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13 DE MAIO - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR - São Paulo

CRÍTICA DA ECONOMIA 06/SETEMBRO/2019

A indústria desaba: empresários, economistas e


mídia voltam a falar fino
por José Martins, da redação.

Os inúteis empresários brasileiros, seus economistas e sua mídia boca de aluguel


voltaram a falar fino. Menos de uma semana atrás (dia 30 agosto) eles favam
mais grosso que de costume. Tinham o que festejar.

Festejar o que? Os dados do PIB no 2º trimestre 2019, divulgados naquela


semana pelo IBGE. Festejavam a “recuperação do crescimento” da economia
nacional. Todos os jornais e noticiários a serviço do sistema puxavam o coro dos
otimistas.

O simpático presidente da República, cara mais expressiva dos empresários


nacionais e do sistema imperialista, era o mais entusiasmado de todos. Como
noticiava o jornal Folha de S.Paulo (30/Agosto): “ O presidente Jair Bolsonaro
comemorou nesta quinta-feira (29) a melhora da economia brasileira no segundo
trimestre registrada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

"Hoje tivemos uma boa notícia, um dado positivo da Economia", disse


Bolsonaro, durante lançamento, no Palácio do Planalto, do programa Em Frente
Brasil, voltado para o combate da violência no país. "Fiquei feliz de ver as mídias
sociais divulgarem uma notícia dessas. E a economia também ajuda nessa
questão. Porque se o desemprego cai, a violência também diminui no nosso país",
acrescentou.

No mesmo dia, o jornal Valor Econômico estampava a ufanista manchete de


primeira página: “PIB surpreende e afasta temor de nova recessão”. No corpo da
matéria enfatizava: “Os números mostram que o Brasil não está em recessão,
risco esperado por alguns, uma vez que, entre janeiro e março, o Produto Interno
Bruto (PIB) caiu 0,1%.”

Mais abaixo uma importantíssima observação: “As boas notícias vieram da


indústria de transformação, que avançou 2%, e da construção civil, que cresceu
1,9%. Os dois setores, principalmente o segundo, estão entre os que mais
sofreram com a crise que assola a economia brasileira há seis anos.”

Uma semana depois, essa festança foi repentinamente substituída por


dissimulações e pessimismo. Profundo pessimismo, quase desespero daqueles

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mesmos inúteis empresários brasileiros, economistas, governo e mídia boca de
aluguel. Voltaram a falar fino, como sempre.

Por que tanto pessimismo? Que más notícias poderiam ter motivado esta súbita
mudança de humor? Exatamente a sinistra divulgação pelo IBGE, quarta-feira
(04 Setembro), dos últimos dados da produção industrial. Agora mais de acordo
com a realidade.

O outrora otimista Valor Econômico agora noticia funebremente, no meio da sua


edição de quarta-feira (04 setembro), em um canto bem escondido, que “Indústria
decepciona e começa trimestre em queda”

Resultado insofismável: ao invés de recuperação do crescimento industrial, como


se imaginava há uma semana, agora chega notícia de que a indústria nacional
desabou no 1º semestre do ano.

Particularmente no 2º trimestre do ano, aquele mesmo período tão comemorado


uma semana antes com uma suposta expansão do PIB/2º trimestre 2019, que,
como visto acima, salientado na matéria do jornal Valor Econômico, teria sido
puxada pela robusta expansão de 2% da indústria da transformação.

Ora, agora é oficializado no novo relatório ontem divulgado pelo IBGE que foi
exatamente esta indústria da transformação que mais caiu no período. Em julho
de 2019, a produção industrial nacional caiu 0,3% frente a junho (série com
ajuste sazonal), terceiro resultado negativo consecutivo.

A perda acumulada nesse período foi de 1,2%. No confronto com julho de 2018
(série sem ajuste sazonal), a indústria recuou 2,5%, após queda de 5,9% em
junho.

O acumulado no ano foi de -1,7%. O acumulado nos últimos 12 meses (-1,3%)


mostrou perda de ritmo frente ao resultado de junho (-0,8%) e permaneceu com a
trajetória predominantemente descendente iniciada em julho de 2018 (3,2%).

Para maior precisão do processo deve-se observar a evolução da média móvel


trimestral. É o melhor registro estatístico para conferir o real desempenho da
indústria da transformação naquele festejado PIB 2º trimestre/2019, como,
principalmente, o que se projeta para a economia como um todo nos próximos
trimestres.

Neste sentido, os competentes e profissionais técnicos do IBGE – não confundir


com sua atual direção e interferências externas de milicianos de Brasília para
manipulação de indicadores – ainda conseguem nos informar que a média móvel
trimestral (com ajuste sazonal) mostrou variação de (-) 0,4% no trimestre
encerrado em julho de 2019 e manteve a trajetória predominantemente
descendente iniciada em agosto de 2018. A indústria já navega tropegamente no
território das taxas abaixo de zero.

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Na próxima revisão do PIB 2º trimestre, possivelmente na virada deste mês de
setembro para outubro, com estes indicadores mais realistas o IBGE deverá
revisar fortemente para baixo aquele estranho 2% de expansão da indústria da
transformação embutido no cálculo do PIB.

E aí, quem sabe, a nação ainda se lembre daquela fajuta variação do PIB
trimestral de 0.4% tão entusiasticamente festejado há uma semana por inúteis
empresários proprietários das terras e demais meios de produção no país; seu
simpaticíssimo presidente da República; seus eunucos economistas e sua
corrompida mídia oficial.

Apenas nua e crua realidade. Entre a propaganda enganosa destes desonestos


empresários e a realidade material do país há um abismo econômico e social.

Quando se observa criteriosamente esse processo de ruptura do atual sistema


imperialista de exploração global o cenário mais provável para os próximos
trimestres é uma continuidade de estagnação com tendência a uma repentina
depressão da economia brasileira.

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