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MEDLAB – 14 de fevereiro de 2019

Equilíbrio Ácido-base
INTRODUÇÃO:
 A homeostasia depende de inúmeras reações químicas, e estas reações dependem de vários
fatores, entre os quais o pH; apenas variações tênues de ácidos e bases são toleradas;
 O pH do sangue varia de 7,35 a 7,45 de acordo com diversas variáveis, como alimentação,
respiração, metabolismo, excreção e etc;
 Ácidos ou base são adicionados nos líquidos corporais pela ingestão ou como resultado do
metabolismo celular;
DISTURBIOS DO EQUILIBRIO ÁCIDO-BASE:
 O equilíbrio depende de reações para a correção dos desvios da homeostase;
 O corpo na tentativa de neutralizar a carga ácida devido o excesso de H+ no fluido extracelular
usa-se três estratégias:
o Ação dos tampões do organismo;
 Tampão ácido carbônico;
 Tampão de fosfato;
 Tampão de proteínas;
 Tampão de hemoglobina das hemácias;
o Regulação respiratória;
o Regulação do sistema renal;
 Relação fatores-tempo-potência

Fatores Tempo de Regulação do Potência Atuação


Reguladores ajusto do pH por através de:
equilíbrio liberação ou
ácido-base captação de:
Sistema Ação imediata H+ 3ª Tampão de
Tampão bicarbonato,
fosfato e
proteína
Regulação Ação em CO2 2ª Centro
respiratória minutos respiratório:
estimula ou
inibe a
ventilação
Regulação Ação de horas HCO3+ 1ª Reabsorção ou
Respiratória a dias não de
bicarbonato e
excreção ou
não de ions de
hidrogênio
 Esquema representando a neutralização de excesso de ácido no organismo:
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MECANISMO REGULADOR RESPIRATÓRIO:


 O controle respiratório é essencial para a manutenção da pCO2 em níveis fisiológicos, portanto,
distúrbios respiratórios resultam em maior eliminação ou retenção de CO2;
 A regulação respiratória é feita exclusivamente através da regulação do dióxido de carbono;
 Alterações da ventilação alveolar podem interferir com o metabolismo celular, assim:
o Aumento da FR (taquipneia) leva a diminuição da pCO2 e o aumento da pH arterial
(alcalose respiratória primária ou compensadora)
o Diminuição da FR (bradpneia) eleva a pCO2 e causa redução do pH arterial (acidose
respiratória primária ou compensadora);
 Parâmetros:
Parâmetro Função Valores de Observações
referência
PaO2 Avalia a troca de 80 – 100 mmHg Temos uma
oxigênio alvéolo- situação de
capilar hipoxemia com
uma situação de
PaO2 estiver <
80mmHg em ar
ambiente, estando
seus valores
normais na faixa
entre 80-
100mmHg.
PaCO2 Avalia a ventilação 35 – 45 mmHg Valores > 45
alveolar (volume de mmHg demostram
ar) hipoventilação e
retenção de CO2, e
valores < 35mmHg
demostram
hiperventilação
alveolar.
Saturação de O2 Representa a 95 – 97 % Importante lembrar
porcentagem de que na gasometria,
hemoglobina ligado a Saturação de
ao O2; Oxigênio é
calculada a partir da
PaO2 sanguínea,
podendo diferir do
valor da Oximetria
de Pulso, que
calcula a saturação
de maneira direta.
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MECANISMO REGULADOR RENAL
 Os rins excretam cerca de 50 mEq por dia de H+ em condições fisiológicas;
 A eliminação desse ácido e o controle do bicarbonato plasmático são feitos pelo rim por meio
de vários mecanismos:
 Reabsorção de bicarbonato do ultrafiltrado glomerular;
 Todo bicarbonato filtrado é reabsorvido até o limiar renal desse ânion; cerca
de 3,2 mEq/min e corresponde à concentração de bicarbonato plasmático de
± 27 mEq/L.
 Uma elevação na concentração de bicarbonato no plasma ocasiona eliminação
desse excesso pela urina;
 Na luz tubular o bicarbonato filtrado neutraliza o H+ secretado pelas células
tubulares renais e o H2CO3 formado decompõe-se em H2O + CO2, que se
difunde para a célula tubular.
 Por ação da anidrase carbônica forma-se novamente H+ e HCO-3º, e assim, o
H+ é secretado e trocado pelo sódio que, junto com o HCO-3, difunde-se para
o interstício e plasma, "reabsorvendo" assim o bicarbonato e sódio filtrado.

 Regeneração do bicarbonato consumido;


 Na neutralização do ácido fixo produzido ou introduzido no organismo,
consome-se o tampão de bicarbonato;
 A restauração desse tampão, que representa cerca 45% da capacidade tampão
total, é uma das funções do rim para a manutenção do pH;
 Nos rins, a eliminação do H+ pela ação do tampão fosfato libera sódio e
regenera o bicarbonato por meio das reações esquematizadas;
 A quantidade de íons H+ eliminados pelo fosfato e por outros tampões
orgânicos como creatinina e beta-hidroxibuciraro é chamada de acidez
titulável.
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 Excreção de H+
 Pequenas quantidades de H+ livre podem ser eliminadas na urina, mas são
pouco significativas para a eliminação do ácido do organismo;
 Produção de amônia
 O outro mecanismo renal de conservação de base e excreção de ácido muito
eficiente é a produção de amônia (NH3) pelas células tubulares.
 A glutamina é a principal fonte de amônia que, ao reagir com o H+, produz
amônia, sendo excretado na urina ligado ao cloro;

DISTURBIOS ÁCIDO-BASE
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Distúrbio Acidose Alcalose Acidose Acidose


metabólica metabólica respiratória metabólica
Alteração Diminuição da Aumento da Aumento da Redução da
concentração concentração PCO2 PCO2
de HCO3- (por -
de HCO3 (Pela
aumento do H+ perda do H+
fixo ou por fixo ou ganho
perca de HCO3- de HCO3-)
)

ACIDOSE:
 A acidose ocorre quando a concentração de íons de hidrogênio livres nos líquidos do
organismo está elevada e, consequentemente, o pH, medido no sangue arterial, está abaixo
de 7,35;
ALCALOSE
 A alcalose ocorre quando a concentração de íons de hidrogênio livres, nos líquidos do
organismo está reduzida e, consequentemente, o pH, medido no sangue arterial, está acima
de 7,45;
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MECANISMOS COMPENSATÓRIOS:
 Como visto existe quatro alterações primárias do equilíbrio ácido-básico e cada um dos
quatros distúrbios simples podem desencadear uma resposta compensatória que direciona no
parâmetro oposto;
 Essa resposta compensatória tende a manter os níveis do pH sanguíneo mais próximo possível
do normal, porém sem conseguir normaliza-lo:
o Os distúrbios metabólicos levam a compensações respiratórias;
o Os distúrbios respiratórios levam a compensações metabólicas;
 Porém, há situações em que duas ou mais anormalidades estão presentes, caracterizando os
distúrbios acidobásicos mistos. Este ocorre quando o grau de compensação não é adequado
ou quando a resposta é maior que a esperada.
 Para a identificação de casos de distúrbios mistos ou não, lançamos mãos de cálculos dos
limites de compensação esperados em cada caso;
 O diagnóstico das alterações do equilíbrio ácido-básico é feito pela análise dos valores
obtidos na gasometria arterial;

ANION GAP:
 Uma análise que auxilia no diagnóstico de uma possível acidose é o cálculo do anion GAP;
 A necessidade de manter a eletroneutralidade faz que o número de cátion no plasma seja o
mesmo que o número de ânions; Os cátions são representados principalmente pelo sódio
(Na+), e os ânions pelo cloro (Cl-) e pelo bicarbonato (HCO3-)
 Porém, há outros ânios que não são dosados habitualmente, mas que contribuem para a fração
aniônica do plasma, entre os quais: proteínas, lactato, fosfato e sulfato;
 Essa fração é identificada ao se verificar que a soma dos ânions medidos não é igual a
dosagem de sódio.
 O valor habitual do anion gap é em torno de 10 mEq/l, logo:
Anion gap = Na+ - (Cl- + HCO3-) = 10 mEq/l
 Assim, na acidose metabólica, seja inicialmente por um aumento do hidrogênio ou
diminuição dos níveis de bicarbonato, teremos, invariavelmente, uma diminuição do HCO3-
;
 Com o bicarbonato diminuído, algum componente do lado negativo (aniôn gap ou cloro) deve
estar aumentado para o equilíbrio se manter;
 Assim temos:
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o Acidose metabólica hiperclorêmica (aniôn gap normal): devido a perda de
bicarbonato
o Acidose metabólica normoclorêmica (aniôn gap aumentado): devido ao aumento
dos níveis de H+;
 Usa-se o mnemônio CULT para demostrar as etiologias de acidose metabólica
normoclorêmica:
o C – Cetoacidose: Ocorre uma cetoacidose devido a produção excessivas pelo fígado
de cetoácidos;
o U – Uremia: Devido a uma depilação da função renal há um acúmulo de substâncias
habitualmente eliminadas no sangue, levando a estado de uremia;
o L – Acidose láctica: Aumento decorrente de um processo isquêmico, que leva a
produção de ácido láctico;
o T – Tóxicos: Pode acidose decorrente da ingestão de tóxicos;
 Em relação a acidose metabólica hiperclorêmica, temos perda de bicarbonato e dessa forma
o rim retém cloro para compensar;

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