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APOSTILA DO

CURSO BÁSICO DE
DIREITO
ADMINISTRATIVO
ESSA APOSTILA TEM COMO OBJETIVO RESSALTAR OS
PRINCIPAIS TEMAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO.
AQUELES QUE SÃO COBRADOS CONSTANTEMENTE PELAS
BANCAS EXAMINADORAS.

PROF: MARIELE BATISTA


1. CONCEITO DE ESTADO

O conceito de Estado varia conforme o ângulo em que é considerado. Para nossos fins
interessa o prisma constitucional: Estado é pessoa jurídica territorial soberana. É uma nação
politicamente organizada, dotada de personalidade jurídica própria. Possui natureza jurídica
de direito público e é sujeito de direitos e obrigações.

Estado de direito: É o estado politicamente organizado e que obedece às suas próprias


normas. O estado de direito deve ser um ente soberano, ou seja, deve possuir independência
na ordem internacional e supremacia na ordem interna.

Soberania: No âmbito interno, é o poder supremo consistente na capacidade de


autodeterminação e, no âmbito externo, é a prerrogativa de receber tratamento igualitário na
comunidade internacional. Disso decorre, por exemplo, a imunidade diplomática.

Obs: Pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à


consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e
obrigações.

2. ELEMENTOS DO ESTADO

A) TERRITÓRIO: É o espaço físico em que o Estado exerce sua soberania. Inclui o solo, o
subsolo, as águas interiores, o mar territorial e o espaço aéreo.

B) POVO: conjunto de indivíduos ligados ao Estado pelo vínculo político-jurídico da


nacionalidade.

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C) GOVERNO: Será visto adiante.

- GOVERNO

Governo é elemento condutor do estado, que detém e exerce o poder absoluto, de


autodeterminação e auto-organização. É representado pelo conjunto de órgãos e as
atividades que eles exercem no sentido de conduzir politicamente o Estado, definindo suas
diretrizes supremas. Não se confunde com a Administração Pública em sentido estrito, que
tem a função de realizar concretamente as diretrizes traçadas pelo Governo. Portanto,
enquanto o Governo age com ampla discricionariedade, a Administração Pública atua de
modo subordinado.

3- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A palavra "administrar" significa não só prestar serviço, executá-lo, mas também dirigir,
exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil; e até, traçar um programa de
ação e executá-lo.

Basicamente, são dois os sentidos em que se utiliza mais comumente a expressão


Administração Pública:

a) em sentido subjetivo, formal ou orgânico: designa as pessoas jurídicas, órgãos e


agentes públicos incumbidos de exercer a função administrativa em qualquer um dos
Poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário;

b) em sentido objetivo, material ou funcional: designa a natureza da atividade exercida


pelos referidos entes; nesse sentido, a Administração Pública é a própria função
administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo. Nesse sentido a
Administração Pública abrange:

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I) fomento: atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada. São atividades de
fomento: auxílios financeiros ou subvenções, financiamentos, favores fiscais e
desapropriações que favoreçam entidades privadas sem fins lucrativos;

II) polícia administrativa: atividade de execução das restrições impostas por lei ao exercício
da liberdade e da propriedade em benefício do interesse coletivo. Ex.: limite de velocidade
nas estradas;

III) serviço público: toda utilidade material que a Administração Pública executa, direta ou
indiretamente, para satisfazer as necessidades coletivas. Ex.: serviços de água, luz e
telefone;

IV) "intervenção administrativa: compreende a regulamentação e fiscalização da atividade


econômica de natureza privada, bem como a própria atuação direta do Estado na atividade
econômica, nos termos do art. 173 da Constituição Federal , normalmente por meio de
empresas públicas e sociedades de economia mista" (Alexandrino e Paulo, 2008, p. 17-18).

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4-CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É um conjunto harmônico de princípios e regras, chamado hoje de Regime


Jurídico Administrativo, que regem os órgãos, agentes e a atividade administrativa
tendentes a realizar de forma direta, concreta e imediata os fins desejados pelo estado.

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5 - PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO


CONCEITO: São regras que surgem como parâmetro para a interpretação das
demais normas jurídicas. O art. 37 da CF traz os cinco princípios mínimos que a
Administração (direta, indireta) deve obedecer (LIMPE), mas além desses existem
diversos outros princípios no ordenamento.

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Celso Ântonio Bandeira de Mello entende que a caracterização do Direito
Administrativo e a base de seu regime jurídico se delineiam em função da consagração de
dois princípios, por ele denominados como pedras de toque: o Princípio da Supremacia do
Interesse Público e o Princípio da Indisponibilidade do Interesse Publico, dos quais se
extraem inúmeros princípios.

A) Princípio da Supremacia do interesse público – A Administração terá uma posição


privilegiada em face dos administrados. É o princípio que determina privilégios jurídicos e
um patamar de superioridade do interesse público sobre o particular;

B) Princípio da Indisponibilidade do interesse público – Limita a supremacia, o


interesse público não pode ser livremente disposto pelo administrador que,
necessariamente, deve atuar nos limites da lei. Assim, esse princípio serve para limitar a
atuação do agente público.

- Princípios constitucionais do Direito Administrativo:

Art 37, caput, CF - A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

A) Princípio da Legalidade: É a base do Estado Democrático de Direito e garante que


todos os conflitos serão resolvidos pela lei (art. 5º II, CF).

– Devemos distinguir a legalidade:

I) para o direito privado – Neste caso as relações são travadas por particulares
visando seus próprios interesses – eles poderão fazer tudo aquilo que a lei não proibir,
prestigia a autonomia da vontade (relação de não contradição com a lei).

II) para o direito público – Tendo em vista o interesse da coletividade que representa,
a Administração só pode fazer aquilo que a lei autoriza (relação de subordinação com a
lei).
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B) Princípio da Impessoalidade: O administrador deve agir de forma impessoal,
como ausência de subjetividade, sem buscar interesses próprios. A Administração Pública
tem que agir objetivamente em prol da coletividade

Os atos administrativos são impessoais e não são atribuídos ao servidor, mas sim à
pessoa jurídica a que ele está vinculado.

A CF representa aplicações concretas desse princípio:

- concurso público

-licitação.

C) Princípio da Moralidade: Não basta que as atividades da Administração estejam de


acordo com a Lei, elas devem ser conduzidas com Lealdade, Ética e Probidade.

D) Princípio da Publicidade: É a transparência no exercício da atividade


administrativa.A administração deve informar a todos os administrados os atos por ela
praticados, já que representam os nossos interesses.
AUSÊNCIA DE PUBLICIDADE: O ato terá seus efeitos anulados. Publicidade é
condição de EFICÁCIA do ato.
A CF proíbe a publicidade que faça propaganda pessoal do administrador. A
propaganda das obras é necessária, mas sem vínculo nenhum à pessoa do administrador
(não pode ter símbolos, imagens e expressões que caracterizem propaganda pessoal).

Exceções:

I) art. 5º, XXXIII – garante o sigilo para segurança da sociedade e do Estado;

II) art. 5º, X - direito à intimidade , vida privada, honra e imagem das pessoas;

III) art. 5º LX – ações que devem correr em segredo de justiça;

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E) Princípio da Eficiência: (inserido no texto constitucional pela EC 19/98 – já existia no
ordenamento, mas não com esta roupagem) A atuação da Administração deve ser:
Rápida: Celeridade, descongestionar e desburocratizar.
Perfeita: Completa, Satisfatória.
Rentável: ótima, máxima com menor custo.
Esse princípio tem como objetivos:

I) racionalizar a máquina administrativa;

II) aperfeiçoa a prestação do serviço público;

OBS: atuar com eficiência é atuar de modo adequado frente aos meios que possui e aos
resultados obtidos (meio e resultados eficientes).

Demais Princípios do Direito Administrativo


A) Princípio da isonomia – (igualdade) É tratar os iguais de forma igual e os desiguais de
forma desigual, na medida de suas desigualdades. (a dificuldade é fixar quais são os
parâmetros).
Para avaliar se há ou não discriminação temos dois elementos:

I) fator de discriminação

(II) objetivo da norma

- quando o fator de discriminação utilizado no caso concreto estiver de acordo com o


objetivo da norma não se fere o princípio da igualdade (a discriminação é validade) – ex.
concurso de salva vidas – no edital exclui os deficientes físicos. Neste caso o fator de
discriminação está de acordo com o objetivo da norma.

B) Princípio da Autotutela - A administração possui a prerrogativa de controlar e rever


seus próprios atos, apreciando-os quanto ao mérito (oportunidade e conveniência) e quanto
à legalidade.

O controle interno será feito da seguinte maneira:


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- REVOGAÇÃO – Extinção do ato administrativo legal em razão de inconveniência ou
inoportunidade. É feito apenas pela administração com efeitos EX NUNC.
- ANULAÇÃO – Extinção do ato em razão de ilegalidade, podendo ser feita pela
administração ou pelo judiciário, com efeitos EX TUNC.

C) Principio da Presunção de Legitimidade


Trata-se de presunção relativa, “iuris tantum”, isto é, admite prova em contrário, cabendo
o ônus probatório a quem alega a ilegitimidade, o que normalmente é feito pelos
administrados.
Conseqüência prática da presunção: As decisões administrativas são de execução
IMEDIATA e têm a possibilidade de criar obrigações para o particular,
independentemente de sua concordância.

C) Princípio da Especialidade
Relacionado com a descentralização administrativa. Determina que pessoas jurídicas da
Administração Indireta, criadas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, devem
agir de acordo com a finalidade que lhes foi definida em lei. Ex: Autarquia criada para fins
educacionais não pode atuar na área da saúde.
A lei que cria as pessoas da administração indireta é que definirá quais são suas
finalidades específicas. Essas consequentemente só podem ser alteradas por lei, NUNCA,
pelo administrador.

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6 - ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


I- Formas de Prestação da Atividade Administrativa:
A- Direta ou Centralizada – quando estiver sendo prestado pela Administração direta do
Estado;

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B- Indireta ou Descentralizada – ocorre quando não estiver sendo prestada pela
Administração direta do Estado, esta o transferiu, descentralizou a sua prestação para a
Administração indireta ou terceiros fora da Administração.

** Modalidades de descentralização:

a) por outorga – O Poder Público transfere a titularidade mais a execução do serviço. Só


pode ser feita através de lei e para as Pessoas Jurídicas de Direito Público da
Administração Indireta.

b) por delegação – Transfere somente a execução do serviço, o Poder Público mantém a


titularidade. Pode ser feita a qualquer um (Administração Direta, Indireta, particulares).
Pode ser feita por:
-Lei (Legal): quando for para Pessoas Jurídicas de Direito Privado da Administração
Indireta(Empresas Públicas, Sociedade de Economia Mista).

-Contrato (contratual): quando a delegação for para particulares


(concessionárias,permissionárias, organizações sociais e todos que prestem atividade
administrativa).

ATENÇÃO!!!

DESCENTRALIZAR é tirar do centro e transferir um serviço da Administração direta


para terceiros, podendo estes estar dentro ou fora da Administração.

DESCONCENTRAR – é transferir a prestação de um serviço de um órgão para outro


dentro da própria Administração. A atividade é distribuída dentro do próprio núcleo, da
própria Pessoa Jurídica. Há hierarquia e subordinação.

II- ÓRGÃOS PÚBLICOS:

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- São centros de competências instituídos para o desempenho das funções públicas. Não
podem celebrar contrato, uma vez que não possuem Personalidade Jurídica, por isso
não têm aptidão para serem sujeitos de direitos e obrigações. Mas podem ir a juízo, em
busca de suas prerrogativas funcionais, sempre como sujeitos ativos.
- Têm CNPJ.
- É possível a existência de órgão público na Administração direta e na indireta (Lei
9784/99).

III- ADMINISTRAÇÃO DIRETA: É formada por pessoas políticas dotadas de


personalidade jurídica próprias de direito público e com competências legislativa,
administrativa, financeira, dentre outras. São elas:
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

IV- ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: Possui Personalidade Jurídica Própria (tem


aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações), é responsável pelos próprios atos e os de
seus agentes.
-Não existe relação de hierarquia entre Administração Direta e Indireta.
-Possui patrimônio, recursos próprios, autonomia técnica, financeira (decide como vai
aplicar o dinheiro), e administrativa. Só não tem autonomia legislativa.
As pessoas da Administração Indireta são:

a)AUTARQUIAS
Conceito:
Pessoa Jurídica de Direito Público que como finalidade a prestação de atividades típicas
do Estado, com autonomia administrativa, técnica e financeira, mas sem capacidade
legislativa. São criadas e extintas por lei ordinária específica.
Finalidade: vinculada à finalidade para a qual a Lei a criou. Não são criadas para visar
o Lucro.

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**ESPÉCIES DE AUTARQUIAS:

a.1) AUTARQUIAS DE REGIME ESPECIAL (conhecidas como AGÊNCIAS


REGULADORAS)
1.Finalidade:
Regular, Fiscalizar, Disciplinar, Normatizar determinadas atividades. Não é atividade
nova, antes era exercida diretamente pelo Estado.
2.Capacidade Legislativa: Não a tem, não podendo, de tal sorte, legislar. Têm o papel de
complementar as leis, com normas técnicas específicas de sua atuação.
3.Regime Especial: Têm mais autonomia, liberdade normativa, liberdade econômica e
financeira.
4.Nomeação de Dirigentes: Presidente nomeia com prévia aprovação do Senado. É
investidura ou nomeação especial, porque depende de prévia aprovação do Senado.

5.Mandato com Prazo certo e determinado: A Lei de criação de cada Autarquia de


regime especial irá determinar o prazo do mandato (máximo.de 04 anos).
6.Vedação (Quarentena): Quando o dirigente sai do cargo, deve ficar 04 meses ou 01 ano
(a depender da lei da autarquia especial) sem poder atuar na área de atuação da
Agência Reguladora.

a.2) AGÊNCIA EXECUTIVA:


1)São Autarquias ou Fundações Públicas que precisam se reestruturarem, se
modernizarem, e para isso elaboram um plano de reestruturação.
2)Contrato de Gestão: Celebrado entra uma Autarquia ou Fundação Pública e o Poder
Público. Serve para dar mais autonomia ou recurso público.
3)O título de Agência Executiva é temporário, findo o contrato de gestão, o ente que se
tornou agência executiva temporariamente voltará a ser autarquia ou fundação pública.
Ex.de ag.executiva: INMETRO.

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4)Liberdade Específica (só para agências executivas): Art.24, parágrafo único, Lei
8666/93: Dispensa de Licitação que ocorrerá em 20% do Valor do Convite, ou seja,
quando o valor da licitação for até R$30.000 ou R$16.000, a agência executiva estará
dispensada de licitação.Essa dispensa só vale para as autarquias e fundações públicas,
quando qualificadas como agências executivas.

b)FUNDAÇÃO PÚBLICA
São instituídas e constituídas pelo Poder Público, fazendo parte da Administração.
Obs.: Quando forem constituídas pela iniciativa privada, não serão Fundação Pública.

b.1) FUNDAÇÃO PÚBLICA de DIREITO PÚBLICO:


1)Natureza Jurídica:
Regime de Dir. Público. É uma espécie de autarquia e faz parte da Fazenda Pública. Tem
todos os privilégios e obrigações de uma autarquia.

b.2)FUNDAÇÃO PÚBLICA de DIREITO PRIVADO (fundações governamentais)a)


1)Natureza Jurídica: Regime de Direito Privado,derrogado parcialmente por algumas
normas de direito público.
2)Privilégio Processual:Não tem prazo especial de Fazenda Pública.
3)Tem sua Criação autorizada por Lei Ordinária; Lei Complementar deverá determinar a
finalidade das fundações públicas de direito privado.

c)EMPRESAS ESTATAIS
c.1) Empresas Públicas
c.2) Sociedade de Economia Mista

c.1) EMPRESAS PÚBLICAS


CARACTERÍSTICAS:
-É pessoa Jurídica de Direito Privado;

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-Irá prestar serviço público ou explorar atividade econômica;
-A criação será autorizada por lei;
-Têm capital exclusivamente público: Pode ser capital de vários entes da federação.
-Tem livre Constituição: Pode ser constituída por qualquer forma empresarial.
-Têm Foro Privativo: Justiça Federal ou Vara da Fazenda Pública.

c.2)SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA:


CARACTERÍSTICAS:
- Pessoa Jurídica de Direito Privado;
- Irá prestar serviço público ou explorar atividade econômica;
- A criação será autorizada por lei.
-Têm Capital Misto: O Capital do Ente Público deve ser a maioria do capital votante.
-Devem ser constituídas, obrigatoriamente, como Sociedades Anônimas.
c)Não têm foro privativo: Serão julgadas sempre na Justiça Estadual.

*** FINALIDADES das EP e das SEM:

A)Prestar Serviço Público: Quando forem prestadoras de serviço público, haverá


prevalência do Dir.Público sobre o Dir.Privado.

B)Explorar Atividade Econômica: Quando forem exploradoras de atividade


econômica,haverá prevalência do regime de Dir.Privado, com alguma influência do
Dir.Público.
Hipóteses em que o Estado poderá Explorar Atividade Econômica: (Art.173, CF)
1.Quando for necessário aos imperativos da Segurança Nacional.
2.Quando houver interesse coletivo, conforme o definido em lei.

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7 - ATOS ADMINISTRATIVOS
ATO ADMINISTRATIVO: É uma espécie de ato jurídico, é toda manifestação unilateral
de vontade da Administração, que agindo nesta qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor obrigações a ela
mesma e aos particulares.

- Requisitos ou elementos de validade do ato administrativo:

a) competência – prerrogativa para a edição de um ato, esfera de atuação;


b) forma – Admite-se somente a prescrita em lei. É a maneira de exteriorização dos
atos administrativos. Em regra são escritos (exceção: gestos do guarda de trânsito)
c) motivo – razões que justificam a edição do ato;
d) objeto – é ato em si mesmo considerado, é o que o ato decide, opina, certifica;
e) finalidade – única, o interesse público

OBS: a soma do motivo e do objeto denomina-se mérito do ato administrativo.


O Judiciário só pode rever os atos administrativos no tocante à legalidade dos mesmos,
não podendo reapreciar o mérito dos atos discricionários.

- Atributos do ato administrativo

a) Presunção de legalidade (de veracidade e de legitimidade) - o ônus da prova cabe a


quem alega a ilegalidade. Os atos administrativos possuem presunção relativa de
veracidade, de legalidade (iuris tantum) e por isso possuem aplicação imediata.

b) Auto-executoriedade (exigibilidade + executoriedade)

c) Imperatividade (coercibilidade) - não é atributo de todo ato, e sim dos atos que
encerram obrigações para os administrados. O administrado fica constituído em uma
obrigação, ainda que contra sua vontade..Os atos meramente enunciativos, os negociais,
não possuem esse atributo.

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** Classificação dos atos administrativos:

I) quanto aos destinatários:

a) gerais - atingem a coletividade como um todo.

b) individuais – trabalham com uma situação concreta, tem destinatários certos (ex.
decreto expropriatório, licença para edificação, permissão de uso)

II) quanto ao grau de liberdade:

a) vinculado – é aquele que estabelece um único comportamento possível de ser adotado


pela Administração diante de um caso concreto, não há margem de liberdade do
administrador (ex. aposentadoria por tempo de serviço)

b) discricionário – prevê mais de um comportamento possível a ser tomado pelo


administrador em um caso concreto, há margem de liberdade para que ele possa atuar com
base em um juízo de conveniência e oportunidade, porém sempre dentro dos limites da lei.
Ex. permissão de uso para colocação de mesas e cadeiras nas calçadas públicas.

III) quanto ao objeto:

a) ato de império – aqueles que a Administração pratica usando da sua supremacia sobre
o administrado, impondo obrigações de ordem unilateral ex. desapropriação.

b) ato de gestão – aqueles praticados pela Administração sem valer-se da sua supremacia
sobre os destinatários. São fundamentalmente regidos pelo direito privado, a
administração se afasta de suas prerrogativas colocando-se em pé de igualdade com os
particulares Ex. contrato de locação.

IV) quanto à formação


a) simples – é o que resulta da manifestação de vontade de um órgão da Administração
Pública, depende de uma única manifestação de vontade.

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b) composto - é aquele que depende de mais de uma manifestação de vontade que devem
ser produzidas dentro de um mesmo órgão (ex. ato que dependa da autorização de um
superior hierárquico)

c) complexo – é aquele que para se aperfeiçoar depende de mais de uma manifestação de


vontade, porém, essas manifestações de vontade devem ser produzidas em órgãos
diferentes.

OBS: diferença entre atos compostos e complexos: a manifestação de vontade dos atos
compostos provem de único órgão, já os atos complexos dependem de manifestação de
vontade de órgãos diversos.

V) outras classificações:

a) atos normativos: contêm comando geral visando a correta aplicação da lei. Detalhar
melhor o que a lei previamente estabeleceu. Ex. decretos, regulamentos

b) atos ordinatórios – visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta


funcional dos seus agentes (fundamento do poder hierárquico). Ex. instruções, circulares,
ordens de serviço.

c) atos negociais – contém uma declaração de vontade da Administração para concretizar


negócios com particulares, nas condições previamente impostas pela Administração
Pública. Ex. autorizações, permissões de uso, concessão de serviço.

d) atos enunciativos – são todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou


atestar um fato, ou então a emitir uma opinião acerca de um determinado tema. Ex.
certidão, emissão de atestado, parecer.

e) atos punitivos – são aqueles que contém uma sanção imposta pelo poder público em
razão da prática de uma infração de natureza funcional, imposta de forma unilateral.

- EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:

I- Pelo cumprimento de seus efeitos.


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II- Pelo desaparecimento do sujeito ou (subjetiva) do objeto ( objetiva).

III- Retirada do ato pelo poder público. As formas de extinção são:

a) CASSAÇÃO: É a retirada do ato do ordenamento jurídico, em virtude do


descumprimento, pelo seu destinatário, das condições impostas e que deveriam ser
cumpridas. Ex: retira licença de funcionamento de hotel por ter se transformado em boate.
b) CADUCIDADE: É a retirada do ato pelo poder público em razão da superveniência
de uma norma jurídica que impede a sua manutenção.
c) CONTRAPOSIÇÃO: Consiste na edição de um novo ato que, devido aos seus
efeitos, impede que um anterior continue existindo. São dois atos que decorrem de
fundamentos diversos, sendo que o segundo elimina o primeiro. Ex: Exoneração e
nomeação.
d) ANULAÇÃO: Consiste em um ato que tem o poder de supressão de outro ato, por
haver sido produzido em desconformidade com a ordem jurídica, tratando-se de ato
ilegítimo ou ilegal. O sujeito ativo será a administração ou o judiciário e em regra, o ato
ilegal produzirá efeitos “ex tunc”.

A anulação possui limite temporal:


-Em regra 5 anos para que os atos sejam anulados.

e) REVOGAÇÃO: A extinção de um ato ou de seus efeitos por razões de conveniência ou


oportunidade, respeitando os efeitos precedentes, por isso, em regra, produz efeitos “ex
nunc”.
Na revogação o ato é legal, cumpriu seus efeitos, porém não é mais conveniente e
oportuno, por isso cabe à Administração revogá-lo.
A revogação possui limite material:
- atos vinculados.
- atos que já produziram direitos adquiridos.
- atos que já expiraram.

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- atos declarados por lei como irrevogáveis.

** Ato nulo e anulável – para Hely Lopes Meirelles o ato atinge o interesse da
coletividade e é valido ou, se contrário será nulo. Para Celso Antônio B. de Mello e outros
doutrinadores há possibilidade de ato anulável. É o que contém um vício formal, não
atingindo a essência. O vício anulável atingirá a forma ou a competência.

ATENÇÃO!!!

I) CONVALIDAÇÃO – É a transformação do ato anulável em válido. Só pode recair


sobre a competência e a forma.

II) CONVERSÃO OU SANATÓRIA – É a oportunidade de um ato imprestável para uma


determinada finalidade, ser aproveitado em outra finalidade, para a qual apresente os
requisitos necessários (ex. transformar uma concessão, a princípio nula porque não há
autorização legislativa, em uma permissão que atingiria corretamente os fins desejados).

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8 -PODERES ADMINISTRATIVOS

Os poderes surgem como instrumentos através dos quais o poder público vai
perseguir seu interesse coletivo. São Poderes Instrumentais utilizados como meios para
satisfação do interesse público, enquanto dever da administração, sem os quais a mesma
não atuaria,

- Características:

a) é um dever OBRIGATÓRIO;

b) é IRRENUNCIÁVEL;

c) cabe RESPONSABILIZAÇÃO que pode ser:

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I) quando o administrador se utiliza dos poderes além dos limites permitidos por lei (ação)
ou

II) quando ele não utiliza dos poderes quando deveria ter se utilizado (omissão).

d) deve obedecer aos limites das leis que estabelecem a competência.

- Abuso de Poder – é o fenômeno que se verifica sempre que uma autoridade ou um


agente público embora competente para a prática de um ato ultrapasse os limites das suas
atribuições ou se desvie das finalidades anteriormente previstas.

- O abuso se subdivide em duas situações (modalidades):

a) excesso de poder: ultrapassa os limites de competência.

b) desvio de poder: desvia a finalidade anteriormente prevista em lei.

ESPÉCIES DE PODER:
a) Poder vinculado – estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo
administrador diante de casos concretos, sem nenhuma liberdade para um juízo de
conveniência e oportunidade (juízo de valores).

O ato que deixar de atender a qualquer dado expresso na lei será nulo, por ter se
desvinculado do seu tipo padrão, podendo ser declarado pela Administração ou pelo
Judiciário como nulo.

b) Poder discricionário - neste poder o administrador também está subordinado à lei,


diferencia do vinculado porque ele tem liberdade para atuar de acordo com um juízo de
conveniência e oportunidade, de tal forma que, havendo duas alternativas o administrador
pode optar entre uma delas, no seu entendimento, por aquela que preserve melhor o
interesse público.

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ATENÇÃO!!! Discricionariedade é diferente de arbitrariedade: discricionariedade é a
liberdade para atuar, para agir dentro dos limites da lei e arbitrariedade é a atuação do
administrador além (fora) dos limites da lei. O ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido.

Controle: os atos arbitrários devem ser apreciados pelo Judiciário,diferente do ato


discricionário, se for válido o Judiciário não poderá reapreciar o seu mérito (o juízo de
valor do juiz não pode substituir o do administrador – independência dos poderes).

c)Poder Hierárquico – é o poder conferido ao administrador para distribuir e escalonar as


funções dos seus órgãos , ordenar e reaver a atuação de seus agentes, estabelecendo uma
relação de hierarquia, de subordinação.

d) Poder Disciplinar – é o poder conferido à Administração que lhe permite punir, apenar
a prática de infrações funcionais dos servidores.

e) Poder Regulamentar – é o poder conferido ao Administrador para a edição de decretos


e regulamentos que oferecem fiel execução às leis.

f) Poder de Polícia:
I- Conceito: O Poder de Polícia é toda atividade administrativa exercida pelas entidades,
órgãos e agentes da Administração Pública para limitar e condicionar o exercício das
liberdades individuais e o uso, gozo e disposição da propriedade, visando adequá-los e
conformá-los aos interesses públicos e bem-estar geral da coletividade. Em direito, o
exercício do poder de polícia se refere a prática de um ente ou agente governamental de
executar serviços voltados ao registro, fiscalização ou expedição de algum ato.
O art. 78 do Código Tributário Nacional define fartamente Poder de Polícia:
Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato,
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes,
à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranqüilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

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Para Hely Lopes Meirelles, Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a
Administração Pública para condicionar e restringir o uso, o gozo de bens, atividades e
direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado .Refere-se ainda a
este Poder como o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para
conter os abusos do direito individual . Sua finalidade, então, é a proteção ao interesse
público.

II- Meios de atuação:

Os meios de que se utiliza o Estado para exercitar o poder de polícia são: Atos
normativos (lei) e atos administrativos unilaterais, quais sejam medidas preventivas
(fiscalização, vistoria, ordem, notificação, autorização, licença) ou medidas repressivas
(dissolução de reunião, interdição de atividade, apreensão de mercadorias deterioradas),
ambas com a finalidade de coagir o infrator a cumprir a lei. Mas o poder de polícia pode
ainda traduzir-se em ordens verbais ou ser amparado por aparato físico como por exemplo
um semáforo de trânsito.

III- Características gerais do poder de polícia:

Para que a administração pública consiga manter a ordem e o bem estar social
através do poder de polícia, este deve possuir atributos ou prerrogativas que auxiliem no
controle e manutenção da sociedade como um todo. Esses atributos são: auto-
executoriedade, discricionariedade e coercibilidade.

A auto-executoriedade é o poder que a administração pública tem de tomar


decisões executórias, ou seja, decisões que não precisam da autorização do poder
judiciário para serem realizadas, como por exemplo apreensões e interdições. Esse atributo
pode ser dividido em dois sub-ramos que são: a exigibilidade (meios indiretos de coação,
como por exemplo à multa) e a executoriedade, que só poderá ser exercida em caráter
urgente ou quando expressamente previsto em lei (meios diretos de coação como por
exemplo a apreensão de mercadorias). A partir deste atributo, a administração impõe

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diretamente sua vontade através de medidas ou sanções necessárias para conter a
conturbação social, buscando assim a normalização e pacificação do sistema.

A discricionariedade ocorre quando a própria lei confere margem de liberdade ao


administrador para analisar a situação separadamente, ou seja, a administração tem o
dever-poder de analisar o caso concreto. Isto ocorre porque o legislador não consegue
prevê todas as hipóteses ou situações em que deverá atuar. Nestes casos, ante o
aparecimento de lacunas jurídicas deixadas pelo legislador, a Administração terá que fazer
a própria análise, decidir qual o melhor meio, momento e sanção aplicável para a situação.
Contudo há casos que a lei determina que a Administração deva adotar soluções já pré-
estabelecidas, sem qualquer forma de discricionariedade, sem qualquer análise subjetiva
do caso. Neste caso, teremos o poder vinculado.

Quanto ao atributo coercibilidade, esta medida da polícia é dotada de força


coercitiva, podendo ser ainda classificada como sendo poder de polícia dotado de
atividade negativa ou positiva. Em sua maioria, as atividades realizadas pela administração
pública em face dos administrados são negativas, na qual os particulares sofrem uma
limitação em sua liberdade de atuação, abstenção a liberdade do particular, ou seja, uma
obrigação de não fazer, imposta pela própria Administração. Já no que diz respeito à
atividade positiva, esta desenvolverá uma atividade que vai trazer um acréscimo aos
indivíduos, isoladamente ou em conjunto. A Administração exerce uma atividade material,
que vai trazer um benefício ao cidadão.

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9-SERVIÇOS PÚBLICOS

São aqueles prestados pela Administração ou por seus delegados sob normas e
controles estatais para a satisfação do interesse público, ou seja, visando sempre os
interesses da coletividade, seja para atender concretamente as necessidades ou meras

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comodidades da coletividade e dos administrados, ou simples conveniências da própria
Administração

O titular dos serviços públicos é sempre a Administração.

- Formas de prestação dos serviços públicos:

a) Direta ou centralizada – quando estiver sendo prestado pela Administração direta do


Estado;

b) Indireta ou descentralizada – ocorre quando não estiver sendo prestada pela


Administração direta do Estado, esta o transferiu, descentralizou a sua prestação para a
Administração indireta ou terceiros, particulares fora da Administração.

- Modalidades de descentralização:

a) Outorga – quando ocorre a transferência da titularidade e da execução do serviço


público para as pessoas jurídicas de direito público da administração indireta.

b) Delegação – quando transfere só a execução do serviço público para as pessoas


jurídicas de direito privado da administração indireta, concessionárias e permissionárias.

- Princípio dos serviços públicos -

a) Continuidade - a prestação do serviço não pode interrompida, é atividade permanente,


contínua da Administração.
b) Cortesia
c) Eficiência
d) Segurança
e) Atualidade
f) Regularidade
g) Modicidade
h) Generalidade.

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CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
- a) próprios ou propriamente ditos :são os serviços públicos inerentes à soberania do
Estado, como a defesa nacional ou a polícia judiciária. São prestados somente pelo próprio
Estado, não sendo permitido, em hipótese nenhuma, a transferência.

b) utilidade pública ou impróprios – são os considerados úteis ou convenientes, como o


transporte coletivo e o fornecimento de energia. É possível a descentralização.

c) gerais – uti universi – são os prestados à sociedade em geral, como a defesa do


território. São indivisíveis, não sendo possível medir o quanto cada um utiliza. Devem ser
mantidos pela receita geral dos impostos.

d) específicos – uti singuli – individuais - são também serviços prestados a todos, mas
com possibilidade de identificação dos beneficiados. Podem ser:

I) compulsórios – são os serviços que não podem ser recusados pelo destinatário, se
remunerados, será por taxa. Admitem cobrança de taxa mínima pelo simples fato de o
serviço estar a disposição do indivíduo.

II) facultativos – são os serviços que o usuário pode aceitar ou não, como o transporte
coletivo, pagos por tarifa. Ex: passagem de transporte coletivo.

e) adequados – serviços adequados são os executados de acordo com os princípios


específicos do serviço público.

CONCESSÃO, PERMISSÃO E AUTORIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

I-CONCESSÃO
É a delegação de sua prestação feita pelo poder concedente mediante licitação na
modalidade concorrência à pessoa que demonstre capacidade para seu desempenho, por
sua conta e risco e por prazo determinado.( Lei 8987/95)
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- Poder concedente – é a União, o Estado, o DF ou Município, em cuja competência se
encontre o serviço público (a titularidade continua sendo do ente, só transfere a execução).
Particularidades:
-Admite-se subconcessão desde que autorizada, consiste na contratação feita pela
concessionária para aquisição de serviços ou bens diretamente relacionados com o objeto
da concessão.
-O poder concedente pode fiscalizar os serviços, bem como intervir na concessão se
necessário
- Concessão precedida da execução de obra – deve o concessionário primeiro construir,
conservar, reformar, ampliar ou melhorar determinada obra pública, por sua própria conta
e risco. Em seguida passa a explorar o serviço por prazo determinado, suficientemente
longo, para que obtenha a remuneração e amortização de seu investimento.
- Política Tarifária – tarifa é a fonte de rendas das concessionárias, não é tributo, o seu
valor inicial é estabelecido na proposta.

*Formas de extinção da concessão:


a) Advento do termo contratual – quando termina o prazo
b) Encampação – término do contrato antes do prazo, feito pelo poder público, de forma
unilateral, por razões de interesse público. O concessionário faz jus a indenização
c) Caducidade – forma de extinção do contrato antes do prazo, pelo poder público, de
forma unilateral, por descumprimento de cláusula contratual.
d) Rescisão judicial – forma de extinção do contrato, antes de encerrado o prazo, feita
pelo concessionário por força do descumprimento de cláusulas contratuais pelo poder
concedente. Deve ser por medida judicial e, enquanto não transitar em julgado a sentença,
o serviço deverá continuar sendo prestado.
e) Anulação – extinção do contrato antes do término do prazo, por razões de ilegalidade.
f) Falência ou extinção do concessionário.

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II- PERMISSÃO
É a delegação, a título precário, mediante licitação (em qualquer modalidade) da prestação
de serviços públicos feita pelo poder concedente, a pessoa que demonstre capacidade de
desempenho por sua conta e risco.

III- AUTORIZAÇÃO

Atenção!!! Autorização é diferente de licença, embora sejam termos semelhantes. A


autorização é ato discricionário, enquanto a licença é vinculado. Na licença o
interessado tem direito de obtê-la, e pode exigi-la, desde que preencha certos requisitos,
ex. licença para dirigir veículo.

- Autorização de serviços públicos – coloca-se ao lado da concessão e da permissão de


serviços públicos, destina-se a serviços muito simples, de alcance limitado, ou a trabalhos
de emergência. Ex: táxi e despachante

Particularidades:
-É exceção, e não regra, na delegação de serviços públicos.
-A licitação pode ser dispensável ou inexigível – art. 24 e 25 da Lei 8666/93.
-É formalizada por decreto ou portaria, por se tratar de ato unilateral e precário.
-Segue, no que couber, a Lei 8987/95

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10- BENS PÚBLICOS


1) Conceito
O Código Civil de 2002, no art. 98, define como públicos os bens pertencentes às
pessoas jurídicas de direito público interno. São pessoas jurídicas de direito público

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interno: a União, os Estados, o DF, os Municípios, as autarquias, as associações públicas,
as demais entidades de direito público criadas por lei.

2) Classificação
2.1) Quanto à destinação ou afetação
* Bens de uso comum
São os bens públicos afetados à utilização sem restrições pela população, desde que
observada a sua destinação normal.A cobrança de quantia em dinheiro para a utilização do
bem não descaracteriza a natureza do bem de uso comum, por ex. cobrança de pedágio em
rodovias.

*Bens de uso especial


São os bens que as pessoas jurídicas de direito público interno destinam aos seus
serviços ou outros fins determinados. São os bens administrativos: aqueles afetados à
função administrativa.
Os bens administrativos podem sofrer restrições de várias espécies, como os bens
dotados de uma restrição extraordinária por ex. ruas interditadas para reformas.

*Bens dominicais ou dominiais


São os bens públicos não afetados a nenhuma finalidade pública. Integram o
patrimônio disponível da Administração Pública. Trata-se de bens não-afetados.

3) Principais características dos bens


3.1 Inalienabilidade – (é relativa) Os bens públicos não podem ser alienados. A
inalienabilidade diz respeito aos bens de uso comum e os bens de uso especial.

3.2 Imprescritibilidade - Os bens públicos são insuscetíveis de usucapião. Essa vedação


existe desde o CC/1916.Súmula 340 do STF:“Desde a vigência do código civil, os bens
dominicais como os demais bens públicos não podem ser adquiridos pela usucapião”.

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3.3 Impenhorabilidade - Os bens públicos não pode ser objeto de penhora por dois
motivos:
1) porque a execução contra a Administração Pública se dá através da sistemática do art.
100, que trata sobre o sistema de precatórios
2) porque em razão do princípio da continuidade os serviços públicos não podem sofrer
interrupção.
ATENÇÃO!!! Segundo jurisprudência do STF e do STJ os bens de pessoas jurídicas de
direito privado que forem afetados à prestação de serviços públicos não podem ser
penhorados. A Suprema Corte entendeu que a lei pode agregar a bens de entidades
privadas a característica de bem público (RE 20.906):EMENTA: RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS
E TELÉGRAFOS. IMPENHORABILIDADE DE SEUS BENS, RENDAS E
SERVIÇOS.RECEPÇÃO DO ARTIGO 12 DO DECRETO-LEI Nº 509/69. EXECUÇÃO.
OBSERVÂNCIA DOREGIME DE PRECATÓRIO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 100 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. À empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa
jurídica equiparada à Fazenda Pública, é aplicável o privilégio da impenhorabilidade de
seus bens, rendas e serviços. Recepção do artigo 12 do Decreto-lei nº 509/69 e não-
incidência da restrição contida no artigo 173, § 1º,da Constituição Federal, que submete a
empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem
atividade econômica ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto às
obrigações trabalhistas e tributárias. 2. Empresa pública que não exerce atividade
econômica e presta serviço público da competência da União Federal e por ela mantido.
Execução. Observância ao regime de precatório, sob pena de vulneração do disposto no
artigo 100 da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e provido.

3.4 Não-oneração - Os bens públicos inalienáveis não podem ser objeto de direito real de
garantia –penhor,anticrese ou hipoteca.

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11– RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
1-CONCEITO
É a obrigação que tem o Estado de reparar os danos causados a terceiros em razão
de comportamentos lícitos e ilícitos ou atividades materiais. O Estado é o responsável
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.

2 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA:
2.1 Teoria da Irresponsabilidade do Estado: O Estado em hipótese alguma seria
responsabilizado pelos danos causados a terceiros.
2.2 Teoria da Responsabilidade Subjetiva
O Estado respondia pelos danos e prejuízos causados, desde que se demonstrasse o dolo
ou a culpa para s usa responsabilização.
2.3 Teoria da Responsabilidade Objetiva: A responsabilidade do Estado independe de
dolo ou culpa. É necessário apenas demonstrar que os danos foram causados por uma
conduta da Administração.
A responsabilidade objetiva é fundamentada pela Teoria do Risco, que se subdivide
em duas modalidades:
1ª- TEORIA DO RISCO INTEGRAL: não admite nenhuma causa de excludente de
responsabilidade, ou seja, o Estado deve responder por qualquer dano, ainda que ele não
tenha dado causa. Não é adotada no Brasil, no entanto alguns doutrinadores admitem essa
teoria nas hipóteses de danos decorrentes de material bélico, substâncias nucleares e dano
ambiental.
2ª- TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO: admite excludente de responsabilidade, ou
seja, nos casos de força maior, caso fortuito ou culpa exclusiva da vítima, o estado não irá
se responsabilizar pelos danos provenientes.

**Prescrição da pretensão de reparação de danos contra o Estado:

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Os tribunais sempre entenderam aplicável o prazo de 5 anos para entidades de
direito público com base no art. 10 do Decreto n. 20910/51 e, para entidades de direito
privado prestadora de serviços públicos, o prazo de 5 anos conforme a Lei n. 9494/97
(Alterada pela MP n. 2180/01).
Porém, com o advento do Código Civil em 2002, passou-se a defender o
entendimento de que o prazo seria de 3 anos (art. 206, § 3º, V). Surgiu então divergência
entre as turmas do STJ (1ª e 2ª Turmas). No entanto prevalece o prazo de 5 anos, em razão
de ser entendimento majoritário do Superior Tribunal de Justiça, além de ter previsão
expressa no Decreto 20.910/32 e na Lei 9.494/97

**Prescrição do direito de regresso do Estado contra o causador do dano:


A pretensão de ressarcimento é imprescritível (art. 37, § 5º, CF) contra o agente
causador do dano, quando esse agiu com dolo ou com culpa, (responsabilidade subjetiva).
**Responsabilidade subsidiária do Estado:
A responsabilidade do Estado será subsidiária, ou seja, irá responder pelos prejuízos
causados a terceiros pelas pessoas jurídicas de direito privado, quando prestadoras de
serviços públicos, nas hipóteses em que estas não possuam patrimônio suficiente para
arcar como os danos. Sempre será necessário o exaurimento do patrimônio, para que o
Estado assuma os danos causados por aquelas pessoas.

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12 – INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE


A Intervenção do Estado na Propriedade é todo ato do Poder Público que,
compulsoriamente, retira ou restringe direitos dominiais privados, ou sujeita o uso de
bens particulares a uma destinação específica.

O fundamento dessa intervenção está pautado no Poder de Polícia do Estado –


posição dominante – que determina uma obrigação de não fazer (limitações impostas ao
exercício da propriedade) ou uma obrigação de fazer (dever de utilização da propriedade
de acordo com sua função social).

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**Modalidades de Intervenção do Estado na propriedade

1- Limitação – É medida de caráter geral imposta com fundamento no poder de


polícia, gerando para os proprietários obrigações positivas, negativas ou permissivas, com
o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao bem-estar social. Essa forma
de intervenção:

- Atinge proprietários INDETERMINADOS;

- Restringe, mas não retira a propriedade.

- Em regra é ato geral e abstrato, não gerando dever de indenizar

- Exs: restrição na altura de edifícios, por motivos de estética e segurança; medidas


de segurança contra incêndios.

2- Ocupação Temporária – É a utilização provisória de imóveis privados, como


meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. Poderá ocorrer em 2 hipóteses:

- art. 36, DL 3365/41 -realização de obras públicas, havendo a necessidade de


ocupação de terrenos vizinhos para guardar materiais de construção.

- Lei n. 3924/61 (monumentos arqueológicos e pré-históricos). Pesquisa


arqueológica ou de minérios, quando há indícios de que em determinado imóvel existe
esses produtos.

CARACTERÍSTICAS:

- Instituto é temporário, transitório.

-Indenização será ulterior, mas somente nos casos em que houver dano.

3- Requisição Administrativa - É a utilização de bens particulares em situação de


perigo público iminente. Fundamento constitucional: art. 5º, XXV. Competência
Legislativa: Art. 22, III CF. Previsão legal: Decreto – Lei n. 4.812/42, Lei n. 8.080/90 e
art. 1228, § 3º CC.

CARACTERÍSTICAS:

-Podem ser objetos de requisição bens móveis; bens imóveis e serviços.

-Não há transferência de propriedade.


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-Tem caráter transitório, somente pelo período em que estiver presente o perigo.

-Indenização, será posterior e somente nos casos em que houver dano.

- ex: períodos de chuvas em que há vários desabrigados.

4 - Servidão Administrativa: é o direito real de gozo, de natureza pública,


instituído sobre imóvel de propriedade alheia, com base em lei, por entidade pública ou
por seus delegados, em favor de um serviço público ou de um bem afetado a fim de
utilidade pública.

4.1. Formas de Constituição:

a) lei: servidão sobre rios navegáveis e ao redor dos aeroportos;


b) acordo: precedido de ato declaratório de utilidade pública: servidão de energia elétrica,
dependente de decreto governamental;
c) sentença judicial.

4.2. Extinção:

a) perda da coisa gravada;

b) transformação da coisa por fato que a torne incompatível com o destino;

c) desafetação da coisa dominante;

d) incorporação do imóvel serviente ao patrimônio público.

OBS: A simples utilização do bem por si só não causa prejuízos, logo não há que se falar
em indenização (ex: passagem de fios de eletricidade não gera prejuízos). No entanto caso
venha ocorrer um dano efetivo, haverá direito a indenização.

5. Tombamento:

É procedimento administrativo pelo qual o Poder Público sujeita a restrições


parciais os bens de qualquer natureza cuja conservação seja de interesse público, por sua
vinculação a fatos memoráveis da historia ou por seu excepcional valor arqueológico ou
etnológico, bibliográfico ou artístico. Proteção ao Patrimônio Histórico (art. 216 CF).

5.1 Competência: Comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (artigo 30,
IX) (artigo 23, III CF).
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5.2. Competência Legislativa: Concorrente da União, Estados e do Distrito Federal (artigo
24, VII CF).

5.3 Instrumentos processuais de proteção ao patrimônio: Ação Popular e Ação Civil


Pública.

7.4 Procedimento:

a) notificação do proprietário para anuir o tombamento, dentro do prazo de 15 dias, ou


oferecer impugnação;
b) sem impugnação, decisão do Diretor do IPHAN, com impugnação, decisão do Conselho
Consultivo do IPHAN (art. 9°);
c) a decisão deverá ser apreciada pelo Ministro da Cultura (lei 6292/75), para depois a
inscrição nos Livros dos Tombos (art. 4) e no Registro de Imóveis (art. 13) em face do
exercício do direito de preferência (art. 22).
Ob. O Presidente da República também poderá cancelar o tombamento por motivos de
interesse público, nos termos do artigo único do Decreto-lei n. 3886/41.

5.5 Efeitos:

a)Proprietário:

- positivas – fazer as obras de conservação necessárias à preservação do bem ou, se não


tiver meios, comunicar a sua necessidade ao órgão competente, sob pena de incorrer em
multa correspondente ao dobro da importância em que foi avaliado o dano sofrido pela
coisa (art. 19); em caso de alienação onerosa do bem, deverá assegurar o direito de
preferência (PREEMPÇÃO) da União, Estados e Municípios, nessa ordem, sob pena de
nulidade do ato, seqüestro e multa de 20% do valor do bem a que ficam sujeitos o
transmissor e o adquirente, fixada pelo Poder Judiciário. O bem público tombado será
inalienável.

- negativas – o proprietário não pode destruir, demolir ou mutilar as coisas tombadas, sem
prévia autorização do IPHAN, nem repará-las, pintá-las ou restaurá-las, sob pena de multa
de 50% do dano causado (art. 17), também não pode, em se tratando de bens imóveis
retirá-los do país, senão por curto prazo, para fins de intercambio cultural, a juízo do
IPHAN (art. 14); tentada sua exportação, a coisa fica sujeita a seqüestro e o seu
proprietário, às penas cominadas para o crime de contrabando e multa (art. 15).

- obrigação de suportar: o proprietário fica sujeito a fiscalização do bem pelo órgão técnico
competente, sob pena de multa em caso de opor obstáculos indevidos à vigilância (art. 20).

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6. Desapropriação:

6.1. Conceito – é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seus


delegados, mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou
interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem, mediante justa indenização,
salvo no caso de terras onde se cultivem plantas psicotrópicas legalmente proibidas.

6.2.Competência Legislativa – artigo 22, II CF

6.3.Previsão Constitucional – artigos 5º, XXIV, 182, § 4º, III e 184.

** Desapropriação por necessidade e utilidade pública: Decreto n. 3.365/41;

“existe necessidade publica quando a Administração está diante de um problema


inadiável e premente, isto é, que não pode ser removido, nem procrastinado, e para cuja
solução é indispensável incorporar no domínio do Estado, o bem particular.” (art. 5)

“há utilidade pública quando a utilização da propriedade é conveniente e vantajosa ao


interesse coletivo, mas não constitui um imperativo irremovível.”

**Desapropriação por interesse social: Lei n. 4.132/62;


“ocorre interesse social quando o Estado esteja diante dos chamados interesses sociais,
isto é, daqueles diretamente atinentes às camadas mais pobres da população e à massa do
povo em geral, concernentes à melhoria nas condições de vida, à mais eqüitativa
distribuição de riquezas, à atenuação das desigualdades em sociedade.” (art. 2 da Lei
4.132/62)

6.4. Competência:

a) Necessidade ou utilidade pública: União, Estados, DF e Municípios.

b) Interesse social: União, Estados, DF e Municípios.

c) Interesse social para reforma agrária: União.

d) Interesse social de imóveis urbanos: Municípios.

6.5 .Procedimentos:

a) 1ª Fase: Declaratória – Decreto Expropriatório, com os seguintes efeitos: Submete o


bem a força expropriatória; fixa o estado do bem (benfeitorias necessárias serão
indenizadas, as úteis mediante autorização do Poder Público); Confere ao Poder Púbico o
direito de penetrar no bem a fim de fazer verificações e medições; inicia-se o prazo
decadencial.

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b) 2ª Fase: Executória – atos pelos quais o Poder Público promove a desapropriação, adota
as medidas necessárias a efetivação da desapropriação, com a integração do bem ao
patrimônio público.

- Competência do ente público ou dos delegados do Poder Público.

- Procedimento Administrativo se houver acordo entre o expropriante e expropriado.

- Procedimento Judicial – artigos 11 a 30 Decreto n. 3.365/41, aplicáveis também a


desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária.

- Contestação só pode versar sobre vício do processo ou impugnação do preço.

6.5. Indenização:

- Será no valor do bem expropriado, com todas as benfeitorias que já existiam no imóvel
antes do ato expropriatório

-Em relação as benfeitorias posteriores, somente serão pagas as necessárias, e as úteis com
autorização do expropriante (art. 26, p. 1);

- lucros cessantes e danos emergentes;

- juros compensatórios, em caso de ter havido imissão provisória na posse, computando-se


a partir dessa imissão, sua base de calculo é a diferença entre a oferta inicial do Poder
Público e o valor da indenização,

Sumulas do STF

S. 164 “No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a


antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência”;

S. 618 “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa de juros compensatórios é de 12% ao


ano”

SÚMULA DO STJ 69 “na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos


desde antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva
ocupação do imóvel

6.6. Desapropriação Indireta: Ocorre sem a devida observância do procedimento legal,


podendo ser obstada por meio de ação possessória, salvo se já ocorrido a afetação dos bens

6.6. Retrocessão –É a obrigação que se impõe ao expropriante de oferecer o bem ao


expropriado, mediante a devolução do valor da indenização, quando não lhe der o destino
declarado no ato expropriatório.
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13 - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

LEI Nº 8.429/92- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

O artigo 37, § 4º, da Constituição Federal prevê que “ os atos de improbidade


administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública,
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimentos ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”. Pelo exposto, pode-se verificar que
a sanção a ser cominada não tem natureza penal.

**Conceito – Improbidade é ato contrário aos princípios norteadores da atuação pública.


Trata-se de um ato ilícito decorrente da conduta positiva ou negativa do agente público,
que será punido com a aplicação de sanção de natureza extra-penal em processo judicial.

**Espécie - A Lei 8429/92 define as espécies de atos de improbidade administrativa:


a) atos que importam o enriquecimento ilícito (art. 9º);
b) atos que importam dano ao erário (art. 10);
c) atos que importam violação dos princípios e deveres administrativos (art. 11).

**Objeto – o bem jurídico tutelado é a probidade administrativa, que abrange: a) o regular


cumprimento dos princípios que informam a Administração Pública; b) o bom
gerenciamento da coisa pública; c) a regular observância dos deveres perante a
Administração Pública.

**Sujeito Ativo – é o agente público ou o particular que beneficia do ato de improbidade.

**Sujeito Passivo - é a pessoa física ou jurídica lesada pelo ato.


**Sanções
a) suspensão dos direitos políticos;
b) perda da função pública;
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c) indisponibilidade dos bens;
d) enriquecimento ilícito.
e) a Lei 8429/92 também prevê a possibilidade de aplicação de multa civil e no seu art. 12
traz a dosimetria das sanções a serem aplicadas.

** Prescrição – o dano ao patrimônio público é imprescritível, mas o ato de improbidade


está sujeito a prescrição (art. 23):
a) até 5 anos após o término do mandato, cargo em comissão ou função de confiança;
b) dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo
ou emprego.

**Declaração de bens – a posse e o exercício de mandato, cargo ou função pública estão


sempre condicionados à apresentação de declaração de bens e valores que compõem seu
patrimônio privado.

**Legitimidade do Ministério Público – São legitimados para propor a ação o ministério


público e a pessoa jurídica lesada.

**Medidas Cautelares – a Lei de Improbidade prevê duas medidas cautelares: o


seqüestro de bens e afastamento temporário do agente público das funções.

**Transação – é vedada nas ações de improbidade administrativa.

**PENAS (ARTIGO 12)


As penas cominadas pela Lei 8.429/1992 independem da aplicação de outras
sanções penais, civis
e administrativas, quando for o caso. As penas previstas na Lei são:
I – nos casos de enriquecimento ilícito:

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-perda dos valores acrescidos ilicitamente;
-ressarcimento integral do dano ;
-perda da função pública;
-suspensão dos direitos políticos de OITO A DEZ ANOS;
-multa civil de até TRÊS VEZES o valor do acréscimo patrimonial;
-proibição de contratar com o Poder Público por DEZ ANOS;
-proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por DEZ ANOS.

II – nos casos de prejuízo ao erário:


-ressarcimento integral do dano;
-perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente (se houver);
-perda da função pública;
-suspensão dos direitos políticos de CINCO A OITO ANOS;
-pagamento de multa civil de até DUAS VEZES o valor do dano;
-proibição de contratar com o Poder Público por CINCO ANOS;
-proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por CINCO ANOS.

III – nos casos de violação dos princípios da Administração Pública:


-ressarcimento integral do dano (se houver);
-perda da função pública;
-suspensão dos direitos políticos de TRÊS A CINCO ANOS;
-pagamento de multa civil de até CEM VEZES a remuneração do agente;
-proibição de contratar com o Poder Público por TRÊS ANOS;
-proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por TRÊS ANOS

Observação:
As penas de perda da função pública e de suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

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Observe ainda que, pela análise das penas, há uma gradação entre os tipos de atos de
improbidade, sendo considerados os mais graves os que importam enriquecimento ilícito e
os menos graves, os que violam os princípios da Administração Pública.
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