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Manual Bíblico

do Estudante
Um guia para o melhor livro do mundo
Editado por W álter A . Elwell

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★ tamanho de bolso
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ir resumo de cada
livro da Bíblia
ir cultura e arqueologia
bíblicas

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CPAD
Manual Bíblico
Do Estudante

jumorevan
m m
Manual Bíblico
de Estudante
Copyright © 1995 Harold Shaw Publishers
Copyright © 1997 da Casa Publicadora das Assembléias de Deus para a língua portuguesa.
Caixa Postal 331 20.001-970 Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Título do original em inglês: Student B ible Handbook

Tradução: Neyd Siqueira

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sob qualquer forma,
seja eletrônica, fotográfica ou de qualquer outro modo, sem a devida autorização dos editores.

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas são da Almeida Revista e Corrigida, 2a edição (1995)

ISBN 85-263-0117-9

Esta co-edição internacional foi organizada e realizada por Angus Hudson Ltd., Londres.

Impresso em Singapura.
Manual Bíblico
do Estudante
Um guia para o melhor livro do mundo

Editado por Walter A. Elwell

CPAD
índice

Colaboradores 6
Introdução a este Manual 7
índices de Mapas e Gráficos 9
Lista de Abreviaturas 10

A Bíblia: Um Livro Baseado na História Breve Cronologia dos Eventos Bíblicos


Introdução 58
A Cultura dos Tempos Bíblicos Tabela C ro no lóg ica 63
Introdução 12
Infância 14
0 que a Bíblia Ensina sobre Cristo
Educação 18
19 e a Fé Cristã
Casam ento
Edificações 23 A Vida de Cristo
Política 25 Introdução 72
Com ércio 27 N ascim ento e Infância de Jesus 72
Artes e Lazer 28 O Batismo e o Início do M inis­
A lim entação 29 tério de Jesus 76
Vestuário 30 O Ministério de Jesus na Galiléia 79
C abelos e Cosméticos 34 O M inistério de Jesus na Peréia
e ju d é ia 83
A Arqueologia e a Bíblia A Morte e a Ressurreição de Jesus 87
Introdução 38 Os Ensinamentos de Cristo
Atenas 41 Introdução 92
B abilônia 42 A Visão de Jesus em Relação a Deus 92
Biblos 45 A Visão de Jesus em Relação
Jericó 47 a Si M esm o 94
Jerusalém 48 A Visão de Jesus em Relação
Cunrã 50 à H um anidade e ao Pecado 96
Ras Shamra (Ugarite) 52 A Visão de Jesus em Relação ao
Susã 55 Reino de Deus 96
Ur 56 A Visão de Jesus em Relação
à V id a Cristã 98
N o que os Cristãos Crêem
Introdução 101
O C re do dos A póstolos 102
A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje
N ovo Testamento
Evangelhos 249
Como a Bíblia Veio a Nós
Atos 267
Introdução 116
Epístolas 273
C o m pilação 116
A pocalipse 317
Cânon 119
Inspiração 122
Traduções 124 Pesquisando a Bíblia

Como Tirar M a io r Proveito da G lossário de Termos Bíblicos


Leitura da Bíblia Importantes 322
Introdução 131 Versículos-chaves p a ra a
A Q uestão Básica 132 V ida Cristã
O Livro Vivo 132 Introdução 339
Traduções da Bíblia 133 C o m preendendo Deus 340
Perguntas a Fazer 133 C o m pree nd en do a M in ha
Encontrando Respostas Relação com Deus 341
a Perguntas Difíceis 137 C o m preendendo M inhas
A Ultima Pergunta 138 Relações com os O utros 342

Sínteses dos Livros da Bíblia Sugestões de Leitura 344


Indice Remissivo 346
Créditos das Fotografias 352
Antigo Testamento Ilustrações 352
Pentateuco 141
História 158
Poesia 184
Profetas 198
Apócrifos 240
Colaboradores
W alter A. E lw ell, Ph. D. (E d im b u rg o ), Leon Morris Ph. D, B.D. (Cambridge),
p ro fe sso r de B íb lia n a W h ea to n c o n fe re n c ista in te rn a c io n a lm e n te
G ra d u a te S ch o o l e autor, c o n fe re n c ista e c o n h e c id o , p ro fe sso r, a u to r e e ru d ito
e d ito r (Evangelical Dictionary o f e m N o v o T e sta m e n to . F o i v ic e -
Theology). E re v iso r g eral d este m an u al p re sid e n te d o R id le y C o lle g e (M e l­
e su a c o n trib u iç ã o in clu i os artig o s, “A b o u rn e, A u strá lia ), é m a is c o n h e c id o
V ida d e C ris to ” , “O s E n sin a m e n to s de p o r su as o b ra s so b re o E v a n g e lh o de
C risto ” , “C o m o T ira r M aio r P ro v e ito d a Jo ão e o te m a d o a m o r n o N o v o
L e itu ra d a B íb lia ” e “ S ín te se d o s L iv ro s T esta m e n to . S u a c o n trib u iç ã o p ara
da B íb lia” . e ste m a n u a l é o “G lo ssá rio d e T erm o s
B íb lic o s Im p o rta n te s” .
R. K. H arrison, Ph. D. (L o n d re s), é u m
au to r de re n o m e , c o n fe re n c ista e e ru d ito H azel P erkin, M . S. (M c G ill), é
em A n tig o T estam en to . S u a Introdução p e sq u isa d o ra b íb lic a e re ito ra d a St.
ao Antigo Testamento é c o n sid e ra d a a C le m e n t's S c h o o l (T o ro n to , O n tário ).
m elh o r e m ais c o n se rv a d o ra o b ra so b re S u a c o n trib u iç ã o p a ra e ste m a n u a l é o
o tem a. S u as c o n trib u iç õ e s a este artig o “A C u ltu ra d o s T e m p o s B íb li­
m an u al são o s artig o s “A A rq u e o lo g ia e c o s” .
a B íb lia” , e “B re v e C ro n o lo g ia d o s
E v en to s B íb lic o s” . R. E. O. W hite, M .A . (L iv e rp o o l),
B .D . (L o n d re s), p asto r, a u to r e
H. D. M cD onald, Ph. D., B. D. (L o n ­ c o n fe re n c ista so b re o N o v o T e sta m e n ­
dres). V ic e -p re sid e n te e m é rito d o to, g reg o e ética. E sc re v eu m ais de
L o n d o n B ible C o lle g e (L o n d res, trin ta liv ro s, in c lu siv e Christian Ethic,
In g laterra) e auto r, p ro fe s s o r e e ru d ito u m a o b ra im p o rta n te so b re o c o m p o r­
em N ovo T e sta m e n to . V iajou m u ito e ta m e n to d o c ristão . S u a c o n trib u iç ã o
en sin o u em esc o la s n o rte -a m e ric a n a s e p a ra e ste m an u al é o artig o “ N o q u e os
se m in á rio s, além d e e sc re v e r in ú m ero s C ristã o s C rê e m ” .
livros, in c lu siv e Salvation e Theories o f
Revelation. S u a c o n trib u iç ã o p a ra este
m anual é o artig o “ C o m o a B íb lia Veio
até N ó s” .
| Introdução a este M anual j

Introdução
* a este Manual

A B íb lia é u m a d as m a io re s d ád iv as de D e u s ao m u n d o .
S eu n o tá v e l p o d e r d e a fe ta r v id a s é re c o n h e c id o até m e sm o
p o r a q u e le s q u e n ão c rê e m n ela. A B íb lia e stá p re se n te em
to d o la r le tra d o e te m sid o a o b ra d e m a io r v e n d a g e m do
m u n d o . A n o a a n o p e rm a n e c e n a lista d e b e stse lle rs. A B í­
b lia p o d e ser e n c o n tra d a em m ais v ersõ e s e ed iç õ e s q u e q u a l­
q u e r o u tro liv ro e fo i tra d u z id a em m a is id io m a s q u e q u a l­
q u e r o u tro ite m e sc rito . M ilh a re s de p e ss o a s v iv e m segu n d o
os seu s p re c e ito s e o u tro s te n ta m d e stru í-la .
A raz ão de a B íb lia se r tão im p o rta n te p a ra o m u n d o é
q u e e la é a P a la v ra d e D e u s e re v ela a su a v o n ta d e p a ra nós.
A trav és d e la d e sc o b rim o s q u em D e u s é, c o m o o m u n d o su r­
g iu , c o m o irá te rm in a r, d e q u e c o n siste m o s n o sso s p ro b le ­
m a s, a so lu ç ã o d e D e u s p a ra o p e c a d o h u m a n o n a m o rte e
re s su rre iç ã o d e Je su s, c o m o d e v em o s v iv e r e m u ito m ais.
T u d o o q u e p re c isa m o s sa b e r so b re as q u e stõ e s e sp iritu a is
p o d e ser e n c o n tra d o n e sse livro. E u m g u ia e sp iritu a l c o m ­
p leto . A lém d is so , a B íb lia é u m a c o m p a n h ia m ara v ilh o sa ,
p o is nos o fe re c e c o n so lo , e sp e ra n ç a, e n c o ra ja m e n to , fo rç a e
aleg ria.
S e tu d o isso é v e rd a d e , p o r q u e a m a io ria d as p esso as
sa b e tão p o u c o so b re a B íb lia ? P arte d a re s p o sta p o d e ser
q u e , às v ezes, n ã o q u e re m o s re a lm e n te sa b e r o q u e e la c o n ­
tém . M as e ssa n ão é a h istó ria to d a. M u ita s v e ze s q u e re m o s
co n h e c e r o seu c o n te ú d o , m as nos p e rd e m o s e n tre as p a la ­
v ras p o u co fa m ilia re s, co stu m e s o b sc u ro s, lu g ares e stra n h o s
e id éias c o m p le x a s. O m u n d o an tig o p a re c e re m o to p ara nós,
q u e viv em o s n u m a so c ied ad e te c n o ló g ic a m o d ern a. E sse fato
n ão deve su rp re e n d e r-n o s . E um m u n d o d ife re n te ; os e s c ri­
to re s d a B íb lia ta m b é m iriam sen tir-se fo ra d e lu g a r em n o s ­
so m u n d o .
P ara sa b e r m a is so b re a B íblia, c o m o d e v e m o s c o m e ç a r?
O q u e p re c isa m o s é d e u m g u ia q u e nos leve n a d ire ç ã o c e r­
ta. O livro q u e v o cê te m n as m ã o s p re te n d e ser esse g u ia.
E le foi e sc rito p o r e s p e c ia lista s c o m p ro m e tid o s c o m a p le n a
in s p ira ç ã o d a B íb lia e q u e d e se ja m a b rir as su a s p á g in a s
p a ra q u e m q u e r q u e se in te re ss e e m fa z e r a v ia g e m m ais
im p o rta n te d e su a v id a.
E ste p e q u e n o m a n u a l e s tá d iv id id o em c in c o se ç õ e s. A
p rim e ira d esc re v e os c o stu m e s e c u ltu ra s d o s te m p o s b íb li­
co s e o fe re c e u m c o n c iso v is lu m b re d as d e sc o b e rta s a rq u e ­
o ló g ic a s im p o rta n te s d o s ú ltim o s ce m an o s.
A s e g u n d a se ç ão re p o rta à v id a e aos e n sin a m e n to s de
Je su s, q u e é o c o ra ç ã o d a B íb lia . In c lu i ta m b é m u m re su m o
d a d o u trin a cristã.
A te rc e ira se çã o c o m e ç a c o m u m a b rev e d is c u ssã o de
c o m o a B íb lia fo i tra n s m itid a a tra v é s d o s sé c u lo s. D e p o is
são o fe re c id a s id é ia s p a ra u m a le itu ra p ro v e ito sa d a B íb lia.
A q u a rta seção tra ta d o c o n te ú d o d a B íb lia , q u e é e x a m i­
n a d a liv ro p o r liv ro , d a n d o u m a v is ã o g e ra l d o s e v en to s e
e n sin a m e n to s.
A q u in ta se ç ã o in c lu i u m g lo ssá rio d e p a la v ra s e id é ias
b íb lic a s im p o rta n te s, v e rs íc u lo s -c h a v e s p a ra m e m o riz a ç ã o ,
fa to s b íb lic o s in te re ssa n te s e u m a lista de le itu ra su g erid a .
E ste m a n u a l fo i e sc rito em p o rç õ e s p e q u e n a s, a g ru p a d as
em se ç õ e s m a io re s, p a ra fa c ilita r a le itu ra . A s p a rte s m e n o ­
res, ju n ta m e n te c o m os v e rso s b íb lic o s m e n c io n a d o s, p o ­
d em se r lid as de u m a só v ez o u e m p a rte s m a io re s. Você
p o d e ta m b é m e x a m in a r a le a to ria m e n te u m liv ro c a d a d ia —
p o r e x e m p lo , M a te u s o u M a rc o s, ju n ta m e n te co m u m a pa-
la v ra -c h a v e b íb lic a , c o m o evangelho. O u p o d e sim p le sm e n ­
te ir d o in íc io ao fim d o liv ro , a c e ita n d o as c o is a s c o n fo rm e
se a p re se n ta m . O re su lta d o se rá o m esm o : a P a lav ra de D eu s
se to rn a viva à m e d id a q u e a lem o s. A v o n ta d e d e D e u s se
to rn a m a is e v id e n te p a ra n ó s q u a n d o a b rim o s o c o ra ç ã o p a ra
E le. N a d a é m ais im p o rta n te n e sta v id a q u e o n o sso re la c io ­
n a m e n to co m D e u s. O d e se jo sin c e ro e a o ra ç ã o d o s q u e lh e
o fe re c e m e ste liv ro é q u e D eu s se to rn e p a rte im p o rta n te d a
su a v id a p e lo 1'ato d e te r re se rv a d o tem p o p a ra e s tu d a r a B í­
b lia co m o c o ra ç ã o e a m e n te a b erto s.

W alterA. Elwell
Indice dos M apas e Gráficos 9

Índice dos Mapas e Gráficos


M apas Mapa 15 Primeira Viagem Nomes de Jesus 97
Missionária Principais Credos e Concílios
Mapa 1 Nove Sítios
de Paulo 269 da História da Igreja 103
Arqueológicos
Importantes Hoje 43 Mapa 16 Segunda Onze Bênçãos na Bíblia 111
Viagem Missionária A Bíblia 119
Mapa 2 Sítios Arqueológicos ina
de Paulo 270
Palestina Antiga 61 Como Nascem as Traduções 127
Mapa 17 Terceira Viagem
Mapa 3 Sítios Arqueológicos Animais da Bíblia 128
Missionária
no Oriente Próximo Pássaros da Bíblia 130
de Paulo 271
Antigo 62 Passagens-chaves da Bíblia 131
Mapa 18 Viagem de
Mapa 4 Palestina nos Profecia Messiânica na Bíblia 135
Paulo a Roma 272
Tempos de Cristo 81
Genealogia de Adão a Abraão 142
Mapa 5 Percurso do
Cronologia dos Livros do Antigo
Julgamento e Diagramas e Tabelas
Testamento 145
Crucificação de 0 Calendário Judaico 22
Os Dez Mandamentos 148
Jesus 89 Seitas e Partidos na Palestina
Genealogia de Abraão a Davi 149
Mapa ó As Peregrinações do Novo Testamento 26-27
Ofertas do Antigo Testamento 153
do Êxodo 146 0 Dinheiro na Bíblia 28
0 Tabernáculo e o
Mapa 7 Nações Modernas Instrumentos Musicais na Bíblia 29
Acampamento das Tribos 156
no Crescente Fértil 147
Pesos e Medidas na Bíblia 36-37
As 12 Tribos de Israel 157
Mapa 8 Heranças das 46
Falsos Deuses da Antiguidade
Fatos marcantes da História
12 Tribos 163
Rios, Lagos e Mares da Bíblia 49 do Antiqo Testamento 161
Mapa 9 0 Reino de Saul 171
Cunrã (Planta] 51 Juizes de Israel 165
Mapa 10 0 Reino de Davi 173
A Bíblia em um Relance 59 Reis do Reino Dividido 179
Mapa 11 0 Reino Dividido 174
Tabela Cronológica de Eventos Oito Profetisas da Bíblia 182
Mapa 12 Aspectos Bíblicos 63-72 Livros dos Profetas 224
Geográficas
Os 12 Apóstolos 79 Dias de Festa Judaicos 247
da Palestina 254
As Parábolas na Bíblia 84-85 Cronoloaia dos Livros do Novo
Mapa 13 Distâncias entre
Os Milagres de Jesus 86-87 Testamento 250
Cidades importantes
As Sete Ultimas Palavras de Destaques da História do Novo
do Novo Testamento
Jesus na Cruz 91 Testamento 259
e Jerusalém 265
Dez Registros Bíblicos de Pessoas Planta do Templo de Herodes 261
Mapa 14 Dispersão das
Comunidades Ressuscitadas 91 Autoridades citadas

Visões de Personagens Bíblicas no Novo Testamento 262


Judaicas nos
dias de Cristo 266 em Relação a Deus 93 Autores do Novo Testamento 275
Lista de Abreviaturas
A ntigo Testamento N ovo Testamento
Gênesis Gn M ateus Mt
Exodo Êx M arcos Mc
Levítico Lv Lucas Lc
Núm eros Nm João Jo
Deuteronôm io Dt Atos dos Apóstolos At
Josué Js Romanos Rm
Juizes Jz 1 C oríntios 1 Co
Rute Rt 2 C oríntios 2 Co
1 Samuel 1 Sm G álatas Gl
2 Samuel 2 Sm Efésios Ef
1 Reis 1 Rs Filipenses FP
2 Reis 2 Rs Colossenses Cl
1 Crônicas 1 Cr 1 Tessalonicenses 1 Ts
2 Crônicas 2 Cr 2 Tessalonicenses 2 Ts
Esdras Ed 1 Timóteo 1 Tm
Neem ias Ne 2 Timóteo 2 Tm
Ester Et Tito Tt
Jó Jó Filemom Fm
Salmos SI Hebreus Hb
Provérbios Pv Tiago Tg
Eclesiastes Ec 1 Pedro 1 Pe
Cantares de Salom ão Ct 2 Pedro 2 Pe
Isaías Is 1 João 1 Jo
Jeremias Jr 2 João 2 Jo
Lamentações Lm 3 João 3 Jo
Ezequiel Ez Judas Jd
Daniel Dn Apocalipse Ap
Oséias Os
Joel Jl
Amós Am
O b a d ia s Ob
Jonas Jn
M iquéias Mq
Naum Na
H abacuque Hc
Sofonias Sf
A geu a9
Zacarias Zc
M a la q u ia s Ml
a uibiiú!------------
Um Livro Baseado
na História
A Cultura dos Tempos Bíblicos
Introdução 12
Infância 14
Educação 18
Casamento 19
Edificações 23
Política 25
Comércio 27
Arte e Lazer 28
Alimentação 29
Vestuário 30
Cabelo e Cosméticos 34

A Arqueologia e a Bíblia
Introdução 38
Atenas 41
Babilônia 42
Biblos 45
Jerícó 47
Jerusalém 48
Cunrã 50
Ras Shamra (Ugarite) 52
Susã 55
Ur 56

Breve Cronologia dos Eventos Bíblicos


Introdução 58
Tabela Cronológica 63
A Bíblia: Um Livro Baseado na História

m o s q u e Je su s tra to u as m u lh e re s d e m a n e ira rev o lu cio n á ria ,


c o n sid e ra n d o -s e o s c o stu m e s d a ép o ca. C o m e ç a m o s a e n ­
te n d e r p o r q u e os d isc íp u lo s de Je su s fic a ra m tão a d m irad o s
“d e q u e estiv esse fa la n d o c o m u m a m u lh e r” q u e n ã o e ra sua
p a re n ta (Jo 4 .2 7 ), e m ais a in d a p o r d is c u tir a ssu n to s esp iritu ­
ais im p o rta n te s co m ela. C o m p re e n d e m o s ta m b é m co m o
deve te r sido c h o c a n te , n u m a c u ltu ra q u e n ã o re c o n h e c ia o
te ste m u n h o d a m u lh e r d ia n te d e u m trib u n al, q u e D e u s tiv e s­
se p e rm itid o q u e as p rim e ira s te ste m u n h a s d a re ssu rre iç ã o
de Je su s fo sse m m u lh e re s (L c 2 4 .1 -1 2 ; cf. A t 2 .1 7 ,1 8 ).
O tra ta d o q u e se seg u e é a p en as u m a c o b e rtu ra p arcial do
g ra n d e v o lu m e de m ate ria l d isp o n ív el so b re a c u ltu ra dos
te m p o s b íb lic o s. V eja a lista de leitu ra su g e rid a n a p á g in a 344
se q u ise r e stu d a r m a is a fu n d o o assu n to .

Infância
A in fâ n c ia e ra b rev e n o s d ias do A n tig o T estam en to . A s c ri­
an ças, g e ra lm e n te em n ú m e ro d e sete, c re sc ia m q u a se se m ­
p re em fam ília s a m o ro sas. O s m e n o res sen tav am n o co lo d a
m ãe (cf. Is 6 6 .1 2 ,1 3 ) e b rin ca v am co m v ário s b rin q u e d o s,
a lg u n s d o s q u a is fo ra m rec u p e ra d o s m e d ia n te escav açõ es.
E m b o ra n ão h o u v e sse e sp o rte s e m e q u ip e, as c ria n ç a s in v en ­
tavam seu s p ró p rio s jo g o s , e os m en in o s lutavam . D esd e cedo,
c a d a c ria n ç a re c e b ia u m a ta re fa p a ra fazer, c o m o ap a n h ar
le n h a p a ra a c e n d e r o fo g o (Jr 7 .1 8 ), tira r á g u a d o p o ç o e c u i­
d a r d o s re b a n h o s (G n 2 9 .6 ) e d o gado.
O pai e ra o p ro v e d o r d a fa m ília , trab a lh a n d o n o s cam p o s ou
e m u m o fício o u o c u p aç ã o . U m de seu s d ev eres e ra e n sin a r
u m o fício ou p ro fissã o ao filho. O s m e n in o s ia m co m os p ais
p a ra o c am p o ou p a ra as o ficin as e o b serv av am o seu tra b a ­
lho. A m e d id a q u e o filh o crescia , ia a ju d an d o c a d a v ez m ais
e d o m in a n d o o tra b a lh o . A m e n in a , p o r seu lad o , ap re n d ia os
se rv iç o s d o m é stic o s c o m a m ãe.
A a d o le sc ê n c ia c o m o a c o n h e c e m o s e ra d e sc o n h e c id a nos
te m p o s b íb lic o s. A c ria n ç a se to rn av a lo g o u m jo v e m ad u lto
e e ra e n c o ra ja d a a p a rtic ip a r ao m á x im o d a v id a fam iliar.
A Cultura dos Tempos Bíblicos 15

Q u an d o h a v ia fe s ta s re lig io sa s, as c ria n ç a s q u a se sem p re


a c o m p a n h av a m os p a is ao san tu ário , c o m o Jesu s fez aos 12
anos (L c 2 .4 2 ). A s jo v e n z in h a s n ão u sa v a m v éu n e m fic a ­
v am reclu sas, p o d ia m v isita r liv re m e n te os a m ig o s e v iz i­
nhos q u a n d o te rm in a v a m as suas tarefas.
N o p rin c íp io d o p e río d o p atria rc a l, u m filh o ou filh a p o d ia
ser m o rto p o r d e so b e d e c e r ao p ai; m as, c o m o a d v en to d a lei
de M o isés, o p ai tin h a de a p re se n ta r o c a so aos an ciã o s (D t
2 1 .1 8 -2 1 ). O s filh o s a c u sa d o s d e d e so b e d iê n c ia , g u la ou
em b ria g u e z p o d ia m ser a p e d re ja d o s a té a m o rte. A a u to rid a ­
de do p ai tam b ém se e ste n d ia a u m filh o c a sa d o q u e v iv esse ym grupQ jg cr|anças
co m OS pais. israelenses no histórico
muro Ocidental em
Jerusalém.
Nomes Bíblicos Importantes
Abel sopro, campina Eliseu Deus como Salvador
Abigail pai da alegria, Emanuel Deus conosco
alegria do pai Enoque dedicado,
Absalão pai da amizade ou consagrado
da paz Esail peludo
Acaz possuidor Esdras ajuda
Adão homem Ester estrela
Ageu festivo Estevão uma coroa
Agripa que causa dor ao nascer Eííde o único
Amós fardo, alguém com um Eva vida, viva
fardo Ezequias poder do Senhor
Ana graça, graciosa Ezequiel força de Deus ou
André um homem, viril Deus fortalecerá
Apoio pertencente a Apoio Félix jubiloso, feliz
Aquila uma águia Festo alegre
Arão iluminado HERODES
Filemom carinhoso, afetivo
Balaão estrangeiro, Senhor Filipe afeiçoado aos cavalos
do povo Gabriel homem de Deus Herodes glória superficial
Barnabé filho da consolação Gade boa sorte, afortunado Isabel juramento de Deus
Bartolomeu filho de Gaio da terra Isaque riso
Ptolomeu Gideão lenhador, cortador de Isâíàs salvação do Senhor
Bate-Seba filha de um ou de árvores Ismael aquele que Deus ouve
sete juramentos Golias expulsão, rechaçador Israel soldado de Deus
Benjamim filho da mão direita Habacuque aperto de mão, Jacó usurpador
Berenice que traz a vitória abraço Jasom aquele que cura
Boaz ligeireza, força Hazael visto por Deus Jeoaquim estabelecido pelo
Caim aquisição, posse Senhor
Calebe, gritador, cão Jeosafá o Senhor julga
Cam, negro Jeová o que existe
Cefas pedra, rocha eternamente
Ciro sol, esplendor Jeremias exaltado por Deus
Clemente brando, amável Jessé riqueza, firmeza
Cornélio de um chifre Jesus aquele que cura,
Dã juiz salvador
Dalila fraca, terna, infeliz Jetro preeminente
Daniel Deus é meu juiz, o Jeú o Senhor é Ele
juízo de Deus Jezabel sem coabitação,
Davi caro, amado casta
Débora abelha Jó muito ferido, aflito
Eleazar Deus meu ajudador Joabe o Senhor é pai
Eli exaltando João dom de Deus, graça
Elias O Senhor é o meu Deus Joel cujo Deus é o Senhor
DAVI
Jonas pomba
Jônatas dom de Deus, o Sansão como o sol
Senhor é gracioso Sara princesa
José ele aumentará Satanás adversário
Josias Deus cura Saul solicitado
Josué o Senhor é salvação Sete renovo
Jotão o Senhor é reto Simeão alguém que é ouvido
Judá louvado Sofonias tesouro do Senhor, o
Judas louvado Senhor oculta
Judite judia Tadeu homem de coração
Lázaro Deus meu ajudador Tiago usurpador
Levi coroado, coroa Timóteo honrado por Deus,
Lia cansada quem honra a Deus
Lídia contenda Tito digno de honra
Ló véu, cobertura Urias luz do Senhor, o Senhor
RUTE é a minha luz
Lucas doador da luz
Lúcifer aquele que traz. a luz Uzias poder do Senhor, força
Malaquias enviado, men­ do Senhor
sageiro do Senhor Zacarias lembrado pelo
Manassés esquecer, quem Nicodemos conquistador do Senhor
faz esquecer povo Zedequias justiça do Senhor
Marcos amável Noé descanso
Mardoqueu consagrado a Noemi graciosa, atraente,
Merodaque agradável
Maria resistência, rebelião Obadias servo do Senhor
Marta senhora Oséias libertação, salvação
Mateus dom do Senhor Otoniel leão de Deus
Matusalém homem da es­ Paulo pequeno
curidão, da descendência Pedro rocha, pedra
Melquisedeque rei da justiça Priscilla antiga
Miguel quem é como Deus? Raabe graciosa, espaçosa
Miquéias quem é como Deus? Raquel cordeira
Miriã resistência, rebelião Rebeca grilhão, corda para
Moabe terra desejável prender
Moisés tirado da água Rúben um filho, o Senhor
Nabucodonosor príncipe do viu, misericórdia de
deus Nebo Deus
Natã dom (de Deus) Rute amiga
Natanael dom de Deus Salomão pacífico
Naum consolo, simpatia, Samuel nome de Deus,
consolador colocado por Deus,
Neemias consolo de Deus ouvido por Deus
PEDRO
18

Educação
A e d u c a ç ã o se m p re foi p rio rid a d e e n tre os ju d e u s . A c ri­
a n ç a e ra e n s in a d a a c o m p re e n d e r a re la ç ã o esp e c ia l d o seu
p o v o co m D e u s e a im p o rtâ n c ia d e se rv ir ao S e n h o r (E x
1 2 .2 6 ,2 7 ; D t 4 .9 ). A h is tó ria do p o v o ju d e u tin h a e n o rm e
im p o rtâ n c ia ; e ste c o n h e c im e n to a ju d a v a a su s te n ta r o id e al
d e u m a p á tria n o s p e río d o s d e c a tiv e iro e ex ílio . C o m o a
c ria n ç a e ra e n s in a d a a p rin c íp io p e la fa m ília , su a c o m p re e n ­
são d a fé e ra e n riq u e c id a p e la s p rá tic a s fa m ilia re s , e s p e c ia l­
m e n te re fe iç õ e s lig a d a s a fe sta s re lig io sa s c o m o a P ásco a.
Q u a n d o os m e n in o s fica v am m a is v elh o s, re c e b ia m d o pai
e n sin a m e n to s so b re su a h e ra n ç a e tra d iç õ e s re lig io sa s.
N a é p o c a d o N o v o T e sta m e n to , as e sc o la s e le m e n ta re s
e ra m in s ta la d a s p e la c o m u n id a d e , em g era l n a sin a g o g a ou
n a c a sa d o p ro fesso r.

Jovens judeus sentados


aos pés do professor na
escola da sinagoga.
A Cultura dos Tempos Bíblicos 19

O s m en in o s c o m e ç a v a m a ir à e sc o la co m c e rc a d e sete
an o s, e fica v a m sen ta d o s n o ch ã o , ju n to ao p ro fesso r, q u e
lh es e x p u n h a a L ei e o u tras E scritu ra s. A e d u c aç ã o ac im a d o
nível e le m e n ta r e ra re sp o n sa b ilid a d e d o s rab in o s, escrib a s e
fariseus. E sp e ra v a -se q u e o m en in o tiv e sse p ro fu n d o c o n h e ­
c im en to d a h is tó ria d o s h e b re u s e d a L ei. E le a p re n d ia ta m ­
b ém a ler, a e sc re v e r e a fa z e r c á lc u lo s, a ssim co m o o u tro s
assu n to s, q u e p o d e m te r in clu íd o c o n h e c im e n to so b re erv as
(cf. 1 Rs 4 .3 3 ).

Casamento
O casam en to , relação q ue na ép o ca d o C ristian ism o se tor­
nara um sacram en to , era orig in alm en te u m a troca d e votos en ­
tre a noiva e o noivo, resultante de negociações entre os pais de
am bos. M uitos israelitas se casavam co m u m a só m ulher; o u ­
tros, nos dias d o A n tig o Testam ento, tin h am du as m u lh eres (D t
21.15) ou u m a ou m ais concubinas. D avi tinha m ais de u m a
m ulher; S alo m ão tin h a setecentas (2 Sm 5.13; 1 Rs 11.3; C t
6.8,9). H erodes, o G rande, p ossuía nove m ulheres.
O s c a sa m e n to s era m fre q ü e n te m e n te a rra n ja d o s co m p a ­
ren tes p ró x im o s o u m e m b ro s d o c lã o u d a trib o . C o m o a n o i­
va se to rn a ria m e m b ro d a fam ília d o m arid o , era im p o rta n te
p ara os p ais d o n o iv o sab erem se e la e ra c o n v e n ie n te ou c o m ­
patível com se u s p are n te s. O c o n se n tim e n to d o s noiv o s era
alg u m as v ezes o b tid o , m as n ão ex ig id o . E m b o ra o c a sa m e n ­
to devesse ser p a ra a v id a in teira, o m a rid o p o d ia d iv o rciar-se
da esp o sa m e d ia n te u m a sim p les d e c la ra ç ã o co m esse e feito .
E la, p o ré m , n ã o p o d ia d iv o rc ia r-se d ele. A lei ju d a ic a ex ig iu
m ais tard e um d o c u m e n to e sc rito p a ra o d iv ó rcio . M as o d i­
vórcio era raro n o s d ias d o A n tig o T estam en to .
O n o iv ad o , q u e o c o rria um a n o a n te s d o c a sa m e n to , era
um c o n tra to fo rm al (M t 1.18; L c 1.27; 2 .5 ). A p a rtir d e e n ­
tão, a n oiv a e ra c o n sid e ra d a p e rte n c e n te ao fu tu ro m arid o ,
sen d o ele e n tã o re c o n h e c id o c o m o g e n ro p e la fa m ília dela.
Para e sta b e le c e r os re la c io n a m e n to s fa m iliares ad e q u a d o s, o
hom em ficav a ise n to do serv iço m ilita r d u ra n te o p rim e iro
ano ap ó s a c e rim ô n ia d e c a sa m e n to fo rm al (D t 24.5).
A Bíblia: Um Livro Baseado na História

O p re ç o d a n o iv a e ra u m a d as ra z õ e s p a ra a fre q ü ê n c ia d a
m o n o g a m ia . P o u c o s h o m e n s p o d ia m p a g a r u m a so m a tão
su b sta n c ia l m ais d e u m a vez. O p re ç o d a n o iv a e ra u m v alo r
d e c o m p ra p a g o ao pai d e la p a ra c o m p e n s a r a p e rd a d o tra ­
b a lh o d a filh a n o la r o u nos cam p o s. A s v e ze s, o p re ç o e ra
p a g o n a fo rm a d e tra b a lh o , c o m o q u a n d o Ja c ó serv iu L ab ão
p o r 14 an o s p a ra o b te r L ia e R a q u e l (G n 2 9 .1 5 -2 8 ). P arte do
d o te e ra c o stu m e ira m e n te e n treg u e à p ró p ria n oiva, g e ra l­
m en te n a fo rm a d e jó ia s , q u e e la u sav a co m o a d o rn o n as b o ­
das.
O n o iv o se v e stia ric a m e n te p a ra as n ú p c ia s, em tra je s
su n tu o so s e p e rfu m a d o s, levan d o n a ca b e ç a u m a g rin a ld a de
flo res. O s p re p a ra tiv o s p a ra a n o iv a e n v o lv ia m to rn a r a pele
tra n slú c id a e e n tra n ç a r o c a b e lo , se p o ssív el c o m o u ro e p é ­
ro las. S e u s a d o rn o s in c lu ía m o v e stu á rio m ais fin o e tam b ém
u m véu. A ssim p re p a ra d a , a n o iv a e su as d a m a s d e h o n ra
e sp erav a m a c h e g a d a d a p ro c issã o d o no iv o n a c a sa d o pai
dela. E n q u a n to a tra v e ssav a o p o v o a d o o u c id a d e , a p ro c issão
do n o iv o e seu s a m ig o s, ilu m in a d a p o r a rc h o te s, era a c o m p a ­
n h ad a p o r m ú sic a (J r 7 .3 4 ) e a leg ria. A p ro c issã o reto rn av a,
d ep o is, co m a n o iv a e seu s a c o m p a n h a n te s à c a s a d o noivo,
o n d e a fe s ta d as b o d a s d u ra v a m u ita s v ezes sete d ias ou até
14. U m q u arto d e n ú p cia s esp e c ia l a g u a rd a v a o s rec é m -c a sa -
d o s. A jo v e m e sp o sa , im e d ia ta m e n te , c o m e ç a v a a e sp e ra r o
c u m p rim e n to d o seu d e v e r m a is im p o rtan te, a c o n c e p ç ã o de
um filho.
A jo v e m e sp o sa ficav a en tã o re sp o n sá v e l p e lo s serv iç o s
d o m é stic o s, tais c o m o co zin h a r, lim p ar, tecer, c o stu ra r e ta m ­
b ém a ju d a r o c a sio n a lm e n te nos c a m p o s ou v in h e d o s. E sp e ­
rav a-se q u e e la e d u c a sse o s filh o s nos p rim e iro s e stá g io s d e
su a s v id as (P v 1.8; 6 .2 0 ; 3 1 .1 0 -3 1 ).
C o m o c h e fe d a c a sa , o pai to m av a to d as as d ecisõ es. A té
a p ro m e ssa fe ita p e la e sp o s a era in v álid a se m o c o n se n ti­
m e n to d e le (N m 3 0). N ã o o b sta n te , a p o siçã o d a e sp o sa e ra
s u p e rio r à d e m u ita s m u lh e re s á ra b e s q u e, a ssim c o m o os
filhos, e ra c o n sid e ra d a p ro p rie d a d e d e trab alh o . A m u lh e r e
seu s filh o s n ão p o d ia m se r v e n d id o s c o m o e scrav o s, e m b o ra
a filh a sim . M as, a té n o s d ia s d o N o v o T e sta m e n to , u m a fa ­
m ília in teira p o d ia se r v e n d id a c o m o p a g a m e n to de d ív id as
co n tra íd a s p o r u m d e seu s m em b ro s (M t 18.2 5 ).
E m b o ra a m u lh e r n ão p u d esse a b a n d o n a r o m arid o , p o ­
d ia ficar su b o rd in a d a a u m a nova esp o sa o u c o n c u b in a e p e r­
d e r o d ireito à h e ra n ç a d a s p ro p rie d a d e s. T o d av ia, m esm o
n essas c irc u n stâ n cia s, n ã o e ra seg reg ad a, m as p artic ip a v a das
festas e a tiv id ad e s fa m iliares. A m u lh e r lin h a o a feto e re s­
p eito d o s filh o s, e sp e c ia lm e n te q u a n d o e ra m ã e d e filh o s d o
sexo m ascu lin o . E n tre o s ben s d o h o m em , n ão o b stan te, eram
listad o s su a m u lh er, serv o s, e scrav o s e a n im a is (E x 2 0 .1 7 ;
D t 5 .2 1 ). A p o siç ã o su b se rv ie n te d a m u lh e r é v ista q u a n d o
ch a m a o m a rid o d e se n h o r ou m estre (G n 18.12).
A s m u lh e re s, n u m a fa m ília , esta v a m su p o sta m e n te sob a
p ro teção de u m h o m e m . Q u a n d o cria n ç a , o pai d a m en in a
0 Calendário Judaico
(Veja também Dias de Festa Judaicos, p. 247)

Ordem do Ordem do Mês Equivalente Dias de


ano civil ano religioso hebraico ocidental celebração

1 7 Tisri SET/OUT l-,R o s h Hashanah


10a ,Yom Kippur
15o- 21a , Sucote

2 8 Maresvã O U T /N O V

3 9 Quísleu N O V /D E Z 2 5 s , Flanukah

4 10 Tebete DEZ/JAN

5 11 Sabate JAN/FEV

6 12 Adar FEV/MAR 14 -1 5 -, Purim

7 1 Nisã MAR/ABR 14-21®, Páscoa e Pão sem Fermento

8 2 Liar A BR /M AI

9 3 Sivã M A I/JU N 62 , Pentecostes

10 4 Tamuz JUN/JUL

11 5 Abe JU L/AG O 9fi, Destruição do Templo

12 6 Elul AGO/SET

*
Adar-shen Mês intercalado

* Em cada ano que a cevada não amadurecesse, até o 16 dia de nisã, este mês deveria ser
acrescentado, porém jamais em dois anos seguidos.
A Cultura dos Tempos Bíblicos

era seu se n h o r; q u a n d o c asad a, o m a rid o ; q u a n d o v iú v a, o


p are n te m a is p ró x im o do m arid o . A m u lh e r v irtu o sa d o s te m ­
pos b íb lic o s d e v ia se r d iscreta , c a la d a , sen sív el e e n c a n ta d o ­
ra (P v 9 .1 3 ; 1 1.16,22; 21.9). D evia p o ss u ir ta m b é m h a b ili­
d ad es d e o rg a n iz a ç ã o e g e re n c ia m e n to d a s fin a n ç a s d a fa m í­
lia (P v 3 1 .1 0 -3 1 ). A s m u lh e re s fo rte s, d o m in a d o ra s, co m
carg o s p ú b lico s, c o m o D éb o ra, Ja el e Ju d ite, era m raras. N a
ép o ca d o s ro m a n o s, p o rém , as m u lh e re s eram g ra n d em e n te
re sp eita d a s e a ju d av a m m u itas v e zes os m a rid o s nos n e g ó c i­
os. A atitu d e d e Je su s p a ra co m as m u lh e re s a ju d o u a m e lh o ­
rar a situ aç ã o d e las n a p rim e ira e ra c ristã . N os d ias d o N ovo
T estam en to , e sp e ra v a -se q u e as m u lh e re s fo ssem am o ro sa s,
santas e re v e re n te s (T t 2 .4 ; 1 P e 3 .2 -6 ).

Edificações
In ú m e ra s fa m ília s v iv iam em p o v o ad o s o u cid a d e s c er­
cadas de g ro sso s m u ro s de p ro teção . A lg u m a s v ezes, a c id a ­
d e p o ssu ía três m u ro s c o n cên trico s co m p o rtõ e s p e sa d a m e n te
fo rtificad o s, q u a se se m p re c o n stru íd o s c o m seis g ra n d e s p i­
lares. S o b o a sp e c to d a a rq u ite tu ra, os p ré d io s e ra m p rá tic o s
e de d ese n h o sim p le s, m as no g eral d em o n stra v a m ex atid ã o
e en g e n h a ria de b o a q u alid ad e.
O tem p lo de S alo m ão foi p la n e jad o no estilo sírio -fen íc io ,
q ue era a rtístico e e leg a n te. O u so d e p e d ra c a lc á ria a c e n tu a ­
va o re s p le n d o r d a co n stru ç ão à lu z d o sol e d a lua. O b ro n ze
e a m a d e ira re c o b e rto s d e o u ro , o p iso d e m ad eira , as e sc u l­
turas, o sol b rilh a n d o atrav és das ja n e la s a ltas, tu d o to rn a v a o
T em p lo sin g u la r em su a m a g n ificên cia.
A s c a sas d o p o v o c o m u m c o n tra sta v a m c o m e ss a g ló ria.
M u itas e ra m fe ita s d e p ed ra, a lg u m a s d e a rg a m a ssa e g esso .
A s c o n stru ç õ e s, g era lm e n te , c o n sistia m de u m a p o sen to p rin ­
cipal, e m b o ra as c a sa s m aio res fo ssem c o n stru íd a s ao re d o r
de u m p á tio ce n tra l. T odas as h a b ita ç õ e s tin h a m teto p lan o ,
q u e p o d ia se r c o b e rto co m um to ld o , a fim d e p ro v e r u m
lu g ar tra n q ü ilo d e re p o u so (A t 10.9). G alh o s, b a rro e arg ila
24 A Bíblia: Um Livro Baseado na História

e ra m u sa d o s p a ra fa z e r o teto , q u e q u a se n u n c a e ra à p ro v a
d ’ág u a. E ra c o m u m v er-se o c a p im b ro ta n d o e m c im a das
Corte de uma casa dos c a sas, e a p arte s u p e rio r tin h a d e ser m u ita s v e z e s a p la in a d a
tempos bíblicos. Note a n o v a m en te d ep o is d e u m a ch u v a fo rte. O s q u a rto s tin h am o
construção do teto e o p iso d e te rra b a tid a e n e les v iv iam e d o rm ia m os m e m b ro s d a
aposento único fa m ília e os an im a is. F re sta s ab e rta s n as p a re d e s serv iam de
compartilhado pela
ja n e la s , q u e p o d ia m se r co b e rta s co m c o rtin a s à n o ite. Q u a n ­
família e os animais.
to m e n o s ja n e la s ta n to m e n o s o sol p o d ia p e n etra r, e a ca sa
A Cultura dos Tempos Bíblicos

p e rm a n e c ia e n tã o fre sc a e c o n fo rtá v el d u ra n te o dia. D ep o is


d o p ô r-d o -so l as p a re d e s d e b a rro e sc u ro e ra m ilu m in a d as
p o r la m p a rin a s a ó leo .

Política
A c u ltu ra d e u m p o v o - c o m p o rta m e n to so cial, c o stu ­
m es, v id a fa m ilia r e la z e r - é a fe ta d a ta n to p e la estru tu ra
p o lític a c o m o p e la in te ra çã o c o m e rc ia l co m as civ iliz aç õ es
v izin h as. A p o lític a , ou assu n to s re la tiv o s à c id ad e -e stad o
(grego polis, “c id a d e ” ), in flu e n c ia m n e c e ssa ria m e n te a v id a
e as a tiv id a d e s d o s c id ad ã o s. A s p rim e ira s c id a d e s-e stad o s
fo ram o rg a n iz a d a s ao sul d a M e so p o tâ m ia . S u a p o lític a c o n ­
sistia em d irig ir, b e m ou m al, o s v á rio s assu n to s relativ o s à
c id a d e e e v ita r q u e fo sse c o n q u ista d a p e lo s p o d e ro so s v iz i­
nhos. G e ra lm e n te e ra um rei o u u m a ra in h a q u em g o v ern av a
a cid a d e -e sta d o , q u e c o n sistia d a c id a d e em si e d as terras
p ró x im as ao s se u s m u ro s. O s g o v e rn an tes tin h a m sa c e rd o te s
e o ficiais d a c o rte c o m o c o n se lh e iro s e e n v iav am o c a sio n a l­
m en te e m b a ix a d o re s às co rtes das o u tra s cid a d e s-e sta d o s.
N o E gito, ao su b ir ao trono, o rei q u ase sem pre tom ava as
decisões sobre o relacionam ento co m os povos vizinhos. O faraó,
portanto, p o d ia reso lv er invadir a N tíbia ou c o n q u istar a P ales­
tina e a S íria ap en as para firm ar ali o seu poder. O s reis nem
se m p re e ra m p o p u la re s ju n to a o s s ú d ito s, e p e rio d ic a m e n te
u m d eles e ra m o rto d e p o is de a lg u m a c o n sp ira ç ã o e n tre os
seu s o ficia is ou e n tre as m u lh e re s d o p alá c io .
E m ocasiõ es m u ito raras, d u as naçõ es pod iam estar lutan­
do entre si, e n q u an to u m a terceira tentava atacá-las. Isto o co r­
reu em 583 a.C ., q u an d o a S íria e Israel se achavam em gu erra
e os assírios su b itam en te am eaçaram destru ir am b o s os ex érci­
tos. Israel e a S íria p ro n ta m e n te ju n ta ra m as fo rça s p a ra d e r­
ro ta r os a ssírio s. A s v e zes as n a ç õ e s ta m b é m c o e x istia m em
p az, fa z e n d o tra ta d o s c o n ju n to s c o m fin s c o m e rc iais.
A n açã o v e n c e d o ra sem p re c o n fisc a v a d esp o jo s e a rre c a ­
dava trib u to s d o p o v o c o n q u ista d o , c o b ra n d o às v ezes im ­
p o sto s d o s v e n c id o s d u ra n te an o s. E m ta is c a so s, u m g o v er-
Seitas e Partidos
na Palestina do Novo Testamento
Nome Descrição

Religioso

Fariseus Seita judaica que comandava o poder religioso na Palestina durante o ministério
de Cristo. Esses indivíduos, "separados", criam que as suas descrições detalha
das de como obedecer à lei se igualavam em autoridade à lei mosaica e que a
sua obediência meticulosa a essas tradições os tornava os únicos judeus justos vivos.

Saduceus Seita judaica formada quase que só de sacerdotes. Esses "justos" criam que a lei mosaica
era a suprema autoridade e que nenhuma lei oral ou tradição podia ser considerada no
mesmo plano que as Escrituras. Em contraste com os fariseus, não criam na ressurreição, em
anjos ou em espíritos (At 23.8).

Essênios Seita judaica cujos membros viviam como os monges da Idade Média. Em suas
comunidades isoladas, esses homens "piedosos", ou "santos", procuravam o
ideal de pureza e a comunhão divina mediante a prática da autonegação,
temperança, trabalho (lavoura) e contemplação.

Político
Herodianos Seita formada por judeus, que concordavam em submeter-se ao governo e às práticas
romanas. Acreditavam que Herodes e seus descendentes eram a última esperança de Israel
para manter qualquer semelhança de um governo nacional próprio.

n a d o r-re sid e n te e ra n o m e a d o p a ra fa z e r co m q u e as au to ri­


d a d e s d a c id a d e c o n q u is ta d a e o u tro s a u x ilia re s co b ra sse m
o s trib u to s. Q u a lq u e r te n ta tiv a d e e v ita r o p a g a m e n to g e ra l­
m e n te resu ltav a e m c a stig o sev ero . O s h e b reu s p ag av am ta­
xas p e sa d a s ao s a ssírio s e ro m an o s, e n ão é p re ciso d iz e r q u e
o c o b ra d o r d e im p o sto s era se m p re im p o p u lar. A v id a p o líti­
c a d o s ju d e u s n o s d ia s d e C risto e ra d ific u lta d a p e la p re se n ç a
de u m g o v e rn a d o r ro m a n o , q u e c o n tro la v a e strita m e n te a li­
b e rd a d e p o lític a d o p o v o e a c o b ra n ç a dos im p o sto s.
Zelotes Seita fortemente nacionalista, cujo grito de batalha era: "Nenhum Senhor senão Jeová;
nenhum imposto senão o do Templo; nenhum amigo senão os zelotes". Eles combinavam
as práticas religiosas dos fariseus com o ódio acirrado contra qualquer governo gentio.

Galileus Seita cujos membros criam que o controle de Israel por estrangeiros não era bíblico e,
portanto, se recusavam a reconhecer ou orar pelos princípes estrangeiros. Por causa de
sua grande semelhança política com os zelotes, os galileus foram eventualmente
absorvidos por aquela seita.

Social
Escribas Classe de homens que copiavam, ensinavam e explicavam a lei. Da mesma forma que os
fariseus, eles se apegavam à autoridade das tradições orais. Como professores da lei,
mantinham um lugar importante na socidade judaica e também serviam como juizes ou
advogados, julgando de acordo com a lei que conheciam tão bem.

Nazarenos Judeus que faziam voto de separação, por um período de tempo limitado ou para a vida
inteira. Reconhecidos facilmente por jurarem nunca cortar o cabelo, os nazireus se separavam
pelo seu estilo de vida para poder achegar- se mais a Deus e como testemunho da condição
pecaminosa da nação.

Prosélitos Não-judeus convertido ao judaísmo. Ao receber circuncisão, eram considerados como


tendo sido enxertados na família de Abraão e, portanto, deveriam seguir a lei.

Publicanos Judeus que trabalhavam para o governo romano, cobrando impostos. Sua disposição
para trabalhar no governo era vista como falta de lealdade a Israel e desejo de
comerciar com os gentios.

Comércio
E m b o ra essen cialm en te um país pobre, Israel estava situado
nas p rincipais rotas com erciais, esp ecialm en te a norte-sul. O E g i­
to exportava grãos e m ercadorias m anufaturadas, assim com o Ebla.
A F en ícia exp an d iu suas atividades m anu fatu reiras, ju n ta m e n te
com seu com ércio m arítim o . Israel, país agrícola, ven d ia azeite,
vin h o e lã a granel, tecid o s d e linho e m etais. O trigo era a princi­
pal m ercad o ria c o m ercializad a ao longo d a rota leste-oeste, que
cru zav a a G aliléia. O co m ércio atingiu o seu apogeu nos reinados
de Davi e S alom ão, sendo q u e este últim o co n seg u iu u m a grande
fortuna, cob ran d o im p o sto das caravanas com erciais que passa­
vam p or suas terras. S alo m ão construiu tam b ém , u m a frota de
0 Dinheiro na Bíblia
Medida Sistema Peso Valor Aprox. Valor Aprox.
Equivalente Aprox. EUA Grã-Bretanha

gera 1 /1 0 beca $.02 IP


1/ 2 0 siclo

beca 10 geras $.25 13p


1/ 2 siclo

siclo* 2 becas ]0 g $.50 27 p


20 geras 1/2 onça

mina 5 0 siclos 500g $25.00 £14


100 bekas 1 libra

talento 6 0 minas 30k $1,500.00 £835


3 00 0 siclos 66 libras

siclo de ouro $8.00 £4.50

mina de ouro $400.00 £ 222

talento de ouro $24,000.00 £13,333

* salário normal de um dia de trabalho

Nota: Qualquer conversão de dinheiro para valores contemporâneos é arbitrária. Os preços do ouro e da prata
variaram enormemente no correr dos séculos, e o poder de compra do dinheiro numa sociedade rural como
Israel, na antiguidade, não pode ser comparado diretamente com o seu poder aquisitivo numa sociedade
industrial moderna

navios m ercan tes p ara o co m ércio d o m ar V erm elho, ex p an ­


din d o , assim , seus interesses com erciais. D e m odo geral, p o ­
rém , Israel co m erciav a co m a F en ícia e o E gito e só enviava
m ercad o rias à S íria o casio n alm en te. N o período ro m an o , o
co m ércio co m reg iõ es m ais distantes foi solidificado, ben efici­
and o o p o v o ju d e u .

Artes e Lazer
A lite ra tu ra e ra u m a fo rm a d e arte m u ito d e sen v o lv id a,
c o m o e v id e n c ia d o p e las e sc ritu ra s h e b ra ic a s e g reg as. O c u l­
tiv o d a m e n te e ra a c e n tu a d o p e la c o m p o siç ã o e m e m o riz a ­
ç ã o d e p ro v é rb io s. E m b o ra os m o m e n to s de laz e r fo ssem es-
casso s, a lira e a fla u ta e ra m in stru m e n to s m u sicais p o p u la ­
res. A m ú sic a in stru m e n ta l e v o cal, assim c o m o a d a n ç a de
h o m en s e m u lh e re s em g ru p o s se p a ra d o s, fo rm a v a p arte in ­
teg ran te d a v id a so cial e d a fu n ç ã o re lig io sa dos israelitas
(Ê x 15.20; 1 S m 18.6; 2 Sm 6.14,21 etc.).

Alimentação
É d u v id o so q u e as fam ília s dos te m p o s b íb lico s tiv essem
refeiçõ es c o m p a rá v e is ao n o sso d e sje ju m p ara cria n ça s ou
adultos. S e o p a i trab alh av a n o s c a m p o s, p ro v a v e lm en te le ­
vava um a lm o ç o leve, a ssim c o m o o s filh o s q u e c u id a v a m do
g ad o ou d o s re b a n h o s. Tal re fe iç ã o in c lu iria b olos sim p les
ou p ães, a z e ito n a s, fig o s e c o a lh a d a o u q u eijo d e leite de
cab ra. A s c ria n ç a s p e q u e n a s a ju d a v a m a p re p a ra r o ja n ta r, a
p rin cip al re fe iç ã o d o dia. E sta re fe iç ã o e ra e sse n c ia lm e n te
u m a re u n iã o fa m ilia r e p ro v a v e lm en te co m e ç av a ce d o p a ra
ap ro v eitar a lu z re stan te do d ia. A co n v e rsa c o n tin u a v a até
m ais tard e, à lu z d e p e q u e n a s la m p a rin a s a ó leo. A refeiç ão
da n o ite in c lu ía p ão ou b olos d e cereal cu ltiv ad o n a p ro p rie ­
dad e, no g eral, cev ad a, q u e ijo d e le ite d e c a b ra o u c o a lh a d a ,
além de v eg eta is c o m o len tilh as, feijão, ervilhas e alho-poró.
E m bora n em sem p re houvesse vegetais, eles acrescentavam
variedade à refeição quando presentes. Sal, alho e possivelm en­
te vinagre eram usados com o tem pero. O vinho, no geral b as­
tante aguado, e ra b ebido às refeições.
O s alim e n to s eram c o z id o s e m ó le o de o liv a, e o m el era
u sad o c o m o ad o ç a n te . O p ro b lem a c o m essa a lim e n ta ç ã o ,

Instrumentos Musicais na Bíblia


harpa (Gn 4.21) alaúde (1 Sm 18.6) tais como 4, 6 e 55)
flauta ou orgão (Gn 4.21) liras (1 Cr 16.5) trombeta ou buzina
trombetas de chifre de carneiro címbalos (1 Cr 16.5) (Dn 3.5)
(Js 6.4) instrumentos de corda cítara (Dn 3.5)
tamborins ou adufes (dedicações aos salmos, gaita de foles (Dn 3.5)
(1 Sm 18.6)
30 A Bíblia: Um Livro Baseado na História

À direita: Mulher nas fa m ília s m e n o s a b a sta d a s, e ra se r e x tre m a m e n te m o n ó ­


oriental tecendo to n a a p e sa r d as h a b ilid a d e s d a e sp o s a n a co z in h a . T o d av ia
conforme a tradição. o s m em b ro s ex a u sto s e fa m in to s d a fa m ília p ro v av elm en te
se p re o c u p a v a m m e n o s c o m a v a ried a d e q u e co m o fato de
h a v er c o m id a n a m esa. N ão se c o m ia m u ita carn e, exceto d e ­
pois de u m sacrifício , d esd e q u e em ou tras ép o cas, os an im ais
e ram valiosos d e m a is p a ra os p o b re s os co n sid erarem a lim e n ­
to. O s ricos v iv iam m elh o r, p o is c o m ia m carn e d e c a b rito ou
d e v ead o (G n 2 7 .3 -3 3 ; 2 Sm 12.2,3; L c 15.29) ou um n o v i­
lh o cev ad o , n as fe sta s e sp e c ia is (1 S m 2 8 .2 4 ; M t 22.4 ). F a i­
sõ es, ro las, c o d o rn iz e s, p o m b o s e p e rd iz e s era m ta m b é m
c o m id o s (Ê x 16.13; D t 14.4-19), a ssim c o m o v ária s esp écies
de p eixes.
A s fe s ta s s u n tu o s a s e ra m fr e q ü e n te s n o s d ia s d o rei
S alo m ão . A s m u lh e re s u sa v a m v e stid o s d e te cid o s fin o s e
jó ia s tra b a lh a d a s, se n ta n d o -se c o m seu s an fitriõ es em c o m ­
p rid as m esas o n d e h av ia a lim e n to s d e to d a so rte, in clu siv e
c a rn e , aves e d o c e s, a ssim c o m o g ra n d e q u a n tid a d e de v in h o
e c erv eja. N os d ias d o N o v o T e stam en to , o p rato p rin c ip al
c o n sistia d e u m a tig e la d e c o zid o d e carn e e/o u v eg etais c o ­
lo ca d a no c e n tro d a m esa. A fa m ília e os co n v id a d o s c o rta ­
vam en tã o p e q u e n o s b o c a d o s de p ão e os m o lh a v a m na tig e ­
la co m u m . O s v is ita n te s e ra m fre q ü e n te s à h o ra da refe içã o ,
p o is a h o sp ita lid a d e ao s v ia ja n tes fa z ia p arte dos c o stu m es
h e b re u s. E ste m e io se rv ia tam b é m p a ra o b te r-se in fo rm a ç ã o
d e n a tu re z a p o lític a , co m e rc ia l ou so cial so b re as o u tra s c i­
d a d es ou p o v o ad o s.

Vestuário
O s m e rc a d o re s, q u e v en d ia m sed as e te cid o s d e b o a q u a ­
lidade, v iajav am em caravanas, de lug ares tão distantes q u an to
a ín d ia. O lin h o fin o e ra im p o rta d o d o E g ito . A ro u p a na
P a le stin a e ra g e ra lm e n te fe ita de lin h o de fib ra d o m éstica.
A s ro u p as d iárias eram de lin h o de q u alid ad e in ferior; os sa­
cerd o tes u sav am linho m ais fino (Ê x 39.27). A lã p o d ia ser
facilm en te tran sfo rm ad a em roupas pelos p o vos sem inôm ades;
32 A Bíblia: Um Livro Baseado na História

m as a fibra p a ra o lin h o só p o d ia ser c u ltiv a d a p o r u m a co m u ­


n id ad e estab elecid a.
O s p o b re s u sav a m q u a se se m p re ro u p a s g ro sse ira s, feitas
de p êlo d e c a m e lo , á sp e ro e d esc o n fo rtá v e l, ta m b é m c o n h e ­
c id o c o m o p an o d e saco. E ste era u sad o , m u ita s v ezes, co m o
sinal d e p e n itên c ia . S e rv ia ta m b é m de c o b e rto r, p a ra e sp a n ­
ta r o frio d a n o ite. O a lg o d ã o e ra c o n h e c id o no E g ito e em
o u tra s p artes. N a é p o c a d o s ro m a n o s, p o d ia -se o b te r u m tip o
de se d a selv ag em lo cal. F io s d e o u ro e m p resta v a m lu x o aos
Roupas dos tempos trajes, e n q u a n to as c o re s p o d ia m se r c o n se g u id a s d e fo n tes
bíblicos. Da esquerda v eg e ta is ou a n im ais: o v erm e lh o de u m in se to , o a m are lo de
para a direita:
u m a flor, o a ç a frã o d o e stig m a d e um a ç a fro e iro e a p ú rp u ra
camponês; camponesa;
homem rico; pastor;
d o m o lu sc o m u rex . A tin ta p ú rp u ra d e T iro (E z 2 7 .1 6 ) c o ­
soldado; sumo n h e c id a p e la su a cor, to rn o u -se u m sím b o lo d e re a le z a e ri­
sacerdote. q u eza.
■ A Cultura dos Tempos Bíblicos 33

O e s tilo d a s ro u p a s d a m a io ria d a s p e s s o a s e ra s im ­
p le s. O s h o m e n s d e to d o s os n ív e is s o c ia is p a s s a ra m a
u sa r ta n g a b e m c e d o , c o m a a d iç ã o p o s te r io r d e u m a p e ç a
e x te r n a e o u tr a in te rn a . A p e ç a in te r n a d e lã o u lin h o t i ­
n h a u m a a b e rtu ra p a ra o p e s c o ç o e o s b ra ç o s e g e ra lm e n ­
te m a n g a s lo n g a s . Q u a s e s e m p re u s a d a c o m c in to , ia a té
os jo e lh o s o u a o s to r n o z e lo s . A p e ç a e x te r n a , c a p a ou
m a n to , g e ra lm e n te fe ita d e p e le d e a n im a l o u lã, e ra q u a ­
se q u a d ra d a , c o m a b e rtu ra s p a ra o s b ra ç o s , s e n d o u s a d a
c o m d o b ra s so b re a m b o s o u u m d o s o m b ro s . C o m o o h o ­
m em e ra c o n s id e ra d o n u se n ã o e s tiv e s s e u s a n d o a c a p a ,
e ra -lh e p ro ib id o e m p r e s tá - la ou p e n h o rá - la . E le a re m o ­
v ia à n o ite p a ra u s á - la c o m o c o b e r to r (Ê x 2 2 .2 6 ,2 7 ; D t
2 4 .1 3 ). A p e ç a ín tim a d e J e s u s fo ra te c id a se m c o s tu ra
(Jo 1 9 .2 3 ) e f ic a r ia in u tiliz a d a se fo s s e c o rta d a em p e d a -
A Bíblia: Um Livro Baseado na História

ç o s . E s ta a ra z ã o d e o s s o ld a d o s ro m a n o s , n a c r u c if ic a ­
ç ã o , d e c id ire m la n ç a r s o rte s p a ra v e r q u e m f ic a v a c o m
e la .
A cla sse ric a u sav a lin h o fino b o rd a d o n as ro u p a s d e cim a.
O s reis u sa v am , às v ezes, m a is u m a p e ç a , se m e lh a n te à tú n i­
ca ou é fo d e d o s sac e rd o te s. T an to os reis c o m o os sa c erd o tes
u sav am u m a tia ra tra b a lh a d a , p a ra sim b o liz a r a su a p o sição .
O a d o rn o d e sse s tra je s c o n tra sta v a fo rte m e n te c o m a sim p li­
c id a d e d a s ro u p a s d a m a io ria d as p esso a s.
G ra n d e p arte d a s m u lh e re s, n o s te m p o s b íb lic o s, u sav a
ro u p a b ra n c a e sim p le s, e m b o ra ta m b é m se v estissem c o m
te c id o azu l o u p re to , fe ito em casa. A s m u lh e re s rica s se v es­
tia m co m trajes de lin h o fin o tin g id o d e co res brilh an tes, q u ase
se m p re e sc a rla te ou p ú rp u ra , e n fe ita d o s co m b o rd ad o s, jó ia s
e d e ta lh e s e m o u ro o u p ra ta (2 S m 13.18). O s m e sm o s tra je s
e ra m u sad o s n as o c a siõ e s festiv a s e n o s c a sa m e n to s (2 S m
1.24; E z 16 . 10 ,1 3 ). A ro u p a d e b aix o d a m u lh e r e ra ig u al à
d o h o m em , só q u e m a is a lta n o p e sc o ç o e c a in d o n o rm a l­
m e n te até o to rn o ze lo . O en fe ite p a ra a c ab e ç a , e m b o ra ra ra ­
m e n te m e n c io n a d o n a B íb lia, era p ro v a v e lm en te c o m o o xale
d e o ra ç ã o q u e v em o s h o je, se n d o m a n tid o n o lu g a r p o r um
c o rd ã o . A s m u lh e re s u sav am m u ito u m v éu p reso p o r um
p e q u e n o d ia d e m a d e m o e d a s, q u e ta lv e z fiz e sse p arte d o seu
d o te. A s jó ia s e ra m g e ra lm e n te feitas d e o u ro , alg u m a s c o m
p e d ra s se m ip re c io sa s e n g asta d as. D e sd e 2 7 0 0 a.C ., as tu m ­
b as d o s re is e m U r d ão pro v as d e u m a a lta q u a lid a d e em
q u e stã o d e d e se n h o e h a b ilid a d e n a fa b ric a ç ã o d e jó ia s. A s
c o rre n te s d e o u ro e ra m p o p u la r e s , a s s im c o m o a rg o la s,
to rn o z e le ira s, b ra c e le te s e alfin ete s p a ra ro u p a ou ca b elo . O s
sa p a to s c o n sistia m g e ra lm e n te d e sa n d á lia s d e c o u ro a b e r­
tas.
Cabelos e Cosméticos
N o A ntigo T estam en to , o cab elo co m p rid o p a ra o ho m em
e ra sinal de virilid ad e, m as nos tem p o s d o s g reg o s e ro m an o s,
o c a b elo a té os o m b ro s, ou m ais cu rto , en tro u n a m oda. As
m u lh eres tin h am o rg u lh o em u sa r c ab elo c o m p rid o , m uitas
A Cultura dos Tempos Bíblicos 35

vezes trançad o . P o rém , nos p rim eiro s tem p o s d o C ristian is­


mo, as m ulh eres fo ram advertidas sobre gasta r dem asiado te m ­
po em p en tea d o s elab o rad o s, co m m assa s de cachos o btidos
pelo uso de ferro s de en ro la r e u n g u en to s. E m b o ra o cabelo
grisalho m ere c esse respeito, p ela idade e sab ed o ria, algum as
m ulheres p referiam tingi-los de v erm elh o ou preto. D izem que
I lerodes, o G ran d e, tin g ia o cab elo co m hena. O s hebreus q u a ­
se sem pre usavam b arb a, que a p artir d o p e río d o ro m an o p o ­
dia ser ap arad a co m as recém -d e sco b e rtas e caras navalhas de
aço tem perad o .
E n tre os co sm é tic o s m ais p o p u lares estav a a pin tu ra para
os o lh o s (2 R s 9 .3 0 ), fe ita c o m c o s m é tic o , m a la q u ita ou
antim ônio m istu rad o s co m g o m a aráb ica. E stas substâncias
linham p ro p ó sito tan to m ed icin al q u a n to co sm ético , fo rn e­
cendo um a n tissép tico útil p ara as in fecçõ es ocu lares (freq ü en ­
tes nos p aíses in festad o s p o r m oscas). O s o lh o s eram d e lin e a­
dos em preto , a fim de p arecerem m aio res, e as sob ran celh as,
escurecidas com u m a p asta negra. A lg u m as referên cias b íb li­
cas associam a m aq u iag em dos o lhos às p ro stitu tas ou m u lh e ­
res de vid a fácil (m etafo ricam en te em Jr 4 .3 0 e E z 23.40). O
batom era p referid o pelas m u lh eres d o p e río d o grego e ro m a ­
no, e pó facial, ro u g e e esm alte p a ra os d ed o s dos pés e das
m ãos eram tam b ém usados. P erfu m es, ó leo s e un g u en to s ti­
nham m u ita ac eitaç ã o co m o p resen tes (S ab e d o ria de S alo m ão
2.7), para uso pessoal (C t 1. 13) e esp e c ialm e n te p ara ocasiõ es
rituais, casam en to s e festas.
Pesos e Medidas na Bíblia
Peso
Medida Sistema Equivalente Equivalentes Aproximados
Métrico EUA/GB
gera 1 siclo 0.5 g 1/50 onças
beca 10 geras 5g 3/16 onças
1/2 siclo
pim 11/2 becas 79 1/4 onças
3/4 siclo
siclo 2 becas 10 g 1/2 onças
11/2 pim
mina 75 pins 500 g 1 libra
50 siclos
talento 60 minas 30 kg 66 libras
3000 siclos

Comprimento
Medida Sistema Equivalente Equivalentes Aproximados
Métrico EUA/GB
dedo 1/12 palmo 2 cm 3 /4 pol.
palmo menor 4 dedos 7.5 cm 3 pol.
1/3 palmo
palmo 12 dedos 22.25 cm 9 pol.
3 palmos menores
ômer (gomedh) 3 3/4 palmos menores 30 cm 12 pol.
1 1/4 palmos
cúbito ó - 7 palmos menores 44.5 cm 17 ^pol.
2 palmos
braça 4 cúbilos 2m 2 jardas
8 palmos
Medidas de Líquidos
Medida Sistema Equivalente Equivalentes Aproximados
Métrico EUA/GB
logue 1/12 him 0.331 1/12 gal.
cab (cabo) 4 logues 1.31 1/3 gal.
1/3 him
him 12 logues 3.671 1 gal.
3 cabs
sea 6 cabs 7.331 2 gal.
bato 3 seás 221 6 gal.
ômer 10 batos 2201 60 gal.
60 hins

Medidas de Secos
Medida Sistema Equivalente Equivalentes Aproximados
Métrico EUA/GB
logue 1/4 cab 0.33 1 20 1/2 pol. cúb.
cab 4 logues 1.21 73 pol. cúb.
ômer 7 logues 2,41 146 1/2 pol. cúb.
seá 3 1/2 ômeres 7.31 1/4 pé cúb.
6 cabs
efa 10 ômeres 221 3/4 pés cúb.
3 seás
meio-ômer 15 seás 1101 3 pés cúb.
5 efas
ômer 10 efas 2201 3 3/4 pés cúb.
38 A Bíblia: Um Livro Baseado na História

À direita: 0 teatro de
Efeso, onde os efésios A Arqueologia e a Bíblia
fizeram um protesto
R. K. Harrison
contra as atividades
missionárias de Paulo.
A a rq u e o lo g ia b íb lic a nos faz e n tra r em c o n ta to co m os
p o v o s b íb lic o s, o fe re c e n d o u m a b a se d e c o n h e c im e n to q u e
p erm ite c o m p re e n d e r m e lh o r as n arrativ as b íb licas. A a rq u eo ­
lo g ia re v e la as c o n d iç õ e s d e v id a n o s sé c u lo s p a ssa d o s e, em
a lg u n s caso s, re c u p e ra o b je to s m a te riais u sa d o s p ela s p e ss o ­
as — d e sd e p e ças d e ce râ m ic a , até e le g a n te s v a so s d e o u ro e
jó ia s ; d e ta b le te s d e b a rro c o n te n d o a c o n ta b ilid a d e d e u m a
fa m ília b a b iló n ic a h á m u ito d e sa p a re c id a a té ro lo s d e p ap iro
co m re g istro s d as d o e n ç a s d o s a n tig o s e g íp c io s e o s m e d ic a ­
m e n to s u sad os p o r eles.
A a rq u e o lo g ia n ão tem c o m o p ro p ó sito “ p ro v a r” a v e rd a ­
d e d a s E sc ritu ra s, p o rq u e e s ta re v e la çã o d e D e u s, p o r se r b a ­
sic a m e n te e sp iritu a l, d ev e ser a v aliad a e sp iritu a lm e n te (leia
1 C o 2 .1 4 ). T o d av ia, n o ss a c o m p re e n sã o d e s s a re v e la çã o
c o m o v in d a d e D eu s e re c e b id a p o r p e sso as rea is n o s a ju d a a
ver q u e n o ssa fé n ão é re su lta d o de m ito s, m ag ia o u fo lclo re ,
m as e stá a rra ig a d a p ro fu n d a m e n te n a H istó ria .
A s d e sc o b e rta s, alg u m a s v ezes, p a re c e m te r in flu ê n cia
d ire ta so b re a B íb lia . P o r e x e m p lo , em 1983, a p ó s trê s fases
de tra b a lh o n o m o n te E b al, n a P a lestin a C e n tral, a rq u e ó lo ­
g o s is ra e le n se s a n u n c ia ra m a d e sc o b e rta d e u m a e stru tu ra
re ta n g u la r fe ita d e b lo c o s d e p ed ra, q u e fo ra p ro v a v elm e n te
o a lta r de p e d ra c o n stru íd o p o r J o s u é no m o n te E b al (Js
8 .3 0 ,3 1 ), se g u in d o as o rd e n s d e M o isés. A o re d o r d e to d a a
e stru tu ra h a v ia c in z a s e re sto s d e o sso s d e o v e lh a s, sin ais de
q u e o lu g a r e ra re lig io sa m e n te im p o rtan te. O s arq u e ó lo g o s
d a ta ra m o s o sso s c o m o se n d o d o sé c u lo X II a.C .
Q u a n d o a a rq u e o lo g ia nos e n sin a a re s p e ito de a lg u m a s
d as g ra n d e s c id a d e s m e n c io n a d a s nas E sc ritu ra s e a p o siç ã o
e sp lê n d id a o c u p a d a p o r e la s n o s sé c u lo s p a ss a d o s, c o m e ç a ­
m o s a v er c o m o o te m p o co rre : p e ss o a s v iv e ra m e m o rre ­
ra m , g o v e rn o s su b ira m e c a íra m a té a é p o c a em q u e C risto
foi re v e la d o S a lv a d o r d a h u m a n id a d e . A p re n d e m o s tam b ém
A Bíblia: Um Livro Baseado na História

q u e a B íb lia n ã o m e n te n o q u e d iz re s p e ito a esse s fa m o so s


sítio s. E n q u a n to Je ru sa lé m v e io a se r c o n h e c id a n a H istó ria
c o m o “c id a d e s a n ta ” , p o rq u e o T e m p lo d e D e u s se ach a v a
ali, o u tro s lu g are s to rn a ra m -se n o tó rio s p e la su a p e rv e rs id a ­
d e. O s ju d e u s c o n sid e ra v a m a o rg u lh o sa B a b ilô n ia o b e rç o
d e to d a m a ld ad e , e e la fo i d e stru íd a p e lo ju íz o d iv in o , c o m o
p re d ito p elo p ro fe ta Isaías. A a rq u e o lo g ia m o stro u ta m b é m
c o m o N ín iv e, c a p ita l d a A ssíria , la n ç o u o te rro r e n tre os
p o v o s p o r c a u s a d a b ru ta lid a d e d o s e x é rc ito s a ssírio s. M as
e la c a iu ig u a lm e n te so b u m p o d e r m a is fo rte , c o m o p ro fe ti­
z a d o p o r N a u m . A altiv a A te n as, c e n tro in te le c tu a l d a G ré c ia
n a A n tig u id a d e , e ra d e d ic a d a ao serv iço d a d e u sa p a g ã A ten a,
e ru ín a s de seu s te m p lo s p o d em ser v istas a in d a hoje. C o rin to ,
c id a d e g re g a q u e tin h a m á re p u ta ç ã o n o s d ia s d e P au lo , c o n ­
té m o p rim e iro c e m ité rio c ristã o c o n h e c id o , m o stra n d o q u e
a lu z d o E v a n g e lh o p ô d e b rilh a r a tra v é s d a s tre v a s d o p a g a ­
n is m o n esse lu g a r c o rru p to . O s a rq u e ó lo g o s c h e g a ra m até a
d e sc o b rir o local o n d e P au lo foi ju lg a d o p o r G álio (A t 18.12-
17).
E n q u a n to o s e s p e c ia lis ta s nos a ju d a m a c o m p re e n d e r a
v id a e os te m p o s a n tig o s, m u itas d as ru ín as re p re se n ta m u m a
a d v e rtê n c ia se v e ra q u a n to ao ju íz o d iv in o so b re a p e rv e rsi­
d a d e e d e so b e d iê n c ia h u m a n a s. N e ste se n tid o , p o rta n to , as
p e d ra s a in d a c la m a m c o m o te s te m u n h a s d a re v e la ç ã o de
D e u s m e d ia n te a L e i, os P ro fe ta s e Jesu s.
E sc o lh e m o s n o v e sítio s p a ra u m b re v e e stu d o (v e ja o
m a p a n a p. 4 3 ). T o d o s e le s fo ra m e sc a v a d o s a té c e rto p o n to
e e ra m im p o rta n te s em su a ép o c a . A lg u n s d e le s j á são b a s­
ta n te c o n h e c id o s a tra v é s d o s re g istro s d a h is tó ria a n tig a ,
a ss im c o m o n as E sc ritu ra s, m a s o u tro s são p o u c o s fa m ilia ­
res, p o r n ão se re m m e n c io n a d o s na B íb lia e p o r o c o rre re m
a p e n as o c a sio n a lm e n te n o s reg istro s h istó ric o s an tig o s. T am ­
b ém inclusos estão alg u n s sítio s d esco b e rto s ap en as p o r m eio
d e esc av a çõ e s a rq u e o ló g ic as, m o s tra n d o q u e a a rq u e o lo g ia
d e fa to p re e n c h e o q u a d ro d a v id a a n tig a , re c u p e ra n d o lo ­
c a is d e g ra n d e im p o rtâ n c ia , q u e d e sa p a re c e ra m d a H istó ria .
O s p o n to s fa m ilia re s aqui d is c u tid o s são: A te n a s, B ab ilô n ia,
A Arqueologia e a Bíblia

Jc ric ó , J e ru s a lé m , S u sã e Ur. O s m e n o s c o n h e c id o s são


B iblos, C u n rã e R as S h a m ra (U g a rite ).

Atenas
E sta c é le b re c id a d e g re g a re c e b e u o n o m e de su a d e u sa
p ro teto ra A te n a e e ra u m sítio b a sta n te an tig o . A c o lin a c o ­
n h ecid a c o m o A c ró p o le foi o c u p a d a p rim e ira m e n te , talv ez
cerca de 6 0 0 0 a .C .. P o ré m , so m e n te sé c u lo s m ais ta rd e a
c id ad e se to rn o u fa m o sa p ela su a c u ltu ra e in s titu iç õ e s d e ­
m o cráticas. A te n a s e ra a p rin cip a l c id a d e d a Á tic a na G ré c ia
a n tig a e a lc a n ç o u o seu a p o g e u n o s é c u lo V a .C ., c o m
P éricles. F ilip e d a M a c e d ô n ia , pai de A le x a n d re , o G ra n d e ,
fez d ela u m c e n tro re n o m a d o de filo so fia . A te n as e ra u m a
m o v im e n ta d a c id a d e c o sm o p o lita e os te m p lo s na A c ró p o le

Camadas sucessivas de
Métodos Arqueológicos ocupação
_ . . . . Corte feito pelo arqueólogo
Quadrados escavados pelos nQ formQ de d Sondagem
arqueoloçjos com taixas arqueológica
intercaladas
A Bíblia: Um Livro Baseado na História

c o n stitu ía m m a ra v ilh a s d e e n g e n h a ria e e sc u ltu ra . A s e s c a ­


v a ç õ e s em A ten a s e sfo rç a ra m -se p a ra re c a p tu ra r o seu e s ­
p le n d o r d o p e río d o b íb lic o .
A c id a d e fo i v is ita d a p o r P a u lo e m su a s e g u n d a v iag em
m issio n á ria . D e e sp e c ia l in te re sse é a A g o ra (m e rc a d o ), q u e
fig u ra v a p ro e m in e n te m e n te n as a tiv id a d e s c o m e rc ia is e c ív i­
cas. E la ficav a a n o ro e ste d a A c ró p o le . P a u lo p asso u algum
te m p o n essa áre a , p ro c u ra n d o c o n v e rte r os ju d e u s e o u tro s
a te n ie n se s à fé e m C risto (A t 17 . 17). P o u c o re sto u d a Á g o ra,
e x c e to os a lic e rc e s d o s p ré d io s e o p ó rtic o (resta u rad o ), u m a
c o n stru ç ã o e stre ita e c o m p rid a , c o m c o lu n a s d e um la d o e
um m u ro liso do o u tro . E ra o lu g a r e sc o lh id o p a ra p alestra s,
c o n v e rsas e d isc u ssõ e s filo só ficas.
O A re ó p a g o , o n d e P a u lo se d irig iu à a sse m b lé ia d e filó­
so fo s (A t 17.2 2 -3 2 ), e ra u m a c o lin a ro c h o sa c o m c e rc a de
120 m e tro s de altu ra , situ a d a ao sul d a Á g o ra. A A cró p o le
fic a v a a su d e ste, b em p ró x im a ao A reó p a g o . P o rta n to , e n ­
q u a n to c ritic a v a a su p e rstiç ã o e a a d o ra ç ã o n o s tem p lo s fe i­
tos p o r m ão s h u m a n a s, o a p ó sto lo p o d ia v e r o P a n teã o e os
o u tro s te m p lo s d e c o ra d o s co m d iv in d a d e s p ag ãs. O a lta r ao
“d e u s d e sc o n h e c id o ” e ra u m d e n tre os m u ito s n a G récia. U m
a lta r re c u p e ra d o em P é rg a m o , em 1909, tin h a a m e sm a in s­
c riç ã o . A sin a g o g a o n d e P au lo p re g o u (A t 17.17) n ão foi
id e n tific a d a , e m b o ra a lg u m a s sep u ltu ra s ju d ia s tiv e sse m sido
d e sc o b e rta s em A te n a s. O e sfo rç o d e P a u lo p a ra a p re s e n ta r a
fé c o m o u m a filo so fia , la m en ta v elm e n te , só c o n se g u iu uns
p o u c o s co n v ertid o s.
Livro cia Bíblia: Atos

Babilônia
E sta cid ad e antiga, situ ad a na p lan ície de S in e a r (G n 11.2),
e ra c h a m a d a B ab -ilu (P ortal d e D eus). U m a c id ad e im p o rtan te
d a M eso p o tâm ia. Seu n o m e foi m en cio n ad o p e la p rim e ira vez
e m c erca de 2 0 0 0 a.C . E ra u m a das m ais an tig as h ab itaçõ es
h u m an as, ten d o sido a p aren tem en te c o n stru íd a no sítio d a tor­
re d e B abel (G n 1 1.2-9) ou em suas cercan ias. F am o sa c o m o a
rv MAR
ove Sítios Arqueológicos Importantes H
S CÁSPIO

• Ancara

TURQUIA

Atenas
Eufrates
CHIPRE

Nicosia Babilônia • Susã


LÍBANO' IRAQUE

Jerii
MAR MEDITERRÂNEO Jerusalém

• Cairo
ARÁBIA SAUDITA
GOLFO DE SUEZ
GOLFO DE ACABA

MAR VERMELHO
0 Panteão, em Atenas, cap ital d e H am u rab i (1 7 9 2 -1 7 5 0 a.C .), p erd eu o seu p o d er d e ­
construído sobre a p o is d e 13 0 0 a.C . A cid ad e g anh ou n o v a p ro e m in ê n c ia no rei­
Acrópole. n ado de N a b u co d o n o so r II (6 0 5 -5 6 2 a.C .), q u e p asso u q u a ­
ren ta an o s trab a lh an d o p a ra to rn á-la a m ais esp lê n d id a capital
co nhecida.

E sc av aç õ es n o local d e sc o b rira m o e n o rm e m u ro e x te ri­


o r d a c id ad e . E sta p ro te ç ã o tin h a 2 6 m e tro s d e e sp e ssu ra e
106 d e altu ra. O to p o fo rm av a u m a e stra d a so b re a qual q u a ­
tro c a rro s p o d ia m a n d a r lado a la d o p a ra im p e d ir os p o ssí­
v eis a ta q u e s à c id a d e . V inte e c in c o lin d a s a v e n id a s e ram
c o rta d a s p o r 25 o u tra s, d iv id in d o a c id a d e em q u a d rad o s. O
p alác io real e ra u m a estru tu ra m agnífica, ce rc a d a p o r um m uro
trip lo c o m e n o rm e s p o rtõ e s d e b ro n ze. O s Ja rd in s S u sp e n so s,
feito s p o r N a b u c o d o n o so r p a ra a su a ra in h a m ed a, A m y itis,
ta m b ém ficav am n as p ro x im id a d e s. C a n a is d e irrig a ç ã o e
b o m b a s levavam á g u a p a ra o c e n tro d a c id a d e , p a ra os ja r ­
A Arqueologia e a Bíblia 45

dins, p o m ares e p a rq u es q u e c o b ria m g ra n d e p arte d a B a b i­


lônia. N ã o é d e a d m ira r q u e N a b u c o d o n o so r se g ab asse do
qu e h a v ia re a liz a d o (D n 4.3 0 ).
O s h e b re u s ca p tu ra d o s e d e p o rta d o s p ara a B a b ilô n ia (Jr
5 2 .2 8 -3 0 ) d ev em te r a ju d ad o a e m b e le z a r e a m p lia r a cid ad e ,
m as o seu e sp le n d o r n ão p e rd u ra ria . Isa ía s p red isse a su a
d estru iç ã o (ls 13.19), Je re m ia s p re v iu q u e e la seria tra n sfo r­
m ad a em m o n tõ e s de ru ín as (J r 5 1 .3 7 ) e D aniel afirm o u q u e
os m ed o s e o s p e rsa s iriam c o n q u is tá -la (D n 5 .2 6 -2 8 ). E sta
p ro fecia foi c u m p rid a em 5 3 8 a.C .
E sc a v a ç õ e s p e rto d a g ra n d e p o rta de Ista r rev elaram u m a
série d e ta b le te s e sc rito s em b a b ilô n io , lista n d o as raç õ es de
azeite e c e re a is fo rn e c id as ao s ca tiv o s n a B a b ilô n ia e n tre 595
e 5 7 0 a.C . O rei Je o a q u im d e Ju d á foi m e n c io n a d o , c o n fir­
m ando a ssim a h isto ric id a d e do c ativ e iro c o m o d e sc rito em
2 R s 24.1 5 .
Livros da Bíblia: Gênesis, 2 Reis, Isaías, Jeremias, Daniel

Biblos
C o n h e c id o p e lo s a n tig o s fe n íc io s c o m o G eb al, este p o rto
m arítim o ao n o rte de B eirute foi p e la p rim eira vez id e n tifi­
cad o e e sc a v a d o em 1860. O sítio foi o c u p a d o q u a se c o n ti­
n u am en te, d e sd e 5 0 0 0 a.C . até o p e río d o d as C ru zad as. O s
g regos, q u e c o m erc ia v a m n esta c id a d e , a c o n h e c iam c o m o
B iblos (“ liv ro ” ) p o r ser o c e n tro d e fa b ric a ç ã o de p ap iro s, e
este n o m e d eu o rig e m à n o ssa p a la v ra “ B íb lia” . N os d ias do
A n tig o T e sta m e n to , e ra um lu g a r im p o rta n te para a relig iã o
can an éia, te n d o fic a d o fa m o so p e lo s seu s artesão s, m u ito s
dos q u a is fo ram e m p re g a d o s p o r S a lo m ã o p a ra c o n stru ir o
tem p lo d e Je ru sa lé m ( I R s 5 . 18).
S en d o G eb al um p o rto , a c id a d e em p reg a v a c arp in te iro s
e co n stru to re s d e n av io s, q u e fa b ric a v a m b arco s p a ra os c o ­
m ercian tes d e T iro (E z 27 .9 ). E m c e rc a de 1115 a.C ., G ebal
foi v isitad a p o r u m e m b a ix a d o r eg íp cio , W en -A m u n , q u e fo ra
enviado a m u ito s lu g ares p o r R a m sés X II co m o in tu ito de
co m p rar c e d ro p a ra um b arco ce rim o n ia l d e d ic a d o a u m d eu s
Falsos Deuses da Antiguidade

Divindade País Posição Escritura

Moloque Amom deus nacional Sf 1.5


(Malcã) Jr 49.1,3
1 Rs 11.5,7,33
Merodaque Babilônia jovem deus da Jr 50.2
(Bei) tempestade Is 46.1
Jr 51.44
(Nabu) Babilônia filho de Marduque Is 46.1

Baal Canaã jovem deus da 1 Rs 16.31,32;


tempestade 18.18-46
Astarote Canaã deusa mãe; Jz 2.13; 10.6
(Astarte) amor, fertilidade 1 Sm 12.10
(Rainha do 1 Rs 11.5,33
Céu) Jr 7.18; 44.17-25
Asera Canaã deusa do mar 1 Rs 18.19
2 Cr 15.16
El Canaã chefe do panteão
Osíris Egito morte
Isis Egito vida
Hator Egito deusa mãe
Quemos Moabe deus nacional da guerra Nm 21.29
Jz 11.24
1 Rs 11.7,33
Jr 48.7
Dagom Filístia deus nacional dos Jz 16.23
cereais 1 Sm 5.2-7
A A rqueologia e a Bíblia |

egípcio. A s re laç õ es co m e rcia is d e G ebal e ram típicas da vida


m arítim a d a P a le stin a n a ép o c a d e S alo m ã o , e o relato das
viag en s e av en tu ra s d e W en -A m u n c o n firm a isto.
U m a d e sc o b e rta in te re ssa n te fe ita em 1925 p o r M o n tet
foi o sa rcó fa g o d e A irã, rei d e G eb al. D a ta d o d e 1250 a.C ., o
caix ão , d e p ed ra, é o b ra d o filho d o rei m o rto . O rei é re tra ta ­
do nele, se n ta d o n u m tro n o em fo rm a d e e sfin g e d ian te de
um a m esa p re p a ra d a co m o fe rtas sa c rific iais. A tam p a do
sarcó fa g o c o n tém u m a in scriçã o g rav ad a, id en tifican d o o rei,
seu filh o e a n a tu re z a d o co n teú d o . E sta in sc riç ã o é im p o r­
ta n tíssim a p o r se r um d o s p rim e iro s e x e m p lo s da e sc rita
fe n íc ia a n tig a. O u tra s in scriçõ e s, tu m b a s, m o e d a s e e d ifício s
foram d e sc o b e rto s n o sítio de B ib lo s, sen d o q u e alg u n s a rte ­
fatos re p o rta m a q u a se 3 0 0 0 a.C.
U m a n o v a e sc rita h ie ro g lífica foi d e sc o b e rta no an o de
1930, em G eb al, g rav a d a no c o b re e ta m b é m n a p ed ra. S ão
inscriçõ es p o ste rio re s a 2 2 0 0 a.C ., m as n ão fo ram até hoje
d ecifrad as. S u a d e sc o b e rta d e m o n stra c o m o o po vo d a P a ­
lestin a c o m e ç o u c e d o a c o lo c a r p a la v ra s n a fo rm a escrita.
Livros da Bíblia: I Reis, Ezequiel

Jericó
E ste sítio p a le stin o an tig o foi o c u p a d o p e la p rim e ira vez
em ce rc a de 8 0 0 0 a .C ., p a ssa n d o a ser, d o is m il an o s m ais
tarde, u m a im p re ssio n a n te c id a d e m u ra d a . E la foi im p o rtan ­
te na A n tig u id a d e , p o r situ ar-se na in te rse ç ã o d e d u as im p o r­
tan tes e stra d a s d a ép o c a , c o n te m p la n d o d o alto a p assag e m
q ue su b ia d a p la n íc ie p ara Je ru sa lé m . D e p o is da v itó ria de
Jo su é so b re Je ric ó (Js 6), a cid a d e foi re c o n stru íd a c o m o um
povoad o , m as só v o lto u a to rn ar-se im p o rtan te nos d ias do
Novo T estam ento. N esta elegante cidade, Jesu s curou u m cego
(L c 18 .3 5 -4 3 ) e ja n to u co m o p ró sp e ro Z a q u e u (L c 19.1-10).
H á três sítio s no vale do Jo rd ão c o n h e c id o s c o m o Jericó . A
cid ad e d o A n tig o T e sta m e n to , Tell e s-S u lta n , fic a a c e rc a de
2,4 q u ilô m e tro s a n o ro e ste d a c id a d e m o d e rn a (er-R ih a), ao
lado d a fo n te d e E liseu (2 Rs 2 .1 9 -2 2 ), o ú n ico m an an cial
I A Bíblia: Um Livro Baseado na História

p e re n e n a reg ião . A Je ric o d o N ovo T e sta m e n to ficava situ a ­


d a c e rc a d e u m q u ilô m e tro e m eio ao sul d a su a c o rre sp o n ­
d e n te do A n tig o T e stam en to .
O s e sfo rç o s d e sir C h a rle s W arren fo ra m im p ro d u tiv o s
em Tell e s-S u lta n , em 1868, m a s o s a rq u e ó lo g o s S e llin e
W a tz in g e r (1 9 0 7 -0 9 ) o b tiv e ra m m e lh o re s re su lta d o s. A e s ­
cav aç ã o d o m o rro de o ito a cres (1 9 3 0 -3 6 ) fe ita p o r G arstan g ,
p e rm itiu q u e id e n tif ic a s s e q u a tro c id a d e s s u c e s s iv a s d e
Je ric ó , d a ta d a s d e c e rc a d e 3 0 0 0 a.C . E le c o n c lu iu q u e Je ric ó
h a v ia c a íd o d ia n te d e J o s u é e m c e rc a d e 1 4 0 0 a .C . T é c n ic a s
d e esc av aç ã o m a is ex a ta s, em p re g ad a s p o r K ath le e n K enyon,
( 1 9 5 2 - 5 8 ) m o d ific a ra m r a d ic a lm e n te a s c o n c lu s õ e s d e
G a rsta n g . O s m u ro s d a c id a d e , q u e e le a trib u íra ao fin a l d a
Id ad e d a P e d ra (é p o c a d e Jo su é ), n a v e rd a d e , p e rte n c ia m
a o s p rin c íp io s d o P e río d o d o B ro n z e , m a is d e m il an o s a n te s
d o p e río d o d e Jo su é .
K enyon não co n seg u iu re c u p e ra r q u a isq u e r traço s sig n ifi­
cativ o s d a Je ric ó a tac a d a p o r Jo su é , d e v id o à sev era e ro são no
lo cal, m as teve su cesso em traçar a h istó ria o c u p acio n al do
m o rro , re tro ce d en d o a c erca de 9 0 0 0 a.C . M il an o s m ais ta r­
de, Je ric ó era u m a c id a d e c e rc a d a p o r u m m u ro d e ped ras,
o n d e h av ia p elo m en o s u m a en o rm e to rre, p ara g u a rd a r o sí­
tio d e d ez acres.
A s tu m b a s d e m e a d o s d o P e río d o d o B ro n z e (c. 1900-
1550) p re s e rv a ra m u m a n o tá v e l c o le ç ã o d e c e râ m ic a s , a d a ­
g a s d e m e tal, o rn a m e n to s, b a n q u in h o s d e m a d e ira , m e sa s,
c a m a s, jó ia s, esc rín io s d e jó ia s m arc h e tad o s e cam a feu s e g íp ­
cio s. A s e sc a v a ç õ e s e m e r-R ih a e x p u se ra m a c ap ita l d e in ­
v e rn o d e H e ro d e s, o G ra n d e , e A rq u e la u , c o m su a c id a d e la ,
p á tio s, v ilas, p a lá c io , e d ifíc io s p ú b lic o s e a m p la s re s id ê n c i­
as p a rtic u lares.
Livros da Bíblia: Josué, 2 Reis, Mateus, Lucas.

Jerusalém
E ste lu g ar p o d e te r sid o fu n d a d o em c e rc a de 3 0 0 0 a.C .,
n a p a rte m ais b a ix a d a c id a d e atu al. O rig in a lm e n te e ra u m a
fo rta le z a je b u s ita , q u e m ais ta rd e se to rn o u a cap ital de D avi,
Rios, Lagos e Mares da Bíblia O M ar
Abana, rio ou M ar de Quinerete M ar Oriental
Amom, rio ou M ar de Quinerote M ar Salgado (M ar Morto)
Caná, rio ou ribeiro de ou Lago de Genesaré ou M ar de Arabá
Cedrom, Ribeiro de ou Lago de Tiberíades ou M ar da Planície
Egito, corrente do (Rio Nilo) Grande M ar (Mar Mediterrâneo) Pisom, rio
Egito, rio ou ribeiro do Giom, rio Quebar (Canal), rio
Eufrates, rio Hidequel ou Hidéquel, rio Querite, ribeiro de
Farpar, rio Jaboque, rio Quisom, rio
M ar da Galiléia Jordão, rio Zerede, ribeiro de

alo jan d o o p a lá c io real e d ep o is o T em p lo . Je ru sa lém fo i o


cenário de a lg u m a s das o b ras de C risto e o lu g ar d a su a m or-
le e re ssu rre iç ã o .
E ste sítio an tig o é m en cio n ad o nos textos eg íp cio s de E x e­
cração, do séc u lo X IX a.C .. e n as lâ m in a s de A m arn a, do
século X IV a .C ., reg istro s esses m a n tid o s d u ran te o p erío d o
cm q ue os je b u s e u s co n tro laram Jeru salém . O s je b u se u s c o n s­
truíram um a q u e d u to su b terrân eo , q u e re tira v a á g u a do m a ­
nancial de G io m e a levava p ara d e n tro d o s m u ro s da cid ad e .
O sistem a foi a p e rfe iç o a d o p o r E /c q ui as (2 Rs 20.20; 2 C r
.'2 .3), q ue m a n d o u fa z e r um liinel te rm in a n d o no ta n q u e d e
Siloé. U m a in scriçã o h eb raica d o sécu lo V III a.C. ju n to à e n ­
trada do tan q u e, d esc o b e rta em 1880, c o m em o ra este evento.
O utro tanq u e, B etesd a (B etsaida), ta m b ém foi lo calizad o em
Jerusalém d e b a ix o d a igreja de S a n t’A na. Em u m a de suas
paredes p o d e -se ver a figura d esb o tad a de um an jo ag itan d o as
águas (Jo 5.2-9).
A in v e s tig a ç ã o d o s m u ro s d a c id a d e a n tig a tem a p re s e n ­
tado p ro b le m a s p o rq u e Jeru sa lé m foi sc d e slo c a n d o p a ra o
norte co m o p a s s a r d o tem p o . W arren e W ilso n d e sc o b rira m
que os n ív eis m ais b aix o s d o m u ro , a o e ste, e ra m h e ro d ia n o s,
e m b o ra a lg u n s a rq u e ó lo g o s o s c o n s id e r a s s e m o b r a d e
N eem ias. W arren d e sc o b riu o m u ro de D avi no m o n te O fe l
e pôs à m o s tra p a rte s d a s v elh a s fu n d a ç õ e s je b u s ita s. A s te n ­
tativas de en c o n tra r o tú m u lo de D avi fracassaram , e m g ran d e
parte d e v id o à d e stru iç ã o d o s p ré d io s n a p arte m o n ta n h o sa a
sudeste. M a s as ru ín as de um a torre m aio r fo ram descobertas
nas proxim id ad es, talvez a m en cio n ad a p o r Jesus (Lc 13.4).
A Bíblia: Um Livro Baseado na História

A lo c a liz a ç ã o d o G ó lg o ta , e m re la ç ã o ao m u ro o cid en tal


n o s d ia s d e Je su s, te m sid o m u ito d e b a tid a . A lg u n s afirm a m
q u e a m o d e rn a ig re ja do S an to S eo u lc ro m a rc a o lu g a r d a
c ru c ific a ç ã o e se p u lta m e n to d e C ri to , o u tro s a p o n ta m o sí­
tio ju n to à p o rta d e D a m a sc o , c o rl.e c id a c o m o tú m u lo d o
Ja rd im . O se p u lc ro n a ro c h a ali e n c o n tra d o d a ta e n tre 100
a.C . e 100 d .C ., p o d e n d o te r g u a rd a d o o c o rp o d e C risto .
A lé m d as c a m a d a s d e e n tu lh o q u e se a c u m u la ra m n o d e ­
c o rre r d o s sé c u lo s e m Je ru sa lé m , o s a rq u e ó lo g o s e n fre n ta m
o u tro p ro b le m a e m su a b u sc a p o r sítio s b íb lic o s im p o rtan te s:
Je ru sa lé m se m p re foi h a b ita d a , e c o n tin u a sen d o h o je. Isto
sig n ific a q u e as e sc av a çõ e s só p o d e m se r fe ita s e m sítio s c u i­
d a d o sa m e n te e sc o lh id o s, e e ste s n ão são , n o g eral, c o n sid e ­
ra d o s os m a is p ro m isso re s. N ão obstante, descobertas valiosas
c o n tin u am a se r fe ita s. E m 1983, estu d an tes d a faculdade de
W h eato n , ao escavarem na b ase da ig reja de Sto. A ndré, ao sul
d o vale do H inom , recu p eraram d e um tú m u lo d o século VII
a.C . u m am uleto de p rata co m a inscrição Y H W H em letras
antigas, o n om e div in o d o Senhor. E sta é a p rim eira m en ção do
n o m e d e D eus j á en co n trad a em Jerusalém .
Livros da Bíblia: 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 2 Crônicas, Mateus,
João, Hebreus.

Cunrã
E ste lug ar, q u e ficav a n u m a á re a d e s e rta a c e rc a d e 128
q u ilô m e tro s d e Je ric ó , foi fu n d a d o c e rc a d e 130 a .C . p o r um
g ru p o re lig io so q u e se se p a ra ra d o ju d a ís m o c o n te m p o râ ­
neo . S eu s e sc rito s, o s ro lo s d o m a r M o rto , m o s tra ra m -se e x ­
tr e m a m e n te im p o r t a n te s p a r a o e s t u d o d o s p e r í o d o s
in te rte sta m e n tá rio e c ristã o p rim itiv o .
E m 1947, u m jo v e m p a sto r b e d u ín o e s ta v a p ro c u ra n d o
um a n im a l p e rd id o n as e n c o sta s e sc a rp a d a s d o w adi C u n rã ,
a n o ro e s te d o m a r M o rto , q u a n d o e n c o n tro u v ário s v aso s
c h e io s d e ro lo s a n tig o s d e c o u ro , ju n to c o m o u tro s fra g m e n ­
to s d e m a n u sc rito s. F o ra m fe ita s te n ta tiv a s d e v e n d e r os ro ­
lo s a u m a n tiq u á rio e m B e lé m , e e m d e te rm in a d a é p o c a os
Cunrã Entrada principal
Planta
Cozinhas
Torre
Batistério?
Oficina de cerâmica

Galeria

Scriptorium

rolos fo ra m se p a ra d o s em d o is g ru p o s p a ra serem re u n id o s Planta da colônia


a p en as m u ito s a n o s m a is tard e. E n q u a n to isso, e ru d ito s j u ­ comunitária em Cunrã.
d eu s e a m e ric a n o s h a v ia m d e sc o b e rto q u e o s m a n u sc rito s
e ra m p elo m e n o s m il an o s m ais a n tig o s q u e os p rim e iro s
m a n u sc rito s c o n h e c id o s d a B íb lia h e b ra ic a.
O s rolos fo rm a v a m a b ib lio tec a d a c o m u n id a d e de C un rã.
P esq u isas c u id a d o s a s em I I ca v e rn a s e o u tro s lu g ares p ró ­
xim os ao sítio p e rm itira m re c u p e ra r c e rc a d e q u in h e n to s d o ­
c u m en to s, a m a io ria em fra g m e n to s. C e rc a d e cem d e sse s
rolos são liv ro s d o A n tig o T e sta m e n to em h e b ra ic o , in c lu in ­
do u m a c ó p ia de Isa ía s, q u e é o m ais a n tig o m a n u sc rito de
um liv ro c o m p le to d o A n tig o T e sta m e n to e ta lv e z d a te de
100 a.C . O s ro lo s b íb lic o s d e m o n stra ra m a e x a tid ã o d a tra n s­
m issão d o s te x to s h e b ra ic o s j á co n h e c id o s.
52 A Bíblia: Um Livro Baseado na História

À direita: Os montes O u tro s ro lo s d ã o u m a id é ia d a v id a n a c o m u n id a d e de


áridos por trás da colônia C u n rã . E le s in c lu e m u m a re g ra c o m u n itá ria , u m a c o le ç ã o de
de Cunrã, mostrando as h in o s, c o m e n tá rio s b íb lic o s e o u tro s e sc rito s. U m “ro lo do
aberturas das cavernas
te m p lo ” , a d q u irid o p e lo s is ra e lita s e m 1967, c o n firm a os
onde os rolos foram
encontrados.
e n s in o s e s tr ito s d o s e le m e n to s m a is c o n s e r v a d o r e s d o
fa risa ísm o . U m c o m e n tá rio so b re H a b a c u q u e ilu m in a os o b ­
je tiv o s d a c o m u n id a d e d e C u n rã. O g ru p o p o d e te r su rg id o
e m c e rc a d e 2 0 0 a.C ., c o m o u m p ro te sto c o n tra o ju d a ísm o
co n te m p o râ n e o , e seu s m e m b ro s se e sta b e le c e ra m n o d e se r­
to d a Ju d é ia p a ra e stu d a r a E sc ritu ra sob u m “m e stre ju s to ” .
A c o m u n id a d e se c o n sid e ra v a o re m a n e sc e n te israelita fiel,
d e stin a d o a fa z e r os p re p a rativ o s p a ra o d ia d o S en h o r, e seu s
m e m b ro s esp e ra v a m u m p ro fe ta c o m o M o isé s (D t 18.18),
u m M e ssia s d a v íd ic o e u m sa c e rd o te a a rô n ic o . O M e ssia s
d e rro ta ria os in im ig o s d o re m a n e sc e n te , e o sa c e rd o te g o v e r­
n a ria o estad o .
A co lô n ia d e C u n rã fo i esc a v a d a p e la p rim e ira v ez em
1953. O s a rq u e ó lo g o s d e sc o b rira m o s lu g a res o n d e a c o m u ­
n id ad e vivia, c iste rn a s p a ra ritu a is d e b a tism o , u m sistem a
d e a q u e d u to s, o a p o se n to o n d e o s ro lo s fo ra m e sc rito s e u m
c e m ité rio .

Ras Shamra (Ugarite)


R as S h a m ra , u m a c o lin a d e g ra n d e s p ro p o rç õ e s n a c o sta
síria , a c e rc a d e q u a tro c e n to s q u ilô m e tro s ao sul d a fo z do
rio O ro n te s , m a rc a o sítio de u m c e n tro c u ltu ra l c a n a n e u
a n tig o , c o n h e c id o c o m o U g arite. A d e s c o b e rta m ais im p o r­
ta n te p a ra os a rq u e ó lo g o s b íb lic o s n e sse lo c al ta lv e z te n h a
sid o os e sc rito s em u g a rític o , u m a lín g u a b e m p ró x im a do
h e b ra ic o b íb lic o e esse n c ia l p a ra o e stu d o d o A n tig o T e sta ­
m en to .
A c u ltu ra d e U g a rite c h eg o u ao seu ap o g e u no sécu lo
X IV a .C ., e d e p o is d e c lin o u , d e sa p a re c e n d o . Foi re d e sc o b e r-
ta em 1928, q u a n d o um la v ra d o r sírio b ateu n a p arte su p erio r
d e u m a ric a tu m b a e n q u a n to arav a. O p e q u e n o m o rro foi e n ­
tão e sc a v a d o siste m a tic a m e n te , sen d o re tira d o s d e le o b je to s
A Bíblia: Um Livro Baseado na História

d e o u ro , u m a su rp re e n d e n te v a rie d a d e d e c e râ m ic a g reg a,
u m c o n ju n to d e p e so s e v á ria s im a g e n s d e b ro n z e . A lg u m a s
fe rra m e n ta s e a rm a s d e b ro n z e fo ra m re c u p e ra d a s e m e x c e ­
le n te s co n d iç õ e s.
A d e sc o b e rta d a lin g u a g e m u g a rític a su rg iu q u a n d o os
a rq u e ó lo g o s e n c o n tra ra m m u ito s ta b le te s d e a rg ila co n te n d o
sin a is e stran h o s: e sc rita c u n e ifo rm e d e c a rá te r a lfab é tic o em
v e z d e siláb ico . Q u a n d o d e c ifra d o s, os ta b le te s m o strara m
u m a re la ç ã o lin g ü ís tic a a p ro x im a d a c o m o id io m a fe n íc io e
o h e b ra ic o b íb lic o , in d ic a n d o ta m b é m q u e o p o v o d e U g a rite
fa z ia u so d a e sc rita a lfa b é tic a m u ito a n te s d o s fen íc io s, q u e
p ro v a v e lm e n te h e rd a ra m a idéia.
A lin g u a g e m u g a rític a c o n té m fo rm a s lite rá ria s q u e ta m ­
b é m o c o rre m n a p o e sia h e b ra ic a. O e stu d o e a c o m p a ra ç ã o
a ju d a ram a e sc la re c e r várias p a ssag en s h e b raic a s difíceis. E x ­
p ressõ es c o m o “aq u e le q u e vai m o n tad o so b re o céu do s c é u s”
(SI 6 8 .3 3 ) são c o n sid e ra d a s d e o rig e m c a n a n é ia , in d ic a n d o
q u e o u g a rític o e o h e b ra ic o d o A n tig o T e sta m e n to são d ia le ­
to s de a lg u m a fo rm a p arecid o s.
O s e sc rito s re c u p e ra d o s re v ela ra m q u e ce rim ô n ia s sim i­
la res às d o s h e b re u s e ra m o b se rv a d a s em U g arite: o fe rta s
m o v id as (Ê x 2 9 .2 4 ), sa c rifíc io p elo sa c rilé g io (Lv. 5 .1 5 ), sa ­
c rifíc io q u e im a d o (Lv. 6 .1 5 ), sa c rifíc io p a c ífic o (L v 2 2 .2 1 ),
trib u to o u m a n ja re s (Ê x 2 9 .4 1 ). E m b o ra s e ja e sc la re c e d o r
c o m p a ra r referên cias sim ila re s nos reg istro s e sc rito s d as du as
c u ltu ra s, as lin g u a g e n s n ão são id ê n tic a s e não p o d e m o s,
p o rta n to , e q u ip a ra r a u to m a tic a m e n te os te rm o s o u re fe rê n c i­
as. P o r e x e m p lo , a le g isla ç ão em Ê x o d o 2 3 .1 9 , p ro ib in d o q u e
um c a b rito fo sse c o z id o n o leite d a m ãe, p o ssu i o m esm o
sig n ific a d o d e u m c e rto tip o d e o fe rta re g istra d a nos tex to s
u g arítico s. E x iste m d ú v id a s a re sp e ito d e ste fato, u m a v ez
q u e a p ala v ra tra d u z id a c o m o “c o z in h a r” sig n ific a re a lm e n te
“m a ta r” e tam b ém p o rq u e en co n tram o s vários p ro b lem as com
o texto.
O s ta b le te s d e U g a rite re g istra m as fo rm a s d e p ra v a d a s e
la s c iv a s d a a d o ra ç ã o ritu a l d o s c a n a n e u s, m o s tra n d o a a m e ­
a ç a q u e e ssa s p rá tic a s re p re se n ta v a m p a ra a fé h e b ra ic a tra-
d icio n al e in d ic a n d o q u e a c o n d e n a ç ã o d e ssa relig iã o n o A n ­ Um zigurate, na
tigo T e sta m e n to e ra ju s tific a d a . concepção de um artista.
Livros da Bíblia: Êxodo, Levítico, Deuteronômio, 1 e 2
Reis, Isaías, Jeremias.

Susã
E sla cid a d e an tig a, re p re sen ta d a a g o ra p o r q u a tro p e q u e ­
nos m o n te s a su d o e ste d o Irã, é o lu g a r o n d e o c o rre ra m os
eventos d e sc rito s n o liv ro de E ster. A lém d isso , N e e m ia s e
possivelm en te D a n iel residiram em S u sã d u ran te parte de suas
vidas.
S itu a d a e m lo c a l a p raz ív e l n a a n tig a P é rsia, a c e rc a d e
3 .2 0 0 q u ilô m e tro s a leste d a B a b ilô n ia , S u sã e ra a ca p ita l de
in v ern o d o s re is e la m ita s d e sd e 2 2 0 0 a.C . S u a p ro s p e rid a d e
c o m eç o u e m 5 3 8 a.C ., q u a n d o C iro a to rn o u u m a d a s c id a ­
d es m ais ric a s d o L e ste . D a rio I (5 2 1 -4 8 5 a.C .) e ste n d e u o
im p ério p e rsa d e sd e o N ilo até o In d o , e o e sp le n d o r d o pe-
A Bíblia: Um Livro Baseado na História

río d o se re fle te a in d a h o je n a s ru ín a s do seu p a lá c io e n a


sa la d o tro n o .
D an iel, ju n ta m e n te c o m o u tro s ju d e u s d a B ab ilô n ia, p o d e
ter sido lev ad o p a ra S u sã d e p o is de 5 3 8 a.C . (D n 8.2 ), se n d o
p o ssív el q u e seu e n c o n tro co m o s le õ e s o co rre sse ali. S e g u n ­
d o a tra d iç ã o lo cal, e le m o rreu e foi se p u lta d o em S u sã. C o n ­
fo rm e re la ta d o n o liv ro d e E ste r, o rei X e rx e s I d a P é rs ia
(4 8 5 -4 6 5 a.C .) b a n iu d a su a p re s e n ç a a esp o sa, V asti, n o c o ­
m e ç o d e seu re in a d o em S u sã e c a so u -se d e p o is c o m E ster,
u m a ju d ia a tra e n te e en g e n h o sa q u e c o n seg u iu liv ra r o seu
povo d a p e rse g u iç ã o (E t 8 -9 ). N e e m ia s, alto fu n c io n á rio da
re a le z a em S u sã , foi n o m e a d o g o v e rn a d o r civil d a Ju d é ia em
4 4 5 a.C . p o r A rta x e rx es I (4 6 4 -4 2 3 a.C .) e a ju d o u a p ro m o ­
v er a e sta b ilid a d e p a ra o s ju d e u s q u e v o lta ra m d o e x ílio à
re g iã o d e Je ru sa lé m (N e 2-7).
E sc av aç õ es in ic ia d a s e m 1851 re v e la ra m q u e a c id a d e
c o b ria q u a se c in c o m il acres e esta v a d iv id id a em q u a tro p a r­
tes: o m o n te d a c id a d e la , a á re a d o p a lá c io , o d istrito c o m e r­
c ia l e re sid e n c ia l e a p la n íc ie a o e ste d o rio. O p a lá c io c o b ria
123 a c res e a b ra n g ia a sala d o tro n o , a re sid ê n c ia real e o
d o m ic ílio d o h a ré m . H a v ia in ú m e ro s p á tio s, ja rd in s, e sc a d a ­
rias e p a ssa g e n s em arco , c o m o d e sc rito s n o livro d e E ster.
U m c u b o g rav ad o c o m n ú m e ro s fo i re c u p e ra d o d as ru ín a s e
fico u p ro v a d o tra ta r-se d e um “ p u r” ou so rtes, te n d o sido
e sta a o rig e m d a fe s ta ju d ia c h a m a d a P u rim (E t 9 .2 6 ). O e s­
c rito r d e E ste r c o n h e c ia m u ito b e m a c o rte p ersa, e o livro
a p re se n ta u m re la to a u tên tic o d esse p erío d o .
Livros da Bíblia: Daniel, Neemias, Ester.

Ur
E sta cid ad e e ra o c en tro de u m a b rilh an te cu ltu ra p ag ã ao
sul d a M esopotâm ia. P rovavelm ente fu n d ad a em cerca de 2800
a.C ., j á vivia o seu apo g eu nos dias d e A b raão (talvez p o r volta
d e 1980 a.C .). E x ercia en o rm e in flu ên cia social, re lig io sa e
co m ercial n a reg ião m eso p o tâ m ic a e além dela. N ão ob stan te,
A b rão e T era estav am p rep arad o s p a ra d eix á-la, em o b e d iê n ­
A Arqueologia e a Bíblia

c ia às in stru çõ es divinas (G n 11.31; 12.1; 15.7). A lg u n s an o s


depois d e A b raão partir, a cid ad e foi saq u ead a p or assaltan tes
elam itas e fico u p erd id a p ara a H istó ria d urante m uitos sécu ­
los.
T u d o q u e re s ta de U r é um m o n te de 2 5 0 acres. E sc a v a ­
ções fe ita s p o r W oolley (1 9 2 2 -3 4 ) no sítio (Tell M u g h e ir)
rev elaram a g ra n d e z a d a a n tig a cid ad e , co m o n o s lu g a re s de
sep u ltam en to de du as p esso as im p o rtan tes, p o ssiv elm en te um
rei e su a m ulher. O s se rv id o re s fo ram e n te rrad o s c o m e les,
v estid o s c e rim o n ia lm e n te p a ra a o casiã o . Ju n to d o s c o rp o s
havia um m a g n ífic o c a p ac e te de o u ro , u m a h a rp a e sp lê n d id a
d eco rad a co m m o saico s, a rtig o s d e o u ro e p rata tra b a lh ad o s
e o u tro s b e líssim o s o b jeto s d o p erío d o .
W o olley esc a v o u tam b ém p a rte s d o d istrito c o m e rcia l de
U r e as ru as q u e levavam a u m a á re a re sid e n c ial. A s c asa s
eram d e d o is a n d ares, com e stru tu ra d e tijo lo s e arg am assa ,
co n stru íd a s ao re d o r dos trê s la d o s d e u m p átio p a v im e n ta ­
do. C o n tin h a m c e rc a de 12 q u a rto s co m to aletes e b a n h e ira s
em b u tid as, la reiras e fo n te s. E d ifíc io s d e esc o las e m ru ín a s
c o n tin h am ta b le te s in sc rito s co m ex ercíc io s p ara os alu n o s:
aritm ética, lite ra tu ra e o u tras m atéria s. P e q u en a s c a p e la s fo ­
ram e n c o n tra d a s em to d a a reg ião d e U r, a lg u m a s d e la s em
resid ên cias p a rtic u la re s. O e n o rm e z ig u ra te (te m p lo em c a ­
m adas) d e N a n a , a d e u sa -lu a , so b re p u n h a -se a to d o s os o u ­
tros p ré d io s d a cid ad e.
E n te rra d a b em fundo n o m o n te, W oo lley d e sc o b riu u m a
cam a d a d e 2,5 m etro s d e a rg ila d e p o sita d a p e la ág u a, q u e
atribuiu ao d ilú v io d e N o é m as q u e p o d e ler re p re se n ta d o o
leito o rig in al d o rio. T ra ç o s d e d e p ó sito s de u m a en c h e n te
em o u tro s sítio s d a M e so p o tâ m ia tin h a m u m a d a ta u m p o u co
d iferen te d a q u e la d o e stra to d e Ur, fix ad a p o r W oolley, tor-
n an d o -se d ifíc il c o n firm a r su as a firm a ç õ e s e im p o ssív el u sa r
suas d e sc o b e rta s p a ra sa b e r se o d ilú v io de N o é foi lo cal ou
global.
Livro da Bíblia: Gênesis
j A Bíblia: Um Livro Baseado na História

Breve Cronologia
dos Eventos Bíblicos
R. K. Harrison

O s v á rio s liv ro s d a B íb lia , e sc rito s d u ra n te u m p e río d o


d e p e lo m e n o s 1.200 an o s, re c a p itu la m a h is tó ria d e u m povo
e sp e c ia l e suas in te ra ç õ e s c o m m u ita s o u tra s c u ltu ra s. D e sd e
q u e to d o s os p o v o s an tig o s tin h a m m a is d e u m m eio d e c o n ­
ta r o te m p o e o s e s c rito re s b íb lic o s tin h a m in te re s s e em
c ro n o m e tra r e v en to s, g e ra lm e n te m u ito d ife re n te s d aq u ele s
q u e n o s in te re ssa m , n ã o é d e a d m ira r q u e o s e ru d ito s d o O ri­
e n te P ró x im o tiv e sse m d ific u ld a d e e m e sta b e le c e r u m a c ro ­
n o lo g ia fix a d o s e v e n to s b íb lic o s.
O s p rim e iro s p e río d o s d a h is tó ria b íb lic a a p re se n ta m as
m a io re s d ific u ld a d e s, c o m o e ra d e se esp erar. A e v id ê n c ia
a rq u e o ló g ic a d a h a b ita ç ã o h u m a n a n a a n tig a Je ric ó e em o u ­
tro s sítio s d o O rie n te P ró x im o re p o rta a 8 0 0 0 -5 0 0 0 a.C ., o
c h a m a d o Período Neolítico Pré-cerâmica, a n te s d o u so do
m e ta l (- litico o rig in á rio d a p a la v ra g re g a p a ra “p e d ra ” ). A
tran siç ã o das fe rra m en tas e a rm a s de p e d ra p a ra o m etal, m ais
fácil de derreter, teve lu g ar p o ssiv elm en te no p e río d o de 4000-
3 0 0 0 a.C ., e d e n o m in a -se Calcolítico (calco, te rm o g reg o
p a ra “c o b re ” ou “ la tã o ” ). E sta tra n siç ã o é v ista em alg u m a s
e sc a v a ç õ e s no E g ito e n a M e so p o tâ m ia . A c u ltu ra su m erian a ,
q u e c re sc e u e v id e n te m e n te n esse p e río d o , e ra p ro e m in e n te
no Primeiro Período do Bronze (3 0 0 0 -2 0 0 0 a.C .), q u e ta m ­
b é m m arco u a a sc e n sã o d e u m povo se m ític o p rim itiv o , os
a c á d io s. M u ito s sítio s a rq u e o ló g ic o s d o O rie n te P ró x im o
d a ta m d o Período do Bronze Médio (2 0 0 0 -1 5 0 0 a.C .). O Úl­
timo Período do Bronze (1 5 0 0 -1 2 0 0 a.C .), p o u c o an tes d a
in tro d u ç ã o d as fe rra m e n ta s e arm a s d e ferro , v iu a q u e d a das
c u ltu ra s h itita e u g a rític a e a a sc e n sã o d o p o d e r filisteu .
E m q u e p e río d o v iv eram A b raã o e os o u tro s p a triarc as
h e b re u s d o liv ro d e G ê n e sis ? E v id ê n c ia s a rq u e o ló g ic a s d e
alg u n s c o stu m es d e sc rito s e m G ê n e sis 1 1 -5 0 p o d e riam ser
60 A Bíblia: Um Livro Baseado na História

u sa d a s c o m o a rg u m e n to fav o ráv e l a c a d a u m d o s p e río d o s


d o b ro n z e . D e sd e q u e tal e v id ê n c ia in d ire ta p o ssa ser in te r­
p re ta d a d e v árias fo rm a s, é m e lh o r d e ix a r e m a b e rto so b re as
p o ssív e is d a ta s, p e lo m e n o s a té a é p o c a d o re in o u n id o d e
Israel sob S au l, D avi e S alo m ão . A s ta b e la s q u e se seg u em
(p p . 6 7 -7 5 ) m o s tra m q u e a o p in iã o d o s e ru d ito s e stá d iv id id a
q u a n to às d a ta s d o s e v e n to s b íb lic o s a té e ssa ép o c a , p e río d o
em q u e a d o c u m e n ta ç ã o h is tó ric a d a s fo n te s e x tra b íb lic a s se
to rn a rela tiv a m e n te só lid a.
N essas ta b e las, a c o lu n a c e n tra l m o stra os ev e n to s b íb li­
c o s a sso c ia d o s co m a s d ata s n a c o lu n a d a e sq u e rd a e ta m ­
b é m as p artes d a B íb lia q u e e stav am se n d o e sc rita s a p ro x i­
m a d a m e n te n e ssa ép o c a . A c o lu n a d a d ire ita m e n c io n a p a rte
As pirâmides, Cairo, d a e v id ê n c ia a rq u e o ló g ic a ou h istó ric a p a ra a trib u ir o ev en to
Egito. b íb lic o a essa d a ta p articu lar. O m a te ria l n a c o lu n a d a d irei-
" CÍ DIA
a I / * SIRIA
Araueologicos
na Palestina • Hazor

Antiga • a co

M ar da Galiléia «A sta rote

GRANDE * M egido
MAR ISRAEL
•D o ta

• Somaria

• Afeque Rio Jordão

• Aman
•Betei
•G e z e r * Ai • Jericó
* Gibeá
Jerusalém • Cunrã

JUDÁ

0 15 km

Massada# 1 M ar Morto MOABE

la, em p arê n te se s, sig n ifica q u e, p a ra o p e río d o de te m p o em


co n sid e ra ç ã o , os itens m e n c io n a d o s p o d e m ter a lg u m a in ­
flu ên cia so b re o p e río d o , m as d e ix a m d e o fe re c e r o tip o de
d o c u m e n ta ç ã o h is tó ric a só lid a p o ss ív e l em p e río d o s p o s te ­
riores. T o d as as d a ta s m o s tra d a s d e v e m se r c o n sid e ra d a s
c o m o a p ro x im a d a s , e sp e c ia lm e n te as p re c e d id a s p o r “ c.”
(do latim circa, “ c e rc a d e ” ) (u tiliz a r os m ap a s d a s p p . 6 1-
62 p a ra lo c a liz a r os sítio s a rq u e o ló g ic o s . Veja ta m b é m as
pp. 145 e 2 5 0 p a ra a c ro n o lo g ia d o s liv ro s d o AT e N T ).
•N uzu
•U g a rite • Ebla
Rio Eufrales
ARÃ Rio Tigre
•M a ri
BABILÔNIA Susã
•Biblos
Babilônia
CANAÃ
SUMERIA
Ur
GRANDE MAR »Hazor
*M egido
Betel* •
Aman
PALESTINA
Ramessés
* Pitom

EGITO
ARÁBIA

Rio N ilo

I---------- 1 .Canaque 5ítios Arqueológicos no Oriente Próximo Antigo


1.50 km
Tabela Cronológica de Eventos Bíblicos
Data a.C. Evento bíblico Fato histórico documentado

Período patriarcal: Quatro datas sugeridas

2166-1805 Patriarcas hebreus (Gn 11-50, (Existem alguns tabletes de adoção


estas datas correspondem a deste período sumério, 2100 a.C., e do
um êxodo no século Xy a.C. e babilônio antigo, 2 0 0 0 a.C. Outra
ao texto hebraico de Ex 12.40, confirmação vem de textos do século XX
que afirma terem os israelitas a.C. encontrados em Alalak e,
habitado no Egito 4 3 0 anos. possivelmente, do material de Ebla.)

1952-1589 Patriarcas hebreus. Estas datas (Alguma confirmação dessas datas


também correspondem a um procede de textos do século XVIII a.C.
êxodo anterior, mas se baseiam encontrados em M ari, textos do século
na tradução grega primitiva XV a.C., de Nuzu, e textos do século
(Septuaginta) de Ex 12.40, XVI a.C., de Alalak.)
a qual afirma que os israelitas
passaram 4 3 0 anos no Egito
e na terra de Canaã, fazendo
com que a estada no Egito fosse
de apenas 215 anos.

1950-1650 Patriarcas hebreus. Estas datas (Textos de Mari, Nuzu e Alalak


correspondem a um êxodo pos­ indicam a historicidade dos costumes
terior, no século XIII, e represen­ mencionados em Gênesis, tais como
tam uma cultura do Período do adoção, venda do direito de
Bronze Médio. nascimento, testamentos no leito de
morte, contratos de casamento e
escolha de herdeiros.)

1500-1300 Patriarcas hebreus. Estas datas (A conquista de Canaã pelos hebreus


correspondem a um êxodo no estaria em processo quando o faraó
século XIII a.C. e representam uma egípcio Meneptá, filho de Ramsés II,
cultura da Era Amarna Posterior, invadiu a Palestina em c. 1225 a.C.)
do século XIV a.C.

O êxodo: duas datas sugeridas

c. 1446 Êxodo (Êx, Lv, Nm). Esta data (Cerâmicas micenas III B do período
é indicada em 1 Rs 6.1, que dos juizes encontradas em Hazor,
afirma ter Salomão começado cidade destruída na conquista de
a construir o seu templo 4 8 0 anos Canaã, sugerem esta data mais
depois do êxodo, sendo confirma­ antiga.)
da p o rjz 11.26.
Data a.C. Evento bíblico Fato histórico documentado

c. 1280 Êxodo. Esta data é sugerida por Êxodo 1.11, (Reconstrução de Pitom e Ramessés
que afirma terem os escravos hebreus cons­ ocorrida no século XIII a.C.
truído as cidades de Pitom e Ramessés. (O Israel é considerada uma nação na
Pentateuco foi escrito neste período .) esteia triunfal, ou monumento, do faraó
egípcio Meneptá c. 1200 a.C.)

As peregrinações no deserto: duas datas sugeridas

c. 1446-1406 Peregrinações (Nm, Dt) (N ão há documentação externa.)

c. 1270-1230 Peregrinações. As datas dependem (Não há documentação externa.)


daquelas escolhidas para o êxodo
e a conquista de Canaã.

A conquista e o período dos juizes: duas datas sugeridas

c. 1406-1050 A conquista (Js) e os juizes (Jz).Estas datas A cidade de Hazor foi destruída na
são baseadas na idéia de que o período conquista de Canaã, e a cerâmica
dos juizes deve ter exigido vários séculos. micena IIIB encontrada ali sugere
para a conquista uma data logo após
1400 a.C.

c.l 230-1025 A conquista e os juizes. Estas datas (Algumas evidências sugerem que
sugerem que as narrativas dos juizes Betei e Hazor não foram conquistadas
se sobrepuseram. até o séc. XIII a.C., quando as cidades
dos filisteus eram fortes.

O reino unido de Israel (c. 1050-931 a.C.)

1050 Reinado de Saul (1 Sm 8-31). Uma ponta de arado de ferro


encontrada em Gibeá, provavelmente
o quartel-general de Saul, foi datada
de c. 1010 a.C.

1010-970 Reinado de Davi (2 Sm; Foram encontrados alguns muros,


1 Rs 1-2; 1 Cr 11-29). que podem ser os de Davi,
[Escritos Josué, Juizes e alguns construídos sobre antigos muros
Salmos./ jebusitas em Ofel, Jerusalém.
M ilo é construída por Davi (2 Sm 5.9).

9 70-930 Salomão [Foram escritos 1 e 2 Sm, Gezer e M egido fortificadas


Rt, alguns salmos,muitos provérbios (1 Rs 9.15-17) Templo e
e Eclesiastes.j palácio real construídos em
Jerusalém (1 Rs 9.1,15).
Data a.C. Evento bíblico Fato histórico documentado

0 reino dividido: Israel

931-910 Jeroboão 1(1 Rs 11 - 14)

910-909 Nadabe (1 Rs 15.25-31)

909-886 Baasa (1 Rs 15 - 16)

886-885 Elá (1 Rs 16.8-10)


CO
CO
LO

Zinri (1 Rs 16.9-20)

880-874 Onri (1 Rs 16.16-28) Mencionado na Pedra Moabita


e nos anais assírios. Samaria
fortificada (1 Rs 16.23,24).

874-853 Acabe (1 Rs 1 6 - 2 2 ) Provavelmente fortificou


Samaria (1 Rs 16.29). Muitos
painéis do seu período, trabalhados
em marfim, foram recuperados.
Mencionado na inscrição do
monolito de Salmanezer III, rei da
Assíria, c. 838.

853-852 Acazias (1 Rs 22.51; 2 Rs 1).

852-841 Jorão (2 Rs 3 - 9).

841-814 Jeú (2 Rs 9 - 10). Citado no Obelisco Negro de


Salmanezer III, c. 838.

814-798 Jeoacaz (2 Rs 10 -1 3)

798-782 Jeoás (2 Rs 13.10 -1 2)

782-753 Jeroboão II (2 Rs 13 -14) Selo de Jaspe de Shema, em Megido, e o


(co-regente (O livro de Oséias foi escrito, óstraco samaritano (registros em
fragmentos
desde 793) provavelmente durante este de cerâmica) são contemporâneos de
período). artefatos do séc. VIII.

753-752 Zacarias (2 Rs 15.8-12)

752 Salum (2 Rs 15.13-15)

752-742 Menaém (2 Rs 15.14-22) Mencionado nos anais Assírios de


Tiglate-Pilesser III, c. 742, encontrados
em Ninrode.

742-740 Pecaías (2 Rs 15.23-26))

740-732 Peca (2 Rs 15.25-31) Mencionado nos anais Assírios de


Tiglate-Pilesser III, c. 742, encontrados
em Ninrode.

732-722 Oséias (2 Rs 15-17) Menciona-se a saída de Samaria em


722 nos anais assírios de Korsabad,
Data a.C. Evento bíblico Fato histórico documentado

931-913 Roboão (1 Rs 12-14) A invasão da Palestina suas forças,


c. 925, descrita na inscrição do faraó
egípcio Sisaque, em Carnac.

913-911 Abias (1 Rs 15.1-8)

911-870 Asa (1 Rs 15.9-24)

870-848 Josafá (1 Rs 15; 2 Rs 8; 2 Cr 17 - 21).


(co-regente desde 873)

848-841 Jeorão (2 Rs 8.16-24;


(co-regente 2 Cr 21 - 22). (■Obadias
desde 853) escrito?!
841 Acazias (2 Rs 8 -9 ).

841-835 Atalia (2 Rs 11; 2 Cr 2 2 -2 3 ).

835-796 Joás (2 Rs 11-12).

796-767 Amazias (2 Rs 14.1-20).

767-740 Uzias (2 Rs 14 -1 5; 2 Cr 26).


(co- regente (Alguns provérbios,
desde 790] Amós e Miquéias são escritos. Jó?
Joel?Jonas?l
740-731 Jotão (2 Rs 15; 2 Cr 27).
(co-regente
desde 750)

731-716 Acaz (2 Rs 16) Apela para Tiglate-


(co-regente Pileser III, pedindo
desde 744) ajuda aos assírios
contra a Síria e Israel
Judá teve de pagar tributo.

716-686 Ezequias (2 Rs 18 - 20). Aqueduto de Siloé (2 Rs 20)


(co-regente (Escritos alguns provérbios e construído em 701 quando
desde 729) Cantares de Salomão] Senaqueribe sitiou Jerusalém.

687-642 Manassés (2 Rs 21.1-18; Ordem de Esar-Hadon,


(co-regente 2 Cr 33). (/saías escrito?! rei da Assíria, para visitar Nínive.
desde 696)

642-640 Amom (2 Rs 21.18-16).


Data a.C. Evento bíblico Fato histórico documentado

640-609 Josias (2 Rs 21 -2 3 ].
[Naum escrito./
609 Joocaz (2 Rs 23.31-34).

609-597 Jeoaquim (2 Rs 2 3 -2 4 ).
[Habacuque e Sofonias escritos.)
597 Joaquim (2 Rs 24.6-15) Exilado pelos babilônios.

597-586 Zedequias (2 Rs 2 4 -2 5 ) Queda de Jerusalém em 597 e 587,


confirmada pela Crônica Babilónica.
Cartas de Laquis escritas pouco antes
da queda de Jerusalém em 587.

586-582 Gedalias (2 Rs 25.22-25).


[Jeremias e Lamentações
escritos. 1 e 2 Reis?)
(Nota: Os sistemas antigos de cálculo resultaram em problemas cronológicos para o período da monarquia
dividida.)

597-538 Exílio na Babilônia. lAIguns Tabletes de ração


salmos, Ezequiel e Daniel.) desenterrados perto do pórtico de
Istar, na antiga Babilônia, mencionando
Joaquim como preso, junto com outros
príncipes reais. Selos impressos e um
selo da Palestina mostram que os bens
de Joaquim estavam provavelmente sob
a guarda de um despenseiro.

538 Queda da Babilônia e decreto Decreto preservado no


de Ciro (Ed 1.2-4). cilindro de Ciro.

535-515 Volta dos exilados para a Judéia (Ed 2).

520 Ageu e Zacarias

516 Templo concluído. [Ageu e Zacarias escritos.)


486-465 Período de Xerxes e Ester
(Et 1-10)

458-444 Obra de Esdras e Neemias. Nome de Gesém (Ne 2.19; 6.1)


[Alguns salmos ejoel escritos?) confirmado em tigela de prata
do sec. V a.C. Tobias (Ne 2.10; 6.17)
mencionado nos papiros Zeno.
Castelo da família perto de Amã,
agora em ruínas.
Estes degraus de pedra originalmente levavam ao segundo templo em Jerusalém

Data a.C. Evento bíblico Fato histórico documentado

440 Malaquias {Ester, Esdras, Neemias,


Malaquias, 1 e 2 Crônicas escritos.l

Períodos intertestamentário e do Novo Testamento

331-65 a.C. Período grego na Palestina. 0 grego torna-se o idioma comum


do Oriente Próximo. A cultura grega
se espalha.

300-287 a.C Simão, sumo sacerdote em


Jerusalém.
Data a.C. Evento bíblico Fato histórico documentado

190 a.C. Provável fundação Rolos do mar Morto.


da comunidade do mar Morto

175 a.C. Antíoco IV Epifânio (Veja


1 Macabeus, nos apócrifos do
Antigo Testamento.)

167 a.C. Revolta dos Macabeus (1 Macabeus)

143-37 a.C. Reinado dos asmoneus.

65 a.C. Periodo romano na Palestina.

40-4 a.C. Herodes, o Grande Ampliou o Templo, construiu magníficas


estruturas, fortificou Massada.

30 a.C. a Augusto imperador romano Muitas inscricões e


14 d.C. (Lc 2.1). obras públicas.

c. 4 a.C. Nascimento de Cristo (Lc 2). Cirênio(Lc 2.2)


governador da Síria.

d.C 14-30 Ministério de Cristo (Mt, Mc, Lc, Jo). Pilatos (Mt 27)
Procurador da Judéia.
(Josefo: Antigüidades, 18,3,1;
Guerra dos Judeus, 2,9,1).

36 d.C Conversão de Saulo (Paulo) (At 9.1-30).

46-48 d.C. Primeira viagem missionária de Paulo


(At 13 -1 4 ). (Gálatas e Tiago escritos.)

49-52 d.C. Segunda viagem missionária de Paulo


(At 15-18). ( Tessalonicenses escrito.j

53-58 d.C. Terceira viagem missionária de Paulo


(At 18-21). (Romanos,
1 e 2 Coríntios escritos.)

70 d.C. Queda de Jerusalém. (Documentos do


Novo Testamento completados em
c. 9 5 d.C. 1
0 que a Bíblia
Ensina sobre
Cristo e a Fé Cristã
A Vida de Cristo

Introdução 72

Nascimento e Infância de Jesus 72

0 Batismo e o Início do Ministério de Jesus 76

0 Ministério de Jesus na Galiléia 79

0 Ministério de Jesus na Peréia e Judéia 83

A M orte e a Ressurreição de Jesus 87

Os Ensinamentos de Cristo

Introdução 92

A Visão de Jesus em Relação a Deus 92

A Visão de Jesus em Relação a Si Mesmo 94

A Visão de Jesus em Relação ò Humanidade e ao Pecado 96

A Visão de Jesus em Relação ao Reino de Deus 96

A Visão de Jesus em Relação à Vida Cristã 98

No que os Cristãos Crêem

Introdução 101

0 Credo dos Apóstolos 102


72 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

À direita: Igreja da
Anunciação, Nazaré, A Vida de Cristo
edificada para
W a lte r A . Elwell
comemorar a visita do
anjo a Maria
Je su s d e N a z aré é a p e sso a m ais im p o rta n te q u e j á viveu.
E le in flu e n c io u m ais v id a s e c iv iliz a ç õ e s d o q u e q u a lq u e r
o u tro . M u ito s e sp e ra m , a in d a h o je , serem o rie n ta d o s e in sp i­
ra d o s p o r E le, m ais q u e p o r q u a lq u e r o u tro . A re sp o sta do
N o v o T e sta m e n to é q u e Je s u s n ão e ra ap e n a s m a is u m ser
h u m a n o , m as a e n c a rn a ç ã o d e D eu s. N e n h u m a d e sc u lp a , ou
m e s m o q u a lq u e r d e fe sa , re la c io n a d a a e sta a firm a ç ã o é dada.
E la é fe ita sim p le sm e n te c o m o o fe re c im e n to d e p ro v á-la
p e la e x p e riên c ia . O fato d e Je su s ser q u e m E le d isse q u e era
está p ro v a d o n a re a lid a d e d a v id a d iá ria e n ão so m e n te nos
p ro c e s so s de racio c ín io . O s E v a n g e lh o s são a fo n te b ásic a
de in fo rm a ç õ e s so b re Je su s: M a te u s, M a rc o s, L u ca s e Jo ão .
A p a rtir d e le s é p o ssív e l re c o n s tru ir u m e sb o ç o so b re o q u e
E le fe z e d isse. N ão fic a m o s sa b e n d o tu d o q u e g o sta ría m o s,
m as e le s c o n têm o su fic ie n te p a ra n ão nos d e sv ia rm o s. A
v id a d e Je su s p o d e se r d iv id id a em cin c o p e río d o s: n a sc i­
m e n to e in fâ n c ia, b a tism o e p rim e iro m in istério , m in isté rio
na G a lilé ia , n a P eréia, na Ju d é ia , m o rte e re ssu rre iç ã o .
Nascimento e Infância de Jesus
O s E v an g elh o s reg istram vários ev en to s sig n ificativ o s q u e
p re c e d e ra m o n a sc im e n to d e Je su s, p o is fo rn e c e m in fo rm a ­
ç õ e s p a ra c o m p re e n d e rm o s m e lh o r q u em E le e ra e q u al o
seu p ro p ó s ito aqui n a terra. E ste s e v e n to s se c o n c e n tra m em
M aria, m ã e de Je su s, e Isa b e l, m ãe de Jo ã o B atista.
H a v ia u m c lim a d e e x p e c ta tiv a n o s ú ltim o s a n o s d o re i­
n ad o d e H e ro d e s. E le fo ra u m líd e r tão p e rv e rso q u e m u ito s
e sp e ra v a m a in te rv e n ç ã o d e D eu s n a h istó ria , a fim d e c o rri­
g ir se u s e rro s. U m a d e ssa s p e sso a s era um v e lh o sa ce rd o te
c h a m a d o Z a c a ria s, q u e foi v isita d o p o r um an jo e n q u a n to
e x e rc ia seus d e v e re s sa c e rd o ta is. F o i-lh e d ito q u e su a m u ­
lher, q u e já p a ssa ra d a id ad e de co n c e b e r, te ria um filho, o
qual rece b e ria o n o m e d e João. N em Z acarias nem sua m ulher
G ruta da Natividade, Isabel p o d iam crer nisso, m as aconteceu. D u ran te o sétim o m ês
Belém, lugar do d e g rav id ez de Isabel, sua jo v e m p rim a, ch am a d a M aria, ta m ­
nascimento de Jesus,
b ém receb eu a visita d e u m anjo. E m b o ra esta fo sse virgem ,
segundo a tradição.
foi-lh e an u n cia d o q u e seria a m ãe terren a d o F ilho de D eus.
S u a h u m ild e aceitação d a in explicável v o n tad e d iv in a p erm a­
n ece c o m o um ex em p lo d e c o m o d ev em o s resp o n d er à v o n ta­
d e d o S e n h o r em nossas vidas. José, fu tu ro m arid o d e M aria,
tam b ém foi in fo rm ad o p o r D eu s do q u e su ced eria e aceitou,
ig u alm en te de b o m grado, a vontade de D eus. A m b o s co m p re­
en d eram que u m a v id a de p erp lex id ad e e so frim en to os aguar­
dava. M a ria visitou Isabel na Ju d éia e ficou co m e la d u ran te
três m eses. N esse p eríodo de tem p o , foi co n firm a d o q u e o co r­
rências m ilagrosas estavam p restes a acontecer.
D e p o is de M aria te r v o ltad o p a ra a G alilé ia , o im p e ra d o r
ro m a n o C é sa r A u g u sto fe z p a ss a r u m d e c re to , ex ig in d o q u e
c a d a u m v o lta sse à su a c id a d e an ce stra l p a ra re g istra r-se , a
fim d e p a g a r im p o sto s. M a ria e Jo s é tiv e ra m d e v iajai' p ara
B elém na Ju d é ia , p o r se re m d e sc e n d e n te s de D av i. O n a sc i­
m en to d e Je su s a c o n te ce u ali. A h istó ria é c o n ta d a c o m sim -
A Vida de Cristo

p lic id a d e n o E v a n g e lh o d e L u cas. N ã o h a v ia lu g a r n a h o sp e ­
d a ria p a ra os v ia ja n te s c a n sad o s, e eles se v ira m fo rç a d o s a
p a ss a r a n o ite n o q u e p a re cia u m está b u lo . A li, em m eio à
p o b re z a e in d ife re n ç a terre n a s, m as c o m a a c la m aç ã o d iv in a,
Jesu s n asceu . O s p asto re s, a v isa d o s d o g ra n d e a c o n te c im e n ­
to p elo s m e n sa g e iro s d e D eus, fo ra m m a ra v ilh a r-se co m a
p e q u e n a fam ília. T u d o e ra su rp re e n d e n te! A lg o m en o s p ro ­
v áv el não p o d e ria se r im ag in a d o , n em n a q u e la é p o c a e nem
ag o ra — q u e o D eu s E tern o e sc o lh e sse e n tra r n este m u n d o
d e ssa fo rm a. E m seu a m o r e p a ra o n o sso b em , d esceu ao
m u n d o na fo rm a d e u m a c ria n ç a in d e fesa , su jeitan d o -se às
v ic issitu d e s d a e x istê n c ia hu m an a.
S eg u n d o o c o stu m e ju d e u , Je su s foi c irc u n c id a d o n o o i­
ta v o d ia e d e p o is a p re se n ta d o n o tem p lo , q u a re n ta d ias ap ó s
o seu n a sc im en to . N a ap re se n ta çã o , S im e ã o e A n a, in sp ira ­
do s p elo E sp írito S a n to , falaram de Je su s e d o q u e fa ria fu tu ­
ram en te. E le seria a sa lv a ç ã o do m u n d o , um sinal p a ra Isra ­
el, co n h e c e d o r d e c o ra ç õ es, e u m a e sp a d a q u e feriria o c o ra ­
çã o de M aria. A te rrív e l re fe rê n c ia à e sp a d a in d icav a q u e
to d o s d ev e ria m p a ss a r p o r te m p o s d ifíceis.
M ais tard e, c h e g a ra m v isita n tes d o O rien te, os m ag o s (ou
sáb io s), g u ia d o s p o r u m a estrela , p a ra o fe re c e r sua h o m e n a ­
g e m ao jo v e m rei. A o sab er d isso , o in stáv el H ero d es iro u -se
d e tal fo rm a , q u e o rd e n o u a m o rte d e to d o s o s m en in o s co m
m e n o s de d o is a n o s e m B elém e c e rc a n ia s, e sp e ra n d o d esse
m o d o e lim in a r a a m e a ç a q u e Je su s re p re se n ta v a . A c ria n ç a ,
p o rém , não e sta v a lá. A v isad o p o r m e io d e u m so n h o , Jo sé
lev o u M a ria e Je su s p a ra o E g ito , o n d e p erm a n e c e ra m a té a
m o rte de H ero d es.
D ep o is q u e H ero d es m o rre u , a fa m ília v o lto u à Ju d é ia e
e v id e n te m e n te p la n e ja v a e sta b e le c e r-se ali, m as o filho de
H ero d es, A rq u e lau , g o v ern av a a reg ião . E ra ain d a m ais d e ­
se q u ilib ra d o q u e o pai, e e n tã o Jo sé lev o u a fam ília p a ra
N azaré, na G a lilé ia , o n d e Je su s c re sc e u a té a id a d e ad u lta.
N ão sab em o s q u ase n a d a so b re Je su s d esd e o seu n asci­
m en to até qu e tiv esse cerca de trin ta an o s d e idade. U m ep isó ­
dio foi reg istrad o q u a n d o Jesu s tin h a 12 anos. D ep o is d a visita
O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

an ual a Jeru sa lé m , o m en in o foi en co n trad o n o T em p lo , d isc u ­


tin d o te o lo g ia co m os d o u to re s d a lei. A lém d e ssa o co rrên cia,
n ão te m o s o u tro s p o rm en o res, ex ceto q u e Jesu s d esen v o lv eu -
se m ental e fisicam en te, a g ra d an d o tanto a D eu s co m o aos
hom ens.
O Batismo e o Início
do Ministério de Jesus
Jo ão B atista apareceu no deserto, próxim o à Jerusalém , com o
um dos g randes profetas d o A ntigo T estam ento. C o rreram boa­
tos de q u e era Elias ou Jerem ias que havia ressuscitado dentre
os m ortos. Jo ão anunciava u m a m ensagem severa de co n d en a­
ção a todos que iam ouvi-lo pregai'. Ele dizia q u e nem os privi­
légios de nascim ento, n em o fato d e ser form alm ente religioso,
aju d ariam a ninguém . O s tem p o s eram drásticos d em ais p a ia
essas coisas. O m achado j á estav a posto na raiz d a árv o re e
p ro n to p ara cortá-la. H av ia necessidade de reorientação espiri­
tual decisiva. Todos, desde o su m o sacerdote até o m ais d esp re­
zível p ecad o r e o soldado gentio, tinham de arrepender-se, co n ­
fessar os seus pecados, ser batizados e viver de acordo com a
b oa m oral e ética para pro v ar a sua sinceridade. Isso significava
a aceitação de u m a n o v a vida.
Jo ão anunciou que o un g id o de D eu s estava ch eg an d o e b a­
tizaria com o Espírito Santo, assim com o ele b atizava com água.
P a ra su rp re sa de Jo ão , Je su s foi ao rio Jo rd ã o p ara ser
b a tiz ad o p o r ele. Je su s n ão tin h a p e c a d o s p a ra c o n fessar, p o r
q u e d e v eria en tão re c e b e r o b a tism o ? A re s p o sta e stá nas
p a la v ra s d e Jesu s: “ D e ix a p o r a g o ra, p o rq u e assim n o s c o n ­
v é m c u m p rir to d a a ju s tiç a ” (M t 3 .1 5 ). Jesu s e sta v a se id e n ­
tific a n d o co m o p e ca d o , n ã o o seu p ró p rio , m as o d e o u tro s,
a fim d e elim in á -lo p ara sem p re . E le e ra o C o rd e iro d e D eus
q u e tira v a o p e ca d o d o m u n d o (Jo 1.29). Q u a n d o Jesu s foi
b a tiz a d o , os c éu s se a b rira m e o u v iu -se u m a v o z d izen d o :
“ E s te é o m e u F ilh o a m a d o , e m q u e m m e c o m p r a z o ”
(M t 3.1 7 ).
A experiência de Jesus no deserto, que se seguiu im ediata­
m en te ao seu b atism o, teve su p rem a im portância p ara Ele, aju­
d ando a definir que espécie de M essias seria. T rês m odelos d i­
Ainda se realizam
ferentes foram oferecidos: o de um refo rm ad o r h u m anitário batismos no rio
(transform ar pedras e m pão); o d e u m o p erad o r de m ilagres Jordão.
(pular do alto do T em plo); e o de alguém que desafia a vontade
de D eus (unindo forças com Satanás). Em cada caso, Jesus re­
sistiu citando as E scrituras, repelindo assim os ataques de S ata­
nás. Ele sabia que realizar a obra salvadora de D eus significava
nada m enos d o que p agar todo o preço. P or m ais tentador que
fosse, rejeitou q u alq u er com prom isso q u e p u d esse prejudicai' o
que viera cum prir.
Jesus voltou à G aliléia, onde a cid ad e d e C afarn au m tornou-
se o seu quartel general. Já estava esco lh en d o discípulos, m as
nenhum cham ad o form al fora feito p ara q u e deix assem as suas
ocupações e o seguissem . Eles pareciam ter voltado às suas v i­
das com uns, esp eran d o pelo m o m en to em q u e Jesus d aria início
ao seu m inistério público. O s d iscípulos de Jesus com eçaram
batizando, o q u e criou alg u m a d ificuldade co m os discípulos de
João, m as Jesus p erm an eceu no fundo d a cena. S ua hora ainda
A Vida de Cristo 79

não chegara. Jesus fez duas viagens a Jerusalém , um a delas in ­


c lu in d o u m a e n tre v is ta co m u m d irig e n te ju d e u c h am a d o O s 12 Apóstolos
N icodem os, que recebeu o rdem p ara n a sc e r de novo, do alto Pedro

(ou “novo nascim en to ”) se quisesse en trar no R eino de D eus. Tiago


M ilagres foram realizados, com o o das bo d as de C aná, m as este João
período em sua m a io r parte foi de iniciação p ara Jesus, q u e e s­
A ndré
tav a se preparan d o p a ra a ho ra em que ocu p aria o palco central
Filipe
d a H istória. E ste m o m en to chegou q u ando Jo ão B atista foi p re­
so. O tem po da iniciação term inara; chegara o m om ento d a ação. Tomé

Bartolom eu
O M inistério de Jesus na Galiléia
M ateus
Q u an d o Jo ã o B a tista foi la n ç a d o n a p risã o p o r H e ro d e s
Tiago (filho de Alfeu)
A ntipas, Jesu s to m o u isso co m o um sinal d e que d ev eria a v a n ­
ç a r com u m a m e n sa g e m d e re a liz a ç ão . Jo ã o era o ú ltim o da Sim ão o cananeu

a n tig a o rd em ; e le e ra cle fato o “E lia s” q u e d ev e ria v ir an tes Tadeu (Judas irm ão

da ch e g a d a d o M e ssia s de D eu s. M a s tu d o isso a g o ra era de Tiago)


h istó ria. Jesu s a p re se n to u a m e n s a g e m de arre p en d im e n to , Judas Iscariotes
p ro c la m a n d o q u e o R ein o de D eu s e sta v a às p o rtas e a c a b a ra
de e n tra r na H istó ria p o r m eio d e su as o b ra s e p alav ras.
O m in isté rio d e Je su s n a G a lilé ia d u ro u a p ro x im a d a m e n ­
te um an o e m eio . M u itas co isas o c o rre ra m que p o d e m ser
tra ta d a s sob três títu lo s: o q u e a c o n te c e u , o q u e Je su s fe z e o
q u e en sin o u .
O que aconteceu: Q u atro e v en to s se d esta c am , sen d o de
cru cial im p o rtân c ia d u ra n te o m in isté rio g alileu de Jesu s. P ri­
m e iro , Jesu s e sc o lh e u 12 h o m en s c o m o um n ú cleo d a lid e ­
ra n ç a (M c 3 .1 3 -1 9 ), o q u e im p lic a no fa to d e te r re co n h e c id o
a n e c e ssid a d e d e a ju d a p a ra re a liz a r a ta re fa à su a fren te ,
assim c o m o o fato d e q u e su a o b ra c o n tin u a ria ap ó s E le, no
m in isté rio d e sse s in d iv íd u o s. A e sc o lh a d e 12 h o m e n s c o m o
ap ó sto lo s esta v a n a a n a lo g ia de Israel co m as suas 12 trib o s;
a Ig re ja q u e iria su rg ir se ria o novo p o v o d e D eu s.
S eg u n d o , Jo ã o B atista e n v io u u m a m e n sag em d a p risão
p erg u n ta n d o se Je su s e ra re a lm e n te q u e m estav a p a ra vir. A
re s p o sta co d ific a d a d e Je su s a firm o u q u e sim (M t 11.2-19),
À esquerda: Pescadores
m a s o essen c ia l aq u i é a n a tu rez a do m e ssiad o de Jesu s. E le
recolhem seu produto em
n ão seria um c o n q u is ta d o r c o m o os d e R o m a, m as c u ra ria os Tiberíades, às margens do
d o en tes, d aria v is ta ao s c eg o s e tra ria e sp e ra n ç a p a ra os p e r­ mar da Galiléia.
O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

d id o s. A m e n sa g e m de Je s u s e ra e sp iritu a l, e n ão p o lítica.
T erc e iro , Jesu s a lim e n to u u m a m u ltid ã o d e c in c o m il h o ­
m en s, ju n ta m e n te co m as su a s fa m ília s (M t 4 .1 3 -2 1 ). D ep o is
d isso , a m u ltid ão q u e ria fa z ê -lo rei, m as E le re c u so u . E ra
n o v a m e n te im p o rta n te q u e fo sse o M e ssia s p re te n d id o p o r
D eu s, e não o q u e a o p in iã o p o p u la r d esejav a. A so lid ã o da
su a ta re fa c o m e ç a v a a p e sa r so b re E le, ao c o m p re e n d e r q u e
o p o v o q u e ria os b e n e fíc io s d a s suas o b ras, m as n ã o se d is­
p u n h a a p a g a r o p re ç o d o a rre p e n d im e n to e d a su b m issão .
Q u arto , Jesus retiro u -se p a ra C esaréia d e F ilip e, o n d e re ­
v elo u q u e ser o M essias in clu ía su a ida p a ra m o rre r e m Je ru sa ­
lém (M c 8.27-38). P ed ro resistiu a essa p o ssib ilid ad e, m as foi
sev eram en te rep reen d id o p o r Jesu s. A tran sfig u ração q u e se
seg u iu (M c 9.2-8) c o n firm o u qu e a d ecisão ce rta fo ra tom ada.
O que Jesus fez: A a tiv id a d e d e Je su s d u ra n te e ste p erío ­
d o d e stin a v a -se a m o s tra r c o m o se ria le r o R ein o de D eus
p re sen te . E le e x p u lso u d e m ô n io s, fo rças e sp iritu a is q u e se
o p u n h a m a tudo q u e e ra b o m p a ra a h u m an id ad e . O R ein o de
D eu s sig n ific a v a a d e rru b a d a do rein o d o m al. O n d e q u e r
q u e Je s u s v á, o m al recu a.
S e g u n d o , Je s u s c u ro u o s d o e n te s. O s e v a n g e lh o s d ão
e x e m p lo s re p re se n ta tiv o s d o q u e fe z , in c lu siv e a c u ra d a fe ­
b re, lep ra, su rd ez, in c a p a c id a d e d e falar, ce g u e ira , p ara lisia ,
m o lé stia s c o n g ê n ita s e o u tro s. D e u s c u id a d a su a cria ç ã o ;
Je su s foi a p e rso n ific a ç ã o c o n c re ta d esse c u id a d o . O n d e Je ­
sus v ai, a d o e n ça recua.
T erceiro , Je su s m in istro u a to d o tip o d e n e c e ss id a d e h u ­
m an a. E n c o ra jo u os fra c o s, a lim e n to u os fa m in to s, ac a lm o u
te m p e sta d e s fu rio sas, a b e n ç o o u a v id a n o rm al h u m a n a com
a su a p re se n ç a (c a sa m e n to s, ad o ra ç ã o , v iag e n s e tc .), re ssu s­
c ito u m o rto s e lev o u a p a z o n d e h a v ia co n flito . O n d e Jesu s
v ai, a n ec e ssid a d e h u m a n a recu a.
Q u arto , Je su s p e rm itiu g ra c io sa m e n te v á rio s tip o s d e dis-
c ip u la d o . A lg u n s era m d is c íp u lo s q u e ficav am e m c a sa ; o u ­
tro s d e ix a ra m tu d o p a ra e sta r co m Ele; o u tro s a in d a o se g u i­
ra m d u ra n te alg u m te m p o p a ra a p re n d e r e d e p o is v o ltaram
às su as o c u p a ç õ e s n o rm a is; e ain d a o u tro s fic a ra m em casa
p o r c e rto te m p o e d e p o is se ju n ta ra m a E le - isso não tin h a
A Vida de Cristo 81

Palestina nos Tempos de Cristo

SÍRIA
• Tiro

Cesaréia de Filipe
M AR M EDITERRÂN EO

GALILÉIA

Cafarnaum • * Betsaída

Caná • M ar da Galiléia

•N a z a ré m Gadara
* Nairn
m
r
• Cesareia DECÁPOLIS
OL

.
SAMARIA RioJordão

•S icar
• Jope
• Arimatéia PERÉIA
JUDEIA

• Emaús *• .Jericó
Jerusalém „ • Betânea

• Belém

IDUMÉIA
• G aza Á /LÂ »
M ar Morto

0 15 km
Esta bela igreja foi re a lm e n te im p o rtân cia. D eu s q u e r q u e se ja m o s n ó s m esm o s
e dificada sobre o monte e sa n tific a n o ssas v id a s c o m o são, d e sd e q u e nos e n tre g u e ­
onde, segundo a m o s a E le. D e u s e n c h e as n o ssa s v id as d e sig n ific a d o e p ro ­
tradição, Jesus entregou
p ó sito . O n d e Je su s v ai, a a u sê n c ia d e p ro p ó sito e o d e se s p e ­
os ensinamentos que
ro recu am .
conhecemos como o
Q u in to , Je su s en tro u em c o n flito co m os re lig io so s a c o ­
Sermão do M onte.
m o d ad o s d a sua ép o ca . E irô n ic o v e rific a r q u e as p e sso as
c o m u n s m o stra ram m a is in te re sse em Jesu s d o q u e o s q u e se
d iz ia m re lig io so s d e d ic a d o s. M as c o n fo rm e Je su s d isse , são
o s d o e n te s q u e p re c isa m d e m éd ico . S ó q u a n d o c o m p re e n ­
d e m o s q u e p re c isam o s d e D eu s é q u e p o d e m o s ser a ju d ad o s.
O n d e Je s u s v ai, a h ip o c risia recu a.
O que Jesus ensinou: O s e n sin a m e n to s d e Je su s, d u ran te
o p e río d o g alileu , p o d e m se r re su m id o s e m p o u c a s p ala v ras.
P a ra os d e fo ra, disse: “A rre p e n d a m -se e c re iam n o E v a n g e ­
lh o . O te m p o e stá p ró x im o e o R ein o d e D eu s j á c h e g o u ” .
P a ra o s q u e se a p ro x im a ra m dele, d isse: “ S ig a m os p re ce ito s
A Vida de Cristo

de D eu s c o m o e n c o n tra d o s n o S erm ão d o M o n te ” (M t 5-7).


O p rin cip a l é a m a r a D eu s de to d o o c o ra ç ã o e a m a r n o sso
p ró x im o c o m o a nós m esm o s. Q u a n to à su a p esso a, Je su s
d isse q u e v ie ra p a ra c u m p rir a ju s tiç a de D eu s, in d o a Je ru sa ­
lém p a ra m o rre r e ressu sc ita r. E sta e ra a n a tu re z a d o seu
m essiad o .

O Ministério de Jesus
na Peréia e na Judéia
C om pleno conhecim ento do que significava ir para Jerusa­
lém , Jesus deixou a G aliléia e dirigiu-se para o Sul. Seu m inisté­
rio na Peréia e na Judéia duraria cerca de seis m eses, culm inando
na sua m orte e ressurreição. D urante esse período, Ele continuou
a pregar, curar, operar milagres e expulsar dem ônios. Entretanto,
algum as m udanças ocorreram .
H avia agora m ais conflito aberto com as autoridades, à m edi­
da que Jesus exigia um a transform ação moral na vida delas. De
sua parte, essas pessoas estavam m ais decididas que nunca a eli­
minai' aquE le que tanto as constrangia. Jesus tam bém se identifi­
cou mais de perto com os perdidos e explicou mais detalhadamente
a sua m orte e ressurreição. A gora, suas parábolas davam u m a
nova ênfase à salvação, com o nas parábolas da m oeda perdida,
da ovelha perdida e do filho pródigo (Lc 15.1-32). Finalm ente,
E le ressaltou veem entem ente o custo do discipulado à luz do que
iria acontecer.
As Parábolas na Bíblia
Parábola Referência
Antigo Testamento
A pequena cordeira 2 Sm 12.1-4
A viúva e seus dois filhos 2 Sm 14.1-11
O cativo que fugiu 1 Rs 2 0 .3 5 -4 0
A vinha e as uvas Is 5.1 -7
As águias e a videira Ez 17.3-10
Os leõezinhos Ez 19.2-9
A panela no fo g o Ez 24 .3 -1 4

Parábolas de Jesus Mateus Marcos Lucas


Pano novo em vestido velho 9.16 2.21 5 .3 6
Vinho novo em odres velhos 9.17 2 .2 2 5 .3 7 -3 8
Casas na rocha e na areia 7.2 4 -2 7 6 .4 7 -4 9
O s dois devedores 7.41-43
O sem eador e o solo 13.3-8 4.3-8 8.5-8
A candeia sob o alqueire 5.14-15 4.2 1 -2 2 8.16; 11.33
O bom sam aritano 10.30-37
O am igo insistente 11.5-8
O rico insensato 12.16-21
O s servos vigilantes 1 2 .3 5 -4 0
O m ordom o fiel 1 2 .42-4 8
A figueira estéril 13.6-9
O g rã o de m ostarda 13.31-32 4 .3 0 -3 2 13.18-19
O ferm ento 13.33 13.20-21
Lugares de honra 14.7-14
As Parábolas na Bíblia (continuação)
Parábolas de Jesus Mateus Marcos Lucas
O g ra nd e banquete e os
convidados relutantes 14.16-24
Fazendo as contas 14.28-33
A ovelha pe rdid a 18.12-13 15.4-6
A m oeda perdida 15.8-10
O filho p ró d ig o 15.11-32
O m ordom o infiel 16.1-8
O rico e Lázaro 16.19-31
O s servos e o seu dever 17.7-10
O juiz iníquo e a
viúva insistente
O fariseu e o publicano

As minas (ou talentos) 2 5 .1 4 -3 0 19.12-27


O s lavradores maus 21.33-41 12.1-9 20 .9 -1 6
As folhas na figueira 2 4 .3 2 -3 3 1 3 .28-2 9 21.29-31
A volta do senhor da casa 1 3 .34-3 6
A semente em crescimento 4 .2 6 -2 9
O trigo e o joio 13 .2 4 -3 0
O tesouro escondido 13 .4 4
A pérola de g ra nd e valor 13 .4 5 -4 6
A rede de pesca 13.47-48
O cred or incom passivo 1 8 .23-2 4
O s traba lh ado res na vinha 20 .1-16
O s dois filhos 21.28-31
A festa de casamento 2 2 .2 -1 4
As dez virgens 25.1-13
As ovelhas e os bodes 2 5 .3 1 -3 6
Os Milagres de Jesus
M ilagre Mateus Marcos Lucas João
Jesus passa por entre
a multidão zangada 4 .2 8 -3 0
Homem possesso por
demônio curado na
sinagoga 1.2 3-26 4 .3 3 -3 5
Cura da sogra de Pedro 8.14-15 1.30-31 4 .3 8 -3 9
A pesca maravilhosa 5.1-11
Cura do leproso 8.2-3 1.40-42 5.12-13
Cura do paralítico 9.2 -7 2.3-12 5.18-25
Cura do homem com a
mão mirrada 12.10-13 3.1-5 6.6 -1 0
Cura do servo do centurião 8.5-13 7.1-10
Filho da viúva ressuscitado 7.11-15
Tempestade acalmada 8 .2 3 -2 7 4.37-41 8 .2 2 -2 5
Cura de um endemoninhado 8 .2 8 -3 4 5.1-15 8.2 7 -3 5
Filha de Jairo ressuscitada 9.18-25 5 .2 5 -4 2 8.4 1-56
Cura da mulher com um
fluxo de sangue 9 .2 0 -2 2 5 .2 5 -2 9 8 .4 3 -4 8
Alimentação dos cinco mil 14.15-21 6 .3 5 -4 4 9.12-17 6.5-13
Cura do jovem lunático 17.14-18 9.1 7-29 9 .3 8 -4 3
Cura do cego, mudo e
endemoninhado 12.22 11.14
Cura da mulher curvada 13.11-13
Cura do hidrópico 14.1-4
Cura dos dez leprosos 17.11-19
Cura de Bartimeu e de
outro cego 2 0 .2 9 -3 4 10 .4 6 -5 2 18.35-43
Cura da orelha de Malco 22.50-51
Cura de dois cegos 9.27-31
Cura do mudo e endemoninhado 9 .3 2 -3 3
Os Milagres de Jesus (continuação)

M ilagre Mateus Marcos Lucas João


Dinheiro encontrado na
boca do peixe 17.24-27
Cura do surdo-mudo 7.31-37
Cura do cego 8 .2 2 -2 6
Transformação da água em
vinho 2.1-11
Filho do régulo curado da
febre 4 .4 6 -5 4
Cura do inválido no tanque de
Betesda 5.1-9
Cura do cego de nascença 9.1-41
Lázaro é ressuscitado 11.1-44
Segunda pesca maravilhosa 21.1-11
Jesus anda sobre as águas 14.25 6.48-51 6.19-21
Cura da filha da mulher
cananéia 15.21-28 7.24-30
Alimentação dos quatro mil 15.32-3 8 8.1-9
A figueira seca 21.18-22 11.12-26

A Morte e a Ressurreição de Jesus


O m in isté rio d e Je su s alc a n ço u o seu a p o g e u d u ra n te o
q u e c h a m a m o s a g o ra S em a n a d a P aix ão . E le v iera p a ra ser o
C o rd e iro de D eu s, e fo i isso q u e a c o n te c e u . D e p o is d e e n tra r
triu n fa n te na c id a d e de Je ru sa lé m (no d ia a g o ra c e le b ra d o
c o m o D o m in g o d e R am o s), Je su s d isc u tiu d e m a n e ira tão
d e c id id a com as a u to rid a d e s, q u e re so lv e ra m liv rar-se dele,
sem sab er q u e su as tram as m a lig n a s iriam c u m p rir m iste rio ­
sam en te o p lan o re d e n to r d e D eus.
N a n o ite d e q u in ta -fe ira d e ssa se m an a, Je su s c o m eu a
re fe iç ã o d a P á sc o a co m seus d iscíp u lo s. E le e x p lico u q u e
seu san g u e e sta v a p re ste s a ser d e rra m a d o c o m o o sa n g u e da
“n o v a a lia n ç a ” , p re d ita p e lo p ro fe ta Je re m ia s (Jr 3 1 .3 1 -3 4 ).
Ju d as, p o r ra zõ e s d e sc o n h e c id a s a té h o je, traiu Je su s e en tre-
Pode-se ver a porta g o u -o n a s m ã o s d o s seu s in im ig o s. Je su s fo i p re so d e p o is de
Dourada à distância o ra r n o Ja rd im d o G e tsê m a n i, q u e fic a v a n o v a le , d o lad o
nesta fotografia do
o p o sto a Je ru sa lé m . P rim e iro , Je su s foi ju lg a d o p o r u m tri­
jardim do Getsêmani,
b u n a l ju d e u , d ia n te d as a u to rid a d e s civ is e re lig io sa s e d e ­
Jerusalém.
p o is e n tre g u e aos ro m a n o s p a ra ação o fic ia l, p o rq u e só eles
p o d e ria m im p ô r a p e n a d e m o rte . T an to H e ro d e s q u a n to
P ila to s in te rro g a ra m a Je su s e c o n c o rd a ra m e m so ltá-lo co m
u m a sé ria a d v e rtê n c ia, m as as a u to rid a d e s ju d ia s e a m u lti­
d ã o o s p re ssio n a ra m p a ra q u e fo sse m o rto . P ila to s, h o m em
in te lig e n te m as d e v o n ta d e fra c a , c o n se n tiu e e n v io u Jesu s
p a ra se r e x e cu tad o . Je su s fo i a ç o ita d o a té q u a se m o rre r e
d e p o is p u b lic a m e n te c ru c ific a d o . E le so freu n a c ru z d e sd e
c e rc a d e n o v e h o ra s d a m a n h ã até às três d a ta rd e n a sex ta-
fe ira (a c h a m a d a S e x ta -F e ira S an ta), te n d o en tã o m o rrid o
d iz e n d o : “E stá c o n su m a d o ” e “P a i, nas tu as m ão s e n tre g o o
m eu e sp írito ” .
N in g u é m sab e e x a ta m e n te o q u e o c o rre u n a q u e le s m o ­
m e n to s terrív e is. O N o v o T e sta m e n to nos c o n ta ap e n a s q u e
Jesus m orreu por nossa causa, libertando-nos do castigo do peca-
As Sete Últimas Palavras D e z Registros Bíblicos d e Pessoas
d e Jesus na C ruz Ressuscitadas
"Pai, perdoa-lhes, p orque não sabem Filho da viúva de Sarepta ( 1 Rs 17.17-24)
o que fa ze m " (Lc 2 3 .3 4 ). Filho da sunamita (2 Rs 4 .3 2 -3 7 )
"Em ve rdade te d ig o que hoje estarás Homem cujo c o rp o tocou nos ossos de
com igo no Paraíso" (Lc 2 3 .4 3 ). Eliseu (2 Rs 13.20-21)
"M ulher, eis a í o teu filho. Santos na m orte de Jesus (M t 27.50-53)
Eis a í tua m ãe" (Jo 1 9 .2 ó ;2 7 ). Jesus (M t 2 8 .5 -8 ; M c 16.6; Lc 24.5 -7)
"Deus meu, Deus meu, p o r que me Filho da viúva de N aim (Lc 7,11-15)
desam paraste?" (M c 15.34). Filha de Jairo (Lc8.4 1-42; 4 9-5 5 )
"Tenho sede" (Jo 1 9.28). Lázaro (Jo 11.1-44)
"Está consum ado" (Jo 19.30). Dorcas (At 9 .3 6 -4 2 )
"Pai, em tuas mãos entrego Êutico (At 2 0.9 -10 )
o meu e spírito" (Lc 2 3 .4 6 ).

do, que é a m orte. Jesus não m orreu com o todos m orrem , mas por À esquerda: 0 túmulo
todos, no plano de expiação de Deus p ara os nossos pecados. Este do Jardim, Jerusalém
é o m aior m istério im aginável. Para nós, basta saber que a vonta­ oriental, um bom
de de D eus foi cum prida e tudo que tem os a fazer é reconhecer exemplo de uma tumba
hum ildem ente a nossa necessidade, curvando-nos diante d a cruz esculpida na rocha.
para receber o seu perdão.
D epois de ter sido colocado num sepulcro fora de Jerusalém ,
o corpo de Jesus perm aneceu em paz durante cerca de três dias
(segundo os cálculos judeus, qualquer parte de um dia pode ser
contada com o um dia inteiro, portanto, o período de tem po de
sexta-feira a dom ingo equivalia a três dias). N a m anhã de dom in­
go, o sepulcro estava vazio, porque Jesus se levantara dentre os
m ortos, com o tinha afirm ado. Ele apareceu várias vezes aos am i­
gos, inclusive M aria M adalena, Pedro, Tomé, N atanael, Tiago e
João, com o tam bém aos outros apóstolos e discípulos não m enci­
onados. A m orte não p ôde reter Jesus porque Ele é o S enhor da
m oite — e tam bém da vida. N ão existe u m a explicação racional
para a ressurreição de Jesus. Ela foi u m a dem onstração do poder
e am or de D eus, o qual controla todas as nossas experiências de
vida, inclusive a morte. Q uarenta dias mais tarde, Jesus voltou ao
Pai celestial p ara aguardar ali a sua volta em glória e term inar esta
era, trazendo a salvação final.
O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

Os Ensinamentos de Cristo
W a lte r A. Elwell

Je su s não e sc re v e u liv ro s n em e n sin o u q u a lq u e r te o lo g ia


siste m á tic a, m as e ste fa to n ão sig n ific a q u e n ã o te n h a c o n si­
d e ra d o os a sp e c to s das c o isa s p o r si m esm o . E e v id e n te q u e
fe z isso. A tarefa a q u al se im p ô s, n o en tan to , e ra a d e u m a
c o m u n ic a ç ã o d ire ta d a v erd a d e , e re a liz o u -a d e m o d o d ife ­
re n te d o q u e ta lv e z fiz é sse m o s h o je.
S u a ta re fa e ra b a sic a m e n te fa la r a v erd a d e p a ra os q u e já
c o n h e c ia m as re sp o sta s, m as d e m o d o q u e a m e s m a fic a sse
e v id e n te p a ra e les. E ssas p esso as j á tin h a m o u v id o e ssa ver­
d a d e tan tas v ezes, q u e e la p erd e ra a su a u rg ê n c ia e p o d e r em
su as v idas. A fim d e c u m p rir sua ta re fa , Je s u s d ecid iu u sar
u m a lin g u ag em sim p les e d ire ta p a ra a b o rd a r o assu n to fa ­
z e n d o u so de a n a lo g ia s, p a rá b o la s e o u tra s im a g e n s p a ra d a r
v id a à v erd ad e. O e n sin o d e Je su s n u n c a e ra ab strato ; n in ­
g u ém tin h a d ú v id as q u an to ao alvo de suas palav ras. E le u sav a
às v ezes, p a ra d o x o s o u fra se s a lta m e n te d e sc ritiv a s p a ra d e s­
p e rta r a a te n ç ão d o s o u v in tes. D izia c o isa s c o m o : “ O s ú lti­
m o s serão os p rim e iro s” , ou “ D eix a ao s m o rto s se p u ltare m
o s seu s m o rto s” ou “ Q u em q u ise r g a n h a r a su a v id a p erd ê-
la -á ” . F a z ia ta m b é m o c a sio n a lm e n te u so d e h ip é rb o le s, p a ra
le v a r os o u v in te s à a u to -a n á lise , c o m o q u a n d o d isse q u e se
q u ise rm o s e n tra r n a v id a , d ev e m o s c o rta r a n o ssa m ão, c aso
e la p ro v o q u e e sc â n d a lo . T u d o isso e ra c a lc u la d o p a ra fo rça r
o s o u v in tes a u m a e sc o lh a pessoal. E ra im p o ssív e l p e rm a n e ­
c e r n eu tro ; ou a p e sso a b u sc a v a a v erd a d e a té o fim e e ra
salv a ou a d e ix a v a d e lad o c o m o in sen satez . A s p a lav ras de
Je s u s tin h a m c o m o o b je tiv o p e n e tra r no c o ra ç ã o das p e sso as
e fo rça r u m a d e c is ã o a fa v o r ou c o n tra D eus.

A Visão de Jesus em Relação a Deus


A e x istê n c ia d e D e u s e ra o p o n to c en tral d o s e n sin a m e n ­
to s d e Jesu s. E le n ão d isc u tiu em m o m e n to a lg u m o fato de
A Vida de Cristo 93

qu e D e u s e x iste . Isto é ó b v io d em ais. O b se rv am o s em tu d o ,


a ev id ê n c ia d a re a lid a d e d e D eu s, q u e r n a H istó ria , n a s p a la ­
vras d o s p ro fe ta s, n a n atu re za , e m n o ssa v id a so cial o u em
nós m e sm o s. D e u s nos co n fro n ta em to d a p arte, em to d o s os
tem p o s e sem cessar.
M as, q u e m é D e u s? P ara Je su s, o q u e foi d ito tra d ic io n a l­
m en te so b re D e u s n as E sc ritu ra s e ra in d isc u tiv e lm e n te ver-

Visões de Personagens Bíblicas em Relação a Deus

Jacó sonhou: "E eis era posta na terra uma escada, cujo to p o tocava

nos céus... subiam e desciam por ela. E eis que o Senhor estava em

cima d e la " (Gn 28.12,13).

"E subiram M oisés e A rã o, N a d a b e e A b iú , e setenta dos anciãos de

Israel. E viram o Deus de Israel" (Ex 2 4 .9 ,1 0 ).

Moisés viu as costas de Deus (Ex 3 3 .2 3 ).

M iq u é ia s viu "o Senhor assentado no seu trono, e a to d o o exército

celestial em pé à sua m ão direita e à sua esqu e rd a" (2 C r 18.18).

Isaías viu " o Senhor assentado sobre um a lto e sublime tro n o " (Is 6.1).

Ezequiel viu "um a semelhança de trono com o dum a safira; e sobre a

semelhança d o trono... a semelhança dum hom em " (Ez 1.26).

N a visão de D aniel "foram postos uns tronos, e um a nciã o de dias se

assentou; a sua veste era branca com o a neve, e o ca be lo da sua

cabeça com o a lim pa lã; o seu trono, cham as de fo g o " (Dn 7.9).

Estêvão "fix a n d o os olhos no céu, viu a g ló ria de Deus e Jesus, que

estava à direita de Deus" (At 7.55).

Paulo escreveu: "C o n h e ço um homem em Cristo que... foi a rre b a ta d o

até a o terceiro cé u" (2 C o 12.2).

João escreveu: "E lo g o fui a rre b a ta d o em espírito, e eis que um trono

estava posto no céu, e um assentado sobre o tro n o " (Ap 4 .2 ).


94 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

Um pastor com seu d ad e. E le é amor, espírito, santo, bom , todo-poderoso, glorioso,


rebanho sobre as
ju s to , o n isc ie n te , o n ip o te n te , rei sábio, re v e la d o r d a v erd a d e
colinas nos arredores
e v e rd a d e iro . A c im a d e tu d o , D e u s é n o sso Pai cele stial que
de Belém.
Jesus disse que Ele
c u id a de nós, c o n h e c e e sa tisfa z as n o ssa s n e c e ssid a d es. É
era o bom Pastor. m ise ric o rd io so c o n o sc o , e stá d isp o sto a p e rd o a r os n o sso s
p e c a d o s, dá b o as d á d iv a s a se u s filh o s e se c o m p ra z co m as
n o ssas o raçõ es. C o m o D eu s é n o sso P ai, n ão p re c isa m o s v i­
v er a n sio so s, m as c o n fia n te s n a sua a te n ç ão e c u id ad o . N ão
h á n e c e ssid a d e de n o s p re o c u p a rm o s, p o rq u e D eu s sab e o
q u e e stá faz e n d o e p ro c u ra o n o sso bem . A lg u m a s v ezes, isto
n ão fic a tão e v id e n te , m a s é a v erd ad e.

A Visão de Jesus em Relação a Si Mesmo


Jesus era um ser hum an o . N em o seu n ascim en to virginal,
n em a sua isenção de p e c a d o p u d eram d im in u ir e ssa condição.
E le tin h a as m esm as n ecessid ad es físicas que q u alq u er outro.
F icav a cansado, co m fo m e, co m sede p o ssu ía cinco sentidos
co m o todos os d em ais; ex p erim en tav a d o r e so frim en to e, fi­
n alm en te, veio a m orrer. E le tin h a em oções. H avia ocasiões
em que ficav a triste, zan g ad o , com ciúm es, aflito, perturbado,
a n sio so ; se n tia am o r, so lid ã o , ale g ria, c a lm a , p a c iê n c ia e
irritação. P ossuía u m a m en te c o m o a nossa. E ra inteligente,
esp iritu o so , criativo, im agin ativ o , tin h a senso com um ; era ló­
g ico e coerente. E m sum a, tin h a u m a natu reza m oral e espiritu­
al c o m o a dos outros seres h u m an o s. N ão ju lg a v a , era afirm a ti­
vo, co rajo so e decidido; tin h a b o a m oral; e ra d ig n o de co n fian ­
ça, sincero, co m p ro m etid o co m a verdade, e co n scien te da p re­
se n ça de D eus.
Jesu s era, porém , m ais do q u e apenas u m ser hum ano. P o s­
suía u m a percepção sin g u lar d e si m esm o. A firm av a ser igual a
D eus, falav a com au to rid ad e divina, aceitava oração e louvor
(dev id o s só a D eus) e d e safiav a qu alq u er u m a e n co n trar falhas
n a sua pessoa. Ele reiv in d icav a auto rid ad e final sobre outros
seres hum anos, d izen d o q u e seus destinos etern o s dependiam
de c o m o se relacio n av am co m Ele. D eclarava ter p o d er sobre
to d a a v id a h u m an a e p ro m eteu p az aos que a buscassem nElc.
O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

U san d o várias m etáfo ras, d isse q u e era o p ão d a vida, a lu z do


m u n d o , o b o m pastor, a p o rta de en tra d a d o redil, a videira
verdad eira, o cam in h o , a v erd ad e e a v id a e alg u ém q u e veio do
alto.
Jesu s ja m a is tentou ex p licar co m o suas n atu rezas h u m an a
e d iv in a se co m b in av am nE le; sim p lesm en te viveu essa reali­
dade. A Igreja tam b ém não tentou ex p licar isso racionalm ente.
E la se contentou em d iz e r q u e Jesus era “c o m p letam en te D eus
e co m p letam en te h o m e m ” .

A Visão de Jesus em Relação à


Humanidade e ao Pecado
Jesu s não ap resen to u q u a lq u e r en sin a m e n to a b stra to so­
b re a n atu re za h u m a n a. Jam ais d isc u tiu o fato d e n o ssa v o n ta ­
d e esta r lig ad a à n o ss a m en te ou o u tras q u estõ e s teó ricas d e s­
se tipo. O o b je tiv o d e Jesu s e ra prático . E le v ia c a d a ser h u ­
m an o c o m o e x istin d o em re laçã o a D eu s, a o u tro s e a si m es­
m o. E x a m in a n d o as c o isas d e sta fo rm a, p ô d e d e fin ir a c o m ­
p o siç ão d a vida, d e m a n e ira c o n c re ta e n ã o ab strata . D o p o n ­
to d e v ista n eg ativ o , a v id a não co n siste d o q u e p o ssu ím o s,
n o ssa p o sição , n o sso s a to s p ied o so s, n o sso s e sfo rç o s h u m a­
nos ou n o ssa re alização . Q u a n to ao lad o p o sitiv o , a v id a c o n ­
siste e m a m a r a D eu s, a m a r ao p ró x im o , p o s s u ir as q u a lid a ­
d es e sp iritu a is d e m a n sid ã o , p u re za , c o m p a ix ã o , ju s tiç a e
m ise ric ó rd ia , p a rtic ip a r d o R ein o d e D e u s e co m p ro m e te r-
se e m fa z e r a v o n ta d e d e D eu s. U m a p o d e ro s a fo rç a n e g a ti­
v a, o p e c a d o , o p õ e -s e a tu d o isso. Je su s ja m a is p re g o u lite ­
ra lm e n te u m se rm ã o so b re o p e c a d o , m a s n o to u q u e seu s
e fe ito s p o d ia m se r v is to s e m to d a p arte. O p e c a d o nos im p e ­
d e d e e n c o n tra r a D eu s e, p o rta n to , a v id a. M a s Je s u s n ão
e n fa tiz o u seu p o d e r d e stru tiv o (isso j á e sta v a m a is d o q u e
e v id e n te ). S u a ê n fa s e p o ré m , e ra q u e D eu s tin h a p o d e r p a ra
salv a r-n o s d as c o n se q ü ê n c ia s d o m esm o . A so lu ç ã o p a ra o
n o sso p ro b le m a e stá em nos su b m e te rm o s à v o n ta d e d e D eus
c o n tid a n a B íblia.
A Vida de Cristo 97

Nomes de Jesus
A Visão de Jesus em Relação
ao Reino de Deus Alfa e Ômega (Ap 1.8)
Bom Pastor (Jo 10.14)
A e ss ê n c ia d a s p a la v ra s d e Je su s so b re a re la ç ã o e n tre
Cordeiro (Ap 5.6-13)
D eu s e o seu m u n d o e stá c o n tid a n a e x p re ssã o “R ein o de
Cordeiro de Deus (Jo 1.29)
D e u s” (ou do céu ), q u e o c o rre c e rc a de 75 v e zes nos E v a n ­ Cristo (Mt 1.16)
g elhos. O R ein o d e D eu s é e sse n c ia lm e n te u m a re a lid a d e ou Deus Forte (Is 9.6)
esfe ra esp iritu al, o n d e a sua v o n tad e é re c o n h e c id a co m o se n ­ Emanuel (Is 7.14)
do su p rem a e o n d e E le e x erce o seu d ire ito so b e ran o de re i­ Estrela da alva (2 Pe 1.19)
nar. P o r se r u m a re a lid a d e esp iritu a l e n ã o m aterial - c o m o a Eu Sou (Jo 8.58)
te rra d a P a le stin a o u o im p é rio ro m a n o - p o d e e x is tir em Filho de Davi (Mt 15.22)

q u a lq u e r lu g a r e e m q u a lq u e r tem p o . E m v ista d e D eu s ser Filho de Deus (Mc 1.1)


Filho do Flomem (Mt 8.20)
sem p re D eus, seu re in o ja m a is c e ss a rá e e sta m o s c o n v id a d o s
Leão dejudá (Ap 5.5)
a p a rtic ip a r d e le . E m um c erto se n tid o d a p ala v ra , tu d o e
Maravilhoso Conselheiro
to d o s se e n c o n tra m no R ein o d e D eus. D eu s o p era em to d as
(Is 9.6)
as c o isas p ara o b e m d o s q u e o a m a m (R in 8.28). E sta v e rd a ­ Nazareno (Mt 2.23)
d e é o fu n d a m e n to p a ra d e cla ra ç õ e s c o m o a d o ap ó sto lo P a u ­ Pai da Eternidade (Is 9.6)
lo: “E m tu d o dai g ra ç a s” (1 T s 5.1 8 ). Palavra de Deus (Ap 19.13)
E m o u tro se n tid o , nem to d o s e stã o n o R e in o , m as so ­ Porta (Jo 10.9)
m e n te os q u e d e c id e m en trar. Je s u s d is se q u e o R ein o d e Príncipe da Paz (Is 9.6)
D eu s esta v a p ró x im o ; p a ra en tra r, d e v e m o s n o s a rre p e n d e r Príncipe da vida (At 3.15)

e c re r no E v a n g e lh o (M c 1.14). E m o u tra o c a siã o , Je s u s d is ­ Rabi (Jo 1.38)


Raiz de Davi (Ap 5.5)
se q u e d e v e m o s n a sc e r d e n o v o (o u d o a lto ) p a ra e n tra r no
Raiz dejessé (Is 11.10)
R e in o (Jo 3 .3 ,5 ), se n d o n e c e ssá rio u m a re v ira v o lta c o m p le ­
Rei dos reis (Ap 19.16)
ta p a ra q u e isso o c o rra . E p re c iso p ô r de la d o q u a lq u e r fa lsa
Renovo (Zc 6,12)
c o n fia n ç a em nós m e sm o s e, em v ez d isso , c o n fia r p le n a ­ Resplandecente
m en te em D eu s. Q u a n d o a g im o s a ssim , e x p e rim e n ta m o s os Estrela da manhã (Ap 22.16)
b e n e fíc io s d e v iv e r n o R ein o : c o m u n h ã o co m D eu s, v id a Santo e Justo (At 3.14)
e te rn a , lib e rta ç ã o d a a n sie d a d e , e p o sse d as n e c e ss id a d e s d a Senhor dos senhores
vid a. E n tra r n o R e in o é a c o is a m ais im p o rta n te q u e a p e s ­ (Ap 19.6)
so a p o d e fazer. D e v em o s e sta r d is p o sto s a p e rd e r tu d o o q u e Ungido (SI 2.2)

tem o s, a té m e sm o as n o ssa s v id as, se n e c e ssá rio , p a ra o b tê - Verbo (Jo 1.1)


Videira verdadeira (Jo 15.1)
lo, p o is n a d a se c o m p a ra a c o n h e c e r o S e n h o r a g o ra e e te r­
n am en te.
O R e in o tem u m a sp e c to p re se n te e fu tu ro . P o d e m o s e n ­
tra r nele a g o ra c o m o u m a re a lid a d e p re s e n te , m as a su a p le ­
O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

n itu d e n ã o e x is tirá a té q u e D e u s se ja tu d o e m to d o s. N a o ra ­
ç ã o d o P a i-n o sso a p re n d e m o s a in c lu ir u m a p e tiç ã o p a ra q u e
c h e g u e e sse dia: “ V en h a o te u R e in o ” (M t 6 .1 0 ).
A salv a çã o sig n ific a v a v id a no R ein o p a ra Jesu s. Q u a n ­
d o so m o s de D eu s, fic a m o s im u n e s a o s p o d e re s d e stru tiv o s
q u e d o m in a m e ste m u n d o e liv res p a ra se rm o s n ó s m esm o s
n a v o n ta d e d e D e u s. D e u s, c o m o P ai c e le stia l, sab e o q u e
so m o s e o q u e p re c isa m o s; p o rta n to , ja m a is p a ssa m o s g ra n ­
d es n e c e ssid a d e s. P a ra o s q u e tê m o lh o s p a ra ver, o m u n d o
in te iro é d eles. M a s, a ss im c o m o o R e in o te m u m asp e c to
p re se n te e fu tu ro , o m e sm o a c o n te c e co m a salv ação . N o
fu tu ro , p o d e m o s e sp e ra r v id a etern a, re s su rre iç ã o , u m n o v o
c é u e n o v a te r r a e a e te r n id a d e c o m D e u s e m b ê n ç ã o
in fin d á v el.

A Visão de Jesus em Relação à Vida Cristã


A b ase do q u e Je su s d isse so b re a v id a c ristã é tripla.
P rim e iro : E le a sso c io u seu s m a n d a m e n to s é tic o s à n o ssa re ­
la ç ã o co m a su a p e sso a . N e m to d o s os q u e lh e d izem : “S e ­
n h o r, S e n h o r” , e n tra rã o n o R ein o , m a s sim a q u e le s q u e fa ­
z e m a v o n tad e d e D e u s. O u v ir as p a la v ra s d e Je su s e c o n s­
tru ir so b re elas é c o m o c o n stru ir a su a c a sa so b re a ro ch a.
N ão d a r a te n ç ão às p a la v ra s d e Jesu s é c o n stru ir so b re a are ia
(M t 7 .2 1 -2 7 ).
S e g u n d o : a v id a c r is tã é v iv id a d e a c o rd o c o m o a m o r
d e D e u s p e lo s p e c a d o re s . N ã o p re c is a m o s s e r ju s to s p a ra
e n tr a r n a v id a ; a e n tr a d a p a ra a v id a n o s d á a o p o r tu n id a ­
d e d e n o s to r n a rm o s ju s to s . D e u s s a b e q u e s o m o s s e re s
h u m a n o s p e c a d o re s , to d a v ia n o s a m a a s s im m e s m o . N ã o
d e v e m o s e v itá -lo , m a s ir a E le , s a b e n d o q u e c o n tr o la to ­
d a s as c o is a s . D e u s fe z to d a s as c o is a s , te m u m p ro p ó s ito
p a r a to d a s as c o is a s , c u id a d e to d a s as s u a s c ria tu r a s e
tr a b a lh a p a ra o b e m e te r n o d e tu d o o q u e c rio u . Ja m a is
f e z a lg o p a ra f e r ir o u h u m ilh a r. O s se re s h u m a n o s p o d e m
f a z e r is so , m a s n ã o D e u s . O m is té rio n is to e s tá e m q u e
D e u s p o d e in s e r ir b o n s p r o p ó s ito s n a s c o is a s m a ld o s a s e
o fe n s iv a s q u e o s h o m e n s fa z e m , a n u la n d o a s s im as su a s
in te n ç õ e s m a lig n a s .
V iver c o m o c ristã o n ão é se g u ir u m a lista d e reg ras, m as
v iv er d e a c o rd o co m o p rin c íp io d o am or. T odos os m a n d a ­
m e n to s d e D e u s p o d e m se r re su m id o s em d u as d ecla ra çõ e s:
D ev em o s a m a r a D eu s d e to d o o c o ra ç ã o e ao n o sso p ró x im o
(i.e., os o u tro s) c o m o a n ó s m esm o s.
Q u a n d o a m a m o s a D e u s e ao n o sso p ró x im o , re c o n h e c e ­
m o s o v a lo r d as p e sso a s, o n o sso v a lo r e o v a lo r d e tu d o q u e
D eu s crio u .
P o d e m o s re c o n h e c e r q u e o p e c ad o n ã o é a e ss ê n c ia d a
p esso a, o p e c a d o é o q u e e stá c o rro e n d o o u d e stru in d o e ssa
essên cia. D ev em o s c h am a r os indivíduos de volta ao qu e D eus
pretendia: serem eles m esm o s na g ra ç a e fa v o r de D eus. O
S en h o r nos v alo riz a c o m o in d iv íd u o s, e d e v e m o s a g ir d a m e s­
m a form a.
100 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

É p re ciso re c o n h e c e r ta m b é m q u e a m a r a D e u s e ao p ró ­
x im o im p lic a n o fa to de a sa lv a ç ã o p o ss u ir u m a d im e n sã o
so cial. O g o v ern o , os d irig e n te s, as leis, o b e m -e sta r so cial, o
c u id a d o d o s p o b re s - tu d o e stá in c lu íd o . Je s u s c h e g o u a d i­
z e r q u e o m o d o c o m o tra ta m o s os n o sso s se m e lh a n te s d e fi­
n irá os que são seu s ou n ã o e se p a rará as “o v e lh a s dos b o ­
d e s” . S e rá q u e v isita m o s o s d o e n te s, a lim e n ta m o s os fa m in ­
to s, v e stim o s os nus, d a m o s d e b e b e r ao s q u e tê m se d e e
a c o lh e m o s e stra n h o s? (M t 2 5 .3 1 -4 6 ).
T erceiro : o a m o r a D e u s e ao p ró x im o e n fa tiz a m a p le n i­
tu d e d a salv ação . T o d a a n o ssa v ida, ta n to a g o ra c o m o p a ra
se m p re , e stá in c lu íd a . N o sso s ta le n to s, in te re sse s, d esejo s,
n ecessid a d es, so n h o s, p la n o s e valo res fazem p a rte dela; n ad a
fic a d e fora. Q u an d o p e rd e m o s a n o ssa v id a p o r c a u sa de
Je su s e d o E v a n g e lh o , ire m o s e n c o n trá -la d e n o v o d e m a n e i­
ra n o v a e a b ran g en te.
O s e n sin a m e n to s d e Je su s são as p a la v ra s m ais im p o r­
ta n te s da lin g u a g e m h u m an a . Ele d isse q u e o u v i-lo s e o b e ­
d e c ê -lo s é e n c o n tra r a “p é ro la de g ra n d e v a lo r” . O te ste m u ­
n h o d e in ú m eras p e sso a s é q u e e n c o n tra ra m a D e u s, co n fi­
a n d o sim p le sm e n te no q u e Jesu s en sin o u .
A Vida de Cristo 101

No que os Cristãos Crêem


R. E. 0. Whife

“Se, co m a tu a b o ca, c o n fe ssare s ao S e n h o r Jesu s e, em


teu co ração , c re re s q u e D eu s o re s su sc ito u dos m o rto s, serás
s a lv o ” (R n i 10.9). C o m e sta s p a la v ra s, o a p ó sto lo P au lo
e n fa tiz o u a im p o rtâ n c ia de c o n fe ssa r a n o ss a fé, c o m o Jesu s
j á h a v ia feito (M t 10.32). Se a fé fo r sin cera, n ão se tra ta rá de
o p in iã o ou c o n h e c im e n to m e n ta l, m as d e alg o q u e e stim u la
e c o n tro la o n o sso co ração .
Je su s p ed iu e ssa co n fissão e P ed ro a fez: “Tu és o C ris­ "Se, com a tua boca,
to ” , sig n ific a n d o q u e Je su s e ra o M e ssia s q u e os ju d e u s e s ­ confessares ao Senhor
p e rav am (M c 8.2 9 ). O s n ã o -ju d eu s ta lv e z d issessem : “Jesu s Jesus e, em teu coração,
é S e n h o r” ou “Je su s é o F ilh o de D e u s” . E sta c o n fissã o sim ­ creres que Deus o

p les e ra re q u e rid a d o s c o n v e rtid o s q u e p ed ia m o b a tism o (A t ressucitou dos mortos,


serás salvo" (Rm 10.9)
2 .3 8 ; 19.5; R m 10.9; F p 2.11).
102 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

É p o ssív el q u e m a is ta rd e a Ig re ja v ie sse a u sa r u m a fó r­
m u la m ais c o m p le ta d e c o n fissã o no b atism o : “ E m n o m e do
P ai, d o F ilh o e d o E sp írito S a n to ” (M t 2 8 .1 9 ). Isto se deve
ao fa to d e o C ristia n ism o te r saíd o d a P a le s tin a p a ra c o n fro n ­
ta r o u tro s d e u se s e sa lv a d o re s p a g ão s, to rn a n d o e n tã o n e ce s­
sá rio d e fin ir co m m a io r e x a tid ã o a fé cristã. A m e d id a q u e os
c ristã o s d iv u lg a v a m e d e fe n d ia m a su a fé, n o v o s títu lo s e
d e fin iç õ e s fo ram a c re s c e n ta d o s p a ra e sc la re c e r q u e m D eus
e ra , q u e m e ra Je su s e no q u e os c ristã o s criam .
N o an o 3 5 0 d .C ., n o Creclo dos Apóstolos, os c ristã o s
e stav am c o n fe ssa n d o a su a fé em p a la v ra s sim ila re s às que
são a in d a e m p re g a d a s n a a d o ra ç ã o em to d o o m u n d o . E ste
c re d o su rg iu p ro v a v e lm e n te e m R o m a, d o is sé c u lo s antes.
E m b o ra se d isse sse q u e d e c la ra v a c o rre ta m e n te a fé p ro fe s­
sa d a p elo s a p ó sto lo s, a p o ss ib ilid a d e d e q u a lq u e r u m d eles
ter p a rtic ip a d o d e su a c o m p o s iç ã o é b a sta n te im p ro v áv el.
F a z e m o s uso d e sse c re d o aqui c o m o um re su m o d a d o u trin a
c ristã , e x p lic a n d o -o c lá u s u la p o r c lá u su la , a fim d e q u e os
le ito re s p o ssa m v e r no q u e o s c ren tes d e to d o tip o c ria m d e s­
d e o in íc io d a Igreja.
(C o m o c re sc im e n to d a Ig reja, c o n tro v é rsia s so b re a fé
e x ig ira m e x p re ssõ e s m a is p re c isa s d a s c re n ç a s c ristã s. P or
e sta razão , em v árias é p o c a s d a h istó ria d a Ig reja, o s líd eres
se re u n ira m em c o n c ílio s p a ra re je ita r a h e re s ia e e sta b e le c e r
a d o u trin a o rto d o x a n a fo rm a de cred o . V eja a p á g in a à d ire i­
ta p a ra u m a b rev e e x p lic aç ã o dos p rin cip ais c o n c ílio s d a Igre­
ja .)

O Credo dos Apóstolos


N as p a lav ras d e ste c re d o os c ristão s c o n fessa m : Creio
em Deus Pai, Todo-poderoso, criador do céu e da terra, e
em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, concebido
pelo Espírito Santo, nascido da virgem, Maria, que sofreu
sob Pôncio Pilatos, fo i crucificado, morto e sepultado; des­
ceu aos infernos. No terceiro dia ressurgiu dos mortos. Su­
biu aos céus e está sentado à destra de Deus Pai Todo-pode-
roso, de onde virá julgar os vivos e os mortos. Creio no Es-
Principais Credos e Concílios da História da Igreja
Credo dos Apóstolos da Igreja Primitiva Resumo da fé mantida pela Igreja Primitiva, o Credo dos Apóstolos
c. 150? não foi codificado de forma exata até muitos séculos mais tarde,
mas o conteúdo doutrinário permaneceu o mesmo em todas as versões.

Concilio de Nicéia (325) 0 Concílio de Nicéia respondeu ao número crescente de heresias


que colocavam em dúvida a divindade de Jesus. 0 credo afirma sua
divindade, estabelecendo que Ele não é um ser criado, mas já
existia com o Pai antes de toda a criacão.

Definição de Calcedônia (451) 0 Concilio de Calcedônia respondeu a perguntas sobre a humanida


de de Jesus. Embora concordando inteiramente com o Credo Niceno,
afirma que Jesus era homem como nós em todos os aspectos (exceto o
pecado), confirmando assim a sua verdadeira humanidade e divindade.
Id a d e M é d ia
Quarto Concílio Laterano (1215) 0 maior dos concílios medievais, o IV Concílio Laterano foi
convocado com o propósito de reformar a Igreja. Este credo, como uma
declaração do Cristianismo medieval, define os papéis do clero e dos leigos.

Concílio de Florença (1438-45) 0 Concílio de Florença tratou da divisão entre as Igrejas grega
e latina. 0 credo cuidou especificamente dos sacramentos da igreja e
da vida do cristão.
R e fo rm a
Confissão de Augsburgo (1530) A Confissão de Augsburgo é uma declaração protestante da fé
cristã preparada pelo teólogo Philip Melanchthon, que reflete os
ensinos de Lutero, Ela enfatiza a justificação pela fé e a experiência
da salvação, exigindo o castigo dos abusos morais na Igreja Católica.

Concílio de Trento (1545-1564) Esta resposta católico-romana à Reforma Protestante trata de


aspectos cruciais da doutrina e da prática levantados pelos
reformadores e expressa o desejo de renovação moral e
espiritual da Igreja.

Confissão de Westminster (1647) A confissão de Westminster apresenta uma teologia reformada


abrangente e aperfeiçoada. Foi escrita por uma assembléia na abadia
em Londres, que era constituída de diferentes conceitos teológicos.
Era Moderna
Declaração de Barmen Uma resposta dos teólogos reformados e luteranos ao Terceiro Reich e
(1934) ao cristianismo alemão do período, a Declaração de Barmen
proclama que Jesus Cristo é o único que o cristão deve seguir.

Concílio Vaticano II (1964) Este concílio, convocado pelo Papa João XXIII, foi a primeira reforma
teológica significativa da Igreja Católica desde o Concílio de Trento. A
profundidade teológica e eclesiástica do credo marca o início de um
catolicismo progressivo e ecumênico.
104 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

pírito Santo, na santa igreja católica, na comunhão dos san­


tos, no perdão dos pecados, na ressurreição da carne e na
vida eterna.
Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, criador do céu e da
terra
E sta d e cla ração d escrev e D eu s co m o os cristão s o co n h e ­
cem . A p alav ra Pai re su m e tu d o q u e C risto h a v ia d ito sobre
D eu s am ar, prover, cuidar, resp o n d e r à o ra ç ão e perdoar. N o
m ais ín tim o d o seu ser, D eu s é co m o u m b o m pai p a ra todos,
e m b o ra nem to d o s v iv am c o m o seus filh o s (L c 15.11-32; Jo
1. 12 ).
Todo-poderoso sig n ifica q ue D eu s é su p rem o , a g in d o com
to tal lib e rd a d e d e n tro d o s lim ite s q u e e sta b e le c e p a ra si m e s­
m o : o seu c ará te r e a lib e rd a d e re sp o n sá v e l q u e c o n fe riu à
h u m a n id a d e . Isto sig n ific a q u e D e u s é su p re m o n a H istó ria e
irá v e n c e r fin a lm e n te o m al, im p o n d o a su a v o n ta d e . E m v is­
ta d e D eu s ser a m o r p a te rn a l, o a m o r é o p o d e r su p rem o no
m undo.
A fra se criador do céu e da terra re v e la q u e D eus deu
o rig e m , m o ld o u e su ste n ta tu d o q u e ex iste. T o d as as c o isas e
to d a s as cria tu ra s lhe p e rte n c e m . C r e r e m D e u s é ad o rar, c o n ­
fiar, orar, o b e d e c e r a E le, d a r v alo r a tu d o n E le, co m um
se n so d e re sp o n sa b ilid a d e e c u id a d o (M t 6 .2 5 -3 3 ; R m I 1.33-
36; 1 T m 1.17).

E em Jesus C risto, seu único Filho, nosso Senhor


O s fu n d a m e n to s d a fé c ristã são c o lo c a d o s aq u i n a h is tó ­
ria, n ão em e x p e riê n c ia s, v isõ es ou e m o ç õ e s, m a s em Jesu s
de N az a ré , um ju d e u d o p rim e iro sécu lo , o Je su s d o s E v a n ­
g elh o s. O n o m e Je su s é a fo rm a g re g a de Joshua , sig n ific a n ­
d o “D e u s sa lv a” o u “S a lv a d o r” (M t 1.21).
O títu lo Cristo, sig n ific a n d o “u n g id o ” , in d ic a a lg u é m e n ­
v iad o n u m a m issão d iv in a (Jo 1 7 .18; 2 0 .2 1 ; 1 Jo 4 .1 4 ), m as
e sp e c ia lm e n te o Rei e sp e ra d o , q u e iria re s ta u ra r a m o n a r­
q u ia d av íd ic a , re in a r em n o m e de D eu s e e sta b e le c e r o seu
rein o .
A Vida de Cristo 105

E sta e sp e ra n ç a foi a lim e n ta d a p o r in ú m e ra s p ro fe c ia s (D t


18.15; 2 Sm 7 .1 6 ; SI 2; 110; Is 9 .2 -7 ; M q 5.2 ; Z c 9 .9 ; M l 3.1-
4), te n d o sid o em p a rte c u m p rid a p o r Jesu s (M t 2 0 .2 9 -2 1 .1 1 ;
2 2 .4 1 -4 3 ). P o ré m Je su s ad o to u de E z e q u ie l o títu lo a m b íg u o
d e Filho do Homem e re in te rp re to u o m e ssia d o m e d ia n te o u ­
tras p ro fe cia s: as d o S erv o , q u e iria so fre r p a ra c u m p rir a
v o n ta d e de D eu s (Is 4 2 .1 -4 ; 5 2 .1 3 -5 3 -5 3 .1 2 ; M t 12.17-21;
L c 4 .1 6 -2 1 ; A t 8 .3 0 -3 5 ; 1 Pe 2 .2 1 -2 5 ).
A o c h a m a r Je su s d e único Filho, a Ig re ja su b lin h a a sin ­
g u la rid a d e d e C risto n a H istó ria. O s o u tro s são filh o s de D eu s
p o r fa v o r d iv in o , p o r m eio de C risto , p e lo n o v o n asc im e n to
(Jo 1.12,13; 3 .3 ,5 ) e a d o ç ão (G1 4 .4 ,5 ). Je su s é o F ilh o de
D eu s em se m e lh a n ç a e n a tu re z a e sse n cia l, o rig in al e e te rn a ­
m en te e d e d ire ito (M t 2 1 .3 7 ; Jo 3 .1 6 -1 8 ; R m 1.4; H b 1.1-3).
E le é, e n tre to d o s os h eró is re lig io so s d a h u m a n id a d e , o ú n i­
co e d iv in o S a lv a d o r (A t 4.1 2 ).
E le é nosso S en h o r, S en h o r d a m en te (F p 2.5), d a c o n sc i­
ên cia (R m 13.14), d a v o n ta d e (2 C o 10.5), dos re la c io n a ­
m e n to s (R m 14.3-4; 1 C o 7.3 9 ), da E sc ritu ra (M t 5 .2 1 -2 2 ),
da ig re ja (C l 1.18), d a v id a e d a m o rte (R m 14.7-9). C re r em
Je su s é c o n fia r a p e n as e c o m p le ta m e n te n E le c o m o S a lv a ­
dor, serv i-lo e se g u i-lo c o m o S en h o r, p o r g ratid ão , a d m ira ­
ção e am or.

Concebido pelo Espírito Santo, nascido da virgem Maria


N estas p a la v ra s re sid e o m ilag re c en tral d o C ristian ism o ,
a en c a rn a ç ã o d e D e u s em C risto (L c 1.35). Je su s não foi p ro ­
d u z id o p elo tem p o , n e m p elas c irc u n stâ n c ia s (e m b o ra fo sse
d iv in a m e n te p re p a ra d o p a ra isso ). E le v e io (Jo 13.3), in te r­
fe rin d o nos a ssu n to s h u m an o s p e la in ic ia tiv a d e D eu s, co m o
a lg u é m d a d o (Jo 3 .1 6 ) e e n v ia d o (Jo 6 .5 7 ). S u a o rig em e
n a tu re z a eram d iv in a s (Jo 1.1). T o d av ia n asceu de m u lh e r
(G1 4 .4 ), foi v e rd a d e ira m e n te h u m an o , c re sc e u , foi ten tad o ,
fez p erg u n ta s, o ro u , ficou c an sa d o , fa m in to e triste, so freu ,
foi re je ita d o e e ra m o rta l (Jo 1.14; Fp 2 .6 ,7 ; H b 2 .5 -1 8 ;
1 Jo 4.2).
106 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

N as p a lav ras nascido da virgem, a o rig e m d iv in a d e C ris­


to é n o v a m e n te re ssa lta d a . E le n ão “n a sc e u d a v o n ta d e d o
h o m e m ” (v eja M t 1 .1 8 -2 5 ). (P a ra m u ito s c ristã o s p rim iti­
vos, co n v e n c id o s d e q u e o p e c a d o o rig in a l fo i tra n sm itid o
p elo s p ais h u m a n o s, o n a sc im e n to virg in al d e C risto ta m ­
b é m re so lv eu o p ro b le m a d e c o m o E le p o d ia se r v e rd a d e ira ­
m e n te h u m a n o e sem p e c a d o .) O n o m e d e M a ria n o cred o
le m b ra ao s c ristã o s o v e rd a d e iro lu g a r d e sta ju d ia p ie d o sa
c o m o m ã e d o S enhor. C re r n esta s c o isas so b re Je s u s é m a ra ­
v ilh a r-se com a su a h u m a n id a d e p e rfe ita e en v id a r esfo rço s
p a ra c o n fo rm a r-se à su a se m e lh an ç a.
Sofreu sob Pôncio P ilatos, foi crucificado, m orto e se­
pultado; desceu aos infernos
T em os aqui u m a insistência quíntupla de que Jesus realm ente
m orreu. P ossuím os a data, as circunstâncias ju ríd icas, o m odo
cruel, o resultado físico ó b v io e a inevitável co n seq ü ên cia esp i­
ritual d e que Ele desceu, não p ara o lugar de fo g o e torm ento
p o p ularm ente aceito co m o inferno, m as ao Hades, a habitação
dos espíritos qu e m o rreram (L c 23.43 e a desco n certan te passa­
gem de 1 Pe 3 . 18-20; veja A t 2.27,31). O cred o respondeu as­
sim às acusações de que C risto não m orreu realm ente, m as des­
m aiou, foi resgatado e fugiu, p orque alguns afirm avam q u e o
filho de D eus não p oderia m o rrer jam ais.
N ã o d e v e m o s n o s su rp re e n d e r p o r n a d a se r d ito so b re a
ra z ã o d a m o rte d e Je su s. O c re d o e ra re c ita d o n o b atism o ,
o n d e o c o n v e rtid o a c e ita v a a m o rte d e C risto a seu fa v o r e
m o rria co m Ele p a ra o p e c a d o , o eu e o m u n d o (R m 6 . 1-23;
G 1 2 .2 0 ; 6 . 14). E ra ta m b é m re c ita d o na C e ia d o S en h o r, o n d e
o sa n g u e d a n o v a a lia n ç a de C risto , feita e n tre D eu s e a h u ­
m a n id ad e , e ra cla ra e re p e tid a m e n te a p re se n ta d o . Je s u s m o r­
reu c o m o o C o rd e iro d e D e u s, le v a n d o o s p e c a d o s d o m u n ­
d o , o ju s to p elo s in ju sto s, a fim de lev ar-n o s a D eu s. E le
o fe re c e u e x p ia ç ã o p e lo p e c a d o , re m in d o a h u m a n id a d e (Jo
1.29; 1 Pe 3 . 18; I Jo 4 .1 0 ; R m 3 .2 4 ,2 5 ; 2 C o 5 . 18 -21). A s­
sim , d e m o n s tro u o a m o r d e D eu s p e lo s p e c a d o re s (I Jo
4 .9 ,1 0 ). C re r n isto é v iv e r c o m g ra tid ão , p e rd o a d o e em paz.
No terceiro dia ressurgiu dos m ortos Desde os primeiros
E sta afirm a ção m arca o u tro fato h istó rico datado. Jesus anos, a cruz tem sido o
principal símbolo do
n ão so b rev iv eu ou ap en as passou pela m o rte, m as ressu scito u
Cristianismo.
(ou, co m o in siste a E scritura, D eu s o ressu scito u ) “dos m o r­
to s” (A t 2.32; 1 C o 15.15; 1 P e 1.21). O s fa to s cen trais são q u e
C risto venceu a m o rte e v ive p a ra sem p re, u m S a lv ad o r vivo e
presente. T em os aqui u m a segunda razão p ara a pecu liarid ad e
de C risto: Ele ressu scito u dos m ortos, v o ltan d o da m orte co m o
o m esm o C risto , to d a v ia diferen te e g lo rificad o . L o n ge de os
discípulos e sp e ra re m a ressu rreição , ten d o as su as esp eran ças
criad o a co n v ic ç ã o d e q u e e la aco n te cera, ficaram atôn ito s,
incrédulos e co m m edo. A princípio não o reconheceram . Paulo
an unciou a ev id ê n c ia (I C o 15). M ais tard e, os E v an g elh o s
reg istram os d etalh es lem b rad o s em suas histórias, c o n ten d o
ainda m uito d o e sp an to e c o n fu são que sentiram .
108 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

O C risto re ssu rre to é o fo c o d a fé d iá ria d o c ristã o . A sua


re s su rre iç ã o c o n firm a q u e m e le é (R m 1.4), q u e D eu s a c e i­
tou o se u sa c rifíc io (R m 4 .2 5 ) e q u e to d o s os q u e e sta m o s em
C risto irem o s tam b é m se r re s su sc ita d o s u m d ia (1 C o 15.20-
2 3 ). O s q u e su ste n ta m e ssa fé, v iv em co m C risto , c e rto s da
v id a e te rn a , sem te m e r a m o rte.

Ele subiu aos céus e está sentado à d estra de D eus Pai,


T odo-poderoso
T em o s aqui, a d e c la ra ç ã o d a Ig reja d e q u e Je s u s foi fin a l­
m e n te v in d icad o , c o ro ad o , no sen tid o d e c o m p a rtilh a r d o tro ­
n o d e D eu s, e v en ceu . A lé m d e tu d o q u e o s p ro fe ta s p rev i­
ram , as p ro fe c ia s m e ssiâ n ic a s ju d ia s so b re u m rei fo ram cu m ­
p rid as. A a sce n sã o d e C risto é m a ra v ilh o sa m e n te d e sc rita
em L u c as 2 4 .5 0 ,5 1, m a is c o m p le ta m e n te e m A to s 1.9-11, e
d ra m a tic a m e n te (co m o o re g re sso d e u m g e n e ral ro m a n o v i­
to rio so ) em E fésio s 4 .7 -1 0 . A s d isc u ssõ e s so b re a id éia de
subir e descer são alg o in fa n tis. C risto p a sso u p a ra a esfe ra
e te rn a d a p re se n ç a im e d ia ta d e D e u s, v ito rio so e g lo rio so .
L e m b ra n d o q u e esta s são p a la v ra s h u m a n a s p a ra realid a d e s
d iv in a s, d e q u e o u tro m o d o se p o d e ria e x p re s sa r ta is id éias,
e x c e to e m te rm o s trid im e n sio n a is?
C re r na ascen são de C risto é sab er qu e te m o s u m am ig o na
co rte, interced en d o p o r nós (R m 8.34). E a lç a r os o lh o s em
d ese jo e esp eran ça p ara as co isa s q u e são d e c im a (Cl 3.1 -3). E
lem b rar-se d e q u e o au to r e c o n su m a d o r d a n o ssa fé seguiu
a n tes d e nós p a ia a gló ria, m ed ian te luta e so frim en to (H b
12.1-3).

De onde virá para ju lg a r os vivos e os m ortos


A fé c ristã tem ta m b ém c o n tin u a ç ã o . A h istó ria d e C risto
n ã o te rm in o u . A ssim c o m o Je s u s p ro m e te u e s ta r se m p re
c o n o s c o ( M t 2 8 .2 0 ), Ele ta m b é m p ro m e te u v o lta r ( M t 2 4 .3 0 ;
2 5 .3 1 ; Jo 14.3), c o n su m a n d o a ssim n o ssa co m u n h ã o e sp iri­
tual co m Ele na su a m a n ife sta ç ã o de p o d e r e g ló ria . A Igreja
P rim itiv a esperava a n sio sam e n te esta volta (A t 1.10,1 I; Fp
3.2 0 ,2 1 ; 1 T s 1.10; 2 .1 9 ; 2 T m 4.8). A P rim e ira E p ísto la aos
T essalo n icen ses ten ta d esc re v er a su a vinda. E sta v erd ad e g e­
A Vida de Cristo 109

ralm en te é e x p re ssa em m etáforas: re lâ m p a g o (M t 24 .2 7 ), o


la d rã o na n o ite (M t 2 4 .4 3 ; I T s 5 .2 ), a c h e g a d a d o noivo (M t
2 5 .6 ), a v o lta d o se n h o r (M t 2 4 .4 6 ; 2 5 .1 9 ). O tem p o foi fix a­
do p o r D eu s, m as nos é d e sc o n h e c id o (M l 2 4 .3 6 ,4 2 ,4 4 ; A t
1.7), e a té d e C risto (M t 24 .3 6 ). E ste p o n to rec e b e g ran d e
ên fase.
N a v o lta d e C risto , os cristãos serão tran sfo rm ad o s à sua
sem elh a n ç a física (1 C o 15.51,52; Fp 3.2 0 ,2 1 ) e esp iritu al (I
Jo 3.2). C re r n isto é ficar vigilante, fiel no serv iço , p ara que
Ele não v enha rep e n tin a m e n te e nos en co n tre d o rm in d o (M c
13.35-37).
U m se g u n d o p ro p ó sito d a v o lta de C risto é ju lg a r os v i­
vos e o s m o rto s (Jo 5 .2 2 ; A t 17.31). O p ró p rio Je su s d isse
qu e irá ju lg a r c o n fo rm e as p e sso as o se rv iram ao serv ir o u ­
tros (M t 25.3 I -4 6 ), isto é, p ela lei su p re m a d o a m o r a D eus e
ao p ró x im o . Tal ju lg a m e n to será u n iv ersal (R m 2 .5 -1 1 ,1 6 ;
14.10), m as os cristã o s n ão p re cisa m te m e r a co n d en a çã o ,
p o is p a ssa ra m d a m o rte p ara a v id a (R m 8 . 1,3 8 ,3 9 ; Jo 5.2 4 ).
T od av ia nós, c ristã o s, d e v em o s c o m p a re c e r d ia n te d o tro n o
do ju íz o de C risto p a ra av a liaç ã o do n o sso serv iço (2 C o 5.10;
R m 14.10-12).
A cren ç a cristã no ju íz o d iv in o não é, po rtan to , ch eia de
ju s tiç a p ró p ria ou vingativ a; pelo co n trário , en v o lv e p ro fu n d a
co n fian ç a n a co n stitu içã o m oral tio m undo: q u e a v erdad e e a
ju stiç a são etern as e triu n farão . No final d e tudo, D eus é Rei.
C re r n este fato é v iv e r com h u m ild ad e e rev erên cia, co m a
certeza de q u e n o sso esfo rço e sacrifício s serão reco m p en sa­
dos.
A o c o m p le ta r a su a d e c la ra ç ã o so b re Je su s, o c red o p a re ­
ce to m a r fô leg o n o v a m en te, a n te s de e x tra ir g ra n d e s c o n c lu ­
sõ es so b re o q u e D e u s fe z em C risto .

C reio no E spírito Santo


Espírito sig n ifica “esp írito d esen carn ad o ” . N o A n tig o T es­
tam en to , o p o d e r in v isív el de D eus o p e ra n te n o m u n d o é c h a ­
m ad o sopro. A m e sm a p a la v ra sig n ific a esp írito : a ativ id a d e
p esso al de D eus, m a n ife sta so m en te p elo s seu s efeito s. Je su s
1 10 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

fo i c o n c e b id o p e lo E sp írito d e D eu s (L c 1.35), u n g id o p e lo
E sp írito n o b a tism o (L c 3 .2 2 ) e c a p a c ita d o p o r E le p a ra o
m in isté rio (L c 4 .1 8 ). E n fim , E le p ro m e te u o m e sm o esp írito
aos d isc íp u lo s (L c 2 4 .4 9 ; Jo 1 4 .1 6 ,1 7 ,2 6 ; 16 .7 -1 5 ; A t 1.8).
O P en teco stes é o reg istro d a v in d a d o E sp írito sobre a
Ig re ja (A t 2). A p rin c íp io , o s efeito s e sp etacu lares, p rep aro e
cap a c ita çã o d o s c ristão s, esp e c ialm e n te p a ra a co m u n icação e
cu ra, im p ressio n ara m os esp ectad o res (A t 2.1 -4; 3.1 -10; 1 C o
12.4-11). T em pos d ep o is, q u an d o o E sp írito foi reco n h ecid o
m ais claram en te co m o o E spírito de Jesu s (A t 16.7; 2 C o 3.17),
e feito s m ais p ro fu n d o s no ca ráte r cristão fo ram assinalados.
Isso sig n ificav a a m o r (G1 5 .22,23; 1 C o 13; 2 C o 3.18). O
E sp írito en sin a, le v a à v erd ad e, c o n v en ce e re v e la o q u e irá
acontecer.
A Ig re ja o e x p e rim e n ta co m o o E sp írito d a v erd ad e, p u ­
re z a (sa n tid ad e ), p o d e r e p ro g re sso . T o d o s os c ristão s n a s­
c e m d o E sp írito (Jo 3 .5) e p o ssu e m o E sp írito (R m 8.9; 1 C o
12.13). L a m e n ta v e lm e n te , n e m to d o s v iv e m n o p le n o g o zo
d o seu m in isté rio e seu s d o n s. C re r n o E sp írito é a b rir to d as
as ja n e la s d a a lm a em atitu d e de en tre g a e c o n fia r na en trad a
dE le.
Na santa igreja católica, na com u nh ão dos santos
O E sp írito d e Je su s n ã o é u m a id é ia a b stra ta , m as e stá
p e rso n ific a d o n a Ig re ja v iv a — q u e é o c o rp o d e C risto ( 1 C o
1 2 .1 2 -2 7 ) — c o m p ra d a p o r seu sa n g u e (A t 2 0 .2 8 ), am a d a
(E f 5 .2 2 -3 0 ) e h a b ita d a p o r E le (1 C o 3 .1 6 ; E f 3 . 16 , 17). A p e ­
sa r d as su as fa lta s, a Ig re ja é c o rre ta m e n te c h a m a d a de san ta,
u m p o v o sep a ra d o p a ra C risto . E m v ista d e h a v e r um ú n ico
c o rp o d e C risto e m to d o o m u n d o e em to d a s as ép o c as, é
c h a m a d a católica, e m b o ra v ário s se g m e n to s te n h a m a d o ta ­
d o esse títu lo c o m o sig n ific a n d o o rto d o x a ou v erd a d e ira . O
C ristia n ism o é ta n to c o rp o ra tiv o q u a n to in d iv id u al e cria um
re in o , a fa m ília d e D e u s, u m g ru p o d e d isc íp u lo s u n id o s p ela
lei d o am or.
A s diferenças d e tradição, g overno e cu ltu ra não destroem
n o ssa unidade essencial em Cristo. A co m u n h ão dos santos se
estende d a igreja m ilitante na Terra até a Igreja triunfante no
A Vida de Cristo

C éu. Q uando crem o s e m C risto, nos identificam os co m algum a


congregação local e conveniente. P assam o s a am á-la, a ser fiéis
a ela e a servi-la, desejando tam b ém a co m u n h ão com todos os
que recon h ecem C risto com o Senhor. E nfatizam os o que nos
une; som os sinceros e tolerantes co m o que nos divide.

No perdão de pecados
O s fa ta lista s, a lg u n s p sic ó lo g o s e as alm a s ch eias de r e ­
m o rso a c h a m d ifíc il c re r q u e o p e rd ã o é p o ssív e l. O q u e e stá
feito e stá fe ito , d izem . A lg u m a s v ezes, as c o n se q ü ê n c ias fí­
sicas e so c ia is d o s erro s são d e fato p e rm a n e n te s. A re s titu i­
ção p elo m a u p ro c e d im e n to faz p arte d a p en itê n cia . O co n -

Onze Bênçãos na Bíblia

" 0 Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das
faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha ovelhas, vos aperfeiçoe em toda a boa obra,
misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o para fazerdes a sua vontade, operando em
seu rosto e te dê a paz" (Nm 6.24-26). vós o que perante ele é agradável por Cristo
"Graça e paz de Deus, nosso pai, e do Senhor Jesus, ao qual seja glória para todo o
Jesus Cristo" (Rm 1.7). sempre. Amém!" (Hb 13.20,21).
"E o Deus de paz seja com todos vós. Amém!" "Paz seja com todos vós que estais em Cristo
(Rm 15.33). Jesus" (1 Pe 5.14).
"Paz seja com os irmãos e caridade com fé, da "Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo
parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo. conhecimento de Deus e de Jesus, nosso
A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor" (2 Pe 1.2).
Senhor Jesus Cristo em sinceridade. Amém!" (Ef "Graça e paz seja convosco da parte
6.23,24). daquele que é, e que era, e que há de vir, e
"O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito. da dos sete espíritos que estão diante do seu
A graça seja convosco. Amém!" (2 Tm 4,22). trono; e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel
"Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do testemunha, o primogênito dos mortos e o
concerto eterno tornou a trazer dos mortos a príncipe dos reis da terra" (Ap 1.4,5).
112 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã.

À direita: 0 monte das v e rtid o ja m a is d e v e p e n s a r q u e fic a rá liv re d e e n d ire ita r os


Oliveiras, visto da se u s e rro s, o u d e re c e b e r o q u e m erec e p o r c a u sa d e le s. E n ­
cidade antiga de tre ta n to , e m ce rta s o c a siõ e s, e sc a p a m o s re a lm e n te das co n ­
Jerusalém. Jesus
se q ü ê n c ia s d o n o sso p e c a d o . O u tra s v e z es p re c isa m o s re c e ­
ascendeu aos céus
deste monte. b e r a ju d a d e D eu s p a ra s u p o rta r os re s u lta d o s in d ese jáv e is,
q u a is q u e r q u e se ja m eles.
O p e rd ão é e ss e n c ia lm e n te um a m u d a n ç a n a rela çã o com
D e u s. E ser aceito , re c o n c ilia d o (2 C o 5 .1 8 -2 1 ), a m ad o , d ig ­
no d e c o n fia n ç a — c o m to d o seg re d o d e sc o b e rto , o p ecad o
c o n fe s sa d o e a b a n d o n a d o . In ic ia lm e n te , D e u s p e rd o a p o r
c a u sa d e Jesu s (E f 4 .3 2 ), d e p o is p u rific a ( I Jo 1.7) e fo rta le ­
c e ( E f 3 .1 6 ), h a b ilita n d o - n o s a v e n c e r a te n ta ç ã o (R m
6 .6 ,7 ,1 2 ,1 4 ). O c a ta lis a d o r d o p erd ã o é a p e n itê n c ia , a c o n ­
fissã o e a fé (A t 2 .3 7 ,3 8 ; 1 Jo 1.9). O fru to d o p e rd ã o é u m a
p a z sa n e a d o ra (R m 5 .1 ) e u m e sp írito d e p e rd ã o p a ra co m os
o u tro s (M l 6 .1 2 ,1 4 ,1 5 ; 18.23-35).

N a ressurreição da carne e na vida eterna


A c re n ç a c ristã n a v id a e te rn a rep o u sa p a rc ia lm e n te na
in tu iç ã o q u a se u n iv e rsa l d a n a tu re z a in d e stru tív e l d o esp írito
h u m a n o p o r p arte d o s h o m e n s. A p ó ia -se so b re as p ro m e ssas
e a re ssu rre iç ã o d e C risto , b a se a n d o -se n a n o ss a ex p e riê n c ia
p re se n te d e c o m u n h ã o co m o D eus ete rn o , q u e n ão p e rm itirá
q u e a alm a q u e E le fez, a m a e red im iu seja e x tin ta (SI 16.10,11
e 7 3 .2 3 -2 6 serv em d e fu n d a m e n to p a ra M t 2 2 .3 1 ,3 2 ; Rm
8 .3 8 ,3 9 ; Fp 1.2 1 ,2 3 ; Jo 10.27-29).
A ssim c o m o a c ria n ç a q u e a in d a n ã o n a sc e u não p o d e
im a g in a r o m u n d o q u e a esp e ra , n o ssa im a g in a ç ã o tam b é m
fa lh a q u a n d o te n ta m o s v is lu m b ra r a v id a fu tu ra. N o ssa p e r­
so n a lid a d e p e rm a n e c e rá . “ P o rq u e eu v iv o ” , d is se Je su s, “ vós
v iv e re is” . “ ... E u o re s su sc ita re i [aq u ele q u e c rê em C risto ]
no ú ltim o D ia ” (Jo 14.19; 6 .3 9 ,4 0 ,4 4 ,5 4 ).
O p e n sa m e n to h eb re u re sistiu à d iv isã o d o s e r h u m an o
em c o rp o e e sp írito . C a d a p esso a é um e sp írito e n c a rn ad o .
D ese n c a rn a d o s, fic a m o s n u s, m en o s q u e h u m a n o s (2 C o 5 .1 -
4). A im o rta lid a d e p o rta n to , en v o lv e um c o rp o ressu rre to .
M a s as h istó ria s d e re s su rre iç ã o nos E v a n g e lh o s e o s e scri-
114 O que a Bíblia Ensina sobre Cristo e a Fé Cristã

to s d o ap ó sto lo P a u lo in siste m n a c o n tin u a ç ã o d a n o ssa id e n ­


tid a d e em m eio a e ss a m u d a n ç a (1 C o 1 5 .3 6 -5 3 ; F p 3 .2 0 ,2 1 ).
A a lm a im o rta l h e rd a u m c o rp o tra n sfo rm a d o , p ró p rio p a ra a
su a n o v a v id a, im p e re c ív e l, g lo rio so e e sp iritu a l (1 C o 15.42-
4 4 ). C re r n isto a c re s c e n ta re a lism o ao s n o ss o s p en sa m e n to s
so b re a v id a e te rn a , a d ic io n a n d o ta m b é m sa n tid a d e p ro fu n ­
d a ao n o s s o c o rp o c a rn a l p re s e n te (1 C o 6 .1 3 ,1 4 ; R m
8.10,1 1,23).
O Credo dos A póstolos é, p o rta n to , u m a d e c la ra ç ã o
b e líssim a e c o n c isa d a fé a d o ta d a o u u sa d a v irtu a lm e n te no
c o rre r d o s sé c u lo s p o r to d o s o s ram o s d a crista n d a d e .
A Bíblia:
Um Livro para as Pessoas
de Hoje

Como a Bíblia Veio até Nós


Introdução 116
Compilação 116
Cânon 119
Inspiração 122
Traduções 124

Como Tirar Maior Proveito da Leitura da Bíblia


Introdução

131
A Questão Básica 132
0 Livro Vivo 132
Traduções Bíblicas 133
Perguntas a Fazer 133

Encontrando Respostas a Perguntas Difíceis 134

A Ultima Pergunta 137


A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

Como a Bíblia Veio até Nós


H. D. M cD o n a ld

A Bíblia é um n o m e geral d ado à literatu ra q u e revela os


p ro p ó sito s de D eus ao m u n d o e que é aceita p ela Ig reja cristã,.
O term o Bíblia se o rig in a d o grego biblion, “ livro” . O N ovo
T estam en to u sa o título “as escritu ras” p ara esp ecificar o A n ti­
go T estam ento, em p arte o u c o m o um todo. E m u m a referência
d o N ovo T estam ento, os escrito s de Paulo são incluídos nessa
desig n ação (2 Pe 3.16). P au lo acrescen ta o prefix o santas ou
sagradas (A R C ), q u an d o diz q u e desde a in fân cia T im óteo co^
nhecia as “sagradas letras”, q u e p o d em to rn ar o in divíduo sá­
bio p ara a salvação, pela fé q u e há em C risto Jesus (2 T m 3 . 15;
co m p a re com R m 1.2).
A s d e sig n a ç õ e s A n tig o T e sta m e n to e N o v o T esta m e n to ,
p a ra c a ra c te riz a r as d u a s d iv isõ e s d a B íb lia, c o m e ç a ra m a
se r u sa d a s e m fin s d o sé c u lo II (v eja 2 C o 3 .1 4 ). A p a lav ra
testamento sig n ific a “ a lia n ç a ” . A a d iç ã o c ristã ao p rim e iro
v o lu m e h e b ra ic o c o n tra s ta a “ n o v a a lia n ç a ” p ro fe tiz a d a p o r
Je re m ia s (Jr 31.31 ss) c o m a a n te rio r (H b 8 .1 3 ). C risto é o
m e d ia d o r d a n o v a a lia n ç a (H b 8 .6 ss; 10.9).

Compilação
A B íblia é co m posta de 66 livros, 39 no A ntigo Testam ento e
27 no Novo. O s vários escritos do A ntigo Testam ento aparece­
ram prim eiro co m o rolos separados na língua hebraica. N ão se
sabe com o nem quando foram reunidos num só volum e. Nos dias
de Jesus, porém , o A ntigo Testam ento era claram ente um a cole­
ção com pleta. S ua divisão em três partes — a Lei (de Moisés), os
Profetas e as Escrituras (os Salm os e outros livros de “literatura
sapiencial”) — era geralm ente aceita, com o refletido nas pala­
vras de Lucas 24.27 (cf. 16.29; Ml 5.17 etc.). A reunião final dos
escritos dispersos que co m põem o Antigo Testam ento teve lugar
sob a superintendência de Deus. C risto autenticou-os com o “a
palavra de D eus” e com o a Escritura divina q u e não pode ser
anulada (Jo 10.35).
A a u te n tic id a d e d o tex to d o A n tig o T e stam en to , c o m o Judeu ortodoxo lendo
a g o ra o c o n h e c e m o s, p o d e ser c o n firm a d a p o r m eio de v á ri­ as Escrituras junto ao
as fo n te s e x te rn as. A lém d isso , os ju d e u s fo ra m e x c essiv a­ muro Ocidental de
m en te m e tic u lo so s n e sse p o n to . Q u an d o — d e p o is de u sad o Jerusalém.
n a ad o ração p ú b lic a — u m ú n ico e rro ou a lg u m tipo d e m a n ­
c h a e ra d e sc o b e rto n u m m a n u sc rito , e ste e ra im e d ia tam en te
d e stru íd o e to d o o m aterial re tra n sc rito . P o rta n to , ex iste ra ­
zo áv el c e rte z a d e q u e o tex to d o s m a n u sc rito s d o A n tig o T es­
ta m e n to qu e p o ss u ím o s h o je p re s e rv a co m su b stan cial e x a ­
tid ão a p a la v ra b íb lic a d e sd e os p rim e iro s te m p o s de Israel.
A po sição d o N o v o T estam en to , no q u e ta n g e ao A n tig o ,
é u m a relação de promessa e cumprimento. O s p rim eiro s c ris­
tão s v iam no A n tig o T esta m e n to u m a re v e la çã o d o s a to s d e
D eu s p a ra c o m o seu p o v o esc o lh id o , Israel. A s p ro fe c ia s e
d e sc riç õ e s d o A n tig o T e stam en to so b re o C risto q u e v iria
fo ram c o lo c a d a s no c o n te x to d a e sc o lh a e p re se rv a ç ão de
Israel p o r p a rte d e D e u s, a té q u e c h e g a ss e a p le n itu d e dos
tem p o s (G1 4 .4 ). O A n tig o T esta m e n to re g istra o q u e D eus
118 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

fa lo u n o p assad o so b re o M essias, p o r m eio d o s p ro fetas (H b


1.1; cf. 1 Pe 1.11). O N o v o T e sta m e n to re g istra a p alav ra
fin al d e D eu s e m seu F ilh o (H b 1.2), o V erbo e n c a rn a d o (Jo
1.14). F o ram in ú m e ro s o s d e stin o s in ic ia is d o s v ário s e sc ri­
to s q u e fo rm a m n o sso N o v o T estam en to atu a l. A lg u n s, c o m o
o E v a n g elh o d e L u c a s e o livro d e A to s, fo ra m d irig id o s a
in d iv íd u o s. A m a io r p a rte d as ca rta s d e P a u lo foi d irig id a a
c o m u n id a d e s c ristã s e sp e c ífic a s; a lg u m a s d ela s, e scrita s a n ­
te s d o s q u a tro e v a n g e lh o s, e stão e n tre os p rim e iro s d o c u ­
m e n to s d o N o v o T e stam en to . E n tre os ev an g e lh o s — M ateu s,
M arc o s, L u ca s e Jo ã o — ju lg a -s e q u e M a rco s foi o p rim e i­
ro. S e g u n d o u m a fo n te a n tig a , e le refle te a p re g a ç ã o d o a p ó s­
to lo P ed ro . O s p rim e iro s le ito re s d e M arc o s e ra m p rin c ip a l­
m e n te g r e g o s , a c h a n d o e le n e c e s s á r io tr a d u z ir te r m o s
h e b raic o s e sp e c ífic o s, c o m o Boanerges (3 .1 7 ), Talita cumi
(5 .4 1 ) eA ba (1 4 .3 6 ), e ex p lic a r c o stu m e s ju d e u s (7 .3 ; 14.12).
O p ú b lic o d e M a te u s e ra p rin c ip a lm e n te c o m p o sto de c ris ­
tão s d e d e sc e n d ê n c ia ju d ia . E le a p e la p o rta n to , p a ra a h istó ­
ria d e Israel e a p ro fe c ia d o A n tig o T e sta m e n to c u m p rid a em
C risto (p o r e x em p lo , M t 4 .4 , cf. D t 8 .3 ; M t 4 .6 , cf. SI 9 1 .1 1 ;
M t 4 .7 -1 2 , cf. D t 6 .1 6 , etc.). M a te u s tra ç a a g e n e a lo g ia d e
Je su s até A b ra ão e D av i, d e ix a n d o sem e x p lic a ç ã o id éias e s­
p e c ific a m e n te ju d ia s (p o r e x em p lo , “ F ilh o d e D av i” , “fim
d o s te m p o s” ). O te rc e iro e v an g e lh o foi e sc rito p o r L u cas,
p a ra d a r a um h o m e m de n o m e T eófilo u m a d e scriçã o d e ta ­
lh a d a d o m in isté rio d e Je su s “ até ao d ia e m q u e foi re c e b id o
em c im a ” (L c 1.1-4; A l 1.2).
M a rc o s , M a te u s e L u c a s sã o c h a m a d o s evangelhos
sinóticos p o rq u e , a p e s a r d as su a s d ife re n ç a s, q u an d o “ v isto s
ju n to s ” (sin o p se ) se g u e m o m esm o p a d rão g eral. O q u a rto
e v a n g e lh o tem u m a p e rsp e c tiv a m a is te o ló g ic a e esp iritu al.
E m b o ra to d o s o s e sc rito s d o N o v o T e sta m e n to tiv essem
um d e stin o d e fin id o , lo g o se to rn a ra m p ro p rie d a d e h ab itu al
d as c o m u n id a d e s c ristã s d isp e rsa s. A c a rta d e P au lo a u m a
ig re ja e sp e c ífic a e ra e n v ia d a p a ra se r lid a p o r o u tra s (cf. C l
4 .1 6 ). A s c ó p ia s c o m e ç a ra m a se m u ltip licar. N o cu rso do
te m p o , o e sc rito o rig in a l ou se e stra g a v a o u se p erd ia , de
Como a Bíblia Veio até Nós

m odo q u e n ão te m o s ag o ra n e n h u m autógrafo. A o co m p a rar


os m a n u sc rito s e x iste n te s — e h á m u itíssim o s d eles — os A Bíblia
e ru d ito s p o d em traz e r à luz, com q u ase cem p o r cento de cer­
A Bíblia contém 6 6
teza, o q ue se en co n tra v a nos p rim eiro s p erg am in h o s. U m
livros, 3 9 no A n tig o
m anu scrito fa m o so , o C ó d ice S in aítico (A lfa), desco b erto por Testamento e 2 7 no
T isch en d o rf em 1884, contém o N ovo T estam en to inteiro em N ovo. Ela é com posta
grego. O C ó d ice A lex an d rin o (A ), a g o ra na B ib lio teca B ritâ­ dos escritos de mais de

nica, contém os d o is T estam entos em grego. O C ódice V aticano trinta autores


diferentes, que
(B), n a B iblio teca d o V aticano, co n tém o A n tig o T estam ento escreveram durante um
em grego e o N ovo T estam en to até H eb reu s 9.14. N ão se pode p e río d o de a pro xim a ­
determ inar ex ata m e n te q u an d o os escrito s fo ram reu n id o s para dam ente 1 .5 0 0 anos.
form ar o N ovo T estam en to co m o o tem o s hoje, m as isso a co n ­ O total de versículos
nos dois Testamentos é
teceu bem cedo. O p ro cesso já estav a em an d am e n to no final
3 0 .4 4 2 .
do p rim eiro século.

Cânon
A Ig re ja c ristã a c e ito u d esd e o p rin c íp io , sem q u estio n ar,
o v o lu m e sag ra d o d o ju d a ísm o c o m o as su as E sc ritu ra s. A os
cristão s, b a sta v a q u e C risto as tiv esse sela d o co m a sua a p ro ­
v ação divin a. S u a v isã o e u so d o A n tig o T esta m en to c o m o a
voz v iv a de D eu s co n d ic io n o u a a titu d e das c o m u n id a d e s
cren tes a re sp e ito d e ssa s E scritu ra s. P o r to d o o A n tig o T esta ­
m en to , Je su s viu a ta re fa sa g ra d a q u e lhe c a b ia cu m p rir. E m
C risto , os cristã o s v ira m “firm a d a a p ala v ra dos p ro fe ta s” (2
P e 1.19). R e a lm e n te , M o isés e to d o s o s p ro fe ta s e sc re v e ra m
sobre E le (L c 2 4 .2 7 ). O p rin c íp io q u e p e rc o rre as v ária s lite ­
raturas do A n tig o T estam en to , isto é, q u e D eu s tin h a um p ro ­
p ó sito re d e n to r p a ra a h u m a n id ad e a tra v é s de Israel, q u ase
b astav a p ara re u n ir os e sc rito s em u m só v o lu m e. O s cre n tes
do N ovo T e sta m e n to re sp o n d e ra m à e v id ê n c ia e d e scriç ã o
d a re v elação d e D e u s e d e seu fo co n o S alv ad o r, q u e tin h am
p assad o a c o n h e c e r a trav é s d o te ste m u n h o do E sp írito S an to
em seus co raç õ es. E n tã o , a Ig reja veio a h o n ra r o A n tig o T es­
tam en to c o m o C ris to o h o n rara, e d e sc o b riu n ele a v e rd a d e
divina.
E assim , co u b e à Ig re ja c ristã a re sp o n sa b ilid a d e de e n ­
c o n tra r p o r si m e sm a , em a d içã o ao A n tig o T e stam en to , um
120 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

À direita: Uma página co n ju n to sem e lh a n te d e e sc rito s a c e itá v e is. O s v ário s a u to ­


da B íblia M e die val re s d o N o v o T e stam e n to e sc rev e ra m p a ra sa tisfa z e r às n e ­
de W ycliffe.
ce ssid a d e s d e su a é p o c a ; m a s n o p la n o d e D e u s e sse s e sc ri­
to s se to rn a ra m a su a p a la v ra p a ra to d o s o s te m p o s. E sta c o ­
le ç ã o de e scrito s fo rm a o c h a m a d o c ân o n d o N o v o T e sta ­
m en to .
A p a la v ra cânon d e riv a d o term o g re g o kanõn (a sso ciad o
a kanõn, “c a n a ”). N o g re g o c lá ssic o , re fe re -se a u m a v a ra
re ta ou ré g u a d e ca rp in te iro , sen d o u s a d a e m v á rio s sen tid o s
m e ta fó ric o s. O te rm o a p a re c e em G á la ta s 6 .1 6 - “T o d o s
q u a n to s a n d a re m c o n fo rm e e sta re g ra ” (cf. F p 3.1 6 ). A p lica ­
d o à E sc ritu ra , o cânon é a re g ra d e fé e d e v erd a d e . O cânon
do N ovo T estam en to refere-se à co leção d e livros aos quais
u m a re g ra p re sc rita fo i a p lica d a e q u e “p a sso u n o teste” . E stes
livros c o n stitu em e n tã o a “re g ra d e fé ” , e m c o m p a ra ç ã o a
q u al to d a d o u trin a e c o m p o rta m e n to d ev e m ser testad o s.
P o r q u e fo rm a r u m c â n o n ? v o cê p o d e p erg u n tar. Je su s
foi o re d e n to r d e q u e m o A n tig o T e stam en to d eu te ste m u ­
n h o . S u as p a la v ras, se g u n d o eles, n ã o p o d ia m te r m en o s a u ­
to rid a d e d o q u e a L e i e o s P ro fe tas. C o n v e n c id o s d isto , os
c ristã o s as re p e tia m se m p re e as c o lo c a ra m n a fo rm a esc rita
q u e se to rn o u o n ú c le o d o cân o n .
O te m p o e sta v a p assa n d o . E n q u a n to a re g ra trad ic io n a l
d a “ d o u trin a a p o stó lic a b a se a d a n o s e n sin o s de C risto e na
in te rp re ta ç ã o d o seu tra b a lh o ” foi m a n tid a , n ão h o u v e n e c e s­
sid a d e d e e sc rev ê -la . M as, c o m a m o rte d o s a p ó sto lo s u m a
u m , a tra d içã o o ral to rn o u -se in su ficien te. A s d is se n sõ e s nas
ig re ja s ta m b é m to rn a ra m o ap e lo à p a la v ra e sc rita ta n to n a ­
tural q u a n to n e c essário .
T odavia, a sa n ç ã o d e um c o n c ílio n ão tra n sfo rm a v a em
c a n ô n ic o um e sc rito e sp ec ífico . N e n h u m liv ro p o d ia ser d e ­
c lara d o E sc ritu ra , se n ão c o n tiv e sse as ê n fa se s q u e o to rn a s­
se c o m o tal. P re v a le c ia u m a u n a n im id a d e su rp re e n d e n te e n ­
tre as ig rejas q u a n to ao s e sc rito s q u e fa la v a m c o n v in c e n te ­
m en te de D eu s. E ste foi o fato p rin cip al n a d e te rm in a ç ã o da
c a n o n ic id a d e . O c â n o n d o N ovo T e stam en to a u m e n to u so b a
o rie n ta ç ã o d e um in stin to e sp iritu a l, em lu g a r d a im p o sição
fSfeS "<r ''*i
pDiro|/p i/o« rtje fo u it. Tj I jou p c t t iu t ie ia u m ir i^ s ^
rojjí/ifcfitft-ii ilidi' tojciii« ftio p e in a p a tim cicfjix
t-afemouu (J/U)»/ of oipuetc pe ivt)idje is M e n s
of «lie iicpuigfc ta x m e a v ifOitpuge \ic mimeik
|/Öt ic û is OlJTH« ofatnootii^ta w lja n c pet lift»
ftMtptOltCrt)« , cat cutnto in to pc ùitptufepUcc-
til («to pcínií !- y e t ivctitm ttp ui/itcittierftttßer
5Biiifliiiirocn)(if Wi)cr pcititvcttcu fjctu-ï woujû
Rpofllis t>« |*c Hoolp pofr.‘ WHò m m aiio^üt}‘p i)iU p i Hjottm-
licd/ccc tttftft bllicit up ootul;«» 4 t)ûirljolouimc4 uiatíni f«it«80f
* l)c sauc livm rcif (Ui'iif onia/ir ' alp i)C)í and CifiuõKloús^/uãto
after l/isjttffioiiii. ui ittaup av of iatuf>s/&ucpc&tyeitnùUKÜui$c
gUiUCtt» MjjlCUlHlgtß 00 éntirti> oi laâf’Ugcto fftõic tu pjc))ot‘nst-
Mfrnjpciïmge h>i;m i Cpclu'ilige H u pum aub «ta«? \ieuMeco0te
of jíc raiíiic of trofj.jt no tKct/Jffc ttt. &no iv*' lti»lncf>ctvtt4]lil f'ffl
tog-pociv cotuauDitetnljau pat oapcõpetttv nCpttpcup in |ic nip
Dii Of Ojcpcma fair- ffc^fbpcyctc
il et Ccluilau u o t t y t e f iv tcntCalêi
but j!ci frintUutjie abtiv pcbilfcelh! liíítô aaipaitt’c o f motto gtccvrea
of l/c fttbir*tv, seticcûcnlic lay ov uicCtau l)uuöitpmiotißctM>inim
ntp um p.sopcui m u íKptí^ít ï gfitcpctm itbvljottcp |/eCcttpautto
U!fltCfvôiit{cc ûtyiïit Ucííftjíttíiõ be ftiiftiUD. wiitcljc i>cijoolpgooîï
tn peljalfi jooft- tiotaítci' pce ma bcfyie fatfjic a m p ofcaittp.of
uvtaßg. m /crftuc peènmeutofft ' jmt urns leoa-ofl/cttu/jot
úit-fwMit tii’iu nvm gxlD /t>uf tvUctt tcûi pc wtjtcpcw aô iiotmi
tu l'iô ttiuié; Miàtt pouttOaieve bnbttt od;* 0*tf p c ty it of Uv$wt>i
k f it t g io m of murî--fOiû>i)c b e fa fu)im<áutifoio>j>e pteim o iõ erí Â
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fv0 About n itO fo n i^ C iX d n m iie Itu M o ufßßcicpid acï/ateuieim J f k
xvitiiciU üX D U icm terttiiuitillii )>c l augtige p f Ucttv p at ts pe 6X0 w
tcf ftuöffluiiinc.-? outo pe ufmctó o f frioooc* fßotlopt i t is Wirte tu
of pcaj/c^uti ttii/attie tie b e M pc booite ofifnlttt/te-SilciiaJnùi
«tir iicceimtgeß(imccepuffv-'l)( «où o f M u t be tutuù ù m t atto
i$a&Ufaiç anù a d o u d é iwyhtcû' j'4)Cpci'iiot patoiifcuc ui fcîfltto
l/put ftwpceeictt o f ï/eiufî'fsijftue mi opec-aUicpebtCctyayud/eof
Îinbvberlbcu lu nu got'xijc into Ui’iu/pctibicitbiliouep of ptöuieA
i|Ciimc.-lootlt»oiMcu ftooiwi u w A imtrttiaiobat gni>uötoßiOa'WrIf
ürítící* Imu iu xxMjitt rtaptfi p c w litalle tpiut vt iul;in;f p&tm
UiQici/e m öO ptcu-w cti of^UiIcr/ icüi fí/ tiró íiiit utCiitcoiitfliKiVj
Wh a t (loiiiwi 3ce bßl)OW mgviu yjjôbpfft’niifHigeft» ve 0autpuic
tv iie iim ':y iö icC m patttMUc' n>f ma mas pe mif m ini/triK
up froion ttitn l ic t ia ic - 0 frtiai i)Cti5sii tiiueuuptivw-'ootiof
come, a* g e m e i n ) goptigv t u t w » ijcft foito De uiaULatVitneœt''

& m \ ( S ö <
122 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

d e u m a a u to rid a d e ex te rn a.
O s e sc rito s a c eito s e ra m d e a u to ria d a q u e le s h o n rad o s
p e la Ig re ja - M ateu s, Jo ã o , P au lo , P e d ro - a ssim c o m o de
p e ss o a s m e n o s c o n h e c id a s, a p o ia d a s p o r u m a a u to rid a d e
a p o stó lic a - Pedro p o r trás d e M arcos, P aulo p o r trás de Lucas.
A lguns livros, com o a E p ísto la aos H ebreus, levaram m ais tem ­
po p ara alcançai' a can onicidade. O utros, co m o a epístola de
C lem ente de R om a aos coríntios e o Pastor de Hermas, foram
candidatos à canon icid ad e p o r algum tem po, m as não tiveram
aceitação final.

Inspiração
A rev elação d iv in a na E sc ritu ra decla ra q u e e la é a P alav ra
Lendo as Escrituras de D eus. O s qu atro m il u so s d a ex pressão “A ssim d iz o S e­
judaicas junto ao muro nh o r” n o A ntigo T estam en to asso cia esp ecificam en te a su a o ri­
Ocidental de Jerusalém. gem a D eus. E sta afirm a ção rep etid a, “D isse D e u s” o u “D eus
Como a Bíblia Veio até Nós 123

tem d ito ” , ch a m a a h u m an id ad e p a ra o u v ir a sua voz desde a


eternidad e. O p ro fe ta Jerem ia s receb eu esta certe z a de D eus:
“E is que p o nh o as m in h a s p alav ras na tu a b o c a ” (Jr 1.9). P ara
E zeq u iel, D eu s disse: “M as tu lhes dirás as m in h as p a lav ras”
(E z 2.7). D avi d ecla ro u : “O E spírito do S e n h o r falou p o r m im ”
(2 S m 23.2).
A lg u m a s v ez e s, o s e sc rito re s d o N o vo T esta m e n to u sam
a fra se “ a p a la v ra d e D e u s ” p a ra a re v e la ç ã o p re se rv a d a no
A n tig o T estam en to . A lém d isso , id en tific a m a m e n sa g e m do
E van g elh o co m o o v erd a d eiro significado d a q u ele T estam ento
anterior. O q u e tin h am a d e c la ra r não era, p o rtan to , a p alav ra
m e n o s au tê n tic a de D eu s. Q u an d o os p rim e iro s cristã o s a c e i­
ta ra m certo s d o c u m e n to s m ais re c e n te s c o m o E sc ritu ra (2
P e 3 .1 6 ), foi co m a c e rte z a de q u e D eu s ta m b é m fala v a a tra ­
v és deles.
A p ala v ra escritura sig n ifica alg o q u e foi escrito . A E s­
c ritu ra é a p a la v ra e s c rita d e D eus. A B íb lia é e lo q ü en te no
qu e se re fe re às p a la v ra s de D eus n a fo rm a escrita.
Inspiração é o te rm o u sa d o p a ra a ação d ire ta de D eus
sobre os escrito res b íb lico s. E m b o ra a in d iv id u alid ad e de cad a
u m fo sse m a n tid a, fo ra m ao m esm o te m p o m o v id o s, g u ia ­
d o s e g u a rd a d o s p e lo E sp írito S an to ; d esse m o d o , o q u e e s ­
cre v e ra m co n stitu i a su fic ie n te P ala v ra de D eu s p a ra a h u ­
m an id ad e .
D e aco rd o co m e sta d e c la raç ã o , fic a ev id e n te se r a B íb lia
um p ro d u to tan to h u m a n o q u a n to div in o . V em os alg o do seu
a u to r h u m an o - su a p e rsp e c tiv a , estilo , te m p e ra m e n to e o u ­
tros. M as to d a e la tra z o selo d o im p u lso d iv in o , p ara in d ic a r
q u e p o r trás e no in te rio r d a o b ra do a u to r h u m a n o está o
p ró p rio D eus. P o rta n to , m e d ia n te o p ro c esso d a in sp iraçã o ,
D eu s é o a u to r d ire to d as E scritu ra s.
D uas p a ssa g e n s e sp e c ific a m a a u to ria d iv in a: “P o rq u e a
p ro fe c ia n u n c a foi p ro d u z id a p o r v o n ta d e d e h o m e m a lg u m ,
m as os h o m en s sa n to s d e D eu s fa la ra m in sp ira d o s p elo E sp í­
rito S a n to ” (2 Pe 1.21). E sse s a u to res fo ra m in sp ira d o s p o r
u m a in flu ê n c ia e sp ec ia l d o E sp írito S a n to , q u e fez co m que
os seus e sc rito s ta m b é m fo ssem in sp ira d o s p e lo so p ro de
124 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

D eu s. E m b o ra a p a ss a g e m a c im a e ste ja se re fe rin d o à p ro fe ­
c ia fa la d a , c o m c e rte z a P e d ro tin h a em m e n te a o rig e m d iv i­
n a d a E sc ritu ra c o m o u m to d o (cf. 1 P e 1.2 3 -2 5 ). “T oda a
E sc ritu ra [é] d iv in a m e n te in sp ira d a ” (2 T m 3 .1 6 ). S e “p e la
p a la v ra do S e n h o r fo ra m fe ito s o s c é u s, e to d o o ex é rc ito
d e le s, p elo e sp írito d a su a b o c a ” (SI 3 3 .6 ), e n tã o as E sc ritu ­
ras fo ra m p ro d u z id a s p e lo “ so p ro d iv in o ” . A ssim c o m o so ­
p ro u v id a no h o m e m , “e e ste se to rn o u a lm a v iv e n te , cria d o
à im a g e m d e D e u s” (G n 2 .7 ; 1.27), D e u s so p ro u tam b ém ,
m e d ia n te e sc rito re s h u m a n o s, p a la v ra s q u e p o d e m nos g u iar
à sa lv a ç ã o e nos in s tru ir n a ju s tiç a .
A in sp iraç ã o é p le n a , co m p le ta , to tal. A E sc ritu ra em to ­
d as as su as p artes é so p ra d a p o r D e u s, a in s p ira ç ã o é v erb al.
A B íb lia n ão tra n sm ite sim p le sm e n te id éias so b re D eus. P elo
c o n trá rio , os e sc rito re s b íb lic o s c o lo c a m a re v e la ç ã o de D eus
em te rm o s q u e d e v e m se r re c e b id o s c o m o p a la v ra s divin as.
D e sta fo rm a, a B íb lia p o d e se r a c e ita c o m co n fia n ç a .

Traduções
A B íb lia c o m e ç o u a se r tra d u z id a p e la p rim e ira v e z em
o u tra s lín g u a s n o E g ito , n o sé c u lo III a .C . N a q u e la é p o c a , o
A n tig o T e sta m e n to h e b ra ic o fo i tra d u z id o p a ra o g reg o . S e ­
g u n d o a tra d iç ã o , se te n ta (7 2 p a ra a lg u n s ) e ru d ito s ju d e u s
fiz e r a m e s s e tr a b a lh o , d a n d o a s s im tí tu l o à v e rs ã o , a
Septuaginta (la tim , s eptuaginta, q u e s ig n ific a “ s e te n ta ” -
L X X , o sím b o lo p e lo q u a l e ss a v ersã o é a g o ra co n h e c id a ).
N o s d ia s d e Je s u s, o g re g o e ra o id io m a u n iv e rsa l, a ser
su p e ra d o p elo latim (c o m a a m p lia ç ã o d o im p é rio ro m an o ).
E m m e a d o s d o sé c u lo III d .C ., p a rte s d o N o v o T e stam e n to
a p a re c e ra m n e ss a lín g u a , a ssim c o m o e m c o p ta e siríaco .
U m a c o m p a ra ç ã o d o s v á rio s se g m e n to s la tin o s foi feita b em
c e d o . M a is ta rd e , J e rô n im o (c. 3 4 5 -4 1 9 ), b is p o de M ilã o ,
in c e n tiv a d o p e lo p a p a D a m a so , fe z u m a re v isã o c o n h e c id a
c o m o a Vulgata (c. 3 8 2 ). A V u lg ata e ra a B íb lia d a Idade
M é d ia e foi a c e ita p e lo s c a tó lic o s ro m a n o s n ã o so m e n te até
a R e fo rm a c o m o ta m b é m m u ito te m p o d e p o is d ela.
Como a Bíblia Veio até Nós 125

N a B re ta n h a , o la tim c a iu em d e su s o e n tre o p o v o c o ­
m u m . T o d a v ia, c o n tin u o u se n d o o m e io d e c o m u n ic a ç ã o
e n tre a Ig re ja e o s in te le c tu a is . E sta situ a ç ã o in sp iro u B e d e
(c. 6 7 5 -7 3 5 ) a tra d u z ir se ç õ e s d o A n tig o e N o v o T e sta m e n ­
to s no v e rn á c u lo a n g lo -sa x ã o , lin g u a g e m d o p o v o c o m u m .
D ep o is d a in v a s ã o n o rm a n d a na B re ta n h a , e m 1.066, d u ­
ran te a lg u m te m p o não fo ra m fe ita s no v as tra d u ç õ e s. A P a ­
lav ra d o S e n h o r e ra e sc a s sa n a q u e le s d ia s. E n q u a n to isso , o
id io m a a n g lo -sa x ã o m u d o u , sen d o c o m p le ta d o p e lo q u e é
a g o ra c o n h e c id o c o m o in g lê s p o p u lar. S o b a o rie n ta ç ã o de
Jo h n W y cliffe (1 3 3 0 -1 3 8 4 ), fo ra m p u b lic a d a s d u a s tra d u ­
çõ e s c o m p le ta s d a B íb lia. M ais d e d u z e n to s a n o s se p a ss a ­
ra m a n te s q u e novas traduções surgissem . E m 1516, E rasm o
produziu o N ovo T estam ento no grego original, que p or sua vez
chegou aos estudiosos bíblicos através d a im prensa (inventada
em 1450). Wil liam Tyndale (1494-1536), na B retanha, e M artinho
Lutero, (1 4 8 3 -1625) na A lem anha, produziram traduções n a lin­
guagem popular.
E m lín g u a in g lesa, são q u atro as v ersõ es p rin cip ais: Ver­
são A u to riza d a , Versão Revisada , Versão Revisada (ou Pa­
drão) Americana e Versão Padrão Revisada. A Versão Auto­
rizada, ou Versão do Rei Tiago ( King James Version) é fru to
do trab alh o d e 41 te ó lo g o s esc o lh id o s d u ran te u m a c o n fe rên ­
cia em H am p to n , no an o 1604. Foi p u b lic a d a em 1611, e até
h o je é a fav o rita d o s povos d e lín g u a in g lesa. A Versão Revi­
sada é um a rev isão d a Versão Autorizada ( English Revised
Version), trab a lh o de d o u to re s ingleses e n o rte-am erican o s.
O N o v o T e stam en to foi p u b licad o em 1881, e o A n tig o T esta ­
m en to , em 1885. A Versão Revisada Americana (American
Standard Version), p u b lic ad a in teg ralm en te em 1901, é m u i­
to p restig iad a e n te os n o rte -a m e ric an o s. A Versão Padrão Re­
visada ( Revised Standard Version) tin h a o p ro p ó sito d e ser
u m a rev isão d a Versão Revisada Americana. O N ovo T esta­
m en to surgiu em 19 4 6 , e o A n tig o T e stam en to , em 1952. T em
m u ita aceita ç ã o nos c írcu lo s d e n o m in a cio n a is lib erais - os
126 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

c o n se rv a d o re s fica ra m p e rtu rb a d o s co m ce rta s p a rcialid ad es


d o s trad u to re s.
M a i s r e c e n t e m e n t e , e m 1 9 7 8 , f o i l a n ç a d a N ew
International Version (N1V , c o n h e c id a no B ra sil c o m o Nova
Versão Internacional), c o n s id e ra d a a m a is fiel v e rsã o em
lín g u a in g le sa.
A s p rim eiras p o rçõ es bíb licas trad u zid as p a ra o p o rtuguês
- A to s d o s A p ó sto lo s e u m a h istó ria a b re v ia d a d o A n tig o
T e sta m e n to - su rg iram em 1320 p o r o b ra d o s m o n g e s d e
A lc o b a ç a . N o s é c u lo X V , fo ra m tra d u z id o s A to s d o s A p ó s­
to lo s, o s E v a n g e lh o s, a s c a rta s d e P a u lo e u m a ta l Tradução
H istoriada do Antigo Testamento. E m 1479, j á in v e n ta d a a
im p re n sa , G o n ç a lo G a rc ia d e S a n ta M a ria p u b lic o u As Epís­
tolas e os Evangelhos que se Cantam no Decurso do Ano.
D. F e lip a , filh a d o In fa n te D . P e d ro e n e ta d e D . Jo ã o I,
tra d u z iu o s E v a n g e lh o s e Homilias de Todo o Ano. Já em
1505, fo ra m p u b lic a d a s as tra d u ç õ e s d e B e rn a rd o B riv eg a:
A to s d o s A p ó sto lo s e as e p ís to la s c a tó lic a s.
A p rim e ira B íb lia c o m p le ta e m p o rtu g u ê s é o b ra d e
J o ã o F e rr e ira d e A lm e id a , m in is tro d a I g r e ja R e fo rm a d a
H o la n d e s a . E le tra d u z iu p rim e iro o N o v o T e s ta m e n to , c o n -
c lu in d o o tra b a lh o em 1670 - im p re ss o e m A m s te rd ã e m
16 8 1. A lm e id a m o r re u e m 1 6 9 1, te n d o tr a d u z id o o A n tig o
T e s ta m e n to a té E z e q u ie l 4 8 .2 1 . A tr a d u ç ã o fo i c o m p le ta ­
d a p o r a m ig o s m is s io n á rio s . O A n tig o T e s ta m e n to fo i p u ­
b lic a d o e m 1753. A B íb lia c o m p le ta d e A lm e id a só fo i
p u b lic a d a e m 1 8 1 9 , p e la S o c ie d a d e B íb lic a B r itâ n ic a e
E s tra n g e ira .
E n tre 1772 e 1 7 9 0 o p a d re p o rtu g u ê s A n tô n io P e re ira
d e F ig u e ire d o p ro d u z iu ta m b é m u m a tr a d u ç ã o c o m p le ta
d a B íb lia , e d ita d a p e la p rim e ira v e z n o B ra sil e m 18 6 4 .
U m a o b ra fa m o s a p o r su a fid e lid a d e ao o rig in a l é a T ra ­
d u ç ã o B ra sile ira , la n ç a d a e m 1917 (a tu a lm e n te n ã o é m ais
e d ita d a ). D e v id o à rig id e z d a tra d u ç ã o , fa lta -lh e b e le z a de
e stilo . E m u ito p ro c u ra d a p o r c o le c io n a d o re s .
Como Nascem as Traduções
i

1 A partir de estudos
comparativos de centenas
de manuscritos bíblicos,
eruditos criaram textos-
padrões para tradução.

2 As traduções se fizeram
necessárias, para que a
Bíblia fosse conhecida em
outros idiomas. Ex.: Vulgata
(latim).

3 As versões modernas, via


de regra, baseiam-se em
fextos-padrões.
Animais da Bíbli
boi (Dt 14.4) doninha (Lv 11.29) mula (1 Rs 1.33)
boi silvestre (Dt 14.5) gamo (Dt 14.5) ovelha (Dt 14.5)
bugios (2 Cr 9.21) hienas (Is 34.14) porco (Lv 11.7)
cabra montês (Dt 14.5) hipopótamo ou elefante (Jó 1.15) raposas (Ct 2.15)
cabritos (Gn 27.9) javali (SI 80.13) rato (Lv 11.29)
cachorro (1 Sm 17.43) jumentos(Gn 12.16) urso (1 Sm 17.43)
camelos (Jó 1.3) leão (Jz 14.5-6) vacas (Gn 12.16)
cavalos (Gn 47.17) lebre (Dt 14.7) vaca-marinha (Ex 25.5)
chacais (Is 34.13) leopardo (Jrl3.23) veado (Dt 12.15)
coelho (Lv 11 .ó) lobos (Mt 7.15)
corça (Dt 12.15) morcego (Lv 11.29)

O u tra v e rs ã o in te g ra l d a B íb lia , d e F ra n c is c o d e Je s u s
M a ria S a rm e n to , foi p u b lic a d a e n tre 1777 e 1778 (N o v o
T e s ta m e n to ) e 1778 e 1785 (A n tig o T e s ta m e n to ).
E n tre os e v a n g é lic o s d o B rasil, são trê s as v e rs õ e s m ais
c o n h e c id a s d a B íb lia d e A lm e id a : a Versão Revisada, d a Im ­
p ren sa B íb lica B rasileira (IB B ), a Edição Revista e Corrigida
(A R C ) e a Edição Revista e Atualizada (A R A ), esta s d a S o ­
c ie d a d e B íb lic a d o B ra sil. H á o u tra s v e rs õ e s d e A lm e id a no
B ra sil, c o m o a Edição Contemporânea, d a E d ito ra V ida, e a
E diçã o C o rrig id a e R evisa d a , d a S o c ie d a d e B íb lic a
T rin ita ria n a .
E m 1 9 9 3 , a S o c ie d a d e B íb lic a d o B ra s il la n ç o u a
s e g u n d a e d iç ã o d a A R A , e, e m 19 95 , a s e g u n d a e d iç ã o
d a A R C (a v e r s ã o a d o ta d a p e la C P A D ).
O u tr a v e r s ã o c o n h e c i d a é a B íblia na Linguagem de
H oje, d a S o c ie d a d e B íb l ic a d o B r a s il, t r a d u z id a s e g u n ­
d o a e q u iv a l ê n c ia d in â m ic a .
A B íblia Viva (Tlie L iving B ib le ), d e K e n n e th N.
T a y lo r, é in d i s c u t iv e l m e n te a m e l h o r tr a d u ç ã o c o n h e c i­
d a d e u m ú n ic o a u to r . L a n ç a d a n o B ra s il e m 1 9 8 1 , tem
s id o m a c iç a m e n te v e n d id a e c o n tin u a s e n d o a m a is c o n ­
tr o v e r s a d a s tr a d u ç õ e s m o d e r n a s d a B íb lia . E e lo g ia d a
p o r m u ito s e c o n d e n a d a p o r a lg u n s . O s d e tr a to r e s r e s ­
Como □ Bíblia Veio até Nós 129

s a lta m q u e se tr a ta d e u m a p a r á f r a s e e n ã o d e u m a tr a ­
d u ç ã o , a lg u m a s v e z e s m u ito n e g lig e n te a o in t e r p r e ta r o
te x to , n ã o s e n d o c o e r e n te n o tr a ta m e n to d a s id é ia s t e o ­
ló g ic a s e m u ito i r r e g u la r c o m o u m to d o . O s d e f e n s o r e s
a f ir m a m q u e é in te ir a m e n te c o n s e r v a d o r a n a s u a o r i e n ­
ta ç ã o te o l ó g ic a e m u ito c la r a p a ra q u a lq u e r le ito r. A B í­
blia Viva é, s e m d ú v id a , o q u e a m b o s o s g r u p o s a f ir ­
m a m : u m a B íb lia v a li o s a c o m a lg u m a s p e c u lia r id a d e s ,
d e m o d o q u e o s le i to r e s fa r ia m b e m e m m a n te r u m a
tr a d u ç ã o m a is lite r a l à m ã o , a fim d e e s c l a r e c e r q u a l­
q u e r c o n f u s ã o q u a n to a o s i g n if ic a d o d o te x to .
T a m b é m e x is te m e m p o rtu g u ê s v á ria s v e rs õ e s u tili­
z a d a s p e la I g r e j a C a t ó l i c a R o m a n a . A tr a d u ç ã o d a
V u lg a ta , p e lo p a d re M a to s S o a re s e ra , a té p o u c o te m p o ,
a m a is d if u n d id a . U m a e d iç ã o c o r r ig id a foi la n ç a d a e m
19 8 5 , c o m n o ta s a tu a liz a d a s . A Bíblia M ensagem de Deus
é a u n if ic a ç ã o d e u m a o b ra e m o ito v o lu m e s d a L ig a d e
E s tu d o s B íb lic o s , c o m te x to p r o f u n d a m e n te re v is to . A
E d ito ra A ve M a ria p u b lic o u em 1968 u m a tr a d u ç ã o d o s
o rig in a is se g u n d o a v e rs ã o fra n c e s a d o s m o n g e s
b e n e d itin o s d e M a r e d s o u s . A v e rs ã o m a is e r u d ita é a d o
P o n tifíc io I n s titu to B íb lic o , c o m m u ita s n o ta s d e c u n h o
c a te q u é tic o . C a r lo s d e V illa p a d ie r n a la n ç o u u m a v e rs ã o ,
e m 1 9 6 8 , q u e te n ta u n ir b e le z a d e lin g u a g e m a f id e lid a ­
d e a o s o r ig in a is . A Bíblia F á cil , d o C e n tr o B íb lic o C a tó ­
lic o , é u m a tr a d u ç ã o a c e s s ív e l d o N o v o T e s ta m e n to . T ra z
o A n tig o T e s ta m e n to e m re s u m o .
A Bíblia de Jerusalém foi la n ç a d a n o B ra sil em 19 8 1 .
E s ta tr a d u ç ã o d ir e ta d o s o r ig in a is é fr u to d o e s f o r ç o c o n ­
ju n t o d e e r u d i to s c a tó l ic o s e e v a n g é lic o s . S u a s n o ta s e
c o m e n tá r io s s ã o c o n s i d e r a d o s d e a lto v a lo r c ie n tíf ic o .
I n d ic a d a p a r a e s t u d io s o s .
E m b o r a s e ja in te r e s s a n te e x a m in a r o s p o n to s p o s i ti­
v o s e n e g a tiv o s d a s v e rs õ e s b íb lic a s , d e v e m o s c o m p r e ­
130 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

e n d e r q u e o im p o r ta n te n ã o é q u a l a tr a d u ç ã o q u e a p e s ­
Pássaros s o a lê , m a s s im q u e le ia u m a d e la s . N e n h u m a tr a d u ç ã o é
da Bíblia p e r f e ita , m a s ta m b é m n ã o é tã o f a lh a q u e o b s c u r e ç a a
abutre (Lv 11.13) m e n s a g e m q u e D e u s n o s q u e r tr a n s m itir . A P a la v r a d e
águia (Lv 1.13) D e u s f a l a c la r a m e n te e n q u a n to le m o s . P o d e - s e d iz e r d a s
andorinha (SI 84.3]
in ú m e ra s v e rs õ e s a q u ilo q u e P a u lo d is s e d o s m u ito s p r e ­
cegonha (Lv 11.19)
codorniz (Ex 16.13)
g a d o r e s d e s u a é p o c a , “ A lg u n s p r e g a m a C r is to p o r in ­
coruja (Lv 11.17) v e ja e p o r f ia , m a s o u tr o s d e b o a m e n te ” , m a s , “ c o n ta n to
coruja do deserto q u e C r is to s e ja a n u n c ia d o d e to d a a m a n e ir a , o u c o m
(Lv 11.18) f in g im e n to o u em v e r d a d e , n is to m e r e g o z ijo , e m e r e ­
corvo (Gn 8.7)
g o z ija r e i a in d a ” (F p 1 .1 5 ,1 8 ).
corvo-marinho
(Lv 11.17)
falcão (Dt 14.13)
galinha e pinlinhos
(Mt 23.37)
galo (Mt 26.34)
garça (Lv 11.19)
gavião (Lv 11.16)
gralha (Lv 11.18)
grou (Is 38.14)
milhano (Lv 11.14)
mocho (Is 34.11)
pardal (Sl 84.3)
pelicano (Lv 11.18)
perdiz (Jr 17.11)
pomba (Gn 8.8)
pombinhos (Lc 2.24)
poupa (Lv 11.19)
tordo (Is 38.14)
Como a Bíblia Veio Até Nós 131

Como Tirar Maior Proveito da Leitura


da Bíblia
Walter A. Elwell

O d e sc o n h e c im e n to d a B íb lia im p e ra em n o ssas ig rejas.


P esq u isa s re c e n te s d a o rg a n iz aç ã o G a llu p e o u tra s m o s­
traram q ue m u ito s n ã o c o n h ec e m se q u e r os fa to s m ais sim ­
ples, tais c o m o a c id a d e o n d e Je su s n a sc eu (B e lé m ) ou o
n om e dos q u atro e v a n g elh o s (M ateu s, M arc o s, L u cas e João).
N ão é possível ju s tific a r tam an h a igno rân cia. D e sd e q u e D eu s
nos d eu a su a P alav ra, d e v e m o s esfo rç a r-n o s ao m áx im o p ara
sa b e r o q u e e la d iz. A B íb lia é, d e fato , o liv ro m a is im p o r­
tante que ex iste. E n c o n tra m o s n ela as p a la v ra s d a v id a e te r­
na e tam b ém da v id a aqui na T erra. S e n ão so u b e rm o s o q u e
D eu s diz, é de a d m ira r q u e sig am o s d ire ç õ e s erra d a s?
A o estu d ar a B íblia, ficam o s sab en d o q u em D eu s é e c o m o
E le é. A s E scritu ra s in c lu e m m ais de 15 m il re fe rê n c ia s a
D eus, e um e stu d o c o m p le to d essa s p a ssa g e n s p o d e ria m u-

Passagens-chaves da Bíblia
A História da Criação Gênesis 1.1-2.7 0 Bom Samaritano Lucas 10.29-37
A Queda do Homem Gênesis 3.6-24 A Última Ceia Mateus 26.20-25; Marcos
0 Dilúvio Gênesis 6.1-9.17 14.12-26;
0 Chamado de Abraão Gênesis 12.1-9 A Morte de Cristo Lucas 23.26-56; João
Os Dez Mandamentos Êxodo 20.1-17 19.16-42
0 Salmo do Pastor Salmos 23 A Ressurreição de Cristo Mateus 28; Lucas
0 Nascimento de Cristo Mateus 1.18-2.23; Lucas 1.26-2.40 24; João 20
A Regra de Ouro Lucas 6.31 A Ascensão Atos 1.1-12
0 Sermão do Monte Mateus 5 7 A Vinda do Espírito Santo Atos 2.1-21
As Bem-aventuranças Mateus 5.3-11 A Conversão de Paulo Atos 9.1-31
A Oração do Senhor Lucas 11.2-4 0 Capítulo do Amor 1 Coríntios 13
0 Filho Pródigo Lucas 15.11-32 0 Capítulo da Fé Hebreus 11
132 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

d a r a n o ssa vida. D ev em o s tam b ém estu d a r a B íb lia p a ra co m ­


p ro v a r a n o ssa fé. O m u n d o e stá ch e io d e id é ia s fa lsa s so b re
D eu s e seu s p ro p ó sito s p a ra n ó s. S e m p re q u e o u v irm o s a l­
g u é m a firm a r alg o c o m o se n d o a v o n ta d e d e D eu s, é n o sso
d e v e r e x a m in a r a P a la v ra e re je ita r e n tã o o q u e é falso, m an ­
te n d o o q u e é v erd a d e iro . D e v e m o s fin a lm e n te e stu d a r a B í­
b lia a fim de c re s c e r e sp iritu a lm e n te , p o is e la n o s e n c o ra ja a
a m a r e se rv ir a D e u s e a o s n o sso s se m e lh a n te s, c h a m a ate n ­
ção p ara o n o sso p e c a d o e nos a ju d a a v iv e r c o m o C risto.
M as, c o m o tirar m a io r p ro v eito d a leitu ra b íb lica? E stas
p o u c a s p ág in as não o fe re c e m u m a resp o sta ab ra n g e n te a essa
pergunta, m as a p resen tam d iretrizes e nos indicam a direção
certa.

A Questão Básica
N o ssa in ten ção ao ler a B íblia, é d esc o b rir o q u e e la c o n ­
tém . A ex eg ese (term o u sa d o p ara descrev er a interpretação
b íb lica) é a arte de v er o óbvio. A s p esso as ten d em a im aginar
co isas d e g ran d e pro fu n d id a d e q u an d o lêem as E scritu ras, m as
elas j á são su ficien tem en te p ro fu n d as. T udo o q u e p recisam o s
é d e sc o b rir o q u e q u e re m dizer. P o d e-se ta m b é m d e fin ir a
e x eg ese co m o a arte d e fa z e r as perg u n tas certas. S e fizerm os
as p erg u n tas certas à B íb lia, o b terem o s as re sp o sta s certas. A
seg u ir, en co n tram -se su g estõ es de p erg u n tas p a ra e x a m in a r o
tex to co m o lh a r p en etran te, m en te in q u isitiv a e c o ração sin ce­
ro.

O Livro Vivo
A b ram o s en tão , as p á g in a s d a B íblia. O q u e te m o s? E m
um c erto sen tid o , u m liv ro c o m o q u a lq u e r o u tro , c o n te n d o
p a la v ras, id éias, g ra m á tic a , fig u ra s d e lin g u a g e m , h istó ria,
p o e sia e tc. A s reg ras q u e to rn am p o ssív el a n o ss a c o m p re e n ­
são e in te rp re ta ç ã o d e sse s d ad o s n ã o são m u ito d ife re n te s
d a q u e la s a p lic ad as a u m a lite ra tu ra sim ilar. E m o u tro se n ti­
do, p o ré m , a B íb lia é u m liv ro ú nico. É a P a la v ra in sp ira d a
d e D eu s, e, q u a n d o a lem o s, em v ez de nós a e x a m in a rm o s,
e la é q u e nos e x a m in a . N ã o a in te rp re ta m o s, e la nos in ter­
Como a Bíblia Veio até Nós 133

preta. C o m o P alav ra d e D eus, a B íb lia tem v id a p ró p ria, e


d ev e m o s ouvir o q ue D eu s nos tem a d iz e r p o r seu in te rm é­
dio.
Traduções da Bíblia
E x iste m à n o ssa d isp o siç ã o v árias e e x c e le n te s trad u çõ es
d a B íb lia, n ão d ev en d o h av er en tão p ro b le m a em e n c o n tra r­
m os um a que n o s a g rad e. (V eja as pp. 124-30 p ara u m a d is ­
cu ssã o de v ária s d elas.) P re cisa m o s re c o n h e ce r, p o rém , q u e
to d as são tra d u ç õ e s d o s o rig in a is h e b ra ic o , a ra m aic o e g re ­
go. D ev em o s, p o rta n to , te r o c u id ad o d e n ão te n ta r im p o r as
n o ssas o p in iõ es co m b a se ap en as n as v ersõ e s d o n o sso id io ­
m a; elas não são o rig in ais, m as trad u ç õ es. E ssas trad u ç õ e s
de fato e x p re ssa m m u ito a cu ra d a m e n te o o rig in a l, m as o in ­
d iv íd u o sábio fa la rá se m p re co m certa h u m ild a d e. N em m e s­
m o os m aio res e sp e c ialista s d o m u n d o sab e m tu d o o q u e há
p ara sa b e r so b re a B íblia. A ssim sen d o , d ev e m o s u sar u m a
trad u ç ã o a tra en te , lê-la co m c u id a d o e d e ix a r esp a ç o p ara
aju stes em n o ssa c o m p ree n são .

Perguntas a Fazer
C o m o já v im o s, le r a B íb lia co m e n te n d im e n to (ex eg ese),
sig n ifica e sse n c ia lm e n te faz e r as p e rg u n tas ce rta s q u a n to ao
q ue en c o n tra m o s nela. E, q u ais são as p e rg u n ta s c e rta s? D a ­
m os alg u m a s a seguir.
Quem escreveu o livro? S ab e n d o isto , p o d e m o s c o m p a ­
rar o q u e é d ito em um p o n to co m o q u e o e sc rito r d iz em
outro.
Qual o idioma usado pelo escritor? É p o ssív el q u e não
saib am o s g re g o o u h e b raico , m as p o d e m o s a p re c ia r o fato
de q u e o c o n te ú d o d o tex lo em g reg o ou h e b ra ic o talv ez não
se ja e x a ta m e n te o tra n sm itid o p ela tra d u ç ã o . Isto nos fo rç a a
p ro c u ra r n o v as in fo rm aç õ e s, talv e z até in v e stig a r sen tid o s
d ife re n te s d o o rig in al, em lu g ar de su p o r q u e j á te m o s to d as
as resp o sta s. P o r ex e m p lo , há três p ala v ras g reg a s tra d u z id a s
c o m o “a m o r” em p o rtu g u ê s, cad a u m a d ela s co m u m sig n ifi­
cad o diferen te. P o d em o s p e rd e r n u an ces d e sig n ific a d o c o m o
134 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

e stas, se fe c h a rm o s a m e n te p a ra tu d o q u e e s tiv e r além das


p a la v ra s im p re ssa s n a n o ss a lín g u a em n o ssa s v ersõ e s.
O que essas palavras significam? D e v em o s co n tin u ar len­
d o o tex to e p e rg u n ta r re p e tid a m e n te : “ O q u e isso sig n ifi­
c a ? ” N ã o é c o n v e n ie n te a leitu ra su p e rfic ia l, q u e n o s d a rá
a p e n a s im p ressõ e s v a g a s. E p re c iso fo rm u la r n u m a lin g u a ­
g e m c o m p re e n sív e l o q u e o e sc rito r e stá d iz e n d o . O sig n ifi­
cad o g e ra lm e n te se e n c o n tra q u ase n a su p e rfíc ie e não leva
m u ito te m p o p ara d e sc o b rir o q u e e stá se n d o d ito . E ste, n a­
tu ra lm e n te , n ã o é se m p re o caso , e p re c isa m o s às v e zes b u s­
c a r a ju d a n u m b o m c o m e n tá rio .
Que tipo de literatura estou lendo? O c o n te ú d o d a B íblia
n ã o e stá lim ita d o a u m ú n ic o estilo . E ste liv ro sa n to c o n tém
h istó ria, p o esia, c â n tic o s, e x o rta ç õ e s, o ra ç õ e s, m a n d a m e n ­
tos, c a rta s, tip o lo g ia, c ita ç õ e s de o u tro s liv ro s, d isc u rso s e
o u tras fo rm a s d e litera tu ra . C a d a u m a d e ssa s fo rm a s d ev e
s e r in terp re ta d a se g u n d o d ire triz e s a p ro p ria d a s. P o r e x e m ­
p lo , a h istó ria d ev e se r in te rp re ta d a d e u m m o d o m u ito d ife ­
ren te d o u sa d o p a ra b u s c a r o se n tid o d e um p o e m a ou u m a
c a n ç ã o d e am or. A p ó s re c o n h e c e r a d iv e rsid a d e e x iste n te e
te n d o o c u id a d o d e a d e q u a r n o sso s p e n sa m e n to s ao tex to ,
p o d e m o s o b te r u m a id é ia m a is c la ra d o sig n ific a d o d as p a s­
sa g en s b íb licas.
Por que o escritor disse isto? P re c isa m o s sa b e r o q u e o
e s c rito r tin h a em m e n te , su a s ra z õ e s p a ra e s c re v e r o que
e sta m o s lendo. E sta p e rg u n ta q u a se se m p re e x ig e alg u m a
p e sq u isa e só p o d e se r re s p o n d id a d e p o is d e te rm o s re s p o n ­
d id o às p e rg u n ta s j á m en c io n a d a s.
A quem o livro fo i escrito? O s livros d a B íb lia fo ra m e s­
c rito s a p e sso as d e v ária s n açõ es d u ra n te um p erío d o d e a p ro ­
x im a d a m e n te 1.500 a n o s. A ssim , p re c isa m o s sa b e r se o livro
é d irig id o a o s c ristã o s d a ép o c a d o s ro m a n o s, o u ao s h eb reu s
d u ra n te o e x ílio n a B a b ilô n ia e assim p o r d ia n te . S e n ão ti­
v e rm o s e sta in fo rm a ç ã o , não p o d e re m o s c o m p re e n d e r c o r­
re ta m e n te su a m en sa g e m .
Profecia Messiânica na Bíblia
Uma das coisas extraordinárias na Bíblia é o anúncio geralmente fantásticos. Na Bíblia, porém, Jesus Cristo
de eventos antes de eles acontecerem. Isto fazia é mencionado muito antes de vir à Terra e em termos
parte do ministério do profeta, juntamente com a sua tão exatos que ninguém poderia deixar de notar o
comissão de pregar o arrependimento e a fé à sua seu aparecimento. 0 exame desse conjunto de
geração. Há um grupo especial de profecias bíblicas profecias e cumprimentos confirma a nossa fé no
relacionadas à vinda do Redentor divino, chamado Deus que tinha conhecimento do princípio e fim das
Messias. Em todas as outras coleções de literatura coisas e preparou o cenário para enviar seu Filho a
religiosa, o líder ou figura principal do grupo é remir o mundo. Vejamos algumas dessas profecias e
mencionado depois de sua aparição, algumas vezes seus cumprimentos.
muito mais tarde, e em termos de mito ou lenda

Profecia Cumprimento
Um rei importante viria da pequena cidade de Belém, Jesus nasceu em Belém.
alguém cujas origens estavam nos "dias da Lucas 2.4-7
eternidade".
Miquéias 5.2

A virgem conceberia um filho, cujo nome significaria A virgem Maria foi avisada por um anjo de que
"Deus conosco". Este seria um sinal do Senhor. conceberia um filho pelo poder do Espírito Santo, cujo
Isaías7.14 nome deveria ser Jesus (Salvador). Lucas 1.26-35;
Mateus 1.18-25

0 Senhor enviaria um mensageiro especial para João Batista veio para pregar e preparar o caminho de
preparar o caminho da sua vinda. alguém superior a ele.
Malaquias 3.1 Lucas 3.15-18; 7.24-27

0 Senhor levantaria um profeta em Israel a quem eles Os apóstolos viram Jesus como este profeta: o Cristo.
deveriam dar atenção. Atos 3.18-23
Deuteronômio 18.15

0 Senhor ungiria um libertador, alguém que pregaria Jesus começou o seu ministério explicando que Ele era a
boas novas aos pobres, contritos de coração, cativos e pessoa referida na profecia de Isaías.
tristes. Lucas 4.16-21
Isaias 61.1-3

0 Servo especial do Senhor iria sofrer e ser rejeitado. Jesus foi rejeitado e morto por ser quem era e por dizer
Isaías 53.5 o que disse. Lucas 23.13-25; João 1.10,11

0 futuro Rei/Redentor justo viria ao seu povo montado Na sua última semana de vida na terra, Jesus entrou em
num jumentinho. Jerusalém montado num jumento.
Zacarias 9.9 Marcos 11.1-11
Profecia M essiânica na Bíblia (continuação]

Profecia Cumprimento
0 Servo especial do Senhor permaneceria em silêncio ao Jesus se recusou a responder às falsas acusações contra
ser cruelmente maltratado. Ele, feitas a Pilatos.
tsaías 53.7 Marcos 15.3-5

0 Servo especial do Senhor sofreria por causa de outros. 0 coração do Evangelho são as boas novas de que
Isaías 53.5 Cristo morreu pelos nossos pecados.
Romanos 5.6-8

0 Messias seria escarnecido e insultado porque o seu Os espectadores zombaram de Jesus na cruz por Deus
Deus não o livrara na hora de angústia. não tê-lo salvo da morte por crucificação.
Salmos 22.7,8 [ucas 23.35

Fel e vinagre foram dados ao Messias para beber. Depois de carregar a cruz até o Gólgota, deram-lhe
Salmos 69.21 vinaqre de vinho e fel (bebida amarqa) para beber.
Mateus 27.34

0 amor do Messias pelo seu povo seria recebido com Jesus orou para que Deus perdoasse os que o
hostilidade; mas, em resposta, faria oração por eles. crucificaram, por não saberem o que faziam.
Salmos 109.4 lucas 23.34

Sortes seriam lançadas sobre as roupas do Messias. Depois de crucificá-lo, os soldados romanos dividiram
Salmos 22.18 entre si as roupas de Jesus, lançando sortes sobre elas.
Mateus 27.35

Os ossos do Messias não seriam quebrados. Os soldados romanos não quebraram as pernas de
Salmos 34.20 Jesus depois da crucificação, como faziam geralmente
com os que eram castigados dessa forma, porque Jesus
já havia morrido.
João 19.32,33,36

0 Messias seria traspassado. 0 lado de Jesus foi traspassado por um soldado


Zacarias 12.10 romano.
João 19.34

Deus remiria o seu Santo (o Messias) da sepultura; seu Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos. Sem a
corpo não entraria em decomposição. ressurreição, as esperanças do Cristianismo não
Salmos 16.10; 49.15 passariam de pura ilusão.
Marcos 16.6,7; 1 Coríntios 15.16-19
Encontrando Respostas a Perguntas Difíceis Arqueól°g°s voluntários
1 c trabalhando num sitio no
Se to d as as p e rg u n ta s a c im a fo re m re sp o n d id a s, elas nos antjg0 fórum de Roma.
a ju d arão a e n te n d e r a B íblia. M as, e se n ão so u b e rm o s as
resp o sta s? O n d e ire m o s ach á -la s? U m a lista d e liv ro s ú teis
foi in c lu íd a n as p á g in a s 34 4 -4 5 , p o ré m d a m o s a se g u ir q u a ­
tro su g estõ e s b á sic a s. P rim eira: m u ita s re sp o sta s p o d e m ser
e n c o n trad a s c o m o u so de u m a c o n c o rd â n c ia . O sim p les fato
de p ro c u ra r u m a p ala v ra em seus v á rio s lu g ares na B íb lia
pode a ju d ar-n o s a e n c o n tra r o seu sig n ific a d o . S eg u n d a: po ­
dem o s c o n su lta r u m bom d ic io n á rio b íb lico . T erceira: p o d e ­
m os u tiliza r-n o s d e u m c o m e n tá rio d e b o a q u a lid ad e . F in a l­
m ente, p o d e m o s ler o b ra s q u e nos a ju d e m a o b te r m ais in­
fo rm açõ es so b re os m é to d o s u sad o s p a ra e n te n d e r a B íblia.

A Ultima Pergunta
A B íblia é a P alavra e tern a de D eus. A fim de co m p reen d ê-
la ad eq u a d a m e n te , p re c isa m o s m ais d o q u e ap e n a s b o n s ins-
138 A Bíblia: Um Livro para as Pessoas de Hoje

tru m e n to s e o tex to . D e v em o s ta m b é m e sta r em co n d içã o


e sp iritu a l d e sa b e r o q u e e la co n tém . D eu s n ã o e n tre g a a su a
v e rd a d e ao s p e c a d o re s o u a sim p les c u rio so s. E le re v ela a si
m esm o e su a v o n ta d e a n ó s, a p en as q u a n d o d e se ja m o s sab er
sin c e ra m e n te o q u e E le q u e r revelar. Isto sig n ific a q u e d ev e­
m o s e sta r p re p a ra d o s e sp iritu a l e in te le c tu a lm e n te p a ra ler a
B íb lia . D e sd e q u e, em ú ltim a an álise , é o E sp írito S an to que
n o s re v e la a v erd a d e, d e v e m o s lê-la em e sp írito d e o ração e
fic a r ate n to s à su a v o z. E le nos d a rá e n te n d im e n to e nos a ju ­
d a rá a re sp o n d e r à p e rg u n ta: “C o m o D eu s q u e r q u e eu a p li­
q u e e sta v e rd a d e e m m in h a v id a ? ” N o fin al, n ão será a b e n ­
ç o a d o a q u e le q u e o u v e , sab e ou m e sm o c o m p re e n d e a v o n ­
ta d e de D eus, m as o q u e a pratica.
Síntese
dos Livros
do Bíblia
Antigo Testamento

Pentateuco 141

História 158

Poesia 184

Profetas 198

Apócrifos 240

Novo Testamento

Evangelhos 249

Atos 26 7

Epístolas 273

Apocalipse 317
braçais até sacerdotes altamente
Antigo Testamento capacitados e reis. Ele consiste de quatro
O Antigo Testamento é composto de 3 9 seções: o Pentateuco (Gênesis -
livros, escritos durante um período de cerca Deuteronômio); História (Josué - Ester);
de mil anos. O material foi extraído das mais Poesia (Jó - Cantares de Salomão); e os
variadas situações da vida e escrito por Profetas (Isaías - Malaquias). (Veja a
diversos indivíduos, desde trabalhadores tabela na p. 145 para uma cronologia
Israel na terra prometida de Canaã. Esta
Pentateuco
coleção de livros é conhecida como "os
desses escritos.) cinco livros de Moisés", "a Lei", "o
A primeira seção do Antigo Testamento é Pentateuco" ou "a Torá". Estes livros eram
composta de cinco livros (Gênesis - considerados sagrados pelos judeus, por
Deuteronômio). Esses escritos contêm a conterem os Dez Mandamentos e a história
história do início do mundo até a entrada de da origem de sua nação.
Genealogia de Adão a Abraão
Nome Idade ao Morrer Referência em Gênesis
Adão 930 5 .5

Sete 912 5 .8

Enos 905 5.11

C ain ã 910 5 .1 4

M a a la le l 895 5 .1 7

Jarede 962 5 .2 0

Enoque 365 5 .2 3

M etusalém 969 5 .2 7

Lam eque 777 5.31

N oé 950 9 .2 9

Sem 600 11.10-11

A rfa x a d e 438 11.12-13

S alá 433 11.14-15

Éber 464 11.16-17

Pelegue 239 11.18-19

Reú 239 11.20-21

Serugue 230 1 1 .2 2 -2 3

N aor 148 1 1 .2 4 -2 5

Tera 205 11.32

A b ra ã o 175 2 5 .7
Antigo Testamento 143

propósitos de Deus a essa nação e a


Gênesis proteção providencial de Deus a um ramo da
nação, a linhagem de José. Algumas
Autor: Moisés realidades da nossa existência aparecem
Data: c. 1400 a.C. ou c. 1200 a.C. pela primeira vez no livro de Gênesis:
maldade, pecado, rebelião, redenção,
Conteúdo: eleição, providência e aliança. Outras
O livro de Gênesis é uma explicação realidades óbvias subjacentes às histórias em
teológica dos começos do nosso Universo. Gênesis, tais como a criação de Satanás e
Ele descreve as ordens inferiores da criação, dos anjos, não são descritas.
como plantas e animais; a raça humana; as Um exame cuidadoso desse material
nações da humanidade; a escolha de Abraão demonstrará que Gênesis é uma descrição
e de uma nação, Israel, para ser o veículo seletiva da origem das coisas. Moisés, sob a
histórico da redenção divina; a limitação dos orientação de Deus, não pretendeu discutir

Caverna de Macpela, Hebrom, lugar tradicional do túmulo de Abraão.


| 144 Síntese dos Livros da Bíblia

como tudo veio a surgir, mas apenas as caos, destruição e sofrimento. O pecado é
coisas que contribuíam para uma um fato trágico da existência humana.
compreensão religiosa ou teológica da Quarto, apesar da nossa rejeição a Deus, Ele
história. Isto não significa que Gênesis seja não nos rejeitou. Deus continua, ainda hoje,
apenas "teológico", ou que contenha alguma remindo as pessoas. Gênesis mostra que a
informação inverídica. Quando Gênesis essência de Deus é amor e compaixão pela
relata um fato, podemos presumir que é sua criação decaída.
verdadeiro. Mas os fatos transmitem Em último lugar, Deus age na História. Seu
principalmente significado teológico, em envolvimento não começa quando
lugar de explicações científicas ou históricas. morremos e vamos para o Céu, mas está
Do ponto de vista moderno, portanto, muitas agindo agora, em meio à história humana
coisas que interessariam sobremaneira aos com todos os seus problemas, conflitos e
cientistas, sociólogos, psicólogos, lingüistas e incertezas. A presença de Deus é certa,
outros são deixadas de lado, pois teriam sendo reconhecida pelos patriarcas da
menos valor para os teólogos. nossa fé e, como Gênesis nos ensina, pode
ser também reconhecida por nós.
Temas Teológicos
Várias idéias subjacentes em Gênesis nos
ajudam a compreender diversos elementos
Esboço
que, de outra forma, pareceriam apenas
remotamente relacionados. O primeiro fato
1. A criação inicial 1.1-2.25
fundamental é que Deus existe. O mundo só
2. A queda da humanidade e seus
existe porque Deus é e porque decidiu criá-
lo. O mundo não tem de existir. Se nada mais resultados trágicos 3 .1 -5 .3 2
tivesse sido criado, Deus continuaria sendo 3. Crime e castigo: o dilúvio e período
Deus, através de toda a eternidade. subseqüente 6 .1 -1 0 .3 2
Em segundo lugar, tudo depende de Deus e 4. A dispersão do povo sobre a face da
a Ele pertence. Nada pode afirmar existir por terra 1 1.1-32
seu próprio poder ou propósito. Deus está no 5. A história de Abraão 12.1-25.11
controle e sabe o que está fazendo. 6. A história de Isaque e Ismael 2 5 .1 2 -
Terceiro, é possível rejeitar a Deus, mas essa
27.46
é uma posição bastante insensata e
7. A história de Esaú e Jacó 2 8 .1 -3 6 .4 3
destrutiva.
8. A história de José e os últimos dias de
Quando Deus está efetivamente no controle,
Jacó 3 7 .1 -5 0 .2 6
tudo vai bem; quando resolvemos tomar as
rédeas nas mãos, o resultado é iniqüidade,
A D Ã O A M O ÏSES JOSUÉ A SAMUEL SAUL A ROBOÃOA CIRO A CRISTO
—D1 SALO M ÃO NABUCODONOSOR

M iR ê in S M B tfj
Q

Começos
C
>

II

539
Restauração

;
r
anos de
silêncio

Gênesis Êxodo Números Josué Juizes 1 Samuel Provérbios Joel e 2 Reis tjIje 2 Crônicas
LeYÍtico Deut. Rute Jó ; Solm Jonas Obadjas Esdras N eemias
os £°”'ores
S a lo m ã o Amós Lamentações Ester Malaquias

Eclesiasf. Oséias Daniel Agei


Miquéias Ezequiel Zacarias

Isaías

Naum
Sofonias

Cronologia dos Livros do Antigo Testamento “ “j 6


146 Síntese dos Livros da Bíblia

revela um drama: o povo de Deus cruelmente


Êxodo oprimido num território estrangeiro, sem o
benefício de uma terra ou de um protetor
Autor: Moisés humano. Deus ouve o clamor do seu povo e
Data: c. 1400 a.C. ou c. 1200 a.C. envia um libertador, Moisés, para ser o agente
do poder redentor divino. Foi necessário que
Conteúdo Deus operasse uma série de milagres para
O livro de Êxodo, com seu pano de fundo remover a tirania de Faraó sobre Israel,
histórico, continua o tema da redenção resultando na libertação dos israelitas e na
introduzido em Gênesis. Vemos a redenção passagem igualmente milagrosa a seco através
apresentada na própria natureza da História e do mar.
resumida na história específica de Israel. E A redenção retratada no livro de Exodo não

Peregrinações do Êxodo
Jericó»
GRANDE MAR CANAÃ
G azaM arM o rfo

Ramesés •

EDOM
DESERTO DE ZIM

DESERTO
D O SIN AI

M onte Sinai

M ID IÃ

M ar Vermelho
148 Síntese dos Livros da Bíblia

é apenas a fuga da opressão. Vemos que está presente tanto no Egito quanto em
também o seu lado positivo, quando Deus Israel, mas a vontade de Deus continua
guia o povo pelo deserto, suprindo todas as sendo cumprida.
suas necessidades. No monte Sinai Ele Há também um mistério na relação entre a
renova a aliança que fizera com Abraão, em ação humana e a divina. O Faraó endureceu
Gênesis, vinculando-a assim a todo o povo o coração contra Deus, mas é igualmente
de Israel. As leis são entregues aqui, certo dizer que Deus endureceu o coração
resumidas nos Dez Mandamentos - uma do Faraó. Quem pode compreender o
nova evidência do amor e interesse de Deus mistério dessas duas idéias aparentemente
pelo seu povo. Regias foram dadas para irreconciliáveis?
todos os aspectos da vida; uma estrutura Finalmente, temos a importância da
religiosa (tabernáculo, sacerdócio, existência humana como parte do plano
regulamentos) é estabelecida. divino. Deus supre todas as nossas
Portanto, o livro de Exodo descreve tanto um necessidades, provendo-nos orientação
"avanço" quanto uma "saída". Depois de os divina em forma de instruções (ou leis). As
israelitas terem saído do Egito, avançaram leis estão ligadas a todos os aspectos da
como povo de Deus no deserto, confiando nossa vida, mostrando que Deus se importa
nas promessas feitas pelo Senhor no Sinai. com tudo o que somos e fazemos.
Temas Teológicos
O primeiro tema significativo em Exodo é o
poder de Deus. Nada pode resistir ao seu Esboço
1. Cativeiro no Egito e libertador enviado
imenso poder. Nações, povo, o mar, os
1. 1- 11.10
elementos naturais, o deserto - tudo está
2. A páscoa e o êxodo do Egito 2.1-14.31
sujeito ao seu controle.
3. Conflito e direção no deserto 15.1-18.27
O segundo tema é a benevolência de Deus.
4. As leis de Deus dadas e aceitas 19.1 -34.35
Ele se importa com o seu povo, ouve o 5. Presença de Deus no Tabernáculo e no
clamor dele e o resgata. sacerdócio 35.1-40.38
Exodo aborda também o mistério do mal,

Os Dez Mandamentos Não matarás.


Não terás outros deuses diante de mim. Não cometerás adultério.
Não adorarás nenhum ídolo. Não furtarás.
Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão. Não dirás falso testemunho.
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Não cobiçarás_nada do teu próximo.
Honra a teu pai e a tua mãe. (Paráfrase de Êxodo 20.3-17)
o e r i e u i o g i u u e m u i u u u ü DUVT

Tera

Harã

Moabe Amom
Isaque

Lia Zilpa Bila Raquel

Jacó (Israel)

Rúben, Simeäo, Efraim Manassés


Issacar, Zebulom,
Levi, Judá
Duas Nove
gerações até gerações até
Moisés Davi
150 Síntese dos Livros da Bíblia

vida. A implicação desses regulamentos


Levítico reside no fato de que toda a vida é, de fato,
religiosa. Tudo que fazemos, quer em
Autor: Moisés adoração direta ou não, faz parte de nossa
Data: c. 1400 a.C. ou c. 1200 a.C. relação com Deus.
Por exemplo: não devemos separar a vida
Conteúdo nas categorias sagrada e secular,
O livro de Levítico serviu como um manual imaginando que só as chamadas áreas
para os primeiros sacerdotes de Israel. E sagradas pertencem a Deus. Deus nos vê
composto em grande parte de regulamentos como um todo, e toda a nossa existência -
específicos sobre ofertas, sacrifícios, trabalho, adoração, relacionamentos,
purificação ritual, ordenação, festas e criatividade, família - é importante para Ele.
festivais. (Veja as tabelas nas pp. 153 e 247 Esta percepção é uma fonte de grande
para mais informação sobre ofertas e festas.) consolo no livro de Levítico. Ele ensina que
Há também regulamentos que vão além das não devemos pensar que o que foi escrito,
instituições religiosas e tratam de eventos da não tem interesse ou valor, simplesmente

A arca da aliança, na concepção de um artista.


152 S íntese dos Livros da Bíblia

porque essas regras foram formuladas para apontava para o grande sacrifício que seria
um povo basicamente rural, agrícola e feito oportunamente por Cristo. O sangue de
antigo, enquanto nós somos urbanizados, touros e de bodes não pode remover
industrializados e modernos. Alguns podem absolutamente o pecado; a morte de Jesus
ter dúvidas sobre as regras em si, que não pode e faz isso.
parecem ter aplicação na vida Finalmente, nossa vida deve ser vivida tanto
contemporânea. Uma pequena mudança em horizontal quanto verticalmente. Nosso
nosso modo de pensar ajudaria a vencer relacionamento com outros seres humanos é
esses obstáculos. Se examinarmos a idéia tão importante quanto o nosso
básica em vez da regra específica, podemos relacionamento com Deus. Devemos amar o
ver como cada regra representa um princípio nosso próximo como a nós mesmos (19.18).
tão válido hoje quanto o era nos dias de Jesus confirmou esta verdade, julgando-a tão
Moisés. De fato, é surpreendente observar importante quanto amar a Deus de todo o
como as idéias são atuais. Por exemplo, as coracão e fazendo dela um mandamento (Mt
regras sobre purificação sexual (15.1-33) 22.37-40; Mc 12.30,31; Lc 10.27).
podem ser vistas como ênfase à santidade do Nossa dedicação a Deus faz parte da
sexo e advertência contra o seu tratamento compreensão da vida como um todo; a vida em
descuidado. A necessidade dessa sua totalidade pertence a Deus. O livro de
recomendação hoje é óbvia. Levítico foi escrito para mostrar aos israelitas da
Antiguidade, e a também nós, como viver de
Temas Teológicos
maneira consagrada diante de Deus.
Os temas teológicos tratados no livro de
Levítico são de grande valor e merecem toda
a nossa consideração. O primeiro e mais Esboço
importante é que Deus é santo e espera que
seu povo seja santo. Esta santidade prática 1. Regulamentos sobre sacrifícios e ofertas
deve governar toda a nossa vida. 1.1-7.38
Em segundo lugar, a vida, em sua totalidade, 2 .0 sacerdócio e o Tabernáculo 8.1-10.20
deve ser considerada como pertencente a 3. Regulamentos sobre a vida humana
Deus. Jamais devemos imaginar que 11.1-15.33
podemos deixar Deus fora do que estamos 4 .0 grande dia da expiação 16.1-34
fazendo. Ele tem um interesse vital por tudo 5. Santidade diante de Deus como vida ética
que se refere a nós. 17.1-22.33
Terceiro, o pecado deve ser expiado. O ó. Festivais, festas e vários outros regulamentos
sistema de sacrifícios estabelecido por Deus 23.1-27.34
mostrava a expiação de maneira gráfica e
Ofertes do Antigo Testamento
Queimoda CereolJGrôo) Pacifico Pecado Transgressão (Culpai
e.i";

Coracterisfa Reconhecimento de um Sentor gracioso Reconhecimento do nossa condtçôo de pradores


Geral
Propósito Demonstrar total Oferecer um tributo demonstrar unidade e fidelidade expiação da nossa expiação por um pecado
dedkaçõo natureza pecaminosa tspííifeo

Como o 0 animal é Esta oferto do produção 0 WKeríok move 0 animal deve ser sem 0 ofertante reembolso os
Propósito é completamente agrícola é quase sua porção de corne defeito portes pre uidicados (Deus
Simbolizado queimado diante sempre combinado com diante do Senhor, e o (iomerr>], sacrificando
de Deus. um sacrifício animal como oferta movido, um animal efozendo
demonslronaoauea antes de comê-lo eo resMuicão.
vida como jm ledo ofertante divide a sua
pertence ao Senhor Dorte com os amigos.

Intenção ser oceito por mosirar gratidão demonstrar hormonia poraoagar pelo seu poro oferecer compensoçòo
do Deus com Deus eo homem pecado
Oferto nte

Recebido aromo suave aroma suave oroma suave um ato de expioçôo um oto de expioçôo
pcfD ew
com
154 Síntese dos Livros da Bíblia

rebelião do povo ao recusar-se a entrar na


Números terra; o juízo de Deus, condenando o povo a
quarenta anos de peregrinação; o erro de
Autor: Moisés Moisés; as últimas vitórias do povo ao fim dos
Data: c. 1400 a.C. ou c. 1200 a.C. quarenta anos.

Temas Teológicos
Conteúdo
Quatro verdades teológicas se destacam no
O livro de Números narra as múltiplas
livro de Números. A primeira é o fato de o
experiências de Israel no deserto. Alguns
Tabernáculo ser central. Ele aponta para a
estudiosos judeus dos tempos antigos deram-lhe
centralidade de Deus em suas vidas.
a o título de "No Deserto", que é a primeira
Tragicamente, a adoração de Israel degenerou
palavra do texto hebraico. Outros o intitularam
mais tarde em formalidade exterior, uma lição
"Números", porque a enumeração do povo
para todos nós.
desempenha uma parte importante no livro.
A segundo é que Deus está no controle de toda
E difícil fazer o esboço do livro de Números,
a situação. Em tempo algum há qualquer
pois trata-se de uma coleção de material que
dúvida sobre quem governa os acontecimentos.
abrange inúmeros eventos da peregrinação de
Este é um consolo e uma advertência: consolo,
Israel no deserto. Há problemas, viagens,
porque podemos descansar no poder e
julgamentos, regras, advertências, queixas,
soberania divinos; advertência, porque toda
batalhas e conflitos. Todos estes têm o
rebelião é inútil.
propósito de mostrar que a vida humana é
A terceira é que Deus exige obediência. Não
uma série de dificuldades que precisam ser
podemos simplesmente pedir a Deus que faça
enfrentadas mediante a graça de Deus. Com
tudo. Ele espera e exige que travemos batalhas,
esse ponto de vista, podem se transformar em
enfrentemos inimigos e vençamos obstáculos,
bênçãos.
tudo com a sua ajuda.
Os eventos mais significativos da história de
A quarta é que a vida é vista como uma
Israel no deserto são: a partida do Sinai; a ida
peregrinação. Este tema é encontrado no Novo
de espiões à Canaã, a Terra Prometida; a
Testamento. Paulo refere-se a Números quando
Esboço afirma, em 1 Coríntios 10.10,11, que todas
1. O rg a n iz a ç ã o d o povo d e Israel 1. 1- 8.26 essas coisas foram escritas para nossa
2. O m em orial d a cerim ônia d a p á sc o a 9. 1- 10.10 advertência e ensinamento.
3 . P ereg rin ação no deserto ; vá rio s ju ízo s e Por fim, é evidente que o pecado constitui-se um
regulam entos 10. 11- 21.35
4 . N o v a s p ereg rin açõ es (na T ran sjo rd ân ia);
m ais ju ízo s e regulam entos 22.1 - 36.13 À direita: O estilo de vida desses nômades é
bastante similar a o dos dias de Moisés.
156 Síntese dos Livros da Bíblia

problema que necessita ser tratado em contato dificuldades e tentações. Número nos revela
direto com Deus. que tal expectativa não é real. Devemos estar
Tal fato é declarado para revelar que sempre vigilantes a fim de que não
certamente Moisés também falhou diante de desfaleçamos no deserto. O livro de Hebreus
Deus, mas a forma como tratou seu problema no Novo Testamento faz uma preleção sobre
constitui-se uma lição para todos nós. A Terra este assunto, destacando que os primeiros a
não é o Céu. Esta constatação não é receber as boas novas falharam por
novidade, mas tudo que freqüentemente desobediência e que devemos nos esforçar
esperamos é que nossas vidas sejam livres de para não cairmos no mesmo erro.

O Tabernáculo e o Acampamento das Tribos

Rúben Simeõo Gade

Tribo de Levi
Zebulom Efraim

Issacar T abernácu lo Manassés

Judá Benjamim
Tribo de Levi
Antigo Testamento 157

Segunda, a importância das leis de Deus.


Deuteronômio Essas regras não foram dadas como um peso
para nós, mas para ajudar-nos. Ele é um
Autor: Moisés Deus de ordem e planejou as coisas de modo
Data: c. 1400 a.C. ou c. 1200 a.C. que a nossa vida fosse melhor, quando bem
organizada. Faz sentido obedecer a Deus.
Conteúdo Ele sabe o que é melhor para nós e nos
Deuteronômio é o quinto livro do Pentateuco. mostra como devemos viver.
Ele se assemelha a uma ponte entre os Terceira, a importância de se conhecer a
primeiros eventos da existência de Israel (e Deus e adorá-lo. Só há um Deus sobre o Céu
do mundo inteiro) e o que se segue depois da e a terra. Ele deve ser adorado. A maravilha
entrada de Israel na terra prometida de é que Deus não só permite isto, mas também
Canaã. Como tal, o livro olha em duas direções. o deseja. O ato mais sublime que o indivíduo
Reporta-se aos acontecimentos que levaram pode realizar é adorar a Deus. Logo depois
Israel ao ponto de entrar na terra para reclamar
da adoração, vem o serviço aos que nos
a sua herança e avança para a sua vida futura
rodeiam. Adoração e serviço são os dois
depois de se estabelecerem ali. Também nos
lados da mesma moeda, de acordo com o
mostra como Moisés, o grande líder de Israel,
livro de Deuteronômio.
terminou seus anos de liderança e saiu de cena,
entregando a chefia a Josué.
Na maior parte, Deuteronômio é uma Esboço
repetição das leis e regulamentos dados ao 1. Recapitulação da peregrinação de Israel no
povo, enquanto se encontrava no deserto. deserto 1.1-4.43
Muito de seu conteúdo pode ser encontrado 2. Recapitulação das leis de Israel 4.44-26.19
nos primeiros livros do Pentateuco. Quaisquer 3. Aceitacão final de Deus e da sua aliança
diferenças na formulação das leis são
27.1-30.20
pequenas e visam construí-las mais de acordo
4. Os últimos dias de Moisés 31.1 -34.12
com a vida na nova terra.

Temas Teológicos
As 1 2 Tribos d e Israel
No aspecto teológico, três coisas se destacam
em Deuteronômio. Primeira, a importância de
Rúben Judá Dã Nafta li
lembrar-nos do nosso passado. Precisamos
Simeão Zebulom Gade José
olhar para trás, a fim de ver de onde viemos e
Levi Issacar Aser Benjamim
saber para onde vamos. Se cometemos erros,
não devemos repeti-los; se agimos certo,
precisamos continuar nesse caminho.
]
é seqüencial: a conquista da terra (Josué); a
■te principal do Antigo história da nação primitiva (Juizes, Rute); o
ntém material histórico básico, período dos reinos unido e dividido
io de Israel. Consiste de 12 (1 Reis - 2 Crônicas); e o exílio e o retorno
de Josué até Ester. A narração (Esdras -Ester).
160 Síntese dos Livros da Bíblia

podem ser vistas no livro de Josué. Como nos


Josué livros anteriores, permanece o foco na
centralidade de Deus. Deus é Deus, e a sua
Autor: provavelmente Josué
vontade está sendo feita. O seu poder de
Data: c. 1350 a.C. ou c. 1150 a.C.
ação é evidenciado, juntamente com o seu
controle sobre as forças da natureza e da
Conteúdo
História. A santidade de Deus é manifesta
O livro de Josué começa onde termina o de
não só no juízo imposto aos cananeus, cuja
Deuteronômio. Moisés morre, e a chefia
iniqüidade agora era "completa", mas
passa a Josué. Ele fora um dos dois espiões
também no fato de a nação de Israel ter sido
(Calebe era o outro) que haviam feito um
igualmente julgada quando pecou. Deus é
relatório favorável e insistido com os israelitas
para possuírem a terra. Agora entrariam nela um juiz absolutamente imparcial e não
após quarenta anos de peregrinações. considera um indivíduo superior a outro.
O livro descreve essencialmente três
Escavações em Jericó datadas de c. 70 00 a.C.
batalhas. A principal campanha foi travada
em Jericó, depois em Ai, e a última foi
concluída com o tratado feito em Gibeão. As
ocorrências em cada uma das três cidades
nos faz refletir: Jericó mostra o poder de
Deus, Ai evidencia o salário do pecado e
Gibeão revela a insensatez dos seres humanos.
Deixar os cananeus na terra acabou sendo um
desastre séculos mais tarde.
A campanha do sul envolve uma coalizão de
reis chefiados por Adoni-Zedeque, rei de
Jerusalém. O exército de Josué conseguiu
derrotá-los com a ajuda direta do Senhor.
A campanha do norte conduziu Jabim, rei de
Hazor, à batalha contra Israel e à eventual
derrota.
Finalmente, a terra descansa da guerra
(11.23) e o povo de Israel se estabelece
nesse novo território, que é repartido entre as
12 tribos. (Veja o mapa na p. 163.)
Temas Teológicos
Inúmeras idéias teológicas importantes
Fatos Marcantes da História do Antigo Testamento
Vitória de
abençoa Os filisteus Elias sobre Amós profetiza
Abraão tomam a os profetas a destruição
Moisés de Boat de Israel
Sonho lidera o Babilônia cai
0 exército de diante do
de Jacó êxodo Senagueribe exército de
destroi Israel Ciro

Noé I José é
|
constrói levado ao
a arca / Egito
Josué guia
Abraão Israel a
oferece cruzar o sumo
sacerdote Neemias
Isaque em Jordão , , , i i n retiqiosas de reconstrói as
sacrifício tsaiasprega a fidelidade de Deus J0sjas muralhas de
contra a ameaca da Assíria Jerusalém

IMPÉRIO EGÍPCIO IDADE ÁUREA IMPÉRIO ASSÍRIO IMPÉRIO IMPÉRIO PERSA


DE TIRO (FENÍCIA) BABILÓNICO
Ruínas da fortaleza israelita em Hazor

A misericórdia de Deus é vista inclusive de tomar as decisões certas. A decisão foi


quando poupa a muitos dos horrores da apresentada aos novos habitantes da terra:
guerra. "Escolham a quem vão servir, a Deus ou aos
A importância do envolvimento humano e deuses adorados pelos cananeus". Josué fez
sua reação é o tema central do livro de a escolha certa para o seu povo como um
Josué. Deus poderia ter derrotado exemplo para nós. A tentação de seguir
diretamente os seus inimigos se quisesse, mas falsos deuses continua sendo tão forte hoje
não quis. Para isso, usou Josué e o povo de como outrora.
Israel, que tomaram as decisões, marcharam
Esboço
através da terra, travaram as batalhas,
1. Tempo de preparação 1.1-2.24
edificaram as cidades e viveram as suas
2. Entrada na terra 3.1-5.15
vidas. Mediante esses atos, Deus cumpriu a
sua vontade. E importante manter estes dois 3. A conquista de Canaã 6.1-12.24

fatos firmes em nossa mente: Deus trabalha; 4. A divisão da terra 13.1-21.45


nós trabalhamos. 5. Assentamento sob a chefia de Josué
Uma outra coisa se destaca: a necessidade 22.1-24.33
nercmcas
0

das Doze Tribos

GRANDE MAR

Siquém •

MANASSES

EFRAIM

BENJAM IM

Jerusalém *
164 Síntese dos Livros da Bíblia

Juizes Esboço
1. Recapitulada a conquista 1.1-3.6

Autor: desconhecido
2. Histórias dos juizes 3.7-16.31

Data: c. século XI a.C. 3. Os males religiosos da época 27.1-18.31


4. Os males morais da época 19.1-21.25

Conteúdo
Depois da conquista de Canaã, os israelitas Temas Teológicos
dividiram a terra em grandes áreas e se O livro de Juizes segue cuidadosamente
estabeleceram nela, tribo a tribo. Eles tiveram um padrão usado para mostrar como
de enfrentar inúmeros problemas: construção de Deus opera na História: Israel serve ao
casas, preparo da terra, plantação de vinhas e Senhor, depois se afasta dEle perdendo o
árvores, escavação de poços, e a organização seu favor. A fim de fazer com que o povo
geral como nação. Isso não foi fácil, pois os volte, Deus permite que sofra as
novos colonizadores foram atacados por conseqüências do seu pecado, punindo os
intrusos. A fim de proteger o seu povo, Deus israelitas mediante um invasor estrangeiro.
enviou juizes para chefiá-lo. Esses juizes não Israel clama a Deus, que envia um
eram juristas, como o nome parece indicar, mas libertador ou juiz e assim volta a servir
líderes militares capacitados especialmente por ao Senhor. Isto dá início a um novo ciclo
Deus para formar um exército, derrotar o que segue um padrão similar.
inimigo e chefiar o seu distrito até que as coisas Aprendemos muito ao examinar este ciclo de
se acalmassem. eventos, pois encontramos o fato do
O livro de Juizes menciona cerca de 14 envolvimento de Deus em nossa vida, assim
episódios. Um homem, Abimeleque, pode não como o desenvolvimento de nossas próprias
ter sido um juiz, mas sua história provavelmente ações. Não se trata de uma situação ou isto/
é narrada para mostrar que desgraça ele foi. ou aquilo. Quando fazemos a vontade de
Vários juizes se tornaram heróis populares, Deus, tudo vai bem; quando pecamos,
cujos nomes são lembrados ainda hoje, tais atraímos o desastre sobre nós. Note também
como Débora, Gideão e Sansão. a misericórdia de Deus: não importava
O livro termina com duas histórias quanto tempo levasse, quando o povo
especialmente sombrias, uma envolvendo clamava, Ele respondia. E consolador saber
fraude religiosa e a outra um assassinato, que Deus está sempre pronto para ouvir as
que mostram o que acontece quando o povo nossas orações. Finalmente, observe os
se esquece do Senhor e confia em suas terríveis resultados do pecado. Quando
próprias forças. decidimos rejeitar o caminho de Deus,
Antigo Testamento 165

Juizes de Israel
Juiz Realização Anos Referência em
que julgou Juizes
Israel

Otniel Livrou Israel dos opressores 40 3.7-11


da Mesopotâmia
Eúde Livrou Israel dos opressores 80 3.12-30
moabitas
Sangar Livrou Israel dos opressores 10 3.31
filisteus
Débora e Livraram Israel dos opressores 40 4 -5
Baraque cananeus
Gideão Livrou Israel dos opressores 40 6-8
midianitas
Abimeleque Aterrorizou os judeus como rei 3 9
autoproclamado de Israel
Tola 23 10.1-2
Jair 22 10.3-5
Jefté Livrou Israel dos opressores ó 10.6-12.7
amonitas
Ibsã 7 12.8-10
Elom 10 12.11-12
Abdom 8 12.13-15
Sansão Livrou Israel dos opressores 20 13-16
filisteus
Eli Exerceu o ofício de juiz como 40 1 Sm 4.18
sumo sacerdote
Samuel Exerceu o ofício de juiz como 21 1 Sm 7.15
sumo sacerdote

sofremos conseqüências desastrosas. As das más ações. Isto se aplica até mesmo ao
histórias contadas são lições objetivas para povo de Deus. Sansão não era pagão, mas
nosso ensino. Não faz sentido rebelar-se israelita, e o pecado também destruiu a sua
contra Deus. No final, ninguém se beneficia vida.
j 166 Síntese dos Livros da Bíblia

Rute
Autor: desconhecido
Data: c. século XI a.C.

Conteúdo
O período dos juizes abrangeu anos
extremamente difíceis, terminando com a
evidencia de que a anarquia reinava.
Ninguém se sujeitava a ninguém. O livro de
Rute mostra um lado diferente da época,
sendo incluído, sem dúvida, para oferecer
algum alívio à situação negativa em quase
todos os aspectos.
Ele descreve um período de fome que levou
Elimeleque, sua mulher Noemi e sua família a
saírem de Belém e se estabelecerem em Cam pos de Boaz, Belém.
Moabe. Uma jovem moabita, chamada Rute,
valor das pessoas e necessidade de
casou-se com um dos filhos de Elimeleque e,
compreensão mútua se destacam. Em meio
ao enviuvar, recusou-se a permanecer na sua
ao caos que reinava naquela época, um
terra natal, porque a sogra Noemi, também
significado poderia ser descoberto, se
viúva, voltou para casa. Suas belíssimas
voltássemos aos primeiros princípios da
palavras, "O teu povo é o meu povo, o teu
simples verdade. O livro de Rute nos ensina
Deus é o meu Deus" (Rt 1.16), inspiraram
que, apesar das grandes dificuldades, a
gerações de sofredores. Um ato de bondade
bondade pode existir, se estivermos dispostos
de um parente, Boaz, é registrado,
a nos esforçar.
propiciando um herdeiro para a família de
Elimeleque. Boaz viria a ser um ancestral do
Esboço
rei Davi e também de Jesus. E significativo o
1. Numa terra estrangeira 11-22
fato de Rute, embora nascida pagã, fazer
2. Rute e Boaz 2.1-23
parte da linhagem de Cristo.
3. A redenção de Rute 3.1 -4.15
Temas Teológicos 4. Os ancestrais de Davi e Cristo 4.16-22
As verdades religiosas encontradas neste
livro estão mais ligadas à vida prática que à À direita: M ulheres árabes trabalhando nos
campos, perto de N azaré.
teologia abstrata. Lealdade, amor, bondade,
! 168 Síntese dos Livros da Bíblia

questões religiosas da nação pioravam. A


1 e 2 Samuel situação econômica era má. Porém, o mais
difícil de tudo era a presença do exército
Autor: desconhecido filisteu, que ameaçava destruir a nação de
Data: provavelmente século X a.C. Israel. Numa batalha épica, Israel foi
derrotado, e a arca da aliançat capturada.
Conteúdo Em meio a esta confusão nacional, Saul foi
Estes dois livros nos levam ao período que se nomeado primeiro rei. (Veja o mapa do seu
seguiu ao dos juizes. Samuel, como último reino na p. 171.) Ele era uma figura original,
deles, foi o líder até pouco antes de ser que se alternava entre fazer o que era
escolhido um rei para a nação. As coisas razoável e praticar atos insanos de violência.
continuavam caóticas e novos problemas Por causa do medo que tinha de outros,
surgiam com lamentável regularidade. As especialmente de Davi, passou grande parte

Cascata em E n-G edi, para onde Davi fugiu do rei Saul.


Antigo Testamento 169

do tempo lutando contra as pessoas erradas. nossos atos, de modo que nosso bem é
Em vez de concentrar-se em livrar a nação de afirmado e nosso mal é julgado. A forma
seus inimigos, perseguia na verdade os seus como Deus consegue manter as coisas em
amigos. As coisas não podiam perdurar dessa ordem é um grande mistério, mas somos
forma, e ele finalmente morreu, de maneira encorajados a crer que tudo acabará bem
inglória, numa batalha contra os filisteus. Este quando Ele está no controle.
foi um capítulo triste da história de Israel. Outro ponto importante é o fato de que Deus
Davi era um rei diferente. (Veja o mapa do não pode ser manipulado. Quando os
seu reino na p. 173). Logo mostrou sua israelitas estavam perdendo a guerra,
capacidade militar, possuindo também pensaram que se levassem a arca para o
notáveis habilidades administrativas. Quando campo de batalha alcançariam a vitória. Mas
chegou a hora certa, Davi estava pronto para Deus não pode ser forçado. Se as nossas vidas
organizar o povo de acordo com as normas não estiverem em ordem, nenhum tipo de
nacionais e estabelecer um governo piedade superficial irá salvar-nos.
funcional. Sua principal tarefa, derrotar os O amor e o perdão de Deus também se
filisteus, foi executada. Não sabemos como, destacam. Em várias ocasiões, Deus mostra-
mas deve ter sido uma vitória esmagadora, se compassivo para com os que o
porque os filisteus nunca mais representaram ofenderam. A maravilha de tudo isso é que
uma ameaça séria para Israel. Deus não nos trata de acordo com os nossos
Todavia Davi não era perfeito. Em certa pecados, mas com misericórdia.
ocasião, durante uma batalha importante,
permitiu que suas paixões prevalecessem Esboços
sobre o bom senso e seduziu a mulher de um 1 Samuel
de seus soldados. Mais tarde, veio a
1. A v id a d e S a m u e l 1. 1- 8.22
lamentar-se profundamente deste ato,
2 . A v id a d e S a u l a té se u co n flito co m
compondo um salmo de arrependimento que
D a v i 9. 1- 20.42
até hoje nos comove (Sl 51).
3 . D a v i n o e x ílio a té a m o rte d e
Temas Teológicos S a u l 21 . 1- 31.13
Vários princípios teológicos brilham através 2 Samuel
das páginas destes dois livros. O principal é o 1. D a v i s o b e a o tro n o 1. 1- 4.12
fato contínuo de que Deus está ativo na 2 . A v id a d e D a v i c o m o rei d e Isra e l e
História para realizar os seus propósitos. Ele J u d á 5 . 1- 14.33
poderia impor a sua vontade sobre nós, mas 3 . A n a ç ã o a m o tin a d a 15. 1- 20.26
prefere não agir desse modo; pelo contrário, 4 . Ú ltim o s a n o s d e D a v i 21 . 1- 24.25
concretiza os seus propósitos por meio dos
170 S íntese dos Livros da Bíblia

defesa. No entanto, apesar de tantos


1 e 2 Reis benefícios, os problemas continuavam.
Salomão gastava mais do que recolhia,
Autor: desconhecido irritou as várias regiões do seu país,
Data: século VI a.C. aumentou ao máximo os impostos e tinha
Conteúdo consideração demais por si mesmo como
Depois da morte de Davi, seu filho Salomão líder. Os aspectos positivos e negativos se
governou o reino ainda unido. Seu reinado equilibravam, e enquanto viveu tudo corria
foi esplêndido, e a nação prosperou como bem. Como sempre acontece com as
nunca antes ou depois. Ele construiu um personalidades fortes, tudo desmoronou com
templo magnífico para adorar a Deus, a sua morte.
estabeleceu uma economia sólida, expandiu O filho de Salomão, Roboão, não conseguiu
o comércio exterior, modernizou o exército e manter o reino unido. Ao seguir conselhos
construiu uma série de fortificações como errados, mostrou-se duro com os seus críticos,

Maquete da antiga cidade de Megido


0 Reino de Saul
ARAMEUS

• ASER

4 ? .* * * Ram°
Quinerete«

M a r de Quinerete ‘

•JEZREEL
*6 o r , • En-dor
* Megido ,* * • ,
GRANDE MAR
Bete-Semes *

•m \ o
CkZ
• Siquém Maanaim
• • AM O M

• EFRAIM V GILEADE
* Jope ,
• Betel Rebate-Amom
• •
Mispa . * BENJAMI

Gezer* • # »Gibeá
Ecrom • *Gibeão
• Jebus
Gate • • :
Belém

Hebrom«
En-Gedi
JUDÁ

* Berseba

15 km
H
AMALEQUE

EDOM
172 Síntese dos Livros da Bíblia

e a nação se dividiu em duas, seguindo uma inocentes ou indefesos é expor-se ao juízo


linha regional. A parte Norte se tornou Israel, de Deus. As nações de Israel e Judá são
dirigida por um homem chamado Jeroboão e um testemunho deste fato terrível e solene.
a região Sul recebeu o nome de Judá, Outra ênfase encontrada aqui é o zelo de
dirigida por Roboão. (Veja o mapa do reino Deus pelo seu povo. Diversas vezes Deus
dividido na p. 174.) enviou profetas para suplicar que voltassem a
Vemos aqui, as fortunas dos reis de cada Ele. Um refrão muito ouvido era o clamor de
reino, até o término de cada um. (A tabela Deus: "Por que razão morreríeis, ó casa de
na p. 179 mostra todos esses reis.) O Reino Israel?" (Ez 18.31; 33.11). O trágico é que
do Norte foi caracterizado pela instabilidade isso não tinha de acontecer. O pecado se
e derramamento de sangue, mas foi visitado interpusera entre o povo e Deus, mas isto não
por profetas de Deus, como Elias e Eliseu. A cancelou o amor de Deus. Escolher o
maioria de seus dirigentes não foram pessoas pecado, porém, era escolher a morte em
muito espirituais, e os mais lembrados, lugar da vida.
Jezabel e Acabe, são os seus piores Outro fato que se destaca é o valor da vida
representantes. O Reino do Sul teve reis bons diária, que prosseguiu tendo a atuação de
e maus, dando lugar a reavivamentos Deus, através dos séculos, na ascensão e
periódicos, especialmente nos reinados de queda de Israel e Judá. A maior tarefa do
Ezequias e Josias. Profetas notáveis, como povo era viver cada dia conforme se
Isaías e Miquéias, também foram enviados a apresentasse, aceitando as coisas da melhor
Judá. maneira possível, quer fossem boas ou más.
Este deve ser também o nosso alvo.
Temas Teológicos
Os princípios teológicos encontrados Esboços
nesses livros são similares aos dos livros de 1 Reis
Samuel. O governo de Deus é enfatizado 1. Morte de Davi 1.1-2.11
em meio ao caos da história da 2. Reinado de Salomão 2.12-11.43
humanidade. Deus reina supremo. Seu 3. Princípios da história do reino dividido,
goveno se baseia em absolutos morais. até Josafá e Acazias 12.1-22.53
Quando os Dez Mandamentos foram 2 Reis
dados, não deveriam ser considerados 1. 0 reino dividido até a queda de Israel
simplesmente como bons conselhos, mas 1.1-17.41
como regras a serem seguidas. Qualquer 2. A história de Judá até sua queda
pessoa ou nação que os desconsidere 18.1-25.2
arrisca-se por sua própria conta. Ficar 3. Judá sob Gedalias 25.22-30
indiferente quanto ao abuso contra pobres,
Reinos conquistados

0 30 km * .« *
1------ 1 *, Elate •

v i. * *
0 Reino Dividido
Sidom.
o-, Damasco,
■P > ,

GRANDE MAR C
0 F^ . . -
• A s ta ro te » .#
D or.
Megido Rio Jordão • Ramote-Gileade •

ISRAEL
Siquém^

• , Zerede Penuel ^ AM O M
• Betei • • Rabate-Amom a
Geze£ * • . • • # ^ #
3ate . ,B# • Jerusalém * * * * * •

* ( •
Gaza / ' Hebron. mU o^ o

^ , • Aradá / V X S
A B E * ..................*
^ • Berseba
• Quir-Moabe
JUDA

Tamar
* Cades-Barnéia
• • •• Reino de Israel

EGITO ED0M
Reino de Judá
0 30 km
1---------------- 1
Antigo Testamento 175

1 e 2 Crônicas Esboços
1 Crônicas
Autor: desconhecido 1. G e n e a lo g ia s d e A d ã o a S a u l 1.1 - 9 .3 4
Data: século V a.C. 2 . A v id a d e S a u l 9 .3 5 ;1 0 .1 4
3 . A v id a e re in a d o d e D a v i 1 1 .1 - 2 1 .3 0
Conteúdo 4 . A o r g a n iz a ç ã o d o g o v e rn o d e D a v i
Os livros de Crônicas parecem enfadonhos 2 2 .1 - 2 7 .3 4 '
para alguns, por causa de todas as suas 5 . A m o rte d e D a v i e a in ic ia c ã o d e S a lo m ã o
genealogias e por relatarem os mesmos 2 8 .1 - 2 9 . 3 0
acontecimentos dos livros de Reis. Isto não
seria desnecessário? Porém, quando 2 Crônicas
adequadamente estudadas, 1 e 2 Crônicas 1. A v id a e re in a d o d e S a lo m ã o 1.1 - 9 .3 1
são livros importantes. O segredo para 2 . A h istó ria d e ju d á 10.1 - 3 6 .2 1
compreendê-las é lembrar que a Bíblia foi
3 . N o ta s so b re a P é rsia 3 6 .2 2 - 2 3
escrita com um propósito religioso, e não
político ou histórico. Isto não significa
ausência de história ou que esta seja falsa, estilo de vida em virtual anarquia, com
mas que suas palavras foram registradas assassinatos e agitações no governo. Em
principalmente por razões religiosas. Judá, havia uma certa estabilidade, sendo os
As genealogias são importantes porque o reis de uma única linhagem. Crônicas atribui
Messias seria futuramente um ser humano. isto à fidelidade religiosa por parte do Sul e
Esses registros mostram as linhagens à apostasia existente no Norte. Isto não
familiares do povo de Deus como um todo, denota falta de amor da parte de Deus para
de onde descende o Messias e sua família com o povo de Israel, pois enviou
em particular. Os escritos são igualmente continuamente profetas para suplicar que
importantes por mostrarem a fidelidade de voltassem a obedecê-lo. Mas não quiseram, e
Deus no decorrer dos séculos. As suas a sua destruição em 722 a.C. foi uma
promessas podem ser verificadas, ao conseqüência da dureza de seus corações.
examinarmos os registros. Os aspectos religiosos da história de Judá
Esses livros enfatizam mais a história de Judá são também destacados. E dado muito
que a de Israel. Isto se deve ao fato de Judá espaço ao Templo, à adoração, aos
representar a família de Davi, e o Messias sacerdotes e aos levitas. Os reavivamentos
procederia desta linhagem. O reino de Israel, que ocorreram no reinado de Ezequias
chamado do Norte, viveu quase como um também recebem ênfase.
176 S íntese dos Livros da Bíblia

Temas Teológicos
Certos princípios teológicos se destacam em Templo de Salomão
Crônicas. Primeiro, a centralidade da
adoração. 0 Templo ocupa o maior espaço,
porque tornou-se o centro da vida do povo
de Deus. O mesmo ocorre nos dias atuais.
Onde a adoração é omitida ou torna-se uma
rotina, quer na nação ou na vida pessoal, a
morte espiritual é iminente.
Segundo, a fidelidade de Deus pode ser vista
claramente, pois permaneceu fiel aos seus
acordos (chamados "alianças" nos dias do
Antigo Testamento) com o seu povo, através
dos muitos anos em que o comportamento da Bacia de bronze para
nação só mereceu juízo. Ainda hoje, este a purificação ritual
povo é contemplado com a fidelidade de
Deus.
Terceiro, a justiça de Deus é penosamente
objetiva, por mais que lhe desagradasse - e
o Antigo Testamento afirma definitivamente
este fato - Deus não teve outra escolha
senão castigar o seu povo. Isto deve servir de
advertência para todos nós. Deus não tem
favoritos. Todos serão igualmente
abençoados e julgados.
Em último lugar, a necessidade de vigilância
diária é evidente. Nossa preocupação
freqüentemente é com o inesperado ou com
o amanhã. O que devemos fazer é vigiar o
hoje. Israel e Judá nunca pareceram entender
isso e tiveram como resultado a sua
destruição, o que não precisa acontecer
conosco, se aprendermos pelos seus trágicos
exemplos.
Candelabro Santo dos Santos
J 178 Síntese dos Livros da Bíblia

campos arados, os muros de proteção


Esdras levantados, as casas edificadas, a vida
restabelecida. Tudo isso foi feito em face à
Autor: Esdras oposição de forças inimigas. Também
Data: século V a.C. reconstruíram o Templo e o dedicaram em
516 a.C. Esdras acompanhou, a seguir, uma
Conteúdo nova leva de refugiados e ficou atônito ao
Quando o Reino do Norte foi destruído, em ver o povo tão sem ânimo. Mas houve um
722 a.C., seus habitantes foram dispersos reavivamento, e a vida ficou mais tolerável
por todo o mundo antigo e não se soube durante algum tempo.
mais deles. A terra foi ocupada pelos
Temas Teológicos
assírios, que colocaram estrangeiros nela, os
O valor religioso deste livro é mostrar-nos
quais vieram a ser os samaritanos dos dias
que embora a vida não seja fácil pode ser
de Jesus. Quando o Reino do Sul caiu, em
vivida com a ajuda de Deus. Os conflitos do
587 a.C., quase todos os prisioneiros foram
povo de Deus pareciam esmagadores, mas
levados e estabelecidos em um único lugar
dia a dia conseguiram vencê-los. A sua força
pelos babilónicos. Mas eles não perderam a
vinha do Senhor. Se pudermos aprender esta
sua consciência nacional. Embora a vida no
lição, também teremos condições de vencer.
exílio fosse difícil, as lembranças de
Ninguém jamais pode saber os problemas
Jerusalém os sustentaram durante os anos
que o dia trará, mas refletir sobre Esdras e a
que se passaram até que tivessem a
sua época pode renovar a nossa confiança.
permissão de Ciro, rei da Pérsia, para voltar
Deus não mudou, apesar de realizar seus
à sua terra. O Salmo 137 é uma bela mas
propósitos de maneira diferente nos dias de
melancólica reflexão sobre esses dias.
hoje.
O livro de Esdras começa com o decreto de
Ciro, dando permissão ao povo de Judá
para retornar às suas casas. Esdras deve ter
sido um dos que levou de volta um grupo de
refugiados para estabelecer os judeus
Esboço
novamente em sua terra natal.
1.0 decreto de Ciro 1.1-11
As coisas não foram muito fáceis para o
2 .0 censo do povo 2.1-70
primeiro grupo de pessoas, que chegou à
3. A reconstrução do Templo 3.1-6.22
Palestina durante a década de 530 a.C. As
4. A volta de Esdras 7.1-10.44
cidades tinham de ser reconstruídas, os
| 180 Síntese dos Livros da Bíblia

moravam na terra e os sacerdotes, de volta à


Neemias religiosidade e boa moral.
Oomo pessoa, Neemias era muito diferente
Autor: Neemias de Esdras, que trabalhou ao seu lado. Esdras
Data: século V a.C. era um tipo calado, erudito, mais cheio de
questionamentos. Neemias era homem de
Conteúdo ação, que literalmente atirava as pessoas na
Este livro é de certa forma um relato paralelo rua se a ocasião exigisse. Juntos, terminaram
ao de Esdras. Neemias era um servo de a tarefa.
confiança na corte do rei da Pérsia, que se Temas Teológicos
sentia comprometido com a sua nação e com Duas coisas são importantes neste livro.
o seu próprio povo. Quando ouviu falar dos Primeiro: o perigo sempre presente do desvio.
problemas que enfrentavam, pediu permissão Devemos estar sempre alertas. Se o desgaste
para ir à Palestina ajudá-los. Sua espiritual pôde acontecer em Israel, também
preocupação específica era reconstruir os pode ter lugar em qualquer pessoa.
muros da cidade. Sem eles, Jerusalém ficava Segundo: Deus usa as pessoas sem que
indefesa. Neemias deve ter sido um homem precisem ser iguais. Esdras e Neemias'tinham
de grande vitalidade e carisma pessoal, pois personalidades contrastantes, mas Deus
a tarefa foi completada em 52 dias dias. utilizou a ambos e também nos utilizará, se
No entanto, encontrou não apenas muros permitirmos.
derrubados, mas também vidas destruídas. O
desânimo se estabelecera, os mandamentos
de Deus estavam sendo desobedecidos e a Esboço
falta de caráter era comum, inclusive entre os 1. R e c o n stru ç ã o d o s m u ro s d e J e ru sa lé m
sacerdotes. A situação não era muito melhor
1. 1- 7.53
que a anterior ao exílio. Compreendendo
2 . A rre p e n d im e n to d o p o v o
que alguma coisa tinha de ser feita, Neemias
8 . 1- 10.39
tomou providências concretas para remediar
3 . R e fo rm a d a n a ç ã o
o problema, que resultou em uma reforma,
11. 1- 13.31
levando o povo, os estrangeiros que

À direita: Ruínas do muro Largo da cidade de


Jerusalém, referido em Neemias 3.8:
"Fortificaram a Jerusalém até a o muro largo"
182 Síntese dos Livros da Bíblia H
Ester Oito Profetisas da Bíblia
M iriã (Ê x 1 5 .2 0 ) A n a (Lc 2 .3 6 - 3 8 )
D é b o r a (Jz 4 .4 ) A s q u a tro filh a s
Autor: Ester
H u ld a (2 Rs 2 2 .1 4 - 2 0 ) d e Filip e (A t 2 1 .8 ,9 )
Data: século V a.C.

Conteúdo da superfície, em vez de ser apresentado


O livro de Ester conta uma história verídica,
expressamente. O ponto principal é que a
que ocorre na Pérsia, onde havia judeus que
vida comum na verdade não é comum, mas
regressaram da Palestina. Nem todos foram
repleta de significado eterno. Os eventos se
para casa. Durante mais de mil anos, a maior
ajustam a um padrão normal de causa e
concentração de judeus fora da Palestina se
efeito, mas os propósitos ocultos de Deus
achava na região onde haviam vivido como
estão entretecidos neles. As escolhas
exilados.
humanas, quer boas ou más, têm grande
O rei da Pérsia casou-se com uma judia
importância e conseqüências profundas. O
chamada Ester, que descobriu uma
livro de Ester diz efetivamente: "Observe o
conspiração contra o seu povo, liderada por
que está acontecendo e não se deixe
Hamã, o primeiro-ministro. Os genocídios
enganar pelas aparências. Existem muito
eram comuns na Antiguidade e chegaram até
mais coisas do que você pensa".
nossos dias, como no caso da Alemanha
nazista. Quando Ester e seu primo
Mardoqueu denunciaram a conspiração ao Esboço
rei Assuero, Hamã foi deposto e substituído 1. E ste r se to rn a ra in h a
por Mardoqueu. Os que participaram do 1.1-2.23
plano abortado foram todos executados e os 2 . A c o n s p ir a ç ã o d e H a m ã
judeus escaparam por pouco de uma terrível
3.1-15
mortandade. Para comemorar o evento, foi
3 . D e s c o b e rta a c o n s p ir a ç ã o d e H a m ã
estabelecida uma festa chamada Purim.
4.1-7.10
Temas Teológicos 4 . A s c o n s e q ü ê n c ia s d a c o r a g e m d e Este r
Algumas pessoas objetam contra a presença 8.1-10.3
deste livro na Bíblia, porque não parece
conter temas teológicos específicos, e por À direita: O sofrimento dos judeus é representado
não fazer menção ao nome de Deus. Porém neste relevo sobre o M enorá, junto ao prédio do
o conteúdo religioso está presente por baixo parlamento de Israel em Jerusalém.
Poesia (Provérbios), uma meditação elaborada
sobre a vida e a sua vaidade (Eclesiastes) e
um poema de amor (Cantares de Salomão).
A terceira seção principal do Antigo
A poesia hebraica tem como característica
Testamento contém, em grande parte, livros
enfatizar um equilíbrio de idéias em vez de
escritos em estilo poético. Há um poema
sons, ritmo e imagens.
épico (Jó), uma coleção de hinos (Salmos),
uma coleção de sabedoria tradicional
18 6 Síntese dos Livros da Bíblia

em si, um poema longo e altamente


JÓ estruturado, narra a história de um homem
chamado Jó, que perdeu tudo o que tinha
Autor: desconhecido num curto período de tempo. Ele se viu
Data: talvez já no século X a.C. rejeitado por todos, esperando a morte perto
do lixão da cidade, quando alguns de seus
Conteúdo antigos amigos foram visitá-lo. O pano de
Jó, um dos livros mais complexos e fundo oculto da história é a vontade de Deus
interessantes do Antigo Testamento, trata de e o desafio escarnecedor do diabo.
um tema humano profundo. Por que as O primeiro grupo de discursos feitos pelos
pessoas sofrem, se Deus está no controle? amigos de Jó tem como tema geral a idéia de
Este problema ocupou as melhores mentes que Jó é pecador e que o Deus onisciente e
de quase todas as sociedades desde os Todo-poderoso está apenas lhe dando o que
primórdios da civilização até hoje. O livro merece. Os três amigos falam - Elifaz, um

Três árabes conversando em Jerusalém.


Antigo Testamento 18 7 |

místico bondoso; Bildade, um tradicionalista portanto, nenhum está em posição de fazer


bastante incompassivo; e Sofar, um um julgamento final. Por faltar-lhes
dogmático estreito. Esses três homens conhecimento, as tentativas de explicar os
representam diferentes abordagens da desígnios de Deus não adiantaram e as
problemática do sofrimento de Jó, que justificativas pessoais não foram aceitas por
responde a todos, terminando com um apelo falta de honestidade. Somente Deus está em
comovente a Deus: "Ainda que ele me mate, posição de julgar corretamente, e Jó é
nele esperarei" (Jó 13.15), e anseando por convidado a aprender esta lição. Quando
uma vida de paz e tranquilidade após a nada nos resta, senão Deus, é que
morte. compreendemos que Ele nos basta.
O segundo grupo de discursos destaca o Depois de Jó ter aprendido esta lição, seus
tema de que o juízo divino está próximo para bens foram restaurados, sendo ele
os perversos. Os três oradores não parecem confortado e consolado. "E assim abençoou
pensar que possa haver um mistério na vida o Senhor o último estado de Jó, mais que o
humana e que talvez as respostas simplistas primeiro" (42.12).
não sirvam. Jó responde angustiado,
Temas Teológicos
chegando a um auge (alguns até diriam que
Muitos temas teológicos são apresentados
é o ponto crítico do livro) em 19.23-29, onde
neste livro, mas dois se destacam: a
afirma sua profunda fé pessoal em Deus e no
majestade de Deus e a finitude e necessidade
futuro: "Ainda em minha carne verei a Deus".
humanas. Pouco necesitaremos quando as
O terceiro grupo de discursos exalta a
crises surgirem em nossas vidas, se
sabedoria de Deus e o seu controle sobre a
tão-somente pudermos manter essas duas
vida, pressupondo que Jó é um tolo
ignorante, destituído do direito de responder realidades no lugar que lhes cabe. A solução
a Deus. Jó reafirma a sua posição de não para os nossos problemas aparece quando
merecedor do que está lhe acontecendo. conhecemos a Deus.
Um novo personagem entra em cena, Eliú,
que aborda o assunto de um ângulo Esboço
diferente. Ele diz essencialmente que o 1. P ró lo g o : a c e n a n o C é u 1 .1 - 2 .1 3
orgulho entrou no coração de Jó, existindo 2 . P rim eiro g ru p o d e d isc u rs o s 3.1 - 1 4 .2 2
uma ligação misteriosa entre esse fato e o 3 . S e g u n d o g ru p o d e d isc u rs o s 15.1 - 2 1 .3 4
sofrimento que recaiu sobre ele.
4 . T e rce iro g ru p o d e d isc u rs o s 2 2 .1 - 3 1 .4 0
Antes de alguém poder falar, Deus responde
5 . 0 d isc u rso d e Eliú 3 2 .1 - 3 7 .2 4
a todos: os amigos de Jó, Eliú e até o próprio
ó . A re sp o sta d e D e u s 3 8 .1 - 4 2 . 6
Jó estão errados. Nenhum deles tem
7. E p ílo g o 4 2 . 7 - 1 7
conhecimento dos fatos em sua totalidade e,
Antigo Testamento 1 89

meditação. Sendo assim, o saltério (livro de


Salmos Salmos) é um livro para todas as ocasiões,
capaz de satisfazer a todas as nossas
Autor: principalmente Davi, mas também outros necessidades.
Data: século X a.C e período posterior
Temas Teológicos
Conteúdo No livro dos Salmos encontramos uma boa
Provavelmente, Salmos é o livro mais conhecido porção da teologia mais rica da Bíblia, o que
e apreciado da Bíblia. E o único livro do Antigo justifica em parte sua contínua popularidade. O
Testamento encadernado regularmente com o conceito do poder de Deus enfatiza a
Novo Testamento, quando só este é desejado - perspectiva do salmista. Deus está no controle
como se nenhuma Bíblia fosse completa sem deste Universo. Em certas ocasiões pode até
ele. Este livro tem provido mais consolo pessoal, parecer o contrário, mas esta aparência não é
imagens, hinos e poemas que qualquer outro jó real. Deus está além do nosso conhecimento,
impresso. De uma certa forma, é a Bíblia em mas não estamos além do seu poder. Ele age
miniatura. no momento certo e da maneira certa. Nossa
Os Salmos foram escritos no decorrer de um tarefa é aprender a confiar nEle.
longo período de tempo, talvez seiscentos A providência de Deus ou sua operação eficaz
anos. A maior parte deles foi escrita e também se destaca no livro. Ele trabalha como
colecionada pelo rei Davi (daí o nome "Salmos um artífice especializado, tecendo a sua
de Davi"), mas posteriormente, outros foram vontade para dentro e para fora de nossas
acrescentados à coleção. A comunidade escolhas voluntárias, a fim de que, no final,
israelita e indivíduos isolados usaram o livro de tenhamos uma fusão da atividade divina com a
modo semelhante ao atual. A comunidade humana. De fato, também trabalha em nosso
utilizou-o na adoração pública, lendo ou livre-arbítrio, realizando os seus bons
cantando os versículos, de acordo com as propósitos, realidade esta que deve dar ao
circunstâncias. Alguns salmos foram escritos crente grande conforto e coragem; apesar de
para serviços especiais - a coroação do rei, todos os desapontamentos e problemas,
por exemplo. Muitos dos salmos eram, saberemos que Deus está bem próximo,
portanto, hinos, antífonas e música especial, cuidando e sendo capaz de pôr em prática
cantados pela congregação, coro ou ambos. seus propósitos de amor.
Os israelitas gostavam da música antifônica. A ternura de Deus é constantemente enfatizada.
Também eram utilizados particularmente para Ele trata conosco como um pai que se
devoções pessoais. Os Salmos abrangem compadece dos filhos ou uma galinha que
quase toda emoção ou situação possível - reúne sob as asas os seus pintinhos. Ele se
ação de graças, lamentação, devoção, oração, lembra de como nos formou, sabe que não
tristeza, louvor, confissão, arrependimento e passamos de pó. Sendo assim, não espera o
Um pastor com suas ovelhas nas montanhas da Judéia.

que não podemos dar. É compassivo e A beleza do mundo, o valor da vida, a


misericordioso, conhecedor de todos os excelência da ordem natural e a pura alegria
ângulos possíveis em cada situação, sabendo de viver também são descritos. Desde a grama
como fazer concessões à fragilidade humana. que cresce sob os nossos pés até os
Deus é também descrito como justo. Nenhum pensamentos mais altos em nossas mentes ou
erro ficará sem reparo. Todo mal praticado às estrelas mais distantes nos céus, a majestade
contra o seu povo não lhe passa despercebido. que Deus escreveu no mundo é inegável, visível
Tudo será corrigido na hora certa. A tentação a todos, mas também misteriosa.
de desistir de um lado, ou de juntar-se aos Certas ambigüidades não podem ser
malfeitores de outro, deve ser resistida com solucionadas separadas de Deus. Glória,
força provida por Deus. O mal não vencerá, mistério, ambigüidade - elementos essenciais
porque a justiça de Deus não permitirá. à vida humana. Deus - sua fonte e resposta.
A resposta adequada do povo de Deus
Esboço
também é evidente. Devemos ter vidas de
1. Livro 1 1-41
oração, louvor, humildade, ação de graças e
2. Livro 2 42-72
fé. Cada uma dessas idéias, exploradas a
3. Livro 3 73-89
fundo em Salmos, deve fazer parte do cerne
4. Livro 4 90-106
da nossa existência. Nelas encontramos o
5. Livro 5 107-150
segredo da vida.
I Antigo Testamento 191

arte de tomar decisões certas denota sabedoria,


Provérbios quer moral ou não. Os pregadores precisam
dela para serem bem-sucedidos, assim como os
Autor: principalmente Salomão, mas também
arquitetos; ambos são chamados sábios quando
outros
fazem as escolhas certas. Finalmente, a arte de
Data: século X a.C. e posterior
viver com retidão é tida como sabedoria entre
Conteúdo os seres humanos, abrangendo todos os
O livro de Provérbios incorpora a sabedoria aspectos da nossa vida e principiando com o
coletiva de Israel. Geralmente atribuído a "temor" (respeito) do Senhor - conhecimento
Salomão, é uma coleção de ditados que religioso e prático que unifica as nossas vidas
refletem os pontos de vista israelitas a respeito na presença de Deus.
de como o indivíduo deve viver na presença de O livro de Provérbios resume esta idéia de
Deus. Portar-se assim era sinônimo de sabedoria; sabedoria com uma coleção de aforismos, que
esses epigramas foram ensinados por "sábios" dizem respeito a todos os aspectos da vida -
ou "magos". relação com os pais, amadurecimento, servir a
A idéia de sabedoria é comum no Antigo Deus, resistir à tentação, conselhos práticos,
Testamento. Em seu sentido mais completo e
elevado, a sabedoria só pertence a Deus,
originador de toda a vida, conhecedor de tudo A sabedoria é algumas vezes associada à idade,
na Bíblia.
que ocorre ou poderá ocorrer. A Ele pertencem
a Terra, a humanidade, tudo que têm vida, as
estrelas, os céus e os exércitos angélicos. Todos
evidenciam a sabedoria de Deus. Encontra-se
registrado em certo lugar que a sabedoria foi
uma artesã especializada que trabalhava com
Deus (8.22-31). A sabedoria de Deus guia os
assuntos da natureza e da humanidade, e seus
caminhos, que não são os nossos, não se
podem conhecer. Conseqüentemente, não
devemos "adivinhar" a mente de Deus, a fim de
tentar explicar os fatos da vida.
Deus revelou parte de sua sabedoria a nós. A
Bíblia usa três formas ao citá-la. Algumas vezes,
uma habilidade é descrita como sabedoria. A
pessoa que possui a habilidade técnica para
fazer algo, como construir uma embarcação ou
um edifício, é chamada sábia. Outras vezes, a
0 livro de Provérbios cita as qualidades de uma boa esposa.

buscar a verdade, a loucura das riquezas, vida plena e satisfatória, o que é algo
situações a serem evitadas, o conhecimento de inteligível. Se Deus fez a vida para funcionar
Deus, a mulher ideal, entre outros. melhor quando vivida de maneira correta, agir
dentro desta conformidade produz significado e
Temas Teológicos plenitude em nossas existências. Por fim,
A idéia teológica central de Provérbios é a somente os insensatos escolhem a morte. Duas
seguinte: Deus é criador e soberano, que fez o estradas estão abertas à nossa frente: o
mundo para funcionar de um determinado caminho da vida e o da morte. O indivíduo
modo e, se tivermos pelo menos um pouco de sábio escolhe a vida, o insensato, a morte. O
bom senso, iremos considerá-lo supremo. A vida caminho que seguirmos depende em última
está cheia de mistérios, mas Deus a todos análise de nós mesmos.
compreende, convidando-nos para pedir-lhe
Esboço
direção. Um segundo tema, ligado ao primeiro,
1. Introdução 1.1-7
é que todos os aspectos da vida podem ser
2. Treze lições sobre a sabedoria 1.8-9.18
remidos. Desde que Deus fez a vida em seu
3. Livro 1 da sabedoria de Salomão 10.1-22.16
todo, tudo lhe pode ser oferecido. Nem uma 4. Coleção dos sábios 22.17-24.34
única fase da legítima existência humana está 5. Livro 2 da sabedoria de Salomão 25.1-29.27
fora do interesse de Deus. Um terceiro tema é 6. A sabedoria de Agur 30.1-33
que servir a Deus faz sentido e nos leva a uma 7. A sabedoria de Lemuel; a mulher virtuosa 3 1.1-31
Antigo Testamento 193

a uma coleção de notas de sermões,


Eclesiasles reunidas ao acaso, deixando que o leitor
decida que conclusão será feita.
Autor: Provavelmente Salomão O livro dá ensejo a duas interpretações básicas.
Data: século X a.C. A primeira o considera como uma perspectiva
pessimista da vida, representando a verdadeira
Conteúdo
opinião do pregador. Ele tentou tudo e
O autor de Eclesiastes dá a si mesmo o nome
percebeu que era vaidade. Sua conclusão é
de Koheleth (o Pregador). Sua exata
viver a vida plenamente, morrer e passar para
identidade é desconhecida, mas
um estado eterno de inexistência onde não há
tradicionalmente é identificado como
sentimentos ou consciência e do qual não há
Salomão, rei de Israel. O livro de Eclesiastes
retorno. Os intérpretes que adotam este ponto
é de difícil compreensão, principalmente
de vista explicam as passagens otimistas e as
porque parece oferecer dois conjuntos
que implicam na crença em Deus ou na justiça
diferentes de idéias. Sua leitura é semelhante

Nos tempos do A ntigo Testamento, os camelos eram um símbolo da riqueza do indivíduo.


194 S íntese dos Livros da Bíblia

como adições posteriores. Tal interpretação tem à filosofia secular do desespero (3.17. 8.12;
um certo atrativo, especialmente nesta época 11.9; 12.14). A conclusão de Koheleth é esta:
de ceticismo, mas, por contrariar enfaticamente "Teme a Deus, e guarda os seus
as verdades do Antigo Testamento, não deve mandamentos" (12.13).
ser levada muito a sério. Essa é uma boa mensagem evangelística.
A segunda interpretação o considera como
Temas Teológicos
um sermão, ou uma série deles, que versam
Dois pontos teológicos se destacam no livro
sobre a vaidade da vida. O pregador adota
de Eclesiastes. Primeiro, o poder e a
um ponto de vista secular, a fim de mostrar
redenção de Deus são o pano de fundo
que, se alguém viver de acordo com essas
sempre presente em tudo que é dito. Deus
regras, tudo o que pode esperar é
está presente, à nossa disposição,
desapontamento. A partir dessa ótica, as
aguardando o momento em que os que
declarações sobre a falta de sentido da vida
buscam os prazeres compreendam que este
representam o secularismo dos dias do
mundo não pode realmente satisfazê-los.
pregador, e não a sua opinião pessoal. Sua
Segundo, o fato de que a vida não proverá
perspectiva é expressa nas passagens que
as nossas necessidades, se for vivida
falam da crença e confiança em Deus. Para
incorretamente. Finalmente, não suprirá
acentuar sua idéia, o pregador mostra que a
nossos anseios e necessidades supremos. Se,
vida sem Deus, por mais desejável que
porém, a colocarmos sob o controle de Deus,
pareça, acaba sendo insatisfatória e
poderá ser usada por nós de maneira
frustrante. Ele revela que a sabedoria, bens
adequada. O mundo pode nos servir, mas
materiais, prazer sensual, festas
também consegue nos tornar escravos.
extravagantes, poder e prestígio não
satisfazem. O melhor conceito no qual a
Esboço
filosofia secular consegue chegar é: a vida é
curta, cheia de incertezas, sem significado e 1. Prefácio 1.11
despida de qualquer paz de espírito real. 2. A futilidade e opressão da vida 1.12-4.12
Uma vez que a morte é o fim de tudo, 3. A vaidade da vida em todas as suas formas
devemos simplesmente viver o agora, pois 4.13-7.14
quando morrermos tudo se acaba. Depois de 4. A filosofia secular e seu fracasso 7 . 15-10.3
dizer todas essas coisas, o pregador provou 5. Resumo da vida fútil e como superá-la 10.4-
sua tese: a vida sem Deus não vale nada. 12.14
Porém, não é tudo. A afirmação de que Deus
vê além das nossas pretensões e tristezas, À direita: "Porque que mais tem o homem de todo o
voltando-se para nós em amor se quisermos seu trabalho e da fa d ig a do seu coração, em que
ele anda trabalhando debaixo do sol?" (Ec 2 .22
recebê-lo, encontra-se através do livro, junto
Antigo Testamento 1 97

litúrgicos. Pontos de vista que parecem um


Cantares de Salomão pouco forçados.
O melhor método talvez seja aceitar
Autor: provavelmente Salomão literalmente os Cantares de Salomão. O livro
Data: século X a.C. trata do amor humano e da sua beleza.
Quando Deus criou a humanidade, fez-nos
Conteúdo "homem e mulher" (Gn 1.27). Fato simples e
Este livro representa uma das grandes fundamental da existência. O amor e sua
surpresas que explodem esporadicamente na expressão física entre duas pessoas não
Bíblia. Em vista de a maioria achar que a deveriam embaraçar a ninguém. Cantares de
Bíblia é um volume sobre religião e Salomão celebra esse amor, através de uma
espiritualidade, ninguém imagina que possa coleção de poemas ou reflexões.
ser encontrado nela o tema do amor
Temas Teológicos
humano. Cantares de Salomão conta a
A verdade básica ensinada neste livro é que
história de uma sulamita e seu amado. Seu
as estruturas da nossa humanidade
conteúdo versa a respeito da admiração
(psicológicas, físicas, emocionais e outras)
mútua expressa por ambos, assim como
foram criadas e abençoadas por Deus. A
descrições de seu amor físico. E um quadro
resposta humana adequada é nos aceitarmos
belo e tocante, comovendo até o mais íntimo
como somos, agradecendo pelo modo como
das emoções e da vida humana.
Deus nos fez.
Inúmeras interpretações deste livro foram
feitas no decorrer dos séculos. Alguns
comentaristas o consideram uma figura viva
do amor de Deus por Israel, ou do amor de Esboço
Cristo pela Igreja. Se o examinarmos sob 1. 0 a n e lo d a e s p o s a p e lo seu a m a d o 1 1 - 3.5
este aspecto, esses escritores reinterpretam as 2. A c h e g a d a d o e s p o s o 3 . 6-11
imagens sensuais num plano mais espiritual.
3. E x a lt a ç ã o d a e s p o s a 4 . 1- 5.1
Porém o livro não dá evidência de estar
4. P e n sa m e n to s n o tu rn o s d a e s p o s a 5 . 2 - 6.3
discutindo o tema do amor de Deus. Outras
5. A b e le z a d a e s p o s a 6 . 4 - 7.9
interpretações dizem que trata de rituais
ó. A b e le z a d o a m o r 7 . 10- 8.14
antigos, apresentações dramáticas ou ritos

À esquerda: Cantares de Salomão trata do amor


humano e da sua beleza.
palavras maiores e menores não se referem
Profetas ao valor, mas ao tamanho dos livros. Os
profetas maiores são longos, e os menores,
A quarta seção principal do Antigo concisos. (Veja a tabela na p. 224-25 para
Testamento contém os escritos dos profetas maiores informações sobre cada profeta.)
de Israel e está dividida em dois grupos, os Esta seção do Antigo Testamento contém
profetas maiores (Isaías - Daniel) e os profecias relativas à vinda de Jesus Cristo.
profetas menores (Oséias - Malaquias). As
200 S íntese dos Livros da Bíblia

Isaías
Autor: Isaías
Data: século VIII a.C.

Conteúdo
0 livro de Isaías é um dos mais conhecidos
do Antigo Testamento. E o mais citado no
Novo Testamento e o mais usado por Jesus.
Tem sido utilizado na adoração, nos cânticos
e pelos teólogos em toda a história da Igreja.
A razão da sua popularidade consiste no
fato de conter a apresentação mais clara do
Evangelho no Antigo Testamento. A
descrição do pecado, o desespero do
pecador, o amor maravilhoso de Deus, sua
provisão de um salvador e o chamado à fé e
ao arrependimento fazem parte dele. Por
esta razão, Isaías tem sido chamado de
primeiro evangelista do mundo. O livro está
repleto de frases memoráveis, incluindo as
seguintes, todas encontradas em nosso
vocabulário geral, na igreja ou nos hinários:
Guarda imperial assíria: relevo.
"Ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a águias” (40.31). Isaías escreveu durante um
neve" (1.18); "Eis que uma virgem período de juízo iminente sobre Judá, a parte
conceberá" (7.14); "Porque um menino nos Sul do que tinha sido a nação de Israel. O
nasceu, um filho se nos deu... e o seu nome poderoso exército assírio estava devastando
será Maravilhoso Conselheiro" (9.6); "E o as regiões do Norte, e a nação de Isaías
ermo... florescerá como a rosa" (35.1); parecia ser a próxima. Isaías, contra toda
"Consolai, consolai o meu povo" (40.1); lógica, insistiu que o rei Ezequias suplicasse a
"Todos nós andamos desgarrados como proteção do Senhor, prometendo que Deus
ovelhas" (53.6); "Vinde às águas" (55.1); seria fiel à sua palavra e pouparia Judá.
"Mas os que esperam no Senhor renovarão Quando Ezequias ousou confiar em Deus,
as suas forças e subirão com asas como uma praga explodiu no acampamento
Antigo Testamento 201

assírio, matando a maior parte do exército e pode descansar em segurança; Deus jamais
forçando a retirada dos demais. A faria algo que não fosse justo e imparcial.
pequenina nação de crentes foi então Isaías tenta alertar Judá para a aliança
poupada. O livro de Isaías abrange aqueles (acordo) que Deus fez. Eles pertencem ao
tempos difíceis com mensagens, sermões, Senhor. Talvez viesse a achar necessário
relatos históricos, exortações e profecias. castigá-los pelos seus pecados, porém,
jamais os abandonaria. Se fossem levados
Temas Teológicos para o cativeiro, um remanescente voltaria
O conteúdo teológico do livro de Isaías é um para continuar do ponto em que seus
dos pontos altos do Antigo Testamento. A ancestrais tinham parado. Mesmo em meio à
ênfase sobre a santidade de Deus é o tema ira, Deus se lembraria da sua misericórdia.
central. Deus é chamado "Santo de Israel", e O tema mais proeminente na mensagem de
a sua santidade é o fundamento de todos os Isaías gira em torno da vinda do Messias, o
seus tratos com o mundo. Em vista disto, Judá Servo de Deus. Quatro salmos ou poemas

Torre de vigia perto de Jerusalém.


Israelitas levando tributos aos assírios: relevo.

extensos tratam do ministério de Jesus, Servo promessa de salvação em algumas das mais
sofredor de Deus. Em outro nível descrevem belas imagens de toda a literatura mundial
Judá, que, como nacão, era também um (veja 1.18; 11.1-9; 35.1-10; 40.1-31; 52.7-
servo de Deus: 31.1-7; 49.1-7; 50.4-11; 10; 55.1-7; 61.1-11). A mensagem trata do
52.13-53.12. O Servo deve sofrer pelo perdão e da misericórdia de Deus oferecidos
mundo, estabelecer justiça, prover salvação gratuitamente a todos os que responderem
para as nações, ser uma luz para os gentios, com fé.
ensinar a verdade a todos que queiram ouvir,
dar vista aos cegos, oferecer libertação aos Esboço
cativos, ser uma aliança para o mundo, tratar 1. Juízo pronunciado sobre Judá 1.1-5.30
com compaixão e cuidado os fracos, 2 .0 chamado de Isaías como profeta 6.1-13
dispensar o Espírito de Deus, carregar os 3. Juízo e bêncão pronunciados sobre Judá
pecados do mundo, fazer intercessão pelos 7.1-12.6
pecadores, prover o conhecimento de Deus 4. Juízo pronunciado principalmente sobre outras
para os que o buscarem e assegurar a paz a nações 13.1-23.18
todos. Todas essas dimensões foram 5. 0 apocalipse de Isaías 24.1-27.13
cumpridas figuradamente (e algumas vezes 6. Juízo e bêncão sobre Judá, Israel e Assíria
literalmente) por Jesus Cristo. 28.1-39.8 '
Em último lugar, o livro de Isaías oferece uma 7. Bênção e consolo futuros para Judá 40.1 -66.24
n H H M M Antigo Testamento 203

poupado e lhe permitiram permanecer


Jeremias vivendo nas ruínas de Jerusalém, onde
Autor: Jeremias continuou a pregar. Finalmente, foi levado
Data: século VI a.C. para o Egito como refém e morreu no exílio.

Temas Teológicos
Conteúdo O profeta Jeremias é um triunfo da fé e da
Em virtude da biografia detalhada coragem. Em meio a terríveis dificuldades,
encontrada em seu livro, o profeta Jeremias é conseguiu se colocar com firme convicção,
uma das figuras mais conhecidas do Antigo sendo virtualmente o único a perceber com
Testamento. Em quase todas as ocasiões, o clareza o que estava acontecendo. Sua
homem fica subordinado à mensagem, de dedicação ao chamado de Deus foi de tal
modo que pouco se sabe sobre os ordem que jamais vacilou, ainda que o preço
pregadores como indivíduos. No caso de
Jeremias, sua vida estava tão entretecida no Um "gênio a la d o " da Babilônia.
que dizia, que fica difícil separar esses dois
aspectos.
jeremias viveu num período de dias negros
da história de Judá, durante os reinos de
cinco reis, culminando com a destruição de
Jerusalém em 587 a.C. Ele proclamou uma
renovação nacional da fé nos dias de Josias
(Ó40-609 a.C.) e teve sucesso parcial.
Quando Josias foi morto numa batalha, seu
substituto foi um rei que se submeteu à
chantagem internacional. Jeremias continuou
sua mensagem severa de arrependimento,
instigando o povo a aceitar a mão pesada
de Deus, como castigo pelos seus pecados.
Por causa disto, ele passou na prisão alguns
dos anos que lhe restavam viver. Jeremias
sentiu o coração quebrantado em virtude do
mal que o cercava e chorou várias vezes
devido à situação impossível em que se
encontrava. Quando a nação finalmente caiu
nas mãos dos babilónicos, Jeremias foi
204 S íntese dos Livros da Bíblia

a pagar fosse alto. Por esta razão, é um irmã, não o meu irmão, mas eu, ó Senhor,
monumento para todas as épocas, de como necessitado de oração".
viver quando as trevas nos circundam. Jeremias também insistiu com Judá para
O alicerce da mensagem de Jeremias era a confiarem apenas em Deus. O povo vinha
sua concepção de Deus como o único confiando há muito tempo nas suas
criador e soberano de tudo que existe. Deus habilidades militares, no seu dinheiro e até
age de acordo com a sua vontade, conhece em sua própria religiosidade. Achavam que a
os corações humanos, ajuda os que nEle simples presença nos serviços religiosos já
confiam e ama os que são seus. Porém, exige bastava para agradar a Deus. Foi um grande
que seu povo responda em espírito de choque saberem que Deus não se
obediência e fé. Em vista de Deus saber o impressionava com o dinheiro que tinham ou
que faz, a situação desesperada em que se "iam à igreja" ou não. Jeremias disse que
Judá se encontrava não estava fora de seu Deus não admitia rivais.
conhecimento ou plano. Se tão somente o Finalmente, Jeremias se opôs à falsa religião
aceitassem como Senhor, e também o seu e aos pregadores de sua época. A verdade
juízo sobre eles, Deus se manifestaria como deve existir em nossos corações. Algum dia,
seu libertador na hora oportuna. Deus faria uma nova aliança com o seu povo
Um segundo ponto enfatizado por Jeremias, (31.31) e escreveria a lei em suas vidas e
era a responsabilidade humana relacionada não em tábuas de pedra. Jesus veio para
com Deus. O povo não podia culpar introduzir essa nova aliança e estabelecer a
ninguém, a não ser a si mesmo. Eles estavam verdadeira religião para sempre.
tentando acusar os pais, as nações vizinhas,
os profetas que apontavam os seus pecados
Esboço
ou até Deus - mas nunca a si mesmos.
1 .0 c h a m a d o d e Je re m ias 1. 1-19
Jeremias desejava que percebessem que a
2 . D e sc riç ã o d o s p e ca d o s d e Ju d á 2 . 1- 13.27
restauração só pode vir quando aceitamos o
3 . M inistério d e Je re m ias em Ju d á 14.1 - 33.26
fato de que somos responsáveis por nossas
4 . Je re m ia s e o s últim os d ia s d e Ju d á 34 . 1- 39.18
vidas. Certamente, todos esses fatos podem
5 . Jerem ias a p ó s a q u e d a d e Jerusalém 40 . 1- 41.18
influenciar, mas não devem ser usados como
ó . 0 e x ílio d e Je re m ias no Egito 42 . 1- 52.34
desculpas pelos nossos erros. "Não a minha

À direita: A moderna Jerusalém. Jeremias


advertiu Judá da destruição iminente
de Jerusalém pela Babilônia.
Antigo Testamento 2 0 7

Lamentações foi escrito para deplorar esses


Lamentações Í
terríveis fatos.

Temas Teológicos
Autor: Jeremias
O espírito do livro de Lamentações
Data: século VI a.C.
ultrapassa a idéia de chorar sobre o
Conteúdo passado. Temos aqui uma advertência
Embora o livro de Lamentações continue implícita de que transgredir é convidar o
anônimo, nunca houve qualquer dúvida de desastre. Os profetas haviam predito que
que Jeremias fosse o seu autor. Foi escrito por Deus julgaria os pecados do seu povo caso
uma testemunha ocular que lamentava a não se arrependessem. Agora, as cinzas da
destruição de Jerusalém - origem do nome, cidade eram um testemunho de que Deus
Lamentações. E um cântico fúnebre, escrito Durante séculos os judeus têm lido Lamentações no
no ritmo e estilo que lhe é peculiar, semelhante muro Ocidental.
ao das tristonhas canções judias. A primeira
linha da dupla de versos tem três partes e a
segunda apenas duas (A,B,C; A 1 , B').A
repetição deste ritmo, com o terceiro elemento
omitido sistematicamente, conhecido desde os
tempos antigos como ritmo kinah, é um lembrete
estilístico da ausência do ser amado, neste
caso, a cidade de Jerusalém.
E difícil imaginarmos o que representou a
queda de Jerusalém para os judeus do
Antigo Testamento, pois a maioria jamais
experimentou uma perda tão severa. Para
eles significava perder tudo: Templo,
sacerdócio, sistema sacrificial, capital, nação
e, na maioria dos casos, grande número de
entes queridos. Para os sobreviventes da
destruição, significou mais que uma marcha
forçada de cerca de 2.700 quilômetros até a
Babilônia, onde tiveram de viver no exílio,
subjugados por servidão e miséria.

À esquerda: jovem judeu celebra seu Bar Mitzvah


em frente ao muro Ocidental, Jerusalém.
A submissão dos israelitas: relevo ossírio.

havia falado e fora fiel à sua palavra. Sendo perde a esperança. O povo ainda pode
assim, a história não só foi uma vindicação confiar em Deus e receber o seu perdão.
de Deus e da sua justiça, como também uma Deus é o detentor das misericórdias que se
declaração da ira de Deus, conceito bem renovam a cada manhã e de grande
pouco popular. A maioria das pessoas fidelidade (3.19-39). Vemos o valor da
prefere enfatizar o lado terno de Deus, e isso paciência, oração e confissão do pecado.
está correto, mas não deve obscurecer um Deus não guarda ressentimentos e está
fato: de Deus não se zomba. Deus interferirá disposto a recomeçar na hora em que
quando, indiferentes à justiça, ignorarmos as estivermos prontos a reconhecer nossos erros
necessidades dos que nos rodeiam. A partir e submeter-nos a Ele novamente.
da Idade Média, os judeus passaram a ler
este livro nas noites de sábado, junto ao Esboço
muro das Lamentações em Jerusalém, 1. A desolação e tristeza de Judá 1.1-22
rememorando a queda da cidade. E uma 2. A vindicação de Deus 2.1-11
triste lembrança de que rebelar-se contra 3. A esperança de Judá na misericórdia de Deus
Deus não compensa. 3.1-66
Entretanto, Lamentações tem outro lado. 4. A glória futura de Judá 4.1-22
Apesar de abatida, a nação de Judá não 5. Oração final 5.1-22
Antigo Testamento 2 0 9

detalhe acontecimentos em Jerusalém, embora


Ezequiel estivesse a 1.300 quilômetros de distância;
terceiro, era um homem corajoso e decidido,
Autor: Ezequiel não desanimou com a rejeição da sua
Data: século VI a.C. mensagem, mas continuou pregando a
verdade. Quando foi finalmente vindicado, não
Conteúdo se regozijou - mas seguiu cumprindo a tarefa
Ezequiel nasceu em alguma época perto do que lhe fora dada por Deus.
final da existência de Judá como nação, talvez Ezequiel estabeleceu para si mesmo uma
já em 620 a.C. Ele era de uma família de missão interessante como profeta para a nação.
sacerdotes, mas Deus o chamou para ser Ele se viu como pastor, vigia e defensor de
profeta. Ezequiel foi deportado para a Deus. Como pastor, sua tarefa era vigiar o
Babilônia em 597, juntamente com o rei povo, cuidar dele do lado de dentro do redil.
Joaquim, e colocado na cidade de Tel-Abibe Viu depois a si mesmo, como um símbolo do
junto ao rio Quebar. Cinco anos mais tarde, grande Pastor que viria, o Messias, Jesus Cristo.
recebeu um chamado formal para tornar-se Como vigia, deveria advertir sobre o juízo
profeta dos exilados e dos judeus vindouro. Assim como o policial perscruta a
remanescentes em Jerusalém, embora nunca escuridão da noite para ver quando o inimigo
fosse na verdade até lá. Não sabemos quanto se aproxima, Ezequiel observou a escuridão do
tempo viveu, mas foram pelo menos outros 22 tempo e gritou que o juízo estava chegando.
anos (29.17). A mensagem de Ezequiel foi, a Como defensor de Deus, ele explicou que a
princípio, rejeitada; porém, mais tarde, quando nação caiu porque o povo era pecador.
chegou um mensageiro de Jerusalém Temas Teológicos
anunciando que a cidade caíra, o povo No âmago da mensagem de Ezequiel está a
começou a ouvir. As profecias de Ezequiel transcendência de Deus. A primeira visão do
tinham sido cumpridas (33.21). Ele se pôs então profeta, com toda a sua estranha sucessão de
a pregar a próxima restauração, da mesma imagens e figuras, enfatiza isto. Deus está tão
forma que se dedicara antes à pregação do acima da sua criação que palavras não podem
juízo que estava para vir. descrevê-lo plenamente. Como resultado,
Ezequiel era uma pessoa extraordinária em estranhas figuras de linguagem são necessárias
pelo menos três aspectos: primeiro, ele tinha para transmitir a mensagem de que Deus é
poderes notáveis de imaginação, que podem exaltado sobre a criação. Ezequiel esgota seus
ser observados nas suas descrições dos seres poderes descritivos, tentando explicar como
celestiais e da época futura; segundo, possuía Deus é. No final desta magnificente visão do
dons sobrenaturais que lhe permitiram ver em capítulo 1, é importante notar que Ezequiel
0 Domo da Rocha, Jerusalém, construído sobre o local do Templo.

prostra-se diante do Senhor para adorá-lo. o seu Templo, desrespeitara o sábado, dera
Ezequiel também enfatiza o Espírito de Deus. ouvidos a falsos profetas, se entregara a
Os outros profetas haviam usado a frase "a impurezas e contaminações e entrara em
palavra do Senhor" para enfatizar a presença e alianças com estrangeiros.
a atividade divinas. Ezequiel diz que o Espírito No final, Ezequiel entrega uma mensagem de
de Deus o guia. O propósito dessa direção do restauração. A nação se levantaria das cinzas
Espírito é dar ao povo uma mensagem que o da morte, como um corpo morto da sepultura.
leve a Deus. O problema deles é terem se A esperança é vividamente retratada na visão
afastado de Deus, e não mais o conheciam. dos ossos secos (cap. 37). Uma nova era vai
Eles sabiam coisas sobre Deus, mas não tiveram chegar, na qual Deus reinará supremo.
um encontro pessoal com Ele. Conhecer Deus
neste sentido é reconhecer a Deus como Esboço
Soberano da História e Senhor de todos. Deus 1. Profecias de condenação para Judá e Jerusalém
deve ser reconhecido como o nosso Deus.
1.1-24.2/
Ezequiel trouxe também uma mensagem de
2. Mensagens às nações pagãs 25.1-32.32
juízo. O juízo de Deus deveria recair sobre a
3. A renovação da vida e da era ideal 33.1 -39.29
nação, porque Judá pecara contra o Senhor.
4 .0 novo templo e a nova era 40.1 -48.35
Judá desobedecera às leis de Deus, profanara
c Antigo Testamento 211

parede durante um banquete. Daniel


Daniel manteve esse posto durante os reinados
subseqüentes de Dario e Ciro, o persa.
Autor: Daniel Daniel foi evidentemente um homem
Data: século VI a.C. inteligente e reto, em quem até os pagãos em
posições elevadas confiavam. Ele foi
protegido por Deus de maneira milagrosa e
Conteúdo
pôde escrever um livro como este. Nada
0 nome Daniel significa "Deus é meu juiz".
sabemos sobre os seus últimos anos de vida e
Ele era descendente da realeza ou de uma
a sua morte.
família importante de Jerusalém. Daniel foi
O livro de Daniel consiste, principalmente, de
levado para o cativeiro por Nabucodonosor,
uma série de sonhos proféticos e visões. Ele
durante o reinado de Jeoaquim, ou seja,
contém algum material histórico, mais como
antes da queda de Jerusalém em 587 a.C.
pano de fundo para o material profético.
Em vista de suas qualidades serem
Daniel interpreta o primeiro sonho de
reconhecidas, foi permitido que estudasse na
Nabucodonosor (2.1-49), como significando
Babilônia junto com outros jovens babilônios.
Ele estudou linguagem e ciências,
Dario I.
provavelmente em preparação para o serviço
do rei. Durante esse período de treinamento,
o superior de Daniel permitiu que ele fizesse
uma dieta de vegetais e água, em vez de
comer comida pesada e vinho. A dedicação
de Daniel fez dele um estudante melhor que
seus colegas babilônios.
No segundo ano do seu reinado,
Nabudonosor teve um sonho que só Daniel
pôde interpretar. Como resultado, foi dado a
ele um cargo de autoridade sobre os
cientistas babilônios (mágicos). Depois da
morte de Nabucodonosor (562 a.C.), Daniel,
aparentemente, perdeu o cargo por causa da
mudança do governo. Durante o reinado de
Belsazar, porém, Daniel voltou ao governo
como terceiro governador-em-chefe, depois
de interpretar um escrito misterioso na
212 Síntese dos Livros da Bíblia

que quatro grandes reinos iriam cair. A humanos. Isto não significa que não
segunda visão de Nabucodonosor (4.1-37) tenhamos liberdade para agir, mas sim que
ressalta a sua vaidade e orgulho. Deus opera em nossas escolhas e por meio
O sonho de Daniel (7.1-28) se compara de delas. Isto nos dá confiança para viver,
muitas formas ao primeiro sonho de porque, em última análise, ninguém pode
Nabucodonosor, só que animais fantásticos desafiar a Deus sem sofrer as conseqüências.
representam os reinos do mundo, em vez de Deus continua no trono. Terceiro, o mal será
metais diversos numa estátua gigantesca. finalmente vencido. Embora os inimigos de
Neste sonho, aparece uma figura chamada Deus possam parecer, às vezes, superiores
de "filho do homem" (v. 13). (No Novo na História, o capítulo final não foi ainda
Testamento, Jesus usa este termo com escrito. Quando isto acontecer, Deus sairá
referência a si mesmo.) vencedor, juntamente com aqueles que
Daniel tem outra visão (9.24-27), talvez a decidiram viver para Ele. Finalmente, o
mais importante do livro. Ela fala de uma Messias de Deus, Jesus, é vital em seu plano
época em que a obra de Deus seria para o mundo; Daniel recebeu uma
completada. Muitos cristãos consideram esta revelação desse mistério redentor.
profecia cumprida por Cristo, aquEle que
expiou a iniqüidade e trará a justiça eterna.
Daniel tem outras visões (8.1-27; 11.2-20;
11.21-12.3), também proféticas, tratando de
Esboço
eventos da história do mundo.
1. A vida na Babilônia 1.1-2
Temas Teológicos 2. Primeiras visões na Babilônia 2.1 -6.28
Podemos ver quatro elementos na mensagem 3. Visão de Daniel sobre os impérios do mundo
de Daniel: primeiro, Deus é onisciente. Ele 7.1-8.27
pode predizer eventos futuros e revelou 4. Visões de Daniel sobre a História e a
alguns desses segredos aos profetas. salvação 9.1-12.13
Segundo, Deus controla os assuntos

À direita: Reconstrução em menor escala da famosa


porta de Istar, na Babilônia.
Antigo Testamento 2 1

Oséias. Quando o profeta refletiu sobre o


Oséias sofrimento de sua situação conjugal, lembrou-se
da dor que a nação infiel infligira a Deus. Assim
Autor: Oséias como Oséias amava a Gomer, apesar da sua
Data: século VIII a.C. infidelidade, Deus também amava Israel.
Depois de seis anos, Gomer saiu de casa para
Conteúdo
se tornar prostituta. Oséias, porém, continuou a
se importar com ela. Depois de algum tempo,
Oséias foi profeta para o Reino do Norte,
ela chegou ao ponto de ser vendida como
Israel, durante cerca de cinqüenta anos. O
escrava. Para que isso não acontecesse, Oséias
seu ministério começou durante o reinado de
Jeroboão II, fazendo dele um comprou-a e a levou de volta para casa.
O livro consiste de duas partes desiguais. A
contemporâneo de Amós, que também
primeira, 1 - 3, é quase toda biográfica,
pregou no Norte, e de Isaías e Miquéias,
detalhando os eventos da vida atribulada de
que pregaram para o Reino do Sul, Judá.
Oséias viveu para ver a queda de sua nação Oséias. Os pensamentos são difíceis de seguir,
porque a narração consiste de uma mistura das
nas mãos dos assírios em 722 a.C.
palavras de Oséias à mulher, das de Deus à
A vida familiar infeliz de Oséias tornou-se um
nação e uma combinação de ambas. A
modelo trágico para a sua mensagem profética.
Ele casou-se com uma mulher, (Gomer) com os segunda parte, capítulos 4 -14, consiste de
discursos, reflexões, profecias, notas de sermão,
mais altos ideais para o casamento. Oséias 1.2
comentários e pronunciamentos de
diz: "uma mulher de prostituições", mas isto é
em retrospecto, considerando o que ela se condenação. Por não serem datadas, é difícil
saber se essas coisas sucederam antes ou
tornara nessa época, e não o que era quando
depois da queda de Samaria em 722. E
se casou. Se fosse impura no início, a analogia
provável que algumas sejam anteriores, e
com Israel não seria adequada - a nação de
outras, posteriores.
Israel era pura e tornou-se impura, como
aconteceu com Gomer. Seu primeiro filho, um
Temas Teológicos
menino, foi simbolicamente chamado Jezreel,
A mensagem de Oséias enfatiza a firmeza do
apontando para o juízo vindouro. O segundo,
amor de Deus, que continua a se importar com
uma filha, recebeu o nome de Lo-Ruama
o seu povo, apesar de todas as provocações
("aquela que não conheceu o amor do pai"),
imagináveis. Não havia simplesmente razão
não era de Oséias, e o pai jamais seria
para Deus continuar amando o seu povo, mas
conhecido. O terceiro, um filho chamado Lo-
Ele fez isso movido pelo seu amor fiel. Uma
Ami ("Não-Meu-Povo"), também não era de
comovente ilustração disto pode ser encontrada
À esquerda: Mulheres árabes no mercado de em 11.1-4. Um segundo tema mostra que Deus
Belém. toma a iniciativa nos tratos com o seu povo.
216 Síntese dos Livros da Bíblia

Graça é misericórdia estendida aos que não a caso, significa compreensão, e não tanto a
merecem. Como Gomer, Israel também não recapitulação de fatos. Israel não compreendia
era qualificado. Terceiro, Oséias enfatiza a absolutamente Deus. Nem Gomer entendia
realidade e enormidade do pecado de Israel. Oséias. Quinto, o arrependimento deve
Ele não estava cego para o fato de as ações preceder a renovação. Deus pede que Israel
de Gomer e Israel serem erradas e não podia reconheça o seu pecado e volte para Ele.
ignorar isto em nome de um sentimentalismo
confundido com amor. O verdadeiro amor vê o
Esboço
que está realmente em jogo e chama as coisas
1. A vida de Oséias como profecia 2.2-3.5
pelo nome certo. O que Israel e Gomer
2. A mensagem de Oséias sobre o juízo
estavam fazendo era pecado, e este iria
para Israel 4.1-13.16
finalmente destruí-los. Quarto, o problema
básico de Israel está em terem "rejeitado o 3. Promessa de bênção, caso Israel se
conhecimento" (4.6). Conhecimento, neste arrependa 14.1-9

Deus prometeu que o povo de Israel iria brotar como flores (Os 14.5).
Antigo Testamento 2 1 7

Joel
Autor: Joel
Data: provavelmente século VIII a.C.

Conteúdo
Pouco se sabe sobre o profeta Joel, exceto
que o nome de seu pai era Petuel. Ele viveu,
provavelmente, em Jerusalém e profetizou
para o Reino do Norte, Judá. Seu livro tem
sido considerado o primeiro profético escrito,
o último, ou escrito em qualquer ponto entre
essas duas épocas. Joel se esforça para
harmonizar seu ritmo às suas sentenças. Seu
livro é uma das peças literárias mais
elegantes do Antigo Testamento.
Uma atmosfera de juízo iminente domina esta
profecia. As principais nações do mundo,
Babilônia e Assíria, não são mencionadas;
cabe-nos então adivinhar a quem Joel se
refere, quando pensa no juízo vindouro. Uma
praga de gafanhotos acabara de varrer a
Deus prometeu restaurar seu povo a uma
terra, proporcionando um pano de fundo terra fértil.
para as visões de condenação de Joel.
associado com o fim dos tempos. Esta dupla
Quando o livro começa, ouvimos o som de
abordagem oferece ao estudioso da Bíblia
um poderoso exército de insetos devastando
um exemplo excelente, conhecido como
a vegetação.
"síntese profética". Dois eventos futuros,
Temas Teológicos embora separados por muitos anos, são
Usando a praga de gafanhotos como mencionados como se fossem um só. Joel
exemplo, Joel medita sobre a ira vindoura de chama à praga de gafanhotos "Dia do
Deus. Suas palavras se referem à existência Senhor" (1.15-2.1,2,31). Um segundo tema
presente de Judá, mas depois se desviam em Joel é que, depois do juízo, um tempo de
para discutir um juízo futuro, geralmente prosperidade abençoada pode ser esperado
218 S íntese dos Livros da Bíblia

(3.17,18). Como os outros profetas de Israel e futuro do Espírito Santo (2.28-31). O


Judá, Joel enfatiza que Deus está pronto a apóstolo Pedro cita, mais tarde, esses versos
perdoar, se o povo se arrepender. Deus é da profecia de Joel como uma predição do
misericordioso e compassivo, tardio em irar- dia de Pentecostes (At 2.16-21).
se e fiel em seu generoso amor. Se os
contemporâneos de Joel mudassem Esboço
realmente as suas vidas e atitudes ("rasgai o 1. A praga de gafanhotos e o juízo de Deus
vosso coração, e não as vossas vestes"), 1.1-2.27
Deus iria suspender o juízo sobre eles (2.13). 2 .0 dia do Senhor: bêncão e juízo
Joel prevê finalmente um derramamento 2.28-4.21

Amós surgiu em meio a essa situação. Ele


Amós não era tecnicamente um profeta, nem
membro de qualquer comunidade profética.
Autor: Amós Pelo contrário, Deus o chamou para deixar a
Data: século VIII a.C. sua ocupação de pastor e cultivador de
árvores, a fim de tornar conhecida a vontade
Conteúdo de Deus para Israel. O fato de ser de uma
Amós profetizou durante os reinados de cidadezinha (Tecoa) do Sul (Judá) e não ter
Uzias em Judá (767-739 a.C.) ejeroboão II educação formal tornou a sua missão no
em Israel (782-753). Israel estava prestes a Norte (Israel) bem mais difícil. Ele foi expulso
cair nas mãos dos assírios (722), exatamente do país, quando afirmou que Deus não se
trinta anos após a pregação de Amós. impressionava com demonstrações piedosas
Os cinqüenta anos que precederam Amós superficiais, despidas de conteúdo moral.
foram de relativa calma e prosperidade para Devido à sua coragem, Amós é lembrado
Israel e Judá. As rotas comerciais haviam sido como modelo de perseverança no seu
estabelecidas através da terra, o comércio chamado, em meio à adversidade.
florescia, a riqueza aumentava e a paz
Temas Teológicos
predominava. Em meio a essa aparente
Amós descreve Deus como o Soberano da
prosperidade, porém, um mal interno estava
história passada, presente e futura. Deus, diz
se desenvolvendo. Os pobres eram
oprimidos, os fracos intimidados, a justiça
ignorada. A religião era uma farsa, e a À direita: Amós trabalhou como pastor antes de
corrupção, um estilo de vida. receber seu chamado de profeta.
220 Síntese dos Livros da Bíblia

ele, é justo, paciente, longânimo e imparcial. Amós chama atenção para o juízo vindouro;
Deus busca comunhão com o seu povo e o Senhor rugirá de Sião e o povo se
exige uma vida justa da parte deste. Amós encolherá de medo. Além de tudo isso, em
esforça-se em todo o livro (basicamente meio a uma série de pronunciamentos sobre
composto de sermões) para ressaltar que a a ira vindoura, Amós diz que Deus chora
graça de Deus foi mostrada a Israel e como sobre os pecados do povo, não se alegra em
Israel a ignorou. Ele escolheu Israel para uma enviar juízo e oferece-lhes arrependimento.
bênção especial; deu-lhes a lei, estabeleceu Mas o profeta não se mostra claramente
um lugar de adoração no Templo e instituiu o otimista com relação à perspectiva de
sistema de sacrifícios; combateu com eles; verdadeiro arrependimento por parte de
operou milagres; guiou-os no deserto; Israel.
preparou um lugar para eles em Canaã; No final, Amós transmite à nação as
enviou-lhes profetas e líderes especiais exigências de Deus. Eles não devem mais
(nazireus); concedeu-lhes riqueza, alimento, levar sacrifícios ou ofertas ao Templo, mas
roupas e casas; fez com que os negócios e o sim procurar a justiça, a bondade, a
comércio prosperassem, e deu a eles a sua honestidade e o bem-estar de todo o povo. O
palavra. juízo deverá correr como um rio, e a justiça,
Amós lista os pecados de Israel, como o ribeiro perene (5.24).
descrevendo-os como culpados de
crueldade, genocídio, desonestidade, ira,
cobiça, desobediência à lei, excessos
sexuais, profanação dos mortos, rejeição aos
Esboço
profetas, violência, roubo, egoísmo, injustiça,
1. 0 juízo sobre as nações 1.1-2.16
engano e orgulho. Amós salienta que tal
2. Três sermões proféticos 3.1-6.14
comportamento é autodestrutivo. O pecado é
3. As visões de Amós 7.1 -8.8
contrário à vontade de Deus e não deixará
de ser castigado por Ele. 4. Epílogo 8.9-9.15
Antigo Testamento 221

Sela e Bozra. Temã, mencionada por


Obadias Obadias, ficava ao sul de Edom. Algumas
vezes, o país inteiro é chamado "monte de
Autor: Obadias Esaú", em contraste com o monte Sião, que
Data: século VI a.C. representava Jerusalém ou Judá.
Quando os babilônios chegaram, Edom
enxergou a sua oportunidade. Os edomitas
Conteúdo
entraram junto com os babilônios, deixando
Obadias, o livro mais curto do Antigo
que estes lutassem por eles, e depois
Testamento, trata da relação entre Judá e seu
tomaram para si o que quiseram. Esse
vizinho ao sul, Edom. Obadias está
comportamento atraiu sobre o povo o
profetizando a queda de Edom, por causa
desprezo do profeta e o castigo de Deus.
do tratamento desumano estendido a Judá. O
Edom estava destinado a cair, disse Obadias,
fato de os dois povos serem parentes
e realmente caiu em 312 a.C. As duas
distantes é importante para compreender o
nações foram destruídas pelos seus pecados.
livro. Esaú, de quem os edomitas
Judá, porém, aprenderia a sua lição e
descendiam, era irmão dejacó, ancestral
voltaria para um novo começo. Edom
dos judaítas. Esaú era o herdeiro legítimo da
permaneceria um montão de escombros para
bênção do pai, Isaque, mas vendeu-a por um
sempre.
prato de lentilhas. Jacó, embora enganador,
foi quem recebeu a bênção. Por causa do Temas Teológicos
seu ato, Esaú tornou-se em Judá um símbolo A mensagem de Obadias é simples. Edom
da pessoa profana, insensível aos valores será destruída pela sua indiferença, covardia
espirituais. e orgulho, como acontecerá com todos os
Os descendentes de Judá se estabeleceram que viverem em desafio a Deus.
ao norte do lugar em que moravam os
descendentes de Esaú, e as relações entre os
dois grupos jamais foram cordiais. Havia Esboço
conflitos freqüentes nas fronteiras entre os 1. P ro fe cia c o n tra E d o m 1-14
dois países, geralmente com a vitória de 2 . 0 d ia d o S e n h o r e a b ê n ç ã o d e J u d á 15-21
Judá. As principais cidades de Edom eram
222 Síntese dos Livros da Bíblia

Jonas Fundada muitos séculos antes, Nínive tinha o


nome de uma deusa, Istar, ou Nina. Em
Autor: Jonas Gênesis 10.11, lemos que Ninrode foi quem
Data: século VIII a.C. lançou os seus fundamentos.
Descobertas arqueológicas confirmaram que
Conteúdo o sítio tem sido ocupado desde os tempos
O profeta Jonas é, conhecido pelo seu pré-históricos. A cidade era importante já em
encontro extraordinário com o "grande peixe". 1800 a.C. Tanto Assurbanipal II (883-859
Nascido numa pequena cidade de Israel, a.C.) como Sargão II (722-705 a.C.)
durante o reinado de Jeroboão II (782-753 mantinham palácios ali. Senaqueribe
a.C.j, a missão de Jonas era pregar o (705-681 a.C.) reconstruiu a cidade, seus
arrependimento a um dos mais terríveis muros e o suprimento de água. Dentro dos
muros havia prédios administrativos, parques,
inimigos de Israel, a Assíria, na sua capital,
residências particulares, templos, estátuas
Nínive.
Jonas tomou um navio em Jope (a moderna Haifa) em vez de ir para Nínive.
Antigo Testamento 223

comemorando vitórias dos assírios e palácios. livro parece histórico, contendo o nome do
Relatos da história assíria e de sua política profeta, e os eventos da sua vida são
exterior foram redigidos e guardados em cuidadosamente descritos. Não se nega que foi
bibliotecas públicas. No auge do seu poder, necessário um milagre para que Jonas pudesse
Nínive tinha uma muralha de mais de 112 sobreviver à longa permanência no interior do
quilômetros de comprimento cercando seus peixe. Se Deus pôde criar o mundo, os peixes e
175 mil habitantes. Jonas, ele certamente podia resolver um assunto
Quando Deus ordenou a Jonas que deixasse como esse (1.17). E interessante notar que há
sua cidade natal em Israel e fosse pregar em registro de casos de pescadores serem
Nínive, ele ficou furioso. Por que Deus engolidos por peixes e sobreviverem, até
deveria se preocupar com aqueles pagãos? mesmo em nossos dias. Outros argumentos
Jonas tomou, então, deliberadamente, um usados contra o livro, tal como o tamanho da
navio que seguia em direção oposta. Uma cidade ou a improbabilidade de ela se
grande tempestade desencadeou-se, e Jonas arrepender, são mais aparentes que reais. A
aceitou a responsabilidade pelo perigo, arqueologia mostrou que a cidade era bem
pedindo para ser atirado ao mar. Um grande grande, e quem pode dizer se eles se
peixe (talvez uma baleia, embora não arrependeram ou não? Levando tudo em conta,
possamos ter certeza) o engoliu e depois de é melhor aceitar o livro como um relato
três dias o lançou em terra. Percebendo o seu surpreendente mas verdadeiro da oferta divina
erro, Jonas foi pregar em Nínive. Quando o de arrependimento à nação assíria em Nínive.
povo da cidade se arrependeu, em vez de
Temas Teológicos
alegrar-se Jonas saiu da cidade, seguindo
O propósito do livro de Jonas é claramente
para o campo, extremamente ressentido.
declarado: "E não hei de eu ter compaixão
Deus deu-lhe então uma lição, usando uma
da grande cidade de Nínive?" (4.11). A
planta. O ponto era este: se Jonas podia
compaixão de Deus por todas as pessoas,
sentir pena de uma simples plantinha, não
até mesmo pelos inimigos de Israel, faz parte
deveria Deus compadecer-se de uma cidade
da essência do livro.
inteira, cheia de gente?
Grande parte da discussão ligada ao livro de
Esboço
Jonas refere-se a esses eventos terem ou não
realmente sucedido. Alguns argumentam que a 1. A recusa de Jonas em obedecer
narrativa se parece com uma parábola à ordem de Deus 1.1-17
ampliada, não devendo então ser aceita 2 .0 arrependimento de Jonas 2.1-3.10
literalmente. Os rabinos usavam com freqüência 3. 0 remorso de Jonas com o fato de a cidade
auxiliares de ensino, como as parábolas, da ter aceito a Deus 4.1-10
mesma forma que Jesus. Outros acreditam que é 4. A compaixão de Deus por Nínive 4.11
melhor deixar que o relato fale por si mesmo. O
Livros dos Profetas
Profeta Falou a Mensagem
Profetas Pré-exílicos (9 3 1 -5 8 6 )
Joel* Judá Joel prega a humildade nacional e pessoal e o
arrependimento, dizendo que a destruição aguarda
os perversos no Dia do Senhor, mas o Espírito
será derramado sobre os fiéis.
Jonas Nínive Jonas profetiza contra a perversa nação gentia
de Nínive, e Deus aceita o arrependimento dos
ninivitas, demonstrando a extensão do seu amor
e misericórdia.
Amós Israel Amós pronuncia juízo contra Israel por causa da
sua injustiça social, decadência moral,
apostasia e falta de interesse pelos
necessitados.
Isaías Judá Isaías adverte do juízo, porque o cuidado de
Judá com o ritual religioso não está associado
ao amor pelos outros e à santidade diante de Deus.
Ele oferece esperança através do Servo sofredor
que virá.
Miquéias Judá Miquéias adverte que a corrupção da nação irá
trazer juízo iminente, mas consola o povo com a
promessa do futuro reino messiânico.
Oséias Israel A infidelidade da mulher de Oséias ilustra a
infidelidade de Israel a Deus. Oséias convida a
nação a voltar ao primeiro amor.
Naum Nínive Um século depois do arrependimento de Nínive,
Naum proclama a condenação por causa do seu
orgulho, opressão e idolatria sem precedentes.
Sofonias Judá Sofonias fala de um juízo universal, a começar
em Judá, todavia conclui a sua mensagem com uma
promessa de restauração.
Profeta Falou a Mensagem

Habacuque Judá Habacuque fica sabendo que Deus castigará Judá,


usando os cruéis caldeus, e que, quaisquer que sejam
as circunstâncias, os justos sempre vivem na
fidelidade de Deus.
Jeremias Judá Jeremias conta ao povo de Judá que o juízo os
aguarda, porque abandonaram o seu primeiro amor,
esquecendo a sua aliança com Deus.

Profetas do Exílio (586-639


Obadias* Edom Obadias prediz a destruição de Edom como castigo
pelos pecados contra Israel. Nem sequer
a sua fortaleza na montanha, supostamente
inexpugnável, irá protegê-los.
Daniel Babilônia Daniel prediz o juízo e queda dos poderes do
mundo gentio, assim como o futuro livramento do
povo de Deus.
Ezequiel Exilados Ezequiel tem uma mensagem de destruição para
Jerusalém. Mais tarde, depois da conquista de
Judá pela Babilônia, Ezequiel fala aos exilados
sobre a esperança no futuro reino messiânico.

Profetas Pós-exílio (539-400)


Ageu Judá Ageu censura os exilados que voltaram, por
concentrarem seus esforços na prosperidade
pessoal, em vez de reconstruírem primeiro o
Templo e restabelecerem as ofertas sacerdotais.
Zacarias Judá Zacarias leva o povo para além da reconstrução
do templo, em direção à reconstrução espiritual
do indivíduo, embora, advertindo, que o reino
messiânico se acha num futuro distante.
Malaquias Judá Malaquias adverte uma Judá letárgica e espiritualmente
indiferente: o povo deve arrepender-se e obedecer
humildemente a Deus em vista do Dia do Senhor estar
próximo, quando os perversos serão julgados.
* Data desconhecida
226 Síntese dos Livros da Bíblia

O ministério de Miquéias se realizou nos


Miquéias reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, mais ou
menos paralelo ao de Isaías. Ele viveu para
Autor: Miquéias assistir à chegada do exército assírio, a
Data: século VIII a.C. queda de Damasco na Síria, a guerra entre
Israel e Judá, a conquista da Galiléia, a
Conteúdo destruição de Samaria e do Reino do Norte,
Miquéias nasceu na cidadezinha de a derrota do Egito por Sargão. Foi um
Moresete, em Judá, cerca de quarenta período de inquietação e turbulência.
quilômetros a sudoeste de Jerusalém. Perto O livro de Miquéias é uma coleção de
dela, ficava uma importante estrada costeira, sermões e profecias, em sua maior parte
no sentido norte-sul, do Egito para a arranjado por tópicos, em vez de pela data
Mesopotamia, ao longo da qual passavam em que foram feitos. O estilo é variado,
os exércitos da Antiguidade. dependendo do tempo e das circunstâncias.

Concepção de um artista sobre o cerco de Laquis por Senaqueribe.


Antigo Testamento 2 2 7

Algumas vezes, Miquéias é áspero e Temas Teológicos


vigoroso, outras vezes, terno e compassivo. Miquéias apresenta uma mensagem de juízo.
Sua linguagem é sempre direta e poderosa. Deus trará o juízo sobre a terra para destruí-
A mensagem de Miquéias é dirigida la, se ela não emendar os seus caminhos
principalmente a Judá, o Reino do Sul, (3.12). Um século mais tarde, Jeremias
embora mencione Israel e as nações lembra essas palavras em sua profecia
circunjacentes. Ele está especialmente (26.18).
interessado em defender os oprimidos. Miquéias faz também um dos relatos mais
Miquéias vê uma sociedade em que os ricos detalhados do Antigo Testamento sobre a
proprietários de terras se aproveitam dos vinda do Messias (5.2-15). O redentor virá
pobres, oprimindo-os sem misericórdia. de Belém e será um ser humano (isto é,., não
Fazendeiros, camponeses e pequenos será um anjo). Ele pré-existe desde a
proprietários são perseguidos pelos que têm eternidade, reunirá um grupo de crentes
ligações com pessoas em cargos elevados. justos, introduzirá um reino de justiça na terra
Tal abuso de poder é severamente criticado e cuidará dos necessitados. O Novo
por Miquéias. Embora o profeta proceda de Testamento vê isto cumprido em Jesus Cristo.
uma zona rural, ele conhece muito bem a Miquéias proclama um reino universal de
corrupção da vida citadina e acusa paz, que será para todos. As espadas serão
especificamente Jerusalém. Ele considera a convertidas em enxadas, e as lanças, em
cidade um símbolo da corrupção nacional: foices. Será uma época de paz,
tribunais, funcionários do governo, líderes prosperidade e fartura (4.1-5). Deus reinará
religiosos, todos são corruptos. sobre tudo, e a guerra deixará de existir.
A base da mensagem de Miquéias é a
justiça de Deus, bastante parecida com a
ênfase da pregação do profeta Amós em
Israel. Miquéias ressalta que Deus exige Esboço
ações retas da nossa parte, e não apenas 1. A ira vindoura 1.1-16
uma aparência exterior de retidão. Em um 2. 0 juízo sobre os malfeitores 2.1-3.12
dos versos mais conhecidos do Antigo
3. Bênção futura 4.1-5
Testamento, o profeta resume o que Deus
4. Profecias de bênção e juízo 4.6-5.1
requer de nós: prática da justiça, amor à
5 .0 Messias que virá 5.2-15
benevolência e andar humilde diante de
ó. Deus confronta a nação 6.1 -7.20
Deus.
228 S íntese dos Livros da Bíblia

governo, e Nínive voltou aos seus velhos


Naum caminhos. Deus, então, incumbiu a Naum de
pregar o juízo à capital da Assíria, em alguma
Autor: Naum
época entre 664 a.C. e a queda da cidade em
Data: século V a.C.
612 a.c. Embora sua mensagem fosse dirigida a
Nínive, não há evidência de que Naum tinha
Conteúdo ido até lá pessoalmente.
Naum, nascido em Eicos, em Judá, teve como
principal ministério pregar à cidade de Nínive. Temas Teológicos
Jonas fora enviado por Deus cerca de cem A mensagem de Naum é de juízo iminente
anos antes para pregar o arrependimento aos para os ninivitas. Os pecados deles serão
ninivitas, e grande parte deles respondera punidos, especialmente a idolatria (1.14),
favoravelmente. Nos anos intermediários, arrogância (1.11), homicídio, mentiras,
porém, houve uma grande mudança de traição, superstição e pecados sociais
coração, assim como uma mudança de (3.1-19). A cidade será destruída por causa

Músicos elamitas: relevo de Nínive.

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Antigo Testamento 2 2 9

de todos esses pecados. Nínive era uma disposto a salvar a cidade se eles se
cidade sangrenta (3.1), uma perfeita arrependerem. Deus está sempre buscando o
descrição das terríveis profundezas em que a perdido, é tardio em irar-se (1.3), é bondoso
nação da Assíria afundara. (1.7), é uma fortaleza para os que confiam nEle
A base da mensagem de Naum é que Deus (1.7). Deus tem boas novas para os que
reina por sobre toda a terra, até sobre os quiserem escutar (1.15), um tema mais tarde
que não o reconhecem como Deus. Os discutido pelos escritores do Novo Testamento
deuses e deusas dos ninivitas não eram ao descrever a obra de Jesus e a pregação do
nada, segundo Naum. O único Deus que Evangelho (palavra que significa boas novas).
existe considera que todos devemos prestar
conta de nossos atos, quer saibamos ou
não, quer aceitemos ou não. Só Deus é
Esboço
Deus. Os ninivitas, em breve, veriam que
confiar em ídolos é confiar em madeira e 1. U m a p ro fe c ia d e ju ízo 1. 1-15
pedra. 2 . A q u e d a d e N ín iv e 2 . 1-13
Não obstante, Naum afirma que Deus está 3 . U m a r a z ã o p a r a a q u e d a d e N ín iv e 3 . 1-19

Habacuque tempo, até que Judá sentisse a mão pesada


da Babilônia, e Habacuque, com
discernimento profético, sabia disso.
Habacuque não clama contra os pecados de
Autor: Habacuque
Judá, mas, toca no problema de modo
Data: século VII a.C.
diferente. Por estar convencido de que Deus
é bom e Todo-poderoso, ele se pergunta, em
Conteúdo
voz alta, por que permitia que essas coisas
Habacuque profetizou durante os últimos
acontecessem. E certo que Judá pecara, mas
dias de Judá, justamente antes da sua
Deus era forte o bastante para resolver isso.
destruição pelos babilônios em 587 a.C. No
Então, por que não o fazia? Este tipo de
ano 605, na grande batalha de Carquemis,
abordagem é praticamente desconhecido no
os babilônios derrotaram o que restava do
Antigo Testamento. O livro de Jó considera o
antigo exército assírio e os egípcios. Isto
mal quase desta forma, mas Habacuque é o
abriu o caminho para a Babilônia, como o
único dos profetas que faz isto.
novo poder mundial, exercer sua influência
ao longo da principal rota de comércio, que Temas Teológicos
ia do Crescente Fértil até o Egito e depois Habacuque consegue transmitir sua
atravessava Judá. Era só uma questão de mensagem, usando o método de perguntas e
228 Síntese dos Livros da Bíblia

governo, e Nínive voltou aos seus velhos


Naum caminhos. Deus, então, incumbiu a Naum de
pregar o juízo à capital da Assíria, em alguma
Autor: Naum
época entre 664 a.C. e a queda da cidade em
Data: século VII a.C.
612 a.c. Embora sua mensagem fosse dirigida a
Nínive, não há evidência de que Naum tinha
Conteúdo ido até lá pessoalmente.
Naum, nascido em Elcos, em Judá, teve como
principal ministério pregar à cidade de Nínive. Temas Teológicos
Jonas fora enviado por Deus cerca de cem A mensagem de Naum é de juízo iminente
anos antes para pregar o arrependimento aos para os ninivitas. Os pecados deles serão
ninivitas, e grande parte deles respondera punidos, especialmente a idolatria (1.14),
favoravelmente. Nos anos intermediários, arrogância (1.11), homicídio, mentiras,
porém, houve uma grande mudança de traição, superstição e pecados sociais
coração, assim como uma mudança de (3.1-19). A cidade será destruída por causa

Músicos elamitas: relevo de Nínive.


Antigo Testamento 2 29

de todos esses pecados. Nínive era uma disposto a salvar a cidade se eles se
cidade sangrenta (3.1), uma perfeita arrependerem. Deus está sempre buscando o
descrição das terríveis profundezas em que a perdido, é tardio em irar-se (1.3), é bondoso
nação da Assíria afundara. (1.7), é uma fortaleza para os que confiam nEle
A base da mensagem de Naum é que Deus (1.7). Deus tem boas novas para os que
reina por sobre toda a terra, até sobre os quiserem escutar (1.15), um tema mais tarde
que não o reconhecem como Deus. Os discutido pelos escritores do Novo Testamento
deuses e deusas dos ninivitas não eram ao descrever a obra de Jesus e a pregação do
nada, segundo Naum. O único Deus que Evangelho (palavra que significa boas novas).
existe considera que todos devemos prestar
conta de nossos atos, quer saibamos ou
não, quer aceitemos ou não. Só Deus é
Esboço
Deus. Os ninivitas, em breve, veriam que
confiar em ídolos é confiar em madeira e 1. U m a p ro fe c ia d e ju íz o 1. 1-15
pedra. 2 . A q u e d a d e N ín iv e 2 . 1-13
Não obstante, Naum afirma que Deus está 3 . U m a r a z ã o p a r a a q u e d a d e N ín iv e 3 . 1-19

Habacuque tempo, até que Judá sentisse a mão pesada


da Babilônia, e Habacuque, com
discernimento profético, sabia disso.
Habacuque não clama contra os pecados de
Autor: Habacuque
Judá, mas, toca no problema de modo
Data: século VII a.C.
diferente. Por estar convencido de que Deus
é bom e Todo-poderoso, ele se pergunta, em
Conteúdo
voz alta, por que permitia que essas coisas
Habacuque profetizou durante os últimos
acontecessem. E certo que Judá pecara, mas
dias de Judá, justamente antes da sua
Deus era forte o bastante para resolver isso.
destruição pelos babilônios em 587 a.C. No
Então, por que não o fazia? Este tipo de
ano 605, na grande batalha de Carquemis,
abordagem é praticamente desconhecido no
os babilônios derrotaram o que restava do
Antigo Testamento. O livro de Jó considera o
antigo exército assírio e os egípcios. Isto
mal quase desta forma, mas Habacuque é o
abriu o caminho para a Babilônia, como o
único dos profetas que faz isto.
novo poder mundial, exercer sua influência
ao longo da principal rota de comércio, que Temas Teológicos
ia do Crescente Fértil até o Egito e depois Habacuque consegue transmitir sua
atravessava Judá. Era só uma questão de mensagem, usando o método de perguntas e
Antigo I estamento l i I

respostas. Ele faz uma pergunta e Deus dá a confiar nEle e a viver pela fé. Em um certo
resposta. A primeira pergunta é encontrada sentido, isto não é tanto uma resposta à
em 1.2-4. Ele pergunta, em essência, por que pergunta como um convite para compreender
Deus permite o mal. A justiça falhou, os quem é Deus. Habacuque entende, então,
pobres são oprimidos, a violência pode ser que estivera falando demais. A atitude
vista em toda parte, e Deus parece permitir adequada na presença de Deus é o silêncio:
que essas coisas aconteçam. A primeira o silêncio da aceitação tranqüila, e não o
resposta está em 1.5-11. Deus responde que ressentido da resignação ao nosso destino
está prestes a interferir e castigar o pecado (2.20). A seguir, vem uma das mais belas
existente em Judá. Ele fará isto, usando os orações do Antigo Testamento, terminando
caldeus (babilônios) como a vara da sua ira. com a afirmação de fé feita por Habacuque
Eles são terríveis na guerra, orgulhosos, (3.17-19). Podemos nos alegrar no Senhor,
adoradores da própria força, impiedosos mesmo quando tudo nos é tirado. Em vista
com os prisioneiros e destinados a vencer. disto ter realmente acontecido no caso de
Isto provoca uma pergunta ainda mais séria Habacuque, ele é um exemplo de como
na mente de Habacuque: Como Deus podia enfrentar o pior que a vida tem para nos
usar uma nação ainda mais perversa para oferecer.
castigar Judá? (1.12-2.1). Deus é tão puro, Outro ponto importante deste livro é que
que não pode olhar para o mal, todavia, está Habacuque mostra como Deus pôde usar os
pronto a valer-se dos babilônios. Como pode babilônios, embora eles não o reconhecessem
ser isso? Deus dá uma resposta em duas como Deus. Deus é Senhor de toda a terra, até
partes. Em 2.6-19, o aspecto histórico e dos que se recusam a aceitá-lo como tal. Isso
prático da questão é respondido. Babilônia não tem importância para Deus, porque Ele é o
será também julgada. Em 2.2-4, o aspecto único Deus que existe. Esta compreensão deve
teológico da pergunta de Habacuque é dar-nos muito conforto, quando somos tentados
respondido com uma das frases mais a imaginar que Deus não pode agir só porque
importantes encontradas na Bíblia: "O justo as pessoas a quem amamos não reconhecem a
viverá pela fé." Deus diz a Habacuque que a sua existência.
lógica humana pode falhar, mas não a
sabedoria de Deus. Embora não possamos
entender o que está acontecendo, isto não
Esboço
1. Introdução 1.1
significa que não haja uma resposta. Deus
tem a resposta, e quem desejar ser justo
2 . 0 problem a d o p e ca d o d e Jud á 1. 2-4
(reto) diante de Deus deve aprender a
3 . 0 juízo sobre o p e ca d o de Jud á 1.5-11
4. A seg un d a pergunta d e H a b acu q u e 1. 12- 2.1
À esquerda: Rua da antiga Jerusalém. Habacuque 5 . A resposta d e D eus e o ch a m ad o p ara a fé 2. 2-19
profetizou pouco antes da queda da cidade. 6. A fé triunfante d e H a b acu q u e 2. 20 - 3.19
232 Síntese dos Livros da Bíblia

lenda judaica indica que ele participou da


Sofonias execução do profeta Isaías, embora isto não
possa ser provado. Seu filho Amom foi tão
Autor: Sofonias perverso quanto ele, mas seu neto Josias
Data: pouco antes de 621 a.C. (639-609 a.C.) tentou inverter a tendência
na direção do desastre. Em 621, Josias fez
reformas em profundidade, parcialmente
Conteúdo
devido às advertências de Sofonias.
Sofonias foi o primeiro de uma série de
profetas enviados por Deus para o Reino do Temas Teológicos
Sul, Judá, antes da sua queda em 587 a.C. e Sofonias se concentra em denunciar o mal
depois da queda de Israel, o Reino do Norte, que grassava na terra, com a advertência
em 722. Isaías e Miquéias viram a queda de direta de que se Judá não se arrependesse,
Samaria, a capital do Reino do Norte, mas tudo estaria perdido. Ele também esclarece
morreram antes da época de Sofonias. melhor o conceito do "Dia do Senhor". A
Sofonias foi seguido pelos profetas Jeremias, opinião popular supunha que o dia do
Habacuque e Ezequiel, todos com uma Senhor significava desforra para eles em face
mensagem especial para Judá. dos inimigos. Sofonias avisa que o juízo seria
Lamentavelmente, esta nação também não primeiro para eles e depois para os inimigos.
deu atenção aos avisos de Deus. O profeta termina com uma promessa de
A situação histórica era mais ou menos esta: restauração (3.9-20), olhando para além da
depois da morte de Ezequias, um rei justo de simples volta à terra, para um período de
Judá, seu filho Manassés subiu ao trono. Ele bênção universal.
era um homem perverso, que rejeitou os
caminhos do pai e permitiu que a terra se
corrompesse completamente. Foi também
instrumento para reintroduzir práticas Esboço
religiosas pagãs, como adoração a Baal, 1. Profecia geral do juízo de Deus I. 1-2.3
astrologia, adoração de espíritos e sacrifício 2. Juízo sobre nações específicas 2.4-3.8
de crianças. Manassés perseguiu os profetas
3. Promessa de bênçãos futuras 3.9-20
e suprimiu a verdadeira adoração a Deus. A
Antigo Testamento 233

atos de Ciro foi permitir a volta dos cativos


Ageu aos seus lares, se assim o desejassem. Um
bom número de judeus voltou, embora nem
Autor: Ageu todos, e a comunidade restaurada se
Data: 520 a.C. entregou ao trabalho. Foi uma época difícil.
Haviam muros para construir, fazendas e
Conteúdo campos a serem plantados, florestas a serem
Depois da queda de Jerusalém em 587 a.C., limpas, estradas a serem feitas, e um exército
os sobreviventes foram levados para o exílio a ser formado para proteção. O que fazer
na Babilônia. Uma rebelião internacional, primeiro? Depois de um começo zeloso no
resultando na mudança do governo mundial, templo de Jerusalém, o interesse diminuiu e o
colocou Ciro, o persa, na liderança do que trabalho cessou em 536. Após 16 anos de
restou da Babilônia (539). Um dos primeiros inatividade e interesses divididos, o profeta

Azulejos decorados no Domo da Rocha, construído no local do segundo templo.


Impressão de um selo. Ageu fala de Zoro ba b e l como sendo o selo de Deus.

Ageu prega a sua mensagem, exigindo a Temas Teológicos


volta ao trabalho no Templo, para que Deus A mensagem básica do livro de Ageu é
tinha uma habitação digna dEle. O seu livro simples: nossa condição espiritual é mais
consiste de quatro mensagens, todas importante que a material. Devemos fazer
pregadas em 520 a.C. A primeira é dirigida uma casa para Deus, quer num monte (então)
a Josué, o líder religioso, e a Zorobabel, o ou em nossos corações (agora), se quisermos
líder civil, acusando o povo de gastar tempo que Deus nos abençoe.
em suas próprias distrações, enquanto o
Templo continua em ruínas. A segunda
anima os que querem construir mas temem Esboço
que os resultados sejam insignificantes. A 1. Mensagem pora Josué e Zorobabel 1.1-15
terceira e quarta mensagens acusam o 2. Palavra de encorajamento 2.1-9
presente estado de corrupção e prometem a 3. As coisas vão mudar para melhor 2.10-19
proteção divina, se o povo responder a 4. Deus irá proteger os líderes 2.20-23
Deus.
Antigo Testamento 2 35

Segunda Visão: quatro cornos (chifres) que


Zacarias dispersaram Jerusalém. Os quatro cornos
eram quatro reinos (Assíria, Babilônia, Egito e
Autor: Zacarias Pérsia), todos viriam a cair por terem
Data: entre 520 a.C. e 500 a.C. destruído Jerusalém.
Terceira Visão: um jovem com um cordel para
medir Jerusalém. Esta é uma visão
Conteúdo
encorajadora sobre a segurança de Jerusalém.
Zacarias pregou à comunidade restaurada,
O jovem é forçado a suspender a medição da
exatamente na mesma época que Ageu. O
cidade para que seus muros sejam
povo voltara do exílio, encontrando uma
reconstruídos, pois Deus será um muro de fogo
enorme tarefa à sua frente: casas a serem
ao redor dela para protegê-la das nações
construídas, muros para levantar, campos
vizinhas.
para serem arados, florestas para limpar, Quarta Visão: Josué, o sumo sacerdote, em
estradas para construir e um templo a ser farrapos diante do Senhor. Esta é uma visão
edificado, tudo em face de forte oposição do descritiva da graça de Deus. Josué não é
povo que se estabelecera na terra depois de digno de estar na presença de Deus, usando
os judeus terem sido levados para o cativeiro. os trapos do mérito próprio. Satanás o
Ageu se concentra em encorajar o povo a acusou e foi silenciado por Deus, que fornece
reconstruir o templo, enquanto Zacarias roupas adequadas à sua divina presença. O
prega sobre questões gerais. O seu livro ponto é claro: só Deus pode nos tornar
consiste de uma curta introdução, oito visões apresentáveis nas cortes do Céu, por um ato
e uma coleção de vários pronunciamentos de graça e misericórdia. O Messias que virá
durante um extenso período de tempo. é mencionado em 3.8 como "o Renovo".
Quinta Visão: duas árvores fornecendo óleo a
As oito visões constituem o ponto central do
um recipiente central, que alimenta sete
livro:
lâmpadas. Esta é uma visão complexa de
Primeira Visão: cavaleiros montados em
grande significado. Ela mostra basicamente o
cavalos coloridos, andando entre as árvores
suprimento incessante da força de Deus (as
de um bosque. Isto é interpretado como
árvores), o agente do suprimento (o Espírito
pronunciamento de juízo sobre as nações, Santo), os agentes humanos usados por Deus
sendo Deus o cavaleiro principal. Israel deve (Josué e Zorobabel) e o fato de o trabalho ser
ser consolado de três maneiras: o Templo realizado. O versículo-chave nesta visão é 4.6.
será construído, a cidade de Jerusalém será "Não por força nem por violência, mas pelo
reconstruída e os distritos da periferia meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos." Isto
prosperarão grandemente. tem sido parafraseado em nossos dias nestas
236 Síntese dos Livros da Bíblia

palavras: “Ao trabalho de Deus, feito à maneira Pastor, rejeitado pelo seu povo, vendido por
de Deus, jamais faltará o suprimento de Deus." trinta peças de prata, entrando em Jerusalém
Sexta Visão: um rolo voador. Esta é uma em triunfo sobre um jumento e, finalmente,
declaração pública de que os pecados de lamentado como um filho único. O Novo
Israel serão castigados. Ela mostra que mesmo Testamento vê tudo isto cumprido em Jesus
na comunidade restaurada, o pecado continua Cristo.
sendo um problema e necessita ser Temas Teológicos
considerado. A mensagem básica de Zacarias refere-se ao
Sétima Visão: um cesto voador. Esta visão é cumprimento da vontade de Deus. Deus, o
basicamente a mesma que a anterior. O cesto, Senhor dos Exércitos, tem o controle absoluto da
quando aberto, revela os pecados da nação. vida e da História. Por meio de símbolos,
Eles são removidos quando duas mulheres com imagens e afirmações, Zacarias deixa claro que
asas como as de cegonhas levam o cesto nunca precisaremos temer se estivermos
embora. Isto mostra tanto a presença do obedecendo à vontade divina. Deus sabe o que
pecado na comunidade como o fato de que faz e tem o completo controle de tudo. O
Deus pode perdoá-lo, removendo-o para Messias (Jesus cristo) virá para representar Deus
sempre. e cumprir a vontade de Deus. Da primeira vez
Oitava Visão: quatro carros entre montes de virá em fraqueza, mas depois, como soberano
metal. Esta visão obscura fala da certeza da Juiz.
vontade de Deus ser cumprida. Os montes
representam a força dos decretos de Deus, e os Esboço
carros, os agentes divinos mediante os quais
1. Introdução 1.1-6
Deus realiza os seus propósitos.
2. Uma série de oito visões 1.7-6.15
A coleção das diversas visões é importante por
3. Vários oráculos 7.1-14.21
se referirem ao Messias, que virá como o Bom

refugiados chegara, e figuras notáveis como


Malaquias Esdras e Neemias estavam também em cena.
Nem tudo ia bem na nação de Israel. Práticas
Autor: Malaquias
pagãs e outras bastante questionáveis eram
Data: entre 450 a.C. e 425 a.C.
comuns na terra. Havia indiferença religiosa,
Conteúdo cobiça, corrupção nos círculos governamentais
Este livro, como as profecias de Ageu e e casamentos com mulheres estrangeiras (o que
Zacarias, é dirigido à comunidade
À direita: Estas casas fazem parte de uma maquete
restaurada de Israel, mas surgiu de como Jerusalém deveria ser depois do
consideravelmente mais tarde. Outra leva de reconstrução do Templo.
Antigo Testamento 2 3 9

significava nova introdução de deuses estranhos


entre os israelitas). O sacerdócio constituía
especialmente um problema. Os assuntos
religiosos se haviam tornado simples rotina,
perdendo qualquer significado real tanto para
os sacerdotes quanto para o povo. A falta de
interesse nesse aspecto chamou-se "roubar a
Deus".
O livro consiste de duas partes. A primeira trata
dos pecados de Israel, e a segunda, das
bênçãos e juízos prometidos. Ele é formado por
uma série de perguntas e respostas, como uma
cena de tribunal, onde Israel faz perguntas
retóricas (e no geral de autojustificação) e Deus
responde. As perguntas são as seguintes: Em
que nos amaste? (1.2). Em que desprezamos
nós o teu nome? (l.ó). Por que seremos desleais
uns para com os outros, profanando o concerto
de nossos pais? Em que o [Deus] enfadamos?
(2.17).
Temas Teológicos
Malaquias escolhe o clero (os sacerdotes) para
Um menorá, ou candelabro de sete braços.
julgamento. Eles, mais do que todos, sabiam o
que Deus exigia. Os sacrifícios que como antes, se a nação continuar rejeitando a
apresentavam eram desprezíveis, não havia Deus. Terceiro: uma mensagem de esperança é
sinceridade no serviço deles, seus deveres eram proclamada para o futuro. O dia do Senhor virá,
cumpridos com negligência, e não eram um dia de juízo mas nesse dia o Senhor
realmente dedicados a Deus. Se os líderes purificará os sacerdotes e o Templo, remirá os
religiosos se desviaram, por que o povo seria justos e introduzirá o Reino de Deus. Tudo isto
diferente? Segundo: Malaquias diz que o povo será precedido por um mensageiro que
não aprendeu a lição do exílio. Eles foram para preparará o caminho do Senhor. O Novo
o cativeiro por causa dos seus pecados e Testamento entende que este mensageiro
voltaram dispostos a seguir novamente os seus é João Batista.
próprios caminhos. O juízo cairá novamente, Esboço
1. Lista dos pecados de Israel 1.1-2.17
À esquerda: M alaquias prevê o Dia do Senhor
vindouro.
2. Promessa de bênçãos e juízos 3.1-4.6
amplamente, va ria n d o da rejeição total (a
Os Apócrifos m aioria das denom inações evangélicas
protestantes) à permissão para uso
Os Apócrifos são uma coleção de livros devocional (Igreja da Inglaterra) e à
adicionados ao Antigo Testamento, escritos aceitação como Escritura (Igreja C atólica
em alguma época entre 3 0 0 a.C. e 100 Romana).
d.C. Foram incluídos, no todo ou em parte, Um estudo da história não ajuda muito a
nas versões gregas do A ntigo Testamento, resolver esta questão. O N o vo Testamento
mas excluídos das versões hebraicas. Sua não cita explicitam ente qualquer livro
inclusão na Escritura do A ntigo Testamento apócrifo, dando assim uma boa razão
foi explicitam ente rejeitada pelos judeus para que alguns suspeitem de sua natureza
no grande concílio rea liza d o em Jâmnia bíb lica . Os primeiros teólogos (séculos II e
em 9 0 d.C. A posição dos apócrifos era III) citaram esses livros, como também
am bígua nos primeiros dias da Igreja; e as muitos outros. Agostinho inclinou-se a
idéias a seu respeito, até hoje, diferem reconhecer a sua natureza autêntica, mas
Jerônimo, tradutor da Vulgata Latina, questão para os católicos romanos,
rejeitou-os como Escritura canônica. Tudo proclam ando os livros como Escritura e
isto gera argum entações contra a posição estabelecendo a excomunhão para os que
dos A pócrifos como Escritura genuína. Os discordassem. O Primeiro C oncílio
Apócrifos têm a seu fa vo r o fato de muitos Vaticano (1 8 7 0 ) reiterou o de Trento,
deles terem sido encontrados ao lado dos embora muitos escritores católicos falem
livros do A ntigo Testamento em manuscritos hoje sobre a posição deuterocanônica dos
bíblicos, sendo que alguns teólogos Apócrifos, em lugar de sua posição
fizeram realmente uso deles como Escritura. canônica.
Por ocasião da Reforma, as denominações Os livros são documentos históricos
protestantes e seus teólogos rejeitaram os extremamente valiosos e interessantes,
Apócrifos como Escritura, mas permitiram, variando da sóbria narrativa histórica à
em alguns casos, o seu uso devocional. O ficção piedosa.
C oncílio de Trento (1 5 4 5 -6 3 ) decidiu a
242 Síntese dos Livros da Bíblia

1 Esdras Tobias
Esta narrativa histórica compara-se à de três Esta é uma história curta e fantasiosa que
livros do Antigo Testamento: 2 Crônicas, descreve o cuidado de Deus pelos seres
Esdras e Neemias. Em 1 Esdras, um longo humanos individualmente. A história tem lugar
trecho que não se encontra no Antigo durante o cativeiro e se refere a Tobias, que
Testamento refere-se à determinação da fica acidentalmente cego, e a seu filho do
maior força do mundo (3.1 - 5.6). As forças mesmo nome. Tobias ora para que a morte
mencionadas são o vinho, o rei, as mulheres venha, enquanto uma jovem chamada Sara
e a verdade, sendo que esta última é pede para ser liberta do demônio Asmodeus.
declarada a força mais poderosa do O demônio matara sete noivos seus,
Universo. O restante do material em 1 Esdras exatamente na noite do casamento. Deus
não difere significativamente do Antigo responde às duas orações, enviando o anjo
Testamento. Rafael, o qual toma forma humana, sob o
nome de Azarias. Tobias se junta a Azarias
numa viagem e, seguindo o conselho do anjo,
2 Esdras guarda o coração, o fígado e o fel de um
Esta obra composta é um livro judeu peixe apanhado no rio Tigre. Tobias mais
essencialmente apocalíptico (em alguns tarde se casa com Sara, queimando o
pontos semelhante a partes de Daniel) com coração e o fígado do peixe na noite de
adições cristãs. O núcleo do livro consiste de núpcias, para expulsar o demônio Asmodeus.
sete visões experimentadas por Esdras e Ao voltar para casa, Tobias unge os olhos do
superficialmente explicadas a ele pelo anjo pai com o fel retirado do peixe, restaurando-
Uriel. As visões tratam de Israel, do fim dos lhe a visão. Deus se importa conosco e
tempos, da aurora da era da salvação, da responde às orações, esta a mensagem do
vida após a morte, da eleição, de Jerusalém, livro.
de Roma, do Messias, do juízo e da
eternidade. O tema constante de 2 Esdras é
Deus no controle da história e destino
Judite
humanos. Não devemos, portanto, olhar as Judite é um relato fictício dos atos de uma
aparências, mas as realidades interiores, que heroína para salvar seu país. Depois do
realmente governam a nossa existência. Se avanço do exército de Nabucodonosor sobre
fizermos isto, jamais nos desesperaremos, Israel, Judite vai ao acampamento do inimigo
pois temos consciência de que Ele é o e se oferece para contar segredos militares.
Soberano Senhor. Usando seus encantos e a inteligência, ela
Cisternas de Salomão, perto de Belém, supriam de água a antiga Jerusalém.

ganha a confiança do general de reduzida. O material adicionado contém o


Nabucodonosor - e a sós com ele, num sonho de Mardoqueu, o decreto do rei, as
banquete, corta-lhe a cabeça. O exército orações de Ester e Mardoqueu, a conversa
inimigo (chamado erradamente de assírio] de Ester com o rei, a permissão dada para
retira-se, enquanto Judite e os judeus se que os judeus se defendessem e a
alegram, louvando a Deus. interpretação do sonho de Mardoqueu.

Adições a Ester Sabedoria de Salomão


Esta é uma coleção de seis passagens que Este é na verdade um livro importante, uma
ampliam significativamente o livro de Ester. A coleção de sabedoria judaica proverbial. Ele se
maioria dos eruditos considera as adições baseia em idéias do Antigo Testamento, mas
como material escrito posteriormente, para também na filosofia grega. Inclui terminologia
suplementar Ester. Mas alguns romanistas platônica e estóica. O livro é essencialmente um
consideram original a versão ampliada, apelo à busca da sabedoria, com a promessa
sendo o atual livro de Ester uma versão de grande recompensa para os que a
244 Síntese dos Livros da Bíblia

encontrarem. Ele se divide facilmente em três


seções: a primeira parte ( 1 - 5 ) trata da busca Eclesiástico
da sabedoria; a segunda parte (6 - 9) louva a Eclesiástico, ou a sabedoria de Jesus, filho de
sabedoria, que é comparada à mais elevada Sirac, a exemplo de Sabedoria de Salomão,
criatura de Deus; a terceira parte (10 - 19) é uma coletânea de ditos proverbiais e tem
recapitula a história de Israel, mostrando como como objetivo aconselhar a respeito da vida
a sabedoria guiou os passos dos ancestrais. bem-sucedida no seu sentido mais lato. O
Sabedoria de Salomão é um livro poderoso livro contém duas partes principais (1 - 23;
que contém muitas verdades. E útil para aquele 24 - 50) e um capítulo final (51). A primeira
que estiver disposto a refletir sobre sua coleção fala extensamente sobre o temor do
mensagem. Senhor e a observância da lei. Ele exalta
Judeu lendo as escrituras hebraicas. atitudes como falar a verdade, manter o
autocontrole, reconhecer a existência de
Deus, viver com humildade e ser amigo. A
segunda coleção é uma lista de personagens
famosos e exemplares, contando como cada
um viveu de acordo com os preceitos da
sabedoria. O livro de Eclesiástico assemelha-
se em muitos aspectos ao de Provérbios, do
Antigo Testamento, oferecendo, de maneira
simples e prática, sábios conselhos sobre
vários assuntos.

Baruque
Este livro é atribuído a Baruque, ajudante do
profeta Jeremias, e consiste de discursos
breves, orações, confissões, consolo,
encorajamento e lamentações, dando a
entender que data do Exílio do século VI a.C.
Uma fé profunda em Deus se destaca em
todo o livro, mostrando que podemos
alegrar-nos, mesmo durante as horas mais
negras do cativeiro.
Ruínas do monastério de Cunrã, ativo em cerca de 130 a.C.

pelo fogo, Azarias, em oração, exalta a


Epístola de Jeremias Deus, que é digno de toda honra e
reverência. O cântico dos três moços é um
Este conciso livro é supostamente uma carta longo hino de louvor, bendizendo a Deus por
escrita pelo profeta Jeremias aos exilados na tudo que Ele fez e instigando toda a criação
Babilônia durante o século VI a.C. A carta a bendizer o seu nome. Lembrando alguns
delata a idolatria e enfatiza a necessidade salmos, essas curtas orações são comoventes
da verdadeira adoração a Deus. e poderosas.

Adições
/
a Daniel Susana
A Oração de Azarias e o Cântico dos Três Esta é a história de uma jovem e bela mulher,
Hebreus são inseridos no livro de Daniel falsamente acusada de adultério por dois
entre 3.23 e 3.24. Apesar de estar cercado anciãos do povo, cujos avanços ela rejeitara.
246 Síntese dos Livros da Bíblia

Os dois homens preparam-lhe um


julgamento, que resulta na sua sentença de 1 e 2 M acabeus
morte. Daniel, inspirado por Deus, exige um Ambos os livros são narrativas históricas do
segundo julgamento. A mentira então é período intertestamentário. 1 Macabeus
descoberta, e Susana, inocentada. O cobre especificamente os anos 175-134 a.C.
objetivo do livro é mostrar que o cuidado de e os violentos conflitos que ocorreram entre
Deus com os que lhe pertencem e advertir os judeus e os sírios. Em especial, são
que a luxúria enlouquece mas a virtude é descritas as batalhas travadas contra o rei
recompensada. sírio Antíoco Epifânio, cujo comportamento
indigno provocou a guerra. O Martelo foi o
nome dado ao livro de Judas Macabeu,
Bei e o Dragão judeu que castigou (martelou) os sírios até
que se submetessem. 1 Macabeus também
Estas duas lendas referem-se ao profeta
cobre as guerras travadas durante o domínio
Daniel. A primeira conta como Daniel
de sua família e termina com a morte de João
demonstra as fraudes dos sacerdotes do deus
Hircano, sobrinho de Judas Macabeu.
Bei. Os sacerdotes comiam o alimento levado
2 Macabeus cobre quase o mesmo território
ao ídolo de Bei, mas afirmavam que era
de 1 Macabeus, porém visto de um ângulo
consumido pelo deus. O propósito da história
é ridicularizar a idolatria. A segunda história diferente e extraído de outra fonte, provavel­
conta como um dragão é morto por Daniel mente Jasão de Cirene. Os dois livros
como este é lançado na cova de um leão - discordam em diversos detalhes, e seu
onde é preservado por Deus e visitado objetivo é demonstrar que Deus controla o
milagrosamente pelo profeta Habacuque. A destino das nações e continua trabalhando
finalidade desta lenda é mostrar o poder através de Israel.
milagroso de Deus sobre todas as coisas e
sua proteção aos que são seus.

O racão
/
de Manassés
Esta curta oração, que dá a entender ser a
referida em 2 Crônicas 33.18,19, expressa
louvor ao Senhor e confissão de pecados,
pedindo a misericórdia de Deus.
Dias de Festa Judaicos (Veja também o Calendário Judaico, p. 22)

Festa Comemora Descrição

Rosh Hashanah Deus como rei, Nesta celebracão do Ano Novo, que
Lv 23.24-25 juiz e redentor dura dois dias, os israelitas se preparavam para o Yom
Kippur, comemorado dez dias mais tarde. Na celebração, eles
exaltavam a Deus como aquEle cujos padrões os homens não
alcançam e recapitulavam a sua grandeza, amor e misericórdia.

Yom Kippur expiação 0 povo passava o Yom Kippur (Dia da Expiação) afastado do
Lv 23.26-32 pelos mundo, orando na Casa de Deus, enquanto os sacerdotes
pecados da nação ofereciam sacrifícios pelos pecados da nação. Reconhecendo
este dia como o dia de festa mais santo de todos, os judeus não
comiam nem bebiam durante 24 horas.

Sucote Peregrinação Durante os sete dias de celebração do Sukkot (Festa dos


Lv 23.33-43 de Israel no Tabernáculos ou das Cabanas), o povo dava graças pela
Jo 7.2 deserto proteção divina e pelas bênçãos da colheita. Eles moravam em
tendas feitas de ramos durante sete dias, demonstrando a sua
vulnerabilidade aos elementos externos, todavia confiantes no
cuidado de Deus.

Hanukah rededicacão Na Hanukah (Festa das Lâmpadas), os judeus celebravam a


Macabeus do Templo vitória sobre os sírios e a rededicacão do Templo, que os sírios
Jo 10.22 em 164 a.C. haviam profanado. Ao acender a cada dia uma nova lâmpada,
durante oito dias, os judeus comemoravam o milagre do
candelabro santo do Templo: eles tinham uma quantidade de azeite
consagrado apenas para um dia, mas este queimava durante oito
dias inteiros, tempo necessário para consagrar mais azeite.

Purim o fracasso do Durante o Purim (a festa de Ester), o povo mostrava a sua fé na


Ester 9 plano de Hamã obra de um Deus invisível por trás da cena dos eventos humanos.
para destruir Era uma ocasião de festejos e alegria.
os judeus

Páscoa Israel liberto Conhecida pelos judeus como Pessah, a Páscoa era o dia da
Lv 23.4-8 do Egito independência dos israelitas. Cada família relembrava a
Mt 26.17 primeira Páscoa, enquanto fazia a sua própria refeição pascal.
A celebração continuava durante sete dias, para comemorarem
o Êxodo e as peregrinações no deserto, comendo pão sem
fermento e abstendo-se de qualquer trabalho.

Pentecostes celebracão da No Pentecostes (Festa das Semanas), os judeus


Lv 23.9-22 colheita celebravam a colheita de cereais. Era uma ocasião de festas e
agradecimentos a Deus pela colheita e pelo pão diário.
0 Novo Testamento Mandamentos, mas em seus corações. Jesus
instituiu esse "novo testamento" com a sua
vida, morte e ressurreição. Portanto, os
escritos relativos a Ele e sua Igreja são
N o Antigo Testamento, Deus prometeu a chamados de Novo Testamento. Esses escritos
Israel que faria uma nova aliança (ou dividem-se em quatro seções: Evangelhos,
testamento) com o seu povo (Jr 31.31-34). Atos, Epístolas (ou cartas) e Apocalipse.
Nessa ocasião, as leis não seriam escritas em (Veja a Cronologia do N ovo Testamento na
tábuas de pedra, como os Dez p. 250.)
Evangelhos
A primeira parte do Novo Testamento
consiste de quatro relatos da vida de Jesus (a
palavra evangelho significa "boas novas").
Os três primeiros evangelhos são chamados
"sinóticos", por considerarem a vida de Jesus
sob um mesmo ponto de vista.
Novo Testamento 251

necessidade de mais informações sobre Jesus,


Mateus pois as pessoas eram questionadas à medida
que se tornavam cristãs. Não era
absolutamente possível viajar para Jerusalém
Autor: Mateus e indagar os apóstolos, mas um livro que
Data: entre 60 e 80 d.C. tratasse dos fatos básicos podia ser enviado a
cada congregação.
Conteúdo
Era necessário informações corretas, pois os
O Evangelho de Mateus tem sido um dos
inimigos de Jesus estavam propalando
livros favoritos da Igreja em toda a sua
mentiras a seu respeito. Alguns desejavam
história, por várias razões. E o mais
lucrar com o novo movimento e começaram a
detalhado sobre a vida de Jesus. Contém o
alterar os fatos para satisfazer seus propósitos
famoso "Sermão do Monte", uma coleção de
ensinos que até os incrédulos respeitam; é o M om ento tranqüilo junto ao mar da Galiléia.
mais rico em detalhes sobre o nascimento de
Jesus, evento tradicionalmente importante por
causa da celebração do Natal e inclui uma
grande coleção de parábolas que fazem
Jesus ser lembrado como o Mestre dos
mestres.
As opiniões diferem quanto à data em que
este evangelho foi escrito. Os que lhe
atribuem uma data mais antiga (c. 60 d.C.)
ressaltam as predições de Jesus sobre a
destruição de Jerusalém (que ocorreu em 70
d.C.) e as consideram futuras. Os que lhe
conferem uma data mais recente (c. 80 d.C.)
dizem que o documento reflete,
aparentemente, uma época mais adiantada.
A autoria de Mateus, apesar de não constar
expressamente do livro, é historicamente
comprovada e não há razão para colocá-la
em dúvida.
O Evangelho de Mateus foi escrito por várias
razões, algumas práticas e outras teológicas.
No que se refere à prática, havia
2 52 Síntese dos Livros da Bíblia

pessoais, mas os seguidores de Jesus, como o "filho de Davi, filho de Abraão".


Mateus, queriam manter registros exatos. A Terceiro, Mateus está preocupado em
morte de alguns apóstolos também fez com demonstrar que, embora Jesus descendesse
que este material valioso fosse escrito. Se de judeus, ele viera para todas as pessoas,
todos os que conheciam Jesus morressem, inclusive os gentios. Assim sendo, é dada
quem ficaria para contar a história? Se ênfase à chegada dos magos (sábios) para
Mateus (e os outros três evangelistas) não reconhecer o nascimento de Jesus, à inclusão
tivessem feito isto, o Cristianismo talvez não dos gentios no Reino e ao mandamento para
passasse de um fenômeno antigo e local. ir a todo o mundo e pregar o Evangelho a
Deus interferiu nessa documentação, guiando toda criatura.
pessoas escolhidas para preservar a verdade Quarto, Mateus menciona especificamente a
às gerações futuras. O livro de Mateus fundação da Igreja e como certos problemas
funcionou, então, como uma espécie de deviam ser resolvidos.
manual para os cristãos. Por último, os ensinos de Jesus são
proeminentes no Evangelho de Mateus como
Temas Teológicos
um guia para os crentes. Grandes seções são
Além das necessidades práticas da Igreja,
dedicadas às palavras de Jesus sobre
Mateus teve outras razões para escrever. Ele
circunstâncias básicas da vida (5.2 - 7.27;
estava tentando confrontar alguns problemas
10.5-42; 13.3-52; 18.3-35; 24.4 - 25.46).
especiais e enfatizar certas coisas em seus
escritos. Primeiro, ele compreendeu a
Esboço
importância da profecia do Antigo
1. A infância de Jesus 1.1 - 4.25
Testamento e como foi cumprida na vida de
2 .0 Sermão do Monte 5 .1 - 7.29
Jesus. A igreja não surgiu por acidente, pois
3 .0 ministério de Jesus: eventos e ensinamen­
estava também no plano de Deus. Aqueles
tos 8.1 - 12.50
dias foram preditos em todo o Antigo
4. Parábolas de Jesus 13.1-52
Testamento. Mateus revela que os eventos da
5 .0 ministério de Jesus: novos eventos e
vida de Jesus foram previstos virtualmente
ensinos 13.53 - 19.30
pelos profetas: seu nascimento, os eventos
que cercaram sua infância, curas, 6. Jesus em Jerusalém 20.1 - 25.46
ensinamentos, prisão, morte e ressurreição. 7. A morte, sepultamento e ressurreição de
Segundo, Mateus pretende mostrar aos Jesus 26.1 - 28.20
leitores judeus que Jesus era o cumprimento
da história e dos sonhos de Israel. Ele era, de À direita: A igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.
fato, o Messias que estava por vir. O primeiro Acredita-se que foi construída sobre o local da
versículo do livro destaca este fato: Jesus era crucificação
Monte Hermom
Rio Litania
Aspectos Geográficos
da Palestina
Lago Huleh

GALILEIA BASÃ

Mar de Quinerete
Monte Carmelo
Monte Tabor
Rio Jarmuque

PLANÍCIE DE JEZREEL

GRANDE MAR Q Monte Gilboo

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Rio Arnom

NEGUEBE

Monte Halak
Ribeiro de Zérede
DESERTO ARAB Á
N ovo Testamento 2 55

da guerra civil havida ali entre 68 e 69 d.C. Foi


Marcos um período difícil para a Igreja. A perseguição
tirara a vida de muitos cristãos proeminentes,
Autor: Marcos inclusive os apóstolos Pedro e Paulo. Não há
Data: c. 60 d.C. dúvidas de que Marcos considerou aquele o
momento adequado para colocar o seu
Conteúdo material em um formato mais permanente, com
O Evangelho de Marcos foi provavelmente o estilo de escrita apressado e sem muitas revisões
primeiro a ser escrito, formando a base tanto para suavizaras arestas. Isto dá ao livro uma
para Mateus como para Lucas. Os três juntos impressão de urgência. Detalhes vívidos, ação
são chamados "sinóticos", por considerarem a rápida, conflitos violentos, tudo é muito
vida de Jesus sob um mesmo ângulo, de modo marcante. Marcos se utiliza de um recurso
geral. O Evangelho de João toma outra direção literário (a palavra imediatamente) para dar a
e, portanto, é geralmente discutido à parte. sensação de atividade em ritmo precipitado. O
Marcos foi escrito possivelmente no início da termo ocorre mais de quarenta vezes.
história da Igreja, certamente antes da queda
de Jerusalém em 70 d.C. Temas Teológicos
Há duas teorias básicas relativas à autoria. Uma Não é difícil descobrir o propósito do livro de
visão moderna sugere que o livro foi surgindo Marcos. O primeiro e mais importante é
aos poucos, recebendo adições, revisões, mostrar-nos o que é o Evangelho - a saber, a
alterações e arranjos segundo as necessidades vida, morte e ressurreição de Jesus. A igreja
correntes da Igreja. Embora algumas passagens estava pregando de forma abreviada a
deste evangelho pareçam ter sido mensagem de salvação, e a intenção de
retrabalhadas, tal reformulação por atacado é Marcos era mostrar o seu pleno significado. E a
improvável. A Igreja dificilmente julgaria correto história de Jesus, o Filho de Deus encarnado,
alterar a vida de Jesus tão drasticamente, que morreu pelos nossos pecados, foi sepultado
permitindo apenas uma curta descrição de e ressuscitou. Marcos quase não dispensa
eventos fatuais. A teoria tradicional de que João atenção ao nascimento, primeiros anos e
Marcos, o companheiro do apóstolo Pedro, eventos secundários da vida de Jesus. A história
anotou as memórias deste e em seguida as começa com a pregação de João Batista, move-
escreveu como um evangelho deve ser se rapidamente para o confronto de Jesus com
preferida. Este ponto de vista, apoiado pelos as autoridades e concentra-se nos
primeiros escritores da Igreja, registra bastante acontecimentos da última semana da sua vida.
satisfatoriamente os fatos do Evangelho. Dez capítulos descrevem os primeiros trinta anos
Marcos provavelmente escreveu o seu da vida de Jesus e seis são dedicados à última
evangelho em Roma, em alguma época antes semana. Isto dá uma idéia do que era realmente
Cesaréia de Filipos (moderna Banias), onde Pedro confessou Jesus como o Cristo.

importante para Marcos. Não é sem razão que opositores lhes daria forças para imitá-lo.
a Igreja escolheu a cruz como símbolo; o Marcos deseja, finalmente, mostrar o poder de
Evangelho de Marcos explica o motivo. Jesus. Através de todo o livro, podemos ver
Marcos deseja destacar um segundo ponto: Jesus vencendo os poderes demoníacos, a
Jesus, embora Filho de Deus, era também doença, a ignorância, os inimigos e por último a
humano. Marcos salienta as emoções do Mestre morte. O Pai o apoiou, e Ele cumpriu a tarefa
mais que qualquer outro escritor, vendo-o como que lhe foi confiada.
alguém igual a nós em todos os aspectos,
porém sem pecado. Jesus ficou cansado, com
fome, desanimado; foi encorajado, fortalecido; Esboço
mostrou-se determinado e resoluto. Todos 1. P ró lo g o 1. 1-13
podemos nos identificar com Ele, pois, como 2 . 0 p rim e iro m in isté rio d e J e su s 1. 1 4 - 9.1
seres humanos, experimentamos sentimentos 3 . A tra n sfig u ra ç ã o e a v ia g e m p a r a J e ru sa lé m
similares.
9.2 - 10.52
Em terceiro lugar, Marcos escreve para
4 . A últim a s e m a n a d e J e s u s 11.1 - 15.47
encorajar os cristãos que estavam sendo
5 . A re ss u rre iç ã o d e J e su s 16. 7 -8 (2 0 )
perseguidos. Ver a resistência de Jesus a seus
H a H H H H il N ovo Testamento 2 5 7

Lucas
Autor: Lucas
Data: c. 65 d.C.

Conteúdo
Lucas, médico da Antiguidade e companheiro
de viagem do apóstolo Paulo, escreveu o
terceiro evangelho. Ele reuniu o que
evidentemente pretendia ser uma história do
movimento cristão desde o início até os seus
dias. Sua obra inclui: o evangelho sobre Jesus
de Nazaré como primeiro volume; o livro de
Atos, que trata do trabalho do Cristo
ressurreto na vida de seus seguidores, como
segundo; e talvez um terceiro volume, que se
perdeu ou jamais chegou a ser escrito devido
à perseguição daqueles dias (na qual Lucas
pode ter morrido). Paulo e Pedro morreram
aproximadamente nessa época, sendo então
possível que o mesmo tenha acontecido a
Lucas.
Os quatro primeiros versículos do Evangelho
de Lucas contam os fatos históricos do
período da elaboração do livro e também
como os escritores antigos faziam suas obras.
Lucas revela que o Cristianismo despertara a
Tecelã dos tempos bíblicos.
atenção das pessoas, a ponto de "muitos"
terem começado a escrever histórias do novo detalhado dos fatos, entrevistando as pessoas
movimento (Marcos era sem dúvida um que os haviam testemunhado desde os
deles). Isso era bom, mas também primeiros dias de Jesus. A pesquisa resultou
preocupante. Lucas temia que a verdade se no evangelho que leva o seu nome. O livro
perdesse em meio a tantos escritos, caso o está endereçado a um oficial romano
material não fosse cuidadosamente chamado Teófilo, sem dúvida para convencê-
verificado. Portanto, resolveu fazer um estudo lo de que o Cristianismo não constituía uma
Detalhe da cidade antiga de Belém.
ameaça ao império, sendo também o profecia Lucas enxerga como um evento
caminho indicado por Deus para a salvação. extraordinário da história secular. E lista seis
notas históricas (3.1,2) para assegurar a
Temas Teológicos
exatidão. A informação é tão precisa nesta
O Evangelho de Lucas possui várias
parte do evangelho, que sua fonte (ou grande
características. Lucas faz questão de associar
parte dela) deve ter sido Maria, a mãe de Jesus.
Jesus à história mundial. Em sua genealogia,
Lucas se esforça ainda para demonstrar a
remonta aos ancestrais de Cristo até Adão, em
relação do Reino de Deus com os necessitados.
vez de limitar-se a Davi ou Abraão, como fez
Ele mostra que Jesus viera para trazer boas
Mateus. Isto não teria grande significado para o
novas aos pobres, oprimidos, enfermos,
leitor gentio, mas o fato de traçar Jesus até
quebrantados e cativos e também para libertar
Adão torna-o parte da história.
os homens e mulheres da servidão e opressão. E
Lucas demonstra também especial interesse no
uma mensagem espiritual que sensibiliza o
nascimento e na infância de Jesus. O que
indivíduo e a sociedade em geral.
Mateus interpreta como cumprimento de
Outro interesse de Lucas são os relacionamentos
260 Síntese dos Livros da Bíblia

sociais. Ele descreve, com simpatia e interesse, o necessidade está convidado a ir a Jesus para
lugar que as mulheres ocupavam entre os ser salvo.
seguidores de Jesus. Também percebe que o
fato de Jesus aceitar as mulheres contrariava Esboço
algumas regras da época. Jesus não temia ]. Prólogo 1.1-4
estabelecer novos padrões, especialmente para 2 .0 nascimento e infância de Jesus 1.5 - 4.13
quem não era tratado com justiça. 3 .0 ministério de Jesus na Galiléia 4.14 -
Finalmente, Lucas preocupa-se em mostrar a
9.50
dimensão universal do evangelho de Cristo.
4. A viagem de Jesus a Jerusalém 9.51 - 19.27
Mateus também demonstra o mesmo interesse,
5. Entrada triunfal e última semana em Jerusalém
mas fala como judeu. Lucas fala como gentio,
19.28-23.56
mostrando que o Evangelho é para todos -
6. A ressurreição e as aparições pós-ressurreição
homens, mulheres, escravos, livres, judeus,
de Jesus 24.1-53
gentios. Desse modo, quem tiver alguma

amor" (1 Jo 4.8) e que Deus amou o mundo


João de tal maneira, que deu o seu Filho unigénito
por ele (Jo 3.16). E surpreendente que João
Autor: João enfatize este tema à luz dos anos turbulentos
Data: c. 95 d.C. em que viveu. Ele foi, finalmente, enviado
para viver numa ilha deserta e ali morrer.
Conteúdo: João inicia o seu evangelho com um prólogo
O Evangelho de João não possui uma invulgar que é, com efeito, uma genealogia
identificação específica, mas desde os cósmica. Ele retrocede até antes da aurora do
primórdios tem sido atribuído a João, o tempo, quando só Deus existia, e ficamos
apóstolo amado e um dos seguidores de sabendo que Cristo, identificado como "o
Jesus. João havia sido um jovem bastante Verbo", também estava ali. Ele estava com
violento, sendo até apelidado de "Filho do Deus e era Deus (1.1). Esta proposição cria o
Trovão". Seu conhecimento pessoal de Jesus, fundamento para a assertiva dos cristãos:
acrescido dos muitos anos entre a morte e Jesus não é inferior a Deus. Antes de descer à
ressurreição deste e a época em que escreveu Terra, era o Dono (e Criador) da vida, aquEle
o seu evangelho, o transformaram no que conquistou as trevas (todas as forças do
"apóstolo do amor". Ninguém fala com mais mal). Ele é a Luz que ilumina a mente humana
compreensão sobre esse aspecto da natureza (1.9) e permite, aos que crêem na Palavra de
divina do que João. Ele confirma que "Deus é Deus (1.12), tornarem-se filhos de Deus.
Autoridades Citadas no Novo Testamento
Governante Referência Título Relação com a narrativa bíblica

Império Romano
O ta v ia n o A ugusto Lc 2.1 C é sa r Reinou durante a prim eira m etade
31 a .C .-1 4 d .C . d a vid a d e Jesus.
Tibério Lc 3.1 C é sa r Reinou durante a seg u n d a m etade
14-3 7 d .C . d a vid a d e Jesus.
C lá u d io At 1 1 .2 8 ,1 8 .2 C é sa r O rd e n o u q ue tod os o s judeus
4 1 -5 4 d .C . saíssem d e Rom a.
N ero A t 2 5 .2 1 -2 5 ; C é sa r Paulo a p e lo u a ele durante sua
5 4 -6 8 d .C . 27.1; 2 8 .1 9 p risão por Félix e Festo. D ecapitou
Paulo e crucificou Pedro.
Palestina

H ero d es, o G ra n d e M t 2 .1 -2 2 Rei Tentou m atar o b e b ê Jesus,


4 0 a .C .-4 a .C . Lc 1.5 o rd e n a n d o a m orte d e todos os
m eninos d e dois an o s p ara b aixo
em Belém .
A rq u elau M t 2 .2 2 l 2 Pro curado r
4 a .C .-ó * d .C . d a ju d é ia e
S am a ria
H ero d es M t 14.1-10; l 9Tetrarca D ecap ito u Jo ã o Batista. Pilatos
A ntip as M c 6 .1 4 -2 8 ; d a G a lilé ia enviou Jesu s a A ntip as p a ra ser
4 a .C .-3 9 * d .C . Lc 3 .2 ,1 9 ; e Peréia ju lg ad o , m as Jesu s ficou em
9 .7 9 ; 1 3 .3 1 ; silêncio d iante d ele.
A t 4 .2 7 ;1 3 .1
Filipe II Lc 3.1 12 Tetrarca
4 a .C , 3 4 * d .C . d a Ituréía
Pôncio M t 2 7 1 1 -6 2 6 ° Procura­ Atuou co m o juiz no julgam ento
Pilatos M c 15 d o r d a ju d é ia de Jesus.
2 6 -3 6 d .C . Lc 3 .1 ,1 3 .1 e S a m a ria
Jo 18-19
1 Tm 6.13
Governante Referência Título Relação com a narrativa bíblica

Agripa 1 At 12 Rei Decapitou o apóstolo Tiago.


37-44 d.C. Prendeu Pedro, mas ele escapou
com a ajuda de um anjo.
Félix At 23-24 12° Procura­ Deteve e prendeu Paulo.
Antonio dor da Judéia
52-58 d.C. e Samaria
Pórcio At 24.27; 13° Procura­ Como sucessor de Félix,
Festo 25-26 dor da Judéia manteve Paulo prisioneiro e
58-62 d.C. e Samaria finalmente o enviou a Roma.
Agripa II At 25-26 4oTetrarca Ouviu a defesa
da Galiléia, de Paulo, enquanto
52-70 d.C. Peréia e Ituréia este era prisioneiro de Festo.

Glossário: César - imperador omano; Procurador - governador de um território (Judéia etc.), que não tinha a
posição de província; Tetrarca - governante de uma província (a província representava originalmente um quarto
do todo).
*Quando Herodes morreu, em4 a.C., a Palestina foi dividida por Augusto entre os três filhos de Herodes.

João prossegue, recapitulando muitos fatos esperança, consolo, Deus, Céu e alegria, nos
também constantes dos outros três evangelhos termos mais pessoais imagináveis. E um dos
mas com uma interpretação especial, que trechos mais populares da Bíblia, contendo
extrai deles um sentido mais profundo. Ele palavras familiares como "Eu sou o caminho,
registra alguns incidentes não mencionados e a verdade, e a vida" (14.6) e "Ninguém
pelos outros. Um grande número de histórias tem maior amor do que este: de dar alguém a
deveria estar circulando na época, e João sua vida pelos seus amigos" (15.13).
afirma que, se tudo que Jesus fez fosse Temas Teológicos
escrito, seria difícil encontrar espaço Ao escrever o seu evangelho, além de nos
suficiente no mundo para todos os livros a dar alguns fatos básicos sobre a vida de
respeito dEle (21.25). Jesus, João tenta comunicar várias coisas.
Uma seção especial deste evangelho, os Primeiramente, que Jesus é Deus. Muitos
capítulos 14 - 17, não tem paralelo nos naqueles dias (e nos nossos também!)
sinóticos. Só João contém o trecho conhecido duvidavam disso. Jesus era, e continua sendo,
como "o discurso no cenáculo", onde Jesus o Deus eterno do Universo, juntamente com o
fala sobre vida, espiritualidade, oração, Pai e o Espírito Santo.
Modelo do templo de Herodes, Jerusalém.

Em seguida, João destaca a natureza humana pastor, e nós, as suas ovelhas. Ele é a porta
de Jesus. Ele era tanto homem quanto Deus. mediante a qual entramos na vida. Ele é o pão
Nasceu, viveu na Palestina, bebia água e se da vida que alimenta as nossas almas. Ele é a
alimentava; ficava cansado ao viajar; sofreu e água que cura a nossa sede mais profunda. Ele
morreu. João acha necessário ressaltar a é a vinha da qual somos os ramos. Todas essas
humanidade de Jesus, porque alguns intelectuais figuras de linguagem têm a intenção de nos
da época consideravam o Cristo um fantasma, mostrar que, sem Jesus, nada podemos fazer.
apenas de passagem por este mundo, sem Vivendo com esse conhecimento, nossa alegria
nunca realmente fazer parte dele. João será completa (15.11).
argumenta que só um verdadeiro ser humano
poderia salvar a humanidade.
Esboço
Em terceiro lugar, seu evangelho foi escrito
1. Prólogo 1.1-18
especificamente para que pudéssemos crer em
2. Ministério de Jesus na Galiléia 1.19- 12.50
Jesus e "ter vida em seu nome" (20.31). João
3. Jesus em Jerusalém pela última vez 13.1-38
tem interesse em que os que ouçam falar de
4. Discurso no cenáculo 14.1 - 17.26
Jesus se beneficiem com esse conhecimento.
5. A morte, ressurreição e aparições de Jesus aos
Por último, João enfatiza o relacionamento
íntimo entre Jesus e seus seguidores. Ele é o bom discípulos 18.1 - 21.25_________________
Distâncias entre Cidades Importantes Cafamaum
144 km
do Novo Testamento e Jerusalém
M 57 km
Mar da Caliléia
Nazaré
112 km •

482 km até
Antioquia

2.253 km »Cesareia
até Roma 86 km

Samaria
GRANDE MAR 56 km

214 km até
Damasco

Emaús
12 km

JERUSALÉM
Betânia
3 km

Hebrom
160 km 40 km
Mar Morto
TV?F-
S$j|g
M A C E D O N IA .m3m*
ITÁLIA Jfs] $ & £ * >' ■ ’U T • - S Íl

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N eópolis* T M o fa to j » / Adramito FRÍGIA C A p ító C IA
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Q * f . S° l L d a 7 ” “ S .* J P o p o t í m I a Ecbalana

Corinto ^ E,e” -Á S IA joo d icé io

■ • -7'ê . /dileto PANFILIA . . . cípia Rio Eufrates Susã


íodss CHIPRE .S " lo ~ * j , dmiura
Babilônia '
Pafos • é K
CRETA Sidom JDamasco

•Tiro
MAR MEDITERRÂNEO
Jerusalém

JUDEIA
A lexandria*
CIRENE . Leontópolis ARÁBIA
Iv^ênfis

EGITO

Rio Nilo

Dispersão dos Comunidades Judaicas nos Dias de Cristo


prisão do apóstolo Paulo em Roma. Em Atos,
Atos temos a história do Evangelho indo de
Jerusalém a Judéia e Samaria, e depois às
partes mais distantes do globo (At 1.8). Até o
A segunda parte do N ovo Testamento dia de hoje, os cristãos são convocados a
constitui-se de apenas um livro: Atos dos continuar essa história de interesse pelo
Apóstolos. Ele contém a história da Igreja mundo e pela divulgação do Evangelho a
Primitiva, desde a ascensão de Jesus até a todos.
268 S íntese dos Livros da Bíblia

Atos era dos crentes. Eles estavam tentando viver


em paz e dentro da lei. Os pagãos é que
geralmente faziam protestos e causavam
Autor: Lucas
dificuldades.
Data: c. 65 d.C.
Lucas desejava ainda mostrar como os dois
principais líderes cristãos, Pedro e Barnabé,
Conteúdo exerciam o seu ministério. Em vista de alguns
Lucas escreveu o livro de Atos como uma mal-entendidos sobre as relações entre
continuação da sua história da Igreja. O ambos, certas pessoas estavam tentando criar
primeiro volume, que conhecemos como igrejas separadas.
Evangelho de Lucas, nos fala de Jesus e do Lucas procura demonstrar que eles não se
estabelecimento do Cristianismo pela sua opunham um ao outro; pelo contrário,
morte e ressurreição. O segundo volume, o concordavam no ponto básico, a saber, se o
livro de Atos, começa com a ascensão de indivíduo necessitava converter-se ao
Jesus aos Céus e a divulgação do Evangelho judaísmo para tornar-se cristão. Ambos
a partir de Jerusalém, chegando finalmente a diziam que isso não era necessário, assim
Roma, onde o livro termina. Não se sabe se como o restante da igreja.
Lucas pretendeu ou não escrever um terceiro Finalmente, Lucas queria traçar o progresso
volume, que cobriria a vida dos apóstolos até do Evangelho de Jerusalém até a Síria, Ásia
o fim. E possível que não tenha vivido para Menor, Macedânia e Grécia (Europa) e, em
completar a obra, mesmo que fosse esta a último lugar, Roma, (Veja os mapas nas pp.
sua intenção. 269-72). O desejo de Paulo era ver o
As razões para Lucas ter escrito o livro de Evangelho alcançar todos os povos, e esta
Atos não são difíceis de descobrir. Ele queria era a realização dos seus sonhos. E irônico
apresentar os fatos sobre o novo movimento. que ele tenha ido para Roma como
Muitas informações erradas estavam prisioneiro, mas o apóstolo viu a mão de
circulando, e Lucas queria corrigir quaisquer Deus em tudo. Seu desejo era ir para Roma,
falsas impressões que pudessem ter-se de qualquer jeito, e esse foi o método
propalado. escolhido por Deus. Paulo, o prisioneiro,
Ele pode também ter desejado mostrar a pregou então a liberdade em Cristo.
Teófilo - a quem o livro é dedicado - que O livro claramente se divide em duas partes,
este, como oficial romano, nada tinha a a primeira tratando dos eventos em Jerusalém
temer por parte do Cristianismo. E certo e cercanias (1.1 - 12.25), e a segunda, da
que aconteceram alguns problemas nos divulgação do Evangelho a partir dessa
lugares em que este surgia, mas a falta não cidade (13.1 -28.31).
Temas Teológicos lembravam muito bem. Havia também um
A primeira metade de Atos enfatiza alguns enfoque especial sobre o juízo vindouro e o
pontos teológicos importantes. A mensagem fim dos tempos. O juízo viria mais cedo
está ancorada no Antigo Testamento, porque do que a maioria esperava, com a
a pregação se dirigia principalmente aos queda de Jerusalém em 70 d.C. Para
judeus. Havia também uma forte ênfase à terminar, é feito um chamado urgente ao
morte e ressurreição de Jesus. Este ponto arrependimento e à fé.
podia ser na verdade acentuado, por se Na segunda metade do livro, novos
tratar exatamente do local onde os eventos discernimentos teológicos são
ocorreram e porque as pessoas dali os acrescentados. Em vista de o Evangelho ter
Segunda Viagem Missionária de Paulo

ultrapassado as fronteiras da Palestina, o precisa ser também atendida. A igreja não


acompanhamento dos fiéis é enfatizado. é um lugar onde qualquer um pode ser
Isto era necessário para o crescimento da qualquer coisa, ou onde uma única pessoa
igreja. Não basta pregar o Evangelho e ir governe despoticamente. Na igreja, o
embora; é importante certificar-se de que as Espírito de Deus dirige a vida e a adoração
necessidades contínuas da igreja sejam de maneira ordenada, através de estruturas
satisfeitas. Sua estrutura organizacional organizacionais apropriadas.
Terceira Viagem Missionária de Paulo
MACEDONIA

Tessalônica »Filipos

Mitilene GALÁCIA

Atenas

Corinto

CRETA CHIPRE

MAR MEDITERRÂNEO
Ptolemaida
,Cesaréia
JUDÉIA
Jerusalém

Esboço
1. Os primórdios da Igreja /. I - 2.47
2. O Evangelho em Jerusalém 3 .1 - 7.60
3. Propagação do Evangelho em Samaria, Jope e Antioquia 8.1 - 12.25
4. Viagens missionárias de Paulo 13.1-21.16
5. Prisão de Paulo e viagem a Roma 21.17 - 28.31
cartas da prisão (Efésios, Filipenses,
Epístolas (Cartas) Colossenses, Filemom), e cartas pastorais
(1 e 2 Timóteo, Tito). A Carta a o s f reus e
A terceira porte do N ovo Testamento contém considerada por alguns eruditos somo
as cartas dos escritores apostólicos. A maioria tombem da autoria de Paulo. As cartas
delas foi escrita pelo apóstolo Paulo restantes (Tiago - Judas) são chamadas
(Romanos - Filemom). Seus escritos foram "gerais" ou católicas, porque a mpioria delas,
subdivididos em cartas (Romanos, 1 e 2 exceto 2 e 3 João, foram escrita? à Igreja em
Coríntios, Gálatas, 1 e 2 Tessalonicenses), geral e não a igrejas locais ou Indivíduos.

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I 274 Síntese dos Livros da Bíbiia

humanos, entregando-se a paixões violentas e


Romanos abomináveis uns com os outros. Paulo viu isto
essencialmente como ingratidão a Deus, que
Autor: Paulo
nos fez para a glória e a virtude. Nós
Data: c. 58 a.C.
preferimos o abuso e a degradação uns dos
outros e da criação à glória de Deus. Nem
Conteúdo
todos desceram assim tão baixo, mas todos
Romanos é um dos mais importantes,
são pecadores. Paulo resume: "Todos pecaram
elaborados e teológicos livros do Novo
e destituídos estão da glória de Deus" (3.23).
Testamento. O apóstolo Paulo estava
Apesar da nossa situação desesperada, Deus
evidentemente pensando na grande cidade
não nos abandonou. Duas coisas se
do mundo antigo, Roma, e, embora nunca
destacam. Primeiro: Deus pode ainda ser
tivesse estado lá, queria explicar a natureza
conhecido pelos seres humanos pecadores;
do movimento cristão para os romanos. Ele
Deus ainda fala conosco. A evidência de
escreveu em termos abrangentes, cobrindo o
Deus pode ser vista na criação, assim como
período da História e do pensamento desde
numa lei escrita em nossos corações, que nos
Adão até o fim dos tempos.
fala de coisas superiores. Segundo: Deus fez
Temas Teológicos praticamente o impossível para nós, tornando
Paulo acreditava que Deus criara o mundo e a salvação disponível em Cristo. Jesus morreu
os primeiros seres humanos como uma espécie por nós, sem que o merecêssemos, para que
de representantes de toda a humanidade. A pudéssemos voltar a Deus - e tudo isso sem
raça humana descende de Adão - qualquer transigência da parte dEle.
lamentavelmente não tão perfeita, mas A fim de beneficiar-nos com esta salvação, que
decaída, sujeita ao pecado e à morte. O nos é oferecida, tudo o que precisamos fazer é
pecado e a morte são também nossa escolha, aceitá-la. Paulo afirma, então, que o Evangelho
mostrando que somos verdadeiramente filhos é poder de Deus para a salvação de todo
de nosso pai. Esse fato tornou o mundo um aquele que crê (1.16). Aquele que não
lugar difícil para se viver. Algumas pessoas "pratica" (para a salvação) mas crê no que
decaíram consideravelmente, substituindo a Deus fez em Cristo terá a sua fé imputada
adoração a Deus pelo culto a ídolos e como justiça (4.5). Se confessarmos Jesus
animais. Paulo estava, sem dúvida, refletindo como Senhor, crendo que Deus o ressuscitou
sobre o que vira nas muitas cidades as quais dentre os mortos, seremos salvos (10.9,10).
visitara, onde essas coisas eram comuns. Paulo cria firmemente nisto porque, quando
Alguns indivíduos não só tinham aviltado a praticava a religião judaica, tentou ganhar a
adoração como também os relacionamentos salvação mas falhou. Martinho Lutero
Autores do Novo Testamento
Nome Nacionalidade Profissão Escritos Como Morreram

Mateus judeu cobrador Evangelho Tradição: morreu como mártir na


de impostos de Mateus Etiópia

Marcos judeu Evangelho Tradição: morreu


de Marcos como mártir
Lucas grego médico Evangelho Tradição: morreu
de Lucas como mártir
Atos dos na Grécia
Apóstolos
João judeu pescador Evangelho Exilado em Patmos
de João 95 d £ ., depois
1, 2 e 3 João é solto
Apocalipse Tradição: morte natural

Paulo judeu/fariseu fabricante Romanos Tradição: decapitado


de tendas 1 e 2 Coríntios em Roma por
Gálatas ordem de Nero, em 6 7 ou
Efésios 68 d.C.
Filipenses
Colossenses
1 e 2 Tessalonicenses
1 e 2 Timóteo
Tito
Filemom
(talvez) Hebreus

Tiago judeu Carta de Tiago Tradição: morreu como


mártir 62 d.C.

Pedro judeu pescador 1 e 2 Pedro Tradição: crucificado de


cabeça para baixo por ordem
de Nero, em Roma 67 ou 68 d.C.

Judas judeu Judas Tradição: morreu como mártir


Ruínas do antigo fórum, Roma. Ao fundo, o Coliseu.

descobriu a mesma coisa mais tarde, ao tentar tomamos conhecimento deste poder à medida
obter a salvação apenas pelas regras que confiamos nEle. Encontramos também
monásticas. As regras, quer judias, pagãs ou nesta carta uma discussão de como viver na
cristãs, não salvam; só Deus salva. prática o modo cristão (capítulos 12 - 15).
Paulo acompanha esses discernimentos com Uma parte importante de Romanos é o
uma longa discussão sobre os benefícios da comentário sobre Israel e a Igreja (capítulos
vida cristã e o modo de vivê-la. Os benefícios 9 - 11). Ele mostra que Deus operou em toda
são belissimamente detalhados no capítulo 8. a História, mas especialmente em Israel. Isto
Dois pontos bastam para resumir o todo. fez surgir o problema da razão, onde Deus
Primeiro, Deus nunca deixa de amar-nos. parece colocar certas pessoas de lado. Paulo
Nada na criação pode separar-nos do argumenta que este é apenas um dilema
Soberano da criação (8.37-39). Segundo, aparente. Na verdade, só os crentes em Israel
Deus tem poder para fazer com que todas as eram realmente Israel, e os crentes em Jesus
coisas colaborem para o nosso bem (8.28). continuam agora, como Israel espiritual. Isto
Não se pode explicar exatamente como Deus não significa, porém, que Israel tenha sido
faz isto; mas, por ser Deus, Ele pode, e
Novo Testamento 2 7 7

completamente abandonada como nação. De


alguma forma misteriosa, quando os tratos de
Deus com os gentios terminarem, todo o Israel
será salvo (11.25,26).
Romanos é um guia teológico e prático para
o crente. Aprender os seus segredos é
conhecer a essência do ser cristão.

Esboço
1. Saudações 1.1-7
2 .0 mundo inteiro é pecador 1.8-3.20
3 .0 fato da salvação 3.21 -5.21
4. Aplicação da salvação 6.1 - 8.39
5. Israel e a Igreja 9.1-11.36
6. Diretrizes para o crente 12.1 - 15.33
Moeda mostrando um navio romano.
7. Saudações finais 16.1-27

e deixavam atrás de si a miséria e a aflição.


1 Coríntios Quando as pessoas nesse ambiente se
tornavam cristãs, transformavam-se em novas
Autor: Paulo
criaturas em Cristo. Mas, infelizmente,
Data: c. 56 d.C.
algumas continuavam com seus maus hábitos.

Conteúdo Temas Teológicos


Paulo viajou para Corinto em sua segunda E importante lembrar que, quando cremos,
viagem missionária (veja mapa na p. 270) e nem sempre somos transformados de imediato
passou ali algum tempo, estabelecendo a em alguém totalmente diferente do que
igreja. Era uma tarefa difícil, devido não só à éramos. Somos feitos novas criaturas, mas
oposição encontrada como também por temos de "crescer na graça" com o poder
causa da cidade em si. Corinto era notória que Deus nos dá. E o poder de Deus que faz
desde os tempos antigos pela corrupção a diferença e está à nossa disposição se
generalizada. Como porto marítimo, atraía quisermos beneficiar-nos dele. Os cristãos de
indivíduos de toda espécie, que contribuíam Corinto o fizeram, mas nem todos.
com sua maldade, partiam sem ser castigados Grande parte deste livro constitui-se de
278 Síntese dos Livros da Bíblia

respostas de Paulo a perguntas feitas pelos


representantes de Corinto. Elas cobrem vários
problemas teológicos e práticos. Paulo trata da
relação entre a fé e a vida, mostrando que a fé
é a essência da existência cristã. Pode parecer
tolice, para alguns, mas é de fato a única
maneira de viver de modo agradável a Deus.
Paulo continua, discutindo a prática desse viver
e as recompensas que receberemos. Numa
descrição metafórica do juízo (3.10-15), Paulo
mostra que alguns de nossos atos não passarão
no teste. Outros, porém, como pedras preciosas
brilharão para sempre. Uma passagem da
máxima importância sobre não julgar o próximo
abre o capítulo 4. Não devemos julgar uns aos
outros; só Deus pode fazê-lo. Paulo trata então
de uma série de problemas - processos
judiciais, reclamações pessoais, imoralidade,
questões sobre o casamento, alimentos
sacrificados aos ídolos e a liberdade humana
de cada um agir segundo a sua própria
vontade. A seguir, ele discute a Ceia do Senhor,
os dons espirituais e a doutrina da ressurreição.
A discussão a respeito dos dons espirituais é Mosaico do deus grego Dionísio
especialmente importante. Três capítulos
descrevem como os nossos dons devem ser
exercidos (capítulos 12 - 14). E uma lista igualmente importante. Não é de hoje que as
parcial dos dons que o Espírito distribui entre pessoas tendem a duvidar da verdade que os
os crentes, mostrando o seu uso construtivo. cristãos dizem sobre a ressurreição de Jesus.
Paulo enfatiza o motivo que deve sublinhar o Isso também acontecia nos dias de Paulo. Ele
uso de qualquer coisa que Deus nos dá: o achou necessário defender a doutrina da
amor (capítulo 13). Se possuíssemos toda a ressurreição física de Cristo. O fato de Jesus
inteligência ou força do mundo e não ter morrido e ressuscitado é o fundamento da
agíssemos com amor, nada seríamos. fé cristã. Baseado nisto, temos a esperança
O debate sobre a ressurreição (capítulo 15) é da eternidade.
N ovo Testamento 2 79

Paulo conclui sua carta com uma série de


Esboço
saudações e uma exortação para que seja feita
1 .0 glorioso Evangelho de Cristo 1.1 - 3.23
uma oferta à igreja de Jerusalém. Este assunto
2. A vida dos apóstolos 4.1-21
pode parecer pouco relevante, mas tinha de
3. Discussão de problemas pessoais
fato muita importância para Paulo. Ele queria
5 .1 -6 .2 0
que os primeiros cristãos reconhecessem sua
4. Discussão de problemas no casamento
dependência mútua. O Evangelho saíra de
7.1-40
Jerusalém e havia beneficiado espiritualmente
5. Discussão de problemas na vida cristã
os coríntios. Eles, por sua vez, deveriam aceitar 8.1-11.34
alguma responsabilidade pelos que estavam ó. Discussão sobre os dons espirituais
sofrendo ali. Desta forma, ambos os grupos 12.1- 14.40
reconheceriam a unidade que tinham em Cristo. 7. A ressurreição de Cristo 15.1-58
Se mais deste espírito se evidenciasse hoje, 8. Saudações finais 16.1-24
teríamos muito menos problemas.
O tem plo de A poio, em C orinto
N ovo lestamento 28

2 Coríntios Temas Teológicos


Paulo faz questão de enfatizar a morte de Cristo
a nosso favor e a glória da salvação. Nossa
Autor: Paulo condição desesperadora fez com que Deus
Data: c. 57 d. C. enviasse seu Filho para salvar-nos. O amor de
Deus é que o moveu a ajudar-nos e levou Paulo
Conteúdo a pregar o Evangelho (5.14). A obra de Cristo
O apóstolo Paulo escreveu esta carta pouco na cruz transformou o mundo. Ele não morreu
depois de ter escrito 1 Coríntios. Notícias de apenas para ser um exemplo de dedicação a
Corinto informavam como a primeira carta uma causa, mas para reconciliar o mundo com
fora recebida, e ele estava respondendo a Deus. Nós nos desviamos, errando e pecando,
isso. Esta é, provavelmente, a mais pessoal e e era necessário um ato drástico para nos fazer
emocionada de suas cartas. voltar. Este passo foi dado por Jesus ao morrer
A maior preocupação de Paulo era pelos nossos pecados (5.19). Agora, se crermos
restabelecer sua posição de apóstolo diante nEle podemos, renovados, tornar-nos parte da
dos coríntios. Alguns estavam atacando a sua nova criação (5.17). Feita a oferta, o momento
autoridade, e outros, dividindo a igreja. Ele certo de aceitá-la é aquele em que é
queria fazê-los compreender que não obtinha compreendida; depois, pode ser tarde demais
qualquer lucro pessoal com suas pregações. (6 . 1, 2 ).
Tudo o que fazia era para o bem da igreja. E Boa parte desta carta é dedicada ao estilo de
não só, seu trabalho era fruto de grande vida cristão. Este material não está reunido,
esforço. Ele faz uma lista das coisas que teve como em algumas das outras cartas de Paulo,
de suportar (6.3-10; 11.23-29), inclusive mas espalhado por todo o livro. Paulo menciona
espancamentos e prisão. O desejo de novamente irregularidades sexuais e a
autoridade não era por sua própria causa, necessidade de manter-nos dentro da
mas por causa deles, pois precisavam de recomendação divina, ou seja, restritos aos
alguém que os levasse da escuridão para a nossos cônjuges. Nosso corpo é templo do
luz. Quanto aos que estavam dividindo a Espírito Santo e não deve sofrer abuso (6.14 -
igreja, um simples olhar para os resultados 7.1). Devemos também sustentar os que nos
mostraria o seu erro. Conflito e discórdia servem. Paulo já utilizara o exemplo de um boi
jamais são produto da obra do Espírito de moendo trigo. O Antigo Testamento proibia que
Deus, mas de pessoas egoístas. o boi fosse amordaçado enquanto trabalhava,
por necessitar do alimento para continuar sua
tarefa. Se Deus cuida do gado, não irá também
À esquerda: Divindades gregas: relevo de Perge. cuidar dos seres humanos que se entregam
282 Síntese dos Livros da Bíblia

generosamente em benefício de outros? ele, é que amadurecemos e vencemos


No final, Paulo fala de seus próprios finalmente o problema. Paulo aprendeu que a
problemas. Ele faz alusões a seus males nossa fraqueza é a oportunidade para a
físicos em outro ponto (Gl 4.12-15), mas aqui força de Deus manifestar-se.
desce a detalhes, explicando como pedira a
Esboço
Deus que o curasse, não sendo atendido
1. Saudação 1.1-11
(12.1-10). Recebeu, no entanto, algo mais
2. Súplica de Paulo aos coríntios 1.12-3.18
importante - um encontro com Deus que o
3. A natureza do ministério de Paulo 4.1-7.16
fortaleceu. O apóstolo aprendeu como viver,
4. Responsabilidade para com os que servem
mesmo sofrendo, em vez de fugir do
8.1-9.15
sofrimento e viver longe dele. Há um grande
5. Defesa do apostolado e comentários finais
mistério nisto, porém só quando aceitamos de
10.1-13.13
boa mente o nosso fardo, qualquer que seja

C orinto romana: aqui Paulo foi levado diante do procônsul


N ovo Testamento 2 83

pessoa não podia ser salva se não fosse


Gálatas circuncidada conforme o costume judeu. Eles
diziam que Paulo era arrogante e mentiroso,
que não dissera toda a verdade aos Gálatas,
Autor: Paulo que era fraco, doente e covarde. A lealdade
Data: c. 48 d.C. dos Gálatas a Paulo começou a vacilar, assim
como a sua aceitação ao Evangelho. Em vista
Conteúdo
dessas circunstâncias, Paulo escreveu a carta
A Carta aos Gálatas é provavelmente a
agora intitulada "Gálatas".
primeira que o apóstolo Paulo escreveu. Ele
fez uma viagem missionária às igrejas Temas Teológicos
naquela região (Galácia), descrita por Lucas A mensagem central da Carta aos Gálatas é
(Atos 13 - 14; veja o mapa na p. 269). As que o indivíduo é salvo apenas pela fé; ser
maiores cidades onde Paulo pregou foram salvo significa ser liberto. Ser salvo apenas
Antioquia, Listra, Icônio e Derbe, grandes pela fé é a essência do Evangelho. Paulo
centros de população e comércio. Paulo apresenta o seu caso, mostrando que Abraão
achou importante pregar nesses lugares foi salvo pela fé (um bom exemplo, pois os
estratégicos, onde as vias comerciais se judeus consideravam Abraão o pai da sua
cruzavam. Dessa forma, ele podia ensinar o nação). Foi assim que Deus estabeleceu a
Evangelho aos viajantes, e estes levavam a salvação da humanidade. Jesus morreu para
mensagem às suas terras. Paulo não foi, no que não tivéssemos de ganhar a salvação por
entanto, bem recebido nessas cidades. Os esforço próprio - o que não seria possível,
judeus ouviram, a princípio, porque ele era mesmo que quiséssemos. Negar que
também judeu, mas sua boa disposição podemos ser salvos pela fé é negar a Deus.
mudou quando o apóstolo começou a falar Quando a pessoa crê, ela se torna livre -
de Jesus como o Messias. Os gentios, por seu livre do castigo do pecado, das regras inúteis,
lado, mostraram-se hostis quando Paulo da lei, dos poderes malignos, de si mesma.
rejeitou o seu paganismo. Em Listra, o Esta mensagem abre a porta para uma vida
apóstolo foi selvagemente atacado e deixado significativa e cheia de alegria. O Espírito
como morto. Apesar disso alguns creram, e a Santo entra, trazendo "caridade [amor],
igreja foi estabelecida na região da Galácia. gozo, paz, longanimidade, benignidade,
Surgiu, porém, um grave problema que levou bondade, fé, mansidão e temperança"
o apóstolo a escrever esta carta. Alguns (5.22,23). A pessoa pode então viver para
cristãos judeus de fortes convicções outros, amando-os e carregando os seus
chegaram à Galácia com o intuito de destruir fardos. A liberdade para ser o que Deus quer
a autoridade de Paulo. Na opinião deles, a e servir a outros é o coração da vida cristã.
284 Síntese dos Livros da Bíblia

Paulo afirma que somos salvos pela fé e colher. A fé traz vida. Uma vida de egoísmo e
libertos mediante um conjunto elaborado de maldade traz a morte. A opção está diante
argumentos. Ele mostra que o seu apostolado de nós, e Paulo insiste que escolhamos a vida.
lhe dá o direito de falar com autoridade; que
o Jesus ressurreto lhe revelara a verdade; que
seus ensinos eram coerentes com o Antigo
Testamento, e nisto concordavam os outros
apóstolos em Jerusalém; que o Espírito Santo Esboço
confirmara a verdade da sua mensagem, 1. Introdução 1.1-9
operando milagres e que o seu evangelho 2. Paulo defende o seu apostolado 1.10 - 2.10
produzia bons resultados na vida do 3. Paulo defende o seu Evangelho 2.11-21
indivíduo. Quem não concordasse deveria ter 4. A salvação e os seus benefícios 3.1 -4.31
cuidado para não acabar lutando contra 5. A liberdade que Cristo nos dá 5 .1 -6 .1 8
Deus. O que os homens plantam é o que irão

Paulo viajou para Éfeso em sua segunda


Efésios viagem missionária, deixando ali Priscila e
Aquila como responsáveis pelo ministério (At
Autor: Paulo
18.18,19). Eles devem ter feito um bom
Data: c. 60 ou 61 d.C.
trabalho, porque quando Paulo voltou mais
Conteúdo tarde, para permanecer durante quase três
Éfeso, uma das grandes metrópoles da anos, encontrou uma florescente comunidade
Antiguidade, estava localizada na costa cristã (At 19.1-10; veja os mapas nas pp.
oeste da Ásia Menor, a Turquia de hoje. Sua 270-71). Paulo viu-se forçado a deixar a
importância desapareceu. Tudo o que resta cidade após um violento motim da
são algumas ruínas magníficas, que estão população. O templo local de Artemis
sendo escavadas por inúmeras organizações (Diana) estava perdendo dinheiro e culparam
do mundo inteiro. Em vista de as estradas Paulo, porque ele havia dito que os ídolos
principais, edifícios, templos, casas e o não têm valor e deviam ser rejeitados. O
anfiteatro estarem mais ou menos intactos, templo, um dos grandes monumentos da
pode-se ter uma idéia de como era a vida nos Antiguidade, deve ter arrecadado para Éfeso
tempos romanos ao visitar esses
extraordinários remanescentes de uma
civilização do passado. À direita: A biblioteca de Celsus, Éfeso.
N ovo Testamento 2 8 7

uma enorme quantia em dinheiro, ofertada O capítulo 2 prossegue com o tema,


pelos adoradores de Artemis. Um sermão ampliando-o para explicar como judeus e
comovente é registrado em Atos 20.17-38, no gentios estão agora reunidos em Cristo.
qual Paulo encoraja os anciãos de Efeso a Barreira alguma deve separar os seres
permanecerem no caminho do Senhor. A humanos; todos são iguais diante de Deus. O
carta é também um belíssimo retrato do amor não discrimina, mas abençoa livremente
missionário Paulo e seu amor pela igreja. o objeto da sua afeição. No capítulo 3, há
A Carta aos Efésios foi escrita por Paulo perto uma ênfase ao evangelho de Paulo e sua
do fim de sua vida, quando se achava ligação ao mistério de Deus em seu todo. As
prisioneiro em Roma. E importante ter em riquezas de Cristo, que não podem ser
mente a serenidade e a paz desta carta. O sondadas, estarão ao nosso dispor se nos
sentimento de calma expresso por Paulo vinha voltarmos para elas e as tomarmos. Assim
da presença do Senhor e não de procedendo, o indivíduo entra no amor de
circunstâncias externas. A carta Cristo, com um conhecimento que vai além
provavelmente pretendia ser uma circular, das palavras e da experiência. Conhecer é o
passada de igreja em igreja para ensinar a bastante. Os capítulos 4 - 6 contêm
todos. ensinamentos sobre a vida cristã: casamento,
família, tentação, ira, serviço e conflito
Temas Teológicos
espiritual. Em tudo isto a solução é conhecer
Efésios ressalta vários pontos teológicos,
melhor a Cristo na prática. A oração se torna
tratando principalmente da natureza da
uma chave para obter a vitória sobre o
salvação e da vida cristã. O primeiro capítulo
pecado, o mal, Satanás e nosso próprio “ eu"
enfatiza a natureza abrangente da salvação,
inconstante.
em uma das sentenças mais longas da Bíblia
(1.3-14; algumas versões a dividem - N. T.).
Paulo comenta o eterno propósito de Deus.
Esboço
Deus planejou, executou, sustém e dirige a
1. A natureza gloriosa da salvação 1.1-23
nossa salvação. A única razão dada à
2. A unidade de todos os que crêem em Cristo
eleição de alguns, para serem salvos, é o seu
2. 1-22
amor. Das profundezas do Ser divino,
3 .0 mistério do amor de Cristo 3.1-21
derramou-se a compaixão e a graça que
4. A natureza da vida cristã 4 .1 - 6.24
resultaram na salvação daqueles que crêem.

À esquerda: Local do tem plo de Diana (Artemis),


Efeso. A coluna solitária fo i reerguida por
arqueólogos.
288 Síntese dos Livros da Bíblia

pôde fazer isto porque aprendera o segredo


Filipenses da alegria, isto é, devemos alegrar-nos no
Senhor. Pelo fato de Deus não mudar e de ser
Autor: Paulo o nosso Pai celestial, não precisamos temer.
Deus tem tudo sob controle, e, quer tenhamos
Data: c. 60 ou 61 d.C.
fartura ou necessidade, podemos viver
Conteúdo contentes (4.1-12).
Paulo escreveu da prisão em Roma a Carta aos Paulo salienta, igualmente, a certeza de que
Filipenses. Ele visitara a cidade durante a sua Deus, que começou a obra em cada crente, irá
segunda viagem missionária, como descrito em completá-la. Haveria razão para dúvidas se
Atos 16.11-40 (veja o mapa na p. 270). O esse aperfeiçoamento fosse deixado por nossa
apóstolo fora bem recebido ali, até expulsar o conta; mas, como Deus jamais nos abandonará
demônio de uma jovem escrava que ganhava ou dará um fardo acima das nossas forças,
dinheiro para o seu dono prevendo o futuro. então podemos vencer (1.6). Isto não significa
Paulo e seu companheiro, Silas, foram que devamos ficar sentados sem fazer nada.
espancados e presos. Um terremoto abriu as
portas da cela, mas eles não fugiram. Como Relevo de um g la d ia do r, Éfeso.

resultado, o carcereiro foi convertido ao ouvir o


Evangelho. Paulo usou sua cidadania romana
para ganhar a liberdade no dia seguinte.
Temas Teológicos
A carta escrita por Paulo aos amigos em
Filipos é uma das mais pessoais do Novo
Testamento. Ela não começa com a afirmação
costumeira de autoridade ("Paulo,
apóstolo..."), mas por "Paulo e Timóteo, servos
de Jesus Cristo". O tema do livro é a alegria
no Senhor. Paulo fala nada menos que oito
vezes sobre como devemos alegrar-nos apesar
das circunstâncias (1.18; 2.17; 2.18; 2.28; 3.1;
4.4). E importante lembrar que Paulo estava
preso na ocasião, com pouca esperança de
ser solto, virtualmente só, cansado por causa
do seu ministério de pregação e sem dinheiro.
Como é notável que o apóstolo enfatize a
gratidão e a alegria que devemos ter! Ele
Ruínas da antiga Filipos, Macedônia.
Cabe-nos operar a nossa salvação com temor e se dobrará e toda língua confessará que Jesus
tremor (2.12), avançando em direção ao alvo Cristo é o Senhor.
do chamado superior de Deus em Cristo (3.14). O valor da oração é enfatizado por Paulo como
Outro ponto que Paulo ressalta é o Céu, que o meio de livrar-se realmente da ansiedade (4.4-
aguarda o crente após a morte. Ele não está 7). A paz de Deus virá aos que se oferecem a
sendo mórbido, mas compreende que todos Ele em simples entrega. Paulo desistiu de tudo o
devem enfrentar a morte, mais cedo ou mais mais, disse ele, a fim de conhecer Cristo, o
tarde. Para o crente, a morte não deve ser poder da sua ressurreição e a comunhão com o
motivo de terror (1.21). Morrer é lucro porque seu sofrimento e morte (3.10).
estaremos entrando na presença de Jesus, que
nos amou e deu a sua vida por nós. Paulo não
sabia na ocasião, mas dentro de poucos anos Esboço
ele próprio iria morrer na cidade de Roma. O 1. Saudação e oração de abertura J.I-11
apóstolo usa a vida de Cristo como um modelo 2 .0 conhecimento de Cristo por Paulo 1.12-30
a ser seguido pelos cristãos (2.5-11). Embora 3 .0 exemplo de Cristo 2.1-11
estivesse na glória com o pai, Jesus a deixou 4. Exortações e defesa própria 2.12-3.21
para morrer na cruz por todos os que viessem a 5 .0 segredo da alegria 4.1-23
crer nEle. Por essa razão, algum dia, todo joelho
290 Sí ntese dos Livros da Bíblia

Colossenses
Autor: Paulo
Data: 60 ou ó l d. C.

Conteúdo
Paulo escreveu esta carta enquanto se
achava preso em Roma. Ela faz parte de um
grupo chamado "cartas da prisão"
(Filipenses, Efésios e Filemom). Não há
evidência de que Paulo já tivesse estado em
Colossos, mas ele evidentemente conhecia as
pessoas do lugar. Elas foram provavelmente
convertidas em Efeso, uma cidade vizinha,
quando Paulo ministrou ali, na sua terceira
viagem missionária (veja o mapa na p. 281).
Paulo permaneceu em Efeso durante dois
anos e meio, e Lucas registra que todos os
moradores da Ásia (Ásia Menor, o que inclui
Colossos) tinham ouvido a Palavra do Senhor
(At 19.10). A carta em si não é tão pessoal
quanto outras missivas de Paulo, e isto é
compreensível. Ele menciona um mensageiro
especial, Epafras, elo entre o apóstolo e a O teatro, Afrodisias, perto da antiga Colossos.
igreja de Colossos (1.7), assim como uma
ou o ensinamento por si só levaria à
série de outras pessoas suas conhecidas
estreiteza de idéias e à justiça própria. A
(4.10-17).
prática ou a ação por si só levaria ao conflito
Como acontece com muitas das cartas
e ao erro. Em conjunto, tendo a doutrina
paulinas, Colossenses pode ser dividida em
correta como base, é possível viver de modo
duas partes principais, a primeira doutrinária
agradável a Deus, a nós mesmos e aos
e a segunda prática. E significativo que as
outros.
cartas de Paulo sejam sempre arranjadas
deste modo, com a doutrina em primeiro Temas Teológicos
lugar. O ensino correto deve ser sempre o Na parte doutrinária desta carta, a ênfase
fundamento para a ação correta. A doutrina recai no que os teólogos denominam
N ovo Testamento 291

cristologia, ou a doutrina de Cristo. Paulo dos judeus piedosos esperava. Ele veio para
pretende ressaltar a natureza ímpar de Jesus, vencer o mal em todas as suas formas,
que é a imagem ou reflexo expresso do Deus todavia apresentou-se como um servo de
invisível. Ele participou da criação do mundo Deus disposto a morrer. De fato, foi a morte
e de todas as coisas nele contidas. Ele tem de Jesus que possibilitou a destruição do mal
igualmente parte na tarefa de mantê-lo (2.13-15). Para os que são capazes de crer, a
existindo. Nada subsiste sem Cristo, que verdade está diante dos olhos. Se
também é o cabeça ou o chefe da Igreja. pudéssemos esquecer de nós mesmos e viver
Paulo salienta que as qualidades eternas de para Deus e os outros, encontraríamos a
Deus, que poderiam ter ficado para sempre verdadeira vida. Jesus apontou o caminho,
ocultas de nós, foram reveladas em Cristo, morrendo pelos nossos pecados e voltando a
que se tornou um de nós. Porém, dois viver.
detalhes sobre a sua vinda ao mundo Segundo, o auto-sacrifício de Jesus não foi
merecem destaque. simplesmente para nossa contemplação e
Primeiro, não foi da maneira como a maioria reflexão. Seu propósito, determinado por
Fonte de Trajano, em uma rua da antiga Efeso.
292 Síntese dos Livros da Bíblia

Deus, é tornar-nos pessoas melhores. Como maridos e filhos; temas de oração, pureza
cristãos, temos tudo que precisamos para pessoal e liberdade cristã.
viver. Cristo nos libertou de todas as forças
malignas, está sentado à destra de Deus e
devemos pensar nas coisas que são de cima Esboço
e não nas que são da terra (3.1-4). 1. Saudação de abertura e oração 1. 1-12
A prática sucede à doutrina, e ambas, em 2. Ensino cristológico 1.12-2.15
alguns casos, se misturam. Os pontos são:
3. Implicações práticas da cristologia 2.16 - 4.6
como viver a vida cristã; como ter paz
4. Comentários finais e despedidas 4.7-18
pessoal; comentários sobre os pais, esposas,

para a sua cidade - aceitando o


1 Tessalonicenses Cristianismo. De qualquer modo, Paulo
continuou viagem, depois de fugir de
Tessalônica, e acabou chegando a Corinto,
Autor: Paulo
de onde enviou Timóteo de volta, para saber
Data: c. 50-51 d.C.
como as coisas estavam indo após sua
Conteúdo partida. As boas notícias de que tudo ia bem
Paulo escreveu a Carta aos Tessalonicenses confortaram Paulo, levando-o a escrever. Ele
quando estava em Corinto, pouco tempo agradeceu o interesse demonstrado na sua
depois de ter pregado ali, na sua segunda pessoa e passou a reparar alguns mal­
viagem missionária (veja o mapa na p. 270). entendidos com relação à doutrina.
Houvera muita perseguição aos crentes,
Temas Teológicos
iniciando enquanto Paulo ainda se achava na
Paulo inicia a carta elogiando a igreja pela
cidade. Aparentemente, um grupo de homens
sua atividade e testemunho espirituais. Suas
violentos decidira que era sua
ações estavam sendo comentadas em outros
responsabilidade destruir o novo movimento.
lugares e eram um bom exemplo a ser
Na verdade, esses indivíduos estavam com
seguido. Eles, por sua vez, estavam seguindo
medo e inseguros quanto às eventuais
o bom exemplo de Paulo, que imitava o de
mudanças em suas vidas perversas. A
oposição freqüentemente tem origem no
medo e na incompreensão. Se esses homens,
usando a lógica, tivessem pensado melhor, À direita: A rco de Galerius, Tessalônica, que
teriam obtido mais vantagens - para eles e remonta aos tempos romanos.
N ovo Testamento 2 95

Cristo. 0 apóstolo sabia como era difícil Paulo ocupa a última parte de sua carta
permanecer fiel, especialmente em meio à discutindo um mal-entendido grave que
forte perseguição, e estava profundamente surgira sobre a volta de Jesus. E difícil saber
grato a Deus pela maneira como eles exatamente o problema, mas ele
continuavam firmes em seu compromisso. evidentemente assumira duas faces. De um
Paulo lembrou-os de que Jesus não só nos lado, alguns ficaram confusos sobre quem iria
livrou dos nossos pecados, mas nos beneficiar-se com a volta de Cristo, supondo
resguardará de todo mal quando voltar. que só os vivos seriam incluídos - assim, os
A carta prossegue neste teor, falando sobre o que morressem antes de Ele voltar seriam
ministério do apóstolo e de como iam as simplesmente deixados de lado. Do outro,
coisas em sua vida. Ele também fora estavam aqueles preocupados com a idéia de
perseguido e, portanto, compreendia o que quando Cristo voltaria, chegando ao ponto
os tessalonicenses estavam enfrentando. de abandonar seus ofícios e tornar-se um
Outros haviam sofrido igualmente por Cristo, peso para a igreja. Paulo corrige esses
em especial os crentes da Judéia (a terra de problemas, e passa a destacar o fato da volta
Israel). Nunca foi fácil ser cristão, era o que de Cristo e o que isto deveria significar para
Paulo desejava compartilhar com aqueles nós. Esta é a certeza que irá encerrar a era
novos seguidores do Senhor. Ele falou de presente, trazendo consolo para os cristãos e
maneira muito pessoal, afirmando que o seu juízo sobre os incrédulos. Devemos viver com
cuidado por eles era como o de uma ama, ou expectativa, alegria e coragem à luz da sua
o de um pai por seus filhos. Em tudo havia a ocorrência em breve.
intenção prática de ajudar os tessalonicenses
a viver melhor.
Um problema especial relativo ao casamento
Esboço
e à santidade pessoal havia surgido, e Paulo
1. Saudações e exortações de Paulo aos
trata especificamente do caso. O mundo
tessalonicenses 1.1-2.20.
antigo era notoriamente negligente nessas
2. Aleqria de Paulo com as notícias de Timóteo
questões, criando graves problemas para os
3.1-13
que tentavam manter suas vidas em ordem.
3. Tratadas as questões morais 4.1-12
Paulo lhes garante que, com a graça e a
4. A volta de Cristo e o dia do Senhor
força de Deus, eles iriam vencer as tentações
4.1 3-5.28
e obstáculos ao crescimento cristão.

À esquerda: Interior do Coliseu, construído em


80 d.C. para os combates dos gladiadores.
296 Síntese dos Livros da Bíblia

Cristo voltar, Ele será glorificado entre os seus


2 Tessalonicenses santos e banirá da sua presença todos os que
tiverem rejeitado o Evangelho (1.3-12).
Paulo prossegue, afirmando que a vinda de
Autor: Paulo
Cristo não teria lugar sem que outros eventos
Data: c. 51 d.C.
ocorressem. E um erro, disse ele, imaginar
que a segunda vinda possa acontecer sem
Conteúdo
qualquer relação com o restante do plano de
Depois de ter escrito a Primeira Carta aos
Deus. A volta de Cristo deve ser precedida
Tessalonicenses, Paulo foi informado de novas
por um desvio geral (ou apostasia), a
confusões a respeito da doutrina da volta de
revelação do "homem da iniqüidade",
Cristo. Aparentemente, houvera boatos de
geralmente chamado Anticristo, e suas
que o próprio Paulo enviara a informação, ou
tentativas de domínio universal. O Anticristo
pelo menos era a fonte dela. Além disso,
já está operando em espírito, mas ele deverá
alguns começaram a pensar que a volta de
se manifestar abertamente antes que venha o
Cristo estava tão próxima que não era mais
fim (2.8).
necessário sustentar a si mesmo ou à família.
Paulo dá seguimento à explicação com
Para que trabalhar, se Cristo estava para
exortações éticas, de ordem prática. A
destruir o mundo? A fim de tratar dessas
doutrina da volta de Cristo não deve tornar-
questões e encorajar os crentes, Paulo
nos preguiçosos, arrogantes ou imorais, mas
escreveu uma segunda carta, provavelmente,
ocupados, humildes e puros. Não devemos
poucos meses após a primeira.
nos cansar de fazer o bem (3.6-13).
Temas Teológicos
Paulo inicia animando os tessalonicenses em
Esboço
meio às suas perseguições. Ele enfatiza a
1. Confirmada a vinda de Cristo em qlória
chamada daqueles crentes para serem dignos
1. 1-12
do Reino de Deus, pelo qual sofriam no
2. Os eventos que devem preceder a volta
momento. Caso suportassem as tribulações,
de Cristo 2.1-17
quando Cristo voltasse seriam confortados e
os seus perseguidores sentiriam sobre si a 3. Exortações à vida santa à luz da volta

mão de Deus em julgamento. No dia em que de Cristo 3.1-18


N ovo Testamento 2 97 |
época, entre as duas prisões, Paulo escreveu
1 Timóteo três cartas (1 e 2 Timóteo e Tito) aos seus
associados em Efeso e na ilha de Creta
chamadas "epístolas pastorais",. Timóteo
Autor: Paulo
parece ter sido o mais moço desses dois
Data: c. 64 d.C.
homens, cuidando de uma única igreja. Tito
Conteúdo parece ter sido uma espécie de embaixador,
Depois de Paulo ter sido libertado da prisão cujo trabalho era nomear presbíteros e
em 62 d.C., ele passou dois anos viajando supervisionar as muitas igrejas.
(algumas fontes primitivas dizem que chegou A primeira carta de Paulo é basicamente
até a Espanha), tanto pregando o Evangelho prática, tratando de assuntos relativos à vida
como animando as igrejas existentes. O cristã. Ela contém, igualmente, material
apóstolo foi novamente preso em 64 d.C. e doutrinário importante. Falsas opiniões estavam
provavelmente morreu nesse ano. Em alguma surgindo. Alguns indivíduos queriam estabelecer

Efeso, teatro antigo.

v.
298 Síntese dos Livros da Bíblia

pequenos impérios para si mesmos, isto teria significado a nossa perdição eterna.
independentes das igrejas estabelecidas. Por causa do seu amor por nós, Ele se dispôs
a deixar temporariamente tudo para trás, a
Temas Teológicos fim de nos trazer a salvação. O sumário de
Num curto resumo explicativo sobre Jesus, Paulo termina com uma ênfase sobre a
Paulo esboça alguns elementos essenciais da ascensão de Cristo e a pregação do
fé (3.16). A fé cristã é um profundo mistério; Evangelho ao mundo.
só Deus sabe tudo o que há para saber. Paulo reitera, também, outros pontos
Nossa parte é confiar em Deus e não nos teológicos, tais como o lugar da oração, a
preocuparmos com as coisas sobre as quais ressurreição, a natureza de Deus e os
não temos controle. A encarnação e a benefícios da morte de Cristo.
ressurreição de Cristo estão no centro da O material prático desta carta cobre duas
nossa fé. Jesus poderia ter permanecido para áreas, a vida pública da igreja e a existência
sempre com o Pai em sua glória eterna, mas privada. O material sobre a vida da igreja

Areópago em Atenas, onde Paulo falou ao concílio (At 17).


N ovo Testamento 2 99

deve ser estudado cuidadosamente, por todos ênfase sobre a liberdade apropriadamente
os que aspiram ocupar um cargo. Paulo lista exercida. E evidente, que alguns desejavam
os requisitos para aqueles que querem servir controlar a vida de outros, mas Paulo não
como bispos [ou anciãos) e diáconos. Há permite isso. Devemos tomar nossas próprias
algumas diferenças nas exigências, mas, elas decisões sobre o que comer ou beber, se
basicamente requerem que o indivíduo seja devemos ou não casar, e como tratar de
totalmente dedicado em sua vida e coração. nossos negócios pessoais (4.1-10). Nossas
Um líder é também designado para cuidar necessidades básicas não devem ser
das viúvas, uma categoria feminina desprezadas, porque Deus nos fez assim.
extraordinariamente grande na Antiguidade. Mas, elas não devem dominar-nos,
O fato de haver liderança na igreja indica transformando-nos em glutões, bêbados ou
que todos temos necessidade de ordem e adúlteros. Tudo deve ser colocado no seu
disciplina. Assim como uma casa ou um devido lugar, sob a orientação do Espírito e
negócio não funcionam bem sem chefes e com uma atitude de humildade.
regulamentos, a igreja precisa ter os seus
Esboço
líderes, guiados pelo Espírito e responsáveis
1. Saudação e tarefa para Timóteo 1.1-20
diante de Deus e do povo.
2. Os líderes da igreja e a adoração 2.1-3.16
O material dedicado à vida cristã abrange,
3. Regulamentos gerais 4.1-16
na prática, os relacionamentos e atos
4. Regulamentos e instruções específicos 5.1-6.10
humanos. Há material sobre filhos, pais,
maridos, mulheres e servos. Há também uma 5. Tarefa final para Timóteo 6.11-21

melhor ainda, que tipo de pessoa Deus pode


2 Timóteo ajudar-nos a ser se confiarmos nEle. A carta
consiste basicamente de quatro incumbências
Autor: Paulo dadas a Timóteo pelo envelhecido Paulo.
Data: c. 64-66 a.C.
Temas Teológicos
Conteúdo Na primeira incumbência, Paulo lembra Timóteo
A segunda carta de Paulo a Timóteo foi da sua boa herança. Sua mãe e sua avó
provavelmente a última escrita por ele. O haviam dado um maravilhoso exemplo, e
apóstolo fora detido e se achava na prisão Timóteo deveria segui-lo. E impossível exagerar
(4.6), sabendo que o fim estava próximo. E uma o valor dos nossos lares e de nossos pais.
carta cheia de coragem e força, mostrando-nos Quando os pais e outros dão um bom exemplo
que tipo de pessoa Paulo realmente era - ou, de vida piedosa, os mais jovens absorvem essa
300 Síntese dos Livros da Bíblia

atmosfera e se tornam também assim. Quando recebemos dons de Deus, mas eles devem ser
somos pais, nossa tarefa é continuar esse usados. Se não forem, irão murchar e morrer,
padrão, a fim de nossos filhos viverem também como um músculo que deixamos enferrujar por
diante do Senhor. E significativo que Paulo tenha falta de uso. Se praticarmos os nossos dons, eles
destacado as duas mulheres em sua irão crescer e fortalecer-se. No caso de Timóteo,
recomendação, talvez porque o pai fosse isto incluía defender a fé contra o erro.
incrédulo ou tivesse morrido. Em qualquer caso, A segunda incumbência é, em essência, uma
pela graça de Deus, um dos pais pode dar o ordem para ser forte na graça de Deus. Paulo
exemplo, se necessário. usa uma lindíssima coleção de metáforas para
Paulo continua suas instruções, lembrando descrever a vida cristã. O cristão é como um
Timóteo de despertar os seus dons. Todos soldado, cuja tarefa é cumprir as ordens do
comandante. Nenhum soldado ousaria entrar
Paulo usa o lavrador como metáfora.
na batalha por conta própria; assim também o
cristão fiel não deserta o seu posto na luta
contra o inimigo. Paulo já usara esta metáfora,
descrevendo-a como a armadura de Deus que
devemos usar para defender-nos dos males de
nossos dias (Ef 6.1-17). O cristão é também
como o atleta que se prepara para a corrida,
corre com determinação e obedece às regras.
Nós também devemos lembrar que, como
cristãos, a disciplina e a honestidade têm
grande importância se quisermos vencer.
Finalmente, o cristão é como um lavrador que
ara a terra endurecida para produzir o melhor
que ela pode dar. A vida do agricultor nunca é
fácil, mas as recompensas valem a pena. O
cristão deve também colocar a mão no arado e
não virar para trás. Em todas essas figuras temos
diante de nós o exemplo de Jesus Cristo.
A terceira incumbência é cuidar do rebanho e
manter-se vigilante em relação ao mundo. Deus
tem todo tipo de pessoas em sua igreja e todas
devem ser cuidadas. Quanto a nós, devemos
fugir das paixões malignas, manter o coração
Relevo de um gladiador, Mileto.
puro e evitar conflitos. O servo de Deus não para fazer o que precisa ser feito, a fim de
deve ser briguento ou preconceituoso. Quando cumprir a vontade de Deus. Paulo encerra esta
a pessoa é assim, esse é um sinal seguro de que parte com palavras memoráveis: "Combati o
Deus não está com ela. No que diz respeito ao bom combate, acabei a carreira, guardei a fé"
mundo, o servo de Deus deve estar alerta para (4.7). Timóteo deve lembrar que não está só.
o seu mal e recusar-se a tomar parte nele. No Outros haviam ido adiante dele, estabelecendo
mundo há arrogância, cobiça, ódio e um exemplo para que pudesse seguir.
indecência. Esses pecados devem ser mantidos
longe da vida da igreja e dos cristãos. A Esboço
tragédia está em que algumas vezes essas 1. Saudações 1.1-5
2. Primeira incumbência: Lembre-se da sua parte,
coisas são encontradas até entre os crentes.
desperte o seu dom 1.6-18
Quando isto acontece, elas devem ser tratadas 3. Segunda incumbência: Seja forte na graca de Deus
com bondade, mas, firmemente. 2.1-19
A quarta incumbência dada A Timóteo é pregar 4. Terceira incumbência: Seja vigilante 2.20-3.17
a palavra e ser um exemplo para a 5. Quarta incumbência: Pregue a palavra 4.1-8
6. Saudações finais 4.9-22
congregação. Devemos estar sempre prontos
3 0 2 Sí ntese dos Livros da Bíblia

Tito Ser cristão significa que Cristo mudou as


nossas vidas. Essas mudanças devem ficar
evidentes pelas nossas ações e atitudes.
Paulo continua a sua exortação, enfatizando
Autor: Paulo
que os cristãos devem ser bons cidadãos.
Data: c. 64-66 d.C.
Não devemos ceder às autoridades
Conteúdo perversas, mas estar dispostos a obedecer as
Entre os dois períodos de prisão, em leis da terra em que vivermos, qualquer que
princípios dos anos 60 d.C., Paulo viajou por seja ela. Quem não fizer isto estará
toda a região do Mediterrâneo. Ele foi pelo desmerecendo o Evangelho.
menos uma vez à importante ilha de Creta, Paulo conclui com uma série de exortações
mas ficou atônito com o que viu ali. A igreja éticas, à luz da volta de Cristo. Ele veio a
estava fraca, desorganizada, corrupta e sob primeira vez para dar a salvação ao mundo e
a influência da sociedade que a rodeava. voltará para abençoar o seu povo e julgar o
Depois de sua partida, Paulo quis ficar em mundo. Em vista disto, devemos ser puros e
contato. Sua carta é breve, pessoal e cheia dedicados às boas obras (2.11-14). Fomos
de conselhos práticos. salvos pela misericórdia de Deus, e não pelas
nossas obras. Mas devemos praticar boas
Temas Teológicos
obras. A ordem é importante. Não vivemos
Um dos principais problemas que a igreja
como cristãos para ser salvos, mas quando
enfrentava era o da autoridade. Ela,
somos salvos temos vidas piedosas.
simplesmente, não trabalhava sem uma
organização razoável. Tito precisava, então,
explicar à congregação como os presbíteros
deviam ser escolhidos e como deviam
Esboço
funcionar. Mas não eram só os presbíteros da
1. Saudações 1.1-4
igreja que precisavam de instrução. Era
2. Qualidades exigidas do presbítero 1.5-9
necessário corrigir todos aqueles cujas vidas
3. Qualidades exigidas de outros 1.10-2.15
causavam impacto sobre a igreja, desde os
4. Instruções gerais para todos os crentes 3.1-15
adultos mais velhos até os jovens.

À direita: Tumbas antigas nas rochas perto de Mira,


Ásia Menor.
«► *>
N ovo Testamento 305

uma nova vida em Cristo. Onde estariam


Filemom essas pessoas sem o Senhor? Onde qualquer
um de nós estaria sem o Senhor? E fácil
Autor: Paulo
esquecer que muitos dos grandes santos da
Data: c. 61 d.C.
Igreja foram antes blasfemadores ímpios, que
aviltavam o nome de Cristo. Mas, na
Conteúdo
misericórdia de Deus, chegaram ao
Filemom era um amigo do apóstolo Paulo.
verdadeiro conhecimento do Cristo ressurreto,
Morava em Colossos, tinha sido colaborador
que os salvou e lhes deu nova vida.
do apóstolo no Evangelho, e uma igreja se
Segunda, a base para uma incrível mudança
reunia em sua casa. Era um homem rico, que
está implícita no evangelho de Cristo.
possuía pelo menos um escravo, Onésimo.
Quando Paulo diz: "Para que o retivesses
Onésimo fugira de Filemom e fora para
para sempre, não já como servo, antes, mais
Roma, onde se convertera pelo ministério de
do que servo, como irmão amado"
Paulo. Não há necessidade de ficar
(vv. 15,ló), os profundos preconceitos
imaginando como ele encontrara Paulo.
humanos são forçados a desaparecer. Em
Provavelmente, sem amigos e sozinho numa
Cristo não há "judeu nem grego; não há
cidade estranha, Onésimo procurara a única
servo nem livre; não há macho nem fêmea"
pessoa cujo nome conhecia: Paulo. De
(Gl 3.28; Cl 3.11). Todos são iguais aos olhos
qualquer modo, Onésimo estava agora de
de Deus e do Evangelho. Está fora de
volta, levando esta breve carta de Paulo a
questão alguns serem melhores do que outros.
Filemom, pedindo perdão do escravo e o
Todos devem apresentar-se da mesma forma,
retorno à sua antiga posição. Paulo expressou
em humildade. Todos são salvos para servir a
seu desejo de que Onésimo pudesse ser
Deus do mesmo modo, com total dedicação a
agora realmente útil - um jogo de palavras,
Ele e a outros, sem levar em conta quem
porque o nome Onésimo significa "útil", algo
sejam.
que dificilmente fora no passado (v. 11).
A carta é importante por duas razões pelo
menos. Primeira, ela mostra como a pregação
Esboço
do Evangelho transforma vidas. Paulo,
1. Saudações e ações de graças 1.1-7
Filemom, Onésimo, Afia, Arquipo, Timóteo,
2. Apelo de Paulo a favor de Onésimo 1.8-21
Epafras, Marcos, Aristarco, todos
3. Saudações finais 1.22-25
mencionados pelo nome, foram levados a

À esquerda: Teatro de Pérgamo, na Ásia Menor


antiga, construído na encosta íngreme de um morro.
30ó S íntese dos Livros da Bíblia

desaparecera, o Templo fora destruído e os


Hebreus sacerdotes dispersos. A nação estava em
ruínas. O escritor de Hebreus procura mostrar
Aufor: desconhecido, possivelmente Paulo ou
que é impossível fazer os ponteiros do relógio
Apoio
voltarem atrás. Devemos avançar no novo
Data: entre 60 e 70 d.C.
plano de Deus, porque o futuro é o nosso
alvo e não o passado que já morreu.
Conteúdo
Não fica claro quem escreveu este livro.
O principal evento na última metade do
Inúmeras pessoas foram sugeridas, inclusive
primeiro século, no que diz respeito à Igreja, foi
Paulo, Apoio e Priscila. Depois de estudar o
a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Isso fora
problema, Orígenes, um dos pais da igreja,
predito por Jesus e, quando aconteceu, marcou
afirmou que só Deus sabe quem escreveu a
o fim da dependência do Cristianismo no
Carta aos Hebreus. Isto na verdade não faz
judaísmo e na velha ordem de coisas. Não se
diferença. Quem quer que a tenha escrito
trata dos cristãos não reconhecerem a sua
conhecia bem a situação e estava tratando
herança judaica. Eles obedeciam ao Antigo
de um problema importante.
Testamento, adoravam o Deus de Israel,
consideravam-se o cumprimento da profecia, Temas Teológicos
reconheciam Jesus como o Messias e Este livro aborda vários temas. Primeiro, há
descreviam a si mesmos como herdeiros da uma ênfase sobre a superioridade de Cristo.
"nova aliança" prometida a Israel. Não Para os crentes judeus, que estavam
obstante, porém, compreenderam que a ordem vacilando em sua fé, o escritor queria
antiga perdera o valor. O fim da era chegara. salientar que não há mais onde ir. Onde
Eles podiam experimentar o poder da nova era alguém pode encontrar algo melhor do que
no presente, mediante a salvação oferecida por Jesus, que é a imagem expressa de Deus,
Cristo. Reconheciam também que a separação superior a Moisés, a Arão, aos anjos, a tudo?
da raça não mais importava; todos tinham Eles precisavam do Messias, Jesus.
liberdade de aceitar Cristo exatamente da Segundo, a natureza obsoleta da antiga
mesma forma, pela fé em Jesus, o Filho de Deus. aliança e o estabelecimento da nova são
Para alguns dos crentes judeus, isto criava um destacados. A velha se foi, e a nova chegou.
problema. Seu judaísmo significava mais para Como alguém poderia querer voltar para algo
eles do que deveria, e foram tentados a voltar que Deus não planejou manter? A velha ordem
à ordem antiga, abandonando a fé recém- servira a seu propósito, e servira bem, mas seu
descoberta em Cristo. Queriam que as coisas tempo passou. As pessoas devem agora
continuassem como estavam. Mas isso nunca achegar-se a Cristo onde estiverem, e não por
mais aconteceria. A cidade de Jerusalém meio de "Jerusalém" - exceto talvez de maneira
Judeus oram junto ao local do Templo, Jerusalém.

figurada, mediante a Jerusalém celestial. maravilhoso sobre os que perseveraram,


Terceiro, o escritor fala do atual sacerdócio fortalecidos pela sua fé no Deus vivo.
glorioso de Jesus, em contraste com o Finalmente, são dadas instruções sobre a vida
sacerdócio extinto de Jerusalém. Jesus está cristã prática nos capítulos 12 e 13.
agora à destra de Deus, defendendo Tudo isto reunido representa uma defesa
eternamente nossos interesses. Ele sabe o que é completa da fé cristã contra os seus
ser humano e pode suplicar com conhecimento detratores e aqueles que procuram a
de causa. Podemos nos aproximar então salvação em outra parte.
ousadamente do trono da graça e encontrar
Esboço
nEle socorro nas necessidades.
1. A glória e a superioridade de Cristo 1.1-
Quarto, Hebreus enfatiza que é preciso
4.13
perseverar. E fácil desistir e cair no deserto,
2 .0 novo sacerdócio de Cristo 4.14-8.13
como fizeram os patriarcas de antigamente. Isto
3. Contraste entre o velho e o novo 9.1-
não deve repetir-se, e não se repetirá, se o povo
10.39
de Deus não desanimar.
Quinto, o escritor exalta as glórias da fé e os 4. A glória da fé 11.1-40
que a praticaram. O capítulo 11 é um sermão 5. A vida de fé 12.1-13.25
308 S íntese dos Livros da Bíblia

Tiago Temas Teológicos


Tiago estava comparando a verdadeira e a
falsa espiritualidade, a primeira chamada por
ele de "religião pura" (1.27). Ela deve proceder
Autor: Tiago
do coração, ser compreensiva e manifestar-se
Data: c. 45-48 d.C.
em atos positivos. A verdadeira espiritualidade é
Conteúdo a fé em ação. Ser ouvintes da palavra, e não
O livro de Tiago foi escrito pelo meio-irmão de praticantes, significa enganar a nós mesmos
Jesus. Durante a vida de Jesus, Tiago dera (1.22). Devemos combinar a nossa profissão de
mostras evidentes de dúvida quanto às fé com uma evidência clara da nossa
reivindicações dEle; mas, depois da sua transformação. Tiago passou bastante tempo
ressurreição, se tornou um dos seus mais (capítulo 2) tratando desse problema. E fácil
ardentes seguidores. Tiago foi eleito líder da dizer que temos fé; o verdadeiro teste da fé não
igreja de Jerusalém e era apreciado por todos, são as nossas palavras, mas as nossas obras. Se
até mesmo pelos judeus que se opunham ao alguém bater à porta e pedir ajuda, o que
Cristianismo. Segundo a tradição, ele tinha o fazemos? Se dissermos: "Desejo o melhor para
apelido de "joelho de camelo", por causa dos você" e fecharmos a porta, este é um sinal claro
calos nos joelhos adquiridos durante o tempo de incredulidade. Se oferecermos ajuda, é um
gasto em oração. Isto era profundamente sinal de fé. Alguns acham esta ênfase
respeitado pelos judeus daqueles dias, como perturbadora, porque parece opor-se às
um sinal de reverência e espiritualidade. declarações de Paulo; ela parece implicar que
O estilo de Tiago nos faz lembrar o de Jesus e somos salvos pelas nossas boas obras. Devemos
do Sermão do Monte. Podem ser encontradas lembrar que Paulo também ressaltou: a fé deve
semelhanças em cerca de 12 lugares, assim ser atuante (Gl 5.6), devemos levar os fardos
como outras insinuações de que as palavras uns dos outros (Gl 6.2). Deus já predeterminou
de Jesus estavam na mente de Tiago. O livro é que aqueles que forem salvos pela fé irão andar
prático, direto, forte, com o objetivo de corrigir em boas obras (Ef 2.10). Tiago, por outro lado,
erros, e não faz concessões. Nossa sabe muito bem que "toda boa dádiva e todo o
consciência nos perturba ao lê-lo, porque dom perfeito" procede de Deus, não é produto
muitos dos problemas tratados por Tiago do esforço próprio (1.16,17). Os dois pontos de
continuam existindo hoje. O livro contém, em vista não são contraditórios.
essência, a "tradição de sabedoria", que A verdadeira espiritualidade sabe manter a
remonta ao Antigo Testamento, em especial o boca fechada. Outra seção trata dos efeitos das
livro de Provérbios. Mais de cinqüenta palavras maldosas (capítulo 3). Muitas pessoas
mandamentos são dados nesta curta homilia. querem ser ouvidas, mesmo quando suas
Novo Testamento 3 0 9

mentes estão vazias ou cheias de inveja e os olhos para Deus, em oração, em todos os
ambição. Quando tal pessoa abre a boca, eventos da vida. Deus tem poder para ajudar, e
surge a discórdia. Uma tempestade maligna se Ele aprecia que oremos. A oração é sempre
desencadeia, resultando em enorme sofrimento. ouvida e a sua resposta é sempre certa, não
A verdadeira sabedoria é bondosa, pacífica e importa qual seja, porque Ele sabe o que é
mansa (3.13). Assim como Jesus foi sábio entre melhor para nós.
nós, um servo de todos, devemos também ser
sábios em boas obras, decência e humildade. Esboço
A verdadeira espiritualidade é desinteressada, 1. Natureza da verdadeira espiritualidade 1.1-27
generosa, imparcial e paciente. Tudo isto é 2. Relação entre fé e obras 2. 1-26
enfatizado em 4.1 -5.7. Não devemos só 3 .0 dever de refrear a língua 3.1-18
pensar em nós mesmos, mas aprender o que
4. Exortações práticas 4.1-5.7
significa amar tanto de fato como em teoria.
5. Elogio à oração e à paciência 5.8-20
Finalmente, a verdadeira espiritualidade levanta

Tesouros do Templo exibidos depois que Roma destruiu Jerusalém em 7 0 d.C.: relevo romano.
310 Síntese dos Livros da Bíblia

chamado de Jesus para o ministério ativo. Pedro


1 Pedro ficou com Jesus durante os três anos de sua
pregação e tornou-se um dos principais
apóstolos, juntamente com Tiago e João.
Autor: Pedro
Quando os três são mencionados nos
Data: c. 64 d.C.
Evangelhos, Pedro vem sempre em primeiro
Conteúdo lugar, por causa da sua preeminência no grupo.
Pedro, juntamente com Paulo, era uma Ele foi escolhido por Jesus, como aquele que
personagem importante na história da Igreja serviria de fundamento para a Igreja (Mt 16.16-
Primitiva. Pedro estava entre os primeiros 18). A igreja está, porém, de fato, alicerçada
convertidos a Jesus, deixando sua casa para em Cristo (1 Co 3.11). Mas foi Pedro quem
viajar até o rio Jordão, enquanto João Batista pregou no Pentecostes, impulsionou a
ainda pregava. Ele voltou depois à sua casa no divulgação do Evangelho, abriu a porta aos
mar da Galiléia, a fim de esperar ali pelo gentios com o seu testemunho a Cornélio e deu

Remanescentes de uma antiga sinagoga em Cafamaum, cidade natal de Pedro.


N ovo Testamento 311

forte apoio desde o começo. Pedro era Terceiro, Pedro ocupou muito espaço em seu
claramente uma rocha, da qual dependia o livro, falando sobre como viver de modo cristão.
crescimento da Igreja. Pedro nem sempre foi, no Devemos compreender que nosso tempo na terra
entanto, uma rocha. Sua negativa ao Senhor na é curto; nossas vidas são como a erva que
crucificação, assim como a discussão com Paulo murcha. De acordo com isso, devemos
(Gl 2.11-14), mostram que o seu zelo podia permanecer firmes e recusar a conformação com
esquentar e esfriar. Depois da morte e os padrões destrutivos da era em que vivemos. E
ressurreição de Jesus, Pedro exerceu o seu fácil tornar-se como os demais, mas é preciso
ministério em Jerusalém e foi depois obrigado a resistir a essa tentação. Quando surgem
viajar, tendo acabado em Roma, onde veio a perseguições, devemos estar prontos a sofrer,
ser martirizado durante o reinado de Nero, em como Jesus sofreu. Ele deixou um exemplo para
alguma época entre 64 e 68 d.C. Esta carta seguirmos (2.21-25). Quando Satanás ataca,
deve ter sido provavelmente escrita por Pedro devemos resistir a ele pela fé, sabendo que, se
durante aqueles dias difíceis. recusarmos a sua oferta, ele se afastará de nós
(5.8,9). Devemos lançar todo cuidado e
Temas Teológicos
ansiedade sobre aquEle que se importa conosco.
O livro de 1 Pedro contém vários temas.
Quarto, Pedro inclui instruções específicas aos
Primeiro, Pedro queria que os leitores refletissem
maridos, mulheres, servos e crentes como
sobre a grandiosidade da salvação. Temos uma
cidadãos. Suas palavras giram ao redor do
herança reservada nos Céus. Ela não murcha, é
compromisso de amor mútuo, com a idéia de
imutável e protegida por Deus. Se nos for
tornar a vida melhor para todos. Finalmente,
pedido que deixemos esta vida terrena, isto não
Pedro escolhe os líderes para serem
tem importância em comparação com a glória
admoestados. Os que desempenham a
que será nossa. Se não nos pedirem para
supervisão devem compreender que se acham
morrer pela nossa fé, vale a pena, então, viver
sob a autoridade de Deus. Ninguém é superior
por ela. a ninguém, estamos todos sujeitos a Deus. Todos
Segundo, Pedro enfatiza a necessidade do devemos revestir-nos de humildade, porque
crescimento espiritual. Quando nos tornamos Deus resiste aos soberbos e dá graça aos
crentes, somos como crianças necessitadas de humildes.
uma alimentação simples. A medida que
crescemos, precisamos de alimentos mais Esboço
substanciais. Os crentes crescem, alimentando-se 1. Natureza da nossa salvação 1.1-21
de oração, meditação, leitura da Palavra de 2. Crescimento como cristão 1.22-2.10
Deus e comunhão. Seria ótimo se todos 3. Instruções para a vida cristã 2.11-3.22
pudéssemos obter instantânea perfeição, mas
4. Exortações éticas 4.1-19
não é assim. E necessário esforço, tempo e
5. Admoestações aos líderes da igreja 5.1-14
paciência para crescer.
3 12 Síntese dos Livros da Bíblia

polêmico tradicional da época, porque ele


2 Pedro reaparece no livro de Judas quase na mesma
forma.
Autor: Pedro
Um terceiro tema é a volta de Cristo. Alguns
Data: c. 64 d.C.
estavam começando a cansar-se de esperar e
Conteúdo tinham ainda de suportar as zombarias dos
Pedro escreveu a sua segunda carta à Igreja, incrédulos. Pedro queria reassegurar a seus
em geral, em vez de a igrejas específicas na amigos que Jesus estava de fato voltando, em
Ásia Menor. Alguns teólogos duvidam que cuja ocasião a ordem deste mundo será
Pedro tenha realmente escrito esta carta, mas renovada. A velha ordem será desfeita e
não existem razões convincentes para substituída por um novo céu e nova terra, nos
duvidar que seja mesmo de sua autoria. quais habitará a justiça.

Temas Teológicos
Este livro curto contém três temas básicos. Esboço
Primeiro, Pedro quer reanimar os crentes na 1. A vida cristã 1.1-21
sua vida cristã. O poder divino de Deus nos
2. A natureza da impiedade 2.1-22
deu tudo o que precisamos para viver para
3. Cristo com certeza voltará 3.1-18
ele, mas cabe a nós fazer uso desse poder.
Pedro diz que realmente "participamos da
Efígie do imperador Nero numa moeda.
natureza divina" (1.4). Isto tem,
provavelmente, o mesmo significado das
palavras de Paulo, ao afirmar que os cristãos
são o corpo de Cristo e estão unidos com Ele.
A maneira concreta de usarmos o poder de
Deus é a prática das qualidades espirituais:
fé, virtude, conhecimento, domínio próprio,
perseverança, bondade, afeto fraternal e
amor. Quando essas virtudes são encontradas
em nossa vida, podemos ter a certeza de que
o nosso chamado e eleição são verdadeiros.
Um segundo tema neste livro é a descrição
daqueles que rejeitam o Evangelho. Eles são
descritos numa longa série de declarações
nada elogiosas (2.1-22). Pedro está,
provavelmente, usando algum material
N ovo Testamento 313 ]

1 , 2 , 3 João
Autor: João
Data: c. 90-95 d.C.

Conteúdo
Estas três cartas são melhores compreendidas
em conjunto, por terem sido escritas ao
mesmo tempo para a mesma igreja e pelo
mesmo autor. João tinha sido um dos
primeiros seguidores de Jesus, mesmo durante
os dias de João Batista. Ele era pescador e
tinha um temperamento violento, recebendo o
apelido de "filho do trovão". João ligou-se
profundamente ao movimento cristão e se
tornou um dos três discípulos do círculo
íntimo, junto com Pedro e Tiago. Na
crucificação, Jesus pediu ao discípulo que
cuidasse de sua mãe, Maria, indicando assim
sua confiança nele. João escreveu a vida
maravilhosa ou evangelho de Jesus, que é o
quarto livro do Novo Testamento. A
associação com Jesus transformou o
Igreja de São João, Éfeso.
temperamento de João, passando de
extremamente agressivo e turbulento a sereno a negação de Ele ser Deus, mas de ser
e amoroso. Ele morou em Efeso na maior homem. Em nossos dias o oposto acontece.
parte da sua vida, mas a certa altura foi As pessoas não têm problema em ver Jesus
exilado para a ilha de Patmos, onde recebeu como humano, mas algumas vezes resistem à
as visões descritas no livro de Apocalipse. idéia de que Ele pudesse ser Deus
Temas Teológicos encarnado. João enfatiza que Jesus era de
Perto do final do século, surgiram falsas fato homem. Ele podia ser visto, tocado e
teorias que precisavam ser combatidas. Em ouvido. O próprio João conheceu
particular, uma que negava a humanidade de intimamente a Jesus como um ser humano.
Jesus. E interessante notar que o primeiro erro Nesta primeira carta, a mais longa das três,
cristológico (falso ensino sobre Jesus) não foi João ocupa um bom espaço discutindo a
314 Síntese dos Livros da Bíblia

necessidade de viver como cristão e como pessoa não nomeada, a quem ele chama
isso funciona na prática. Devemos reconhecer "senhora eleita". João diz basicamente duas
nossa necessidade de Deus; cumprir os seus coisas a ela:
mandamentos, amar os outros seres humanos, Primeira, enfatiza a necessidade do amor na
resistir às tentações do mundo, da carne e do vida cristã. Sem amor não conhecemos a
diabo; resistir ao pecado e provar as Deus. Segunda, enfatiza a necessidade da
palavras de qualquer pessoa que afirme estar doutrina correta e de estar em guarda contra
falando a verdade. João enfatiza a os que rejeitam a verdade.
importância do amor. Deus é amor, e os que A terceira carta de João é dirigida a um
sabem como amar da maneira certa presbítero chamado Gaio. Trata-se de uma
conhecem verdadeiramente a Deus. O exortação prática para exercer a
verdadeiro amor liberta e cura. Deus enviou hospitalidade, seguir a verdade, imitar o que
Jesus à terra para personificar e manifestar é bom e resistir ao que é errado.
esse amor, a fim de que, ao crermos nEle,
possamos ter um amor semelhante como
Esboços
garantia de que Deus é nosso.
1João
João desejava, também, que os cristãos
1. Viver como cristão J.l-2.2
percebam os perigos que os rodeiam. Tanta
2. Viver em comunhão com Deus 2.3-29
coisa é anticristã! Se não tivermos cuidado,
podemos nos deixar envolver. Conhecer é 3. Viver afastado do pecado 3.1-24
resistir ao diabo e às suas contínuas tentativas 4. Viver em amor 4.1-21
para controlar nossas vidas. 5. Viver com confiança em Deus 5.1-21
Finalmente, João queria que os cristãos 2 João
tivessem confiança em Deus e na sua obra em 1. Saudações 1-3
sua vida. Não devemos ser vencidos pela 2. Observações sobre o amor e a doutrina
dúvida, desespero, ansiedade ou medo. Deus 4-11
está no controle e é confiável. Podemos ter 3. Comentários finais 12,13
certeza da vida eterna, porque temos-certeza 3 João
sobre Deus. Este conhecimento deve permitir 1. Saudações 1-4
que vivamos livremente, sendo fortes diante 2. Exortações à vida cristã 5-12
da oposição. 3. Comentários finais 13,14
A segunda carta de João foi escrita a uma

À direita: O imponente ginásio de Sardes (uma das


sete igrejas de Apocalipse 1-3) teve restaurada em
parte a sua antiga glória.
316 Síntese dos Livros da Bíblia

Judas amor de Deus; esperar que a misericórdia de


Jesus se manifestasse e recusar-se a tomar
parte na imoralidade da época. Tudo isto
Autor: Judas pode ser feito, porque Jesus tem poder para
Data: c. 64-70 d.C. impedi-los de cair. Ele é nosso Senhor e
Salvador, possuindo glória divina, domínio,
Conteúdo majestade e autoridade, e é capaz de
Judas, meio-irmão de Jesus (Mt 13.55), foi proteger-nos de todo o mal.
considerado o autor desta carta durante a
maior parte da história da Igreja. Em dias Esboço
recentes, porém, surgiram dúvidas sobre isto, 1. Saudações 1,2
mas não existe razão convincente para 2. Defesa da fé 3,4
duvidar da sua autoria. 3. Os detratores perversos do evangelho 5-16
Temas Teológicos 4. Instruções práticas 17-25
Este livro contém três temas básicos: Primeiro,
Judas quer alertar os crentes contra as Jarra de vinho - ou ânfora - antiga.
pessoas perversas, que estavam tentando
usar o Evangelho em proveito próprio. Essas
pessoas achavam fácil abusar da sinceridade
e boa vontade dos crentes, usando-os para
fins imorais. Judas adverte os cristãos a que
não dêem ouvidos a qualquer um, mas se
certifiquem de que a pessoa é digna de
confiança. Segundo, Judas deseja que os
crentes compreendam que devem ficar
responsáveis pelo Evangelho e defendê-lo
quando necessário. Isto não significa que
precisam ser agressivos, mas, quando houver
necessidade, devem poder afirmar com
conhecimento e convicção aquilo em que
crêem. Se não fizerem isto, as pessoas
erradas acabarão vencendo. Em último lugar,
Judas faz uma série de exortações práticas
sobre a vida cristã. Eles deveriam edificar a si
mesmos na fé; orar no Espírito Santo; viver no
N ovo Testamento 3 1 7

Depois das sete cartas iniciais, seguem-se as


Apocalipse visões. João vê, primeiro, um quadro
complexo de Deus no seu trono, cercado por
anciãos, anjos, criaturas, o Cordeiro e ruídos
A quarta parte do Novo Testamento consiste
violentos. E uma experiência terrível, que
de um livro, Apocalipse, também chamado
prepara João para uma série de três
Revelação. Ele se destaca como um livro de
conjuntos de visões, consistindo da abertura
profecia, descrevendo o curso eventual da
dos selos de um livro, trombetas tocando e
História, tanto na Terra como na vida do
taças do juízo sendo derramadas. Os selos
além. Encontramos aqui uma figura do Céu e
representam guerra, mortandade, fome,
a promessa de estar para sempre com o
morte, martírio e o fim dos tempos. As
Senhor.
trombetas representam várias pragas, juízos,
sofrimento, guerra e morte, terminando
Autor: João
novamente com o fim dos tempos. As taças
Data: c. 95 d.C.
representam doenças, pragas, espíritos
Conteúdo
demoníacos, destruição e o caos geral.
O livro de Apocalipse consiste de sete cartas
Dispersos neste conjunto de três visões
escritas pelo apóstolo João às igrejas da Ásia
complexas, encontramos interlúdios, que
Menor, juntamente com uma série complexa
tratam do governo mundial, conflitos
de visões, que tratam da história do mundo,
espirituais, céu, adoração, anjos e religião
de conflitos cósmicos e do fim dos tempos. É
falsa. O livro termina com uma descrição
o livro da Bíblia mais difícil de ser
gloriosa do Céu, onde todas as lágrimas
compreendido, e suas interpretações são as
serão enxugadas e Deus é tudo em todos.
mais variadas possíveis. Em geral, é
considerado sob quatro pontos de vista: o Temas Teológicos
primeiro considera que o livro trata apenas João escreveu essas visões por ordem de
da época de João (preterista); outro Deus. Os crentes precisavam de
considera que ele trata somente do fim dos encorajamento num período de grande
tempos (futurista); o terceiro diz que se refere perseguição. Mostrar-lhes Deus no Céu e os
à toda a era da Igreja (historicista); o quarto santos à sua volta tinha como propósito
acha que descreve o triunfo do bem sobre o fortalecê-los, para que perseverassem a fim
mal (poético ou mitológico). Há também de poderem ir também, um dia, tomar ali o
subvariedades dessas teorias e combinações seu lugar. A idéia era preparar, igualmente, a
delas. Uma combinação desses pontos de Igreja para o que aconteceria durante a sua
vista é provavelmente a melhor maneira de história e especialmente antes do fim da era.
entender o livro. Os acontecimentos futuros são descritos em
N ovo Testamento 3 1 9

termos velados. 0 livro de Apocalipse foi sempre. Como Leão, defende os que são
também escrito para mostrar o triunfo do bem seus com um cetro de ferro e tem autoridade
sobre o mal e a certeza da derrota de para abrir o livro que contém a ira de Deus.
Satanás. Nunca devemos esquecer que o mal Ele mesmo derrama a ira sobre os que
sobrevive porque permitimos que ele nos perseguiram os cristãos. Ele derrota Satanás e
domine. Devemos resistir sempre contra ele, suas forças, estabelecendo a sua justiça para
usando o poder que Deus nos dá. Finalmente, sempre.
o livro foi escrito para mostrar como é O final do livro é uma nota de grande
possível vencer mediante o poder do consolo e encorajamento. Depois das trevas
Cordeiro de Deus, que foi morto e surge vem a luz; depois do sofrimento vem a paz;
como um leão triunfante devorando os seus depois do trabalho vem o descanso; depois
inimigos. das lágrimas vem a alegria para sempre. E
A personagem principal do livro é a figura do maravilhoso compreender que a vida tem
Cordeiro, que foi morto mas vive, e também a significado e vale a pena. Esta compreensão
do Leão. E difícil imaginar como tudo isto nos dá coragem para prosseguir, aconteça o
apareceu a João no curso das suas visões, que acontecer.
mas é assim que ele as descreve. O escritor
só tem palavras humanas para descrever o
que foi uma experiência inefável. O Cordeiro,
que foi morto, recebe honra, glória e Esboço
bênçãos, porque o seu sangue purifica os 1. As sete cartas 1.1-3.22
cristãos dos seus pecados. Ele, que é a luz do 2 .0 curso dos eventos mundiais levando
Céu, prepara um banquete para os que à volta de Cristo 4.9-19.21
creram e suportaram sofrimentos em seu 3 .0 juízo final 20.1-15
nome. Ele está assentado no trono do céu, 4. Os novos céus e a nova terra 21.1-22.21
compartilhando a glória de Deus para

À esquerda: Corte transversal de parte de um


aqueduto em Laodicéia. A água morna depositou
uma grossa camada de pedra calcária no interior
do cano.
Pesquisando a
Bíblia

Glossário de Termos Bíblicos Importantes 322

Versículos-chaves p ara a V ida Cristã


Introdução 339

Compreendendo Deus 340


Compreendendo a Minha Relação com Deus 341

Compreendendo Minhas Relações com os Outros 342


Sugestões de Leitura 344

Indice Remissivo 346

Créditos das Fotografias 352


Ilustrações 352
322 Pesquisando a Bíblia

Glossário de Termos Bíblicos

Leon Morris

C e rta s p a la v ra s e id é ia s sã o re p e tid a m e n te e n c o n tra d a s n a


B íb lia , p o r se re fe rire m a c o n c e ito s im p o rta n te s , q u e g o ­
v e rn a v a m a v id a d o p o v o d e D e u s. E sse s te rm o s fo ra m tra n s ­
m itid o s a tra v é s d o s s é c u lo s c o m o a sp e c to s d a v id a e d o
p e n s a m e n to d a Ig re ja e, ta m b é m h o je , re fle te m a e s s ê n c ia
d a fé c ristã . O s in c lu íd o s a q u i sã o a s p a la v ra s m a is im p o r­
ta n te s e n c o n tra d a s n a B íb lia e n a te o lo g ia c ristã . Q u a n d o a
p e s s o a c o m p re e n d ia , re a lm e n te , o q u e c a d a u m a d e ss a s id é i­
a s sig n ific a v a , n a te o r ia e n a v id a , e sta v a a c a m in h o d e to r­
n a r-se u m c re n te a m a d u re c id o . C a d a id éia é d efin id a, e são
d a d a s a lg u m a s re fe rê n c ia s e m re la ç ã o ao c o n te x to b íb lico .
P a ra u m e stu d o e m p ro fu n d id a d e , p ro c u re o te rm o n u m a c o n ­
c o rd â n c ia e p e sq u ise c o m o foi u s a d o e m to d a a re v e la çã o
b íb lica .

Adoção
T ra ta -s e d o p ro c e s s o p e lo q u a l u m a p e ss o a , q u e n ã o p e r­
te n c e a u m a d e te r m in a d a f a m ília , é f o r m a lm e n te n e la
in tro d u z id a , to rn a n d o -s e se u m e m b ro p le n o e leg al, c o m
to d o s o s d ire ito s e re s p o n s a b ilid a d e s d e s s a p o siç ã o . A p rá ­
tic a d a a d o ç ã o n ã o e ra c o m u m e n tre o s ju d e u s , s e n d o m a is
d if u n d id a n o m u n d o g re c o -ro m a n o . O a p ó s to lo P a u lo e m ­
p re g o u o te rm o p a ra ilu s tra r a v e rd a d e d e q u e o s c re n te s
re c e b e r a m a “ filia ç ã o ” n a fa m ília c e le stia l; e le s p o d e m c h a ­
m a r D e u s d e “ P a i” (R m 8 .1 5 ; G 1 4 .6 ). A a d o ç ã o to rn a c la ro
q u e a n o s s a filia ç ã o n o s é c o n fe rid a d e m o d o d ife re n te d a
d e C ris to , q u e é in e re n te .
Glossário de Termos Bíblicos Importantes 323

Aliança
A c o r d o s o le n e , ta l c o m o o p a c to e n tr e J a c ó e L a b ã o (G n
3 1 .4 4 ) . O a m o r e a g r a ç a d e D e u s s ã o m o s tr a d o s e m s u a
d is p o s iç ã o p a ra f a z e r a lia n ç a s c o m o s e u p o v o . Q u a n d o
D e u s p r o m e te u a N o é q u e n ã o m a is d e s t r u ir ia o m u n d o
c o m u m d ilú v io , f e z u m a a lia n ç a c o m e le (G n 6 .1 8 ; 9 .9 -
1 7 ). U m a a li a n ç a m u ito im p o r ta n te e x is tia e n tr e D e u s e
I s r a e l (Ê x 2 4 .1 - 8 ) , d e s c r ita n o liv ro d e H e b r e u s c o m o a
“ a n tig a a lia n ç a ” . Q u a n d o o p o v o q u e b r o u r e p e t id a m e n ­
te e s s a a lia n ç a , D e u s p r o m e te u u m a n o v a , b a s e a d a n o
p e r d ã o e e m g r a v a r a s u a le i n o c o r a ç ã o d a s p e s s o a s (J r
3 1 .3 1 - 3 4 ) . J e s u s in a u g u r o u e s ta n o v a a lia n ç a c o m o se u
s a n g u e (M c 1 4 .2 4 ; 1 C o 1 1 .2 5 ).

Amor
I n te r e s s e b o n d o s o d e D e u s p e la h u m a n id a d e . T o d a s as
re lig iõ e s tê m a lg u m a id é ia d a im p o rtâ n c ia d o am o r. A te ­
o lo g ia c ris tã e n fa tiz a a im p o rtâ n c ia d o a m o r, p o rq u e D e u s
re v e lo u q u e E le é a m o r (1 J o 4 .8 ,1 6 ). O a m o r é ta n to o q u e
D e u s é c o m o o q u e E le fe z , p o is s e m p re a g e e m a m o r.
O a m o r é u m a r e a lid a d e tr a n s itiv a — is to é, e x ig e u m
o b je to . N a B íb lia , o a m o r é d e s c r ito c o m o p e s s o a l (e n tre
p e s s o a s ) e d e s p r e n d id o (d e s e ja n d o o m e lh o r p a ra o u tro s).
O s c r is tã o s v ê e m o a m o r d e D e u s n o f a to d e te r e n v ia d o
s e u F ilh o p a r a m o r r e r n a c ru z a fim d e s a lv a r o s p e c a d o ­
re s (R m 5 .8 ; J o 3 .1 6 ; 1 J o 4 .1 0 ). O s c r is tã o s d e v e m s e r
c o n h e c id o s p e lo f a to d e a m a r e m a D e u s e a o p r ó x im o
(J o 13 .3 4 ,3 5 ). O se u a m o r n ã o d e v e s e r c o m o o d o m u n ­
d o (L c 6 .3 2 ,3 5 ). O a m o r se m a n if e s ta m e l h o r m e d ia n te
a to s e, n a m a io r ia d o s c a s o s , d e v e s e r id e n tif ic a d o c o m o
q u e f a z e m o s - e m n o s s a c o m p a ix ã o e d e d ic a ç ã o a o s q u e
n o s ro d e ia m , s e m le v a r e m c o n ta a v ir tu d e d o o b je to (1
J o 4 .1 9 ). N o s s a s a titu d e s e c o m p o r ta m e n to a m o r o s o s
d e v e m r e f le t ir o a m o r d o c ria d o r. J e s u s d is s e q u e a p e n a s
d o is m a n d a m e n to s s ã o n e c e s s á r io s p a r a g o v e r n a r a s n o s -
324 Pesquisando a Bíblia

À direita: Parte do sa s v id a s : a m a r a D e u s e a o p ró x im o . S e ta l e s p é c ie d e
aqueduto romano, a m o r f o r d e m o n s tr a d a , to d a a L e i e o s P r o f e ta s e s ta r ã o
Cesaréia marítima. c u m p r id o s .

Apóstolo
A lg u é m “ e n v ia d o ” , g e r a lm e n te , “ u m m e n s a g e ir o ” . N o
N o v o T e s ta m e n to , a p a la v r a se r e f e re e s p e c ia lm e n te a
12 h o m e n s e s c o lh id o s p o r J e s u s p a r a e s t a r e m c o m E le ,
o s q u a is e n v io u p a r a p r e g a r e e x p u ls a r d e m ô n io s (M c
3 .1 4 ,1 5 ) . O u tr o s in d iv íd u o s , a lé m d o s 12, u s a v a m o tí tu ­
lo - p o r e x e m p lo , P a u lo e B a r n a b é ( A t 1 4 .1 4 ). O s a p ó s ­
to lo s f o r a m fig u ra s im p o r ta n te s n a I g r e ja P rim itiv a (1
C o 1 2 .2 8 ), n o m e a d o s p o r C ris to , e n ã o p o r h o m e n s (G l
1 .1 ) e te s te m u n h a r a m c o m a u to r id a d e o q u e D e u s tin h a
f e ito e m C r is to (A t 1.2 2 ).

Arrependimento
E n tr is te c e r - s e e e s q u e c e r o p e c a d o , u m a f a s ta m e n to s in ­
c e r o d e tu d o q u e é m a u . I s to é m a is d o q u e p e s a r o u
re m o r s o , a titu d e s q u e in d ic a m n a d a m a is q u e tr is te z a p e lo
p e c a d o . O a rr e p e n d im e n to e r a e n fa tiz a d o n o s d ia s d o A n ­
tig o T e s ta m e n to (E z 1 4 .6 ; 1 8 .3 0 ). F o i o p r im e ir o ite m n a
p r e g a ç ã o d e J o ã o B a ti s ta ( M t 3 .1 ,2 ), d e J e s u s (M t 4 .1 7 )
e d o s a p ó s to lo s (M c 6 . 12 ; c f. A t 2 .3 8 ). A lé m d o a r r e p e n ­
d im e n to , é n e c e s s á r io te r fé. M a s o a r r e p e n d im e n to é
in d is p e n s á v e l. O p e c a d o d e v e s e r d e f in itiv a m e n te e s q u e ­
c id o .

Céu
H a b ita ç ã o d e D e u s (1 R s 8 .3 0 ) e d o s a n jo s (M c 1 3 .3 2 );
o s c r e n te s e s ta r ã o lá n o m o m e n to d e v id o (1 P e 1 .4 ). O
N o v o T e s ta m e n to u s a fig u ra s s u r p re e n d e n te s p a r a e x p r e s ­
s a r a m a r a v ilh a e b e le z a d o C é u (p o r tõ e s d e p é r o la s e
u m a r u a d e o u ro - A p 2 1 .2 1 ) . C é u s ig n if ic a a le g r ia p e r e ­
n e n a p resen ça de D eus.
326 Pesquisando a Bíblia

Conversão
A to d e c is iv o n o q u a l u m p e c a d o r se a f a s ta d o se u p e c a ­
d o e m s in c e r o a r r e p e n d im e n to a c e ita n d o a s a lv a ç ã o o f e ­
r e c i d a p o r C ris to . A id é i a d a c o n v e r s ã o é a d e v ir a r-s e . O
in d iv íd u o e s tá s e g u in d o u m a e s t r a d a e c o m p r e e n d e q u e
to m o u o c a m in h o e r r a d o . N u n c a c h e g a r á a o s e u d e s tin o
se c o n ti n u a r n e s s a d ir e ç ã o . A p e s s o a e n tã o “ s e v ir a ” , o u
“ é c o n v e r tid a ” . D e ix a d e s e g u ir n a d ir e ç ã o e r r a d a , e c o ­
m e ç a a a n d a r n a c e rta . A c o n v e r s ã o m u d a o c u r s o d a
v id a d a p e s s o a d o c a m in h o e r r a d o p a r a o c e r to , o c a m i­
n h o q u e D e u s q u e r.

Cristo
T ra d u ç ã o d o te rm o g re g o q u e sig n ific a “u n g id o ” ; “ M e s s i­
a s” e d a p a la v ra h e b ra ic a c o m o m e s m o se n tid o . N o s d ias
d o A n tig o T e sta m e n to , D e u s u n g ia p e s s o a s p a ra d e te rm i­
n a d o s se rv iç o s, e s p e c ia lm e n te o rei (2 S m 1.14; 2 3 .1 ) e o
s a c e rd o te (L v 4 .3 ). C o m o te m p o , su rg iu a c o m p r e e n s ã o d e
q u e u m “ u n g id o ” e s p e c ia l se ria e n v ia d o , o q u a l fa ria a v o n ­
ta d e d e D e u s d e m a n e ira m u ito p a rtic u la r (D n 9 .2 5 ,2 6 ). E ste
E s c o lh id o é m e n c io n a d o , m u ita s v e z e s, s e m o u s o d o ter­
m o ungido (Is 9 .6 ,7 ; 11.1 -9 ). O N o v o T e s ta m e n to m o s tra
q u e Je s u s e ra e s te E s c o lh id o , o M e s sia s d e D e u s (Jo 4 .2 5 ,2 6 ;
cf. M t 2 3 .1 0 ; M c 9 .4 1 ).

Discípulo
N o s te m p o s b íb lic o s , u m e s tu d a n te . E n q u a n to o a lu n o d e
h o je e s tu d a u m a s s u n to (lei, a rq u ite tu ra e o u tro s ), o d is c í­
p u lo d e a n tig a m e n te a p re n d ia d e u m p ro fe sso r. A d e d ic a ­
ç ã o a u m p ro fe s s o r e s p e c ífic o e ra a e s s ê n c ia d o d is c ip u la -
d o . O s fa rise u s e J o ã o B a tis ta tin h a m d is c íp u lo s (M c 2 . 18).
O s ju d e u s se c o n s id e ra v a m d is c íp u lo s d e M o is é s (Jo 9 .2 8 ).
O te rm o é m u ito u s a d o n o s E v a n g e lh o s e e m A to s p a ra os
se g u id o re s d e C risto . A p re n d ia m c o m E le e d e d ic a v a m -s e
a E le d e to d o o c o ra ç ã o . Is to sig n ific a v a c o lo c a r C ris to a c i­
Glossário de lermos bíblicos Importantes ií/

m a d a fa m ília e d o s b e n s m a te ria is. S ig n ific a v a lev ar a c ru z


(L c 1 4 .2 6 -3 3 ). H o je , se r d is c íp u lo d e J e s u s sig n ific a c o m ­
p ro m is s o to tal.

Dízimo
P a la v ra q u e sig n ific a “ u m d é c im o ” , u s a d a e m re la ç ã o à o fe r­
ta d e u m d é c im o d e tu d o c o m fin s re lig io so s. A b ra ã o d e u
u m d é c im o p a ra M e lq u ise d e q u e , o sa c e rd o te -re i (G n 14.18-
2 0 ). O s is ra e lita s tin h a m o rd e m p a ra d a r o d íz im o a o s le v i­
ta s (N m 1 8 .2 1 ,1 4 ); e o s le v ita s, p o r su a v e z, d e v ia m dai' u m
d é c im o d o d íz im o a o s sa c e rd o te s (N m 1 8 .2 5 -2 8 ). O d íz im o
e ra tira d o d e c o is a s c o m o c e re a is , fru ta s e a n im a is (L v
2 7 .3 0 -3 2 ). N ã o h á m a n d a m e n to p a ra d ai' o d íz im o n o N o v o
T e s ta m e n to (cf. I C o 16.2), m a s m u ito s c ristã o s a c re d ita m
q u e o c o n c e ito é u m e x e m p lo ú til p a ra a su a c o n trib u iç ã o .

Dons Espirituais
D o n s e s p e c ia is d o E s p ír ito ( c h a rism a ta ; p o r e x e m p lo ,
R m 1 2 .6 -8 ; 1 C o 12.4-1 1 ,2 8 -3 1 ). H á a lg u m a d is c u s s ã o ,
q u a n to à id é ia d e e s s e s d o n s te r e m s id o d a d o s c o m o c o n ­
c e s s õ e s p e r m a n e n te s à I g r e ja c r is tã , o u s o m e n te d u r a n te
o s s e u s p r im e ir o s a n o s . E m te m p o s m o d e r n o s , o s c a r i s ­
m á tic o s r e iv in d ic a m a p r á tic a d e d e te r m in a d o s d o n s , e s ­
p e c i a l m e n t e “ l í n g u a s ” e “ p r o f e c i a ” . O u tr o s c r e n t e s
e n f a tiz a m m a is o fr u to d o E s p ír ito q u e o s d o n s e s p i r it u ­
a is (G1 5 .2 2 ,2 3 ) .

Doutrina
“ E n s in o ” ; s i g n if ic a n d o o c o n te ú d o e m v e z d e a o a to d e
e n s in a r. O te r m o g re g o p o d e s e r e m p r e g a d o q u a n to à s
d o u tr in a s d e h o m e n s (M t 1 5 .9 ), p o ré m , m a is im p o r ta n te
a in d a , se r e f e r e a o s e n s in a m e n to s d e J e s u s (M t 7 .2 8 ) e
m a is ta r d e a o s d o s s e u s s e g u id o re s . “A m in h a d o u tr in a ” ,
d is s e J e s u s , “ n ã o é m in h a , m a s d a q u e le q u e m e e n v io u ”
(J o 7 .1 6 ; o u s e ja , d e D e u s ). A p a la v r a é u s a d a p a r a a
d o u tr in a c r i s tã (A t 2 .4 2 ), à q u a l o s c r e n te s d e v e m o b e d e ­
c e r d e to d o o c o r a ç ã o (R in 6 .1 7 ) . É im p o r ta n te “ c o n ti n u ­
a r ” n a d o u tr in a (2 J o 9 ) e s e r c a p a z d e e n s i n á - la e d e
c o n te s ta r o s q u e s e o p õ e m a e la (T t 1 .9 ).

Eleição
E s c o l h a d e D e u s . A id é i a d e e l e i ç ã o r e m o n t a a A b r a ã o
(G n 1 2 .1 - 3 ) . D e u s e s c o l h e u f a z e r u m a n a ç ã o d o s d e s ­
c e n d e n te s d e s s e p a tr ia r c a . E s c o lh e u Is ra e l p a ra s e r o
s e u p o v o . R e a li z o u o s s e u s p r o p ó s i t o s m e d i a n t e e s s a
n a ç ã o e n o te m p o o p o r t u n o e n v io u o s e u M e s s ia s c o m o
j u d e u . D e p o is d is s o , D e u s c o n ti n u o u a e s c o l h e r o u e l e ­
g e r p e s s o a s d e a c o r d o c o m o s e u p r o p ó s i t o ( R m 9 .1 1 ) ,
g r a ç a ( R m I 1 .5 ), a m o r (1 T s 1 .4 ) e p r e s c i ê n c i a (1 P e
1 .2 ). O s “ e l e i t o s ” p o d e m c o n f i a r n o c u i d a d o d e D e u s
( L c 1 8 .7 ) e n a c e r t e z a d a s u a s a l v a ç ã o ( R m 8 .3 3 ) . D e ­
v e m v i v e r d e a c o r d o c o m a s u a p o s i ç ã o (C l 3 .1 2 - 1 4 ) .
H á m is té rio n o c o n c e ito d e e le iç ã o , p o rq u e sa b e m o s
t a m b é m q u e D e u s d e s e j a a s a l v a ç ã o d e to d o s (1 T m
2 .4 ) .

Encarnação
S i g n i f i c a d o li te r a l: “ t o r n a r - s e e m c a r n e h u m a n a ” ( l a ­
tim carnis, “ c a r n e ” ); a d o u t r i n a d e q u e o F il h o d e D e u s
t o r n o u - s e h u m a n o ( J o 1 .1 4 ). J e s u s n ã o b r i n c o u d e t o r ­
n a r- s e h o m e m , m a s fe z - s e c a rn e c o m to d o s o s p r o b le ­
m a s e f r a q u e z a s i n e r e n t e a e la . E n c a r n a ç ã o , n o p e n s a ­
m e n to c ris tã o , s ig n ific a q u e C ris to e ra ta n to D e u s
q u a n to h o m e m .

Evangelho
“ B o a s n o v a s ” . A p a la v r a evangelho v e m d e d o is te r ­
m o s a n ti g o s . N ã o h á B o a s N o v a s c o m o a s q u e D e u s
e n v io u o s e u F ilh o p a r a m o r r e r n u m a c r u z , a fim d e
Glossário de Termos Bíblicos Importantes 329

li v r a r - n o s d o s n o s s o s p e c a d o s . I C o r ín t io s 1 5 .1 -1 1 d á
u m r e s u m o d a s B o a s N o v a s , o u E v a n g e lh o , p r e g a d a s
p e lo a p ó s t o lo P a u lo . O te r m o e n f a t iz a a v e r d a d e d e q u e
a s a lv a ç ã o é in t e ir a m e n t e g r a tu ita . A p a r t i r d o s e u u s o
n a m e n s a g e m c r i s tã c e n tr a l, a p a la v r a v e io a s e r u ti li­
z a d a c o m o t í tu l o d e c a d a u m d o s q u a tr o liv r o s (M a te u s ,
M a r c o s , L u c a s , J o ã o ) q u e c o n ta m a h is tó r i a d a v id a e
m o r te e x p ia t ó r i a d e J e s u s .

Expiação
O s e n tid o lite r a l d a p a la v r a é u n ir o s q u e e s ta v a m s e p a ­
r a d o s . O te r m o fo i u s a d o c o m r e s p e ito à m o r te d e C ris to
p a r a r e u n i r D e u s e o s p e c a d o r e s . O p e c a d o o s s e p a r a ra
(Is 5 9 .2 ) e o s to r n a r a in im ig o s (C l 1.2 1 ), s e n d o e s ta , p o r ­
ta n to , u m a q u e s tã o g ra v e . E ra n e c e s s á r io u m a to d e v á r i­
a s f a c e ta s p a r a r e m o v e r e s s e p e c a d o . P a la v r a s c o m o re­
d enção e reconciliação e x p r e s s a m a s p e c to s s ig n if ic a ti­
v o s d a o b r a r e d e n to r a d e C ris to . O q u e ti n h a d e s e r fe ito
s o b r e o p e c a d o , a m o r te d e C r is to c u m p r iu , p o s s ib ilita n ­
d o a s s im a s a lv a ç ã o p a r a o s p e c a d o r e s .


C o n f ia r n o q u e D e u s f e z e m v e z d e e m n o s s o s p r ó p r io s
e s f o r ç o s . N o A n tig o T e s ta m e n to , a p a la v r a f é r a r a m e n ­
te é m e n c i o n a d a . O te r m o con fiança é u s a d o c o m f r e ­
q ü ê n c ia , e v e r b o s c o m o crer e co n fia r s ã o e m p r e g a d o s
p a r a e x p r e s s a r a a ti tu d e c o r r e ta e m r e l a ç ã o a D e u s . O
e x e m p l o c lá s s ic o é o d e A b r a ã o , c u ja f é fo i im p u ta d a
c o m o j u s t i ç a (G n 1 5 .6 ). N o c e n tr o d a m e n s a g e m c r is tã
e s t á a h is tó r i a d a c ru z : a m o r te d e C r is to p a r a tr a z e r a
s a lv a ç ã o . A f é é u m a a ti tu d e d e c o n f i a n ç a , n a q u a l o
c r e n t e r e c e b e a b o a d á d iv a d a s a l v a ç ã o d e D e u s ( A t
1 6 .3 0 ,3 1 ), p a s s a n d o a v iv e r n e s s a p e r c e p ç ã o (G l 2 .2 0 ;
c f. H b 1 1 .1 ).
330 Pesquisando a Bíblia

À direita: A Bíblia usa Graça


às vezes o fogo como F a v o r im e re c id o d e D e u s . A s p a la v r a s g re g a s p a r a alegria
exemplo de juízo. e graça p o s s u e m a m e s m a r a iz m o r fo ló g ic a ; a g ra ç a c a u ­
sa a le g ria . N o e n te n d im e n to c ris tã o , n a d a tr a z m a is a le ­
g ria q u e a s B o a s N o v a s d o q u e D e u s f e z e m C ris to p a ra
tra z e r-n o s a sa lv a ç ã o , q u e p e la g ra ç a é a d q u ir id a “ p o r m e io
d a fé ; e is to n ã o v e m d e v ó s; é d o m d e D e u s . N ã o v e m d a s
o b ra s ...” ( E f 2 .8 ,9 ). A g r a ç a d e D e u s ta m b é m a p e r f e iç o a a
c o n d u ta d o c re n te (2 C o 9 .8 ; 12.9; E f 4 .7 ). A p a la v r a g ra­
ça v e io a se r u s a d a c o m o u m a e s p é c ie d e o ra ç ã o ( “ G ra ç a
a v ó s ” ) n a s s a u d a ç õ e s c ris tã s n o in íc io e fim d e a lg u m a s
d a s c a rta s d o N o v o T e s ta m e n to (2 C o 1.2; 13 .1 4 ).

Inferno
H a b ita ç ã o d e S a ta n á s e s e u s a n jo s (M t 2 5 .4 1 ) . d e s c r ita
n a B íb l ia p e la fig u r a d o f o g o e te r n o , tr e v a s e x te r io r e s ,
e s t a r p e r d id o , p e r e c e r e n tr e o u tr a s . F ic a d if íc il im a g in a r
u m e s ta d o q u e p o s s a s e r d e s c r ito d e ta n ta s m a n e ir a s d i ­
f e r e n te s . É c la r a m e n te h o r r ív e l e d e v e s e r e v ita d o a to d o
c u s to (M c 9 .4 3 ).

Ira de Deus
N a E s c r i t u r a , a o p o s i ç ã o f o r te e v i g o r o s a d e D e u s c o n ­
t r a t o d o o m a l. H á u m v e r b o g r e g o q u e p o d e s e r u s a d o
ta n t o c o m r e s p e i t o à ir a c o m o a o b r o t a r d o s r e b e n t o s
d e u m a p la n t a q u a n d o a s e iv a s o b e . E le i n d i c a o ti p o
d e ir a q u e r e s u l t a d e u m a í n d o l e c o n t r o l a d a e c o e r e n ­
te , e n ã o a p r o v o c a d a p e la p e r d a d o c o n t r o l e . A ir a d e
D e u s é a s s im , a o c o n t r á r i o d a h u m a n a . P a r a n ó s , a ir a
te m s e m p r e e le m e n to s d e p a ix ã o , f a l ta d e d o m í n io p r ó ­
p r i o e ir r a c i o n a lid a d e . M a s a ir a d e D e u s é d if e r e n te .

Juízo Final
A v a lia ç ã o d e to d a a h u m a n id a d e c o m b a s e e m s u a s o b ra s ,
p o r o c a s iã o d a v o lta d e C r is to (M t 2 5 .3 1 ,3 2 ). O s p e rv e r -
332 Pesquisando a Bíblia

s o s s e r ã o c o n d e n a d o s p o r c a u s a d a s s u a s m a ld a d e s . A
s a lv a ç ã o é p e la g r a ç a , m e d ia n te a fé ( E f 2 .8 ); o j u í z o
f in a l te s ta r á o q u e o s c r e n te s f iz e r a m c o m a s s u a s v id a s
(1 C o 3 .1 3 - 1 5 ) . A lg u n s s e r ã o r e c o m p e n s a d o s (L c 1 9 .1 6 -
19). P o r ta n to , e m b o r a a n o s s a s a lv a ç ã o d e p e n d a d o q u e
C r is to fe z , n o s s a re c o m p e n s a e te r n a e s tá re la c io n a d a c o m
o u s o q u e f iz e r m o s d o s d o n s d e D e u s p a r a n ó s .

Justiça (Retidão)
In te g r id a d e , e s p e c if ic a m e n te d ia n te d e D e u s . E n tr e o s
g re g o s a r e tid ã o e r a u m a v ir tu d e é tic a . E n tr e o s h e b re u s
e r a u m c o n c e ito le g a l. O h o m e m ju s to , o u re to , e ra a q u e le
q u e o b ti n h a u m v e r e d ito d e a p r o v a ç ã o , q u a n d o ju l g a d o
n o tr ib u n a l d a ju s t i ç a d e D e u s . A m o r te d e C r is to r e m o ­
v e u o s n o s s o s p e c a d o s e to r n o u p o s s ív e l a o s p e c a d o r e s
te r e m a “ju s t i ç a d e D e u s ” , is to é , u m a p o s iç ã o r e ta d ia n ­
te d E le (R m 1 .1 6 ,1 7 ; 3 .2 2 ; 5 .1 7 ). O d o m d a ju s t i ç a d e v e
s e r s e g u id o p e la r e tid ã o d a v id a (R m 6 . 1 3 ,14 ).

Justificação
U m te r m o le g a l s ig n ific a n d o “ a b s o lv iç ã o ” , u m a d e c la ra ­
ç ã o d e q u e a lg u é m e s tá liv re d e q u a lq u e r a c u s a ç ã o . O s
p e c a d o re s e s tã o e rra d o s d ia n te d e D e u s, q u e b ra r a m a s su a s
le is e m e r e c e m c a s tig o , m a s , C ris to to m o u o lu g a r d e le s
n a c ru z . A g o ra , q u a n d o c o n fia m e m C ris to , s ã o d e c la ra ­
d o s re to s , a b s o lv id o s e ju s tif ic a d o s . A c ru z m o s tr a q u e
D e u s é ju s to , n ã o s im p le s m e n te p e lo fa to d e p e rd o a r, m a s
p e la m a n e ira c o m o re a liz a isto . E s q u e c e r o s p e c a d o s d e ­
m o n s tra r ia m is e ric ó rd ia , m a s n ã o ju s tiç a . O p e r d ã o p o r
in te rm é d io d a c ru z m o s tr a a m b a s a s c o is a s (R m 3 .2 5 ,2 6 ).

Línguas
F a la r n u m id io m a n ã o a p re n d id o . L u c a s e s c r e v e u s o b r e
o d o m d e lín g u a s n o d ia d e P e n te c o s te s (A t 2 .4 -6 ), q u a n d o
Glossário de Termos Bíblicos Importantes 333

to d o s c o m p r e e n d e r a m o q u e e s t a v a s e n d o d ito . E m o u ­
tr o s p o n to s le m o s s o b re a c a p a c ita ç ã o d e p e s s o a s p e lo
E s p ír ito p a r a f a la r e m p a la v r a s q u e n e m e le s n e m q u a l­
q u e r o u tr o e n te n d ia m , a n ã o s e r q u e tiv e s s e m o u tr o d o m ,
o d a in te r p r e ta ç ã o (1 C o 1 2 .1 0 ,2 8 ). P a u lo d e c la r a q u e o
p o s s u id o r d o d o m d e lín g u a s f a z u s o d e le p a r a f a la r s o ­
b re D e u s m a s n ã o e d if ic a n in g u é m s e n ã o a si m e s m o (1
C o 1 4 .2 -4 ). S u a m e n te n ã o e s tá a tiv a (1 C o 1 4 .1 4 ). O
a p ó s to lo n ã o p r o íb e , p o ré m , o u s o d o d o m ; p o is ta m b é m
fa la v a e m lín g u a s (1 C o 1 4 .1 8 ). O q u e fe z fo i r e g u la ­
m e n ta r o se u u s o (1 C o 1 4 .2 7 ,2 8 ) e , a se u v e r, a e d if ic a ­
ç ã o e r a m a is im p o r ta n te (1 C o 1 4 .4 ,5 ).

Messias
V eja C risto

Pecado
Q u a lq u e r c o is a q u e d e ix e d e c o n f o r m a r - s e c o m a lei d e
D e u s . O m a l é u m f e n ô m e n o c o m p le x o n a s E s c r itu r a s .
A id é ia d e p e c a d o é tr a n s m itid a p o r d iv e r s a s e x p r e s s õ e s
c o m s ig n if ic a d o s c o m o e r r a r o a lv o , r e b e la r - s e , d e s v ia r-
s e , tr a n s g r e d ir , tr o p e ç a r e tc . P e c a d o é b a s ic a m e n te “ in i­
q ü id a d e ” (1 J o 3 .4 ) r e f e r in d o - s e a u m a a titu d e in te rio r,
a s s im c o m o à q u e b r a d o s m a n d a m e n to s e s c r ito s . T o d o s
c o m e te m p e c a d o (1 R s 8 .4 6 ; R m 3 .2 3 ). N e g a r q u e p e c a ­
m o s é to r n a r D e u s m e n tir o s o (1 J o 1 .1 0 ); to d o s o s tr a to s
d e D e u s c o m a h u m a n id a d e s ã o f e ito s c o m b a s e n a n o s ­
sa c o n d iç ã o d e p e c a d o re s . M a s o s a n g u e d e J e s u s n o s
p u r if ic a d e to d o p e c a d o (1 J o 1.7).

Propiciação
O fe re c e r o q u e p o s s a a fa s ta r a ira , p a g a r o p re ç o . P ro ­
p i c i a ç ã o t e m a v e r c o m p e s s o a s ; e x p ia ç ã o , c o m c o i ­
s a s . O p e c a d o p r o v o c a a ir a d e D e u s ; p a r a a s p e s s o a s
334 Pesquisando a Bíblia

s e r e m p e r d o a d a s , a l g o p r e c i s a s e r f e i t o s o b r e a ir a
d E le . A m o r te d e J e s u s n a c r u z r e s u l t o u n u m p r o c e s s o
d e p r o p i c i a ç ã o ; f o i o m e i o p e lo q u a l a i r a d iv i n a d e s -
v io u -s e d o s p e c a d o re s .

Redenção
O r ig in a lm e n te , o p a g a m e n to d o p r e ç o p a r a o b te r a lib e r­
ta ç ã o d e u m p r i s io n e ir o d e g u e rr a . A p a la v r a v e io a s e r
u s a d a ta m b é m p a r a a lib e r ta ç ã o d e u m e s c r a v o e, a lg u ­
m a s v e z e s , d a p e s s o a c o n d e n a d a à m o r te (E x 2 1 .2 8 -3 0 ) .
R e d e n ç ã o s e m p r e s ig n if ic a p a g a m e n to d o p re ç o p a r a a s ­
s e g u r a r a lib e r d a d e . O s p e c a d o r e s se to r n a m e s c r a v o s d o
p e c a d o (J o 8 .3 4 ); n ã o c o n s e g u e m lib e r ta r - s e s o z in h o s
d e s s a e s c r a v id ã o . A m o r te d e C r is to n a c r u z fo i o p a g a ­
m e n to d e u m r e s g a te (M c 1 0 .4 5 ) p e lo q u a l o s p e c a d o r e s
s ã o lib e rto s . D e p o is d e r e m id o s , d e v e m v iv e r c o m o p e s ­
s o a s liv re s (1 C o 6 .1 9 ,2 0 ; G l 5 .1 ).

Regeneração
N a s c e r d e n o v o ; o a s s u n to d o d iá lo g o d e J e s u s c o m
N ic o d e m o s e m J o ã o 3 ( c f . T t 3 .5 ) . E s t a p a l a v r a n ã o é
m u i t o e n c o n t r a d a n a s E s c r i t u r a s , m a s a id é i a é im p o r ­
ta n t e . A r e g e n e r a ç ã o é v i s t a c o m o u m a o b r a d o E s p í ­
r ito S a n to (J o 3 .5 - 8 ) . O “ h o m e m n a t u r a l ” s e m p r e p e n s a
n a s a l v a ç ã o ( c o m o q u e r q u e e la s e j a e n t e n d i d a ) c o m o
se d e p e n d e s s e d o p r ó p r i o s e r h u m a n o , m a s J e s u s e n ­
sin o u q u e u m a o b ra d iv in a é n e c e s s á ria p a ra q u e q u a l­
q u e r u m s e j a s a lv o . O s p e c a d o r e s d e v e m r e n a s c e r e s ­
p ir i t u a l m e n t e .

Reino de Deus
E x p r e s s ã o u s a d a p r im e ir o p o r J e s u s , e m b o r a a id é ia d e
q u e D e u s r e in a c o n s te d e to d o o A n tig o T e s ta m e n to . A
v in d a d o R e in o d e D e u s e ra o tó p ic o m a is f r e q ü e n te n o s
Glossário de Termos Bíblicos Importantes 3 35

d e q u e D e u s é u m g r a n d e D e u s , c u m p r id o r d a s u a v o n ta ­
d e n o s a s s u n to s h u m a n o s . E le q u e r, e s p e c ific a m e n te , s a l­
v a r a s p e s s o a s p o r m e io d a v id a , m o r te , r e s s u r r e iç ã o e
a s c e n s ã o d e J e s u s . E m u m s e n tid o , o R e in o d e D e u s é
u m a r e a l id a d e p re s e n te . A s p e s s o a s e n tr a m n e le a g o r a
( M t 2 1 .3 1 ) . E m o u tr o s e n tid o , é o f u tu r o (M t 1 6 .2 8 ). O
c o n tr o le d e D e u s é c la r o e m a m b o s o s a s p e c to s , e n o
fin a l s u a v o n ta d e s o b e r a n a s e r á p e r f e ita m e n te c u m p r id a
(1 C o 1 5 .2 8 ).

Remanescente
A lg o q u e r e s to u . N o A n tig o T e s ta m e n to , a lg u m a s p a s s a ­
g e n s se r e f e r e m à d e s tr u iç ã o to t a l d e u m a n a ç ã o (p o r
e x e m p lo , o s b a b ilô n io s e m J r 5 0 .2 6 ). Q u a n d o p o r é m ,
D e u s e n v ia o ju í z o s o b r e o s e u p o v o , n ã o d e s tr ó i o s fié is
c o m o s p e r v e r s o s , m a s d e ix a u m r e m a n e s c e n te (E z 6 .8 ;
M q 2 .1 2 ), c o n c e ito q u e r e p r e s e n ta v a a p a r te fie l d a n a ­
ç ã o , e m b o r a a m a io r ia d o p o v o r e je ita s s e o s c a m in h o s
d e D e u s (Is 4 .2 -4 ) . O fa to d a e x is tê n c ia d e u m r e m a n e s ­
c e n te é a tr ib u íd o a o p r ó p r io D e u s (Is 1.9; S f 3 .1 2 ). O
r e m a n e s c e n te é e n tã o o v e r d a d e ir o p o v o d e D e u s , c o n ­
c e ito ta m b é m e n c o n tr a d o n o N o v o T e s ta m e n to , “ u m r e s ­
to , s e g u n d o a e le iç ã o d a g r a ç a ” ( R m 1 1 .5 ).

Ressurreição
O le v a n t a r e a tr a n s f o r m a ç ã o d e a lg u é m q u e m o r r e u .
R e s s u r r e iç ã o s i g n if i c a t r a z e r d e v o lta a e s t a v id a a l ­
g u é m q u e j á a d e ix o u ; p o r e x e m p lo , a r e s s u r r e i ç ã o d o
f ilh o d a v iú v a d e N a im (L c 7 .1 1 - 1 5 ) o u a d e L á z a r o (J o
11). R e s s u r r e iç ã o é ta m b é m , m a is q u e is s o . J e s u s r e s ­
s u s c ito u n o te r c e ir o d ia d e p o is d a s u a m o r te , m a s s e u
n o v o c o r p o e s ta v a tr a n s f o r m a d o . N ã o se a c h a v a m a is
s u je ito à s li m ita ç õ e s d a s u a v id a te r r e n a (L c 2 4 . 16 , 3 1 ;
J o 2 0 .1 9 ) . A r e s s u r r e i ç ã o d e J e s u s , d e p o is d a s u a m o r te
3 36 Pesquisando a Bíblia

e x p ia t ó r i a , é b a s e p a r a a f é c r i s tã (1 C o 1 5 .1 4 -1 9 ) . O s
c r e n t e s s e r ã o ta m b é m r e s s u s c i ta d o s (1 T s 4 .1 6 ; 1 C o
1 5 .4 2 -5 7 ).

Revelação
D e s c o b r ir , to r n a r c la r o o q u e n ã o e r a c o n h e c i d o a n te s .
A p a la v r a p o d e s e r u s a d a c o m r e l a ç ã o a a lg o q u e D e u s
to r n a c o n h e c id o d u r a n te u m c u lto d a ig r e ja (1 C o 1 4 .2 6 );
m a s n o g e r a l , te m a v e r c o m a lg o n u m a e s c a l a m a io r,
c o m o a j u s t i ç a e a ir a d e D e u s ( R m 1 . 1 7 , 18 ; o u o ju í z o
d iv in o , R m 2 .5 ) . P o d e s e r u s a d a p a r a d e s c r e v e r u m li­
v ro (A p 1 .1 ). D e u s r e v e la f a to s m e d i a n te o E s p ír it o (1
C o 2 .1 0 ) . O E v a n g e lh o n ã o f o i in v e n ta d o p o r u m h o ­
m e m , m a s r e v e l a d o p o r C r is to (G1 1 .1 1 , 12 ). A p le n i tu ­
d e d a r e v e l a ç ã o a g u a r d a a v o lta d e C r is to (2 T s 1 .7 ; 1
P e 1 .1 3 ).

Salvação
L ib e r d a d e d e v á r io s tip o s , p o r e x e m p lo , lib e r ta ç ã o d o
in im ig o (E x 1 4 .1 3 ). N a B íb lia , é D e u s q u e tr a z a s a lv a ­
ç ã o d o s m a le s te m p o r a is e e s p ir itu a is . A s s im s e n d o , n o s
E v a n g e lh o s , r e f e r in d o - s e à s s u a s c u r a s m i la g r o s a s , J e ­
su s d iz a lg u m a s v e z e s : “A tu a f é te s a lv o u ” , s ig n if ic a n d o
“ te c u r o u ” (L c 1 8 .4 2 ). D e m o d o c a r a c te r ís tic o , o te r m o
se r e f e re à s a lv a ç ã o d o p e c a d o (R m 1 .1 6 ; I T s 5 .9 ). S a l­
v a ç ã o s ig n if ic a d e r r o ta d e c is iv a d o p e c a d o n a c ru z , m a s
ta m b é m v it ó r i a s o b r e o m a l n a v id a d iá r ia d o c r e n te . O
s e u p le n o s e n tid o só s e r á d e s c o b e r to n a v id a fu tu ra (H b
9 .2 8 ; 1 P e 1.5 ).

Santificação
P r o c e s s o d e a lc a n ç a r a s a n tid a d e . D e u s d is s e a Is ra e l:
“ S e re is s a n to s , p o r q u e e u s o u s a n to ” (L v 1 1 .4 4 ,4 5 ). D e s ­
d e q u e D e u s q u e r q u e s e ja m o s c o m o E le , é n e c e s s á r io
Glossário de Termos Bíblicos Importantes 337

q u e o s e u p o v o s e ja u m tip o e s p e c ia l d e p e s s o a s , h o m e n s
e m u l h e r e s s a n to s . A id é ia b á s i c a é “ s e r s e p a r a d o p a r a
D e u s ” ; o s q u e fo r e m e n tã o s e p a r a d o s d e v e m v iv e r d e
m a n e i r a a g r a d á v e l a D e u s . E le s n ã o tê m p o d e r p e s s o a l
p a r a is s o , m a s D e u s o s c a p a c i ta (2 C o 3 .1 7 ,1 8 ). A s a n t i­
f i c a ç ã o n ã o é u m a o p ç ã o . D e u s r e q u e r is s o d e to d o o s e u
p o v o (1 T s 4 .3 ).

Segunda Vinda
A v o lt a d e C r is to n o f im d o m u n d o , p a r a e s t a b e l e c e r o
R e in o d e D e u s (1 C o 1 5 .2 3 -2 5 ) . O N o v o T e s ta m e n to
n ã o u s a e s t a e x p r e s s ã o ; r e f e r e - s e s im p l e s m e n t e à “ v i n ­
d a ” (pa.rou.sia), ta m b é m c h a m a d a d e “ m a n i f e s t a ç ã o ” d e
J e s u s (1 C o 1 .7 ), o u d e u m “ a p a r e c i m e n t o ” ( T t 2 .1 3 ) .
H á c o n te n d a s o b r e a r e l a ç ã o e n tr e a s e g u n d a v in d a d e
C r is to e o s m il a n o s o u M i lê n i o (A p 2 0 .4 ) , m a s n e n h u ­
m a q u a n to a o fa to d e q u e s e r á u m a in t e r v e n ç ã o d e c i s i ­
v a e in d i s p e n s á v e l d e D e u s . A v in d a d e C r is to p a r a d e s ­
tr u ir to d o o m a l, s e r á a c u lm in â n c i a d a s u a o b r a r e d e n ­
to r a .

Segurança
A c e r te z a d a s a lv a ç ã o , p o r c a u s a d a s p r o m e s s a s d e D e u s
e d a e f ic á c ia d a e x p ia ç ã o d e C r is to (1 J o 5 .1 3 ). A p a la v r a
n ã o o c o r r e m u ita s v e z e s n a B íb lia , m a s a id é ia é f r e ­
q ü e n te . B a s ic a m e n te , a s p e s s o a s n ã o re c e b e m a s a lv a ­
ç ã o p e lo s s e u s p r ó p r io s e s f o r ç o s ; se a s s im f o s s e , e s t a r i­
a m s e m p r e in s e g u r a s , j a m a is s a b e n d o s e tin h a m s id o s u ­
f ic ie n te m e n te b o a s . M a s C r is to fe z tu d o o q u e e r a n e c e s ­
s á r io , e p o d e m o s c o n f ia r n a s u a o b ra p e rf e ita . A lé m d o
m a is , o s c r e n te s tê m e v id ê n c ia d o p o d e r d e D e u s e m s u a s
v id a s (1 J o 2 .3 -5 ; 3 .1 9 -2 1 ) . N o s s a s e g u r a n ç a r e p o u s a n a
c e r te z a d e q u e a o b r a in i c ia d a p o r D e u s s e r á c o m p le ta d a
(F p 1.6).
338 Pesquisando a Bíblia

Soberania
T e rm o u s a d o p a r a d e s c r e v e r o fa to d e q u e D e u s é a a u to ­
r i d a d e s u p r e m a s o b r e tu d o . D e u s c rio u o m u n d o e tu d o o
q u e n e le e x is te . T o d a a o r d e m c r ia d a n E le s u b s is te . E
E le q u e m g u ia o s a s s u n to s d o s s e r e s h u m a n o s e d a s n a ­
ç õ e s . I n te r a g in d o p r o v i d e n c ia l m e n t e e m tu d o q u e a c o n ­
te c e . O p e r a p a r a o b e m d o m u n d o e ir á , fin a lm e n te , le ­
v a r to d a s a s c o is a s a u m a c o n c lu s ã o s a tis f a tó r ia . P o r s e r
D e u s , te m o d ir e it o a b s o lu to d e r e a l iz a r a s u a v o n ta d e .
A lg u m a s v e z e s , a s o b e r a n ia é e r r o n e a m e n te in te r p r e ta ­
d a , s ig n if ic a n d o q u e D e u s f o r ç a a s u a v o n ta d e s o b r e as
p e s s o a s , e q u e n ã o p o d e m o s to m a r liv r e m e n te n o s s a s
d e c is õ e s . Is to é fa ls o . A s o b e r a n ia d e D e u s in c lu i o liv re -
a r b ítr io d o s s e r e s h u m a n o s . O q u e to r n a is s o e fe tiv o é
q u e n o fin a l s u a v o n ta d e é s e m p re c u m p r id a - a lg u m a s
v e z e s e m c o n ju n to e o u tr a s a p e s a r d a s n o s s a s e s c o lh a s
p e s s o a is .
Versículos-chaves para a Vida Cristã 3 3 9

Minha Relação com Deus e Compreendendo


Versículos-chaves Minhas Relações com os Outros. Escolha,
nessas listas, versículos que o ajudem no ponto
para a Vida Cristã em que se encontra agora a sua vida cristã e
comece a memorizá-los, um de cada vez.
Uma das características da Palavra de Deus, Os versículos foram extraídos da Edição
a Bíblia, é ser um manual para os cristãos que Revista e Corrigida 2a edição (1995), da
querem viver em obediência a Deus. Ao Sociedade Bíblica do Brasil. Qualquer outra
meditar sobre os versículos das Escrituras e versão será indicada no final da passagem.
memorizá-los, você pode levar continuamente Você pode memorizar os versos na versão
partes deste manual em seu coração. indicada ou procurá-los em outra tradução
Damos a seguir uma lista de versículos-chaves que aprecie mais. (E uma boa idéia ler
para a vida cristã, em três categorias: qualquer versículo que memorizar, no seu
Compreendendo Deus, Compreendendo a contexto, para compreender melhor.)

Mosaico de folhas e peixes numa pequena igreja no mar da Galiléia.


340 Pesquisando a Bíblia

Você vai descobrir que a memorização fica nossa língua de cânticos; então, se dizia entre
fácil quando se lê o versículo várias vezes por as nações: Grandes coisas fez o Senhor a
dia. Copie o trecho num cartão e cole num estes. Grandes coisas fez o Senhor por nós, e,
lugar em que possa vê-lo constantemente - por isso, estamos alegres.
no painel do carro, no seu caderno de Salmos 126.2,3
anotações, no espelho, na sua mesa de
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor
trabalho, na geladeira. Lembre-se, esta curta
Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus
lista de versículos vai ajudá-lo a começar a
de toda a consolação, que nos consola em
fazer da Bíblia uma parte importante da sua
toda a nossa tribulação, para que também
vida mediante a memorização.
possamos consolar os que estiverem em
alguma tribulação, com a consolação que
Compreendendo Deus nós mesmos somos consolados de Deus.
2 Coríntios 1.3,4
Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro
bem presente na angústia. Pelo que não Porque o Senhor não vê como vê o homem,
temeremos, ainda que a terra se mude, e pois o homem vê o que está diante dos olhos,
ainda que os montes se transportem para o porém o Senhor olha para o coração.
meio dos mares. 1 Samuel 16.7
Salmos 46.1,2
Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais
Para que o saibais, e me creiais, e entendais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom
que eu sou o mesmo, e que antes de mim ânimo; eu venci o mundo.
deus nenhum se formou, e depois de mim João 16.33
nenhum haverá.
O qual [Cristo] é a imagem do Deus invisível,
Isaías 43.10
o primogênito de toda a criação, porque nele
Então Ele nos salvou - não porque fôssemos foram criadas todas as coisas que há nos
suficientemente bons para sermos salvos, mas céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam
por causa da sua bondade e compaixão - tronos, sejam dominações, sejam principados,
quando lavou os nossos pecados e nos deu a sejam potestades; tudo foi criado por ele e
nova alegria de sermos a morada do Espírito para ele. E ele é antes de todas as coisas, e
Santo, que Ele derramou sobre nós com todas as coisas subsistem por ele.
maravilhosa abundância - e tudo por causa Colossenses 1.15-17
daquilo que Jesus Cristo nosso Salvador fez.
Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e
Tifo 3 . 5 , 6 - A Bíblia Viva
a honra, e a vitória, e a majestade; porque
Então, a nossa boca se encheu de riso, e a teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu
Versículos-chaves para a Vida Cristã 341

Compreendendo a Minha
Relação
/
com Deus
Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigénito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.
João 3.16

Porque estou certo de que nem a morte, nem


a vida, nem os anjos, nem os principados,
nem as potestades, nem o presente, nem o
porvir, nem a altura, nem a profundidade,
nem alguma outra criatura nos poderá
separar do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus nosso Senhor!
Romanos 8.38,39

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel


e justo para nos perdoar os pecados e nos
Escultura de Jesus curando um cego. purificar de toda a injustiça.
1 João 1.9

Mas quando o Espírito Santo controlar as


é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste sobre nossas vidas, Ele produzirá em nós esta
todos como chefe. E riquezas e glória vêm de espécie de fruto: amor, alegria, paz,
diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua paciência, bondade, retidão, fidelidade,
mão há força e poder; e na tua mão está o mansidão e domínio próprio.
engrandecer e dar força a tudo. Gálatas 5.22 - A Bíblia Viva
1 Crônicas 29.11,12
Não veio sobre vós tentação, senão humana;
Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar
poupou, antes, o entregou por todos nós, acima do que podeis, antes, com a tentação
como nos não dará também com ele todas as dará também o escape, para que a possais
coisas? suportar.
Romanos 8.32 1 Coríntios 10.13
Não estejais inquietos por coisa alguma; Compreendendo Minhas
antes, as vossas petições sejam em tudo
conhecidas diante de Deus, pela oração e
Relações com os Outros
súplicas, com ação de graças. E a paz de
Sede pois imitadores de Deus, como filhos
Deus, que excede todo o entendimento,
amados; e andai em amor, como também
guardará os vossos corações e os vossos
Cristo vos amou e se entregou a si mesmo
sentimentos em Cristo Jesus.
por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em
Filipenses 4.6,7
cheiro suave.

Apresenteis os vossos corpos em sacrifício Efésios 5.1,2


vivo, santo e agradável a Deus, que é o Deus deu a cada um de vocês algumas
vosso culto racional.
capacidades especiais; estejam certos de as
Romanos 12.1 estarem utilizando para se ajudarem
mutuamente, transmitindo aos outros as
E sabemos que todas as coisas contribuem
muitas espécies de bênçãos de Deus.
juntamente para o bem daqueles que amam
/ Pedro 4.9,10 - A Bíblia Viva
a Deus, daqueles que são chamados por seu
decreto. Há alguns cujas palavras são como pontas
Romanos 8.28 de espada, mas a língua dos sábios é
saúde.
Que é o que o Senhor, teu Deus, pede de ti,
Provérbios 12.18
senão que temas o Senhor, teu Deus, e que
andes em todos os seus caminhos, e o ames, Vós, servos, obedecei em tudo a vosso
e sirvas ao Senhor, teu Deus, com todo o teu senhor segundo a carne, não servindo só na
coração e com toda a tua alma, para aparência, como para agradar aos homens,
guardares os mandamentos do Senhor e os mas em simplicidade de coração, temendo a
seus estatutos? Deus. E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de
Deuteronômio 10.12,13 todo o coração, como ao Senhor, e não aos
homens, sabendo que recebereis do Senhor
E o Senhor te guiará continuamente, e o galardão da herança, porque a Cristo, o
fartará a tua alma em lugares secos, e Senhor, servis.
fortificará teus ossos; e serás como um jardim Colossenses 3.22,24
regado e como um manancial cujas águas
nunca faltam. Estai sempre preparados para responder

Isaías 58.11 com mansidão e temor a qualquer que vos


Versículos-chaves para a Vida Cristã 343

pedir a razão da esperança que há em vós, Honra a teu pai e a tua mãe, como o
tendo uma boa consciência, para que, Senhor, teu Deus, te ordenou, para que se
naquilo em que falam mal de vós, como de prolonguem os teus dias, e para que te vá
malfeitores, fiquem confundidos os que bem na terra que te dá o Senhor, teu Deus.
blasfemam do vosso bom procedimento em Deuteronômio 5.16
Cristo. Ora, o Deus de paciência e consolação vos
I Pedro 3.15 conceda o mesmo sentimento uns para com
os outros, segundo Cristo Jesus, para que
Visto que vocês foram escolhidos por Deus,
concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus
que lhes deu um novo tipo de vida, e por
e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
causa do seu profundo amor, e preocupação
Romanos 15.5,6
por vocês, também você devem pôr em
E, se abrires a tua alma ao faminto e fartares a
prática a bondade e uma piedade cheia de
alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas,
compaixão pelos outros. Não se preocupem
e a tua escuridão será como o meio-dia.
em causar-lhes uma boa impressão, mas
Isaías 58.10
estejam preparados para sofrer com
paciência e resignação. Sejam amáveis e Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e
prontos para perdoar; jamais guardem emprestai, sem nada esperardes, e será
rancor. Lembrem-se que o Senhor os perdoou, grande o vosso galardão, e sereis filhos do
portanto vocês devem perdoar os outros. Altíssimo.
Colossenses 3.12,13 - A Bíblia Viva Lucas 6.35
344 Pesquisando a Bíblia

Sugestões de Leitura N ovo Testamento


CHAMPLIN, Russel Norman. O novo Testamento
interpretado versículo por versículo. São Paulo,
Se você quiser aprender mais sobre a Bíblia
Milenium, 1979.
ou analisar mais profundamente um assunto
COENEN, Lothar, ed. ger. O novo dicionário
específico deste manual, aqui está uma lista
internacional de teologia do Novo Testamento.
de títulos que poderão ajudá-lo em seus
estudos. São Paulo, Vida Nova, 1981.

Estão divididos por assunto, a fim de facilitar o seu GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo

trabalho. Testamento. São Paulo, Vida Nova, 1978.

Geral Antigo Testamento

ALEXANDER, Part, dir. ger. Enciclopédia ELLISEN, Stanley A. Conheça melhoro antigo
Ilustrada da Bíblia. São Paulo, Edições testamento. São Paulo, Vida, 1991.
Paulinas, 1987 ARCHER, Gleason L., Jr. Merece confiança o
ALEXANDER, Part & David, eds. O mundo da antigo testamento? São Paulo, Vida Nova, 1974.

Bíblia. São Paulo, Edições Paulinas, 1985


DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Rio de Teologia
Janeiro, JUERP, 1983. ANDRADE, Claudionor. Dicionário teológico. Rio

DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. de Janeiro, CPAD, 1996.


São Paulo, Vida Nova, 1972. BANCROFT, E. H, Teologia elementar, São Paulo,
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. Imprensa Batista Regular, 1975.

São Paulo, Vida Nova, 1978. HORTON, Stanley M., ed. Teologia sistemática.
HALLEY, Henry H. Manual bíblico. São Paulo, Rio de Janeiro, CPAD, 199ó.
Vida Nova, 1983. MENZIES, William W. & HORTON, Stanley M.
PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia livro por Doutrinas bíblicas. Rio de Janeiro, CPAD, 1995.

livro. São Paulo, Vida, 1997. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da


Bíblia. 2 ed. São Paulo, Vida, 1974.
THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em teologia
sistemática. São Paulo, Imprensa Batista Regular,
1987.
Sugestões de Leitura 3 45

Cultura e Arqueologia
DANIEL-ROPS, Henry. A vida diária nos tempos de
Jesus. São Paulo, Vida Nova, 1983.
UNGER, Merril F. Arqueologia do Velho
Testamento. São Paulo, Imprensa Batista Regular,
1980.
Atlas bíblico Macmillan. Rio de Janeiro, CPAD,
1997.
PACKER, J. I. et. alii. Vida cotidiana nos tempos
bíblicos. São Paulo, Vida, 1984.
346 Indice Remissivo

Apócrifos 240-246 Baruque 245


índice Remissivo Apoio, templo de foto 279
Apóstolos 79-80, 102, 120-122,
Bede 125
Belém fotos 74,95, 99,166,214,258
Abraão 2 7 ,5 6 ,5 8 , 118, 14-3, 324; lista dos Doze 79 Bei e o Dragão 246
283, 328; gráficos Aqueduto fotos 319, 325 Bênçãos 111
142, 149, 161 Arca da aliança figura 150 Bíblia e a arqueologia 38, 50;
Acrópole 41-42; foto 4 4 Arco de Galerius foto 293 compilação da 116-119; cultura
Adão 274 Areópago foto 298 da 12-37; história da 116-130;
Adições a Daniel 245 Arqueologia 38-57, 284; mapas importância da 7-8, 135; como
Adoção 322 4 3 ,6 1 ,6 2 ; fotos 137, 160 le ra 131-138; foto 121
Adolescência 14; ver também Arquitetura 23-24, 45, 48-49, Bíblia de Almeida, versões da 126
Crianças 52, 56, 57
Bíblia de Jerusalém 129
Adoração 157, 175-176, 189; Arrependimento 79, 80, 83, 97,
gráfico 132
referência bíblica 342 200, 216, 326; definição
Bíblia de Wycliffe foto 121
Adornos 19-20 324
Bíblia Versão Autorizada (ou
Afrodisias foto 290 Ascensão 108, 298; referência
Versão do Rei Tiago) 125
Ageu 233-234; gráficos 145, 225 bíblica 131; foto 113
Bíblia Versão Revisada 125
Agora 42 Asera gráfico 46
Bíblia Versão Revisada (ou Padrão)
Agricultura 27 Assíria, assírios 25-26, 40,
Americana 125
Alegria 288, 330 200-201, 222-223;
Bíblia na Linguagem de Hoje 128
Algodão 32 gráficos 66, 67, 161; fotos
Bíblia Nova Versão Internacional
Aliança 87, 106, 1 4 8 ,2 0 4 ,2 4 8 , 200, 202, 208
126
306 ; definição de 116, 176, Astarote gráfico 46
Bíblia, versões católicas em
2 0 2 ,3 2 3 ' Atenas 40, 41-42; mapas 43,
português da 129
Alimentação 29-30, 211, 278; ver 266, 270; fotos 44, 298
Bíblia Viva, A 128-129
também Refeições Atos 268-271; gráfico 2 50
Biblos 45-47; mapas 43, 62
Amor 278, 341, 342; de Deus Autores do Novo Testamento
Boaz 166
75, 93, 223, 287, 314; gráfico 275
Bronze
definição de 323-324; Autoridades do Novo Testamento
humano 197; gráfico 262-263
Cabelo 34-35
o que Jesus pensava sobre o Azeite 27, 45
Cafarnaum foto 310
98-99; referência bíblica 131;
Cânon 119-122,241
ver também Deus, amor de Baal gráficos 46, 59, 161
Cantares de Salomão 197;
Amós 218-20; gráficos 145, 161, Babel, torre de 42
gráfico 145
179, 224; foto 219 Babilônia 42-45; gráficos 46, 68,
Caravanas 30
Ânfora foto 316 161; mapas 43, 62, 266;
Casamento 19-23, 215, 278, 287,
Animais, lista de 128 foto 213
295; festa de 19-20,34,
Anticristo 296 Banias foto 256
79; foto 21
Antigo Testamento 116-239; Batismo 76-79, 106; o que
Casas 23-24; ver também
história de Israel gráfico 161; os cristãos acreditam acerca do
Arquitetura
parábolas gráfico 84 101-102; foto 77
Apocalipse 317-319; gráfico 250 Bar Mitzvah foto 207 Celsus, biblioteca de foto 285
Indice Remissivo 347

Cerâmica 48, 54 Cristologia 290-291 286


Cereais 45-46 Crônicas, 1 & 2 175-176; gráfico Dinheiro gráfico 28
César Augusto 75 145 Dionísio, mosaico 278
Cesaréia de Filipos foto 256 Cruz foto 108 Discípulo 82, 110, 326-327
Céu 324 Cultura 25, 28-29; Discurso no cenáculo, o 263
Cidade 23 da Bíblia 12-37; Dispersão dos judeus nos tempos
Cidade-estado 25 ocidental 12; gráficos 63-72, de Cristo gráfico 266
Ciro, o persa 1 7 8 ,23 3 161, 259 Distâncias entre Cidades
Códice Alexandrino 119 Cunrã 50-52; mapa 43, 61; Importantes do Novo
Códice Sinaítico 119 planta 51; fotos 53, 245 Testamento e Jerusalém
Códice Vaticano 119 Cura 80, 83, 336 mapa 265
Coliseu fotos 276, 294 Divórcio 19
Colossenses 290-292; gráfico Dagom gráfico 46 Dízimo 327
250 Dança 29 Domo da Rocha fotos 210, 233
Comércio 27-29, 45, 283 Daniel 45, 55, 245, 246; escritos Dons espirituais 278, 308, 327;
Concílio de Florença gráfico 103 de 211-212; gráficos 145, 225 ver também Línguas; Profecia
Concílio de Nicéia gráfico 103 Dario I 55; foto 211 Dote 20, 34
Concílio de Trento gráfico 103 Davi 1 9 ,2 7 ,4 8 ,6 0 ,7 5 ,1 1 8 , Doutrina 327-328; ver também
Concílio Vaticano II gráfico 123, 166, 168-169; gráficos Credo dos Apóstolos
103 64, 149; mapa 173 Doze tribos de Israel, as 157;
Confissão de Augsburgo gráfico Débora 23, 164; gráfico 161, 165 gráfico 149; mapa 163
103 Declaração de Barmen
Confissão de Westminster gráfico gráfico 103 Ebal, monte 38
103 Definição de Calcedônia Eclesiastes 193-194
Conversão 324; de Paulo gráfico 103 Eclesiástico 244; gráfico 145
131 Deserto 77; mapas 147, 254 Edificações 23-25. Ver também
Cordeiro de Deus 76, 87, 318-319 Deus 101-105; na História 144, Arquitetura
Coríntios, 1 277-279; gráfico 250 160, 164, 172,218; Edom 221
Coríntios, 2 281-282; gráfico 250 santidade de 152, 160, Educação 18-19,20
Corinto 40, 277-278, 281; mapas 201; visão de Jesus em relação Efa gráfico 37
266, 270; fotos 279, 282 a 92-93; amor de 189, Efésios 284-287; gráfico 250
Corpo de Cristo 110 215, 281, 287,314, 341; poder Eféso fotos 39, 285, 286, 288,
Cosméticos 34-35 de 144, 148, 154, 160, 189, 29 1 ,2 9 7 ,3 1 3
Costumes 12-37, 75 277-278, 340-341; ver também Éfode 34
Credo dos Apóstolos 102-114; Judá, história de; Israel, história de Egito 25, 27; gráficos 46, 161;
gráfico 113 Deuses falsos (antigos) mapas 43, 62, 147, 174, 2 65,
Criação 131, 143-144 gráfico 46; foto 203 266; fotos 60, 65
Criador 104, 144, 191, 204, 260, Deuteronômio 157; gráfico 145 El gráfico 46
291, 338 Dez Mandamentos, os 148,172; Eleição 328
Crianças 14-15, 18-19, 20-21, 29; lista dos 148; referência Elias 76, 79
foto 15 bíblica 131 Elwell, Walter A. 6; escritos de 72-
Cristo 324. Ver também Jesus Diana (Artemis), templo de foto 100; 131-138, 140-319
348 Indice Remissivo

Encarnação 298 307, 308 , 329; 72, 75; gráficos 70, 259, 262
En-Gedi foto 168 referência bíblica 131 Herodianos gráfico 26
Ensinos de Jesus 92-100 Fenícia 27; gráfico 161 História (divisão do Antigo
Epístola de Jeremias 245 Festas 30, 35, 182; Testamento) 158; gráfico
Epístolas 273-316 gráficos 22, 247 161; ver também Israel; Judá
Erasmo 125 Figos 29 Homens 1 8 -2 1 ,2 9 ,3 2 -33
Esaolas 18-19; foto 18 Figueiredo, Antônio Pereira de Hospitalidade 30
Escribas gráfico 27 126
Escritura(s) 123, 131-138; ver Filemom 305; gráfico 2 5 0 Igreja 110, 119-120, 252,
também Bíblia Filho do Homem 212 270, 276, 291, 317; doutrina
Esdras 242; escritos de 178; Filipenses 288-289; gráfico 250 da 101-114; história da
gráficos 69, 145 Filipos foto 289 Igreja Primitiva 267-272; líderes
Esdras, 1 & 2 242 Flauta 29; ver também Música da 297-299, 302 ; gráfico 103
Esfinge foto 65 Impostos 25-26, 27, 75, 170
Espírito Santo 75, 76, 105, 109, Gálatas 283-284; gráfico 250 Inferno 330
110, 119, 123-124, 138,,210, Galiléia 27, 77, 79; mar da, Inspiração 122-124
2 1 8 ,2 8 1 ,2 8 3 ,2 8 4 , 341; fotos 78, 251 Instrumentos musicais 29
referência bíblica sobre o Galileus gráfico 27 Intercessão 108
advento do 131 G álio 40 Ira de Deus 330
Essênios gráfico 26 Gênesis 143-144; gráfico 145 Isabel 74
Ester 5 5 ,5 6 , 182, 243; gráficos "Gênio alado" foto 203 Isaías 40, 45, 51; escritos de 200-
68, 145 Getsêmani fofo 88 202; gráficos 145, 161, 179
Evangelho 328-329; referências G ideão gráficos 161, 165 Isis gráfico 46
no Antigo Testamento 135-136, Gladiador figuras 288, 301 Israel 119, 141, 143, 154, 170-
200 Gólgota 49; mapa 89 172, 175-176, 215-216, 276-
Evangelhos 72, 107, 118, 277; comércio de 26-28;
Graça 328; ver também Alegria
2 49-264 história de, 143-182, 201, 203;
Evangelhos sináticos 118,249, política de 25-26; as tribos de
255 Habacuque 229-231; gráficos 157; gráficos 63-72, 76, 179;
Exatidão bíblica 117 145, 179, 225 mapas 43, 61, 147, 173, 174
Exegese 132 Hanukah gráficos 22, 247 Istar, porta de figura 213
Êxodo 146-148; Harrison, R. K. 6; escritos de
gráficos 63-64, 145 38-70 Jael 23
Expiação 88-91, 152, 329; Hator gráfico 46 Jeoaquím 45; gráficos 68
gráfico 22 Hazor foto 162 Jeremias 45, 123, 203-204,
Ezequiel escritos de 209-210; Hebreus, Epístola aos 306-307; 207, 245;
gráficos 145, 161, 179, 225 gráfico 250 escritos de 203-208; gráficos
Hebrom foto 143 145, 179, 224 ; ver também
Família 14-15,18-23,287, Herança das 12 tribos mapa 163 Carta de Jeremias
2 99 -3 0 0 Herodes Antipas 79, 88; gráfico Jericó 4 7 -4 8 ,5 0 ,5 8 , 160; mapas
Fariseus gráfico 26 262 ; mapa 89 43, 61, 81, 265 ; foto 160
Fé 2 3 1 ,2 7 8 ,2 8 3 ,2 9 8 ,3 0 6 , Herodes, o Grande 1 9 ,3 5 ,4 8 , Jerusalém 4 0 ,4 7 ,4 8 -5 0 , 180,
Indice Remissivo 349

203, 207, 279, 306-307; Jope foto 222 Lutero, Martinho 125, 274
gráficos 63-70, 161; mapas 43, Jordão, rio foto 77 Luz 23, 29
61,81, 171, 173, 174,266, José 74, 76
270, 272; fotos 15, 88, 90,117, Josué 3 8 ,4 7 ,4 8 , 104, 157; Macabeus 246
122, 181, 182, 205, 207, escritos de 160-162; gráficos Macabeus, 1 & 2 246
230, 233, 237, 252, 307 64, 145, 161 M acpela foto 143
Jesus 33, 47, 101-114; no Antigo Judá, história de 170-182; 208- Malaquias 236-239; gráficos
Testamento 201-202; batismo 239; gráficos 161, 179; mapas 1 4 5 ,2 2 5
de 76-79; como Deus 92-94, 61, 171, 173, 174 M alcã (Moloque) gráfico 46
260, 263-264, 290-291, 329; Judas, Epístola de 316; gráficos Mapas, índice de 9
ensinos de 92-100, 252; nos 250, 275 Marcos 118; escritos de 255-256;
Evangelhos 251-264; na história Judas Iscariotes 87-88; gráficos 250, 275
do mundo, 258 ; como humano gráfico 259 Mares na Bíblia 49
92-94, 256, 2 6 4 ,3 1 3 ,3 2 8 ; Judite 23, 242-243 M aria 72-75, 105, 258;
ministério de, na Peréia e Judéia Juizes 164-165; gráficos 64, 145, gráfico 135
83; morte e ressurreição de 87- 165 M arido, esposo 19-23
91; e as mulheres, 12-14; Julgamento 76, 109, 154, Mateus 118; escritos de 2 5 1-
nascimento e infância de 72-76; 160-162, 169, 176, 2 0 9 ,2 1 0 , 252 ; gráficos 250, 275
nomes de 97; poder de 256, 217-218, 224, 225, 228-229, McDonald, H. D. 6; escritos de
258; retorno de 295, 2 32, 239; definição de 116-130
296, 302; e a salvação 332 Medicina 35
274-276; vida de 255-256; sua Justiça 332 M egido foto 170
visão em relação a Deus 92-94; Justificação 332 Mel 29
sua visão em relação à Menorá fotos 183, 239
humanidade e ao pecado 96; Kinah, ritmo 207 M erodaque gráfico 46
sua visão em relação a si Mesopotâmia 25, 42, 56-57;
mesmo 94-96; Lã 27, 30, 33 mapas 147, 266
gráficos 59, 70, 84-87, 97; Lamentações 207-208; gráfico Messias 77, 79-80, 101, 306,
mapas 89, 266; ver também 145 ' 326, 333 ; profecias sobre o, no
Ressurreição Laodicéia foto 318 Antigo Testamento 201-202,
Jó 186-187; gráfico 145 Laquis figura 226 204, 212, 224, 225, 235-236,
João 120, 313; escritos de 260- Lei 1 4 8 ,1 5 7 ,2 0 4 ,2 1 0 ,2 4 8 ; 239; gráfico 135-136; ver
264, 313-314, 317-319; gráficos livros da 116, 120, 140, lambém Cristo; Jesus
250, 259, 275 146-157 Metais 27
João, 1, 2 & 3 313-314; gráfico Levítico 150-152; gráfico 145 Milagres de Jesus gráfico 86-87
2 50 Línguas 332-333; ver lambém Miquéias 226-227; gráficos 145,
João Batista 72, 76-77, 79, Dons espirituais 179, 224
239; gráficos 135, 259 Linho 27, 30, 33, 34 Moisés 38, 52, 119, 160; escritos
Joel 217-218; gráficos 145, 179, Lira 29; ver lambém Música de 140-157; gráficos 149, 161
224 Literatura 28 Moloque gráfico 46
Jóias 20, 30, 34, 48 Lucas 290; escritos de 257-260, Morris, Leon 6; escritos de 322-338
Jonas 222-223; gráficos 145, 224 267-272; gráficos 250, 275 M orte 289; de Cristo 87-89, 281,
350 Indice Remissivo

291, 298; referências bíblicas mapas 62, 81, 254 Pescaria foto 78
(de Cristo) 131 Pano de saco 30 Pesos e medidas gráfico 36-37
Mulheres 260; na Panteão 42; foto 4 4 Pilatos, Pòncio 106; qráficos 70,
cultura 19-23; influência de Pão 29; ver também Alimentação 262
300; Jesus e as 14; Parábolas na Bíblia gráfico 84-85 Pirâmides foto 60
livros sobre 166, 182, 242-243, Páscoa 87; gráficos 22, 247 Poesia (divisão do Antigo
245-246 Pássaros 30, 128 Testamento) 184-197
Muro Ocidental fotos 117, 122, Pastores fotos 95, 219 Política 25-26; gráfico 26-27
207 Patriarcas hebreus 1 4-15,58; Prata 34
Música 28-29, 189; figura 228 gráfico 63; ver também Cultura Primeiro Período do Bronze 58
Nabucodonosor 44,211 Paulo 42, 101, 120, 122, Profecia 135-136, 252, 258; ver
Naum 228-229; gráficos 145, 224 268; escritos de 274-307; também Messias, profecias
Nazaré foto 73 viagens missionárias de 277, sobre o, no Antigo Testamento;
Nazarenos gráfico 27 283, 284, 288, 290, 292, 297, Dons espirituais
N ebo gráfico 46 302; gráficos 59, 70, 250, Profetas 118-120; divisão do
Neemias 56; escritos de 180; 275; mapas 269-272 Antigo Testamento 116, 198-
gráficos 69, 145 Pecado 91, 106, 143, 144, 239; profetisas 182; gráficos
Nero figura 312 152, 154, 164, 172, 200-202, 179, 224-325
Nicodemos 79 203, 215-216, 220, 239, 274; Profetisas, lista de 182
Nínive 40, 222-223, 228; gráfico definição de 329, 333, 336; Propiciação 333-334
67; mapa 62; figura 228 perdão do 111; referências Prosélitos gráfico 27
Noiva 19-20; foto 21; adornos da bíblicas 341; visão de Jesus em Prostituta 35, 215
ver Adornos; preço da 20 relação ao 96, 98-99; qráfico Provérbios 28, 191-192; gráfico
Noivado 19 153' 145
Nômades foto 155 Pedro 101, 124; escritos de Publicanos gráfico 27
Novo Testamento 116-138, 248- 310-312; gráficos 259, Purim 56, 182; gráficos 22, 247
319; gráficos 250, 259 263, 275
Números 154-156; gráfico 145 Pedro, 1 310-311; gráfico 250 Quarto Concílio Laterano
Pedro, 2 213; gráfico 250 gráfico 103
Obadias 221; gráficos 145, 225 Pentateuco 141-157; gráfico 64 Quemos 46
O ração 289, 298, 342 Pentecostes 1 0 9 ,2 1 8 ,3 1 0 ;
O ração de Manassés 246 gráficos 22, 247, 2 59 Ras Shamra 52-55
Ornamentos 34 Perdão 111, 1 6 9 ,2 0 2 ,2 0 8 ,2 1 8 , Redenção 119, 143, 146,
Oséias 215-216; gráficos 145, Peregrinações no deserto gráfico 148, 194; definição de
179, 224 334
64; mapa 146
Osíris gráfico 46 Refeições 29-30
Peréia 83; mapa 81
Ouro 23, 32, 34; gráfico 28 Regeneração 334
Pérgamo foto 304
Registros antigos 45, 47, 48, 50-
Período Calcolítico 58
Pai 14, 20; Deus, o 104 52; gráfico 63-70
Período do Bronze M édio 58, 63
Palestina 47, 178, 180; cultura da Reino de Deus 80, 104; definição
Período Neolítico Pré-cerâmica 58
25, 30, 38; gráficos 26-27, 67, de 334-335; visão de Jesus em
Perkin, Hazel 6; escritos de 12-37
68, 262-263; relação ao 96-98
índice Remissivo 351

Reis, 1& 2 170-172; gráfico 145 Seda 30,32 Timóteo, 2 299-301; gráfico 250
Remanescente 335 Segunda vinda 337; ver Tito 297, 302; gráfico 250
Ressurreição 87-91, 136, 278, também Jesus, retorno de Tobias 242
2 98; definição de 335-336; Segurança 337 Torre de vigia foto 2 0 P
doutrina da 106-107; Seitas e partidos na Palestina do Traduções 124-130, 133-134;
nosso futuro 111-114; Novo Testamento gráfico 26-27 gráfico 127
referências bíblicas 91, 131 Selo foto 234 Traduções da Bíblia em português
Revelação definição de 3 36 Senaqueribe figura 226 125-129
Rios na Bíblia 49 Septuaginta 124; gráfico 127 Trajano, fonte de foto 291
Rolos do (manuscritos) do mar Sermão do Monte 2 5 1; referência Transfiguração 80
Morto 50-52; gráfico 70 bíblica 131; foto 82 Tributo 25; foto 202
Roma gráfico 262-263; Serviço militar 19-20 Trigo 27
mapas 265, 266, 273; fotos Servo sofredor 202 ; gráfico Tumba, túmulo 4 7 , 4 8 , 4 9 ,5 2 ,5 6 ,
137,276, 294 135-136 91; fotos 90, 303
Romanos 274-277; gráfico 250 Shofar foto 13 Tyndale, William 125
Rosh Hashanah gráficos 22, 247 Sinagoga foto 310
Rute 166; gráfico 145 Síria 25, 28; gráficos 67, 70; Ugarite 52-54, 58; mapas 43, 62
mapas 61, 81, 147, 266, 269 Último Período do Bronze 48, 58
Sabedoria 1 9 1 ,2 4 3 -2 4 4 ,3 0 8 Soberania 338
Ur 56-57; mapas 43, 62
Sabedoria de Salomão 243-244 Sofonias 232; gráficos 145, 179,
Sacerdócio 307 224
Vegetais 29
Sacerdotes 34, 101, 150 Sucote gráficos 22, 247
Verdade 242
Sacrifício 152; gráfico 153 Susã 54-56; mapas 43, 62, 266
Vestuário 20, 30-34
Saduceus gráfico 26 Susana 245-246
Viagens missionárias de Paulo
Salmos 189-190; gráfico 145
gráfico 259; mapas 269-272
Salomão 19, 30, 47; escritos Tabernáculo ver Templo
Vida Cristã 276, 281, 287, 292,
de 191-197; templo de 23, 27; Teatro fotos 39, 290, 297, 304
297, 298-299, 300, 302, 307,
gráficos 64, 161 Tecelagem foto 31; figura 257
311,312, 3 14 ,3 1 6 ,3 3 9 -3 4 3 ;
Salomão, cisternas de foto 243 Templo 23, 40, 45, 48, 154, 170,
visão de Jesus em relação à 98-
Salvação 287, 311; definição de 176, 178, 233-234, 235;
100
336; referência bíblica 340 gráficos 22, 59, 64, 156, 161,
Vida de Cristo 72-91; gráficos
Samuel 168-169; gráficos 161 261; mapa 89; figuras 176-177,
2 50, 259
Samuel, 1 & 2 168-169; gráfico 264, 309
Vida eterna 111-114
145 Tessalônica foto 293
Vida religiosa 29
Santificação 336-337 Tessalonicenses, 1 292-295;
Vida social 29-30
Santo Sepulcro, igreja do foto 253 gráfico 250
Vinho 27, 29, 30
Sardes foto 315 Tessalonicenses, 2 296;
Visões de Daniel 211-212; de
Sardes, ginásio de foto 315 gráfico 250
Esdras 242; de Ezequiel 209-
Sarmento, Francisco de Jesus Maria Tiago 308; escritos de 308-309;
210; de João 313, 317-319; de
gráficos 250, 259, 275
126 Zacarias 235-236
Timóteo 1 16,292,297-301
Saul 60, 168-169; gráficos 64, 161 Vulgata 124; gráfico 127
Timóteo, 1 297-299; gráfico 250
352 Indice Remissivo

White, R. E. O. 6; escritos de 3 0 9 ,3 1 2 ,3 1 8 ,3 4 1
101-114 União das Escrituras: 293
Wycliffe, John 125

Yom Kippur gráficos 22, 247 Ilustrações 9

Zacarias 72-74, 235-236;


James M acdonald: 55, 211, 27 7
gráficos 145, 225 Richard Scott: 16, 17, 18 ,21,24,
Zelotes gráfico 27 32-33, 150, 151, 176-177,
25 7
Tony Cantale Graphics: 41

Créditos das
Fotografias
Biblioteca Britânica: 121
Clifford Shirley: 331
Escritório de Turismo Nacional da

Grécia: 278, 279, 289


Jamie Simson: 213, 282
Museu Britânico: 200, 202, 203,

208, 226, 228, 234, 312


Peter Wyart: 2-3, 13, 39, 53, 60,
74, 77, 78, 82, 92, 101, 107,
117, 122, 140-141, 143, 158-
159, 162, 167, 184-185, 188,
190, 191, 193, 195, 198-199,
201, 2 0 6 ,2 0 7 ,2 1 0 ,2 1 4 ,
236, 238, 239, 245, 248-249,
251, 253, 256, 273, 285,
286, 288, 290, 291, 300,
307, 310, 315, 316, 320,
325, 339
Tim Dowley: 15, 31, 44, 65, 69,
73, 88, 95, 99, 112, 137, 155,
160, 167, 169, 170, 181,
183, 186, 192, 196,205,
2 1 6 ,2 1 7 ,2 1 9 ,2 2 2 ,2 3 0 ,
233, 240, 243, 244, 258,
264, 267, 276, 280, 294,
297, 298, 301, 303, 304,
A
Bíblia é para muitos uma fonte
inesgotável de sabedoria e
força. Para outros, ela é um
registro fascinante de eventos
históricos essenciais.
Q u alq u er que seja a ra zã o pela
qual estudemos a Bíblia,
freqüentemente nos perdem os nas
suas p a la vras pouco conhecidas,
costumes obscuros e idéias com ple­
xas. Para nós que vivemos numa
sociedade tecnológica m oderna, o
mundo da Bíblia parece bastante
estranho.
Este manual se destina a gu iar os
leitores através desse mundo distan­
te. O s eruditos que o escreveram
querem franquear a Bíblia a todos
os interessados em fa ze r a viagem
mais importante de suas vidas.

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