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CARTILHA DE

GOVERNANÇA
EM ENTIDADES
ESPORTIVAS
LEI 9.615/98
Fernando Marinho Mezzadri, Luiz Gustavo Nascimento Haas,
Raimundo da Costa Santos Neto e Thiago de Oliveira Santos
(Responsáveis técnicos)

CARTILHA DE GOVERNANÇA EM ENTIDADES ESPORTIVAS LEI 9.615/98

2ª Edição
Revista e atualizada

Brasília, DF
2018
Ficha catalográfica elaborada por Marcia Andreiko – CRB9/1582

C327 Cartilha de governança em entidades esportivas Lei


9.615/98 / responsáveis técnicos Fernando Marinho
Mezzadri ... [et al.]. – 2. ed. rev. e atual. – Brasília :
Ministério do Esporte, 2018.
74 p. : color.

1. Brasil. Lei 9.615, de 24 de março de 1998. 2.


Esportes - Brasil - Administração. 3. Governança
corporativa - Brasil. I. Mezzadri, Fernando Marinho.
II. Brasil. Ministério do Esporte.

CDD (22. ed.) 796.069


RESPONSÁVEIS TÉCNICOS:
Fernando Marinho Mezzadri
Luiz Gustavo Nascimento Haas
Raimundo da Costa Santos Neto
Thiago de Oliveira Santos

COLABORADORES:
Daniel Chierighini Barbosa
Diego Ferreira Tonietti
Joabe Pereira Coutrin
João Victor Moretti de Souza
Wagner Alessander Ferreira
SUMÁRIO

1. Introdução............................................................................................................................................................................................................13

2. Princípio da Transparência e Controle Social...........................................................................................................................21

3. Princípio da Democracia e Equidade............................................................................................................................................35

4. Princípio da Prestação de Contas (Accountability)..............................................................................................................47

5. Princípio da Responsabilidade...........................................................................................................................................................57

6. Referencial Básico....................................................................................................................................................................................... 74
PREFÁCIO

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A presente cartilha surgiu da necessidade Sem qualquer pretensão doutrinária,
de se apresentar um material com a presente cartilha busca ser um meio
regras mínimas de transparência, prático de consulta sobre orientações
gestão democrática e responsabilidade atuais emanadas daqueles que têm
dos gestores, apontando uma nova a obrigação de fiscalizar os gastos
direção a ser seguida pelas entidades de recursos públicos distribuídos a
componentes do Sistema Nacional do tais entidades e visa a democratizar a
Desporto. O material foi concebido a informação, muitas vezes restrita ao
partir de uma visão não só do Ministério universo jurídico, a todos aqueles que
do Esporte, mas dos próprios órgãos tenham o interesse em conhecer mais
de controle, como o Tribunal de Contas sobre as diretrizes de governança da Lei
da União e a Controladoria-Geral da Pelé e como transformá-las em ações
União, externadas em seus acórdãos e concretas.
auditorias. Neste trabalho, contamos com o
Ela foi elaborada em linguagem simples, auxílio fundamental de nossos técnicos
com o objetivo de orientar os gestores de e com uma parceria realizada com
entidades beneficiadas pelos recursos a Universidade Federal do Paraná.
da Lei Agnelo Piva na elaboração de Acreditamos que, mais do que fiscalizar,
seus regulamentos internos e na própria é função do Ministério do Esporte
gestão da entidade. informar as entidades, os atletas e a

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sociedade civil por meio da difusão
do conhecimento e cooperar para um
ambiente esportivo mais transparente e
saudável.
Desejamos que este material seja apenas
um ponto de partida para muitas outras
ações com foco no desenvolvimento
institucional do esporte, constituindo-
se em parte do grande legado imaterial
deixado pela Rio 2016.

Leonardo Picciani
Ministro de Estado do Esporte

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INTRODUÇÃO

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Perspectiva
histórica da
governança
A governança tem sido uma área sob responsabilidade de uma única
de grande evolução nas questões pessoa ou família.
relacionadas à gestão de organizações
A pulverização da propriedade das
públicas e privadas. A questão fundamental empresas, por meio das ações nas bolsas
que preocupava as pessoas de valores, permitiu o surgimento das
comprometidas com as organizações, diretorias executivas que contavam com
sejam públicas ou privadas, era procurar profissionais contratados para conduzir
formas de garantir que os gestores as operações diárias e que certamente
tomassem decisões de acordo com o passaram a influenciar as tomadas de
interesse geral dos interessados e não decisões das organizações. O poder
somente seguindo vontades pessoais passava a ser compartilhado entre os
(CLARKE, 2004). donos das empresas e administradores
O surgimento das discussões acerca profissionais, o que trouxe uma gestão
da governança das organizações no mais moderna e menos personalizada.
mundo corporativo surge na década A grande expansão dos debates acerca
de 1930, logo após o crash da bolsa da governança voltou a tomar corpo
de Nova York, com a publicação nos anos 1990 com o aparecimento de
das primeiras obras que analisaram grandes escândalos de corrupção em
algumas alterações que acorreram nas empresas multinacionais, como Enron
corporações daquela época. A principal e WorldCom. Como resposta a essa
mudança está relacionada à separação movimentação no mercado de ações e à
da propriedade e da gestão, já que, desconfiança por parte dos investidores,
no início do século XX, tanto o capital começaram a surgir relatórios, guias
quanto a gestão das empresas estavam e leis, publicados por entidades

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responsáveis pelo desenvolvimento assunto no país. Em 1999, o IBGC lança
e pela regulamentação do mercado, a 1ª versão do Código das Melhores
para apresentar os primeiros princípios Práticas de Governança Corporativa.
da governança, fundamentados na Em 2015, o documento chegou a sua
ética e transparência na gestão das 5ª versão, consolidando-se como uma
organizações. importante ferramenta na disseminação
dos conceitos sobre governança.
Dentre os documentos que foram
pioneiros na definição dos princípios de Atualmente, a adoção de boas práticas
governança, destacamos o Relatório de governança traz grandes benefícios
Cadbury e o Relatório Principles of para as organizações não somente
Corporate Governance da Organização do meio corporativo, mas também
para a Cooperação e Desenvolvimento de entidades públicas e privadas
Econômico (OCDE). sem fins lucrativos. A cobrança da
sociedade por atitudes mais éticas e
No Brasil, o processo de disseminação transparentes reforça a importância do
dos princípios de governança também desenvolvimento dessas práticas dentro
aconteceu no decorrer dos anos dos mais variados contextos.
1990, juntamente com o processo de
abertura do mercado e a entrada de
grupos internacionais em processos
de privatizações, fusões, aquisições e
incorporações. Destaca-se a criação
do Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC) no ano de 1995, que
se tornou uma grande referência no

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A governança
nas organizações
esportivas
Para entender como os princípios de As organizações esportivas, no formato
governança podem ser aplicados nas que conhecemos, surgiram durante
organizações pertencentes ao ambiente o século XX, utilizando uma lógica
esportivo, é preciso primeiramente federativa (piramidal) de gestão amadora
buscar algumas reflexões sobre a em uma dinâmica de promoção social.
governança nas organizações sem fins Ou seja, o sistema esportivo atual vive
lucrativos. um processo de mudança, deixando
As organizações sem fins lucrativos sua lógica pretérita para adotar novos
possuem, historicamente, bases nos princípios de gestão profissional e
valores de filantropia, voluntariado e de geração de negócios. No mundo
prestação de serviços. Em grande moderno, há uma necessidade
parte das sociedades do mundo, essas irreversível de profissionalização das
organizações possuem um importante referidas entidades, com vistas,
papel em tarefas sociais como educação, inclusive, à sua subsistência numa
esporte, saúde, cidadania, artes e outras. época em que cada vez mais se exigem
ética e transparência na administração,
Os fatores-chave que diferenciam as
seja pública, seja privada.
organizações não lucrativas dos outros
tipos de organizações são: a primazia Esse conflito entre o velho e o novo
da sua missão de serviço; as diversas paradigma na gestão das organizações
fontes de financiamento; a mistura de esportivas já era destacado em 2001,
trabalhos voluntários e profissionais; o pelo então presidente do Comitê
expressivo papel que elas têm na vida Olímpico Internacional (COI) Jaques
dos indivíduos; e o seu papel na defesa Rogge, que, no prefácio do documento
das mudanças sociais. “Rules of the Game”, destacou o desafio

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que seria para o ambiente esportivo dos novos desafios dos dirigentes e de
conciliar os valores tradicionais do outros agentes envolvidos na gestão
esporte com os novos interesses dessas organizações. Pesquisadores na
comerciais e sociais. área da governança nas organizações
esportivas apresentam alguns fatores
A adoção de princípios de boa externos e internos que influenciam na
governança por parte das entidades adoção de boas práticas; são eles:
de administração do desporto é um

Relacionamento
entre governo
e o 3º setor

Pressão das Ambiente


partes regulador
interessadas

Organizações
esportivas

Existência de
guias de Globalização
governança
pelas agências
esportivas
Políticas
esportivas
governamentais

Influências externas na governança de organizações esportivas não lucrativas


(Adaptado Hoye & Cuskelly, 2007, p.19).

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Nota-se a existência de diversas Esse relacionamento entre órgãos
pressões por parte de diferentes órgãos públicos e entidades sem fins lucrativos,
do ambiente externo das organizações quando realizado de forma estratégica,
esportivas para que sejam adotadas boas consegue atender às demandas das
práticas de governança. Essa pressão diversas esferas do ambiente esportivo.
é resultado da grande importância das Além disso, existem diversos países que
entidades de administração do desporto elaboraram guias de governança para as
no desenvolvimento das modalidades e organizações esportivas (ex.: Reino Unido,
no contexto esportivo. Austrália, Nova Zelândia). Essa crescente
preocupação reforça a importância do
A globalização tem alterado, de
tema no desenvolvimento da gestão
modo rápido e intenso, a forma
de organizações esportivas, tendo em
com que o esporte é produzido e
vista o protagonismo das entidades de
consumido mundialmente. O esporte
administração do desporto na sociedade
de alto rendimento é o fenômeno mais e o alto investimento público nessas
influenciado por este contexto, tendo organizações.
em vista a maior repercussão dos atletas
de alto nível em eventos internacionais. Visando auxiliar os gestores das
Tais consequências também chegam ao entidades componentes do Sistema
Nacional do Desporto, o Ministério do
esporte de base, isto porque as crianças
Esporte buscou criar um instrumento
são bastante influenciadas nas suas
didático e de fácil leitura, reunindo
escolhas esportivas.
princípios básicos de boa governança
O poder público é outro agente espalhados em diversos normativos
que possui grande influência nas como a Lei Pelé (Lei nº 9.615/1998), o
organizações esportivas no que Marco Regulatório da Organizações da
concerne à adoção de boas práticas Sociedade Civil (Lei nº 13.019/2014),
de governança. Não somente por ser a Lei de Acesso à Informação (Lei nº
responsável pela elaboração de políticas 13.527/2011), a Lei do PROFUT (Lei nº
relacionadas diretamente ao ambiente 13.155/2015), bem como apresentar os
esportivo, mas também por depender de conceitos fundamentais da governança
organizações do 3º setor para entregar e o que as entidades podem fazer para
determinados serviços à sociedade. aprimorá-la em seu âmbito de atuação.

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PRINCÍPIO DA
TRANSPARÊNCIA E
CONTROLE SOCIAL

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O que é?
O princípio da transparência surgiu da na gestão de recursos públicos no âmbito
necessidade de aperfeiçoamento dos das entidades esportivas:
instrumentos de controle de gestão. A
• publicação de informações de
melhoria da gestão está intimamente
interesse público;
ligada à publicidade das informações
sobre a administração de determinada • espaços para a participação da
entidade, seja ela pública ou privada. comunidade esportiva na busca de
soluções para problemas na gestão
O atendimento às regras de transparência
das entidades do sistema nacional do
está relacionado à disponibilidade da
desporto;
organização de publicar informações
que sejam de interesse público, e • construção de canais de comunicação
não somente aquelas impostas por e de diálogo entre a comunidade
disposições de leis ou regulamentos. As esportiva e os dirigentes;
informações divulgadas não devem ser • funcionamento das Comissões,
exclusivamente de caráter econômico- órgãos coletivos das entidades, com
financeiro, mas também aquelas que
o papel de participar da elaboração,
contenham dados e informações
execução e fiscalização das políticas
referentes a aspectos estratégicos (ex.:
esportivas desenvolvidas pela entidade;
planejamentos estratégicos), estruturais
(ex.: organogramas, relações de •
modernização dos processos
associados), de performance (ex.: metas administrativos que, muitas vezes,
e indicadores de performance) e de dificultam a fiscalização e o controle
governança (ex.: código de ética) (IBGC, por parte da comunidade esportiva;
2015). • simplificação da estrutura de
Com base na cartilha Olho Vivo (CGU, apresentação do orçamento
2012), adaptamos os seguintes elementos, da entidade, o que aumenta
entendendo serem elementos mínimos a transparência do processo
para a transparência e o controle social orçamentário.

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É através de amplo e irrestrito responsáveis pelo desenvolvimento do
conhecimento sobre os dados de desporto.
gestão que se possibilita uma maior Desta forma, é obrigação das entidades
participação dos interessados na de administração do desporto gerir com
administração da entidade, bem como zelo a importante tarefa de fomento
o exercício de uma fiscalização eficaz do desporto, atuando de forma ética,
por parte deles. justa e consistente, buscando sempre
Entidades que atendem adequadamente incentivar a participação de todos
ao princípio da transparência são os interessados por meio de uma
capazes de transmitir à sociedade a administração transparente e dotada
imagem de organizações confiáveis, de mecanismos de controle externo
tanto em suas relações com as entidades e interno.
e pessoas filiadas quanto nas relações
com organizações externas.
Sem uma administração transparente,
resta prejudicado qualquer instrumento
de controle social. Uma gestão
transparente garante que instrumentos
de controle social possam ser utilizados
apropriadamente, criando um ambiente
propício ao aperfeiçoamento da gestão.
O controle social eficiente, aliado a boas
práticas relacionadas a uma gestão
democrática, permite que todos possam
exercer seu papel no planejamento,
na gestão e no controle das atividades
desenvolvidas pelas entidades

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O que diz a
Lei Pelé?
O princípio da transparência encontra-se Art. 18-A. IV - Sejam transparentes
abrigado no próprio texto constitucional, na gestão, inclusive quanto aos
no artigo 37, sob a denominação de dados econômicos e financeiros,
contratos, patrocinadores, direitos
princípio da publicidade.
de imagem, propriedade intelectual
Considerando que grande parte dos e quaisquer outros aspectos de
recursos administrados pelas entidades gestão.
desportivas advém de fonte pública (Lei Art. 18-A. VII - Estabeleçam em
Agnelo Piva), a Lei Pelé (Lei nº 9.615, seus estatutos:
de 24 de março de 1998) apresentou
b) instrumentos de controle social.
o princípio da transparência como de
c) transparência da gestão da
observância obrigatória, dispondo em
movimentação de recursos.
seu artigo 2º, parágrafo único, que a
exploração e a gestão do desporto Art. 18-A. VIII - Garantam a todos
profissional constituem exercício de os associados e filiados acesso
irrestrito aos documentos e
atividade econômica sujeitando-se,
informações relativos à prestação
especificamente, à observância dos
de contas, bem como àqueles
princípios da transparência financeira
relacionados à gestão da respectiva
e administrativa, dentre outros. entidade de administração do
Para dar efetividade à norma, o legislador desporto, os quais deverão ser
apresenta as seguintes obrigações para publicados na íntegra no sítio
as entidades do Sistema Nacional do eletrônico desta.
Desporto receberem qualquer forma de A publicação de documentos financeiros,
aporte de recurso público com base na de relatórios de gestão, de contratos,
Lei nº 9.615/98: bem como a criação de órgãos de

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ouvidoria são obrigações mínimas público geral, da gestão da entidade,
cujo objetivo é atender às disposições inclusive os relativos à execução
existentes na Lei Pelé relacionadas ao orçamentária, tais como:
princípio da transparência e ao controle I - as ações relacionadas ao recebimento
social. e destinação de recursos públicos,
Desta forma, é importante que o gestor com a indicação dos respectivos
fique atento às questões de transparência na instrumentos de formalização dos
gestão da movimentação de recursos e acordos, seu respectivo valor, prazo
de fiscalização interna, e que garanta o de vigência, nome da pessoa, física ou
acesso irrestrito de todos os associados jurídica, contratada, entre outros;
e filiados aos documentos e informações II - a elaboração de relatórios de gestão e
relativos à prestação de contas, bem de execução orçamentária, atualizados
como àqueles relacionados à gestão. periodicamente; e
Nesse processo, a internet é III - a publicação anual de seus balanços
ferramenta fundamental a ser utilizada, financeiros.
devendo todos os documentos serem
É importante ressaltar que, nos casos
disponibilizados na íntegra no sítio
relacionados à contratação de serviços
eletrônico oficial de cada entidade.
ou aquisição de produtos com recursos
Para o efetivo exercício de controle provenientes de fonte pública, a
social e de transparência da gestão entidade deverá estabelecer um sistema
da movimentação de recursos e de compras e contratações de serviços,
de fiscalização interna, devem ser garantindo assim a total transparência
publicados aqueles documentos que nos processos, com base no Decreto nº
permitam o acompanhamento, pelo 8.726, de 27 de abril de 2016.

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Nesses casos, a entidade deverá publicar públicos, a qualquer título, propiciar
todos os contratos estabelecidos e os meios para o atendimento das
em vigência em sua íntegra. O não disposições da Lei de Acesso à
cumprimento da referida norma pode Informação, conforme determina a LAI:
implicar em dificuldades para aprovação
das prestações de contas junto aos Art. 1º Esta Lei dispõe sobre
órgãos de controle. os procedimentos a serem
Por fim, é importante destacar que a observados pela União, Estados,
Lei nº 12.527, de 18 de novembro de Distrito Federal e Municípios,
2011, também conhecida como Lei com o fim de garantir o acesso
de Acesso à Informação, estabelece a informações previsto no inciso
procedimentos que devem ser utilizados XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º
pelos órgãos públicos para garantir do art. 37 e no § 2º do art. 216 da
acesso às informações. Constituição Federal.
A Lei de Acesso à Informação dispõe Art. 2º Aplicam-se as disposições
que a aplicação das regras previstas desta Lei, no que couber, às
nesta norma deve ser seguida entidades privadas sem fins
por “entidades privadas sem fins
lucrativos que recebam, para
lucrativos que recebam recursos
realização de ações de interesse
públicos diretamente do orçamento
público, recursos públicos
ou mediante subvenções sociais,
contrato de gestão, termo de parceria, diretamente do orçamento ou
convênios, acordo, ajustes ou outros mediante subvenções sociais,
instrumentos congêneres”. contrato de gestão, termo de
parceria, convênios, acordo, ajustes
É obrigação dos dirigentes envolvidos
ou outros instrumentos congêneres.
na gestão de entidades desportivas
que recebam recursos públicos, a
O Decreto 7.724/12 determina os
qualquer título, que atentem às normas
e aos procedimentos estabelecidos na documentos mínimos aos quais deve
mencionada lei. ser dada transparência pelas entidades
É obrigação do gestor das entidades que recebem recurso público a qualquer
desportivas beneficiárias de recursos título. Dispondo:

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Art. 63. As entidades privadas § 3º As informações de que trata
sem fins lucrativos que receberem o caput deverão ser publicadas a
recursos públicos para realização partir da celebração do convênio,
de ações de interesse público contrato, termo de parceria, acordo,
deverão dar publicidade às ajuste ou instrumento congênere,
seguintes informações: serão atualizadas periodicamente
I - cópia do estatuto social e ficarão disponíveis até cento
atualizado da entidade; e oitenta dias após a entrega da
II - relação nominal atualizada dos prestação de contas final.
dirigentes da entidade; e
III - cópia integral dos convênios, Além das informações citadas, a Lei
contratos, termos de parcerias, nº 13.019/2014 trouxe mais algumas
acordos, ajustes ou instrumentos exigências de transparência, sempre
congêneres realizados com que for formalizada qualquer parceria
o Poder Executivo federal, com o poder público, determinando em
respectivos aditivos, e relatórios seu Art. 11;
finais de prestação de contas, na
forma da legislação aplicável. Art. 11. A organização da sociedade
civil deverá divulgar na internet e
§ 1º As informações de que trata o
em locais visíveis de suas sedes
caput serão divulgadas em sítio na
sociais e dos estabelecimentos
Internet da entidade privada e em
quadro de avisos de amplo acesso em que exerça suas ações todas
público em sua sede. as parcerias celebradas com a
administração pública.
§ 2º A divulgação em sítio na
Internet referida no §1º poderá ser Parágrafo único. As informações
dispensada, por decisão do órgão de que tratam este artigo e o art.
ou entidade pública, e mediante 10 deverão incluir, no mínimo:
expressa justificação da entidade, I - data de assinatura e identificação
nos casos de entidades privadas do instrumento de parceria e do
sem fins lucrativos que não órgão da administração pública
disponham de meios para realizá-la. responsável;

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II - nome da organização da
sociedade civil e seu número de
inscrição no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica - CNPJ da
Secretaria da Receita Federal do
Brasil - RFB;
III - descrição do objeto da parceria;
IV - valor total da parceria e valores
liberados, quando for o caso;
V - situação da prestação de
contas da parceria, que deverá
informar a data prevista para a sua
apresentação, a data em que foi
apresentada, o prazo para a sua
análise e o resultado conclusivo.
VI - quando vinculados à
execução do objeto e pagos com
recursos da parceria, o valor total
da remuneração da equipe de
trabalho, as funções que seus
integrantes desempenham e
a remuneração prevista para o
respectivo exercício. (Incluído pela
Lei nº 13.204, de 2015)

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O que a entidade pode fazer sobre
a transparência dos seus dados
para melhorar seus indicadores de
governança?
Apesar de não haver determinação preferência em local de fácil acesso,
legal específica sobre a periodicidade os seguintes documentos: estatuto,
da publicação de seus balancetes, é código de ética e/ou conduta, relação
recomendado que as organizações de dirigentes eleitos contendo nome
o publiquem mensalmente e/ou e cargo, organograma completo
trimestralmente, de forma a ser mais contendo nomes e cargos, relação
transparente na gestão da movimentação de associados ativos, relatórios
de seus recursos financeiros. anuais de atividades, planejamento
e/ou orçamento anual aprovado em
Sem prejuízo das obrigações legais assembleia geral, contratos firmados
anteriormente elencadas, no que diz desde que não tenham cláusulas
respeito à publicação de documentos de confidencialidade, editais de
relativos à gestão das entidades convocação de assembleias gerais
esportivas, e considerando o que é ordinárias e extraordinárias, atas
estabelecido na definição do princípio das reuniões dos diferentes órgãos
da transparência, espera-se que as e, por fim, os regulamentos gerais
entidades de administração do desporto e das competições organizadas ou
divulguem nos sítios eletrônicos, e de homologadas pela entidade.

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Em adição às normativas legais, a portaria (...)
115/2018 do Ministério do Esporte, no II – Instrumentos de controle social;
que concerne à transparência e controle
social estabelece: III - Instrumentos de transparência
ativa na gestão de movimentação de
Art. 3º O processo de verificação das recursos;
entidades do Sistema Nacional do
(...)
Deporto considerará as especificidades
inerentes à natureza e ao funcionamento § 2º Considera-se instrumento de
das pessoas jurídicas de direito privado controle social para efeito do inciso
regidas pelas normas do Código Civil II, a criação de ouvidoria, ou órgão
e será realizado mediante análise dos equivalente, encarregado de receber,
seguintes requisitos: processar e responder as solicitações
relacionadas à entidade.
(...)
Sobre o que seria a transparência ativa
VIII - transparência na gestão, inclusive
determinou a portaria 115/2018:
quanto aos dados econômicos e
financeiros, contratos, patrocinadores, Art. 11. Para efeito da comprovação de
direitos de imagem, propriedade intelectual regularidade de que trata o art. 3º, inciso
e quaisquer outros aspectos de gestão; VIII, compete à entidade disponibilizar
e manter em seu sítio eletrônico, no
XII - garantia a todos os associados
mínimo, as seguintes informações e
e filiados de acesso irrestrito aos
documentações comprobatórias:
documentos e informações relativos à
prestação de contas, bem como àqueles I - publicação anual de informações sobre
relacionados à gestão da respectiva as ações relacionadas ao recebimento e
entidade de administração do desporto, destinação de recursos públicos com a
os quais deverão ser publicados na indicação dos respectivos instrumentos de
íntegra no sítio eletrônico desta; formalização dos acordos, seu respectivo
valor, prazo de vigência, nome da pessoa
Art. 18º Para efeito da comprovação de física ou jurídica contratada;
regularidade de que trata o art. 3º, inciso
XI deverão constar no estatuto social da II - publicação anual de relatórios de
entidade: gestão e de execução orçamentária;

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III - publicação anual de balanços do previsto neste artigo quanto aos
financeiros; contratos comerciais celebrados com
IV - registro atualizado das competências cláusula de confidencialidade.
e estrutura organizacional, endereços e Art. 12 Para efeito do cumprimento
telefones das respectivas unidades e previsto nesta Portaria considera-se sítio
horários de atendimento ao público; eletrônico página de domínio próprio da
V - informações sobre remunerações entidade criada na internet ou de redes
recebidas por ocupante de cargo, sociais de amplo conhecimento e de
posto, graduação, função, incluindo livre acesso.
auxílios, ajuda de custo diárias, além de §1º O sítio eletrônico de que trata o
quaisquer outras vantagens pecuniárias, caput deverá atender, no mínimo, aos
inclusive indenizatórias, oriundas de seguintes requisitos:
verbas públicas; I - conter ferramenta de pesquisa
VI - informações concernentes a de conteúdo que permita o acesso
procedimentos prévios à contratação, à informação de forma objetiva,
inclusive os respectivos editais e transparente e em linguagem de fácil
resultados, bem como instrumentos compreensão;
contratuais ou congêneres celebrados; II - possibilitar a exportação de relatórios
e em diversos formatos eletrônicos,
VII - seção contendo respostas inclusive abertos e não proprietários,
às perguntas mais frequentes da tais como planilhas e textos, de modo a
sociedade. facilitar a análise das informações;
§1º Os dados econômicos e financeiros III - possibilitar o acesso automatizado
deverão considerar recursos de por sistemas externos em formatos
contratos, patrocinadores, direitos de abertos, estruturados e legíveis por
imagem, propriedade intelectual e máquina;
quaisquer outros relacionados à gestão IV - garantir a autenticidade, a integridade
da entidade. e a atualização das informações
§2º Toda e qualquer entidade esportiva disponíveis;
estará dispensada do cumprimento

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V - indicar local e instruções que acesso irrestrito de todos os associados
permitam ao interessado comunicar-se, e filiados aos documentos e informações
por via eletrônica ou telefônica, com o relativos à prestação de contas, bem
órgão ou entidade; e como àqueles relacionados à gestão.
VI - adotar as medidas necessárias para §1º Os documentos e as informações
garantir a acessibilidade de conteúdo citadas no caput deverão ser publicadas
para pessoas com deficiência. na íntegra no sítio eletrônico da entidade,
Sobre a garantia de acesso irrestrito á conforme disposto no art. 11 e art. 12.
documentações da entidade por todos §2º As entidades esportivas estarão
os associados e filiados, dispôs a portaria dispensadas do cumprimento do
115/2018: previsto no caput quanto aos contratos
Art. 19º Para efeito da comprovação de comerciais celebrados com cláusula de
regularidade de que trata o art. 3º, inciso confidencialidade, ressalvadas, neste
XII, as entidades do Sistema Nacional caso, a competência de fiscalização
do Desporto deverão possuir em do Conselho Fiscal e a obrigação do
estatuto ou em norma de organização correto registro contábil de receita e
interna divulgada no sítio eletrônico despesa deles decorrente.
da entidade na internet, a previsão de

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O que a entidade pode fazer para
melhorar seus instrumentos de controle
social?
A criação de instrumentos de controle Ex: Conselhos de administração,
social é fundamental, sendo de grande Conselhos de ética etc.
importância que as entidades de O Ministério da Transparência e
administração do desporto tenham Controladoria-Geral da União (CGU)
em suas estruturas organizacionais um elaborou um documento, denominado
órgão de Ouvidoria, autônomo e sem Olho Vivo no Dinheiro Público, que
subordinação aos órgãos de direção, apresenta uma série de orientações para
em pleno funcionamento. Este canal o exercício do controle social na gestão
serve de ferramenta para que as partes pública e que pode ser usado como
interessadas obtenham informações referência para a entidades esportivas
sobre a gestão da organização, na elaboração de seus mecanismos de
façam sugestões, elogios ou mesmo controle.
denúncias sobre a administração da
entidade desportiva. Permitir a participação do público ou
mídia nas assembleias gerais é também
Outra forma da criação de instrumentos uma forma de aumentar o controle
de controle social está na criação de social das organizações esportivas.
conselhos para desempenhar funções Esse tipo de iniciativa permite à entidade
de mobilização, consultoria e fiscalização. ser mais transparente nos momentos
Estes órgãos, para que tenham a de tomada de decisões estratégicas.
devida efetividade nas questões A transmissão das assembleias e
relacionadas ao controle social, devem reuniões por meio da internet também
permitir a participação de integrantes é uma interessante opção para
independentes, ou seja, não envolvidos melhoria dos controles sociais e da
com a direção da organização. ampla participação da sociedade.

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34
PRINCÍPIO
DA DEMOCRACIA
E EQUIDADE

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O que é?
A democracia no ambiente esportivo É importante ressaltar que a Constituição
está relacionada à possibilidade de Federal de 1988, no art. 217, garante
acesso ao poder, à rotatividade nos às entidades esportivas autonomia na
órgãos de direção e à representação sua organização e funcionamento, não
dos agentes que compõem o círculo classificando essas organizações como
de atuação da organização (ex.: atletas, entidades públicas propriamente ditas.
árbitros, entidades de prática, dirigentes, No entanto, o princípio de democracia,
patrocinadores, mídia, entre outras e, consequentemente, de ampla
partes interessadas) nos órgãos de participação, é fundamental para o seu
tomada de decisão. funcionamento, tendo em vista que o
Desta forma, entende-se que o esporte é uma manifestação de caráter
aumento da participação de todos social que influencia indistintamente os
os atores envolvidos nas atividades mais diversos setores da sociedade,
das entidades de administração do podendo ser considerado um bem
desporto pode ajudar a aumentar a público imaterial.
qualidade e a legitimidade das tomadas Sendo assim, é importante que os
de decisões, tornando as ações destas dirigentes das entidades esportivas
organizações mais próximas daquilo permitam que os mais variados grupos
que os envolvidos no esporte gostariam envolvidos no desenvolvimento do
que fosse realizado. desporto tenham oportunidade de

36
escolher os representantes dos órgãos
diretivos e que o acesso ao poder não
tenha cláusula de barreira que impeça
que pessoas que não estejam ligadas
ao atual grupo de poder possam se
candidatar e participar dos processos
eletivos.
Além do princípio da democracia, é
importante ressaltar a importância
de adotar o princípio da equidade,
que é caracterizado pelo tratamento
justo e isonômico de todas as partes
interessadas, levando em consideração
seus direitos, deveres, necessidades,
interesses e expectativas (IBGC, 2015).
O tratamento equânime das partes
interessadas segue questões ligadas a
peso de votos e tratamento igualitário
de participantes esportivos.

37
O que diz a Lei Pelé?
O princípio da democracia está presente a) Princípios definidores de gestão
de forma significativa na legislação democrática;
esportiva do Brasil. Dentre os princípios [...]
fundamentais expostos no artigo 2º da
Lei Pelé, destaca-se a necessidade de e) Alternância no exercício dos
democratização do acesso às atividades cargos de direção;
desportivas sem qualquer distinção ou [...]
discriminação.
g) Participação de atletas nos
As últimas alterações na Lei Pelé (Lei colegiados de direção e na eleição
nº 12.868, de 2013) inseriram diversas para os cargos da entidade.
obrigações que as entidades de
Art. 18-A - VIII - § 3º II - São
administração do desporto devem
inelegíveis o cônjuge e os parentes
cumprir para atender aos dispositivos
consanguíneos ou afins até o 2º
da Lei. A legislação apresenta
(segundo) grau ou por adoção.
as seguintes obrigações para as
entidades pertencentes ao Sistema Já quanto ao processo eleitoral,
Nacional do Desporto: estabelece regras objetivas:

Art. 18-A - V - Garantam a Art. 22. Os processos eleitorais


representação da categoria assegurarão:
de atletas das respectivas I - colégio eleitoral constituído de
modalidades no âmbito dos órgãos todos os filiados no gozo de seus
e conselhos técnicos incumbidos direitos, admitida a diferenciação
da aprovação de regulamentos de valor dos seus votos;
das competições.
II - defesa prévia, em caso de
Art. 18-A - VII - Estabeleçam em impugnação, do direito de
seus estatutos: participar da eleição;

38
III - eleição convocada mediante Art. 23. Os estatutos ou
edital publicado em órgão da contratos sociais das entidades
imprensa de grande circulação, de administração do desporto,
por três vezes; elaborados de conformidade com
esta Lei, deverão obrigatoriamente
IV - sistema de recolhimento dos
regulamentar, no mínimo:
votos imune a fraude;
[...]
V - acompanhamento da apuração
pelos candidatos e meios de III - a garantia de representação,
comunicação. com direito a voto, da categoria
de atletas e entidades de
§ 1º Na hipótese da adoção de prática esportiva das respectivas
critério diferenciado de valoração modalidades, no âmbito dos
dos votos, este não poderá órgãos e conselhos técnicos
exceder à proporção de um para incumbidos da aprovação de
seis entre o de menor e o de maior regulamentos das competições.
valor. (Renumerado do parágrafo
[...]
único pela Lei nº 13.155, de 2015)
§ 2º Os representantes dos atletas
§ 2º Nas entidades nacionais de de que trata este artigo deverão
administração do desporto, o ser escolhidos pelo voto destes,
colégio eleitoral será integrado, em eleição direta, organizada
no mínimo, pelos representantes pela entidade de administração
das agremiações participantes da do desporto, em conjunto com
primeira e segunda divisões do as entidades que os representem,
campeonato de âmbito nacional. observando-se, quanto ao
(Incluído pela Lei nº 13.155, de processo eleitoral, o disposto no
2015). art. 22 da Lei nº 9.615/1998.

39
O que é OBRIGATÓRIO sobre a
representação dos atletas?
Nos conselhos técnicos, incumbidos posicione claramente quanto à forma
da aprovação de regulamentos das de participação e eleição de atletas
competições, deve-se garantir a nestes colegiados, destaca-se que as
representação de atletas nos estatutos regras estabelecidas individualmente
e regimentos das entidades de por cada entidade para a escolha dos
administração do desporto. representantes dos atletas devem
No caso de conselho técnico, os estar descritas de forma clara e
representantes dos atletas deverão direta nos seus estatutos, e que não
ser escolhidos pelo voto dos pares, haja somente a menção de que os
em eleição direta, organizada pela mesmos possuem participação nos
entidade, em conjunto com as que os colegiados de direção e eleições.
representem, observando-se, quanto Essas determinações vão ao encontro
ao processo eleitoral, o estabelecido no do entendimento já consolidado no
Art. 22 da Lei Pelé. âmbito do Tribunal de Contas da
União (TCU), nas auditorias realizadas
Já nos colegiados de direção, embora a e consubstanciadas nos Acórdãos,
Lei Pelé tenha garantido a participação 3.148/2016 - TCU - Plenário, 3.150/2016
de atletas, a mesma foi omissa quanto - TCU - Plenário, 3.151/2016 - TCU -
à sua forma de participação. Ainda Plenário, e 3.152/2016 - TCU - Plenário.
que a Lei nº 9.615/1998 não se

40
O que é OBRIGATÓRIO sobre a
alternância de poder na entidade?
Neste caso, faz-se necessário que as
entidades de administração do desporto
prevejam em seus estatutos a menção
da obrigatoriedade de alternância
no exercício dos cargos de direção,
sendo o máximo de 4 anos, permitida
uma única recondução. Há também
a vedação à eleição do cônjuge e de
parentes consanguíneos ou afins, até
2º grau ou por afinidade, do Presidente
e/ou dirigente máximo, com a finalidade
de se coibirem fraudes ao princípio da
alternância previsto na Lei.

41
O que pode ser feito pela entidade
sobre a representação dos atletas nos
órgãos diretivos e sua participação na
eleição para os cargos da entidade
desportiva?
A lei prevê duas hipóteses sobre a participar do órgão diretivo, é requisito
participação de atletas. Num primeiro obrigatório que os procedimentos
momento, como representante da sejam realizados de forma transparente
categoria de atletas junto ao órgão diretivo, e com regras definidas no estatuto.
e, num segundo momento, como sujeito Noutro prisma, enquanto parte do
com capacidade eleitoral ativa. colégio eleitoral, é fundamental que
Inicialmente é importante salientar não existam restrições para que um
que, a despeito da obrigatoriedade atleta seja eleitor, como, por exemplo,
de participação de atletas nos órgãos a necessidade de ter sido medalhista
diretivos, a lei foi omissa sobre como olímpico ou ter ocupado determinada
aconteceria essa representação junto posição em ranking mundial, sob pena
aos órgãos executivos da entidade de criarem condições que restrinjam a
desportiva. Todavia, considerando o ampla participação de interessados.
princípio da democratização da gestão, Sugere-se que os requisitos para
é aconselhável que tal representação permitir a participação de atletas nos
ocorra por meio de processo eleitoral processos democráticos se restrinjam
que permita aos atletas a escolha de à necessidade de filiação obrigatória
seu(s) representante(s). na respectiva entidade há pelo menos
Independentemente da forma como 1 (um) ano e que o atleta tenha idade
aconteça a indicação do atleta para igual ou superior a 16 anos (desde que

42
emancipado ou acompanhado dos pais) (...)
ou seja maior de 18 anos. VII - a previsão da participação de atletas
Não se pode esquecer de que, por nos colegiados de direção da entidade;
determinação legal, na hipótese da VIII - a previsão da participação de atletas
adoção de critérios diferenciados na no processo eleitoral da entidade.
valoração dos votos (pesos), esta não
poderá exceder à proporção de um §2º Considera-se princípios definidores
para seis entre o menor e o maior valor. de gestão democrática para efeito
do inciso I aqueles que visam garantir
Embora não seja obrigatório, é processos coletivos de atuação, tais
recomendado que exista também como participação, descentralização
disposição das entidades esportivas transparência, dentre outros.
em permitir a participação nos
processos eletivos e/ou nos órgãos Para esclarecer o que seria a
diretivos de representantes de árbitros representação de atletas nos colegiados
e treinadores, bem como, de qualquer de direção da entidade, dispôs:
outro agente que tenha importância Art. 14. Para efeito de atendimento do
no desenvolvimento de determinadas art. 3º, inciso XI, alínea “g”, a participação
modalidades. de atletas de que trata o inciso VII do
A portaria 115/2018 do Ministério do art. 19 deverá ocorrer nos colegiados
Esporte, ao tratar do tema, dispôs: de direção da entidade incumbidos
diretamente de assuntos esportivos.
Art. 18º Para efeito da comprovação de
regularidade de que trata o art. 3º, inciso Já em relação à participação de atletas
XI deverão constar no estatuto social da na eleição para os cargos da entidade
entidade: dispôs a nova portaria:

I - Princípios definidores de gestão Art. 15 Para efeito de atendimento do


democrática; art. 3º, inciso XI, alínea “h”, o estatuto da
entidade deverá garantir a participação
(...) de atletas equivalente a no mínimo
V - Previsão de alternância nos cargos um terço do número de entidades de
de direção. administração filiadas.

43
§1º Na hipótese de a entidade não I - prever colégio eleitoral constituído
possuir atletas filiados será admitida a de todos os filiados no gozo de seus
participação de atletas filiados a outras direitos, admitida a diferenciação de
entidades do desporto, desde que valor dos seus votos;
também filiadas. II - garantir defesa prévia, em caso de
§2º Na hipótese da adoção de critério impugnação, do direito de participar da
diferenciado de valoração dos votos, eleição; e
este não poderá exceder à proporção III - definir mecanismos de
de um para seis entre o de menor e o acompanhamento da apuração pelos
de maior valor, conforme disposto no candidatos e meios de comunicação.
§1º, do art. 22 da Lei nº 9.615, de 1998.
§1º Na hipótese da adoção de critério
§3º As entidades de prática esportiva diferenciado de valoração dos votos
estarão dispensadas do cumprimento nos processos eletivos, não poderá ser
do previsto no caput, conforme disposto excedida à proporção de um para seis
no §1º, inciso II, do art. 18-A da Lei nº entre o de menor e o de maior valor,
9.615, de 1998. conforme disposto no §1º, do art. 22 da
Art. 16º Os estatutos não poderão Lei nº 9.615, de 1998.
impedir a candidatura de atletas aos §2º Equipara-se a filiados os associados
cargos eletivos. para efeito do cumprimento do previsto
Parágrafo único. A criação de critérios no inciso I, a depender das disposições
para candidatura de atletas não configura estatutárias a serem verificadas em cada
o impedimento do qual o caput trata. caso concreto.
Finalmente, sobre o processo eleitoral, Art. 21º Para efeito da comprovação
parte fundamental para a garantia de um de regularidade de que trata o art.
escrutínio hígido determinou a portaria 3º, inciso XIII, alínea “c”, a entidade
115/2018: deverá encaminhar, no mínimo, três
Art. 20º Para efeito da comprovação comprovantes de publicação do edital
de regularidade de que trata o art. 3º, com a regras aplicáveis ao processo
inciso XIII, alíneas “a”, “b” e “e”, os editais dos eleitoral em órgão de imprensa de ampla
processos eleitorais da entidade deverão: circulação em mídia digital ou impressa.

44
Art. 22º Para efeito da comprovação participantes da primeira e segunda
de regularidade de que trata o art. 3º, divisões do campeonato de âmbito
inciso XIII, alínea “d”, a entidade deverá nacional, quando houver.
comprovar a existência de sistema de §1º O estatuto da entidade deverá definir
recolhimento dos votos seguro e imune critérios que garantam a participação de
a fraude por meio de relatório técnico agremiações equivalente a, no mínimo,
ou documento equivalente. um terço do número de entidades de
Art. 23º O processo de elegibilidade administração filiadas.
dos cargos de direção deverá ter §2º Na hipótese da adoção de critério
concorrência de, no mínimo, duas diferenciado de valoração dos votos,
candidaturas, podendo ser admitida este não poderá exceder à proporção
candidatura única se comprovada de um para seis entre o de menor e o
ampla divulgação da eleição e ausência de maior valor, conforme disposto no
de interessados. §1º, do art. 22 da Lei nº 9.615, de 1998.
Art. 24º O colégio eleitoral das §3º A previsão contida no caput não se
entidades nacionais de administração aplica ao Comitê Brasileiro de Clubes -
do desporto será integrado, no mínimo, CBC, Comitê Paraolímpico Brasileiro -
pelos representantes das agremiações CPB e Comitê Olímpico do Brasil - COB.

45
46
PRINCÍPIO DA
PRESTAÇÃO
DE CONTAS
(ACCOUNTABILITY)

47
O que é?
O conceito de accountability diz constituir-se num meio de promover
respeito à obrigação que têm as às partes interessadas (ex.: atletas,
pessoas ou entidades às quais se treinadores, clubes, patrocinadores e
tenham confiado recursos, de assumir outros) informações de forma concisa,
as responsabilidades de ordem fiscal e compreensível, clara e inteligível (IBGC,
gerencial que lhes foram conferidas, e 2015).
de prestar contas a quem lhes delegou
De forma geral, as entidades de
essas responsabilidades demonstrando
administração do desporto e seus
o bom uso desses recursos (AKUTSU &
gestores são responsáveis pela
PINHO, 2002).
consolidação da sua prestação
Na governança, a accountability está de contas por meio de relatórios
intimamente ligada à prestação de financeiros, assumindo integralmente
contas. Esta envolve responsabilidade, as consequências de seus atos e
controle, transparência, além de omissões, devendo atuar com diligência
justificativas para as ações que foram ou e responsabilidade no âmbito do seu
deixaram de ser empreendidas (RAUPP papel no Sistema Nacional de Desporto.
& PINHO, 2015). Este processo deve

48
O que é o conselho fiscal?
O conselho fiscal da entidade de
administração do desporto deve ser
o principal organismo de controle
e de fiscalização desse princípio,
constituindo-se em importante órgão
regulador e fiscalizador no processo de
prestação de contas. É obrigatório que
o Conselho Fiscal seja independente da
diretoria e do conselho de administração,
se possível eleito através de processo
democrático. Ele pode servir como vetor
da implementação de boas práticas
de governança, direcionando seu foco
para a transparência, o controle e a
fiscalização dos atos internos da entidade,
com o objetivo de contribuir para o
melhor desempenho da organização
(IBGC, 2015).

49
O que diz a Lei Pelé?
A Lei nº 9.615/1998, como condição
para que entidade desportiva receba
recursos públicos, e para garantir a
eficácia decorrente do princípio ora
em análise, exige que as entidades de
administração do desporto:

Art. 18-A. Sem prejuízo do


disposto no art. 18, as entidades
sem fins lucrativos componentes
do Sistema Nacional do Desporto,
[...], somente poderão receber
recursos da administração pública
federal direta e indireta caso:
[...]
VI. Assegurem a existência e a
autonomia do seu conselho fiscal;
VII. Estabeleçam em seus
Estatutos:
[...]
d) fiscalização interna;
f) aprovação das prestações de
contas anuais por conselho de
direção, precedida por parecer
do conselho fiscal.

50
O que é OBRIGATÓRIO para a formação
de um conselho fiscal autônomo?
Corroborando o que dispunha a Lei desporto são premissas fundamentais
Pelé, a Lei nº 13.155/2015, que criou a para o cumprimento da legislação.
Responsabilidade Fiscal do Esporte - Sem que os requisitos anteriores sejam
LRFE (PROFUT), trouxe balizas mais atendidos, não há como se falar em
claras aos requisitos de um conselho independência do conselho fiscal.
fiscal, ao estabelecer que será A portaria 115/2018 do Ministério do
considerado autônomo o conselho Esporte ao falar sobre conselho fiscal
fiscal que tenha asseguradas condições dispôs:
de instalação, de funcionamento e de
independência, garantidas, no mínimo, Art. 17º Para efeito de atendimento
por meio das seguintes medidas: do art. 3º, inciso X, deverá constar em
estatuto dispositivo que disponha sobre
I - escolha de seus membros mediante a existência e autonomia do Conselho
voto ou outro sistema estabelecido Fiscal, que deverá ser garantida por
previamente à escolha; meio dos seguintes requisitos mínimos:
II - exercício de mandato de seus I - a escolha dos membros do Conselho
membros, do qual somente possam Fiscal por meio de voto;
ser destituídos nas condições II - exercício de mandato, do qual só
estabelecidas previamente ao seu possam ser destituídos nas condições
início e determinadas por órgão estabelecidas previamente ao seu início,
distinto daquele sob a sua fiscalização; e desde que determinada por órgão
e distinto daquele sob a sua fiscalização;
III - existência de regimento interno III - a existência de regimento interno
que regule o seu funcionamento. que regule o funcionamento; e
A existência e autonomia dos conselhos IV - a vedação da composição por
fiscais das entidades de administração do membros de cargos de direção.

51
Parágrafo único. É vedado aos função em entidade de administração
administradores e membros de do desporto, conforme disposto no
Conselho Fiscal de entidade de prática art. 90 da Lei nº 9.615, de 1998.
desportiva o exercício de cargo ou

O que pode ser feito pela entidade


sobre o conselho fiscal?
À luz da legislação vigente, sugere-se às complementares que julgar
entidades de administração do desporto necessárias ou úteis à deliberação da
a definição das principais competências assembleia-geral;
do seu conselho fiscal, especialmente - a possibilidade de denunciar por
aquelas relacionadas à fiscalização, qualquer de seus membros, aos órgãos
análise e verificação do cumprimento de direção e, se estes não tomarem
dos seus deveres legais e estatutários, as providências necessárias para a
como: proteção dos interesses da entidade, à
- a possibilidade de fiscalização, por assembleia geral os erros, as fraudes
qualquer de seus membros, dos atos ou os crimes que descobrirem, e
dos administradores e de verificação sugerir providências úteis à melhor
do cumprimento dos seus deveres gestão da entidade;
legais e estatutários; - a convocação da assembleia
- o direito de opinar sobre o relatório geral ordinária, se os órgãos da
anual da administração, fazendo administração retardarem por mais
constar do seu parecer as informações de 1 (um) mês essa convocação, e da

52
extraordinária, sempre que ocorrerem
motivos graves ou urgentes, incluindo
na agenda das assembleias as matérias
que considerarem necessárias;
- a possibilidade de analisar o
balancete e demais demonstrações
financeiras elaboradas periodicamente
pela entidade;
- o poder de requisição de qualquer
dos seus membros de esclarecimentos
ou informações, desde que relativas à
sua função fiscalizadora, assim como
a elaboração de demonstrações
financeiras ou contábeis especiais;
- a possibilidade de apurar fato cujo
esclarecimento seja necessário ao
desempenho de suas funções e
formular, com justificativa, questões a
serem respondidas pelos órgãos de
direção.

53
O que é
OBRIGATÓRIO
sobre a prestação
de contas da
entidade?
Por exigência da legislação, cabe ao
conselho fiscal, por meio de parecer,
a recomendação ou não da aprovação
das prestações de contas anuais das
entidades de administração do desporto.

54
O que pode ser feito pela entidade
sobre a prestação de contas?
Uma vez que o princípio da prestação de 3)
apresentação de informações
contas envolve essencialmente valores referentes à força de trabalho, gastos
como responsabilidade, controle e com pessoal e ao cumprimento da
transparência, sugere-se às entidades legislação trabalhista;
de administração do desporto apresentar 4) apresentação de informações sobre
às partes interessadas os pareceres do a gestão de compras e contratações;
conselho fiscal, devidamente subscritos
por contador legalmente habilitado, e, 5) apresentação de informações sobre
auditados por empresa particular, as atas a gestão de transferências, se for o
de aprovação e o relatório de gestão das caso;
contas referentes ao exercício anterior. 6)
apresentação das demonstrações
contábeis.
Alguns itens possíveis de constar no
relatório de gestão da entidade: Esses itens devem ter o detalhamento
de informações suficientes (texto
1)
apresentação dos resultados descritivo) que possibilite à sociedade
quantitativos e qualitativos da gestão, o entendimento da utilização anual dos
em especial quanto à eficácia e recursos públicos e privados.
eficiência no cumprimento dos
objetivos estabelecidos para o Tais requisitos asseguram às partes
exercício (planejamento anual). Os interessadas informações concisas e
resultados devem ser embasados fidedignas sobre o andamento dos
por análise crítica por ocasião do não processos operacionais da entidade de
atingimento eventual de metas anuais; administração do desporto, permitindo
2)
os indicadores utilizados pela que estas sejam capazes de legitimar a
entidade utilizados para aferição do aprovação das suas contas.
atingimento das metas anuais;

55
56
PRINCÍPIO DA
RESPONSABILIDADE

57
O que é?
No contexto de governança, diz respeito no planejamento de suas atividades,
ao zelo que a organização deve ter buscando atender às demandas de
pela sua sustentabilidade, visando sua todos, e não apenas dos seus vértices
longevidade, incorporando indicadores estratégicos (ETHOS, 2009).
de ordem social na definição das suas No esporte, questões como a
operações (IBGC, 2015; TCU, 2014). sensibilidade das entidades em se
Para o desenvolvimento sustentável das relacionar com a comunidade e o seu
entidades da administração do desporto, poder mobilizador e multiplicador de
pressupostos como a responsabilidade ações socialmente responsáveis são
com o esporte em todas as suas algumas das premissas que ajudam
dimensões, a administração de seus a transmitir uma melhor imagem da
recursos e a percepção do impacto na entidade.
comunidade e nas partes interessadas Neste sentido, a responsabilidade das
são fundamentais. Por consequência, tais entidades de administração do desporto
práticas devem assegurar um impacto assume-se como um ponto fundamental
positivo na gestão destas entidades para potencializar o desenvolvimento
(SMITH & WESTERBEEK, 2007). do esporte, na medida em que reflete a
Deste modo, por meio de uma conduta preocupação com o impacto social das
responsável pautada no princípio ações dessas entidades, a eficiência
ético nas suas ações, a entidade deve dos seus processos internos e o
potencializar a sua capacidade de ouvir cumprimento dos seus deveres, o que
com equidade os interesses das partes contribui, assim, para o desenvolvimento
e, se assim for devido, incorporá-los do Sistema Brasileiro de Desporto.

58
A responsabilidade dos gestores da
entidade
No contexto da governança, um ações e na responsabilização pelos
modelo de gestão de entidades de seus atos junto aos instrumentos de
administração do desporto deve controle interno e externo à entidade.
propiciar o equilíbrio entre as legítimas Ainda assim, um dos grandes desafios
expectativas das diferentes partes está em determinar quanto de risco
interessadas, a responsabilidade e aceitar nas decisões tomadas pelos
discricionariedade dos dirigentes e a gestores dessas entidades. Numa
necessidade de prestar contas (IFAC, organização ideal, este risco, se
2001). assumido em um nível não aceitável,
No escopo do desenvolvimento deve ativar controles internos que
das suas atividades, as entidades auxiliem o gestor na melhor tomada
de administração do desporto, de decisão sem incorrer em atos
nomeadamente os seus dirigentes fraudulentos ou temerários.
e gestores, precisam satisfazer uma No esporte brasileiro, a Lei nº 13.155, de
gama complexa de objetivos políticos, 4 de agosto 1de 2015, conhecida como
econômicos, esportivos e sociais, o que Lei do PROFUT, trouxe a figura da gestão
os submete a um conjunto de influências temerária como instrumento para a
que tendencialmente norteiam as suas responsabilização dos gestores das
decisões. entidades de administração do desporto
Neste sentido, definições claras (i.e., artigos 24 a 27), pela prática de atos
sobre o papel de cada gestor dessas ilícitos de gestão irregulares, temerários
entidades devem estar estabelecidas ou, ainda, contrários ao previsto no
em códigos de ética e conduta contrato social ou estatuto.
formalmente instituídos, claros e O professor Luiz Regis Prado caracteriza
suficientemente detalhados. Isto a gestão fraudulenta como o incremento
permite maior transparência nas suas relevante do risco, produto de confiança

59
demasiadamente imprudente e objetivos sociais, funciona como um
audaciosa, com reflexos em transações importante indicador para potencializar
perigosas. Assim, fica claro que a Lei o desenvolvimento do esporte, à
preocupou-se em proteger as entidades medida que reflete a preocupação
desportivas de administradores com o impacto das decisões tomadas
aventureiros, despreocupados com o pelos responsáveis administrativos
resultado final de seus atos de gestão. da entidade, estabelecendo diretrizes
De modo objetivo, a Lei do PROFUT e correções para atos irregulares
elencou condutas vedadas aos cometidos pelos gestores e o
dirigentes das entidades, impondo uma descumprimento dos seus deveres
série de penalidades para aqueles que estatutários.
aderirem a comportamentos pouco Este cenário contribui para maior
cautelosos na condução das entidades transparência nos atos da entidade,
desportivas. maior controle social pelas partes
Do ponto de vista da responsabilidade interessadas e para a responsabilização,
do gestor, este mecanismo, além de forma efetiva, dos dirigentes pelas
de proteger as entidades e os seus entidades de administração do desporto.

60
O que diz a Lei Pelé?
Para garantir os pressupostos da do Sistema Nacional do Desporto,
responsabilidade às entidades de referidas no parágrafo único do
administração do desporto, dispõe a Lei art. 13, somente poderão receber
Pelé: recursos da administração pública
federal direta e indireta caso: [...]
Art. 18. Somente serão beneficiadas
com isenções fiscais e repasses III - destinem integralmente
de recursos públicos federais da os resultados financeiros à
administração direta e indireta, nos manutenção e ao desenvolvimento
termos do inciso II do art. 217 da dos seus objetivos sociais.
Constituição Federal, as entidades [...]
do Sistema Nacional do Desporto
que: Com a finalidade de zelar pela prudente
e responsável administração das
I - possuírem viabilidade e entidades do desporto, o art. 44, da Lei
autonomia financeiras; nº 13.155/2015, estendeu a aplicação da
II - estiverem em situação regular figura da gestão temerária para toda e
com suas obrigações fiscais e qualquer entidade do sistema nacional
trabalhistas; do desporto. Dispõe a Lei do PROFUT:
[...] Art. 24º Os dirigentes das entidades
V - demonstrem compatibilidade desportivas, independentemente
entre as ações desenvolvidas da forma jurídica adotada, têm
para a melhoria das respectivas seus bens particulares sujeitos ao
modalidades desportivas e o Plano disposto no art. 50 da Lei nº 10.406,
Nacional do Desporto. de janeiro de 2002.

Art. 18-A. Sem prejuízo do Art. 50º Em caso de abuso


disposto no art. 18, as entidades da personalidade jurídica,
sem fins lucrativos componentes caracterizado pelo desvio de

61
finalidade, ou pela confusão Art. 25. Consideram-se atos de
patrimonial, pode o juiz decidir, gestão irregular ou temerária
a requerimento da parte, ou do praticados pelo dirigente aqueles
Ministério Público quando lhe que revelem desvio de finalidade
couber intervir no processo, que os na direção da entidade ou
efeitos de certas e determinadas que gerem risco excessivo e
relações de obrigações sejam irresponsável para seu patrimônio,
estendidos aos bens particulares tais como:
dos administradores ou sócios da I - aplicar créditos ou bens sociais
pessoa jurídica. em proveito próprio ou de terceiros;
§ 1º Para os fins do disposto nesta II - obter, para si ou para outrem,
Lei, dirigente é todo aquele que vantagem a que não faz jus e
exerça, de fato ou de direito, poder de que resulte ou possa resultar
de decisão na gestão da entidade, prejuízo para a entidade desportiva;
inclusive seus administradores.
III - celebrar contrato com empresa
§ 2º Os dirigentes de entidades da qual o dirigente, seu cônjuge
desportivas respondem solidária ou companheiro, ou parentes,
e ilimitadamente pelos atos ilícitos em linha reta, colateral ou por
praticados e pelos atos de gestão afinidade, até o terceiro grau,
irregular ou temerária ou contrários sejam sócios ou administradores,
ao previsto no contrato social ou exceto no caso de contratos de
estatuto. patrocínio ou doação em benefício
§ 3º O dirigente que, tendo da entidade desportiva;
conhecimento do não cumprimento IV - receber qualquer pagamento,
dos deveres estatutários ou doação ou outra forma de repasse
contratuais por seu predecessor ou de recursos oriundos de terceiros
pelo administrador competente, que, no prazo de até um ano,
deixar de comunicar o fato ao antes ou depois do repasse,
órgão estatutário competente será tenham celebrado contrato com a
responsabilizado solidariamente. entidade desportiva;

62
V - antecipar ou comprometer que as medidas realizadas visavam
receitas referentes a períodos a evitar prejuízo maior à entidade.
posteriores ao término da gestão § 2º Para os fins do disposto no
ou do mandato, salvo: inciso IV do caput deste artigo,
a) o percentual de até 30% (trinta também será considerado ato
por cento) das receitas referentes de gestão irregular ou temerária
ao primeiro ano do mandato o recebimento de qualquer
subsequente; ou pagamento, doação ou outra
b) em substituição a passivos forma de repasse de recursos por:
onerosos, desde que implique I - cônjuge ou companheiro do
redução do nível de endividamento; dirigente;
VI - formar défice ou prejuízo anual II - parentes do dirigente, em linha
acima de 20% (vinte por cento) reta, colateral ou por afinidade, até
da receita bruta apurada no ano o terceiro grau; e
anterior; III - empresa ou sociedade civil da
VII - atuar com inércia administrativa qual o dirigente, seu cônjuge ou
na tomada de providências companheiro ou parentes, em linha
que assegurem a diminuição reta, colateral ou por afinidade, até
dos défices fiscal e trabalhista o terceiro grau, sejam sócios ou
determinados no art. 4o desta Lei; e administradores.
VIII - não divulgar de forma § 3º Para os fins do disposto no
transparente informações de gestão inciso VI do caput deste artigo,
aos associados e torcedores. não serão considerados atos de
§ 1º Em qualquer hipótese, o gestão irregular ou temerária
dirigente não será responsabilizado o aumento de endividamento
caso: decorrente de despesas relativas
ao planejamento e à execução de
I - não tenha agido com culpa obras de infraestrutura, tais como
grave ou dolo; ou estádios e centros de treinamento,
II - comprove que agiu de boa-fé e bem como a aquisição de terceiros

63
dos direitos que envolvam a ser convocada por 15% (quinze
propriedade plena de estádios e por cento) dos associados com
centros de treinamento: direito a voto para deliberar sobre
I - desde que haja previsão e a instauração de procedimento de
comprovação de elevação de apuração de responsabilidade dos
receitas capazes de arcar com o dirigentes, caso, após três meses
custo do investimento; e da ciência do ato tido como de
gestão irregular ou temerária:
II - desde que estruturados na
forma de financiamento-projeto, I - não tenha sido instaurado o
por meio de sociedade de referido procedimento; ou
propósito específico, constituindo II - não tenha sido convocada
um investimento de capital assembleia geral para deliberar
economicamente separável das sobre os procedimentos internos
contas da entidade. de apuração da responsabilidade.
Art. 26. Os dirigentes que § 3º Caso constatada a
praticarem atos de gestão responsabilidade, o dirigente será
irregular ou temerária poderão ser considerado inelegível por dez
responsabilizados por meio de anos para cargos eletivos em
mecanismos de controle social qualquer entidade desportiva.
internos da entidade, sem prejuízo Art. 27. Compete à entidade
da adoção das providências desportiva, mediante prévia
necessárias à apuração das deliberação da assembleia
eventuais responsabilidades civil e geral, adotar medida judicial
penal. cabível contra os dirigentes para
§ 1º Na ausência de disposição ressarcimento dos prejuízos
específica, caberá à assembleia causados ao seu patrimônio.
geral da entidade deliberar sobre a § 1º Os dirigentes contra os quais
instauração de procedimentos de deva ser proposta medida judicial
apuração de responsabilidade. ficarão impedidos e deverão ser
§ 2º A assembleia geral poderá substituídos na mesma assembleia.

64
§ 2º O impedimento previsto no sido proposta após três meses da
§ 1º deste artigo será suspenso deliberação da assembleia geral.
caso a medida judicial não tenha

O princípio da prudência fiscal na


condução dos trabalhos da entidade
Trata-se de princípio que enseja gestão no médio e longo prazo. A observância
cautelosa com os gastos da entidade da gestão fiscal responsável está
e paralelamente exige a adoção de refletida na figura da gestão temerária,
medidas condicionantes de uma prevista na Lei da APFUT, consoante os
trajetória de ajuste fiscal, assegurando a artigos 24 e 27 da referida norma.
sustentabilidade financeira da entidade

65
O que é OBRIGATÓRIO sobre a viabilidade
e autonomia financeira da entidade?
Ao contrário do disposto na portaria divisão do ativo circulante sobre o
224/2014 do Ministério do Esporte, passivo circulante.
a nova portaria 115/2018 traz como §1º Para fins de comprovação
parâmetro mínimo para que uma dos índices, a entidade deverá
entidade possa ser considerada apresentar: balanço patrimonial,
viável e autônoma financeiramente demonstrativo de resultado de
que ela não possua despesas exercício e demonstrativo de fluxo de
administrativas superiores à sua caixa, referentes ao último exercício
arrecadação, trazendo ainda meta encerrado.
a ser perseguida pelas entidades §2º A documentação de que trata
para o futuro. Exige-se, ainda, que o §1º deverá ser subscrita pelo
os documentos sejam validados por Presidente ou dirigente máximo e
contador habilitado. por contador legalmente habilitado,
Art. 4º Para efeito da comprovação e deve ser previamente aprovada
de que trata o art. 3º, inciso I, será pelo Conselho Fiscal da entidade.
exigido: §3º A documentação de que trata
o §1º deverá contemplar em seus
I - índice de gastos administrativos
resultados o correto registro contábil
inferior a um referente ao último
da receita e despesas decorrentes
exercício encerrado, composto pela
dos contratos com cláusula de
divisão das despesas administrativas confidencialidade, se houver.
sobre a receita total; e
§4º As entidades poderão orientar-
II - definição de meta para obtenção se pelo Manual de Contabilidade
de índice de liquidez corrente maior para Entidades Esportivas, disponível
ou igual a um referente ao último no sítio eletrônico do Ministério do
exercício encerrado, calculado pela Esporte.

66
Ainda no que compete às comprovem a origem de suas receitas
responsabilidades do dirigente máximo e a efetivação de suas despesas, bem
da entidade e às suas atribuições, a como a realização de quaisquer outros
legislação prevê a necessidade de: atos ou operações que venham a
- manter a escrituração completa de suas modificar sua situação patrimonial; e
receitas e despesas em livros revestidos - apresentar à Secretaria da Receita
das formalidades que assegurem a Federal do Brasil, anualmente,
respectiva exatidão, de acordo com Declaração de Rendimentos, em
a legislação e normas editadas pelo conformidade com o disposto em
Conselho Federal de Contabilidade; ato daquele órgão, sem prejuízo da
- manter e conservar em boa ordem, exigência de apresentação da cópia do
pelo prazo de cinco anos, contado da respectivo recibo de entrega da referida
data da emissão, os documentos que Declaração de Rendimentos.

67
O que é OBRIGATÓRIO sobre os
requisitos fiscais e trabalhistas?
A portaria 115/2018 do Ministério do pode ser feita mediante extrato emitido
Esporte estabelece: pelo sistema de consulta de requisitos
fiscais disponibilizado pela Secretaria do
Art. 6º Para efeito da comprovação
Tesouro Nacional.
de regularidade de que trata
o art. 3º, inciso III, deverão ser Adicionalmente, destaca-se que,
apresentadas: quando do procedimento de verificação
do cumprimento das condições
I - Certidão Conjunta de Débitos
para celebração de parcerias entre
relativos a Tributos e Contribuições
o Ministério do Esporte e entidades
Federais e à Dívida Ativa da União;
do Sistema Nacional do Desporto, a
II - Certidão Negativa de Débito; administração pública federal consultará
III - Certificado de Regularidade do o Cadastro de Entidades Privadas Sem
Fundo de Garantia do Tempo de Fins Lucrativos Impedidas - CEPIM,
Serviço; e o Sistema de Convênios - SICONV, o
Sistema Integrado de Administração
IV - Certidão Negativa de Débitos
Financeira do Governo Federal -
Trabalhistas.
SIAFI, o Sistema de Cadastramento
Parágrafo único. O Ministério do Unificado de Fornecedores - SICAF e
Esporte também verificará a o Cadastro Informativo de Créditos não
regularidade de que trata o caput Quitados do Setor Público Federal -
junto ao Poder Executivo Federal CADIN, para verificar se há informação
mediante consulta ao Cadastro sobre ocorrência impeditiva à referida
Informativo dos Créditos Não certificação e celebração.
Quitados do Setor Público Federal.
A manutenção, atualização e
A comprovação dos requisitos fiscais posse destas certidões demonstra
com exceção da CNDT e PIS/PASEP fundamentalmente a responsabilidade

68
da entidade com a sua imagem perante
as partes interessadas e o Sistema
Nacional de Desporto.
Neste sentido, sugere-se a manutenção
destas certidões e comprovantes num
portal virtual de fácil acesso às partes
interessadas, de forma a garantir,
também, transparência na partilha
das informações no que se refere ao
cumprimento da legislação. Para além
disto, com relação às obrigações fiscais,
sugere-se à entidade a manutenção
das certidões negativas de existência
de débitos com tributos da União, do
Estado e do Município em que esta
estiver sediada.

69
O que é OBRIGATÓRIO sobre a
destinação de recursos para os
objetivos sociais da entidade?
Deve também a entidade de seus objetivos sociais, comprovando o
administração do desporto destinar destino dessas verbas sempre que lhe
integralmente os resultados financeiros à for solicitado.
manutenção e ao desenvolvimento dos

O que pode ser feito pela entidade


sobre a destinação de recursos para os
seus objetivos sociais?
Ainda que exista uma gestão superavitária, de potencializar o desenvolvimento
é importante que os gestores atendam do esporte no país, a entidade deverá
de forma adequada às demandas do estabelecer compatibilidade entre
desenvolvimento das modalidades as ações previstas e as metas, que
esportivas. Desta forma, não basta apenas se constituíam como base para o
buscar um balanço positivo, mas também desenvolvimento do esporte no Brasil.
atender, de forma responsável, todas Estas condições são fundamentais
as suas atribuições enquanto entidade para a garantia da sustentabilidade
promotora do esporte. da entidade e contribuem para uma
Deste modo, no desenvolvimento imagem responsável perante as partes
dos seus projetos e com o objetivo interessadas.

70
O que é OBRIGATÓRIO sobre as
responsabilidades do gestor da
entidade?
Apesar de a Lei nº 13.155, de 4 de [...] Pessoas físicas e jurídicas
agosto de 2015, conhecida como Lei do de direito privado, com ou sem
PROFUT, estar diretamente ligada ao fins lucrativos, encarregadas da
estabelecimento de princípios e práticas coordenação, administração,
de responsabilidade fiscal e financeira e normalização, apoio e prática
de gestão transparente e democrática do desporto, bem como as
para entidades desportivas profissionais incumbidas da Justiça Desportiva
de futebol, em suas disposições finais e, especialmente:
e transitórias obriga o cumprimento do I - o Comitê Olímpico Brasileiro -
disposto nos artigos 24 a 27, já citados, COB;
por todas as entidades que compõem
o Sistema Nacional do Desporto II - o Comitê Paraolímpico Brasileiro
caracterizadas no art. 13 da Lei Pelé, ou - CPB;
seja: III - as entidades nacionais de
administração do desporto;
IV - as entidades regionais de
administração do desporto;
V - as ligas regionais e nacionais;
VI - as entidades de prática
desportiva filiadas ou não àquelas
referidas nos incisos anteriores.
VII - a Confederação Brasileira de
Clubes - CBC.

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O que pode ser feito pelo gestor sobre
as suas responsabilidades à frente da
entidade?
A responsabilização por atos ilícitos, Por último é imprescindível que
atos de gestão irregular ou temerários se traga ao conhecimento das
praticados pelo gestor no âmbito do seu entidades componentes do
mandato na entidade, constitui-se como sistema nacional do desporto a Lei
um mecanismo de controle importante 12.846/2013, conhecida como Lei
para a manutenção da transparência na Anticorrupção, cujo conteúdo é de
aplicabilidade a todas as pessoas
forma como as decisões são tomadas.
jurídicas de direito privado que se
Neste sentido, sugere-se ao gestor e relacionem com a administração
à entidade a definição clara das suas pública.
funções e das responsabilidades, Em um apanhado superficial do
certificando-se do seu cumprimento o instrumento legal, alguns pontos
órgão de controle interno, neste caso, o merecem destaque:
seu conselho fiscal.
1 - Responsabilização objetiva
Adicionalmente, a manutenção de administrativa e civil pela prática de
um sistema eficaz de transparência na atos contra a administração.
prestação de contas, controle social e de 2 - Análise de culpabilidade dos
riscos tende a potencializar a imagem de dirigentes e administradores por
instituição responsável, o que melhora, atos ilícitos praticados no âmbito
por exemplo, a interação com as partes das entidades, que pode ocorrer por
interessadas e a visibilidade perante os ação ou omissão.
parceiros institucionais.
3 - Multas que, no caso das
organizações da sociedade civil
sem fins lucrativos, pode ir de

72
R$ 6.000,00 (seis mil reais) a
R$ 6.000.000,00 (seis milhões de
reais), em processos de apuração
conduzidos pela autoridade máxima
do órgão ou entidade dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário ou
pela Controladoria Geral da União.
Tal norma demonstra a importância
do fortalecimento dos controles
internos dentro das entidades
componentes do sistema nacional
do desporto que administrem
recursos de origem pública, sendo
fundamentais para defesa da
integridade da entidade e do próprio
patrimônio do gestor, que pode vir
a ser afetado caso constatado que
sua ação ou inação contribuiu para o
dano ao erário.

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Referencial Básico
Para organização desta cartilha, além da legislação sobre o esporte brasileiro, referência básica
para a construção deste instrumento, recorreu-se aos mais diversos documentos acadêmicos
sobre o tema da governança corporativa e no âmbito do esporte, incluindo-se manuais,
modelos e códigos de diversos países, entre os quais:
- AKATSU, L. & PINHO, J. G. de. (2002). Sociedade da informação, accountability e democracia delegativa:
investigação em portais de governo no Brasil. Revista de Administração Pública, 36, 5, 723-745;
- CLARKE, T. (2004) Theories of corporate governance: The philosophical foundations of Corporate
Governance. Londres: Routledge.
- Controladoria-Geral da União (2012). Cartilha Olho Vivo no Dinheiro Público – Controle Social. 3ed.
Brasília: Gráfica Positiva.
- European Olympic Comitee (2001). The rules of the game. Conference report and conclusions.
- HOYE, R. & CUSKELLY, G. (2007) Sport Governance. Oxford: Elsevier.
- Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015). Código das melhores práticas de governança
corporativa. 5ed. São Paulo: IBGC.
- Instituto Ethos de Empresa e Responsabilidade Social (2009). Relatório de Sustentabilidade Instituto
Ethos e UniEthos 2008. São Paulo: Gráfica Ideal.
- International Federation of Accountants (2001). Governance in the public sector: A governing body
perspective. Internacional Public Sector Study 13. New York: IFAC.
- MCGOWAN, R. A., & MAHON, J. F. (2009). Corporate Social Responsibility in Professional Sports: An
Analysis of the NBA, NFL, and MLB. Academy of Business Disciplines Journal, 1(1), 45-82;
- Raupp, F. M., & Pinho, J. A. G. (2016). Review of passive transparency in Brazilian city councils. Revista
de Administração, 51(3), 288-296.
- SMITH, A., & WESTERBEEK, H. (2007). Sport as a Vehicle for Deploying Corporate Social Responsibility.
Journal of Corporate Citizenship, 43-54. 70.
- Sport & Recreation New Zealand (2004). Nine steps for a effective Governance: Building high
performing organisations. 2ed. Nova Zelândia: Sport & Recreation New Zealand.
- TONIETTI, Diego Oliveira; MOURA, Humberto Fernandes; MELLO, Luiz André de Figueiredo, TAVEIROS,
Nicole Romeiro, NETO, Raimundo da Costa Santos; MARCONDES, Tamoio Athayde. Compliance no
Esporte. IN: Compliance no Direito Brasileiro. (no prelo) Belo Horizonte, Editora D´Plácido, 2018.
- Tribunal de Contas da União (2014). Referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades
da administração pública. 2ed. Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão.
- UK Sport (2004). Good Governance guide for national governing bodies. Londres: UK Sport.

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