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MÓDULO 8

ARISTÓTELES, SABEDORIA E ÉTICA


Período helenístico: Estagira (384 a.C.); Cálcis (322 a.C.).
Todo homem aspira ao saber através da estima de seus sentidos, valendo-se da memória e da
sua experiência. Da experiência, surgem em seu espírito a arte e a ciência.
Sistematização do saber ocidental: Foi o primeiro pensador a sistematizar a ciência. Divide
a ciência em três ramos:
Ciências teoréticas: estudam coisas que existem independentemente dos homens. Metafísica.
Física. Matemática.
Ciências práticas: buscam o saber para alcançar a perfeição moral. Ética e Política.
Ciências poiéticas: estudam a forma de produzir as coisas, o poder de criação. Arte.
A alma intelectiva e conhecimento racional: Aristóteles vai desenvolver uma teoria da
categoria dos seres vivos.
A princípio, afirma que todos os seres vivos são constituídos de alma, ou seja, a força que o
anima. Mas essa energia se manifesta diferentemente.
Alma vegetativa: ser com função orgânica de respirar, secretar, sintetizar, etc. Vegetais.
Alma sensitiva: ser com função sensorial (audição, visão, tato, olfato, paladar). Animais.
Alma intelectiva: ser com racional e axiológico. Humanos.
Ética: No livro “Metafísica”, Aristóteles diz que o homem tende, por natureza, ao saber,
através do conhecimento e da virtude. Por isso, divide a virtude em ética e dianoética: A
ética é a ação, a paixão e a emoção (força que anima o corpo). A dianoética é moral e
intelectual (controle das ações).
Política: No livro “A Política”, afirma que o homem é um animal político porque sua
inclinação é a vida em sociedade. Aquele que quer viver só, ou é um deus ou é um bruto.
Com esse preceito, o estagirita estabelece três caminhos ao homem. A vida social, a vida
religiosa e a vida selvagem.
Justiça: concebe a justiça como um meio-termo e como excelência moral.
Como meio-termo (Ia), a justiça sempre vai ser o equilíbrio entre dois valores. Exemplo:
Entre ao medo e a temeridade, a coragem. A justiça é uma ação moral moderada, na justa
medida entre a falta e o excesso.
Sendo um "meio-termo", a justiça pressupõe a proporcionalidade, que implica em considerar
a justiça como aquilo que é equitativo, ou seja, nem mais nem menos (1131a)
Como excelência moral, é a prática efetiva da excelência moral perfeita. Ela é perfeita
porque as pessoas que possuem o sentimento de justiça podem praticá-la não somente em
relação a si mesmas como também em relação ao próximo. Nesse sentido, a concepção de
justiça assenta-se na noção de alteridade.
A justiça seria a disposição da alma humana a fazer o que é justo, no sentido de agir e de
desejar justamente. Disso infere-se a transformação do que há em potência em ato, ou seja, o
desejo de justiça se completa com a prática da justiça em comunidade. Aqui ela alcança um
patamar de plenitude. Exemplo: a caridade só é virtude se eivada de justiça. Quem dá ao
poderoso por medo ou ao necessitado por superioridade, carece de caridade por faltar justiça
no ato.

MÓDULO 9
ARISTÓTELES, JUSTIÇA E EQUIDADE

A justiça como virtude política: É a realização do bem maior na cidade. A justiça vai se
realizar na particularidade pela ideia de “igualdade na devida proporção”.

Professor: Paulo Rogério Disciplina: Filosofia Geral e do Direito Página 1


Categorias de justiça:
Distributiva
Justiça Particular Voluntária
Corretiva
involuntária
A distributiva consiste na distribuição de bens e honrarias entre os membros da comunidade.
Como distribuir isso é uma questão aporética de justiça.
Não significa uma distribuição igualitária entre os concidadãos. Significa distribuir as coisas
de acordo com um critério a ser adotado. Exemplo: em uma comunidade que haja 100kg de
feijão e 100 pessoas, a justiça não é dar 1kg para cada pessoa. A distribuição deve ser feita
com base numa igualdade proporcional por meio do mérito (pessoal) e da necessidade de
cada um (comum).
Três realidades políticas: bens a distribuir, terceira instância, critério de repartição (Eduardo
Garcia Maynez).
A corretiva é o meio entre perdas e ganhos. À perda de alguém corresponde uma porção
equivalente. Quando não há consenso, o justo assume um aspecto judicial interpondo-se
entre os desejos em contraste. A justiça corretiva trata de todas as transações entre os
homens, e não somente das trocas comerciais. Só quando ocorrem disputas é que é
necessária a mediação de um juiz (1131b - 1132a). Assim, ela pode ser voluntária ou
involuntária.
A ação voluntária é aquela que alguém cumpre conscientemente em relação às coisas que
dependem dele, sem ignorar a pessoa, o meio e o fim a que se dirige a ação. O que determina
se um ato é justo ou injusto é o caráter voluntário do agente, que deve ter conhecimento da
pessoa a quem o ato está sendo dirigido bem como os meios utilizados para a execução do
ato (1135b- 1136a).
Na ação involuntária (erro, coação ou ignorância) não se tem o elemento subjetivo do injusto
e do justo, a intencionalidade do ato para determinado fim.
Equidade: A equidade é a medida entre a justiça da lei e a justiça do caso, a adaptação do
geral ao especial. É a manifestação do direito natural que é móvel e flexível.

O fim supremo: O caminho da evolução humana até a sua finalidade está em desenvolver-se
intelectualmente e saber agir adequadamente. Todos buscam a felicidade.

MÓDULO 10
EPICURISMO & ESTOICISMO
Período helenístico: o final do período arcaico (IV a.C.) foi marcado por conturbações
decorrente da luta entre as cidades pela hegemonia. Unificação da Grécia versus autonomia
das cidades. Domínio macedônio por Felipe II (338 .C.) continuado por seu filho Alexandre
(336 a.C.). Encontrou apoio entre a maioria dos gregos como forma de enfrentar a ameaça de
invasão pelos persas.
Descaracterização da pólis: Império. Centralização do poder em torno do monarca.
Atribuição do caráter divino e culto. Criação de centros administrativos e econômicos.
Fundação de novas cidades (Alexandria, p. e.). As cidades deixaram de ser o centro das
decisões políticas para manter-se como centros econômico e administrativo.

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Processo civilizatório:
O domínio macedônio deu origem à fusão da cultura grega com a cultura oriental. Tanto a
expansão da cultura grega para o Oriente quanto à adoção de características da cultura oriental
pelos gregos. Nova forma de produção do conhecimento gerando um corpo de conhecimento
que hoje se chama ciência. A ciência se separa da filosofia. As escolas filosóficas abandonam
a preocupação com a cidade e com a política para se concentrar no estudo do indivíduo. Forte
interesse pela salvação e pela felicidade.
Três principais movimentos filosóficos: o epicurismo, o estoicismo e o ceticismo.
O epicurismo (Epicuro de Samos: 341-270 a.C.)
Busca da felicidade como um estado de espírito que se caracteriza pela inexistência da dor
física (aponia) com simultânea tranquilidade completa da alma (ataraxia).
A dor existe e é admirável, mas provém de desejos insatisfeitos. É passageira e pode ser
atenuada por bons pensamentos da experiência prazerosa.
Epicuro busca o domínio das emoções.
Desejos: naturais e necessários; naturais e não necessários; nem naturais nem necessários.
Desejos naturais e necessários: ligados à conservação da vida do indivíduo. Estes seriam os
únicos válidos, pois subtraem a dor do corpo. Exemplos seriam comer quando se está com
fome, beber quando se está com sede, repousar quando se está cansado.
Desejos naturais e não necessários: oriundos de variações supérfluas dos prazeres naturais:
comer bem, beber bebidas refinadas, vestir-se com luxo, etc. Precisamos comer e beber para
sobreviver, mas para isso não é necessário comer bem ou beber bebidas refinadas.
Desejos não naturais nem necessários: desejos "vãos", nascidos das "vãs opiniões dos
homens", que são os desejos ligados à obtenção de riqueza, poder, honras, etc.
Somente o primeiro é sempre plenamente satisfeito, tem um limite naturalmente preciso para
a eliminação da dor. Uma vez eliminada a dor, o prazer não cresce mais, ou seja, não conduz
ao vício. O segundo não tem esse limite, pode provocar dano, assim como o terceiro que
ainda traz perturbações à alma. Este é o pior, pois não tem naturais limitações. Se alguém
deseja riqueza ou poder, não importa o quanto o tenha, sempre buscará mais. Estes desejos
não são naturais aos seres humanos, mas são inculcados pela sociedade e por falsas crenças
sobre o que realmente precisamos.
Para os epicuristas “O fim último da ação ética é a felicidade e esta, por sua vez, só é
alcançada a partir dos prazeres moderados”.
Estoicismo: Zenon, Epiteto, Marco Aurélio.
Origem: palavra grega stoá; significa pórtico, locais de ensinamentos filosóficos.
Logos divino: o universo é governado por uma razão universal divina, daí sua ética ir de par
com as leis da natureza. (Deus é natureza, está em tudo e tudo está nele).
A vida humana é um enfrentamento dos deveres mesmo que suporte dores e desconfortos.
Temos que superar paixões e desejos, preocupações com riqueza, morte ou cansaço.
A paixão é um vício da alma e a razão o caminho natural para a felicidade. Assim, os estoicos
buscavam a virtude através da sabedoria.
A perfeição moral e intelectual inspira-se na ideia de apathea, indiferença em relação a tudo
que é externo ao ser. Aceitação do sofrimento e do rigorismo da vida com resignação. Com tal
pensamento não limitavam o homem a um lugar, mas como um cidadão do mundo, um
cosmopolita.

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