6ria da industria quimica moderna ‘se tém produzido cristais mediante métodos que vao des- de os mais simples, como o de se deixarem arrefecer tabuleiros contendo solugées concentradas quentes, até 0s mais complexos, como os processos de cristalizagao

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