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Centro Tecnológico
PROJETO
CONCEITUAL
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
E SUA IMPORTÂNCIA PARA A COMPETITIVIDADE
1.1 - INTRODUÇÃO
Qualidade
COMPETITIVIDADE
Custo Tempo
1.2 – PRODUTO
Num sentido amplo, produto pode ser um bem ou serviço resultante de qualquer
processo. Mais especificamente, o termo produto se refere a artefato1 concebido, produzido,
transacionado e usado pelas pessoas ou organizações, por causa das suas propriedades e
funções que podem desempenhar, satisfazendo desejos ou necessidades de um mercado.
Os produtos são constituídos de elementos básicos que formam um conjunto de
atributos básicos tais como: aparência, forma, função, material, embalagem, rótulo, cor, sabor
e aroma, marca, imagem (reputação), serviços pós-venda e garantias.
Um novo produto pode ser considerado como o desenvolvimento e a introdução de um
produto, não previamente manufaturado por uma empresa, no mercado ou a apresentação de
um produto já existente num novo mercado não previamente explorado pela empresa.
Novos produtos não necessariamente significam produtos originais, novos produtos
podem ser obtidos com melhorias e modificações em produtos existentes. Assim, um novo
tamanho e forma de um produto já existente podem representar um novo produto. Da mesma
forma, um produto já existente introduzido num novo nicho de mercado ou um novo mercado
geográfico pode ser considerado um novo produto. Um produto nunca antes visto é também
um novo produto, apesar de ser menos comum que os outros tipos. Os novos produtos podem
ser classificados em:
1
Artefato é um objeto produzido industrialmente
Vendas
Fluxo de caixa
Lucro
Tempo
Ocorre um aumento dos lucros durante a fase de crescimento e, geralmente poucas empresas
obtêm lucro antes desta fase. Na fase de maturidade tem-se uma estabilidade, melhor descrita
como um período sem crescimento e de estagnação do mercado. A maior parte dos lucros
com o produto é obtida nesta fase. Na fase seguinte, de declínio, ocorre uma diminuição nas
vendas causada por fatores tais como: aumento da concorrência com novos produtos, por
inovações e desenvolvimentos tecnológicos que levam o produto à obsolescência e a
mudanças de hábitos nos consumidores. Normalmente nesta fase, as empresas gradativamente
eliminam os canais de distribuição menos rentáveis para em seguida encerrar a produção do
produto. O abandono de produtos geralmente ocorre após a fase de declínio, mas é possível
em alguns casos que o produto vá diretamente da fase de crescimento para o declínio.
No segundo caso, mostrado na figura 1.3, ciclo de vida do produto significará a
seqüência de fases pelas quais se desenvolve o produto, desde a busca de oportunidades no
mercado, o projeto, a fabricação, o uso e a retirada. Dentro deste ciclo, tratar-se-á, na presente
disciplina, a fase ou processo de projeto, mais especificamente o as fases iniciais deste
processo que compreendem o Projeto Informacional e o Projeto Conceitual.
NECESSIDADE
PLANEJAMENTO DO PRODUTO
PROJETO
PLANEJAMENTO DO PROCESSO
PRODUÇÃO
PRODUTO
MARKETING
USO DO PRODUTO
RETIRADA
Fig. 1.3 - Ciclo de vida do produto segundo as atividades que o produto passa.
1.4 - PROJETO
escopo apropriado, fornecido no tempo certo, no custo certo e, boas especificações de função,
de fácil fabricação, de uso, segurança, confiabilidade, de fácil e econômica manutenção,
integrado ao meio ambiente, etc. Para conceitos tais como fácil e econômica fabricação, fácil
e econômica montagem, fácil e econômica manutenção, e tantos outros, serão usados os
termos fabricabilidade, montabilidade e mantenabilidade. Estas são qualidades que o produto
deverá apresentar.
Para desenvolver um produto com eficiência e eficácia, é necessário saber o que fazer,
para quem fazer, quando fazer, com que fazer, e como fazer. A esta organização, os
conhecimentos, métodos e ferramentas, utilizadas para o desenvolvimento, chamar-se-á de
metodologia de projeto ou metodologia de desenvolvimento de produtos. Outros termos
encontrados na literatura são engenharia do produto; projeto de engenharia e teoria de projeto.
Na literatura inglesa encontram-se termos tais como: engineering design; product design e
theory of design e na língua alemã encontram-se os termos de Methodisches Konstruieren e
Theorie der Konstruktionsprozesse.
Com a globalização da economia, os produtos devem apresentar alta qualidade, no mais
amplo sentido do termo, ou seja o produto deve ser competitivo. Para alcançar esta
competitividade o produto deverá ser desenvolvido de uma forma integrada, com
competências em múltiplas disciplinas, assim, não se pode mais falar em projetista, no
singular, e sim de uma equipe integrada de profissionais das diversas funções dentro de uma
empresa, ou que atua, simultaneamente, ao longo do processo de desenvolvimento do
produto.
A gerência é importante para que uma equipe de profissionais das mais diversas
competências – desenhistas industriais ou designers; de marketing; de custos; engenheiros
mecânicos, eletricistas, eletrônicos, de informática, de materiais, de confiabilidade; de
embalagens; assistência técnica; consumidores; fornecedores; etc – alcance bons resultados.
Esta ação de gerência é, genericamente, denominada e encontrada na literatura técnica sob os
termos de gestão ou gerenciamento de projetos. Nesta obra prefere-se usar o termo
gerenciamento, ou então mais especificamente, gerenciamento do desenvolvimento do
produto.
cada produto, e projetando para a efetiva manufatura, poucas mudanças serão necessárias
quando o produto for lançado, favorecendo a obtenção de padrões competitivos de qualidade.
Ou seja, um forte comprometimento do projeto com a produção, implica em que atrasos e
surpresas podem ser evitados.
Fig. 1.4 - Efeitos das diferentes fases do ciclo de vida sobre o custo do produto (Blanchard &
Fabrycky 1990).
Como já foi dito as figuras 1.2 a 1.4 mostram aspectos qualitativos de custo do
produto, na sua produção ou ao longo de todo o ciclo de vida, mas de forma semelhante pode-
se analisar sob uma ótica atual, considerando os conceitos de valor agregado, qualidade ou
competitividade do produto, onde estas características são introduzidas, se não,
fundamentalmente, no projeto e especialmente no projeto conceitual.
Fig. 1.5 - Visibilidade dos custos do ciclo de vida do produto, (Blanchard & Fabrycky, 1990).
Figura 1.6 -Influência sobre o custo do produto devido as tomadas de decisão referentes ao
projeto, material, mão-de-obra e instalações, (Smith & Reinertsen, 1991)
Lançamento
Produção
Custo de
mudança Protótipo
Projeto
10 100 1.000 10.000
Início
Estágios de desenvolvimento
Figura 1.7 - Efeito de escala de custos de mudanças do produto nas diversas fases de
desenvolvimento (Huthwaite & Schneberger , 1992).
Como se pode observar, as figuras 1.4, 1.6 e 1.7 mostram efeitos qualitativos da
atividade de projeto sobre o custo do produto, na sua produção ou ao longo de todo o ciclo de
vida. De forma semelhante pode-se analisar os efeitos do projeto de produto sob uma ótica
mais atual, considerando conceitos de valor agregado, qualidade ou competitividade do
produto.
Baseado nas observações anteriores verifica-se que, na atualidade, a competitividade
dos produtos é, fundamentalmente, dependente da atividade de projeto tendo em vista os
seguintes fatos:
- de 70% a 90% (Barton et. al., 2001) do custo do ciclo de vida do produto já estão
comprometidos com as decisões tomadas até o final do projeto do produto;
- que o projeto conceitual de um produto deve ser bem elaborado de início, para evitar os
elevados custos de modificações em estágios avançados do desenvolvimento (Huthwaite &
Schneberger , 1992);
- que a aplicação de metodologias ou procedimentos de desenvolvimento integrado do
produto ou de engenharia simultânea tem apresentado consideráveis vantagens nos seguintes
aspectos: redução de tempo de desenvolvimento do produto; redução de modificações do
projeto e aumento da qualidade sob os mais diversos aspectos.
De acordo com Dixon (1991) de um levantamento efetuado junto às empresas,
mundialmente reconhecidas como competitivas, incluindo a Xerox, Polaroid, Ford, Hewlett-
Packard, Carrier e a GE, as melhores práticas de desenvolvimento de produtos eram as
relacionadas a seguir:
- Mecanismo para obtenção e consideração, de novas e melhoradas idéias de
produtos e processos, de -consumidores, de colaboradores e de mercado. Este
processo era facilitado e apoiado por um contínuo fluxo de informações de novas
metodologias, materiais e tecnologias;
- Mecanismo para seleção de novas idéias para estudos preliminares relativos ao
projeto, potencial de mercado, fabricação, custos e estratégias da empresa;
Nos últimos anos tem-se publicado muito sobre pesquisas por métodos e metodologias
mais eficazes de desenvolvimento de produtos industriais e sobre experiências e métodos de
ensino, visando à capacitação em cursos convencionais de graduação e de pós-graduação,
bem como na capacitação continuada de profissionais, procurando encurtar o tempo de
formação e aumentar a produtividade e a eficácia de equipes que atuam em problemas de
desenvolvimento de produto.
Segundo experiências do NeDIP e de vários outros relatos, como por exemplo, Dixon
(1991) e Lovejoy & Srinivasan (2002), o curso deve apresentar um conjunto de disciplinas
genéricas básicas, conforme já discutido no item anterior, e uma atividade prática de
desenvolvimento de produto na forma, o mais próximo possível, do que ocorre num ambiente
de indústria.
Na graduação, além das disciplinas de seus cursos de formação, recomenda-se a
introdução de pelo menos quatro disciplinas, tais como: metodologia de projeto;
gerenciamento de projetos, noções de desenvolvimento integrado ou de engenharia simultânea
e de princípios básicos de custos e organização de negócios.
Na pós-graduação, como mestrado profissionalizante ou curso de especialização,
recomenda-se um elenco de disciplinas básicas cobrindo os seguintes aspectos: processo de
desenvolvimento de produtos; engenharia simultânea; gerenciamento do desenvolvimento de
1-9. REFERÊNCIAS
ASME REPORT. Goals and Priorities for Research on Design Theory and Methodology.
National Science Foundation, 1985.
BARTON, J. A.; LOVE, D. M.; TAYLOR, G. D. Design determines 70% of cost? A review
of implications for design evaluation. Journal of Engineering Design. vol. 12, n. 1, p. 47-
58. 2001.
DIXON, J. R. New Goals for Engineering Education. Mechanical Engineering. March 1991.
pp. 56 - 62.
DOWNEY, W. G. Development Cost Estimating. Report of the Steering Group for the
Ministry of Aviation. Inglaterra, 1969.
KRICK, E. V. An Introduction to Engineering and Engineering Design. John Wiley & Sons,
1965.
OTTO, K.; WOOD, K. Product Design: Techniques in Reverse Engineering and New Product
Development. New York: Prentice Hall, 2001.
PAHL, G. & BEITZ, W.. Série de 36 artigos. "Für der Konstruktions Praxis". Publicados na
revista Konstruktion de 1972 a 1974.
PAHL, G. & BEITZ W. Konstruktionslehre. Springer Verlag, 1977 (3ª edição 1993).
SMITH, P. G. & REINERTSEN, D. G. Developing Products in Half the Time. Van Nostrand
Reinhold, 1991.
VDI 2221. Methodik zum Entwickeln und Konstruieren Technischer Systeme und Produkte,
1985
O PROCESSO DE PROJETO
2.1 - INTRODUÇÃO
Início do
desenvolvimento
Métodos e
FASE 1 DEFINIÇÃO DO PRODUTO ferramentas de apoio
Não
Adequada? Idéia do Produto
Sim
Métodos e
FASE 2 PROJETO DO PRODUTO ferramentas de apoio
Base de Conhecimento
Não Documentação do
Adequado?
produto
Sim
Métodos e
FASE 3 PRODUÇÃO DO PRODUTO ferramentas de apoio
Não
Adequado? Produto
Sim
Não
Adequada? Mercadoria
Sim
A Fase de Projeto do Produto inclui atividades que vão da geração das especificações
de projeto para o produto, o desenvolvimento de idéias de como deveria parecer e como
deveria operar, até a elaboração da documentação e desenhos completos, contendo as
informações pelas quais o produto será produzido.
O projeto de engenharia é entendido de forma muito semelhante pelos autores que
estudam metodologia de projeto. Segundo Back (1983), o projeto de engenharia é uma
atividade orientada para o atendimento das necessidades humanas, principalmente aquelas
que podem ser satisfeitas por fatores tecnológicos de nossa cultura. A abordagem sistemática
da atividade de projeto, comum aos autores contemporâneos, pode ser percebida na própria
definição de projeto apresentada por Roozenburg & Eekels (1995), que entendem o projeto de
um produto como um processo mental orientado, pelo qual problemas são analisados,
objetivos são definidos e ajustados, propostas de solução são desenvolvidas e a qualidade
dessas soluções são medidas.
A abordagem sistemática do projeto de produtos de engenharia é amplamente
empregada nas empresas que encontram-se inseridas com sucesso no competitivo mercado
globalizado. Com essa abordagem, o produto é projetado numa evolução sistemática de
modelos (Ferreira, 1997). Assim, um modelo mais detalhado e concreto substitui outro mais
simples e abstrato, até a viabilização física do objeto projetado. Vários modelos de projeto
foram criados a fim de aumentar a qualidade dos produtos, reduzir o seu custo e o tempo de
desenvolvimento. No entanto, as diferenças entre eles são, na sua maioria, de origem
terminológica (Roozenburg & Eekels, 1995). Esses autores distinguem três tipos de modelos
de projeto: (a) ciclo empírico (observação-suposição-espectativa-teste-avaliação) ou solução
de problemas; (b) modelo de fases e; (c) desenvolvimento concêntrico (trata o projeto como o
desenvolvimento de uma nova atividade empresarial). Os autores salientam que os três
modelos não se opõem, mas se complementam.
O modelo de fases reúne os modelos de projeto preconizados, entre outros, por
French, Pahl & Beitz, Hubka e VDI 2221. A semelhança entre esses modelos levou Ferreira
(1997) e Ogliari (1999) a denominá-lo de modelo consensual. O modelo consensual é
composto de quatro etapas: projeto informacional, projeto conceitual, projeto preliminar e
projeto detalhado, conforme mostrado na figura 2.2. Pode se observar também, o fluxo de
informação entre as etapas, assim como o resultado obtido em cada uma delas e alguns
momentos de tomada de decisão.
Ao final de cada etapa há um ganho de informação sintetizado num modelo cada vez
mais concreto de produto, que ao mesmo tempo em que alimenta a fase seguinte, melhora o
entendimento da fase anterior. Essa característica faz com que o conhecimento, tanto do
problema quanto da solução, aumente significativamente. Os modelos de produto gerados em
cada uma das fases são por ordem: (a) especificações de projeto; (b) concepção; (c) leiaute
definitivo e; (d) documentação.
Idéia do
produto
Não
Adequadas? Especificações de projeto
Sim
Métodos e
Etapa 2.2 Projeto conceitual
ferramentas de apoio
Não
Adequada? Concepção de projeto
Base de Conhecimento
Sim
Não
Adequado? Produto Otimizado
Sim
Não
Adequado? Produto Detalhado
Sim
Produção
Idéia do Produto
Especificações do projeto
Verificação do problema
Esta etapa tem por objetivo fazer um estudo compreensivo do problema num plano
abstrato, de forma a abrir caminho para soluções melhores. Nesse sentido, a abstração, que
significa, segundo Pahl & Beitz (1996), ignorar o que é particular ou casual e enfatizar o que
é geral e essencial, tem um papel preponderante, pois previne que a experiência do projetista
ou da empresa, preconceitos e convenções interponham-se entre a especificação do projeto e a
melhor solução para o problema. Segundo os autores, essa generalização conduz direto ao
cerne da tarefa, fazendo com que a formulação da função global e o entendimento das
restrições essenciais tornem-se claras sem a consideração prévia de uma solução.
Uma reformulação do problema é feita, de forma mais ampla possível, em etapas
sucessivas. Ou seja, aspectos óbvios do problema não são aceitos à primeira vista, mas
discutidos sistematicamente. Nessa etapa do projeto conceitual a abstração será utilizada para
verificar se, realmente, a tarefa que se apresenta (semear com precisão sementes miúdas)
depende da realização das funções de dosar sementes e de depositar sementes, que são as
funções desempenhadas pelas máquinas encontradas no mercado, tanto para semeadura de
precisão quanto para semeadura em fluxo contínuo. A abstração também será empregada na
tentativa de identificar restrições fictícias, que poderiam limitar o emprego de novas
tecnologias, materiais, processos de fabricação e mesmo novas descobertas científicas. O
resultado desse estudo poderá quebrar preconceitos e conduzir a uma solução melhor do
problema e com certeza proporcionará um melhor entendimento da tarefa de projeto, o que é
indispensável para o êxito nas etapas subseqüentes do projeto conceitual.
Especificação
do projeto
Atividade
Analisar as especificações
2.2.1.1
Atividade D4, D5
Identificar restrições
2.2.1.2
Estabelecer a estrutura
Tarefa 2.2.2
funcional
Atividade
2.2.2.1 Estabelecer a função global
Atividade
Estabelecer estruturas funcionais alternativas D4, D6, F4
2.2.2.2
Atividade
Selecionar a estrutura funcional
2.2.2.3
Atividade
Aplicar métodos de busca intuitivos
2.2.3.1
Atividade F5, F6, F7,
Aplicar métodos de busca discursivos Bibliografia
2.2.3.2 P1
Atividade
Aplicar métodos de busca convencionais Especialistas
2.2.3.3
Combinar princípios de
Tarefa 2.2.4 Equipe de
solução
Atividade Otimizar a combinação dos princípios de projeto
F8, D7
2.2.4.1 solução
Atividade
Aplicar a matriz de avaliação F15
2.2.7.1
Concepção do produto
Análise funcional
Nessa etapa do projeto conceitual a formulação do problema deve ser feita de forma
ainda abstrata, através das funções que o produto deve realizar, independente de qualquer
solução particular. O ponto de partida é a abstração feita na etapa anterior, que permite o
estabelecimento criterioso da função global do sistema, e o resultado, ao final da etapa, é a
estrutura de funções elementares, ou estrutura de operações básicas, caso se trabalhe com
funções de baixa complexidade ou padronizadas. Esse processo é ilustrado na figura 2.5.
PROCESSOS Especificação do
projeto
Abstração
Função glo bal
Decomposição
Funções parciais
Decomposição
Estrutura de
Funções elementares funções
Conversão
Operações básicas
A definição formal dos principais termos técnicos empregados nessa etapa do projeto
conceitual é feita no Quadro 2.2. Com o isso se pretende evitar problemas que poderiam advir
de interpretações errôneas desses conceitos.
A subdivisão da função global visa facilitar a busca por princípios de solução. No caso
do desenvolvimento de variantes de produtos existentes, a derivação da estrutura funcional
pode ser feita através da análise de produtos existentes. Essa abordagem é particularmente útil
para desenvolvimentos nos quais, pelo menos, uma solução com a estrutura funcional
apropriada é conhecida e o problema principal reside na descoberta de soluções melhores. O
objetivo é gerar estruturas funcionais alternativas. Cada uma delas constitui-se numa potencial
solução alternativa para o problema.
Partindo-se da idéia de que diversas estruturas funcionais deverão ser geradas, é
necessário estabelecer os critérios de escolha para selecionar a melhor alternativa. A
dificuldade principal é estabelecer critérios de solução objetivos para um modelo de produto
ainda muito abstrato. A especificação do projeto, continua a ser o critério principal, mesmo
para princípios de solução representados de forma abstrata.
Concepção
do produto
Leiaute preliminar
Segundo Pahl & Beitz (1996), essa é a etapa na qual, partindo da concepção de um
produto, o projeto é desenvolvido, de acordo com critérios técnicos e econômicos e à luz de
informações adicionais, até o ponto em que o projeto detalhado resultante possa ser
encaminhado à produção. Nessa etapa do projeto o modelo do produto evolui da concepção
ao leiaute definitivo do produto, sendo expresso pela documentação completa necessária à
produção do produto projetado.
O leiaute definitivo deve ser desenvolvido até o ponto onde uma verificação clara da
função, durabilidade, produção, montagem, operação e custos, possa ser feita. O nível de
detalhamento a ser alcançado nessa etapa deve incluir, segundo Pahl & Beitz (1996):
e) estabelecimento do leiaute definitivo (arranjo geral e compatibilidade espacial);
f) projeto preliminar das formas (formato de componentes e materiais);
g) procedimentos de produção;
h) estabelecimento de soluções para qualquer função auxiliar.
Além disto, a disposição, a forma, as dimensões e as tolerâncias de todos os
componentes devem ser finalmente fixadas. Da mesma maneira a especificação dos materiais
e a viabilidade técnica e econômica devem ser reavaliadas. Normas e procedimentos
padronizados devem ser empregados conforme as necessidades dos meios de fabricação. Esta
etapa envolve decisões sobre como o produto será manufaturado, por exemplo, quais os
passos necessários para manufaturar o produto, quais processos de manufatura, máquinas e
ferramentas serão requeridas, e como as partes serão montadas. As atividades do
planejamento do processo envolvem a análise da producibilidade, o desenvolvimento de
fornecedores e o projeto do ferramental.
Na figura 2.6 é apresentado um roteiro com as principais tarefas necessárias a
execução do projeto detalhado. Além disso, esses autores propõem o emprego de checklists,
estabelecem os princípios a serem observados (princípios de transmissão de força, divisão de
tarefas, etc) e critérios para atender necessidades específicas (projeto para X - DFX). Porém,
acima de tudo, afirmam que deve-se observar as regras básicas de clareza, simplicidade e
segurança.
As ferramentas empregadas nessa fase do projeto são aquelas comuns na área de
engenharia como: CAD, programas de simulação, construção de modelos, programas de
auxílio ao cálculo e dimensionamento.
Leiaute Preliminar
Em termos gerais se reconhece, hoje, que as decisões tomadas nas fases iniciais do
projeto do produto têm um efeito significativo na manufaturabilidade do produto, em sua
qualidade, nos custos de produção, além de outros fatores. Estas decisões são de diferentes
naturezas e tomadas sob diferentes condições. Alguns exemplos típicos de decisões e
condições nas diferentes fases do projeto do produto são:
- definição das especificações de projeto, quando se está trabalhando sob informações
qualitativas e muitas vezes insuficientes;
- definição da concepção do produto, quando as informações são abstratas e os dados
para julgamento insuficientes;
- definição da configuração mais apropriada para um princípio de solução, quando o
tempo disponível é insuficiente e já existem soluções pré-concebidas; e
- definição das dimensões de dado componente, quando os riscos são elevados e dispõe-
se de poucos recursos para análise e simulação.
Dos exemplos acima, pode-se inferir que as decisões não acertadas durante o projeto
podem comprometer, em maior ou menor grau, o desempenho do produto nas demais fases de
seu ciclo de vida. Por exemplo, uma lista de especificações mal definida pode desencadear
processos de solução e decisões de projeto, cujos resultados não representarão as reais
necessidades dos clientes. De maneira similar, uma definição inadequada da concepção do
produto pode resultar em comportamento fora do especificado durante o uso. Ainda,
configurações mal definidas podem representar acréscimo nos custos do produto e
dificuldades de fornecimento de componentes e, por último, dimensões inadequadas podem
ocasionar, além de dificuldades de fabricação, refugos de peças produzidas.
Esses exemplos reforçam a importância de se adotar práticas adequadas para o
desenvolvimento de produtos, procurando-se minimizar decisões empíricas ou por tentativa e
erro. Ainda, sugerem que as abordagens tradicionais de projeto devem ser revistas,
principalmente com relação ao envolvimento dos vários interessados no desenvolvimento do
produto (stakeholders), já que as decisões de projeto podem afetá-los diretamente. Nessa
direção têm surgido diferentes propostas para o desenvolvimento de produtos baseados na
engenharia simultânea, as quais serão apresentadas nos itens que seguem.
A engenharia simultânea, de modo geral, tem sido apontada como filosofia, metodologia
ou práticas de desenvolvimento de produto. Apesar das diferentes conotações seus princípios
gerais são comuns e devem ser investigados para compreender essa abordagem de
desenvolvimento de produtos e identificar os meios pelos quais ela pode ser inserida nas
atividades das empresas. Nesse sentido esse tópico procura apresentar as principais definições
e princípios da engenharia simultânea, visando indicar, ao final, os caminhos para a adoção
dessa metodologia. Em outras palavras, procura-se, aqui, identificar os elementos que
caracterizam a engenharia simultânea, sejam eles identificados nas definições propostas,
sejam aqueles caracterizados pelos diferentes proponentes.
Algumas das definições para a engenharia simultânea e suas respectivas fontes são como
segue:
Prasad et al. (1998):
A engenharia simultânea é uma abordagem sistemática que considera todos os
aspectos do gerenciamento do ciclo de vida do produto incluindo a integração do
planejamento, projeto, produção e fases relacionadas.
Smith, (1997):
A engenharia simultânea é um termo aplicado para uma filosofia de cooperação
multifuncional no projeto de engenharia, a fim de criar produtos que sejam melhores,
mais baratos e introduzidos no mercado mais rapidamente.
Sprague et al. (1991):
A engenharia simultânea é uma abordagem sistemática para o projeto simultâneo e
integrado de produtos e de processos relacionados, incluindo manufatura e suporte.
Procura considerar todos os elementos do ciclo de vida do produto desde a concepção
até a disposição, incluindo qualidade, custo, programação e requisitos dos usuários.
Canty (1987), apud. Molloy e Browne (1993):
A engenharia simultânea é ambos, uma filosofia e um ambiente. Como filosofia, é
baseada no reconhecimento individual das próprias responsabilidades para a qualidade
do produto. Como um ambiente, é baseada no projeto paralelo do produto e processos
que têm influência ao longo do ciclo de vida.
Outras definições consideram, ainda, a engenharia simultânea como modelos de gestão
do desenvolvimento do produto (Kruglianskas (1993) e Cristovão e Gonçalves Filho (1995)
apud. Chiusoli e Toledo, 2000), seja na forma de gerenciamento da compressão do tempo,
gerenciamento do tempo para o mercado, gerenciamento do ciclo temporal, etc. Nesta obra
considera-se, a engenharia simultânea como uma metodologia de desenvolvimento integrado
do projeto do produto, pois sua formulação e diretrizes são similares ao que se entende por
metodologia
Através das diferentes definições para a engenharia simultânea pode-se sintetizar
alguns elementos que auxiliam na compreensão inicial desse tema e sugerem algumas
questões importantes para reflexão. Esses elementos, conforme destacados nas definições e
outros propostos na forma de variáveis da engenharia simultânea, segundo alguns autores
(Chiusoli e Toledo, 2000), estão representados na Figura 2.8, a seguir.
Ciclo de vida
do produto
Gerenciamento do
desenvolvimento
de produtos Qualidade, custo
e tempo de
desenvolvimento
do produto
ENGENHARIA
SIMULTÂNEA
Ferramentas para
o desenvolvimento
do produto
Agentes do
desenvolvimento
do produto
Desenvolvimento
integrado do
produto
Marketing
Projeto Engenharia Sequencial
Conceitual Projeto
Detalhado
Prototipagem
Projeto do
Processo Processo de
Produção
Manufatura
Marketing
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Redução do tempo
Prototipagem
Projeto do
Processo
Engenharia Simultânea Processo de
Produção
Manufatura
Tempo
Revisões
Projeto Conceitual
Projeto detalhado
Análises
Protótipo
Teste
Informações
Tempo
Figura 2.10 - Modelo de definição da engenharia simultânea (YAZDANI & HOLMES ,1999).
Controle
lógico
funcional funcional
Conhecim ento de
Projetista da
manutenção e manutenção
serviço e serviço
Projetista
conceitual Conhecim ento de Projetista da
qualidade qualidade
Figura 2.12 - Ambiente computacional para o projeto conceitual do produto sob o enfoque da
engenharia simultânea (Perera, 1997).
Produto
Fluxo de trabalho
tradicional - seqüencial
Fluxo de trabalho
simultâneo
Organização Recursos
Organização Recursos
Figura 2.13 - Dois tipos de fluxo de trabalho para o desenvolvimento do produto (PRASAD,
et al. 1998).
Produto
objeto
Fluxo de trabalho
realiza suporta
O rganização Recursos
O rg a niz a ç ão
E q u ip e 1
E q u ip e 2
E q u ip e 3
E q u ip e 4
E /S in tra - E /S e ntre
e qu ip e s A tiv id ad e S u po rte R e u n iã o D e cis ã o
e qu ip e s
-refinamento progressivo: o modelo de processo deve ser criado de modo tal que possa
evoluir progressivamente à medida que o produto evolui através dos vários estágios de
desenvolvimento.
projeto ou na identificação dos envolvidos no projeto. A metodologia de projeto, por sua vez,
configura os métodos necessários e adequados à condução de determinadas fases ou subfases
do projeto. Esses métodos podem ser empregados, seja na forma manual, seja na forma
computacional. Por último, a disciplina de gerenciamento do projeto suporta, através de seus
processos e conhecimentos, a condução eficiente das fases do projeto, através do
planejamento, execução e controle dos vários elementos envolvidos durante o ciclo de vida do
projeto. A partir do modelo da Figura 2.16 é possível visualizar e inferir uma série de estudos
e desenvolvimentos necessários para suportar as atividades de projeto. Dentre estes, cita-se:
- o estudo de modelos genéricos do ciclo de vida do produto, ou dedicados a domínios
específicos de aplicação;
- desenvolvimento e implementação de métodos de projeto;
- desenvolvimento e implementação de métodos de gerenciamento de projeto; e
- desenvolvimento de ferramentas computacionais de apoio ao projeto.
De acordo com o que foi apresentado nesse item considera-se que a engenharia
simultânea é uma metodologia integrada de trabalho que, através de seus princípios, procura
suportar o desenvolvimento de ferramentas para melhorar a prática de desenvolvimento do
produto, incluindo, também, como elementos operacionais, a metodologia de projeto e a
disciplina de gerenciamento de projeto.
Projeto Informacional
Contratação
Recursos computacionais
Projeto Síntese de Métodos de Métodos de
Etc.
Metodologia
funções criatividade seleção de Projeto
Projeto Conceitual
Produção
Recursos computacionais
Modelamento Seleção de Protótipos Metodologia
Etc. de Projeto
geométrico materiais
Projeto Detalhado
Desativação
Equipe (1)
Paralisia cultural
Expansão
Falta de Variedade Fase final
experiência ferramentas
Tecnologia Medo
Lança-
mento
Especificação
Problemática do custo/benefício:
O cálculo da relação custo/benefício para a implantação de um ambiente de ES não é
fácil, considerando que os resultados são alcançados a longo prazo, e que é difícil
estabelecer uma métrica precisa para a avaliação do progresso e do próprio resultado
da adoção da filosofia. O custo também não é fácil de ser estimado devido ao caráter
contínuo do programa de implantação. Além disso, a tendência para a busca de
retornos imediatos e palpáveis é um grande erro que tem desmotivado, já no início, o
esforço para a implantação da ES. Para Evans, se a ES for vista exclusivamente como
uma atividade com retorno de baixo risco, pode até ser aceita inicialmente, mas as
melhorias no processo serão improváveis. Já se for vista como um projeto sem
perspectiva de retorno, provavelmente nunca será aprovada. Como solução, Evans
propõe uma combinação de investimento e retorno de baixo risco como argumentação,
já que ambos os objetivos devem ser alcançados.
Problemática do defensor:
Para não se tornar apenas mais um projeto de engenharia, a implantação da ES deve
ser liderada por um membro da alta gerência. Gerentes médios não possuem poder
para a completa implantação da ES. Além disso, o representante da alta gerência deve
estar suficientemente comprometido, com disponibilidade de tempo para o
aprendizado e para trabalhar junto à equipe.
Problemática da falta de objetivos ou falta de visão:
Os objetivos devem ser claros e bem definidos. Índices de desempenho também
devem ser definidos como, por exemplo, tempo de desenvolvimento. A definição
quanto aos objetivos almejados também é importante para a escolha do modelo de ES
a ser adotado. Uma boa estratégia é definir inicialmente objetivos, a curto prazo, para
o planejamento da implementação da engenharia simultânea.
Problemática da falta de experiência:
A experiência com ES só é alcançada com a implantação da ES. A busca da
experiência de especialistas externos pode ajudar, mas a falta de conhecimento destes
especialistas quanto às características da organização é uma barreira. A solução,
segundo Evans é, primeiro reconhecer a falta de experiência. Segundo, perceber
quanto os conhecimentos da organização e as atividades podem ser valiosos para a
execução do planejamento. E, por fim, estabelecer mecanismos para o aprendizado,
incluindo formas de revisão, análise e avaliação das atividades. Recomenda, ainda, o
treinamento em ferramentas de revisão e análise.
Para que as barreiras organizacionais e técnicas sejam eliminadas, Maddux & Souder
(1993) sugerem cinco ações que devem ser observadas pelo condutor do processo de
implantação da ES, conforme enumerado abaixo:
-prover a transformação cultural através de educação e da conscientização;
- efetuar as transformações organizacionais, eliminando as barreiras entre os
departamentos através de equipes multidisciplinares fortes. O desenvolvimento do produto e
do processo deve estar integrado, sendo responsabilidade de um único vice-presidente;
- formar uma equipe multidisciplinar fortemente integrada e com membros que sejam
realmente representantes de suas respectivas áreas, inclusive com poder de decisão. É
importante também a participação de clientes e fornecedores na equipe;
- prover suporte tecnológico através da infra-estrutura informatizada e da adoção de
metodologias e ferramentas de projeto; e
- definir responsabilidades e promover a integração.
Grande parte do sucesso da implantação da ES está em reconhecer estas barreiras e
observar as recomendações que, segundo os autores, servem para a maioria dos casos. A
forma como as recomendações devem ser executadas, entretanto, é bastante particular para
cada empresa, considerando as suas características, tipo de produto e mercado onde atuam.
TOP DOWN
e Condução do d Transferência de
processo pela experiência à alta
alta gerência gerência
FOCO NA FOCO NO
ORGANIZAÇÃO CONTEÚDO
BOTTOM UP
2.4 - REFERÊNCIAS
ASIMOV, M. Introdução ao projeto de engenharia. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1968.
171p. Traduzido do original de 1962.
BACK, N. e FORCELLINI, F. A.; Projeto de produtos industriais. Apostila: Programa de
pós-graduação em Engenharia Mecânica. Departamento de Engenharia Mecânica, UFSC,
1996.
CHIUSOLI, R.F.Z. e TOLEDO, J.C., Engenharia simultânea: estudo de casos na indústria
brasileira de autopeças. In: II Congresso Brasileiro de Gestão de Desenvolvimento de
Produtos, agosto, 2000, São Carlos, SP.
CLAUSING, D. Total Quality Development - A Step-By-Step Guide to World-Class
Cocurrent Engineering. New York: ASME Press, 1994. 506 p.
CORYELL, A. E. The design process: 12 steps that turn ideas into hardware. Machine
Design. November 9, 1967. p. 154 – 161.
EVANS, S. Implementation: common failure modes and success factors. In: Concurrent
Engineering: contemporary issues and modern design tools. Edited by Hamid R.
Parsaei and William G. Sullivan. London: Chapman & Hall, 1993, pp. 42-60.
FERREIRA, M. G. G. Utilização de Modelos para a Representação de Produtos no
Projeto Conceitual. Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1997
HUNDAL, M. S. Systematic mechanical designing: a cost and management perspective.
New York: ASME Press, 1997. 291p.
HUBKA, V. and W. E. EDER, Theory of Techinical Systems: a Total Concept Theory for
Engineering Design. Springer-Verlag, London, 1988.
HYEON, H. JO; PARSAEI, H. R.; SULLIVAN, W. G., Principles of concurrent engineering.
In: Concurrent Engineering: contemporary issues and modern design tools. Edited
by Hamid R. Parsaei and William G. Sullivan. London: Chapman & Hall, 1993, pp. 3-23.
ISHII, K.; HORNBERGER, L.; LIOU, M. Compatibility-based design for injection
molding. Disponível na Internet. http://MML-PC-1.stanford.edu/Research/Papers/1989/
papers89.html. [ago/97].
MADDUX, Gary. A., SOUDER, William. E. Overcoming Barriers to the Implementation of
Concurrent Engineering. In: Concurrent Engineering - Contemporary issues and
modern design tools. Edited by Hamid R. Parsaei and William G. Sullivan. London:
Chapman & Hall, 1993, 497 p. pp. 61-74.
MILLER, L. C. Concurrent Engineering Design: Integrating the Best Practices for
Process Improvement, Society of Manufacturing Engineers, 1993.
ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO
3.1 INTRODUÇÃO
Máquinas
MáquinasAgrícolas
Agrícolas
Máquinas
MáquinasIndustriais
Industriais
Bens de Capital
Bens de Capital Equipamentos de Transporte
Equipamentos de Transporte
Máquinas
MáquinasdadaConstrução
Construção
Tipo de Produto: Outros
Outros
Eletrodomésticos
Eletrodomésticos
Eletrónicos
Bens de Consumo Eletrónicos
Bens de Consumo
Brinquedos
Brinquedos
Móveis
Móveis
Grau de Complexidade
da Configuração
Projeto de Projeto
Desenvolvimento Original
Tipo de Projeto:
Projeto
Re-Projeto Adaptativo
oferecendo uma base sólida para a definição das necessidades. Exemplo, são os projetos dos
modelos sucessivos de aparelhos de TV.
O projeto adaptativo é aquele projeto com alto grau de novidade conceitual e pouco grau de
complexidade na configuração. Neste tipo de projeto, os projetistas têm um guia naqueles
produtos similares em configuração, apontados na classificação de tipos de produtos.
Exemplo é o projeto do “display” alfa numérico, como interface homem-computador,
baseado num aparelho de TV.
O projeto de desenvolvimento é aquele com pouca novidade conceitual e alto grau de
complexidade na sua configuração. Os projetos deste tipo, devem ser apoiados em produtos
com similar conceitualização, devendo desenvolver-se um trabalho para definir o ciclo de
vida e os atributos do produto, em forma similar aos projetos do primeiro tipo. Exemplo, o
aparelho de TV colorida.
Esta tarefa compreende a definição dos atributos do produto e do ciclo de vida, assim
como a identificação dos diferentes clientes que devem ser consultados. Esta tarefa tem três
atividades:
• Estabelecer as fases do ciclo de vida do produto;
• Definir os clientes e usuários e
• Definir os atributos do produto.
3.3.1.- Estabelecer as fases do ciclo de vida do produto.
Com os já dados disponíveis, tanto das fases anteriores, quanto das estapas anteriores,
o objetivo é definir as fases do ciclo de vida do produto, baseando-se em produtos similares
ou baseando-se nos produtos que o antecederam.
O ciclo de vida depende de vários fatores, dentre os quais destacam-se:
• tipo de produto que vai ser projetado; os bens de capital caraterizam-se por
ciclos de vida diferentes dos bens de consumo; nos primeiros, as fases do ciclo de
vida estão mais associadas a sua complexidade durante a fabricação, a montagem, e
o uso, se comparado aos bens de consumo.
• tipo de projeto a ser executado; as fases do ciclo de vida de um reprojeto está
praticamente definido no produto precedente, sendo mais complexo no caso de um
projeto original.
• se vai ser consumido em grande escala, longe do centro de produção; nestes
casos as fases de transporte, armazenagem e manutenção, implicam numa
importância maior que nos casos convencionais de produtos consumidos perto do
lugar de produção.
• suas características de funcionamento; existem produtos onde a fase de
funcionamento é extremamente complexa e comprometida, razão pela qual é a fase
mais importante, implicando ainda em fatores de segurança e confiabilidade.
• suas características de uso e manuseio; naqueles produtos onde a interface
humana é relevante, a fase uso deve ser a fase principal do ciclo de vida.
• as possibilidades de serviços de manutenção; aqueles produtos onde é necessário
garantir um eficiente serviço pós-vendas, a fase de manutenção torna-se a fase
crítica do ciclo de vida.
• a filosofia de desativação, reciclagem ou descarte; aqueles bens de consumo,
sobretudo aqueles consumidos massa, devem ser estudados atentamente, sobretudo as
fases de reciclagem e descarte como fases críticas do ciclo de vida.
À definição do ciclo de vida, se deverá dedicar o tempo que seja necessário, pois
considera-se um fator fundamental para o trabalho de projeto. A figura 3.3 ilustra uma
representação do ciclos de vida, baseada na espiral de desenvolvimento (Fonseca, 2000).
Projeto
Projeto
Projeto Preliminar
Conceitual Projeto
Descarte
Detalhado
Desativação/
Especificações
Reciclagem do projeto
Fabricação
Problemas
do projeto
Montagem e
Manutenção Embalagem
Função Armazenagem
Transporte
Uso
Marketing
Desta forma, um dos primeiros passos é identificar quem são os clientes, ou seja,
aqueles que serão afetados ou tiverem alguma relação com o produto a ser projetado.
Os clientes de um projeto podem ser classificados em três tipos diferentes: clientes
externos, clientes intermediários e clientes internos.
O termo clientes externos é utilizado para definir o conjunto de pessoas ou
organizações que irão usar ou consumir o produto. De uma forma geral, estes clientes desejam
que os produtos contenham atributos tais como: qualidade, baixo preço de aquisição e
manutenção, eficiência, segurança, durabilidade, confiabilidade, fácil operação, manutenção e
descarte, visual atrativo (estéticos), incorporem as últimas tendências e desenvolvimentos
tecnológicos e que sejam ecologicamente corretos.
Os desejos destes clientes devem ser tratados com a máxima prioridade, pois se o
produto não atender as necessidades e requisitos destes, o mesmo irá resultar num fracasso em
termos de vendas.
Os clientes intermediários correspondem aqueles responsáveis pela distribuição,
vendas e marketing do produto. Estes, normalmente, esperam que o produto satisfaça a todos
os desejos e necessidades dos clientes externos, seja fácil de embalar, armazenar e transportar,
seja atrativo e possa ser adequadamente exposto para o público. O atendimento destas
necessidades é um fator determinante para que o distribuidor tenha sucesso na venda do
produto.
Descarte
Projeto
Desativação/ Especificações
Reciclagem do projeto
Fabricação
Problemas
do projeto
Manutenção Montagem e
Embalagem
Uso Transporte
Compra Venda
Setores de Mercado
Clientes intermediários
Alguns destes atributos têm que satisfazer as necessidades que surgem do percurso
temporal do produto pelas fases do ciclo de vida do produto (como na fabricação, na
montagem, ou no descarte); outros deverão ser uma conseqüência dos próprios objetivos de
projeto, contidos no problema de projeto.
A seguir será apresentada uma proposta mínima de atributos, para ser usada na fase de
projeto informacional. Esta proposta classifica os atributos do produto em dois grandes
grupos (Fonseca, 2000):
• Os atributos gerais e
• Os atributos específicos.
Os atributos gerais são aquelas características dos produtos, relacionados às
respostas que os mesmos devem dar às necessidades expostas pelos clientes e usuários, tanto
pela adequação do produto durante o seu “passo temporal” pelas fases do ciclo de vida, como
quanto à adequação às “condições permanentes” que o produto vai apresentar em uso e
funcionamento.
No quadro 3.1, é apresentada uma classificação geral dos atributos do produto:
Atributos Gerais
Atributos Materiais
Atributos de Controle
Fabricabilidade
Montabilidade
Embalabilidade
Transportabilidade
Atributos do Ciclo de vida Armazenabilidade
Comerciabilidade
Da Função
Usabilidade
Mantenabilidade
Reciclabilidade
Descartabilidade
Os atributos do ciclo de vida, são aqueles que dão resposta adequada à passagem do
produto pelas fases do ciclo de vida. São onze os atributos expostos, embora cada produto
deva ter o seu próprio ciclo de vida e portanto, seu próprio grupo de atributos associados,
segundo mostrado no quadro 3.2, onde aparecem somente alguns atributos do ciclo de vida.
Os atributos específicos são aquelas características físicas, objetivas e mensuráveis
do produto, diretamente identificáveis, que configuram os detalhes específicos e determinam
a métrica mensurável do mesmo; por sua vez, são responsáveis, na sua combinação, pelos
atributos gerais expostos anteriormente. Estes atributos específicos, relativos a dimensões,
cor, forma, etc., por serem diversos, são mais difíceis de classificar numa estrutura mínima,
que possa ser suficientemente abrangente; a proposta desta pesquisa aparece no quadro 3.4.
Legal: Aspectos vinculados com as leis onde vai ser comercializado o produto
Leis sobre uso ou segurança, leis ambientais, leis sobre comércio.
Forças
Atributos Específicos Atributos Energéticos Cinemática (velocidade,aceleração, etc.)
Tipo de Energia ( térmica, elétrica, etc.)
Fluxo (massa ou energia)
mais representativas da literatura, de maneira que permita um guia mínimo durante o projeto
informacional, auxiliando na definição dos requisitos de projeto.
Da maneira antes exposta, fica proposta uma ferramenta que permite operacionalizar a
captação das necessidades, assim como apoiar as sucessivas transformações que as mesmas
sofrem nas diversas etapas do processo de projeto informacional. No quadro 3.5, tem-se um
resumo da classificação geral proposta para os atributos do produto.
Fabricabilidade
Atributos do Ciclo de vida
Montabilidade
Embalabilidade
Forma Transportabilidade
Configuração Armazenabilidade
Geométricos Dimensões Comerciabilidade
Acabamento Da Função
Ajustes Usabilidade
Atributos Materiais
Material (tipo) Textura Mantenabilidade
Fixações Reciclabilidade
Cor
Peso (ou Massa) Descartabilidade
Forças
Atributos Específicos Cinemática (velocidade, aceleração, etc.)
Atributos Energéticos Tipo de Energia (térmica, elétrica, etc.)
Fluxo (massa ou energia)
Com base nestas necessidades individuais, pode-se partir para as necessidades dos
clientes, as quais, segundo Juran (1992) podem ser colocadas da seguinte forma:
• Necessidades manifestas.
• Necessidades reais.
• Necessidades latentes.
• Necessidades culturais.
• Necessidades atribuíveis a usos inesperados.
• Necessidades dos clientes relativas à satisfação do produto.
Tabela 3.1 - Exemplos da relação entre necessidades manifestas e reais (Juran, 1992).
O desejo de compra do cliente: O que realmente o cliente quer:
Alimentos Nutrição e sabor agradável
Automóvel Transporte, conforto e status
Televisor a cores Entretenimento
Casa Espaço para viver
Pintura da casa Aparência e conservação
A situação inversa também pode ocorrer, onde os clientes não falam sobre algumas
das suas necessidades pois têm dificuldade para explicá-las ou porque têm receio de serem
mal interpretados.
Uma necessidade real existe, somente quando os clientes estiverem interessados em
pagar o preço de mercado do produto.
A não observação das diferenças entre as necessidades manifestas e as reais, pode
acarretar sérios problemas no desenvolvimento de um produto. Desta forma, para o
entendimento das necessidades dos clientes, deve-se sempre procurar saber qual a motivação
para a compra do produto, e quais benefícios ou serviços são esperados deste produto.
As necessidades também podem ser latentes, e o provável consumidor ainda será
colocado ao par da necessidade e até mesmo informado que irá precisar da mesma. O fato de
ser latente não supõe que esta necessidade não seja intensa, mas sim apenas é inibida, sem
uma forma oportuna de se manifestar.
Necessidades culturais
Segundo Juran (1992) as necessidades dos clientes, em especial dos clientes internos,
vão além de produtos e processos. Elas incluem o auto-respeito, respeito dos outros,
continuidade de padrões de hábitos e ainda outros elementos do chamado padrão cultural.
Muitas falhas na determinação das necessidades dos clientes podem ser atribuídas à falta de
compreensão da natureza e mesmo da existência desse padrão cultural. O padrão cultural
consiste num padrão de crenças, hábitos, práticas, etc., baseadas na experiência acumulada
pelo meio social. Este padrão fornece à sociedade certos elementos de estabilidade: um
sistema de leis e ordem, explicação de mistérios, rituais, tabus, símbolos de status e outros.
Esses elementos são encarados pela sociedade como possuidores de valores importantes.
Qualquer mudança proposta torna-se uma ameaça a esses valores importantes e, assim sendo,
enfrentará resistência até que a natureza da ameaça seja entendida.
No caso de resistência cultural, as razões reais raramente são óbvias, e os disfarces
costumam ser sutis. Deve-se portanto, olhar para além das razões declaradas para entender
quais são as ameaças em potencial aos padrões culturais dos seres humanos envolvidos.
Necessidades atribuíveis a usos inesperados
Muitos problemas ocorrem quando o cliente utiliza o produto de maneira diferente
daquela pretendida pelo fabricante. Esta situação pode ocorrer de várias formas, sendo as
mais comuns, quando a utilização ou operação de um produto é feita por pessoas sem o
devido treinamento, ou quando um produto é sobrecarregado ou utilizado em demasia, sem
Projeto
Projeto
Projeto Preliminar
Necessidades do Conceitual Projeto
Descarte Detalhado
Necessidades para a
Desativação/Reciclagem Especificações
do projeto Necessidades de Fabricação
Problemas
do projeto
Necessidades d
Necessidades para Montagem e Embalagem
a Manutenção
Necessidades da Armazenagem
Necessidades
Funcionais
Necessidades de
Transporte
Necessidades do Uso Marketing
Necessidades da Necessidades
Compra para a Venda
Obtenção das
especificações
Setores de Mercado de projeto
Juran (1992), aponta para o fato de que grande parte das descobertas a respeito das
necessidades dos clientes não vem diretamente deles, mas através de meios indiretos. Porém,
a confirmação destas necessidades acaba vindo da decisão dos clientes de comprar ou não o
produto.
Andrade (1991), propôs um conjunto de questões, que serve como um guia básico
para o estabelecimento das necessidades. O conjunto de questões é organizado em grupos
considerando os principais elementos envolvidos no ciclo de vida de um produto, sendo
apenas uma orientação, devendo para casos práticos, o conjunto ser expandido, detalhando-se
e adicionando-se outras questões de acordo com cada caso.
Clientes e Mercado
1. Quem são os principais clientes, aqueles que são afetados diretamente pelo produto? Não
apenas quem irá comprar e usar o produto.
2. Quem são os clientes secundários, aqueles de alguma forma relacionados com o produto?
Instalações, pessoal de serviço, etc..
3. O que os clientes podem obter com o produto mas não sabem?
4. O que os clientes gostariam de conseguir com o produto? Desempenho, custo, níveis de
qualidade, etc..
5. O que os clientes gostariam de obter com o produto?
6. Quem são os clientes que estão comprando, e de quem?
7. Como pode ser a empresa mais atrativa que os concorrentes?
8. Quantos clientes a empresa tem, e qual o tamanho do mercado?
9. Como pode a empresa aumentar a sua participação no mercado?
Uso e Desativação
1. Quais devem ser as funções principais do produto?
2. Quais devem ser as funções secundárias do produto?
3. Quais são as habilidades daqueles que irão usar o produto?
4. Qual será a freqüência de uso, e os períodos de utilização e não utilização.
5. Qual será o tempo de vida do produto?
6. Em que ambiente o produto será utilizado?
7. Quais são as condições de segurança relacionadas com as pessoas, produto e ambiente?
8. Quais serão os efeitos da desativação ou abandono temporário ou permanente?
9. Quais são as habilidades daqueles que irão reaproveitar o produto desativado?
Produção, Distribuição e Instalação
1. Quantos produtos serão produzidos?
2. Qual deverá ser o tempo de produção do produto?
3. Qual será a freqüência de produção?
4. Quais materiais serão processados?
5. Quais processos de fabricação e montagem serão necessários e quais os disponíveis?
6. O que será exigido do processo?
7. Quais serão as habilidades daqueles envolvidos com a produção, distribuição e instalação?
8. Como o produto será testado?
9. Como o produto será embalado?
10. Como o produto será transportado?
Empresa
1. Como a empresa pretende custear o empreendimento?
2. Qual a posição que a empresa pretende ocupar entre os concorrentes?
3. Quais as metas da empresa?
4. Que recursos financeiros são disponíveis?
5. Qual é o tempo disponível?
6. Qual é o máximo custo aceitável para o produto?
7. Quais são os fornecedores preferenciais?
Fatores Externos
1. Quais os conhecimentos científicos e tecnológicos necessários, e quais são os disponíveis?
2. Como está e como estará a situação de desenvolvimento econômico no ambiente da
empresa e do cliente?
3. Existem decisões políticas por parte de autoridades, que podem afetar o produto?
4. Qual é a legislação associada com o produto, os clientes e a empresa?
5. Quais são as demandas e limitações sociais, culturais e religiosas?
6. Como pode o produto perturbar o meio ambiente?
Além destas práticas, pode-se fazer uso do conceito dos atributos do produto,
estabelecendo uma viagem imaginária pelas fases do ciclo de vida e, em cada fase, levantar as
necessidades do projeto auxiliado pelos atributos básicos do produto, usados como lista de
apoio ao levantamento das ditas necessidades. Esta viagem imaginária pode ser representada
mediante uma matriz, chamada de Matriz de Apoio ao Levantamento das Necessidades, cujas
linhas são as fases do ciclo de vida (as definidas para o produto sob análise) e as colunas
representadas pelos atributos básicos do produto (também os definidos para o produto
específico) como mostrado na figura 3.6, tomada de um exemplo real, o reprojeto de uma
cadeira escolar, (Fonseca, 2000)
Função Ter porta material. Ter cor Ter estrutura Estrutura mod.
Ter mesa c/port.mat. agradável. leve. resistente.
Ter mesa mais larga. Ser ergonômica.
Uso Ter mesa inclinada. Não seja dura.
Ter encosto maior. Não ter ressaltos.
Manutenção Ter facilidade Ter uniões
de manutenção. normalizadas.
pelos aspectos temporais (ciclo de vida), pelos quais o produto deve atravessar durante sua
vida vs. os aspectos mais relevantes do mesmo (atributos básicos).
Idéia do Produto
SER
ETAPA PROJETO INFORMACIONAL
41
Tarefa
ESTAR + substantivo
Planejar projeto informacional
4.1.1
TER
Tarefa
4.1.2
Pesquisar informações sobre o
problema de projeto
Requisito de
Tarefa Definir ciclo de vida e clientes cliente
4.1.3 do produto
Tarefa Identificar os requisitos dos
4.1.4 clientes do produto NECESSIDADES
Tarefa Definir as restrições do produto
4.1.5
Tarefa Definir requisitos do produto
4.1.6
VERBO FORMADOR
Tarefa
4.1.7
Definir especificações do
DE FUNÇÕES + substantivo
produto
Funções
Especificações do projeto
O primeiro caso (usar os verbos ser, estar ou ter), auxilia na geração dos requisitos de
cliente que não constituem funções do produto, mas, são expectativas dos usuários. Estas
expressões são as mais adequadas para expressar as necessidades brutas, contidas nas
respostas dos questionários respondidos pelos clientes, no caso de ser usada este tipo de
consulta. As frases deste tipo representam desejos, pedidos, ordens, que de alguma maneira os
clientes acham que devem ser incluídas, através do produto que está sendo projetado. A
equipe de projeto deve estar preparada para transformar os desejos dos clientes ao formato
padronizado proposto.
Por exemplo, se um cliente expressa que o produto deve possuir massa suficiente para
garantir um produto pesado (projeto de uma ancora), o requisito de cliente seria redigido
assim:
Ter peso grande.
No segundo caso, (verbo mais substantivo) o verbo pode (ou não) ser um formador de
funções, que possui importância adicional, devido ao fato que a expressão possa conter
funções importantes do produto que está sendo projetado.
Quando as necessidades são definidas diretamente pela equipe de projeto, elas podem
ser escritas diretamente na forma padronizada usando os verbos ser, estar ou ter, mais
substantivos, ou usando os verbos formadores de funções mais os correspondentes
substantivos obtendo-se, assim, diretamente os requisitos de usuário, sem necessidade de
fazer a conversão posterior, acelerando o processo.
Passo 2: Identificar os tipos de requisitos geradores de funções.
Existem verbos formadores das funções típicas da engenharia. Como um exemplo,
durante a fase inicial do projeto de uma furadeira, a necessidade original de algum usuário
expressa que: “que a furadeira tenha a potência suficiente para furar tanto madeira como
concreto e metal”; esta expressão deve ser convertida em requisito de usuário.
A necessidade anterior é referida à potência do produto e define um dos parâmetros do
projeto, neste caso a potência. Mas também, implicitamente, expressa uma função do produto
quando diz “furar metais”, que mesmo sendo uma necessidade, é de um tipo diferente à
anterior referida à potência. A necessidade de furar metais, é, na realidade, a que dá sentido à
construção da furadeira, pelo qual é denominada função principal e sua expressão como
requisito de usuário é: “Furar metais de diferentes tipos”.
Do anterior fica claro, que as necessidades brutas, uma vez convertidas em requisitos
de usuário, podem gerar dois tipos de informações: uma denota desejos dos usuários, relativas
a características não funcionais e outra que gera prováveis funções no produto.
Os resultados relevantes desta atividade são: uma Lista de requisitos de clientes e uma Lista
de prováveis funções do produto.
Fig. 3.8 - Matriz de apoio à conversão dos requisitos de clientes em requisitos de projeto.
Sexto Campo
Oitavo Campo
constituir esta equipe, é conveniente (como mínimo para a análise dos critérios contidos na
matriz principal da casa da qualidade) a presença dos especialistas de marketing que
definiram o problema de projeto, assim como dos especialistas das áreas de produção,
montagem e manutenção da empresa produtora.
O formato da casa da qualidade recomendado aparece na figura 3.9, que se passará a
expor a maneira de preencher, usando a informação obtida.
• No primeiro campo da figura 3.9, conhecido como linhas da casa da qualidade, se
situam os requisitos de clientes, classificados segundo a fase do ciclo de vida.
• O segundo campo corresponde à avaliação quantitativa de cada requisito de cliente,
numa escala 0-100, segundo a sua importância, a ser preenchida pela equipe
multidisciplinar formada, levando em conta as opiniões dos clientes.
• No terceiro campo (as colunas), situam-se os requisitos de projeto obtidos.
• O quarto campo, serve para situar os produtos concorrentes identificados.
• O quinto campo, é a matriz principal e nela são feitas as avaliações entre os
requisitos de clientes e os requisitos de projeto, numa escala quantitativa (0-1-3-5).
Os requisitos de clientes, precedem os requisitos de projeto, sendo ambos avaliados na
matriz principal. É claro que o maior relacionamento se dará entre aqueles requisitos de
clientes e os correspondentes requisitos de projeto a que dão origem (relação causal); porém,
existem determinadas relações entre requisitos de clientes e de projeto, que não estão
associados a esta relação causal, mas, a outros aspectos caraterísticos do produto. Há ocasiões
em que este relacionamento não causal se constitui um fator básico na hierarquização dos
requisitos de projeto. É o caso de um requisito de projeto que, pela sua importância, se
relaciona com todos (ou com quase todos) os requisitos de clientes.
As avaliações quantitativas são expressas em escalas de relacionamento, mediante
números ou símbolos (aos quais corresponderá um determinado valor) associados ao peso do
relacionamento, a ser situado no ponto de interseção entre os requisitos na matriz principal.
Este valor varia segundo diversos critérios expostos na literatura sobre o tema (Clausing,
1994), (Ullman, 1992), (Akao, 1990), (King, 1989), (Hauser & Clausing, 1988).
Um forte relacionamento corresponde uma avaliação máxima, recomendando-se
somente para aqueles relacionamentos que não deixem nenhuma dúvida de sua relação causal
ou de seu evidente relacionamento forte. Uma regra a seguir é:
Todo requisito de projeto se relaciona, fortemente, com aquele(s) requisito(s) de
cliente que o originaram.
Os relacionamentos não causais, vão depender dos critérios adotados em consenso da
equipe de projeto e em qualquer caso dependem da experiência dos envolvidos no trabalho.
As avaliações dos relacionamentos, entre os requisitos de cliente e de projeto, é de
responsabilidade e deverá ser de consenso da equipe de projeto e forma parte dos aspectos
relativos ao conhecimento sobre o produto sob análise.
• O sexto campo é o telhado da Casa da Qualidade e nele são feitas as avaliações
entre os próprios requisitos de projeto.
As avaliações podem ser do tipo “quando se incrementa um deles o outro também se
incrementa”, ou do tipo “quando se incrementa um deles o outro diminui”; em ambos os
casos, estas avaliações podem ser, pela sua vez, fortes ou normais; estas quatro possibilidades
de avaliação, somadas à avaliação “nenhum relacionamento”, conformam os cinco tipos de
avaliações no telhado da Casa da Qualidade. Isto influi na hierarquização final, que vai se
constituir num compromisso entre os requisitos de projeto. Denomina-se “relação positiva”
aquele relacionamento entre os requisitos de projeto que se incrementam simultaneamente e
“negativa” aquele relacionamento onde, quando um deles cresce, o outro diminui ou são
conflitantes.
Os produtos concorrentes foram definidos no início da fase de projeto informacional;
o trabalho é avaliar cada requisito de cliente frente a cada produto concorrente; deve-se
avaliar como o produto concorrente sob análise, preenche o requisito de cliente sendo
analisado. Naqueles casos em que o produto concorrente atende, de alguma maneira ao
requisito de cliente, será a vez de fazer uma avaliação forte, média ou fraca, segundo seja o
caso; em caso de que o produto concorrente não atenda o requisito de cliente, não existirá
avaliação. Da mesma forma que nas avaliações da matriz principal, as avaliações da matriz
secundária utilizarão símbolos similares na matriz, as quais também devem ser feitas pelo
consenso da equipe de projeto, baseado no conhecimento das características dos produtos
concorrentes selecionados e na experiência dos projetistas, numa escala (0-1-3-5), igual ao da
matriz principal.
• Finalmente, o nono campo, serve para preencher os resultados das avaliações e
definir as hierarquias dos requisitos de projeto, sempre baseadas nas avaliações da
matriz principal (com ou sem as avaliações do teto e, com ou sem as avaliações
contidas na matriz secundária).
A hierarquia dos requisitos de projeto é o resultado final das avaliações efetuadas na
Casa da Qualidade e darão elementos fundamentais para a posterior definição das
especificações de projeto.
Como a Casa da Qualidade possibilita a obtenção das quatro hierarquias, cabe à
equipe de projeto decidir uma hierarquia final dos requisitos de projeto.
3.5.2 - Construindo A Casa da Qualidade
Não existe mistério ou dificuldades na construção da Casa da Qualidade, basta apenas
um entendimento das suas convenções.
Para facilitar a explicação, construiu-se uma Casa da Qualidade, passo a passo,
utilizando como produto-exemplo um retroprojetor de transparências. Admite-se a situação
em que o produto já existe no mercado, entretanto deseja-se adequá-lo melhor as necessidades
dos clientes, e consequentemente aumentar as vendas.
3.5.2.1 - Necessidades dos Clientes
A construção da Casa da Qualidade inicia-se com a identificação das Vontades do
Consumidor (VC), ou seja "O QUÊ" o consumidor deseja ou necessita. São as características
funcionais do produto que os consumidores julgam mais relevantes.
Para o exemplo, lista-se algumas possíveis Necessidades do Clientes (NC), tais como:
- Baixo aquecimento do aparelho;
- Baixo nível de ruído;
- Baixo peso;
- Facilidade ao pegar;
- Forma agradável, etc..
As Necessidades do Consumidor (NC) podem ser arranjadas em grupos que
representam um conceito amplo do consumidor, como por exemplo baixo peso, facilidade ao
pegar e pouco aquecimento, formam o conceito Fácil Transporte, conforme mostrado na
figura 3.10.
3.5.2.2 - Requisitos da Qualidade
Agora vai-se transformar as NC's em linguagem de engenharia. Os Requisitos de
Qualidade (RQ) são características técnicas, possíveis de serem mensuráveis através de
alguma tipo de sensor, e que o produto necessita ter para atender as Necessidades do
Consumidor. São os "COMO" para atender os "O QUÊ", ou seja, como atender os desejos do
consumidor.
Conforme mencionado anteriormente, a construção da Casa da Qualidade é feita por
uma equipe multifuncional, formada de pessoas de vários setores da empresa, como
marketing, vendas, projeto, manufatura e outros, que se reúnem, utilizando técnicas como a
análise do ciclo de vida do produto e brainstorming, procuram definir os requisitos de projeto
que levarão qualidade ao produto.
Os valores dos Graus de Relacionamento (gr) dão peso a cada relação, as quais serão
úteis na classificação de importância dos RQ's, conforme será abordado posteriormente.
A figura 3.12 mostra o inter-relacionamento, onde pode-se notar que o RQ
"Temperatura Externa da Carcaça" está fortemente relacionado com a NC "Baixo
Aquecimento", já a NC "Boa Ampliação" não tem nenhuma relação com o RQ "Nível de
Ruído" e assim por diante.
3.5.2.4 - Valor do Consumidor
Será que todas as NC's tem a mesma importância? Nesta etapa traz-se novamente a
voz dos clientes para a etapa de projeto, no sentido de identificar o valor de importância de
cada NC. Neste exemplo, adota-se valores entre 5 e 1 (5 = máx. e 1 = mín.), como mostrado
na coluna Valor do Consumidor (VC), também na figura 5.10.
3.5.2.5 - Análise de Mercado
No lado direito da Casa da Qualidade, oposto à coluna das Necessidades do
Consumidor, são colocados os resultados de avaliações de consumidores (no caso dão notas
de 1 a 5) para o produto-exemplo e dois de seus principais concorrentes, conforme mostrado
na figura 3.13. pode-se, então compará-las, mostrando claramente como está cada
característica funcional do produto (NC) com relação aos competidores, sob a ótica dos
próprios consumidores. É a oportunidade de identificar os pontos fracos e fortes do produto, e
agir para melhorá-los ou conservá-los. Deve-se levar em conta, entretanto, o valor (VC) que o
consumidor atribuiu a cada NC. Pode-se verificar na figura 5.10 que o produto-exemplo
recebeu nota "2" na NC "Fácil Ajuste de Foco", enquanto que o produto do competidor A
recebeu nota "4". Esta é uma NC que deverá receber mais atenção da equipe de trabalho, pois
tem um Valor do Consumidor igual a "3" (lembrando que o valor máximo é 5). Já a NC "Cor
Esta quantificação deve ser feita também para os produtos dos concorrentes,
acompanhadas das devidas unidades, como mostrado na figura 3.14. É importante salientar
que deve-se levar em conta a mensurabilidade quando da escolha dos Requisitos de
Qualidade.
3.5.2.7 - Telhado da Casa da Qualidade
O telhado da Casa da Qualidade é uma matriz que interrelaciona todos os RQ's,
identificando seus graus de dependência. É uma maneira de visualização de como uma
mudança em uma característica do produto influencia em outra. Esta relação pode ser positiva
ou negativa, como por exemplo, a diminuição do peso do retroprojetor tem uma relação
fracamente negativa com o nível de ruído aceitável, pois entende-se que quanto menor a
massa do aparelho, maior a intensidade de seu ruído (ver figura 3.15).
Esta fase termina com a identificação das partes características críticas para a
execução dos RQ's. São estas partes características críticas que são desdobradas e formarão os
"O QUÊS" da CQ III.
A Casa da Qualidade III é uma matriz de planejamento de processo, que relaciona as
partes características críticas do produto na obtenção dos RQ's (O QUÊ), com as operações
chave de manufatura, ou seja, os "COMO" alcançá-los. Representa a transição das operações
de projeto para as de fabricação. Estes documentos incluem informações como: lista de
requisitos de processos e lista dos parâmetros de controle do processo.
A etapa seguinte é a do planejamento da manufatura (CQ IV), onde transfere-se as
informações geradas nas fases subsequentes para o chão de fábrica. Esta matriz relaciona as
operações chave de manufatura com os requisitos de produção. Nesta fase são gerados
documentos de forma a dar instruções de operação, ou seja as listas operacionais que definem
"COMO" o operador deve executar as operações chaves de manufatura. A importância desta
documentação está na definição dos pontos de verificação e controle, informando claramente
ao operador quais são as partes envolvidas, quantas este verificará, que ferramenta utilizará e
como fará a checagem. Em outras palavras, o operador tem uma indicação do que é mais
importante para o consumidor em relação à qualidade do produto.
problema que deu início ao projeto, visando incluir outros elementos de importância que
também formam parte das especificações do projeto, decidindo quais requisitos de projeto
integrarão, finalmente, as especificações.
Devem ser incluídas nas especificações de projeto, aquelas diretivas explícitas
procedentes do problema de projeto e resultantes do estudo de marketing prévio, além de
serem expostos claramente os objetivos, as metas que devem ser atingidas, assim como as
restrições impostas ao projeto ou ao produto.
Por outro lado, para cada requisito de projeto selecionado como especificação de
projeto, devem ser definidos os parâmetros alvos (metas específicas), a forma de avaliá-lo e
os fatores que devem ser evitados na sua implementação, como complemento de cada
requisito de projeto, que o converte em especificação de projeto.
A seguir, a figura 3.18 mostra um documento típico de Especificações de Projeto de
Produto, no qual são ainda estabelecidos elementos sensores, através dos quais pode-se medir
se os objetivos estão ou não sendo atingidos nas diversas fases do desenvolvimento do
projeto. Pode-se também colocar as saídas indesejáveis, que representam o quê, exatamente,
se pretende evitar com a agregação dessa especificação.
Cabe dizer aqui, que um sensor pode ser entendido como um método ou um
instrumento, que pode efetuar a avaliação e declarar suas constatações em números, isto é, em
termos de uma unidade de medida.
Saídas Observações/
Requisito Objetivos Sensor Indesejáveis Restrições
3.7 - REFERÊNCIAS
AKAO, Y.. Quality Function Deployment. Integrating Custumer Requirements into Products
Design. Productivity Press, Cambridge, Massachusetts, Norwalk, Conecticut, 1990.
HAUSER, J. R. and CLAUNSIG, D.. The House of Quality, Harvard Busines Review,
may/jun, 1988.
KING, B.. Better Design in Half the Time, Implementing QFD, Quality Function Deployment
in America, Third edition, Published by Goasl/QPC, 1987-1989.
MASLOW, A. H.. Motivation and Personality. New York; Harper (2a ed.), 1970.
MIRSHAWKA, V. & MIRSHAWKA JR, V.. QFD, a vez do Brasil. Makron Books, 1994.
4.1 - INTRODUÇÃO
4.2 - CRIATIVIDADE
Entende-se aqui por criatividade a habilidade do projetista de ter idéias novas e úteis
para resolver o problema proposto ou sugerir soluções para a concepção de um produto.
Coisas, processos, solução de problemas, idéias criativas devem possuir as seguintes
qualidades: apresentar novidade e ser única; deve ser útil ou apreciada e apresentar
simplicidade.
Quanto ao processo de criação, este pode ser descrito pelas seguintes etapas:
preparação - o ponto de partida é a formulação do problema e busca de informações
ou de habilidades;
esforço concentrado - para encontrar uma solução requer-se um trabalho árduo;
afastamento - como foi dito na etapa anterior é necessário um esforço concentrado,
mas às vezes tem-se dificuldade de obter uma solução, talvez porque o problema é sempre
enfocado sob a mesma ótica, então é conveniente um afastamento temporário;
Cap. 4 – Síntese de Soluções Alternativas: Criatividade 4-2
visão - após um período de afastamento, mesmo que seja pequeno e que pode ser
ocupado com outra atividade, quando se volta ao problema é provável que o mesmo seja visto
sob outro ângulo ou enfoque. Este procedimento de afastamento e visão pode não ser tão
linear, mas repetido até encontrar-se uma solução. Antes de cada passo de visão é necessário
uma análise e organização dos resultados já alcançados e
revisão - uma vez encontrada a solução deve-se procurar uma generalização e
finalmente uma avaliação.
Para ser criativo o indivíduo, além de conhecer o processo de criação e métodos ou
procedimentos, deve ter motivação e uma mente aberta ou em outros termos eliminar o que
geralmente são chamadas de barreiras da criatividade. (Comella, 1975, Sandor, 1974 e Dick,
1985). Dentre estas barreiras pode-se citar as seguintes:
definição incorreta do problema - como primeiro fator para a obtenção de uma
solução inovadora e útil, é um problema definido de forma clara e precisa, sem indicar ou
induzir uma solução e excluir possíveis alternativas. É interessante lembrar o dito, que um
problema bem formulado é um problema parcialmente resolvido;
hábitos - sob este termo considera-se os conhecimentos, métodos e técnicas que o
indivíduo utiliza para resolver o problema. Os problemas, as condições e os tempos mudam
muito, assim os hábitos devem ser avaliados para verificar se são os mais apropriados, se
novos devem ser buscados e se não é conveniente adotar diferentes hábitos para resolver um
mesmo problema;
fixação funcional - é muito comum entender-se que um produto, solução ou método,
uma vez concebido para uma determinada função, não possa ter outros usos ou funções. As
vezes, pequenas modificações de um produto pode atender funções bem diversas da original
para a qual foi concebida;
super-especialização - um projetista muito especializado chega, geralmente, rápido
demais a uma solução, mas tão somente do seu campo de especialização, sem considerar as
contribuições que poderiam ser obtidas de outras áreas de conhecimento para o mesmo
problema. Para conceber novas e alternativas soluções é necessário uma visão ampla dos
potenciais dos vários campos do conhecimento. Como exemplo um engenheiro mecânico
poderia adotar um mecanismo de atrito para um redutor com variação contínua de velocidade,
sem considerar potenciais de sistemas hidráulicos ou eletro-eletrônicos;
tendência em favor de tecnologias avançadas - claro que ninguém deve ser contra
tecnologias avançadas, mas é muito freqüente observar que profissionais das áreas técnicas
procuram adotar soluções que requerem avançadas e complexas matemáticas e tecnologias.
Isto decorre da noção falsa de que o uso destas ferramentas certifica a competência do
indivíduo e sua atualização. Este comportamento pode eliminar muitas idéias boas intuitivas
e experimentais;
mentalidade prática - em geral as pessoas têm a tendência de descer aos fatos tão
logo um problema seja exposto, mesmo antes de ter entendido o problema, querendo assim
mostrar resultados práticos com cálculos, resultados e desenhos. Não é perder tempo, mas
vaguear imaginativamente ao redor do problema poderá, às vezes, ser altamente frutífero.
Uma solução não deve ser escolhida e particularizada muito cedo, isto porque esta antecipada
definição poderá impedir que uma visão ampla do problema e alternativas sejam liberadas;
dependência excessiva de outros - indivíduos podem tornar-se impressionados em
demasia pelo conhecimento e julgamento de outros, ou estarem submetidos a excessos de
autoridade e falham em exercitar sua própria criatividade;
medo da crítica - semelhante ao caso anterior, a apreensão de desaprovação e
possíveis críticas podem fazer com que pessoas não propõem idéias por não serem ordinárias.
Idéias originais e inovadoras são, com freqüência, mais sujeitas a críticas, mesmo que mais
tarde se provem altamente valiosas. É necessário que a autoridade ou equipe de trabalho deixe
todos bem a vontade para sugerir as idéias, mesmo que de início possam parecer estranhas no
problema;
recusa de sugestão não especialista - idéias originais e úteis não vêm
necessariamente de pessoas especializadas, com freqüência sugestões valiosas partem de
pessoas, as mais simples, dentro de uma organização;
julgamento prematuro - idéias devem fluir livremente, julgar cada idéia tão logo ela
é concebida interrompe o fluxo das mesmas. A avaliação deve ser efetuada no final do
trabalho de concepção e, geralmente, é realizada com melhores resultados por especialistas
que podem não fazer parte do trabalho inicial e
motivação em excesso - motivação sempre deve existir para ser criativo, mas não em
excesso. Quando um problema é proposto uma solução tem que ser encontrada mesmo que
não seja perfeita ou ideal. Fixar objetivos difíceis de serem alcançados, podem ofuscar a
visão, estreitar o campo de observação e reduzir a eficácia na solução do problema.
Uma vez identificado o processo de geração de solução e possíveis formas de
desbloquear a criatividade, no próximo item serão apresentados métodos ou procedimentos
que auxiliam na geração de soluções.
Como já foi dito, características pessoais são importantes para ser criativo, mas não é
só isto, é necessário também o conhecimento de técnicas e muito treinamento nas mesmas.
Mas não se pode esperar que todo indivíduo venha se tornar eficiente numa atividade somente
com o conhecimento dos métodos e com treinamento. Tomando por exemplo o Pelé, sabe-se
que ele chegou ao nível de qualidade como jogador de futebol, conhecendo a técnica e muito
treinamento, mas também especiais características físicas e mentais ajudaram no seu destaque
mundial. Conhecendo a técnica, com conhecimento e com características normais ponder-se-
ia esperar que todo jovem, ao menos, viesse ao nível de competições regionais. Do mesmo
modo qualquer indivíduo normal, com conhecimento de alguns métodos, a seguir expostos e
com treinamento poderá ser criativo. Entre os métodos descritos neste capítulo, far-se-á uma
distinção: os chamados intuitivos e os sistemáticos.
4.3.1.1 - BRAINSTORMING
Como viu-se neste exemplo, houve liberdade total de sugestões, para alcançar este
resultado, não deve ter demorado mais que 30 minutos e se as mesmas forem analisadas,
várias têm potencial ou poderão ser combinadas para a solução prática do problema proposto.
O método de brainstorming recebeu, ao longo dos anos várias sugestões de
modificações. Assim como mostra Holt (1995), a forma descrita é chamada de brainstorming
clássico, vindo em seguida o brainstorming escrito e o brainstorming assistido por
computador.
O brainstorming escrito ou também chamado método 635 consiste no seguinte:
- uma equipe de 6 (seis) reunidos se familiarizam com o problema a resolver;
- cada um dos membros da equipe escreve numa folha 3 (três) sugestões de solução;
- em seguida cada um passa sua folha para o membro seguinte, que após a leitura
deverá acrescentar 3 (três) sugestões novas ou melhoramentos e desenvolvimento das
anteriores e
- o último passo é executado até que cada folha com as 3 (três) sugestões iniciais,
tenha passado pelos outros 5 (cinco) membros da equipe.
A figura 4.1 mostra o resultado que poderia constar numa das seis folhas de uma
reunião de trabalho tendo por objetivo, obter soluções para o aproveitamento de sobras de
couro de tamanho 40 x 40 cm Bonsiepe et al. (1984). Se todos os seis membros fossem bem
criativos ter-se-ia no final 108 sugestões.
Como última versão do brainstorming tem-se o chamado brainstorming eletrônico
onde o trabalho de obtenção das soluções do problema é feito via Internet, tendo então a
vantagem de que a comunicação pode ser no tempo e espaço onde os participantes estiverem.
liberdade); propulsão e direção de veículos aquáticos e a medusa que se desloca por meio da
propulsão a jatos de água; estruturas diversas otimizadas semelhantes a de ossos, plantas,
favos de mel e teias de aranha; sensores diversos análogos encontrados nos animais.
Quanto ao conhecimento necessário da literatura ninguém discute, mas é importante
salientar que não se pode esquecer do passado para melhorar o futuro, pois as vezes aparecem
idéias ditas como novas e que já foram pensadas e esquematizadas por Leonardo da Vinci.
Da ficção científica muitas soluções hoje são realidade.
Fig. 4.1 - Exemplo de uma folha de resultados do método 635 aplicado no problema de
aproveitamento de sobras de couro, Bonsiepe et al. (1984).
A analogia simbólica ou também conhecida sob o nome de palavra chave, não é nada
mais do que a procura por um verbo, declaração ou definição condensada do problema. Em
seguida deve-se substituir a palavra ou declaração, por sinônimos ou alternativas de
declarações que tenham alguma relação com a original. Este procedimento permite ver o
problema com outros pontos de vista e disparam novas soluções ou aplicações. Ramos (1993)
e Raudsepp (1969). Para ilustrar considera-se um exemplo em que a palavra ou declaração
condensada, para resolver o problema ou uma parte do problema, é cortar então como se
mostra em seguida procura-se por palavras com alguma relação com a anterior.
Cortar
Este termo foi adotado para traduzir do inglês "synectics", cujo método está descrito
em maiores detalhes em Raudsepp (1969). Conforme o nosso dicionário, sinergia é um ato ou
esforço coordenado de vários órgãos na realização de uma função, uma associação de vários
fatores que contribuem para uma ação coordenada ou uma ação simultânea.
Como mostra Raudsepp (1969) o método proposto baseou-se no registro e estudo de
procedimentos e mecanismos adotados por grupos de trabalho que se têm mostrado criativos.
O que se constatou é que as pessoas mais criativas costumavam usar as analogias descritas
nos itens anteriores. Então o método proposto nada mais é do que o uso coordenado das
analogias para a solução dos problemas, como descrito a seguir:
1º Passo: Formular o problema. Como em qualquer caso, também no método
sinérgico há o reconhecimento de que a formulação do problema influencia,
significativamente, a forma na qual o problema é abordado. Com a formulação concluída tem-
se declarações do problema como é dado, PCED.
2º Passo: Análise do problema. Na seqüência o problema deve ser entendido, para isto
tem-se uma fase de análise, na qual o grupo de trabalho é levado a decidir qual aspecto ou
declaração que irá encarar e como decompor o problema. Como transformar um problema
desconhecido ou estranho, num problema conhecido ou familiar, tem-se então um problema
como é entendido, PCEE. Este estágio analítico do PCED ao PCEE tem como propósitos
principais, tornar um problema estranho num familiar, àqueles participantes do grupo que não
estão familiarizados com o problema e fundamentos, é usado para levantar e eliminar aquelas
soluções imediatas que, inevitavelmente, ocorrem aos membros do grupo mas que raramente
provam ser adequadas e, serve para identificar o ponto de partida no qual o grupo irá se
concentrar. O PCED é freqüentemente re-declarado, é comum o grupo descobrir que o centro
do problema é outro e não aquele do primeiro PCED.
3º Passo: Aplicação das analogias. No método sinergético, o pensamento oscila de um
modo ordenado entre análise e analogia, entre a transformação do estranho em familiar e do
familiar em estranho. Transformar o familiar em estranho se consegue com as analogias,
através das quais o grupo distorce deliberadamente a imagem do problema, isto para ter um
novo enfoque ou novo ponto de vista. O caminho analógico ou a analogia a ser adotada deve
ser decisão do coordenador do grupo, que lança uma questão educativa, QE. Como já foi dito
a QE deve ser tal que distorce o problema ou que permite um novo ponto de vista. Se for para
obter um princípio de solução mecânica ela iria escolher um princípio ou método biológico.
Exemplificando questões evocativas: se no problema técnico uma peça ou parte, deve mudar
de cor, quando exposta a determinadas condições, o que na natureza muda de cor; se é um
problema de orientação, como seres vivos se orientam e se for um caso de propulsão, como os
peixes e outros animais se propulsionam. Já foi visto, a analogia direta não é somente com a
natureza, mas com outras tecnologias, áreas de conhecimento, a literatura e ficção. Sendo
novamente um problema de engenharia mecânica, a questão evocativa poderia ser, como se
resolve isto na engenharia civil, elétrica, química ou na medicina. Da mesma forma as
questões evocativas podem ser dentro da analogia simbólica ou analogia pessoal. Um bom
coordenador logo descobre em qual analogia um membro ou o grupo tem maior facilidade.
4º Passo: Desenvolvimento da analogia. Uma vez identificada uma solução analogia
promissora, esta deve ser desenvolvida para entender sua implicações.
5º Passo: Aplicação da solução analógica. Neste passo a solução analógica deve ser
aplicada ou confrontada ao PCEE e em seguida ao PCED para verificar se uma nova solução
foi encontrada e se atende ao problema como é entendido e ao problema como é dado. Este
passo também pode revelar um novo entendimento do problema ou um novo PCEE.
6º Passo: Avaliação da solução analógica. Se a solução atende ao PCEE e ao PCED,
esta deverá ser desenvolvida tão longe quanto possível e necessário e, então, avaliada.
7º Passo: Busca de soluções alternativas. Para a busca de soluções alternativas tem-se
como possibilidades: encontrar outras soluções para a mesma questão evocativa e repetir os
passos 4º ao 6º; lançar nova questão evocativa dentro do mesmo tipo de analogia ou variar o
tipo de analogia, repetindo os passos do 3º ao 6º e, se no passo 5º se revelar um novo PCEE,
os passos 3º ao 6º também devem ser repetidos.
elétrico com embreagem limitadora de torque nas parafusadoras industriais. Quanto a ponta
chata, tem-se as variações de pontas para fendas simples, em cruz, Phillips e Allen.
Como pode-se observar ao descrever os atributos de um produto, isto pode ativar um
pensamento criativo, surgindo idéias alternativas de como fazer, outros usos ou como
melhorar a idéia existente.
Conforme a referência [4.4], este método desenvolvido, também por Alex Osborn,
utiliza uma série de palavras chave para ativar ou estimular idéias para melhorar produtos ou
processos. As palavras chave com as respectivas questões típicas a serem formuladas estão
mostradas a seguir:
adaptar: o que mais é igual a isto?; que outra idéia isto sugere?; o passado oferece
qualquer paralelo?; o que pode-se copiar ou imitar?
modificar: há uma nova tendência?; pode-se modificar o significado, cor, movimento,
som, odor, forma?
ampliar: pode-se adicionar tempo?; maior freqüência, maior resistência, maior altura,
maior valor?; pode-se duplicar, multiplicar ou exagerar?
minimizar: pode-se subtrair, condensar, diminuir, encurtar, reduzir peso, omitir,
dividir?
substituir: quem ou o que pode-se substituir?; existem outros apropriados
ingredientes, materiais, processos, aproximações?
re-arranjar: pode-se intercambiar componentes?; pode-se usar outra configuração
leiaute ou seqüência?; pode-se modificar o modo ou esquema?
inverter: pode-se trocar o positivo e negativo?; trocar a frente e atrás, de cima e de
baixo?
combinar: pode-se usar uma mistura, uma liga , uma montagem?; pode-se combinar
unidades e idéias?
Ao examinar a literatura sobre criatividade, encontra-se muitos outros ditos métodos,
como por exemplo: método de Delphi; do zero defeito; de relações forçadas, etc., mas muito
semelhantes aos aqui enquadrados como métodos intuitivos. Não cabe discutir qual é o
melhor, mas conhecer e tentar diferentes métodos, se um ou outro não chega a resultados
satisfatórios.
Com já foi observado nos métodos anteriores, soluções criativas são, às vezes,
encontradas ao formar novas combinações de funções, objetos, processos ou idéias já
existentes. Assim o método morfológico consiste numa pesquisa sistemática de diferentes
combinações de elementos ou parâmetros, com o objetivo de encontrar uma nova solução
para o problema. A descrição do método é mais fácil através de um exemplo prático da
referência Resin (1989), que consistiu no desenvolvimento da concepção de uma
desoperculadora de favos de mel. Dentro do processamento do mel a primeira operação a ser
realizada é a desoperculação, que consiste na retirada de uma fina camada de cera, o opérculo,
que tampa os alvéolos do favo construído pelas abelhas num quadro típico mostrado na fig.
4.2. Uma vez retirado esta camada de ambos os lados, os quadros são colocados numa
centrífuga para a extração do mel. A prática mais freqüente da desoperculação é efetuada com
uma ferramenta manual, um garfo como o mostrado na figura 4.2, que leva, em torno de 3
minutos. Após a formulação do problema, obteve-se um conjunto completo de especificações
de projeto de uma máquina (Resin, 1989), que de forma resumida deverá ter as seguintes
características principais: ser estacionária com acionamento elétrico; permitir desopercular
simultaneamente os dois lados do favo; facilitar a regulagem da espessura de trabalho; ser
apropriada a um padrão de quadro, mas admitindo tolerância de dimensões; a alimentação e
retirada do quadro da máquina bem como o comando seja manual e que o tempo de trabalho
por quadro não ultrapassasse 10 segundos.
Para o desenvolvimento de concepções alternativas foi então adotado o método da
matriz morfológica que consiste nos seguintes passos:
1o Passo: Determinação da seqüência de funções do processo. Examinando o processo
de desoperculação, a seqüência de funções ou operações, são a alimentação do quadro na
máquina, transporte do quadro até um dispositivo de retirada da camada de cera, a
desoperculação, o controle da desoperculação e a retirada do quadro e da cera da máquina.
Estas funções mais gerais podem sofrer desdobramentos quanto a forma em que são feitas,
que tipos de dispositivos ou princípios poderão ser utilizados.
Fig. 4.2 - a) Quadro padrão. b) Favo. c) Ferramenta manual de desoperculação. (Resin, 1989)
5º Passo: Avaliação e seleção das concepções. Muitas das combinações podem ser
eliminadas de imediato por não serem compatíveis ou viáveis. Mas as viáveis devem ser
submetidas a um processo mais criterioso de avaliação e valorização para, então, obter a
melhor concepção, cujo procedimento será descrito em capítulo posterior.
Este método tem suas origens desde 1947, quando Lawrence D. Miles, engenheiro do
setor de desenvolvimento do produto da General Electric dos Estados Unidos da América,
publicou trabalho desenvolvendo uma metodologia que auxiliava as empresas a reduzir custos
e chamou ao método de "value analysis". Em 1954 este método também recebeu o nome de
"value engineering" e no Brasil este método é conhecido como o método da engenharia do
valor ou análise do valor. Ao longo dos tempos este método foi largamente divulgado e
utilizado pelas indústrias, suas formas ou versões são diversas, seus usos são tanto para
analisar atividades, serviços ou produtos, visando a melhora do valor ou a redução de seus
custos.
No presente texto como tem-se por objetivo o desenvolvimento do projeto, a forma ou
enfoque dado é que o método tem por objetivo melhorar o produto e o critério para julgar o
melhoramento é o custo, mas o valor ou qualidade do mesmo não deve ser reduzido. Quando
se fala em melhorar o custo do produto, este deve ser analisado como um todo do processo de
produção ou como já foi citado em capítulos anteriores, deve-se considerar todas as fases do
ciclo de vida do produto, desde a concepção até o seu descarte. Como será aqui exposto a
análise do valor é entendida como uma revisão completa do projeto do produto, visando
introduzir modificações, traduzidas através de novos princípios de solução, tecnologias,
materiais, processos de fabricação, formas de distribuição, de operação e de manutenção do
produto. Se assim considerado, é evidente que a análise de valor promoverá uma melhora da
qualidade ou aumenta o valor agregado, razão porque também é chamado de engenharia do
valor.
O método visto sob esta ótica é desenvolvido em etapas bem definidas como descritos
a seguir:
preciso também, perguntar o quão próximo a parte padrão coincide com os requisitos da peça
especial ou se esta faz algo especial que a peça padrão não faz.
Estas mesmas perguntas deverão ser levantadas para processos. Muitas firmas
mandam partes incompletas para serem processadas por firmas especializadas. Não poderiam
estas operações especiais serem substituídas por operações padrão dentro da própria firma, ou
alternativamente, não haveria suficiente demanda para justificar a aquisição de equipamento e
mão-de-obra para efetuar estas operações?
Questão 5: Pode ser usado um material normalizado?
Mais e mais materiais estão sendo disponíveis ao projetista e fabricante: metais,
plásticos, madeiras e derivados, cerâmica, filmes e fibras, materiais trançados, materiais
compostos e, ainda, de todos os acabamentos. O problema da escolha do material está se
tornando cada vez mais difícil e complexo. O projetista quer escolher o material adequado
para cada parte. A pessoa responsável pelos estoques quer simplificar seu estoque, reduzir os
custos e evitar erros. Quanto menor é a gama de materiais no estoque, mais fácil é o controle e
administração.
Alguns materiais requerem condições especiais de armazenamento, tais como
controle de temperatura e umidade. Assim, controlando a variedade de materiais é possível
restringir o número necessário de espaços para o armazenamento. Materiais normalizados
serão usados em maiores quantidades, os preços serão reduzidos, a inspeção no recebimento
torna-se mais eficiente e menos dispendiosa. Finalmente, com menos materiais a escolher, a
possibilidade de suprir a produção com o material errado é menor.
A solução é insistir, o quanto possível, no uso de materiais padrões. Isto não impede
que o projetista e seus colegas de pesquisa e desenvolvimento continuem a pesquisar as
propriedades de novos materiais; a usar materiais não padrões em partes que apresentem
condições especiais de trabalho, nem que materiais novos venham tornar-se materiais
padrões.
Questão 6: Pode ser usado material mais barato?
Até certo ponto esta pergunta é uma variante da anterior. Quem escolhe o material é o
projetista e sua escolha depende de quais as oportunidades que ele tem de explorar
conhecimentos disponíveis. Ao longo do desenvolvimento do projeto, são coletadas
informações sobre os materiais passíveis de serem escolhidos. Nesta coleta de dados, são
gastos tempo e dinheiro; o projetista não tem tempo suficiente para explorar todas as
possibilidades, e muitas vezes não é possível prever precisamente a quais condições que os
materiais do produto serão submetidos em uso.
Assim, o projetista as vezes se encontra diante de um conjunto de incertezas, cujo grau
depende das circunstâncias. No caso da ausência de conhecimentos completos, o projetista
tentará jogar seguro, muitas vezes especificando materiais mais caros do que são realmente
necessários.
Aqui verifica-se uma grande virtude da análise do valor, pois quando o produto é
reexaminado, haverá uma massa de informações sobre o comportamento do material em uso.
Estas informações são derivadas dos registros de serviço do consumidor, que permitem
reconsiderar a escolha do material por parte do projetista.
Outro ponto a ser observado é que no intervalo entre o projeto e a análise do valor,
novos materiais podem ter sido desenvolvidos.
Os custos de materiais são normalmente cotados por peso, mas a comparação por
unidade de peso é irrelevante; o que deve ser comparado é o custo por unidade de
desempenho funcional ou por unidade de valor. Por exemplo, para materiais isolantes
considera-se o custo por unidade de resistência, e para condutores tem-se o custo por unidade
de condutância.
Questão 7: Pode-se usar menos material?
Por que usar dois quilogramas quando um quilograma já satisfaz o consumidor?
Freqüentemente a redução de peso é uma vantagem em si própria. Por exemplo, o
Erros na produção precisam ser detectados, produtos defeituosos não devem chegar
aos consumidores, sistemas de inspeção precisam ser organizados e implantados para rejeitar
o que não é adequado. Além dos custos da inspeção, as peças rejeitadas representam também
custos sem o prêmio da satisfação do consumidor. Assim, sistemas de controle de qualidade
foram desenvolvidos para detectar tendências a erros, de tal forma que ações corretivas
possam ser tomadas antes que refugos sejam produzidos.
Acredita-se que ações preventivas possam ser tomadas ainda mais cedo, na fase do
projeto, ou na análise do valor, ao projetar componentes de tal forma que seja difícil fabricá-
los erradamente e que seja impossível errar na montagem. Tais projetos reduzem a fadiga do
operador e as montagens são auto-inspecionáveis.
Para reduzir os custos pela minimização de riscos de erro, é necessário conhecer
quanto dinheiro está sendo perdido com erros. Informações precisas sobre refugos deverão ser
conhecidas pela equipe. Relatórios sobre refugos de peças serão estudados com cuidado,
tendo por objetivo descobrir formas de prevenir refugos através de mudanças no projeto, no
método ou pela aplicação do controle de qualidade.
Questão 14: Pode qualquer outra coisa ser feita para reduzir os custos sem prejudicar
o valor do produto?
Esta é uma pergunta vaga quando comparada com as anteriores. Uma pergunta deste
tipo é apresentada por não se acreditar que haja uma rotina predeterminada para desenvolver
um pensamento criativo, parcialmente para relembrar que esta é um exemplo de lista de
perguntas e para encorajar cada equipe a preparar a sua própria lista de perguntas evocativas.
Esta viabilização técnica pode requerer uma análise mais profunda do problema por
especialistas fora da equipe de análise do valor ou mesmo implementação prática com testes e
ensaios.
Para viabilizar economicamente a solução alternativa devem ser estabelecidos e
avaliados critérios tais como: previsão de custos da alternativa; previsão dos investimentos
necessários; amortização; retorno sobre o investimento; economia anual; economia por
unidade produzida; etc.
Efetuada a análise técnica e econômica das alternativas cabe o passo de selecionar a
melhor solução ou classificá-las usando uma forma descrita mais adiante no capítulo de
metodologia de seleção da concepção.
Genrich Altshuler nasceu em 1926 na ex União Soviética e serviu a marinha nos anos
de 1940 como consultor para apoiar inventores no processo de patenteamento de invenções. É
considerado o criador da teoria de solução inventiva de problemas, genéricamente conhecida
por TRIZ, originada dos termos russos, Teorija Rezhenija Izobretatel’skisch Zadach. Este
trabalho, iniciado em 1946, levou Altshuler a pesquisar métodos de solução de problemas e
identificou que os métodos intuitivos disponíveis, não satisfaziam as exigências de invenções
da segunda metade do século 20. Entendeu que uma teoria de invenção deveria atender as
seguintes condições:
- ser um procedimento sistemático, passo-a passo;
- guiar através de um amplo espaço de soluções e orientar para a solução ideal;
- ser repetitível e confiável e não depender de métodos intuitivos;
- acessar o corpo de conhecimento inventivo;
- adicionar ao campo de conhecimento inventivo; e
- ser familiar, o sufiiciente, aos inventores para seguirem uma maneira geral de solução de
problemas.
Procurou, então, através de um levantamento em um elevado número de patentes, um
modo de solucionar problemas de soluções que realmente eram consideradas invenções.
Nestas reais invenções indentificou dois aspectos ou padrões comuns.
No primeiro padrão, definiu como um problema inventivo aquele em que, a solução do
problema faz surgir novos problemas. Como exemplo, aumentar a capacidade de carga de
uma peça para atender o problema em questão, faz aumentar o peso desta peça que, em geral,
diminui o desempenho da máquina. Neste caso, uma solução, seria fazer uma análise dos
parâmetros e adotar uma solução de compromisso, não aumentar tanto a capacidade de carga
da peça de modo a não reduzir excessivamente o desempenho da máquina ou então melhorar
a característica do material empregado e, assim, aumentar o custo. Nenhuma destas duas
soluções seria inventiva ou a ideal. Uma solução inventiva é uma que, mesmo, aumentando a
capacidade de carga da peça, não aumenta o peso ou o custo da peça. A capacidade de carga
da peça, o seu peso, custo e o desempenho da máquina são parâmteros deste problema e, em
geral, chamados por Altshuler, de parâmetros de engenharia. A capacidade de carga e o peso
da peça, como visto no exemplo, são parâmteros conflitantes. Então como definido, soluções
são inventivas quando são resolvidos problemas com parâmetros conflitantes ou
contraditórios, com o objetivo de obter considerável avanço na solução. Quanto aos
parâmetros de engenharia constatou que, nas patentes pesquisadas, as soluções apresentavam
modificações ou melhoramentos em conjuntos típicos de parâmtros, dentre os 39 parâmetros
da Tabela 4.1. Estes parâmetros de engenharia correspondem à generalização das grandezas
envolvidas em problemas técnicos de diferentes áreas.
Com base nestas constações Altshuler, apud Mazur (1995), classificou as soluções
encontradas nas patentes pesquisadas, em cinco níveis, como segue abaixo:
• Primeiro nível – Problemas de projeto rotineiros, resolvidos por métodos bem
conhecidos dentro de sua especialidade, sem necessidade de invenção. Das patentes
pesquisadas, 32% das soluções foram enquadradas neste nível.
• Passo I. Analisar o sistema sob estudo e listar todos os recursos observados. Os recursos
aqui considerados têm um conceito bem amplo, podem ser itens físicos ou qualquer coisa,
que pode desempenhar alguma função ou ser útil no sistema ou no seu entorno. Estes
recursos podem ser classificados como os correntes, os opcionais e os de fantasia. Os
correntes são os inerentes ao sistema, os opcionais podem ser trazidos ao sistema e os
fantasiosos são os imaginados, como fazendo parte do sistema, mas ainda de uma forma
um tanto remota.
• Passo II. Identificar e listar todos os parâmetros, características, atributos, ou princípios,
de cada um dos recursos listados no passo I que poderão ser modificados ou que se
pretende modificar, para melhorar o sistema. Estes parâmetros podem ser: forma;
temperatura; velocidade; resistência; freqüência; durabilidade; confiabilidade; potência;
lealdade do consumidor; imagem da marca; lucro; participação no mercado; tamanho da
embalagem; cor; princípio físico; índice de inovação; entre outros. Isto é, se identificam
os parâmetros de engenharia, como por exemplo, dentre os listados na Tabela 4.1. Para
simplificar a visulização e facilitar a identificação dos parâmetros dos recursos, é
conveniente colocar, numa matriz, nas linhas os recursos e nas colunas o parâmetros
correspondentes, como mostra figura 4.11.
conforme a
Parâmetros
engenharia
tabela 6.2
lista da
de
Recursos do sistema:
correntes, opcionais e
fantasiosos
• Passo III. Avaliar os benefícios advindos das mudanças ou variações de cada um destes
parâmetros, ou seja efetuar uma análise de sensibilidade dos parâmetros. Verificar, como
as mudanças nos parâmetros melhoram ou pioram o desempenho do sistema, se a
mudança do parâmetro numa direção traz benefícios ou prejuízos. Havendo muitos
recursos e parâmetros, a análise destes efeitos pode tornar-se longa. Assim, deve-se pensar
em benefícios primários, aqueles que já levam a uma solução melhor ou mais próxima de
uma solução ideal. Como de observa, neste passo, procura-se pelos parâmetros ou
características que se deseja melhorar e pelos resultados indesejados. Para simplificar a
identificação e o registro destes parâmetros, coloca-se nas linhas de uma matriz, as
......................................
objeto em movimento
indesejados: conflitos
37- Complexidade de
5-Área do objeto em
6-Área do objeto em
1-Peso do objeto.em
2-Peso do objeto em
3-Comprimento do
4-Comprimento do
objeto em repouso
39- Produtividade
Caraterísticas
38- Nível de
....................
movimento
movimento
Resultados
automação
a serem
controle
repouso
repouso
melhoradas
4.5 - CONCLUSÕES
No presente capítulo procurou-se dar uma visão geral do que é criatividade e de alguns
métodos tradicionalmente utilizados para a geração de soluções.
Como foi visto alguns métodos são apropriados para a busca de novas soluções e
outros para melhoramentos de produtos existentes, especialmente o método de análise do
valor. O importante a destacar é que todos os métodos induzem o indivíduo ou grupo de
trabalho a gerar uma quantidade de idéias e alternativas, o que sempre deve ser o objetivo
inicial. Com várias alternativas existe maior probabilidade de surgir uma boa ou inovadora
solução ou, ao menos, leva à tarefa ou exercício de selecionar ou comparar soluções, que é
um benefício.
Dizer qual é o método melhor é difícil, isto depende do grupo, com qual se adapta
melhor e também do problema a resolver. O que se recomenda é conhecer e treinar os
diferentes métodos e, quando através de um deles está difícil encontrar a solução, usar outros
métodos. Cada método enfoca o problema de forma diferente.
COMELLA, T. M.. How to Manage Creativity Without Killing it. Machine Design. March 6,
1975, pp. 68-72.
CORYELL, A. E.. The Design Process: 12 steps that turn ideas into hardware. Machine
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DIXON, J. R.. Design Engineering: Inventivness Analysis and Decision Making. McGrw-
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M. DICK.. Creative Problem-Solving For Engineers, Machine Design, Frebruary 7, 1985, pp.
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OTTO, K. N., WOOD, K. L. Product design: techniques in reverse engineering and new
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RAUDSEPP, E.. Forcing Ideas with Synnectics: a creative approach to problem solving.
Machine design, October 16, 1969, pp. 134-139.
RAUDSEPP, E.. Stimulating Creative Thinking. Machine Design, June 9, 1983, pp.75-78.
5.1 - INTRODUÇÃO
No bloco central da fig. 5.1 tem-se a declaração de função do sistema numa forma
condensada e abstrata, sem qualquer indicação da forma de resolver o problema. Como
exemplo, esta declaração abstrata pode ser a sentença seguinte: medir continuamente a
quantidade de líquido em um reservatório de tamanho e forma não especificado e indicar as
medições à distância. Este mesmo problema poderia ser declarado de modo mais condensado
ainda, um verbo e um substantivo, assim como: medir e indicar a quantidade de líquido.
O passo seguinte da formulação do problema é a definição das interfaces do sistema,
destacando as seguintes: 1 - interfaces com sistemas técnicos periféricos; 2 - interface com o
usuário e 3 - interface com o meio ambiente.
Quase sempre um sistema técnico, a ser desenvolvido, faz parte de outros sistemas
técnicos então, as entradas e saídas necessárias destes sistemas técnicos, definem as interfaces
do tipo 1 do sistema em estudo.
A interface 2 foi destacada devido a sua importância e para que não seja esquecida
pelo projetista desde o início. Trata-se do controle que o usuário quer ter sobre o sistema,
comandos, informações de entrada e saída para atuação e identificação do estado de operação
e manutenção.
Por último tem-se destacado a interface tipo 3, onde o projetista identifica quais são as
possíveis influências do meio ambiente. Neste caso busca-se um projeto robusto e
ecologicamente adequado.
Tem-se agora o problema formulado através da função global e no seu contorno as
restrições de solução e todas as entradas e saídas.
Examinando o bloco central da fig. 5.1, repetido na fig. 5.2, precisa-se se preocupar
com a solução do problema, limitado pelas interfaces, isto é, buscar a função global que
transforma as entradas nas saídas. Qualquer função que atende as condições de restrições ou
de interfaces é uma solução alternativa para o problema.
examinar os sistemas técnicos em geral, as ações ou funções podem ser descritas com poucos
verbos técnicos. No próximo item este aspecto será estudado em mais detalhes, quando serão
apresentadas sugestões de normalização e representação de funções típicas de sistemas
técnicos.
6- No desdobramento sucessivo da função global esquematizada na fig. 5.3, deve-se
considerar os seguintes aspectos. Em cada nível de complexidade da seqüência de
desdobramento, verificar se não existem princípios de solução ou módulos já usados em
outros sistemas, que podem ser adaptados ou empregados para uma dada função parcial. Por
exemplo, se para a função parcial FP21 da fig. 5.3, já existe um subsistema que pode ser
adaptado ou usado diretamente, então não há necessidade de continuar com o desdobramento
desta função. Por análise ou analogia de sistemas conhecidos é possível: derivar variantes
adicionais da estrutura funcional total ou parcial; dividir ou combinar sub-funções; variar o
arranjo destas funções e variar as ligações, em paralelo, em série ou em ponte.
7- Como já foi observado existe a possibilidade de obter diversas estruturas
funcionais alternativas, ao menos parcialmente. Cada uma destas estruturas é uma potencial
concepção alternativa do sistema em desenvolvimento, deve-se então compará-las com as
especificações de projeto, selecionar e otimizar a melhor estrutura. Este aspecto será discutido
em item posterior.
Para tornar mais claro este procedimento, a seguir serão apresentados alguns exemplos
práticos simples.
O caso da fig. 5.4 foi adaptado de um exemplo mostrado na referência [5-5] e que
consiste no desenvolvimento de estruturas funcionais de um sistema de alimentação de peças,
tipo tampas, numa determinada posição, a partir de um recipiente onde as tampas são
depositadas de forma intermitente e em posição aleatória. Como mostra a fig. 5.4, a função
global foi decomposta, inicialmente em três funções parciais e, para simplicidade, somente a
terceira função foi novamente decomposta e, desta vez, em três formas alternativas.
Como pode-se observar neste exemplo, ainda mais se as demais funções do segundo
nível fossem decompostas, também com alternativas, rapidamente poder-se-ia chegar a várias
estruturas funcionais para o problema, sem preocupações com tecnologias ou princípios de
solução física.
Um segundo exemplo de elaboração da estrutura funcional, trata da medição e
indicação, continuamente, da quantidade de fluido em um reservatório de tamanho e forma
não especificados, que pode ser usado em diferentes tipos e tamanhos de tanques [ 5-2].
Na fig. 5.5 tem-se na primeira coluna indicado um resumo da sucessiva formulação do
problema e, na terceira, o estágio de desdobramento da estrutura funcional. Acompanhando os
vários estágios de desenvolvimento da estrutura funcional tem-se:
1o Estágio. É indicada a função global de medir e indicar a quantidade de líquido num
reservatório, tendo então como entrada e saída uma informação ou sinal.
2o Estágio. A função global pode ser decomposta numa função parcial de receber um
sinal, este deve ser transmitido até um dispositivo que tem a função de indicar o sinal.
3o Estágio. Para transmitir e indicar o sinal deve haver a necessidade de mudar o tipo
de sinal, pôr exemplo, um sinal mecânico num elétrico, tem-se então a função de transformar
o sinal.
4o Estágio. Como o instrumento deve ser usado para medir a quantidade de líquido em
reservatórios de diferentes tamanhos, deve-se prever uma função de ajustar o sinal.
5o Estágio. Se o instrumento deve ser usado para medir a quantidade de líquido em
reservatórios de formas não definidas a prior, então será necessário introduzir uma função de
corrigir o sinal.
6o Estágio. Para as diferentes funções é necessário suprir energia externa, adiciona-se
mais esta função.
Na fig. 5.6c está mostrado um novo desdobramento. A função parcial de adubar solo
foi desmembrada nas seguintes: armazenar adubo; dosar adubo; para esta dosagem deve haver
uma função de regulagem e fornecimento de energia; uma vez dosado o adubo, este deve ser
transportado para o solo, aproveitando a ação da gravidade. O adubo depositado sobre a
superfície do solo, deve ser incorporado ao solo contido no sulco. Pode-se, então, decompor a
função parcial de abrir o sulco nas seguintes funções elementares: cortar a palha na largura do
sulco; desagregar o solo na largura e profundidade do sulco; conter o solo desagregado dentro
do sulco e misturar o adubo com o solo desagregado. A profundidade do sulco preparado
depende do tipo de cultura a ser implantada, logo deve haver uma função de regulagem. Para
as ações compreendidas nesta segunda função parcial, de abrir sulco, deve haver o
fornecimento de energia mecânica.
Ampliar e reduzir. As funções de ampliar e reduzir são entendidas como ações que
aumentam ou diminuem o valor de grandezas ou propriedades da energia, material ou
informações. No caso da energia, estas funções ampliam ou reduzem o valor das grandezas de
estado da energia mecânica, elétrica ou química. De uma forma geral as variáveis de estado
da energia são do tipo: tensão; corrente; deslocamento linear ou angular; velocidade; força;
torque; temperatura; volume; pressão; etc. Como exemplos de princípios de solução que
executam estas funções na prática, encontra-se a vasta gama de tipos de amplificadores ou
redutores mecânicos, hidráulicos, pneumáticos e elétricos. No caso de materiais estas funções
executam as ações de modificar o valor quantitativo das propriedades, como por exemplo:
condutibilidade elétrica e térmica; resistência mecânica; dureza; etc. Para sinais ou
informações valem as observações feitas sobre energia, isto é, são ampliadas ou reduzidas as
variáveis de estado destes sinais.
Ampliar: acelerar; acrescentar; aquecer; aumentar; dilatar; distender; elevar; encher;
erguer; esticar; estufar; inflar e levantar.
Reduzir: atrasar; baixar; contrair; descer; diminuir; encolher e minguar.
Mudar de direção. Esta função tem por objetivo a ação de modificar a direção
vetorial de uma grandeza física, sem modificar o seu valor quantitativo. Como exemplos desta
função: um par de rodas dentadas muda o sentido de giro; o espelho e o prisma mudam a
direção de um raio de luz; o leme muda a direção do barco, etc.
Mudar a direção: derivar; desviar; divergir; dobrar; endireitar; fletir; flexionar; girar;
inclinar; inverter e quebrar.
Retificar e oscilar. Um movimento ou um fluxo pode ser contínuo ou oscilatório.
Retificadores elétricos, catracas e válvulas de retenção têm a função de retificar. Mecanismos
de quatro barras e de biela-manivela são alguns dos exemplos práticos que têm a função de
oscilar.
Retificar: alisar; aplainar e bloquear.
Oscilar: agitar; alternar; bascular; balançar; embalar e sacudir.
Ligar e interromper. Um fluxo de energia, material ou informações pode ser
interrompido e refeito. Exemplos práticos de elementos ou dispositivos que executam as
ações de ligar e interromper são os mais variados: interruptores em geral; acoplamentos;
embreagens; válvulas hidráulicas; diafragmas, etc.
Ligar: acionar; acoplar; agarrar; amarrar; chavetar; comutar; conectar e engatar.
Interromper: cortar; desarmar; desatar; desligar; obstruir e reter.
Misturar e separar. Energias, materiais e informações de diferentes caraterísticas ou
propriedades podem ser misturados ou separados. Misturados em geral e modulados são
exemplos de princípios de solução que têm a função de misturar materiais e informação. Para
a separação de materiais os princípios de solução são bem variados, como alguns exemplos,
pode-se citar: métodos de centrifugação e decantação; peneiras; filtros, etc. Polarizadores,
filtros de luz e sinais, demoduladores, estes têm a função de separar a energia e informação. A
ação de misturar e separar inclui, também, material e energia, por exemplo, uma bomba
hidráulica mistura energia e material e um motor hidráulico separa a energia contida no óleo.
Outro exemplo, numa caldeira se mistura material com energia calorífica e na turbina ou
radiador se separa a emergia do material.
Misturar: combinar; dissolver; dosar; modular e sinterizar.
Separar: classificar; decantar; decompor; depurar; destilar; extrair; filtrar; peneirar;
sedimentar e selecionar.
Unir e dividir. Estas funções distinguem-se das funções de misturar e separar, quando
se tem as ações de unir ou dividir quantidades de energias, materiais ou informações de
mesmas caraterísticas ou propriedades. Como exemplos tem-se: redes de distribuição unem
ou dividem energia elétrica; diferenciais para energia mecânica e espelhos para energia
óptica. Formas de união e divisão de materiais e informações são bem diversas como pode-se
deduzir de verbos análogos ou similares apresentados a seguir.
Unir: aglomerar; amarrar; amontoar; encaixar; incluir; juntar; rebitar; soldar e somar.
No item 5.3 foi sugerido que o projetista procurasse desenvolver estruturas funcionais
alternativas para a concepção do problema. Assim como mostra a fig. 5.4 tem-se para uma
das funções parciais, três alternativas de estruturas funcionais e na fig. 5.9, quatro
alternativas.
Para dar continuidade ao trabalho de projeto, deve-se selecionar a melhor estrutura
funcional. O primeiro passo, então, é o estabelecimento de critérios de seleção ou confrontar
as alternativas com as especificações de projeto, procurando identificar a estrutura que tem o
melhor potencial de atendimento futuro. Como estas estruturas estão, ainda, numa forma
muito abstrata, não foram escolhidos ou desenvolvidos os princípios de solução, fica difícil
estabelecer critérios de seleção mais objetivos como descrito no capítulo 6, para a escolha da
melhor concepção. Para o estágio atual de desenvolvimento, recomenda-se seguir um
procedimento simplificado e este será mostrado através de dois exemplos de seleção da
estrutura funcional.
No exemplo da fig. 5.4, como já foi descrito, as tampas vem sendo alimentadas, uma
atrás da outra, mas aleatoriamente com a boca para baixo e para cima e, devem sair do
subsistema, todas com a boca para baixo. Para executar este processo foram então propostos
três alternativas, agora qual é a melhor, dispondo somente destas informações e confrontar
com as especificações de projeto ou critérios de seleção. As especificações ou critérios de
seleção, como se sabe são do tipo: funcionalidade; precisão; compacticidade; geometria;
estética; custos; fabricabilidade; uso; confiabilidade; manutenibilidade; etc.
Assim para confrontar estas estruturas com critérios de seleção, uma forma é examinar
cada função, imaginando princípios de solução. Considerando então as alternativas da fig. 5.4,
em todas elas achou-se necessária uma função de testar a posição das tampas. Agora,
identificada a posição, na primeira alternativa deveria haver um dispositivo que fosse
acionado, agarrasse a tampa com a boca para cima, invertesse sua posição e a colocasse
novamente sobre a esteira em movimento. Imaginando um pouco, a solução talvez seria um
pequeno manipulador ou um mecanismo complexo, de alto custo, pouco compacto, com
problemas de confiabilidade e manutenção. Na segunda alternativa, uma vez identificada uma
posição incorreta sobre a esteira transportadora, bastaria acionar um dispositivo que retirasse
esta tampa e que a retornasse ao reservatório inicial. Esta solução deve ser melhor do que a
primeira mas, ainda será necessário um mecanismo de transporte, destas tampas separadas ao
reservatório. Na terceira alternativa, a tampa que estava na posição errada e que foi separada,
pode-se imaginar que só virar ou mudar para a posição correta, não deverá requerer um
dispositivo complexo. Agora unir ou recolocar a tampa sobre a esteira de transporte, talvez
seja mais simples do que retornar a tampa ao reservatório. Nesta terceira estrutura poder-se-ia
dizer que levou a uma solução de melhor funcionalidade, mais compacta, fabricabilidade,
custo e confiabilidade do que as anteriores, como mostram as duas soluções da fig. 5.10.
No segundo princípio de solução, resultou com as tampas com a boca para baixo, mas
resolvendo desta forma fica mais fácil a função de testar posição, separar segundo uma
posição e unir numa única posição. Agora que as tampas estão individualizadas, alimentadas
seqüencialmente, desvirar é um problema fácil.
Passando agora ao exemplo da fig. 5.10 as alternativas, de estruturas funcionais
descritas no item anterior, apresentam algumas diferenças que serão analisadas com o
objetivo de escolher a melhor.
Na primeira, a forma de obter uma variação no fornecimento de óleo seria através de
um variador ou redutor de freqüência ou tensão da energia elétrica que, então, permite uma
variação da rotação do motor elétrico. Na segunda alternativa tem-se um motor elétrico mais
simples, mas agora é necessário um redutor mecânico que permite uma variação contínua no
eixo de saída que, geralmente, é do tipo de atrito ou hidráulico. O funcionamento das duas
soluções é praticamente a mesma, dever-se-ia fazer uma análise mais detalhada de custos,
durabilidade, rendimento, manutenção, para saber qual é a melhor. Como já descrito no item
anterior, na terceira alternativa o motor ficaria sempre ligado, a interrupção do fornecimento
poderia ser feito com uma embreagem e o mais igual a segunda alternativa.
O custo de instalação deverá ser maior do que a anterior, sem contar o custo de
operação, pois o motor deveria estar sempre ligado. Na quarta alternativa o custo de
instalação inicial deve ser menor do que as anteriores, mas o custo de operação será maior
porque o motor e a bomba estariam sempre ligados.
De acordo com o exposto conclui-se que as duas primeiras alternativas são as
melhores, para decidir qual é a melhor será necessário um estudo mais detalhado, com os
princípios de solução e as estruturas de princípios definidos, como será visto no próximo item
deste capítulo. Assim, havendo dúvidas de qual estrutura funcional é a melhor, estas
alternativas devem ser levadas adiante e, finalmente, adotar a metodologia de seleção como
descrito no próximo capítulo.
No item 5.4 foi proposta uma normalização de funções e uma respectiva representação
gráfica da função. Então nestes catálogos ou bancos de dados, para cada função, poderão ser
registrados os diferentes princípios de solução alternativos, com a respectiva descrição do
princípio de funcionamento, representações esquemáticas e dados para o seu
dimensionamento
matriz morfológica, onde na primeira coluna são listadas as funções e em cada linha, para
cada função, os correspondentes princípios de solução encontrados ou gerados.
As demais etapas do desenvolvimento da concepção, pelo método da função síntese,
podem ser elaboradas seguindo o mesmo procedimento descrito nos passos, 4o ao 6o, do
método da matriz morfológica. Isto é, pela combinação dos princípios de solução das
diferentes funções, obter estruturas alternativas de princípios ou concepções alternativas,
selecionar a melhor solução como será descrito no capítulo 6 e, finalmente, a descrição da
concepção escolhida.
Como foi descrito neste capítulo sempre se considerou um projeto por inovação ou
seja, dada uma nova necessidade, dever-se-ia desenvolver um sistema partindo da função
global e, progressivamente, estabelecer a estrutura funcional, buscar princípios de solução
montando a matriz morfológica, definir as estruturas de princípios de solução, escolher a
melhor solução para a concepção, até o projeto detalhado. Na grande maioria dos casos da
prática, o que se tem é um produto que deve ser melhorado ou seja, é um problema de re-
projeto de um sistema, quando se tem um sistema físico com desenhos de projeto detalhado.
Para um re-projeto deste sistema, uma forma mais apropriada, é seguir o caminho inverso do
método da função síntese, seguindo os passos descritos abaixo.
1o Passo. Examinando o produto ou desenho técnico do mesmo, determinar as
relações do sistema técnico com o meio ambiente: selecionar e analisar as interfaces, ou as
entradas e saídas, como descritas no item 5.2 e mostradas na fig. 5.1 e, analisar e caraterizar o
fluxo funcional entre as entradas e saídas.
2o Passo. Determinação e descrição do princípio de funcionamento do sistema. Isto
pode ser feito, primeiro, compondo os elementos funcionais, eliminando juntas ou uniões
fixas e elementos de funções auxiliares, simplificando a configuração na forma adequada da
função. Segundo, substituindo os elementos funcionais por símbolos adequados: os pontos de
conexão por símbolos e ligar estes pontos de conexão através de linhas simples.
3o Passo. Determinação e descrição da estrutura funcional: separar os grupos
funcionais; representar o sistema por uma estrutura funcional e determinar as grandezas
funcionais envolvidas e as relações de entradas e saídas de cada função da estrutura.
4o Passo. Determinação e descrição da função global do sistema: função principal e
secundárias.
5o Passo. Uma vez estabelecida a estrutura funcional do sistema, segundo o terceiro
passo, pode-se agora desenvolver estruturas funcionais variantes com o objetivo de encontrar
uma estrutura melhor. Deste ponto em diante, pode-se seguir o procedimento normal do
método da função síntese, objetivando uma variante melhorada do sistema anterior.
5-3. V. HUBKA and W. E. EDER. Theory of Tehnical Systems. Springer Verlag. 1988.
5-6. M. S. HUNDAL. Research in Design Theory and Methodology in West Germany Design
Theory and Methodology - DTM90, Ed. J. R. RINDERLE, Carnegie Mellon, Chicago,
Illinois, Sept. 1990, pp. 235-238.
SELEÇÃO DA SOLUÇÃO
6.1 - INTRODUÇÃO
Nos capítulos anteriores foram abordadas várias técnicas cujo objetivo estava voltado
para a geração de soluções alternativas ou conceitos de solução, para o problema de projeto.
Neste capítulo, serão abordadas técnicas destinadas à escolha do melhor destes conceitos, o
qual será transformado no produto final.
A principal dificuldade envolvida nesta tarefa, encontra-se na principal característica
da fase de projeto conceitual: informações limitadas e abstratas.
Como avaliar uma idéia ou conceito, que é abstrata, possuindo poucos detalhes e não
pode ser mensurada? Deve-se detalhar cada conceito, de forma a medir alguns parâmetros,
para então compará-los com as especificações de projeto do produto?
Além destas questões, deve-se também obter as justificativas pelas quais os conceitos
descartados não são adequados.
Portanto, se faz necessária a utilização de métodos ou procedimentos sistemáticos,
compatíveis com a limitação de informações, e que auxiliem na tomada de decisão quanto a
seleção do melhor conceito de solução.
Neste capítulo, será mostrado um procedimento que utiliza quatro diferentes técnicas
que irão reduzir os vários conceitos gerados em uns poucos, mas promissores, que poderão
resultar em produtos de qualidade [6.1]. Estas técnicas, que deverão ser utilizadas em
seqüência, são mostradas na figura 6.1, e serão descritas nos próximos itens.
Tipo de Técnicas Base de
Comparação Comparação
vários conceitos
Julgamento da
Viabilidade Experiência
Disponibilidade Estado
Absoluta Tecnológica da arte
Exame Passa/
Não Passa
Necessidades
dos clientes
Requisitos
Relativa de projeto
Matriz de
ou absoluta Avaliação
Antes porém, é importante notar que o termo seleção ou escolha, aqui utilizado,
implica nas ações de valoração, comparação e tomada de decisão. Como estas ações são
fortemente interrelacionadas, para se obter o maior número de informações para a tomada de
Cap. 6 – Seleção da Solução 6- 2
Após a geração de uma solução conceitual, a equipe de projeto pode fazer uma
primeira avaliação de viabilidade e verificar se o conceito se enquadra numa das seguintes
condições:
(1) o conceito não é viável;
(2) o conceito é condicionalmente viável;
(3) o conceito deve ser considerado.
NÃO VIÁVEL
Mesmo quando um conceito mostra-se inicialmente inviável, este deverá ser
considerado sob diferentes pontos de vista antes de ser descartado. Deve-se poder definir
claramente as razões pelas quais a dada solução conceitual não é viável, ou seja, poder
responder à pergunta: por quê a solução não é viável?
Muitas podem ser as razões da inviabilidade, e normalmente estão associadas a
aspectos tais como: limitações tecnológicas e o atendimento dos requisitos dos clientes.
Também podem ocorrer interpretações errôneas da viabilidade, em que esta seja devida à
concepção apresentar-se numa forma diferente do padrão normal estabelecido, ou também ser
devida ao conceito não representar uma idéia original, não provocando assim entusiasmo ou
interesse.
Julgar uma solução que é considerada diferente, é uma atividade que requer cuidados,
pois existem alguns aspectos que normalmente não estão aparentes. Os seres humanos
possuem uma tendência natural a resistir à mudanças, e assim, a empresa e/ou projetistas
tendem a rejeitar novas idéias em favor daquelas já estabelecidas. Isto não é de todo ruim,
pois os conceitos tradicionais já foram testados e validados na prática. Entretanto, este tipo de
atitude pode impedir que o produto seja melhorado, e deve-se diferenciar mudanças
potencialmente positivas de um conceito pobre. Os padrões utilizados pelas empresas e/ou
projetistas fornecem um bom auxílio na prática de engenharia, devendo ser ambos seguidos e
questionados, pois podem ser um fator limitante da base de informações.
Outro aspecto importante, é que idéias inicialmente tidas como não viáveis, podem
servir para fornecer uma nova abordagem para o problema. Portanto, antes de descartar um
conceito de solução, deve-se verificar se novas idéias podem ser geradas, e se vale a pena
iteragir, voltando da etapa da seleção para a geração de soluções.
CONDICIONALMENTE VIÁVEL
Esta situação implica que um dado conceito é executável se alguma coisa diferente
vier a ocorrer. Os fatores típicos que estão associados a esta situação são a disponibilidade
tecnológica, a capacidade de obter informações não disponíveis, ou o desenvolvimento de
alguma parte do produto. Ou seja, não deve-se descartar imediatamente um conceito nesta
situação, e sim considerá-lo na próxima técnica, onde estes aspectos condicionais serão vistos
mais detalhadamente.
DEVE SER CONSIDERADO
O conceito mais difícil de ser avaliado é aquele em que não se evidencia
imediatamente se é uma boa ou má idéia. Na avaliação deste tipo de conceito, a experiência e
o conhecimento são essenciais. Se o conhecimento necessário não está disponível, o mesmo
deverá ser desenvolvido. Isto deve ser acompanhado pela elaboração de modelos os quais
podem ser facilmente avaliados. Considerando a linguagem de projeto, existem três principais
classes de modelagem para avaliação: gráfica, física e analítica. Uma quarta linguagem, a
textual, raramente auxilia na seleção de conceitos de solução de produtos industriais
manufaturados.
Após estabelecer-se que as tecnologias utilizadas num dado conceito são maduras, o
enfoque da base de comparação move-se para as necessidades dos clientes. Assim, cada
conceito deve ser comparado com as necessidades de maneira absoluta. Ou seja, as
necessidades devem ser transformada num conjunto de questões endereçada à cada conceito.
Estas questões deverão ser respondidas por sim ou possivelmente (passa), ou não (não passsa).
Este tipo de avaliação serve não somente para encontrar conceitos que não são
adequados, mas irá servir para auxiliar a geração de novas idéias. Se um conceito apresentar
nesta etapa, poucas respostas não-passa, tem-se uma forte indicação de que o conceito pode
ser modificado ao invés de ser eliminado. Esta avaliação permite identificar de maneira rápida
os pontos fracos de um conceito, e dependendo da situação, modificar o conceito de modo a
ajustá-lo melhor ao problema. Durante esta modificação, a estruturação funcional e a matriz
morfológica deverão ser analisadas e possivelmente atualizadas.
Este método, também conhecido como método de Pugh, além de simples, tem se
mostrado bastante eficiente para a comparação de conceitos que não tenham sido
suficientemente detalhados, para uma comparação direta utilizando as necessidades e os
requisitos de projeto. A essência do método é mostrada na figura 6.2. Este fornece uma
maneira de medir a capacidade de cada conceito de atender as necessidades dos clientes. A
comparação dos escores obtidos para os conceitos servirá para indicar as melhores
alternativas e fornecer boas informações para a tomada de decisões. Trata-se de um método
interativo de avaliação, que testa a completeza e o entendimento dos necessidades,
identificando rapidamente os conceitos mais fortes, e auxilia a criar novos conceitos.
usada como referência, e todas as outra concepções deverão ser comparadas com esta última,
com relação às necessidades dos clientes. Se o problema é de reprojeto de um produto
existente, então o produto deverá ser abstraído ao mesmo nível dos conceitos propostos e
então, utilizado como referência.
Para cada comparação com relação às necessidades, o conceito sendo avaliado é
julgado como melhor que, mesmo que ou pior que a referência. Se para uma dada necessidade
o conceito for julgado melhor que, recebe um escore “+”, para um mesmo que, recebe um
“M” e se o conceito não atender a dada necessidade tão bem quanto a referência, recebe um “-
”.
Peso I II III IV V VI
Baixo aquecimento 4 + + + + + R
Baixo ruído 4 - + + + + E
Homogeneidade do foco 5 + + + + + F
Facilidade de ajuste foco 3 + + + + + E
Adequada ampliação 5 - + - + + R
Adequado contraste 4 + + + + M Ê
Baixo peso 4 - - - + M N
Facilidade de pegar 3 - - - M M C
Não provoca queimaduras 4 - - - - - I
Não provoca lesões 3 - M - M - A
Agradabilidade da cor 1 + M M - M
Agradabilidade da forma 2 - M - M M
Total + 5 6 5 7 5 0
Total - 7 3 6 2 2 0
Total global -2 3 -1 5 3 0
Peso total -8 14 -1 24 14 0
Peso II IV V
Baixo aquecimento 4 M R M
Baixo ruído 4 M E M
Homogeneidade do foco 5 M F M
Facilidade de ajuste do foco 3 M E M
Adequada ampliação 5 M R M
Adequado contraste 4 M Ê -
Baixo peso 4 - N -
Facilidade de pegar 3 - C M
Não provoca queimaduras 4 M I M
Não provoca lesões 3 M A -
Agradabilidade da cor 1 + +
Agradabilidade da forma 2 M M
Total + 1 0 1
Total - 2 0 3
Total global -1 0 -2
Peso total -6 0 -10
No passo seguinte deverão deverão ser consignados valores numéricos aos critérios
enumerados na primeira coluna, ou seja, determinados os valores de vij para as diferentes
soluções alternativas. Os valores de vij são fixados entre faixas de 0 a 10 ou 0 a 4 dependendo
da vontade do avaliador. Considerando a faixa de 0 a 4, dá-se o valor ou nota 4 à solução que
atender idealmente, ou bem, um determinado critério, e 0 quando não atendê-lo.
Quanto aos critérios qualitativos, tais como a facilidade de fabricação, resistência à
corrosão, aclimatação, conforto, segurança contra choques, silenciosidade etc. normalmente
são difíceis de quantificar. Nestes casos os critérios são avaliados qualitativamente de acordo
com a tabela 6.1, e às avaliações qualitativas são consignados pontos ou notas.
Uma vez determinados os produtos pivij para todos os critérios e soluções alternativas,
o passo seguinte é a determinação do valor da função critério, ou seja:
n
Fj = ∑ pivij (6.1)
i =1
onde n é o número de critérios parciais e j indica a j-ésima solução alternativa. Estes valores
poderão ser comparados, e o maior valor de Fj representa a melhor solução.
Os possíveis erros cometidos nesta técnica podem ser classificados em dois grupos:
erros dos avaliadores e erros do próprio método. Os erros dos avaliadores são de várias
origens tais como: avaliação feita de modo tendencioso ou parcial, má escolha dos critérios de
avaliação e interdependência dos critérios de avaliação. Os erros do próprio método decorrem
da dificuldade de estabelecer os valores, e não se tem uma forma de determiná-los
univocamente, sendo portanto estimados.
Neste método é escolhida a solução que apresentar o maior valor da função critério.
Mas tão somente este número não satisfaz a uma boa escolha, principalmente quando se têm
duas ou mais soluções alternativas com valores próximos, isto porque uma solução, mesmo
apresentando um valor maior, pode apresentar-se muito fraca num dos critérios de avaliação
parciais.
Para comparar estas soluções constrói-se um diagrama como o da figura 6.6, que
mostra um perfil das mesmas. Na ordenada são marcados os coeficientes de peso, na abcissa
os valores dos critérios de avaliação; a área hachurada representa o valor da função critério
dada pela equação (6.1).
p 1 v1 p 1 v1 p1 = 0,15
p 2 v2 p 2 v2 p2 = 0,10
p 3 v3 p 3 v3 p3 = 0,15
p 4 v4 p 4 v4 p4 = 0,10
p5v5 p5v5 p5 = 0,05
p6 p 6 v6 p6 = 0,20
v6
p 7 v7 p 7 v7 p7 = 0,10
p 8 v8 p 8 v8 p8 = 0,15
4 3 2 1 0 1 2 3 4
Como mostra a figura 6.6, mesmo que as duas soluções apresentem o mesmo valor da
função critério, ou seja, F = 2,5, a solução Sj se mostra melhor que Si, isto porque a solução
Si, mesmo apresentando-se sob alguns critérios bem melhor do que Sj, apresenta três com
valores bem mais baixos, um dos quais com grande peso. Como se verifica, a construção dos
perfis das soluções vem facilitar a escolha de soluções, ainda mais quando estas estão
próximas.
6.7 - REFERÊNCIAS
6.2. PUGH, S.. “Total Design: Integrated Methods for Successful Product Engineering”,
Addison Wesley, 1991.
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
7.2 - REGULAMENTAÇÃO
A lei brasileira que trata da matéria é a Lei n° 9.279 de 14 de maio de 1996, e regula
direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.
A proteção destes direitos efetua-se mediante:
I) concessão de patentes de invenção e modelo de utilidade;
II) concessão de registro de desenho industrial;
III) concessão de registro de marca;
IV) repressão às falsas indicações geográficas; e
V) repressão à concorrência desleal.
As disposições desta lei são aplicáveis também
a) aos pedidos de patentes ou registros provenientes do estrangeiro e que tenham
proteção assegurada por tratados e convenções de que o Brasil seja signatário, desde
que depositadas no País;
b) aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou
pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes.
Diversos Atos Normativos, baixados pela Presidência do Instituto Nacional da
Propriedade Industrial, explicam a lei e estabelecem normas e procedimentos.
Cap. 7 - Patentes 7-2
7.4.1 - INVENÇÃO
Invenção é considerada toda a idéia nova (não compreendida pelo estado da técnica),
suscetível de aplicação industrial (que pode ser utilizada ou produzida em qualquer tipo de
indústria, incluindo a agricultura a pesca e a extrativa), e que contenha atividade inventiva
(que não seja uma decorrência óbvia do estado da técnica para uma pessoa conhecedora da
matéria), podendo apresentar-se como produto ou processo.
Entende-se por estado da técnica, em relação a determinado ramo tecnológico aquilo
que, em dado momento, tenha sido colocado ao alcance do público por qualquer meio de
divulgação (uso, demonstração, entrevista a imprensa, rádio e televisão, ou por qualquer tipo
de publicação - inclusive na forma de pedido de patente publicado), ou que seja objeto de um
pedido de patente depositado até aquele dado momento no Brasil ou no estrangeiro.
Não é considerada como estado da técnica a divulgação de invenção ou modelo de
utilidade, quando ocorrida durante os 12 (doze) meses que precederem a data de depósito do
pedido, se promovida:
a) pelo inventor;
b) pelo INPI, baseado em informações obtidas junto ao inventor ou em decorrência de atos
por este realizados; ou
Uma vez efetuado o pedido de patente, este é mantido em sigilo, até a sua publicação,
que ocorre aos dezoito meses da data de depósito. A publicação do pedido é feita através da
Revista da Propriedade Industrial. Ao mesmo tempo o INPI providenciará a duplicação do
relatório de pedido de privilégio na forma de um folheto sob o título "Publicação de Pedido de
Privilégio", que é colocado a disposição de qualquer interessado no Banco de Patentes do
INPI.
O exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer
interessado, no prazo de 36 meses contados da data de depósito, sob pena do arquivamento do
pedido. O pedido poderá ser desarquivado, se dentro de 60 dias contados do arquivamento, o
depositante assim o requerer, mediante o pagamento de uma retribuição específica, sob pena
de arquivamento definitivo.
Requerido o exame, deverão ser apresentados, no prazo de 60 dias, sempre que
solicitado, sob pena de arquivamento do pedido: objeções, buscas de anterioridade e
documentos necessários à regularização do processo.
O examinador técnico, conjuga eventuais oposições, com o resultado de buscas,
visando a determinação do estado da técnica, possíveis anterioridades e enquadramento do
pedido na natureza reivindicada, procede ao exame técnico da matéria e emite seu parecer,
que poderá ser favorável ou desfavorável ao pedido de patente. Se concedido o privilégio, a
Revista da Propriedade Industrial publicará a referida concessão. A partir da data de
concessão do privilégio, corre o prazo de 60 dias para que o titular recolha a contribuição
devida para a confecção e expedição da carta patente.
Esta assegura o direito de propriedade e uso exclusivo do objeto da patente, nas
condições estabelecidas no Código da Propriedade Industrial.
2
Oposição
Data do 18 Parecer
Depósito Publicação Técnico
18 Pedido de
Exame
Requerer a 2 Publicação
Carta Patente
Fig. 7.1 - Etapas da tramitação do pedido de privilégio.
Invenção - 20 anos
Modelo de utilidade - 15 anos
O início da contagem do tempo é a partir da data em que foi feito o pedido de patente,
ou seja, a partir da data do depósito.
O simples fato de alguém depositar um pedido de patente, não proporciona, ao autor,
nenhuma garantia efetiva de privilégio, mas apenas uma expectativa de um direito.
Mas se um terceiro explorar o invento, durante o período entre o depósito e a
concessão da patente, poderá ter que indenizar o titular por exploração indevida, se o titular
mover uma ação judicial e esta lhe for favorável.
A extensão da proteção conferida pela patente será determinada pelo teor das
reivindicações.
Ao titular da patente cabe o direito de impedir terceiro, sem seu consentimento, de
produzir, usar, colocar a venda, vender ou importar com estes propósitos: o produto objeto da
patente e/ou processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado.
O direito de impedimento sobre terceiros não se aplica:
a) aos atos praticados por terceiros não autorizados, em caráter privado e sem finalidade
comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse econômico do titular da patente;
b) aos atos praticados por terceiros não autorizados, com finalidade experimental,
relacionados a estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas;
c) à preparação de medicamentos de acordo com prescrição médica para casos individuais,
executada por profissional habilitado, bem como ao medicamento assim preparado;
d) a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, sem finalidade
econômica, o produto patenteado como fonte inicial de variação ou propagação para obter
outros produtos.
Ao titular da patente é assegurado o direito de obter indenização pela exploração
indevida de seu objeto, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação
do pedido e a da concessão da patente.
O titular de patente poderá celebrar contrato de licença para exploração, que deverá
ser averbado no INPI.
O aperfeiçoamento introduzido em patente licenciada pertence a quem o fizer, sendo
assegurado à outra parte contratante o direito de preferência para seu licenciamento.
O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os
direitos dela decorrente de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder
econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial. Também se
enquadra na licença compulsória os seguintes casos:
a) a não fabricação do objeto da patente no território brasileiro por falta de fabricação ou
fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo
patenteado;
b) a comercialização que não satisfazer às necessidades do mercado.
As licenças compulsórias serão sempre concedidas sem exclusividade, não se
admitindo o sublicenciamento.
A patente extingue-se:
a) pela expiração do prazo de vigência;
b) pela renúncia do titular, ressalvado o direito de terceiros;
c) pela caducidade;
d) pela falta de pagamento da retribuição anual.
O privilégio caducará por requerimento de terceiros ou por iniciativa do INPI, se
decorridos 02 anos da concessão da primeira licença compulsória, esse prazo não tiver sido
suficiente para prevenir ou sanar o abuso ou desuso, salvo motivos justificáveis.
Desenhos Industriais
Marcas
- Possíveis resultados:
Assumindo que o acusado é considerado infrator, o proprietário da patente pode obter
uma suspensão de futuras violações da patente. Neste caso o infrator é proibido de produzir,
usar ou vender o dispositivo da patente ou processo a ser patenteado.
Os prejuízos são geralmente indenizados, não menos do que uma possível licença ou
royalties, mais custas do processo e interesses sobre prejuízos.
Novos produtos
Poderão ser patenteados alimentos, remédios, produtos químicos e biotecnológicos
``Pipeline''
Esse mecanismo de exceção é adotado, obrigando o Brasil a reconhecer patente já
concedida por outro país a remédios, alimentos e produtos químicos, desde que ainda não
estejam sendo vendidos em nenhum mercado. O ``pipeline'' beneficia principalmente o setor
farmacêutico, porque o tempo entre o registro de um remédio e a sua colocação no mercado
pode levar entre 10 e 12 anos
Biotecnologia
Limita o patenteamento de microorganismos aos alterados geneticamente - a partir de
formas encontradas na natureza -, desde que sejam atendidos os princípios de novidade,
atividade inventiva e aplicação industrial
Importação paralela
Não admite a possibilidade de terceiros importarem produto patenteado no Brasil. A
importação paralela é admitida somente quando o detentor da patente alegar inviabilidade
econômica de escala de produção. Nesse caso, somente o detentor da patente pode importar o
produto para revendê-lo no mercado interno
Produção local
Obriga a fabricação em território nacional do produto patenteado, no prazo de até três
anos após a concessão da patente. Isso só não é exigido quando o detentor da patente alegar
inviabilidade econômica; nesse caso, obtém autorização para importar o produto.
Prazo da patente e do registro de marca
Mantém o prazo da validade da patente de invenção (20 anos) e amplia o prazo de
validade da patente de modelo de utilidade dos atuais 10 anos para 15 anos. Mantém o prazo
de dez anos devigência do registro de marca.
Vigência da lei
A lei entra em vigor um ano após a data de sua publicação, com exceção dos
dispositivos relativos aos novos produtos que passam a ser patenteáveis (alimentos, remédios
e produtos químicos), com vigência imediata