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2017
* Até o Informativo 887
DIREITO CONSTITUCIONAL
Organizado por assunto
Sumário
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................. 1
Poder Judiciário ............................................................................................................................. 2
Controle de Constitucionalidade ................................................................................................ 3
ADPF ........................................................................................................................................... 18
Ministério Público ..................................................................................................................... 23
Conselho Nacional de Justiça........................................................................................................ 24
Tribunal de Contas ..................................................................................................................... 30
Direito de Resposta ................................................................................................................... 37
Competências Legislativas ......................................................................................................... 38
Defensoria Pública...................................................................................................................... 44
Direito à Informação .................................................................................................................. 45
Medidas Provisórias.................................................................................................................... 46
Nacionalidade .............................................................................................................................. 47
Direito à Educação ..................................................................................................................... 50
Poder Executivo.......................................................................................................................... 56
Poder Legislativo ........................................................................................................................ 65
Imunidade Parlamentar .............................................................................................................. 67
Cotas Raciais ................................................................................................................................ 71
Medidas Provisórias .................................................................................................................... 74
Organização do Estado .............................................................................................................. 75
Conselho Nacional do Ministério Público .............................................................................. 76
Exercício Profissional................................................................................................................. 77
Sigilo Bancário ............................................................................................................................. 79
Comunicação Social.................................................................................................................... 80
Saúde ............................................................................................................................................. 87
Poder Judiciário
Informativo nº 851
(Plenário)
Direito Constitucional - Magistratura. Resolução e cargos de direção de tribunal de
justiça
O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta para
declarar a inconstitucionalidade do art. 3º da Resolução TJ/TP/RJ 1/2014 do Plenário do
Tribunal de Justiça do Rio Janeiro, que dispõe sobre regras de processo eleitoral no Poder
Judiciário estadual.
O Colegiado entendeu que a norma impugnada viola o art. 93, ―caput‖, da
Constituição, segundo o qual a regulamentação da matéria afeta à elegibilidade para os
órgãos diretivos dos tribunais está reservada a lei complementar de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal.
Considerou que, ao estabelecer a possibilidade de ―o Desembargador ser
novamente eleito para o mesmo cargo, desde que observado o intervalo de dois
mandatos‖, o art. 3º da Resolução impugnada contraria as balizas estabelecidas no art. 102
da Lei Complementar 35/1979 (LOMAN), recepcionado pela Constituição, nos termos do
seu art. 931.
Asseverou que as disposições da LOMAN definem regime jurídico único para a
magistratura brasileira e viabilizam tratamento uniforme, válido em todo o território
nacional, para as questões intrínsecas ao Poder Judiciário, garantindo a necessária
independência para a devida prestação jurisdicional. Desde que não contrariem a
1LOMAN: Art. 102 - Os Tribunais, pela maioria dos seus membros efetivos, por votação secreta, elegerão
dentre seus Juízes mais antigos, em número correspondente ao dos cargos de direção, os titulares destes, com
mandato por dois anos, proibida a reeleição. Quem tiver exercido quaisquer cargos de direção por quatro
anos, ou o de Presidente, não figurará mais entre os elegíveis, até que se esgotem todos os nomes, na ordem
de antigüidade. É obrigatória a aceitação do cargo, salvo recusa manifestada e aceita antes da eleição.
CF/88: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios: (...)
Controle de Constitucionalidade
Informativo nº 851
(Plenário)
Direito Constitucional - Controle de Constitucionalidade. Depositário infiel de valor
pertencente à Fazenda: proporcionalidade e devido processo legal
O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a
inconstitucionalidade da Lei 8.866/1994, resultante da conversão da Medida Provisória
427/1994, reeditada pela Medida Provisória 449/1994. A lei impugnada trata do
depositário infiel de valor pertencente à Fazenda Pública.
De início, o Colegiado assinalou que, ainda que a ação tenha sido ajuizada,
originalmente, em face de medida provisória, não cabe falar em prejudicialidade do pedido.
Não há a convalidação de eventuais vícios existentes, razão pela qual permanece a
possibilidade do exercício do juízo de constitucionalidade. Na espécie, há continuidade
normativa entre o ato legislativo provisório e a lei que resulta de sua conversão.
No que diz respeito à análise dos requisitos de urgência e relevância da medida
provisória, no caso, não cabe ao Poder Judiciário examinar o atendimento desses requisitos.
Trata-se de situação tipicamente financeira e tributária, na qual deve prevalecer, em regra, o
juízo do administrador público.
Afastada a hipótese de abuso, deve-se adotar orientação já consolidada pelo STF e,
portanto, rejeitar a alegação de inconstitucionalidade por afronta ao art. 62 da CF.
Ademais, a medida provisória atacada foi posteriormente convertida em lei, ou seja,
recebeu a chancela do Poder Legislativo, titular do poder legiferante por excelência. Assim,
o reconhecimento da existência de inconstitucionalidade formal poderia ser interpretado
como ataque ao princípio da separação dos Poderes.
Informativo nº 852
(Plenário)
Informativo nº 856
(Plenário)
Guerra fiscal e modulação de efeitos
O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta para
declarar, com efeitos ―ex nunc‖, a inconstitucionalidade da Lei 15.054/2006 do Estado do
Paraná. A norma restabelece benefícios fiscais relativos ao ICMS, cancelados no âmbito
dos programas ―Bom Emprego‖, ―Paraná Mais Emprego‖ e ―Desenvolvimento
Econômico, Tecnológico e Social do Paraná‖ (PRODEPAR).
O Colegiado afastou as preliminares de inconstitucionalidade formal por vício de
iniciativa, de ofensa ao princípio da isonomia e de descumprimento da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Adotou, contudo, o fundamento da guerra fiscal, em virtude da
―causa petendi‖ aberta. 2 No caso, ao ampliar benefício fiscal no âmbito do ICMS de
maneira unilateral, a lei impugnada incidiu em inconstitucionalidade.
No que se refere à modulação de efeitos da decisão, a Corte registrou que a sua
jurisprudência não a tem admitido em casos de leis estaduais que instituem benefícios sem
o prévio convênio exigido pelo art. 155, § 2º, XII, da CF, o que consistiria em incentivo à
guerra fiscal.
Ressaltou, entretanto, que, nas hipóteses de a lei haver vigorado por muitos anos, a
não modulação apenaria as empresas que a tivessem cumprido. Por essa razão, o
entendimento do Tribunal evoluiu no sentido de permitir a modulação a fim de que a
declaração de inconstitucionalidade produza efeitos ―ex nunc‖.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que julgava a ação improcedente.
ADI 3796/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 8.3.2017. (ADI-3796)
2 Simplificando: O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está vinculado
aos fundamentos jurídicos invocados pelo autor. Assim, pode-se dizer que na ADI, ADC e ADPF, a causa de
pedir (causa petendi) é aberta. Isso significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do
restante do bloco de constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico para
declarar uma lei ou ato normativo inconstitucional.
(CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Dizer o Direito – Informativo esquematizado: Informativo 856-STF.
2017. Disponível em: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2017/03/info-856-stf.pdf).
3
Simplificando: É possível, de modo excepcional, a modulação temporal dos efeitos da decisão em
controle difuso de constitucionalidade.
Informativo nº 872
(Plenário)
Competência legislativa concorrente e direito ambiental
O Plenário julgou improcedente ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo
governador do Estado de Santa Catarina, contra os arts. 4º (1) e 8º, parágrafo único (2), da Lei
estadual 11.078/1999, que estabelece normas sobre controle de resíduos de embarcações,
oleodutos e instalações costeiras.
No caso, aponta-se ofensa ao art. 22, ―caput‖ e I (3), da Constituição Federal (CF), por
ser competência privativa da União legislar sobre direito marítimo e civil. Alega-se, ainda, a
existência de ofensa à Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de
Resíduos e Outras Matérias, concluída em Londres, em 29.9.1972, e promulgada no Brasil pelo
Decreto 87.566/1982.
Primeiramente o Colegiado não conheceu do pedido de declaração de
inconstitucionalidade quanto à ofensa à referida convenção, promulgada pelo Decreto
87.566/1982. Esclareceu que a jurisprudência da Corte não admite o exame de contrariedade à
norma infraconstitucional em sede de controle concentrado de constitucionalidade.4
4Simplificando: o parâmetro suscitado no caso foi a Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por
Alijamento de Resíduos e Outras Matérias, concluída em Londres, em 29.9.1972, e promulgada no Brasil pelo
Decreto 87.566/1982. Tal Convenção não foi aprovada segundo a regra do art. 5, §3º da CF/88. Logo, trata-se de
norma de status infraconstitucional (lei ordinária). Não cabe ADI - controle concentrado de constitucionalidade – em casos
de lei ou ato normativo que suspostamente violem tratado internacional. Exceto quando tratar de direitos humanos
e tenha sido aprovado na forma do art. 5, §3º da CF/88, quando terá status de emenda constitucional.
5 O art. 97 da CF/88 prevê a chamada Cláusula de Reserva de Plenário, ou full bench, que estabelece
―Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público‖. Como o STF possui 11 ministros, a maioria
absoluta equivale a 6 ministros. Paralelamente, a Lei 9.868/99 (Processo e julgamento de ADI e ADC),
dispõe, em seu art. 22, que ―A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo
somente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros‖. Logo, temos que o quórum para que seja iniciada
sessão para examinar constitucionalidade pelo Supremo é de 8 ministros (quórum de sessão), ao passo que o
quórum para que seja declarada a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo é de 6 ministros (quórum de
julgamento). Assim, para que seja declarada eventual inconstitucionalidade, imperioso que 6 ministros votem
nesse sentido.
No caso do julgado:
Rosa Weber, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, 5 ministros Votaram pela inconstitucionalidade
Celso de Mello e Cármen Lúcia
Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Gilmar Mendes e 4 ministros Votaram pela constitucionalidade
Marco Aurélio
Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli 2 ministros Declararam-se impedidos
Não! Não foi atingido o número mínimo de votos
Houve declaração de inconstitucionalidade? para a declaração de inconstitucionalidade, qual seja
6 votos (Art. 97 CF/88). Assim, não houve
declaração de (in)constitucionalidade, tampouco o
julgamento teve eficácia vinculante.
Informativo nº 886
(Plenário)
ADI: amianto e efeito vinculante de declaração incidental de inconstitucionalidade
O Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, julgou improcedentes pedidos
formulados em ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas contra a Lei nº 3.579/2001
do Estado do Rio de Janeiro. O referido diploma legal proíbe a extração do
asbesto/amianto em todo território daquela unidade da Federação e prevê a substituição
progressiva da produção e da comercialização de produtos que o contenham.
A Corte declarou, também por maioria e incidentalmente, a inconstitucionalidade
do art. 2º(1) da Lei federal nº 9.055/1995, com efeito vinculante e ―erga omnes‖. 6 O
6 Importante! Trata-se de um julgado cujo debate foi bastante relevante no que concerne ao Controle de
Constitucionalidade no direito brasileiro, sobretudo quanto aos efeitos da decisão de declaração
incidental de inconstitucionalidade. Segundo entendimento clássico, a declaração de inconstitucionalidade
em sede de controle difuso possui efeitos inter partes, o que se ampliaria, passando a erga omnes, se atendido o
rito do art. 52, X da CF/88. É dizer, o Senado poderia suspender a execução do ato declarado
inconstitucional, por meio de resolução. Neste ponto, havia o questionamento sobre a possibilidade de se
estabelecer mutação constitucional ao art. 52, X da CF/88, tese encampada pelo Ministro Gilmar Mendes, na
qual se atribuiria ao Senado apenas o simples dever de publicação e nada mais. Desse modo, a resolução pelo
Senado não seria constitutiva, mas sim simplesmente declaratória. A própria decisão do Supremo já conteria
força normativa capaz de lhe conferir eficácia geral. Esta foi a tese acolhida pela maioria neste julgamento.
Nesse sentido, há um movimento na mídia especializada divulgando que, a partir de então, o STF passou a se
filiar à Abstrativização do Controle Difuso (aproximando-o do controle concentrado, conferindo os mesmos efeitos,
quais sejam eficácia erga omnes e vinculante), bem como se aproximando à Teoria da Transcendência dos
Motivos Determinantes (efeitos irradiantes ou transbordantes dos motivos determinantes – seria atribuir efeitos
vinculantes, não somente ao dispositivo da decisão, como também aos fundamentos determinantes da decisão, a chamada ratio
decidendi). Quanto à Teoria da Transcendência dos Motivos Determinantes, o Supremo possui precedentes a
rechaçando, por isso é temeroso afirmar algo categoricamente. Embora, bem verdade, venha manifestando
apreço à teoria. Como bem colocou a Ministra Cármen Lúcia, a Corte estaria caminhando para uma
inovação da jurisprudência, no sentido de não ser mais declarado inconstitucional cada ato normativo, mas a
própria matéria que nele se contém. Quanto à abstrativização, de fato foi o que aconteceu, muito embora a
teoria não tenha sido citada expressamente. A questão merece ainda maior atenção quando à luz do
CPC/2015, tendo em vista o significativo sistema de precedentes vinculantes.
À vista de tudo isso, é preciso cautela, mas, sobretudo, é preciso observar os próximos passos do Tribunal a
fim de saber como irá se posicionar daqui para frente.
Informativo nº 887
(Segunda Turma)
Reclamação e índice de atualização de débitos trabalhistas -2
A Segunda Turma declarou improcedente reclamação ajuizada pela Federação
Nacional (Fenaban) contra decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que
determinou a alteração de índice de atualização de débitos trabalhistas.
No caso, o TST declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento, da expressão
―equivalentes à TRD‖ contida no ―caput‖ do art. 39 da Lei 8.177/91 (1) e determinou a
revisão da Orientação Jurisprudencial – OJ 300 (2) SbDI-1, que reconhece a TR como
índice de atualização monetária de débitos trabalhistas. Para tanto, o TST se apoiou nos
acórdãos das ADI 4.357/DF (DJE de 6.8.2015) e na ADI 4.425/DF (DJE de 6.8.2015),
propostas em face da EC 62/2009, que alterou a sistemática dos precatórios. Além disso,
adotou a técnica de interpretação conforme à Constituição para que o texto remanescente
do dispositivo impugnado preservasse o direito à atualização monetária dos créditos
trabalhistas. O TST ainda definiu a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo
7 Atenção! A Segunda Turma confirma, neste julgamento, a não adoção por parte do Supremo
Tribunal Federal, da Teoria da Transcendência dos Motivos Determinantes. Perceba que ao se filiar a
esta teoria, haveria uma ampliação no cabimento da Reclamação no STF, que hoje apenas caberia para
preservar a competência do Tribunal, bem como garantir a observância de suas decisões. E, tradicionalmente,
o que vincula na decisão é o dispositivo, não a fundamentação. Neste ponto, caso acolhida a teoria, a
inobservância dos fundamentos, ou seja, dos motivos determinantes das decisões exaradas pelo Tribunal,
passariam a desafiar reclamação. Apesar de ter se aproximado da teoria em julgamentos anteriores, o STF, por
sua Segunda Turma, confirma que não a adota, sobretudo quando sustentada para cabimento de reclamação
no tribunal.
Ministério Público
Informativo nº 851
(Plenário)
Direito Constitucional - Ministério Público. Conflito de atribuições e origem de
verba - 2
O Plenário, em conclusão e por maioria, deu provimento a agravo regimental em
petição para não conhecer de conflito negativo de atribuições entre Ministério Público
estadual e Ministério Público Federal e determinou a remessa dos autos à Procuradoria-
Geral da República.
Na espécie, o Ministério Público estadual instaurou inquérito civil público com base
em denúncias de munícipes contra a prefeitura, para fins de apurar irregularidades em
projeto de intervenção urbana. Segundo eles, haveria o risco de danos ao meio ambiente e à
segurança da população local.
Declinada a atribuição, o procedimento veio a ser remetido ao Ministério Público
Federal, ante o fato de constar que a aludida obra teria sido executada a partir de verbas de
programa mantido pela União. Na sequência, o Ministério Público Federal declinou da
atribuição por entender inexistir interesse a ser tutelado e reencaminhou os autos para o
Ministério Público estadual, que, por sua vez, suscitou o conflito — v. Informativo 812.
O Tribunal adotou a mesma orientação fixada em recentes pronunciamentos (ACO
924/PR 8 , DJE de 26.9.2016; Pet 4.863/RN, Pet 4.706/DF e Pet 4.863/RN, DJE de
Informativo nº 875
(Primeira Turma)
Aposentadoria compulsória de magistrado: processo disciplinar e prova emprestada
A Primeira Turma, por maioria, negou provimento a agravo regimental em que
questionada a legalidade de ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quanto à aplicação
Informativo nº 885
Informativo nº 886
(Segunda Turma)
Conselho Nacional de Justiça: processo disciplinar e competência autônoma
A competência originária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a apuração
disciplinar, ao contrário da revisional, não se sujeita ao parâmetro temporal previsto no art.
103-B, § 4º, V (1) da Constituição Federal.
Com base nesse entendimento, a Segunda Turma negou provimento a agravo
regimental em mandado de segurança em que se discutia deliberação do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) que aplicou pena de aposentadoria compulsória a magistrado em processo
disciplinar administrativo.
Tribunal de Contas
Informativo nº 851
(Plenário)
Direito Constitucional - Controle de Constitucionalidade. Procuradoria de Tribunal de
Contas e cobrança judicial de multas
É constitucional a criação de órgãos jurídicos na estrutura de tribunais de contas
estaduais, vedada a atribuição de cobrança judicial de multas aplicadas pelo próprio
tribunal.
Informativo nº 858
(Primeira Turma)
TCU: multa e prescrição da pretensão punitiva
A Primeira Turma, por maioria, denegou a ordem em mandado de segurança
impetrado contra decisão do TCU, que aplicou multa ao impetrante, em decorrência de
processo administrativo instaurado para verificar a regularidade da aplicação de recursos
federais na implementação e operacionalização dos assentamentos de reforma agrária Itamarati
I e II, localizados em Ponta Porã/MS.
Na impetração, alegava-se a ocorrência de prescrição. O impetrante, que à época da
aludida implementação era superintendente regional do INCRA, foi exonerado do cargo em
2003, e a auditoria para apuração de irregularidades iniciou-se em 2007. Em 2008, o impetrante
foi notificado para apresentar justificativa, e, em 2012, foi prolatada a decisão apontada como
ato coator.
Inicialmente, a Turma assinalou que a lei orgânica do TCU, ao prever a competência do
órgão para aplicar multa pela prática de infrações submetidas à sua esfera de apuração, deixou
de estabelecer prazo para exercício do poder punitivo. Entretanto, isso não significa hipótese de
imprescritibilidade. No caso, incide a prescrição quinquenal, prevista na Lei 9.873/1999, que
regula a prescrição relativa à ação punitiva pela Administração Pública Federal Direta e Indireta.
Embora se refira a poder de polícia, a lei aplica-se à competência sancionadora da União em
geral.
Estabelecido o prazo quinquenal, o Colegiado entendeu que, no caso, imputava-se ao
impetrante ação omissiva, na medida em que não implementou o plano de assentamento,
conforme sua incumbência, quando era superintendente. Assim, enquanto ele permaneceu no
Informativo nº 873
(Primeira Turma)
TCU: redução de pensão e direito individual
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, indeferiu a ordem em
mandado de segurança impetrado em face de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU),
que determinou, em 2015, a redução no valor de pensão percebida em decorrência do
falecimento do marido da impetrante, que era servidor público.
A impetração sustentou óbice à revisão implementada, em razão da decadência, pois o
benefício foi deferido em 2007. Além disso, alegou cerceamento de defesa e violação do devido
processo legal, pela ausência de participação da beneficiária no processo administrativo.
A Turma salientou que o TCU atuou não apenas no sentido de alterar a pensão
recebida pela impetrante, mas realizou auditoria relativa a proventos e pensões oriundos do
órgão onde trabalhava o marido dela. Assim, a defesa de um direito individual não poderia ser
exercida quanto àquele ato 9 , porque, se admitidos todos os possíveis interessados em um
pronunciamento do TCU, estaria inviabilizada a fiscalização linear, externa, da corte de contas.
A irresignação, portanto, deveria ser dirigida ao órgão em que trabalhava o falecido, e não o
TCU.
Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que deferiu a ordem.
MS 34224/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 15.8.2017. (MS-34224)
9 Simplificando: Quando o TCU atua em fiscalização linear, a relação é apenas entre o órgão fiscalizador
(TCU) e o órgão fiscalizado. Não há que se falar em presença de litígio neste tipo de atuação, o que dispensa
a participação de terceiros e o exercício do contraditório. Nesse caso, o contraditório deve ser exercido no
órgão de origem. Além do mais, na fiscalização o Tribunal de Contas não aprecia ato específico de efeitos
favoráveis ao administrando. O que é existe é um exame da regularidade de determinado órgão. Assim, os
reflexos dessa fiscalização em direito individual são indiretos. Lembrando que ―o ato concessivo de
aposentadoria, pensão ou reforma configura-se como ato complexo, cujo aperfeiçoamento somente ocorre
com o registro perante a Corte de Contas, após submissão a juízo de legalidade. Assim, a aplicação do prazo
decadencial previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99 somente se opera a partir da publicação do referido
registro‖ (STF. MS 32683 AgR-segundo, Relator Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em
23/08/2016).
10Cuidado! Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município (Municipal) são
órgãos diferentes. O Tribunal de Contas dos Municípios é um órgão estadual, que auxilia as Câmaras
Municipais de todos os municípios de um determinado estado no exercício do controle externo, com previsão
constitucional no art. 31, §1º da CF/88. Por sua vez, o Tribunal de Contas do Município (ou Municipal) é
órgão municipal, que auxilia a Câmara Municipal de um município específico. Existem dois Tribunais de
Contas do Município, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo e o Tribunal de Contas do Município
do Rio de Janeiro. A CF/88 vedou a criação de novos Tribunais de Contas Municipais (art. 31, §4º),
mas não vedou a criação de Tribunal de Contas dos Municípios (existem Tribunais de Contas dos Municípios
do Estado da Bahia, de Goiás e do Pará).
Informativo nº 883
(Segunda Turma)
Ministério Público comum e especial e legitimidade processual
A Segunda Turma negou provimento a dois agravos regimentais em reclamações,
ajuizadas por membros do Ministério Público Especial junto aos Tribunais de Contas. Em
ambos os casos, se trata de concessão indevida de aposentadoria especial a servidor público
civil, em suposta afronta ao que decidido pelo STF na ADI 3.772/DF (DJE de 7.11.2008).
Direito de Resposta
Informativo nº 851
(Primeira Turma)
Direito Constitucional - Reclamação. Reclamação e necessidade de aderência
A Primeira Turma negou provimento a agravo regimental por considerar não ser
possível o exame ―per saltum‖ do ato impugnado diretamente à luz do art. 5º, V, CF, bem
assim estar clara a ausência de precedente desta Corte apto a permitir o acesso pela via
estreita da reclamação.
No caso, o reclamante sentiu-se ofendido após emissora de telecomunicação ter
veiculado, em telejornal, reportagem sobre denúncia oferecida em desfavor dele.
Em seguida, depois de ter o pedido de resposta indeferido extrajucialmente, o
agravante ajuizou ação de direito de resposta, que foi julgada improcedente sob o
fundamento de que, para a concessão do direito de resposta, seria preciso ―ofensa mais
virulenta‖ e ―intento deliberado de se transmitir apenas uma aparência de informação‖.
Diante disso, foi apresentada esta reclamação, alegando que a decisão do juízo teria
afrontado o entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado na ADPF 130/DF (DJE
de 6.11.2009).
11―2. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas não dispõe de fisionomia institucional
própria, não integrando o conceito de Ministério Público enquanto ente despersonalizado de função
essencial à Justiça (CF/88, art. 127), cuja abrangência é disciplina no art. 128 da Constituição
Federal. 3. O Parquet especial não detém legitimidade para propor reclamação, uma vez que não se encontra
no rol de legitimados do caput do art. 988 do CPC/2015. 4. A cláusula de garantia inscrita no art. 130 da
CF/88 é de ordem subjetiva e, portanto, refere-se a direitos, vedações e forma de investidura no cargo dos
membros do Ministério Público junto às Cortes de Contas, não constituindo regra de ampliação da atribuição
institucional do Parquet especial. 5. Os integrantes do Parquet especial possuem atuação funcional
exclusiva perante as Cortes de Contas, não detendo legitimidade ad causam para executar as decisões
formadas no âmbito administrativo por meio de ação desenvolvida pelos meios ordinários ou pela via
reclamatória. Precedentes. 6. Agravo regimental não provido.‖ (Rcl 24162 AgR, Relator(a): Min. DIAS
TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 22/11/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-260 DIVULG 06-
12-2016 PUBLIC 07-12-2016).
Assim, o membro do MPTC não possui atribuições jurisdicionais, com uma exceção! O membro do
MPTC terá legitimidade de capacidade postulatória para impetrar mandado de segurança, quando
se tratar da defesa das suas prerrogativas institucionais, contra acordão prolatado pela respectiva
Corte de Contas. (STJ, RMS 52.741-GO – Info 611).
Competências Legislativas
Informativo nº 856
(Plenário)
Bolsas de estudo e dedução do ICMS
O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente ação direta para declarar a
inconstitucionalidade do art. 3º da Lei 11.743/2002 do Estado do Rio Grande do Sul,
conferindo à decisão efeitos ―ex nunc‖, a partir da publicação da ata deste julgamento. A lei
impugnada assegura às empresas patrocinadoras de bolsas de estudo para professores que
ingressam em curso superior a possibilidade de exigir dos beneficiários serviços para
implementação de projetos de alfabetização ou aperfeiçoamento de empregados dessas
empresas, bem como outras atividades compatíveis com a sua formação profissional. O
art. 3º da lei impugnada autoriza o Poder Executivo a conceder à empresa patrocinadora
incentivo equivalente a 50% do valor da bolsa, a ser deduzido do ICMS.
De um lado, a Corte entendeu que o princípio federativo reclama o abandono de
qualquer leitura inflacionada centralizadora das competências normativas da União, bem
como sugere novas searas normativas que possam ser trilhadas pelos Estados-Membros,
Municípios e Distrito Federal. A ―prospective overruling‖, antídoto ao engessamento do
pensamento jurídico, possibilita ao STF rever sua postura em casos de litígios
constitucionais em matéria de competência legislativa, viabilizando o prestígio das
iniciativas regionais e locais, ressalvadas as hipóteses de ofensa expressa e inequívoca a
norma da Constituição. Dessa forma, a competência legislativa de Estado-Membro para
dispor sobre educação e ensino, prevista no art. 24, IX, da CF, autoriza a fixação, por lei
local, da possibilidade de concessão de bolsas de estudo a professores em aprimoramento
do sistema regional de ensino.
Informativo nº 857
(Segunda Turma)
Competência legislativa dos Municípios e Direito Ambiental
Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam
fundamentadamente.12 Com base nesse entendimento, a Segunda Turma negou provimento
a agravo regimental.
A Turma afirmou que os Municípios podem adotar legislação ambiental mais
restritiva em relação aos Estados-Membros e à União. No entanto, é necessário que a
norma tenha a devida motivação.
ARE 748206 AgR/SC, rel Min. Celso de Mello, julgamento em 14.3.2017. (ARE-748206)
Informativo nº 870
(Plenário)
Meio ambiente e poluição: competência municipal - 5
Informativo nº 871
(Plenário)
Lei estadual e prestação de serviço de segurança
Lei estadual que impõe a prestação de serviço de segurança em estacionamento a toda
pessoa física ou jurídica que disponibilize local para estacionamento é inconstitucional, quer por
violar a competência privativa da União para legislar sobre direito civil, quer por violar a livre
iniciativa.
Lei estadual que impõe a utilização de empregados próprios na entrada e saída de
estacionamento, impedindo a terceirização, viola a competência privativa da União para legislar
sobre direito do trabalho.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido
formulado em ação direta para declarar integralmente inconstitucional a Lei 1.748/1990 do
Estado do Rio de Janeiro, que obriga pessoas físicas ou jurídicas a oferecer estacionamento ao
público, cercar o local e manter funcionários próprios para garantia da segurança, sob pena de
pagamento de indenização na hipótese de prejuízos ao dono do veículo.
Vencidos, em parte, os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Ricardo
Lewandowski, que julgaram parcialmente procedente o pedido. Afirmaram que os Estados-
Membros podem dispor sobre a prestação de serviço de segurança em estacionamento por se
tratar de matéria afeta ao Direito do Consumidor, portanto, de competência concorrente entre
União e Estados-Membros.
ADI 451/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2017. (ADI-451)
Informativo nº 871
(Plenário)
Lei estadual e serviço de empacotamento
Lei estadual que torna obrigatória a prestação de serviços de empacotamento nos
supermercados é inconstitucional por afrontar o princípio constitucional da livre inciativa.
Informativo nº 871
(Plenário)
Competência legislativa: proteção do consumidor e lealdade à Federação
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação
direta para declarar a inconstitucionalidade dos incisos II, III e IV do art. 2º da Lei
1.939/1991 do Estado do Rio de Janeiro. A norma impugnada dispõe sobre a
obrigatoriedade de informações nas embalagens dos produtos alimentícios comercializados
naquele Estado-Membro e estabelece as respectivas sanções.
Inicialmente, o Colegiado afastou preliminar no sentido de que o exame da
constitucionalidade da lei passaria pelo cotejo com o Código de Defesa do Consumidor
(CDC). O foco da análise, no caso, refere-se às regras constitucionais de repartição da
competência legislativa e não ao exame da validade dos atos impugnados em face da
legislação infraconstitucional.
No mérito, o Tribunal repisou sua jurisprudência no sentido de que, em sede de
competência concorrente, o livre espaço para a atividade legislativa estadual é autorizado na
hipótese de não existir legislação nacional a contemplar a matéria. Ao existir norma geral, a
legislação estadual poderá preencher eventuais lacunas.
No caso, a lei impugnada entrou em vigor quando já havia ampla legislação
nacional sobre a matéria, e boa parte do conteúdo da norma local estava disciplinada por lei
Defensoria Pública
Informativo nº 856
(Primeira Turma)
Tramitação em tribunal superior e intimação de defensoria pública estadual
A Primeira Turma, por maioria, não admitiu a impetração de ―habeas corpus‖ em que
discutida a possibilidade de atuação de Defensoria Pública estadual perante o STJ.
No caso, Defensoria Pública estadual interpôs, em favor do paciente, agravo em face
da não admissão de recurso especial perante o STJ. Ocorre que a Defensoria Pública da União,
e não a estadual, foi intimada da decisão proferida no agravo, o que, segundo a defesa, implicou
o trânsito em julgado do pronunciamento e a subsequente expedição de mandado de prisão
contra o paciente.
O Colegiado entendeu ser inadequada a via eleita por se tratar de ―habeas corpus‖
substitutivo de agravo regimental, uma vez que foi impetrado contra decisão monocrática de
ministro do STJ.
Asseverou que, consoante a jurisprudência desta Corte, a intimação há de ser feita à
DPU, já organizada e no desempenho regular de suas atividades perante os tribunais
superiores.
Ademais, salientou que a DPU foi estruturada sob o pálio dos princípios da unidade e
da indivisibilidade para dar suporte às Defensorias Públicas estaduais e fazer as vezes daquelas
de Estados-Membros longínquos, que não podem exercer o múnus a cada recurso endereçado
aos tribunais superiores.13
13
Enquanto os Estados, mediante lei específica, não organizarem suas Defensorias Públicas para atuarem
continuamente nesta Capital Federal, inclusive com sede própria, o acompanhamento dos processos em
trâmite nesta Corte constitui prerrogativa da Defensoria Pública da União - DPU. Precedentes. (AgRg no
AREsp n. 230.296/AL, Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, DJe 4/6/2013). (STJ. AgRg no HC
378.088/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 06/12/2016, DJe
16/12/2016)
Direito à Informação
Informativo nº 857
(Plenário)
Reclamação: direito à informação e sessões secretas do STM
O Tribunal julgou procedente reclamação ajuizada contra ato do Superior Tribunal
Militar (STM), para determinar à autoridade reclamada dê fiel e integral cumprimento à
ordem concedida no julgamento do RMS 23.036/RJ (acórdão publicado no DJ de
25.8.2006).
No referido julgado, a concessão da ordem foi para que os impetrantes tivessem
acesso a registro documentais de sessões do STM ocorridas na década de 1970. Não
obstante, feito um novo requerimento, o STM o deferira somente ao que se refere às
sessões públicas.
Inicialmente, o Colegiado observou que a decisão proferida no julgamento do
citado RMS 23.036/RJ não limitou o acesso dos então impetrantes a documentos e
arquivos fonográficos relacionados apenas às sessões públicas dos julgamentos do STM.
Naquela ocasião, pelo contrário, a Corte assentou não haver campo para a
discricionariedade da Administração em restringir o amplo acesso que os então recorrentes
deveriam ter aos documentos gerados a partir dos julgamentos ocorridos no período em
referência. Conferiu, assim, induvidosa amplitude àquela decisão e concluiu que o ato
impugnado estava em evidente descompasso com a ordem constitucional vigente, que
erigiu o direito à informação ao ―status‖ de direito fundamental.
Por esse motivo, é injustificável a resistência do STM de se opor ao cumprimento
da decisão pelo STF, que taxativamente afastou os obstáculos erigidos para impedir fossem
trazidos à lume a integralidade dos atos processuais lá praticados, seja na dimensão oral ou
escrita, cujo conhecimento cidadãos brasileiros requereram, para fins de pesquisa histórica
e resguardo da memória nacional.
Medidas Provisórias
Informativo nº 857
(Plenário)
Medida provisória: emenda parlamentar e ―contrabando legislativo‖
O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta
ajuizada em face dos arts. 113 a 126 da Lei 12.249/2010, incluídos por emenda
parlamentar em projeto de conversão de medida provisória em lei.
Os dispositivos impugnados: a) alteram os limites das unidades de conservação
federais Floresta Nacional do Bom Futuro, Parque Nacional Mapinguari e Estação
Ecológica de Cuniã; b) autorizam a União a doar ao Estado de Rondônia imóveis rurais
de sua propriedade inseridos na área desafetada da Floresta Nacional do Bom Futuro,
sob condição de que em parte dela sejam criadas uma área de proteção ambiental e uma
floresta estadual; c) determinam sejam doadas ao Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), pelos órgãos e pelas entidades federais que
as detenham, as terras da União contidas nos novos limites do Parque Nacional
Mapinguari e da Estação Ecológica de Cuniã; e d) declaram de utilidade pública, para
fins de desapropriação pelo ICMBio, os imóveis rurais privados existentes nas áreas de
ampliação do Parque Nacional Mapinguari e da Estação Ecológica de Cuniã.
Nacionalidade
Informativo nº 859
(Primeira Turma)
Extradição e perda de nacionalidade brasileira
A Primeira Turma, por maioria, julgou procedente pedido formulado em extradição
ajuizada pelo Governo dos Estados Unidos da América para assentar a possibilidade de
entrega da extraditanda, brasileira nata naturalizada americana, acusada da suposta prática
de homicídio doloso contra seu marido naquele país.
Inicialmente, a Turma relembrou que a perda da nacionalidade brasileira da
extraditanda, decretada pelo Ministério da Justiça, teria sido validada no julgamento do
Mandado de Segurança 33864/DF15 (DJE de 9.12.2016).
14
A decisão versa sobre o contrabando legislativo, declarado inconstitucional no julgamento da ADI 5127,
no ano de 2015. Devido à segurança jurídica, o STF modulou os efeitos da decisão para que não alcançasse os
dispositivos aprovados antes daquele julgamento (15/10/2015). É o caso dos dispositivos impugnados nesta
ADI (5012), que uma vez aprovados antes de 15/10/2015, foram tolerados e mantidos.
Direito à Educação
Informativo nº 862
(Plenário)
Repercussão Geral
Informativo nº 879
16Entende-se ―ensino religioso de natureza confessional‖ aquele em que se seguem ensinamentos de uma
religião específica.
Poder Executivo
Informativo nº 863
(Plenário)
Informativo nº 863
(Plenário)
Autonomia federativa: crimes de responsabilidade e crimes comuns praticados por
governador - 3
É vedado às unidades federativas instituir normas que condicionem a
instauração de ação penal contra governador por crime comum à previa autorização da
casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) dispor,
fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive
afastamento do cargo. 18
Com base nesse entendimento, o Plenário, em conclusão e por maioria, julgou
procedente pedido formulado em ações diretas para declarar a inconstitucionalidade de
dispositivos das Constituições dos Estados do Acre, de Mato Grosso e do Piauí. Os
preceitos tratam da competência privativa da assembleia legislativa local para processar
e julgar o governador nos crimes de responsabilidade e cuidam do processo e
julgamento de chefe do Executivo estadual em crimes comuns, mediante admissão da
acusação pelo voto de 2/3 da representação popular local — ver Informativo 793.
O Supremo Tribunal Federal (STF) alterou o entendimento a respeito da
necessidade de autorização prévia das assembleias legislativas para instauração de ação
penal. Afirmou que a orientação anterior, que privilegiava a autonomia dos Estados-
membros e o princípio federativo, entrou em linha de tensão com o princípio
republicano, que prevê a responsabilização política dos governantes. Verificou que, ao
longo do tempo, as assembleias legislativas bloquearam a possiblidade de instauração de
processos contra governadores.
Há três situações que legitimam a mutação constitucional e a superação de
jurisprudência consolidada: a) mudança na percepção do direito; b) modificações na realidade
fática; e c) consequência prática negativa de determinada linha de entendimento. Para o
Colegiado, as três hipóteses estão presentes no caso concreto.
18Atenção!! Houve superação de jurisprudência consolidada e mutação constitucional! O STF
entendia pela necessidade e constitucionalidade da norma que condicionasse o recebimento da denúncia à
prévia autorização da assembleia legislativa.
Informativo nº 872
(Plenário)
Julgamento de governador por crimes comuns e de responsabilidade e competência
legislativa
É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a
instauração de ação penal contra o governador por crime comum à prévia autorização da
casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) dispor fundamentadamente
sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive o afastamento do cargo.
19 Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas
normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.
20 O STJ poderá aplicar, além do afastamento do cargo, outras medidas cautelares também previstas no art.
Informativo nº 878
(Plenário)
Art. 86 da CF: apreciação das teses da defesa e necessidade de aguardar juízo de
admissibilidade da Câmara dos Deputados
O Plenário, por maioria, resolveu questão de ordem — em inquérito que apura
supostos delitos de obstrução de justiça e organização criminosa praticados pelo presidente
da República — no sentido de que o juízo político de admissibilidade exercido pela Câmara
dos Deputados [CF, art. 86, ―caput‖ (1)] precede a análise jurídica pelo STF para conhecer
e julgar qualquer questão ou matéria defensiva suscitada pelo denunciado.
A Corte decidiu, ainda, que a possibilidade de rescisão ou de revisão, total ou
parcial, de acordo de colaboração premiada, devidamente reconhecido pelo Poder
Judiciário, em decorrência de descumprimento de deveres assumidos pelo colaborador, não
propicia conhecer e julgar alegação de imprestabilidade das provas, porque a rescisão ou
revisão tem efeitos somente entre as partes, não atingindo a esfera jurídica de terceiros.
No caso, fatos alegadamente delituosos vieram à tona por meio de acordos de
colaboração premiada celebrados entre o Ministério Público Federal e integrantes de grupo
empresarial. Entretanto, diante de indícios de omissão de informação no acordo de delação
premiada, a PGR abriu investigação para apurar supostas irregularidades na celebração do
acordo. A defesa, então, alegou que as provas produzidas estavam maculadas e requereu a
sustação da denúncia.
O Tribunal afirmou que, somente após a autorização da Câmara dos Deputados, é
que se pode dar sequência à persecução penal no âmbito do STF. Essa conclusão ressai
cristalina quando se atenta para a redação do art. 86, § 1º, I (1), da CF, o qual determina o
afastamento do Presidente da República das suas funções se recebida a denúncia ou a
queixa-crime pelo STF.
A realização de um juízo de admissibilidade positivo por parte do STF, prévio ao da
Câmara dos Deputados, implicaria admitir que a CF tivesse imposto ao presidente da
República enfrentar o juízo predominantemente político, a ser realizado pela Câmara dos
Deputados, fora do exercício de suas funções.
Essa concepção teria o condão de aniquilar o próprio escopo protetivo da
Presidência da República buscado pela Constituição ao submeter a acusação por crime
Poder Legislativo
Informativo nº 863
(Primeira Turma)
Perda do mandato parlamentar e declaração da mesa diretora da casa legislativa
A Primeira Turma, em conclusão e por maioria, julgou procedente ação penal e
condenou deputado federal à pena de 12 anos, 6 meses e 6 dias de reclusão, em regime
inicial fechado, mais 374 dias-multa no valor de 3 salários mínimos, pela prática dos crimes
de corrupção passiva [Código Penal, art. 317 (1)] e lavagem de dinheiro [Lei 9.613/1998,
art. 1º, V (2)]. Como efeitos da condenação foram determinadas a perda do mandato
parlamentar e a interdição para o exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza
e de diretor, membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas
citadas na lei de combate à lavagem de dinheiro (redação anterior), pelo dobro da duração
da pena privativa de liberdade.
No caso, foi revelado esquema criminoso que atuou em vários Estados, com o
objetivo de desviar recursos públicos por meio da aquisição superfaturada, por prefeituras,
de ambulâncias e equipamentos médicos, como resultado de licitações direcionadas.
Segundo a acusação, cabia ao deputado condenado apresentar emendas ao orçamento geral
da União, destinadas a Municípios das regiões norte e nordeste do Estado do Rio de
Janeiro, para beneficiar grupo empresarial.
Em relação ao crime de corrupção passiva, o Colegiado considerou haver nos autos
elementos de provas que demonstram o recebimento de vantagens indevidas por meio de
Imunidade Parlamentar
Informativo nº 865
(Primeira Turma)
Crime de divulgação de informação falsa sobre instituição financeira e imunidade
parlamentar
A Primeira Turma, por maioria, admitiu a impetração e, por unanimidade, concedeu
ordem de ―habeas corpus‖ para cassar acórdão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região que
21O tema não foi pacificado, há três correntes: 1ª) Quem decide se haverá a perda do mandato é a Câmara
dos Deputados ou o Senado Federal (caso Ivo Cassol – AP 565/RO; Info 714); 2ª) Se condenado
criminalmente o parlamentar, for determinado pelo STF a perda do mantado, a Câmara ou o Senado apenas
formalizará a perda (caso ―Mensalão‖ – AP 470/MG; Info 692); 3ª) Se o parlamentar for condenado a mais
de 120 dias em regime fechado, a perda do cargo é consequência lógica. Entretanto, se condenado a pena em
regime aberto ou semiaberto, a Câmara ou o Senado deliberam se o parlamentar perde, ou não, o mandato.
Esta foi a corrente adotada no julgamento da AP 694/MT, Info 863.
Informativo nº 881
(Plenário)
Imunidade parlamentar e medida cautelar
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente ação direta de
inconstitucionalidade na qual se pedia interpretação conforme à Constituição para que a
aplicação das medidas cautelares, quando impostas a parlamentares, fossem submetidas à
deliberação da respectiva Casa Legislativa em 24 horas.
Medidas Provisórias
Informativo nº 870
(Plenário)
Interpretação do art. 62, § 6º, da CF e limitação do sobrestamento - 3
O Supremo Tribunal Federal, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou
a ordem em mandado de segurança impetrado por parlamentares contra decisão do
presidente da Câmara dos Deputados em questão de ordem. No ato coator, foi fixada a
orientação de que a interpretação adequada do art. 62, § 6º (1), da Constituição Federal
(CF) implicaria o sobrestamento apenas dos projetos de lei ordinária, apesar de o
dispositivo prever o sobrestamento de todas as deliberações legislativas da Casa em que
estiver tramitando medida provisória não seja apreciada em 45 dias (vide Informativos 572
e 778).
O Colegiado entendeu que a interpretação emanada do presidente da Câmara dos
Deputados reflete, com fidelidade, solução jurídica plenamente compatível com o modelo
teórico da separação de poderes. Tal interpretação revela fórmula hermenêutica capaz de
assegurar, por meio da preservação de adequada relação de equilíbrio entre instâncias
governamentais (o Poder Executivo e o Poder Legislativo), a própria integridade da
cláusula pertinente à divisão do poder.
Nesse contexto, deu interpretação conforme ao § 6º do art. 62 da CF, na redação
resultante da Emenda Constitucional 32/2001, para, sem redução de texto, restringir-lhe a
exegese. Assim, afastada qualquer outra possibilidade interpretativa, fixou-se entendimento
de que o regime de urgência previsto no referido dispositivo constitucional — que impõe o
Organização do Estado
Informativo nº 872
(Plenário)
Alteração de limites de municípios e plebiscito - 4
O Plenário, em conclusão de julgamento, reputou parcialmente procedente pedido
formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei 3.196/1999 e para
não conhecer da ação quanto à Lei 2.497/1995, ambas do Estado do Rio de Janeiro. As
Exercício Profissional
Informativo nº 879
(Plenário)
Atividades privativas de nutricionista e livre exercício profissional
É constitucional a expressão ―privativas‖, contida no ―caput‖ do art. 3º (1) da Lei
8.234/1991, que regulamenta a profissão de nutricionista, respeitado o âmbito de atuação
profissional das demais profissões regulamentadas.
Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido
formulado em ação direta ajuizada contra o referido dispositivo legal.
O Tribunal afirmou que a Constituição, ao admitir que lei restrinja o exercício das
profissões, especificando requisitos mínimos ao exercício de atividades técnicas, apresenta-
se como exceção à regra geral da liberdade de exercício profissional. Essas restrições legais
precisam ser proporcionais e necessárias e estão restritas às ―qualificações profissionais‖ —
formação técnico/científica indispensável para o bom desempenho da atividade.
Sigilo Bancário
Informativo nº 879
(Segunda Turma)
Quebra de sigilo bancário de contas públicas e requisição pelo Ministério Público -
2
A Segunda Turma, em conclusão, negou provimento a recurso ordinário em
―habeas corpus‖ em que se pretendia trancar ação penal instaurada para apurar crimes de
desvio de verbas públicas, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. Argumentou-se que
as provas seriam ilícitas, pois teriam sido colhidas por meio de quebra de sigilo bancário
solicitada por ofício encaminhado pelo Ministério Público (MP), sem autorização judicial, a
gerente de instituição financeira. O Tribunal de origem entendeu que as contas públicas,
por força dos princípios da publicidade e da moralidade [CF, art. 37 (1)], não têm, em geral,
direito à intimidade e à privacidade. Por conseguinte, não são abrangidas pelo sigilo
bancário. A defesa alegou que não estaria em discussão a publicidade inerente às contas
públicas, conforme consignado no acórdão recorrido, mas sim a violação ao direito
fundamental à intimidade da pessoa humana. Sustentou que a ação penal movida contra os
recorrentes estaria edificada em provas obtidas por meio inidôneo, pois a autorização
judicial é indispensável para a quebra de sigilo bancário (Informativo 844).
O Colegiado asseverou que o sigilo de informações necessário à preservação da
intimidade é relativizado quando há interesse da sociedade em conhecer o destino dos
recursos públicos.
Diante da existência de indícios da prática de ilícitos penais envolvendo verbas
públicas, cabe ao MP, no exercício de seus poderes investigatórios [CF, art. 129, VIII (2)],
requisitar os registros de operações financeiras relativos aos recursos movimentados a
partir de conta-corrente de titularidade da prefeitura municipal. Essa requisição
compreende, por extensão, o acesso aos registros das operações bancárias sucessivas, ainda
Comunicação Social
Informativo nº 884
(Plenário)
Lei 12.485/2011 e TV por assinatura – 7
24Atenção! Nomenclatura! Direito Administrativo Ordenador foi usado pelo STF como sinônimo de
Poder de Polícia. Em verdade, trata-se do resultado da crítica à noção de Poder de Polícia após o advento do
Estado Democrático de Direito. É que o Estado passa do típico absenteísmo, característico do liberalismo,
para sustentar um papel prestacional, em especial das obrigações de cunho social. Consequentemente, há um
abalo na Teoria do Direito, sobretudo no que diz respeito à legalidade, uma vez que o Estado passou a ser
agente transformador, superando a simples aplicação da lei. Haveria a necessidade de novo enfoque. Nesse
sentido ensina Carlos Ari Sundfeld (2003): ―Administração ordenadora é a parcela da função administrativa,
desenvolvida com uso do poder de autoridade, para disciplinar, nos termos e para os fins da lei, os
comportamentos dos particulares no campo das atividades que lhe é próprio‖.
Saúde
Informativo nº 886
(Plenário)
ADI e Programa Mais Médicos
O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada contra diversos preceitos da Medida Provisória 621/2013, que
instituiu o Programa Mais Médicos e foi, posteriormente, convertida na Lei 12.871/2013.
Inicialmente, o Colegiado, por maioria, acolheu preliminar de ilegitimidade ativa ―ad
causam‖ da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários
Regulamentados (CNTU) e determinou a extinção da ADI 5037/DF, cujo objeto era mais
abrangente que o da ADI 5035/DF.
Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes, que aduziu a falta de
legitimidade com fundamento na ausência da pertinência temática e na invalidação do
registro sindical da CNTU por decisão judicial transitada em julgado. No particular, reportou-
se à ADI 4380/DF (DJE de 27.3.2017), extinta por perda superveniente da legitimidade ativa
―ad causam‖ da mesma Confederação.
Os ministros Roberto Barroso, Rosa Weber e Celso de Mello observaram que a
invalidação do registro impede que se atribua à CNTU a condição de entidade sindical de
grau superior.
Vencido o ministro Marco Aurélio, relator, que reconheceu a legitimidade ativa da
Confederação.
No exame da ADI 5035/DF, o Pleno afastou a preliminar de irregularidade da
representação processual da Associação Médica Brasileira (AMBR), em face da superveniente
regularização.
Aferiu não haver transgressão direta ao texto constitucional, a ensejar a
admissibilidade da ação, no tocante aos argumentos envolvendo a falta de domínio do
idioma, a indevida interferência na autonomia dos conselhos regionais e a necessidade de
tratamento recíproco para validação de diploma obtido no exterior. Embora mencionadas
25Simplificando: O Programa ―Mais Médicos‖, instituído pela Medida Provisória 621/2013, posteriormente,
convertida na Lei 12.871/2013, é constitucional.